COMO ADMINISTRAR EMPRESA DO TERCEIRO SETOR MÓDULO III MÓDULO III MÓDULO III MÓDULO III Avançar.
Módulo musicalidade
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PRÁTICAS MUSICAIS PARA A PAZ
Equipe: Profª Luciane Cuervo.
Tutoria: Aline Guterres, Soraia Santana e Juliana Jacques
Módulo 2
OBJETIVOS DO MÓDULO 2
Compreender que todo ser humano é um ser musical e possui capacidade
natural para desenvolvê-la.
Identificar as diferentes funções da música na sociedade e na escola;
Vivenciar práticas musicais para a paz que possibilitem a aplicação na
Escola Básica.
Musicalidade Humana
Vamos conversar um pouco sobre a musicalidade de cada um(a) de nós e dos grupos sociais dos quais fazemos parte. Nosso primeiro tópico no fórum será justamente para compartilharmos nossas experiências mais marcantes, positiva ou negativamente, envolvendo a nossa musicalidade. O princípio que defendemos é de que a musicalidade é uma característica humana, consistindo numa das manifestações mais antigas da humanidade e presente em todas as regiões e grupos sociais do mundo, em todos os tempos. É importante acreditarmos nisso, e entendermos que não é necessário ser especialista em música para fomentar o desenvolvimento musical de nossos alunos. Para desencadear as nossas reflexões, te convidamos a conhecer a história de Andrew.
Neste link: http://www.youtube.com/watch?v=1PlsZ1K_cds
Musicalidade Humana
A história de Andrew comprova a existência da capacidade humana de ser musical independente de fatores genéticos e problemas no desenvolvimento cerebral. Assim, como o cérebro humano é capaz de realizar a fala, a leitura, a escrita e a capacidade de calcular, por exemplo, o cérebro e o corpo humano também possuem a capacidade de cantar e tocar instrumentos musicais, ou seja, a capacidade de manifestar a musicalidade de variadas formas. A plasticidade cerebral desempenhou papel fundamental no caso de Andrew para todas essas funções. Há pesquisas que demonstram que a música é uma atividade de alto impacto positivo na nossa configuração neuronal. Em nossa pasta de “Materiais Complementares” serão inseridos materiais relativos aos benefícios da música, incluindo os benefícios cerebrais.
Mitos sobre musicalidade
Mitos
[...] o mito do gênio que, num primeiro
momento, permeou as pesquisas em
criatividade ainda está fortemente arraigado
em nossa cultura e parece ter sido o
responsável por uma série de preconceitos e
ideias falsas sobre o processo criativo que, até
hoje, trazem consequências para o ensino e a
aprendizagem musical (GRASSI, 2010, p. 64).
Somos seres musicais?
Na concepção errônea e de senso comum divulgada amplamente nos meios midiáticos, é construída a ideia de que para ser tocar ou cantar uma música é preciso ter um dom ou um talento especial para isso. Muitas pessoas já passaram em suas histórias de vida por momentos constrangedores sendo avaliadas como não musicais. Você sabe se nasceu com dom para música?
Na verdade, somos seres musicais! A amusia, que é a incapacidade parcial ou total de perceber os sons enquanto música é um distúrbio presente numa parcela pequena da população (em média, 2,5%), e pode ser tratada (Peretz et al, 2001). Mesmo sofrendo de algum tipo de amusia, podemos nos desenvolver musicalmente. Sobre a espontaneidade da musicalidade humana, um bom exemplo é esse breve vídeo de Bob McFerrim falando e improvisando num congresso de ciências cognitivas. Veja que como é fácil fazer música, considerando as expectativas naturais da nossa mente.
Vídeo Bob McFerrim
https://www.youtube.com/watch?v=Hodp2esSV9E
Na realidade, todo o ser humano nasce preparado para ser musical. Ou seja, todos nascemos com dom e talento para a música. Você deve estar se perguntando: Então por que alguns são mais musicais do que outros? Ser musical ou não depende se você desenvolveu sua capacidade, assim como desenvolveu sua habilidade de fala, leitura e compreensão de textos. Mesmo assim, o seu corpo ainda continua apto a aprender e a se desenvolver construindo novas habilidades. Um dos fatores que possibilitam um desenvolvimento de habilidades técnicas musicais é o meio em que vivemos. O ambiente social em que você vive e cresceu. Você pode perceber que na história de vida de diferentes músicos está a presença da música na sua família. Outro fator é o interesse e motivação em estudar música, tanto de forma informal quanto formal. E lembre-se: fazer música significa cantar, tocar, criar ou ouvir música, e há muitas formas de manifestarmos nossa musicalidade, independentemente de estudos formais.
Você tem talento para a Música?
Bebês: Predisposição para a música
Os estudos sobre a competência musical dos bebês e os avanços na área de desenvolvimento humano nos permitem dizer que todo o ser humano nasce com predisposições biológicas e culturais para a música, dependendo, no entanto, das trocas no meio sociocultural para promover o seu desenvolvimento. (Maffioletti, 2011, p. 67).
Assista a esse vídeo do bebê comovido ao ouvir a mãe cantando e perceba como a comoção está contextualizada à intimidade do diálogo mãe-bebê. A mãe, ao falar sobre esse vídeo, comentou que sempre cantou para o bebê (desde a gestação) e que essa música causa essa forte reação emotiva. Link: https://www.youtube.com/watch?v=NUqROdQ02Mo
A capacidade humana para aprender é infinita (Herculano-Houzel, 2007). Seja para que área do conhecimento humano for, nunca é tarde para desencadear algum processo musical na sua vida: seja “cantando no chuveiro” ou no coral da Igreja, seja indo a concertos e shows, seja começando a estudar um instrumento musical. Não há desafinação vocal ou suposta inaptidão para a música que não possa ser tratada, amenizada e até eliminada. A musicalidade pode ser ensinada e aprendida (Blacking, 1992). Lembre-se de que seus alunos são seres musicais também, e provavelmente gostam muito de música! Ou seja, o terreno está fértil para a musicalidade desabrochar no ambiente escolar! Educar para a paz é saber que todos somos capazes de construir diferentes aprendizagens, inclusive a musical e não valorizar conceitos equivocados sobre dons e talentos enviados apenas para alguns privilegiados.
É tarde demais para desenvolver a sua musicalidade?
Assim como nascemos com as possibilidades para
aprender uma linguagem determinada por qualquer
cultura, também temos possibilidades de aprender
música. Os estudos têm demonstrado que o
desenvolvimento da musicalidade é a essência do
processo de tornar-se humano. Essa musicalidade
mostra-se não apenas na execução de instrumentos
musicais, mas no gesto, nos movimentos e na
ludicidade que garante a capacidade de brincar com
os sons. (MAFFIOLETTI, 2008, p.1).
Musicalidade Humana
A musicalidade humana é expressada desde os tempos mais remotos da
história da humanidade, fazendo parte da história do desenvolvimento e
evolução humana.
Primórdios
Há evidências de atividade musical no homem pré-moderno. A música não foi fossilizada, porém instrumentos musicais sim.
Veja essa pintura rupestre de uma caverna de Cogul na Espanha. Foi feita há mais de 40.000 anos antes de Cristo. Acredita-se que essa seja uma das provas mais antigas da musicalidade humana.
Em diferentes épocas e regiões, sempre existiu alguma forma de musicalidade. Os registros arqueológicos mostram um histórico ininterrupto de criação musical onde quer que
houvesse seres humanos, em todas as áreas (Levitin, 2010).
As funções da música na sociedade são diversas e fascinantes.
Funções da música na sociedade
Para compreender a prática musical em relação com a paz nas escolas, precisamos conhecer as funções da música na sociedade.
Elas são extremamente importantes para a compreender a relação das pessoas com a música e o poder da música na sociedade e com as pessoas.
As dez funções sociais da música, conforme Merriam (1964)
Reação física
Impor conformidade às normas
Validação das instituições sociais e dos
rituais religiosos
Contribuição para a continuidade e
estabilidade da cultura
Contribuição para a integração da
sociedade
Expressão emocional
Prazer estético
Divertimento/entretenimento
Comunicação
Representação simbólica
Questões de reflexão para
planejamento:
A música está
nos meios de comunicação, nos telefones convencionais e
celulares, na Internet, no cinema, em lojas e bares, nos
alto-falantes, nos consultórios médicos,
nos recreios escolares...
Dica de leitura:
HUMMES, Júlia Maria. Por que é importante o ensino de música? Considerações
sobre as funções da música na sociedade e na escola. Revista da ABEM, Porto
Alegre, V. 11, 17-25, set. 2004
Disponível em:
http://www.abemeducacaomusical.org.br/Masters/revista11/revista11_artigo2.pdf
Não é preciso ser especialista em música para desenvolver a sua musicalidade e ajudar os seus
alunos a fazer isso. Agora que você já conhece as funções da música na sociedade, reflita sobre
o papel da música na Cultura da Paz.
Atividade 1: Fórum Musicalidade
Você lembra das suas práticas musicais nessas diferentes fases da sua vida?
Elas sofreram modificações no repertório ou o repertório foi ampliando-se?
Quais eram as funções da música em cada etapa da sua vida?
ATENÇÃO!
Para realizar a atividade, vá à página do módulo,
no Moodle, e acesse o “Fórum Musicalidade”
Capacidade humana
A natureza encarnada da música, a indivisibilidade entre movimento e som, caracteriza o fazer musical em todas as culturas e em todos os tempos (Blacking, 1995). Para Cross (2012), o ser humano possui capacidade para a musicalidade assim como para a cultura.
“Em relação à musicalidade, bem como em qualquer área de desenvolvimento intelectual, fatores biológicos e culturais são complementares, formando uma rede de elementos indissociáveis entre si. Constatamos que a musicalidade é constituída por um conjunto de elementos do fazer musical que vão além de habilidades técnicas específicas.” (CUERVO, 2009, p.75).
Conceito de Musicalidade
A reflexão sobre o conceito de musicalidade teve sua relevância enfatizada por Maffioletti (2001, p. 62): “é importante analisarmos qual o conceito de musicalidade que temos, porque esse conceito vai inspirar nossas práticas pedagógicas.”
Musicalidade é uma característica humana (Blacking, 1995; Gembris,
1997; Sacks, 2008; Cuervo e Maffioletti, 2009; Levitin, 2010; Cross, 2012) a qual todos nascem com os mecanismos necessários ao seu desenvolvimento. É um conhecimento a ser construído, consistindo na capacidade de geração de sentido através do fazer musical que engloba não somente cantar ou tocar, mas criar e apreciar música. (Cuervo, 2009).
Conceito de Musicalidade
A reflexão sobre o conceito de musicalidade teve sua relevância enfatizada por Maffioletti (2001, p. 62): “é importante analisarmos qual o conceito de musicalidade que temos, porque esse conceito vai inspirar nossas práticas pedagógicas.”
Musicalidade é uma característica humana (Blacking, 1995; Gembris,
1997; Sacks, 2008; Cuervo e Maffioletti, 2009; Levitin, 2010; Cross, 2012) a qual todos nascem com os mecanismos necessários ao seu desenvolvimento. É um conhecimento a ser construído, consistindo na capacidade de geração de sentido através do fazer musical que engloba não somente cantar ou tocar, mas criar e apreciar música. (Cuervo, 2009).
Questão
“Diante de tantas comprovações
sobre a natureza da musicalidade
humana, como ocorreria o processo
de educação musical em famílias
que pouco cantam para seus filhos,
ou sociedades que não valorizam a
música?”
(MAFFIOLETTI, 2001, p.5)
Resumindo...
A Musicalidade é uma característica humana.
A música sempre existiu onde existiram humanos.
A musicalidade se manifesta no diálogo entre cultura e biologia.
Referências BLACKING, J. Music, Culture and Experience. Chicado: University of Chicago Press, 1995.
CUERVO, L. Reflexões sobre o conceito de musicalidade. Musicalidade ao longo da vida. Disponível em: http://pt.slideshare.net/grupopesquisamusicauergs/musicalidade-ao-longo-da-vida
CROSS, I. Musicality and the human capacity for culture. In: Cognitive function, origin, and evolution of music emotions. Musicae Scientiae. Julj, 2012. Vol. 16. p. 185-199.
GEMBRIS, H. (1997) Historical Phases in the Definition of Musicality. Halle-Wittenberg-Alemanha: Martin Luther University, 1997. Psychomusicology, 16. p. 17-22.
GRASSI, B. Composição musical e resolução de problemas. In: ILARI, B; ARAÚJO, R. C. (orgs). Mentes em música. Curitiba: Ed. UFPR, 2010.
HERCULANO-HOUZEL, S. O cérebro em transformação. São Paulo: Objetiva, 2005.
HUMMES, Júlia Maria. Por que é importante o ensino de música? Considerações sobre as funções da música na sociedade e na escola. Revista da ABEM, Porto Alegre, V. 11, 17-25, set. 2004
LEVITIN, D. A Música no seu Cérebro. Trad. Clóvis Marques. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.
LOUZADA, F. A Construção social do cérebro. Neuroeducação, 1ª ed., São Paulo, Segmento, 2012.
MAFFIOLETTI, L. Musicalidade Humana: aquela que todos podem ter (2001). Disponível em:
http://www.ufrgs.br/musicalidade/midiateca/criatividade-e-musicalidade/musicalidade-humana-aquela-que-todos-podem-ter/view
MAFFIOLETTI, L. A. Aprendizagens sociais propiciadas pela música na infância. In: SANTIAGO, D; BROOCK, A., CARVALHO, T. Educação Musical Infantil. Salvador: PPGMUS-UFBA, 2011.
MAFFIOLETTI, Leda de Albuquerque. Musicalidade, mitos e educação. In: X Encuentro de Ciências Cognitivas de la Música Musicalidad Humana: debates Actuales en Evolución, Desarrollo y Cognición e Implicancias Socio-Culturales. Universidad Abierta Interamericana. Ciudad Autônoma de Buenos Aires 21, 22 e 23 julio 2011. 17 fls.1 CD ROOM. ISBN 978-978-27082-0-7
MAFFIOLETTI, L. A. . A dimensão lúdica da música na infância. In: XIV Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino, 2008, Porto Alegre, RS. Trajetórias e processos de ensinar e aprender: sujeitos, currículos e cultura. Porto Alegre, RS : EDIPUCRS, 2008.
MERRIAM, A. O. The anthropology of music. Evanston: Northwestern University Press, 1964.
PERETZ, I. et al. Congenital amusia a group study of adults afflicted with a music‐specific disorder. Oxford Journals Medicine Brain. Vol. 125, Nº2. set. 2001. Pp. 238-251
SACKS, O. Alucinações Musicais: relatos sobre a música e o cérebro. São Paulo: Cia. Das Letras, 2007.
Créditos
Módulo: A Paz através de Práticas Musicais Pesquisa, produção e configuração
Ministrante: Luciane Cuervo
Professora-formadora: Aline Guterres Tutoras: Soraia Santana e Juliana Jacques