Módulo iv inquisição e ciência

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Curso Ciência e Fé Módulo IV Inquisição e Ciência © Bernardo Motta [email protected] http://espectadores.blogspot.com

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Curso Ciência e FéMódulo IV – Inquisição e Ciência

© Bernardo Motta

[email protected]

http://espectadores.blogspot.com

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Curso Ciência e Fé

I – Introdução

II – Filosofia Grega e Cosmologia Grega

III – Filosofia Medieval e Ciência Medieval

IV – Inquisição e Ciência

V e VI – O Caso Galileu

VII – A Revolução Científica

VIII – Darwin e a Igreja Católica

IX – Os Argumentos Cosmológico e Teleológico

X – Filosofia da Mente e Inteligência Artificial

XI – Milagres e Ciência

XII – Concordância entre Cristianismo e Ciência

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3

1. Introdução

2. A Inquisição Medieval

3. A Inquisição Espanhola

4. A Inquisição Portuguesa

5. A Reforma Protestante e a Contra-Reforma

6. A Inquisição Romana

7. Conclusão

Índice

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Introdução

4

«Em História da Ciência são pecados capitais o anacronismo, a apreciação vaga, o desprezo pelos

materiais primários, e os julgamentos sumários sobre períodos largos. A insistência em pretender

moralizar sobre figuras do passado, obsessivamente escolhendo os "bons" e os "maus", e trazendo

os mortos aos tribunais dos vivos, é uma grave doença intelectual que revela uma mente

panfletária, completamente imprópria para qualquer estudo histórico sério. É obrigação moral de um

professor recomendar um outro modo de vida ao aluno que incorrer repetidamente nestas faltas.»

- Prof. Henrique Leitão (Secção de História e Filosofia das Ciências, Faculdade de Ciências de Lisboa)

Jean-Paul Laurens, Le Pape Formose et Étienne VII, 1870

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Os mitos sobre "A Inquisição"

Edward Peters, Universidade de Pennsylvania, Inquisition (1988)

Henry Kamen, Oxford, The Spanish Inquisition (1997)

Os princípios de liberdade de pensamento, de expressão, de

religião, não tinham posição dominante na sociedade da época

A análise das várias inquisições deve ser feita no seu contexto

Motivações para a “lenda negra” da Inquisição:

Propaganda protestante dos Países Baixos (uso da imprensa)

Filipe II de Espanha era soberano dos Países Baixos

Propaganda anti-espanhola ("la leyenda negra")

O nacionalismo anticatólico e crescentemente anti-espanhol do reinado de Isabel I de Inglaterra

O sentimento anticatólico de figuras importantes do Iluminismo (séc. XVIII)

Introdução

5

«A Inquisição foi uma imagem montada a partir de um

conjunto de lendas e mitos que, entre os séculos XVI e XX,

estabeleceram o carácter dos tribunais inquisitoriais e

influenciaram todos os esforços para recuperar a sua

realidade histórica.»

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Os mitos sobre "A Inquisição"

Documentário: "The myth of the Spanish Inquisition"

BBC2 / Timewatch (1994)

Entrevistados:

Henry Kamen, Oxford, The Spanish Inquisition (1997)

Stephen Haliczer, Northern Illinois University

Jaime Contreras, Univ. Alcalá de Henares

José Álvarez Junco, Univ. Complutense Madrid, Tufts (Boston), Harvard

Introdução

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Os mitos sobre "A Inquisição"

Reginaldus Gonsalvus Montanus

Pseudónimo de Antonio del Corro (1527-1591) ou de Casiodoro de Reina (c. 1520-1594)

Sanctae Inquisitionis Hispanicae Artes aliquot detectae ac palam traductae, Heidelberg (1567)

Tradução para inglês em 1568 (Thomas Skinner)

Introdução

7

«Seguramente, as perigosas práticas e horríveis execuções da

Inquisição Espanhola declaradas neste livro (...), as prisões repentinas

de homens honestos sem processo legal, os comoventes exílios e

pobreza de pessoas que foram ricas e prósperas (...) e as pobres

crianças banidas no peito das suas mães, o monstruoso quebrar, sem

ordem legal, de homens, o vil e vergonhoso tormentar de mulheres

nuas para lá de toda a humanidade, as suas mortes miseráveis sem

piedade nem misericórdia, o mais censurável triunfo da Sinagoga

papista sobre os Cristãos... a conquista de súbditos como se estes

fossem inimigos, a destruição insaciável dos bens dos homens para

alimentar as magras querelas levantadas contra Reinos e Nações (...)

Pois quem é ignorante acerca do santo Complô e Conspiração

congeminado pelo Papa e seus Campeões para a execução do

concílio de Trento, e o estabelecimento generalizado da Inquisição?» -

do prefácio "The Translator to the Reader", de Skinner.

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Os mitos sobre "A Inquisição”: tortura na cave dos horrores

Louis Ellies Dupin (1657-1719), “Memoires historiques, pour servir à l'histoire des Inquisitions : enrichis

de plusieurs figures (1716)”, gravura de Bernard Picart (1673-1733)

Exemplos na gravura:

Homem pendurado

Pés queimados

Tormento da água (“cura

de agua”)

A gravura de Picart, embora

retrate formas reais de

tortura (usadas aliás nos tri-

bunais civis), tornou-se numa

referência em diversas obras

de propaganda anticatólica.

Introdução

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Os mitos sobre "A Inquisição”: tortura na cave dos horrores

Gravura de Alexander Hogg, Londres, 1780

Exemplos na gravura:

Homens pendurados

Pés queimados

Tormento da água (“cura

de agua”)

Note-se a grande semelhança com

a gravura de Picart (de 1716).

(a disposição dos elementos está

horizontalmente invertida face à

gravura de Picart)

Introdução

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Os mitos sobre "A Inquisição”: tortura na cave dos horrores

Gravura de Modesto Rastrelli, “Fatti Attenenti all’Inquisizione”, Florença, 1783

“Modo di applicare i tormenti e la tortura ne` sotterranei dell’Inquisizione”

Exemplos na gravura:

Homem pendurado

Pés queimados

Tormento da água (“cura

de agua”)

É praticamente igual à gravura

de Picart (de 1716).

(a disposição dos elementos está

horizontalmente invertida face à

gravura de Picart)

Introdução

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1. Introdução

2. A Inquisição Medieval

3. A Inquisição Espanhola

4. A Inquisição Portuguesa

5. A Reforma Protestante e a Contra-Reforma

6. A Inquisição Romana

7. Conclusão

Índice

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Lactâncio (c. 240 – c. 320 d.C.), Divinarum Institutionum«Sendo a religião uma questão de vontade, não pode ser forçada a ninguém; nesta questão é melhor

empregar palavras do que golpes. De que serve a crueldade? O que tem o potro a ver com piedade?

Seguramente não há ligação entre a verdade e a violência, entre a justiça e a crueldade (…). É verdade

que nada é mais importante do que a religião, e devemos defendê-la a todo o custo (…). É verdade que

deve ser protegida, mas morrendo por ela, e não matando outros; por longo sofrimento e não pela

violência; pela fé, e não pelo crime. Se se tenta defender a religião com derramamento de sangue e

tortura, o que se faz não é defesa, mas profanação e insulto. Pois nada é mais intrinsecamente questão de

livre vontade do que a religião.» - Divinarum Institutionum, V, 20.

Santo Agostinho (354-430 d.C.), Epístolas

«Não é a sua morte, mas a sua libertação do erro, o que desejamos conseguir com a ajuda do terror dos

juízes e das leis, de modo que possamos evitar a sua queda sob a pena do juízo eterno; não queremos

também ver negligenciado o exercício de disciplina sobre eles, ou, por outro lado, vê-los sujeitos aos

castigos severos que eles merecem.», Epístola 100, n.º 1

São João Crisóstomo (c. 349-407 d.C.), Homilias

«[O Mestre] não nos proíbe de confrontar os hereges, calar as suas bocas, tirar-lhes a liberdade de

expressão, e quebrar as suas assembleias ou confederações, mas [sim, proíbe] matá-los.»

São Bernardo de Claraval (1090-1153 d.C.)

«Fides suadenda, non imponenda», “A fé por persuasão, não imposição”

Introdução

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Medidas punitivas do Direito comum (civil)

A tortura era comum nos tribunais civis, uma herança do Direito Romano, reavivada na Idade Média

Contexto social

Elevados índices de criminalidade

Impossibilidade prática de um policiamento eficaz

Tipos de penas: restritivas, patrimoniais e corporais

Uso extenso dos castigos corporais com três finalidades: tortura, castigo e dissuasão

Aprovação generalizada, pela sociedade, de molduras penais pesadas e cruéis

Castigos corporais comuns nos sistemas judiciais civis:

Açoites, mutilações várias, pena de morte

Exposição pública dos criminosos (p. ex., nos pelourinhos)

Em França, no séc. XVIII, mais de uma centena de crimes recebiam a pena de morte

Em Portugal (Ordenações Filipinas, c. 1595), cerca de oitenta crimes recebiam a pena de morte

Pena de morte aplicada de diversas formas muito cruéis:

Evento público, tipicamente envolvendo muito sofrimento para os condenados (dissuasão)

França: esquartejamento, fogo, roda, forca, decapitação

Espanha: uso frequente do garrote

Imersão em chumbo fundido, água ou azeite a ferver

A Inquisição Medieval

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Fase inicial (1184 – 1230)

Estrutura descentralizada: directrizes papais, mas os Bispos conduzem os processos locais

Papa Lúcio III (1181-1185), Sínodo de Verona (1184), Bula “Ad abolendam”

Objectivo da Bula: erradicar sobretudo as heresias cátara e valdense:

Cátaros: hereges gnósticos, sul de França (Languedoc)

Os cátaros inspiram-se nos bogomilos (Bulgária, séc. X)

Os bogomilos inspiram-se nos paulicianos (Arménia, sécs. VII-IX)

Valdenses: seguidores de Pedro Valdo (Lião, 1177), rejeitavam a hierarquia eclesiástica

Os Inquisidores (1231 – )

Gregório IX (1227-1241) cria o conceito de inquisidor em 1231

Inquisidor: juiz com mandato papal para julgar ofensas à doutrina; deve colaborar com o Bispo local

Inocêncio IV (1243-1254), na Bula Ad Extirpanda (1252), autoriza o uso da tortura

O Processo contra os Templários:

Filipe IV, o Belo (1268-1314) manda prender os Templários a 13 de Outubro de 1307

Clemente V (c. 1264-1314) convoca o Concílio de Vienne (1311) que absolve os Templários

Filipe IV extingue a Ordem do Templo; Jacques de Molay é queimado em Paris, em 1314

A Inquisição Medieval

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Tortura e morte na fogueira

Bula Ad extirpanda (Inocêncio IV, 1252), introduz e regulamenta o uso da tortura pelos inquisidores

Um método de extracção da confissão, e nunca um método de castigo

Sendo obtida uma confissão após a tortura, a confissão teria que ser feita de novo livremente no

dia seguinte, sob pena de a primeira confissão ser inválida

Não se podia causar perda da vida ou de um membro (“citra membri diminutionem et mortis periculum”)

Só podia ser usada uma vez, mas em algumas (raras) vezes foi usada duas vezes

Não há um só registo de alguém ter sido torturado três vezes

O Inquisidor tinha que considerar como quase certas as acusações contra o arguido

A Bula concede ao Estado o direito a confiscar os bens do condenado (herança da Lei romana)

A Bula estabelece que compete ao Estado a execução das sentenças

O Imperador Frederico II (1194-1250) estabelece a pena de morte pelo fogo para os hereges:

1224: “… auctoritate nostra ignis iudicio concremandos .”

1233: “… praesentis nostrae legis edicto damnatos mortem pati decernimus …”

A Bula é associada por Inocêncio IV à legislação de Frederico II contra hereges: tornam-se inseparáveis

O conteúdo da Bula é reafirmado por vários Papas: Alexandre IV (1254-61), Clemente IV (1265-68),

Nicolau IV (1288-1302) e Bonifácio VIII (1294-1303)

A Inquisição Medieval

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São Tomás de Aquino (1225-1274) sobre a pena de morte para hereges

Suma Teológica, Segunda Parte da Segunda Parte, Questão 11

Artigo 3: Devem os hereges ser tolerados?

Se os que falsificam moeda são condenados à morte, por razão maior os que falsificam a fé

A Igreja excomunga apenas depois “da primeira e da segunda admonição”

Artigo 4: Deve a Igreja acolher os que regressam da heresia?

A Igreja acolhe à penitência os hereges sinceramente arrependidos: Deus poderá salvá-los

A Igreja, no entanto, não protege os relapsos da pena de morte (pena civil)

São Tomás reflecte o espírito da época: a heresia era vista como uma doença da sociedade cristã

A pena de morte não implica a danação eterna

Os hereges arrependidos podiam aspirar à salvação: o auto-de-fé é um rito de conversão

Os condenados à morte que se arrependiam morriam estrangulados antes de serem queimados

Os que não se arrependiam eram considerados sem salvação possível e eram queimados vivos

Os relapsos eram condenados à morte com três propósitos:

Justiça retributiva (pena proporcional à ofensa): a heresia “arrasta” as almas para a danação

Proteger a sociedade cristã: a heresia vista como uma ameaça aos alicerces da sociedade

Servir de exemplo: dissuadir a disseminação da heresia

A Inquisição Medieval

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O que é um herege? (origem etimológica: do grego "haereses", "escolha")

Liber Extra, X, V, 7.3, "hereticum" (Gregório IX, compilado por Raimundo de Penhaforte)

É herege aquele que perverte os sacramentos da Igreja, como fazem os simoníacos

Tal como o que se separa da unidade da Igreja

Tal como é qualquer pessoa excomungada

Tal como é aquele que erra na exposição da Sagrada Escritura

Tal como é aquele que inventa uma nova seita ou segue uma

Tal como é aquele que entende os artigos da fé de forma diferente da da Igreja Romana

Tal como é aquele que pensa mal dos sacramentos da Igreja

Goffredo da Trani (séc. XIII, baseando-se numa lista do canonista Tancredo, séc. XIII)

Um herege é um que cria uma falsa opinião em matéria de fé ou segue alguém que criou

Uma segunda forma de identificar alguém como herege é saber que ele interpreta a escritura diferentemente do sentido do Espírito Santo, segundo o qual foi escrita

Alguém pode ser um herege numa terceira forma estando separado dos sacramentos da Igreja ou da comunhão dos fiéis

Uma quarta forma é perverter os sacramentos

Uma quinta forma é ser dúbio na fé, dado que temos que acreditar com firmeza

Uma sexta forma é tentar remover a Igreja Roma da sua posição cimeira sobre todas as igrejas

A Inquisição Medieval

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Como era classificado o grau de adesão à heresia?

Concílio de Tarragona (1242, convocado pelo arcebispo Pedro de Albalat)

Heréticos são aqueles que permanecem obstinados no erro

Crentes [na heresia] são aqueles que fazem fé dos erros dos hereges e se juntam a eles

Aqueles suspeitos de heresia são os que estão presentes nas prédicas dos hereges e participam, mesmo que pouco, nas suas cerimónias

Aqueles simplesmente suspeitos [são os que] só o fizeram uma vez

Aqueles veementemente suspeitos [são os que] fizeram-no por vezes

Aqueles muito veementemente suspeitos [são os que] fizeram-no frequentemente

Dissimuladores são os que conhecem hereges mas não os denunciam

Ocultadores são os que estão de acordo em evitar a descoberta dos hereges

Receptores são os que por duas vezes receberam hereges na sua propriedade

Defensores são os que defendem conscientemente os hereges de forma a impedir que a Igreja extirpe a depravidão herética

Favorecedores são todos os acima, em maior ou menor grau

Relapsos são os que regressam aos erros heréticos anteriores depois de os terem formalmente renunciado

A Inquisição Medieval

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A sociedade rejeitava os hereges e as heresias, mas com fins diferentes

Inquisidores eclesiásticos, queriam:

Salvar as almas dos hereges, o que incluia atribuir penitências salutares

Proteger os cristãos da heresia

Manter a unidade da Igreja e da doutrina

Justiça civil, queria:

Punir os hereges, o que incluia atribuir e aplicar penas retributivas

Recorrer as penas duras e públicas como factor dissuasor

Manter a coesão social (a "ordem" e a "lei")

Povo, queria:

Expulsar ou isolar socialmente os hereges (forte antijudaísmo em Portugal e Espanha)

Usar os hereges como "bode expiatório" (como acontecerá com as bruxas e com os judeus)

Usar a acusação de heresia como “arma de ataque” nas disputas do dia-a-dia

A Inquisição Medieval

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1. Introdução

2. A Inquisição Medieval

3. A Inquisição Espanhola

4. A Inquisição Portuguesa

5. A Reforma Protestante e a Contra-Reforma

6. A Inquisição Romana

7. Conclusão

Índice

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Cronologia

Década de 1170: Aragão e Catalunha tornam-se refúgio para prosélitos cátaros oriundos do Languedoc

1197: o rei Pedro II de Aragão decreta a pena de morte na fogueira para hereges condenados

1232: o Papa Gregório IX oferece a assistência dos dominicanos ao Arcebispo de Tarragona

1233: são formados tribunais inquisitoriais (um episcopal e um secular) em Tarragona

1236: Leis severas anti-heresia em Castela-Leão

1238: o Papa Gregório IX organiza um tribunal em Navarra para a região da Catalunha

1242: Concílio de Tarragona: elaborados procedimentos para os inquisidores (Raimundo de Penhaforte)

Sob o pontificado de Urbano IV (1261-64), os Dominicanos tomam conta da inquisição em Aragão

No resto da Península Ibérica, não há o perigo da heresia nem se estabelecem inquisições eclesiásticas

Reinado de Afonso X, o Sábio (1252-1284): a corte de Castela vive em paz no pluralismo religioso

Afonso X intitulava-se o rei de três religiões; os judeus recuperam algum estatuto social

Nesta fase, os tribunais inquisitoriais apenas tinham jurisdição sobre cristãos

Todavia, tinham autoridade sobre judeus baptizados que regressavam ao judaísmo

A Inquisição Espanhola (1478-1834)

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No século XIII, os tribunais inquisitoriais

visam apenas hereges cristãos

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Cronologia

1290: Expulsão dos judeus de Inglaterra (decreto real)

1306: Expulsão dos judeus de França (decreto real)

Judeus ingleses e franceses mudam-se para Aragão

Os manuais dos inquisidores começam a legitimar a investigação de Judeus que:

Blasfemem contra o cristianismo; abusem da usura sobre cristãos

Tentem converter cristãos ao judaísmo; ajudem judeus baptizados a regressar ao judaísmo

1348-49: Peste Negra; grave crise na Península Ibérica

1391: “Pogrom” em Barcelona

1406-1454: Durante o reinado de João II de Castela, os “conversos” ganharam estatuto social

1449: Revolta em Toledo, ataques aos “conversos” que colectavam impostos

1474: Isabel de Castela ascende ao trono (casou em 1469 com Filipe de Aragão)

1478: a pedido de Isabel e Fernando, o Papa Sisto IV autoriza os primeiros inquisidores

1492: Decreto de Alhambra ordenando a expulsão dos judeus; conquista de Granada

A Inquisição Espanhola (1478-1834)

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A Inquisição Espanhola é controlada pela Coroa e

visa sobretudo as heresias dos “conversos”

Page 23: Módulo iv   inquisição e ciência

Dimensão

Tribunais

Castela (11): Sevilha, Córdova, Toledo, Llerena, Valladolid, Murcia, Cuenca, Las Palmas,

Logroño, Granada e Santiago de Compostela

Aragão (4): Zaragoza, Valencia, Barcelona e Majorca

Outros (5): Palermo, Sassari (Sardenha), Lima (Peru), Ciudad de Mexico, Cartagena de Indias

(Colômbia)

Processos: 150.000 (estimativa Garcia Carcél)

Sentenças de morte executadas: entre 3.000 e 5.000 (Carcél, Dedieu) em 350 anos

Sentenças de morte executadas por bruxaria: 59

1481-1530: focada na investigação dos Judeus

1530-1650: focada no Protestantismo, heresias e ofensas à fé cristã

1650-1720: de novo focada na investigação dos Judeus

A partir de 1720: queda na intensidade; orientação menos nítida

A Inquisição Espanhola (1478-1834)

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Quando comparada com outros tribunais europeus da época, a Inquisição

Espanhola foi mais metódica e condenou menos pessoas à pena de morte

Page 24: Módulo iv   inquisição e ciência

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1. Introdução

2. A Inquisição Medieval

3. A Inquisição Espanhola

4. A Inquisição Portuguesa

5. A Reforma Protestante e a Contra-Reforma

6. A Inquisição Romana

7. Conclusão

Índice

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Page 25: Módulo iv   inquisição e ciência

Cronologia

1478-1492: vagas migratórias de “conversos” espanhóis entram em Portugal

1492: expulsão dos judeus de Espanha

Nesta fase aumenta o sentimento antijudaico em Portugal

1492: o rei D. João II ordena a expulsão dos Judeus de Portugal

No ano seguinte, D. João II ordena a conversão dos judeus que não saíram do país

A partir de 1497, não há oficialmente judeus em Portugal: apenas cristãos e “cristãos novos”

1506: massacre de “cristãos novos” em Lisboa

1521: o rei D. João II começa activamente a tentar montar uma inquisição em Portugal

1536: a 23 de Maio, D. João III cria o primeiro tribunal inquisitorial em Évora (onde residia a Corte)

1537: D. João III muda a Corte para Lisboa, junto com o tribunal inquisitorial

1540: primeiro “auto-de-fé” em Portugal

1541: criados tribunais inquisitoriais em Coimbra, Porto, Lamego, Tomar e Évora

1560: criação do tribunal inquisitorial em Goa

A Inquisição Portuguesa (1536-1821)

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Dimensão

Entre 1540 e 1794, o total dos tribunais (Lisboa, Porto, Coimbra, Évora, Tomar, Goa):

Condenaram à morte 1.183 pessoas, que foram queimadas

Condenaram à morte 633 pessoas, que escaparam e foram “queimadas” em efígie

Condenaram 29,611 pessoas a vários tipos de penitência, mas não à morte

Total de processos: 31.457

Acusação principal: judaísmo

1.175 pessoas em 255 anos corresponde a uma média de 4,6 condenados à morte por ano

Sentenças de morte executadas por bruxaria: 4

A dimensão social destas mortes tem que ser comparada com as penas de morte dos tribunais civis

A Inquisição Portuguesa (1536-1821)

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Page 27: Módulo iv   inquisição e ciência

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1. Introdução

2. A Inquisição Medieval

3. A Inquisição Espanhola

4. A Inquisição Portuguesa

5. A Reforma Protestante e a Contra-Reforma

6. A Inquisição Romana

7. Conclusão

Índice

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Page 28: Módulo iv   inquisição e ciência

A Reforma Protestante

Indulgência: remissão total ou parcial da pena temporal por pecados já confessados e absolvidos

Formas de obtenção de indulgência plenária:

Leitura ou escuta das Sagradas Escrituras

Adoração eucarística

Percorrer a Via Sacra

Rezar o rosário

Ao longo da Idade Média registaram-se vários abusos no seu uso

Em 1517, Leão X (1475-1521) ofereceu indulgências a quem contribuísse

para a construção da nova Basílica de São Pedro

Johann Tetzel (1456-1519), frade dominicano, vendia indulgências para os mortos, violando a doutrina

Em 1517, Tetzel foi nomeado por Leão X como comissário para as indulgências na Alemanha

Tetzel dizia estar a angariar fundos para São Pedro, mas estava a desviá-los para o Arcebispo de Mainz

Alberto de Hohenzollern (1490-1545), Arcebispo de Mainz, endividou-se para ascender ao cargo

Leão X autorizou Alberto a vender indulgências para pagar a sua dívida, mas remetendo 50% para Roma

31 de Outubro de 1517: Lutero afixa as 95 teses, que enviara a Alberto, na Schlosskirche, em Wittenberg

A Reforma Protestante e a Contra-Reforma

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Page 29: Módulo iv   inquisição e ciência

As 95 teses de Martinho Lutero

Primeiras duas páginas das 95 teses, numa edição posterior (1522, Melchior Lotter, Wittenberg)

A Reforma Protestante e a Contra-Reforma

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Page 30: Módulo iv   inquisição e ciência

O evoluir do Protestantismo: a Europa em guerra

1517: Lutero afixa as 95 teses em Wittenberg

1523-31: Luteranismo na Suécia (Olaus, Petri, Andreae)

Protestantismo na Suiça (zwinglianismo e calvinismo):

1523: Zurique (Ulrich Zwingli)

1528: Berna

1536: Genebra

1541: Calvino em Genebra

Década de 1520: Anabaptismo na Holanda

1528-36: Luteranismo na Dinamarca-Noruega (Tausen)

1529-33: Início da Reforma Inglesa (Henrique VIII)

1555: Paz de Augsburgo (“cuius regio, eius religio”),

estabelece que a religião oficial (luterana ou católica) de cada

Estado do Sacro Império será a do príncipe desse Estado

1559: Início da Igreja Reformada de França (calvinista)

1560: Calvinismo na Escócia (John Knox)

Década de 1560: Calvinismo na Holanda

A Reforma Protestante e a Contra-Reforma

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Page 31: Módulo iv   inquisição e ciência

O Concílio de Trento

13 de Dezembro de 1545 a 4 de Dezembro de 1563; 25 sessões

Sob 5 papas: Paulo III, Júlio III, Marcelo II, Paulo IV e Pio IV

Presentes: 5 cardeais, 3 patriarcas, 33 arcebispos, 235 bispos,

7 abades, 7 gerais de ordens monásticas e 160 teólogos

Foi convocado para examinar e condenar os erros de Lutero

e dos protestantes, e para reformar a disciplina da Igreja

Esteve na origem do movimento da Contra-Reforma:

Reorganização da igreja: seminários, fim das nomeações episcopais “políticas” ou “virtuais”

Novas ordens religiosas: Jesuítas, Carmelitas Descalças, Ursulinas, Capuchinhos, etc.

Nova espiritualidade: Inácio de Loyola, Teresa de Ávila, João da Cruz, Francisco de Sales

Exuberância artística em contraste com a austeridade protestante

A Quarta Sessão, sobre as Sagradas Escrituras (8 de Abril de 1546, emitiu um decreto)

Igual prioridade à Tradição e às Sagradas Escrituras (Antigo e Novo Testamento)

As Sagradas Escrituras são ditadas pelo Espírito Santo quanto à fé salvífica e à disciplina moral

A Reforma Protestante e a Contra-Reforma

«Para restringir espíritos petulantes, decreta-se que ninguém, apoiando-se na sua própria perícia, poderá – em matéria

de fé ou de moral (…) interpretar a dita Sagrada Escritura em sentido contrário ao da Santa Madre Igreja (…) ou mesmo

contrariamente ao consentimento unânime dos Padres (…)» (sublinhado meu)

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Page 32: Módulo iv   inquisição e ciência

32

1. Introdução

2. A Inquisição Medieval

3. A Inquisição Espanhola

4. A Inquisição Portuguesa

5. A Reforma Protestante e a Contra-Reforma

6. A Inquisição Romana

7. Conclusão

Índice

32

Page 33: Módulo iv   inquisição e ciência

Dimensão

Em Itália, cerca de 51.000-75.000 casos, cerca de 1.250 pessoas executadas (Cfr. Andrea del Col)

A esmagadora maioria dos casos investigados não visava filósofos ou professores

Acusações mais frequentes: protestantismo, judaísmo, imoralidade, blasfémia, bruxaria ou feitiçaria

Organização

Em 1542, o Papa Paulo III cria a Congregação do Santo Ofício da Inquisição (Bula Licet ab initio)

Em 1557, o Papa Paulo IV publica o Index Librorum Prohibitorum

Em 1564, como decisão do Concílio de Trento, Paulo IV publica uma revisão, o Index Tridentinum

Em 1571, o Papa Pio V cria a Congregação para a Reforma do Índice e para a Correcção de Livros

A Congregação do Índice não deve ser confundida com a Congregação do Santo Ofício

No entanto, trabalhavam muitas vezes em conjunto: uma investigava a obra, e a outra o autor

Muitos livros eram proibidos transitoriamente: “donec corrigatur”, “donec expurgetur”

A atenção estava concentrada nas obras de autores protestantes (qualquer tema) ou divinatórias

Estas Congregações foram extremamente eficazes: as heresias não vingaram nos países católicos

A Inquisição Romana (1542 – c. 1860)

O combate à heresia torna-se indissociável

do contexto das guerras entre católicos e protestantes33

Page 34: Módulo iv   inquisição e ciência

Alguns filósofos de renome investigados pela Inquisição Romana

Girolamo Cardano (1501-1576), acusado de heresia em 1570 por calcular o horóscopo de

Jesus, passou alguns meses na cadeia, mas terminou a sua vida em Roma com uma renda

anual do Papa Gregório XIII

Tommaso Campanella (1568-1639), astrólogo, passou 4 anos preso em Roma (1594-97),

regressou à Calábria, participou numa conspiração anti-espanhola, pela qual passou 27 anos

na prisão em Nápoles (sob Espanha); libertado graças a Urbano VIII, foi astrólogo papal

Giordano Bruno (1548-1600), condenado à morte na fogueira em 1600 por heresia e

práticas mágicas; queria fundar uma nova religião universal baseada na magia solar

Cesare Cremonini (1550-1631), professor ateu de Filosofia em Ferrara e Pádua, foi

investigado pela Inquisição pelo seu ateísmo e pela defesa da “dupla verdade”, mas nunca

foi processado

Galileo Galilei (1564-1642), condenado em 1633 pela Inquisição (sob Urbano VIII) a

prisão perpétua domiciliária por ter desobedecido a uma ordem alegadamente dada em 1616

Excepto Galileu, nenhuma destas pessoas foi inquirida por ideias de carácter científico

A Inquisição Romana (1542 – c. 1860)

34

O desfecho do caso Galileu foi a excepção na relação

entre a Inquisição Romana e a Ciência

Page 35: Módulo iv   inquisição e ciência

A Inquisição Romana e as obras científicas

A censura às obras científicas focou-se nos conteúdos de astrologia judiciária (divinatória)

Os processos resultam de circunstâncias ocasionais (denúncias, por exemplo)

Foram autorizados comentários a obras proibidas e proibidos comentários a obras autorizadas

Astrologia natural:

Predição de eventos orgânicos ou físicos com base nos astros

Amplamente aceite (Isidoro de Sevilha, Alberto Magno, Tomás de Aquino)

Aplicável específica e explicitamente a três áreas: medicina, agricultura e navegação

Astrologia judiciária:

Predição de acções humanas ou destino da vida humana com base nos astros

Incompatível com a imaterialidade da alma (como tal, imune aos efeitos dos astros)

Determinística: incompatível com o livre arbítrio e com a responsabilidade moral

Amplamente condenada (Santo Agostinho, São Alberto Magno, São Tomás, etc.)

Todavia, tolerada nas Universidades e praticada pelas elites (mesmo pelo clero)

O ensino universitário da astrologia motivou, no séc. XIV, a introdução da Matemática

A Inquisição Romana (1542 – c. 1860)

35

A complexidade da natureza dava espaço para a astrologia natural: era mais

fácil refutar as previsões da astrologia judiciária do que as da natural

Page 36: Módulo iv   inquisição e ciência

A Inquisição Romana e as obras científicas

Giovanni Pico della Mirandola (1463-94), Disputationes adversus astrologiam divinicatrium

Apesar da obra de Pico, o “combate” à astrologia só ganha vigor com Trento (1545-63)

O Index Librorum Prohibitorum (1557, Paulo IV, revisto em 1559):

“Todos os livros [de astrologia] (…) excepto observações naturais escritas para servirem à navegação, agricultura e medicina”

O Index Tridentinum (1564, Pio IV)

Bula Coeli et terrae creator Deus (1586, Sisto V), primeiro documento magisterial inteiramente dedicado à astrologia

A Bula gerou protestos (mesmo internos): pedia-se que o seu rigor fosse afrouxado, alegando-se dificuldade na sua aplicação (distinguir astrologia judiciária da natural)

A astrologia continuou a ser ensinada nas Universidades (Bolonha, Pádua, Pavia)

Esta censura introduziu uma nova forma de fazer astronomia: separar as medições, as

observações, e as propriedades físicas dos astros, das especulações pseudo-científicas

acerca dos “influxos” dos astros na vida humana

A Inquisição Romana (1542 – c. 1860)

36

A censura à astrologia judiciária acabou por separar,

socialmente, o astrónomo do astrólogo

Page 37: Módulo iv   inquisição e ciência

37

1. Introdução

2. A Inquisição Medieval

3. A Inquisição Espanhola

4. A Inquisição Portuguesa

5. A Reforma Protestante e a Contra-Reforma

6. A Inquisição Romana

7. Conclusão

Índice

37

Page 38: Módulo iv   inquisição e ciência

Número total de mortos (milhares de pessoas)

Conclusão

38

7

35 000

16 10

20 000

0

5 000

10 000

15 000

20 000

25 000

30 000

35 000Inquisição (1252-1794)

Peste Negra na Europa(1348-1350)

Tribunais americanos (1608-2010)

Portugal na Iª GuerraMundial (1916-1918)

Estaline (campos deconcentração ecolectivizações)

Page 39: Módulo iv   inquisição e ciência

Mortes por ano

Conclusão

39

14

11 666 667

41 5 000

1 176 471

0

2 000 000

4 000 000

6 000 000

8 000 000

10 000 000

12 000 000

Inquisição (1252-1794)

Peste Negra na Europa (1348-1350)

Tribunais americanos (1608-2010)

Portugal na Iª GuerraMundial (1916-1918)

Estaline (campos deconcentração ecolectivizações)

Page 40: Módulo iv   inquisição e ciência

Mortes por ano

Conclusão

40

14 40,5

5 000

0

500

1 000

1 500

2 000

2 500

3 000

3 500

4 000

4 500

5 000

Inquisição (1252-1794)

Tribunaisamericanos (1608-2010)

Portugal na IªGuerra Mundial(1916-1918)

Page 41: Módulo iv   inquisição e ciência

Mortes por ano

Conclusão

41

0

2,000

4,000

6,000

8,000

10,000

12,000

14,000

16,000

18,000

14 55

16594

Inquisição(1252-1794)

Enforcamento noReino Unido (1735-1964)

Penas de mortedurante o Terror(1793-1794)

Page 42: Módulo iv   inquisição e ciência

Sentenças de morte executadas pela Inquisição

Estes números não incluem as penas de morte por crime contra o Estado

Conclusão

42

0

500

1 000

1 500

2 000

2 500

3 000

3 500

4 000

4 500

5 000

Espanhola

Portuguesa

Romana

Page 43: Módulo iv   inquisição e ciência

A Inquisição Espanhola (1478-1834): um Tribunal cruel?

Conclusão

43

2%

98%

Réu executado Réu não executado

Page 44: Módulo iv   inquisição e ciência

Julgamentos por bruxaria (1450-1750)

Total: 80.000 julgamentos, 35.000 execuções

Malleus Malleficarum (1487), obra do inquisidor Heinrich Krammer (1430-1505), dominicano alemão

Conclusão

44

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

35.000

40.000

45.000

50.000

Julgamentos Execuções

Ilhas Britânicas eAmérica do Norte

Sacro Império

França

Escandinávia

Europa do Leste

Europa do Sul

Page 45: Módulo iv   inquisição e ciência

45

1. Não houve “A Inquisição”™: essa marca é o resultado de 400 anos de propaganda

2. A Santa Sé (o Papa) apenas controlava directamente a Inquisição Romana

3. Os tribunais civis aplicavam frequentemente a pena de morte

4. Os tribunais protestantes também condenavam e queimavam hereges

5. As inquisições aplicaram a pena de morte em cerca de 2% dos casos (Espanha)

6. Os procedimentos inquisitoriais não eram arbitrários

7. O recurso à tortura só era autorizado uma vez, e só havendo grande certeza da culpa

8. Para serem válidas, as confissões tinham que ser feitas uma segunda vez sem tortura

9. Diversos métodos de tortura foram exagerados ou inventados (“dama-de-ferro”)

10. As condenações por bruxaria foram ínfimas em comparação com os países protestantes

11. As inquisições não perseguiram cientistas por causa do seu trabalho científico

Conclusão

45

Onze ideias a reter