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LECTORIUM ROSICRUCIANUM · · Sede vigilantes para que ninguém vos engane com as palavras: «vede aquou «vede acolá», poisoFilho do homem esno mais recôndito de s. Segui-o! (O Evangelho de Maria) N a carta anterior, reetimos sobrea fugacidade da vida e sobre o caráter transitório de tudo o que o ser humano pode experimentar ou possuir, devido à polaridade que caracteriza o mundo em que ele vive.T udo quantoexiste é a manifestação, em maior ou menor escala, de determinada qualidade e de seu contrário.Luz e trevas, amor e ódio, bem e mal, alegriae tristezasucedem-se em um permanente ir e vir, de forma similar ao movimento de um pêndulo. Essa é uma lei natural que rege a vida; sem dúvida, essa lei, que deveria permitir ao ser humano uma constante evolução, deixando para trás o antigo para elevar-se ao novo, é sentida por ele com grande perturbação e é causa de muito sofrimento. No entanto, no interior de cada ser humano há algo que aspira ao permanente, ao absoluto, ao eterno. Quanta contradição, não? Como pode um ser humano aspirar aalgo permanente em um universo caracterizado por mudanças constantes? A Escola Internacional da Rosacruz Áurea pede a todos para reetir sobre isso, porque nessa questão se esconde o mistério da transformação da alma. No desenrolar destas cartas se encontraa resposta a essa pergunta. Em todos os tempos e culturas, amitologia, por meio de imagens e símbolos, busca explicar como se criou o cosmo e o próprio ser humano. Um desses relatos provém da mitologia grega e narra as vicissitudes de Prometeu. Prometeu era imortal, um dos Titãs. Diz-se que elecriou o homem, dando-lhe uma centelha de vida que tirou do carro solar de Apolo. Mas, em dado momento, Prometeu

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Quanta contradição, não? Como pode um ser humano aspirar a algo permanente em um universo caracterizado por mudanças constantes? A Escola Internacional da Rosacruz Áurea pede a todos para reeetir sobre isso, porque nessa questão se esconde o mistério da transformação da alma. No desenrolar destas cartas se encontra a resposta a essa pergunta. (O Evangelho de Maria)

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LECTORIUM ROSICRUCIANUM

ESCOLA INTERNACIONAL DA ROSACRUZ ÁUREA

TRABALHO PÚBLICO · CURSO DE INTRODUÇÃO

MÓDULO 1 · TEMA 2

O ENCONTRO ENTRE O TEMPO E A ETERNIDADE

Sede vigilantes para que ninguémvos engane com as palavras:

«vede aqui» ou «vede acolá»,pois o Filho do homem está nomais recôndito de vós. Segui-o!

(O Evangelho de Maria)

Na carta anterior, re�etimos sobre a fugacidade da vida e sobre o caráter transitóriode tudo o que o ser humano pode experimentar ou possuir, devido à polaridade

que caracteriza o mundo em que ele vive. Tudo quanto existe é a manifestação, em maiorou menor escala, de determinada qualidade e de seu contrário. Luz e trevas, amor e ódio,bem e mal, alegria e tristeza… sucedem-se em um permanente ir e vir, de forma similarao movimento de um pêndulo.

Essa é uma lei natural que rege a vida; sem dúvida, essa lei, que deveria permitir ao serhumano uma constante evolução, deixando para trás o antigo para elevar-se ao novo, ésentida por ele com grande perturbação e é causa de muito sofrimento. No entanto, nointerior de cada ser humano há algo que aspira ao permanente, ao absoluto, ao eterno.

Quanta contradição, não? Como pode um ser humano aspirar a algo permanente emum universo caracterizado por mudanças constantes? A Escola Internacional da RosacruzÁurea pede a todos para re�etir sobre isso, porque nessa questão se esconde o mistérioda transformação da alma. No desenrolar destas cartas se encontra a resposta a essapergunta.

Em todos os tempos e culturas, a mitologia, por meio de imagens e símbolos, buscaexplicar como se criou o cosmo e o próprio ser humano. Um desses relatos provém damitologia grega e narra as vicissitudes de Prometeu.

Prometeu era imortal, um dos Titãs. Diz-se que ele criou o homem, dando-lhe umacentelha de vida que tirou do carro solar de Apolo. Mas, em dado momento, Prometeu

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cometeu uma afronta contra os deuses: enganou a Zeus, que, como castigo, o condenoua ser acorrentado ao cume do monte Cáucaso. Durante o dia uma águia comia seu fígado,mas durante a noite este se regenerava. Prometeu deveria permanecer acorrentado assimaté o �m dos tempos, a menos que um ser imortal oferecesse a vida em troca de sualiberdade. Finalmente, esse intercâmbio se realizou, pois Zeus permitiu que o centauroQuíron, alquebrado por uma ferida incurável, produzida por seu próprio pupilo, Hércules,entregasse sua vida imortal em troca da liberdade de Prometeu.

Essa bela história, que apenas está apresentada aqui em parte, encerra um mistério mara­vilhoso que mostra a todos, por um lado, o con�ito entre o tempo e a eternidade, e, poroutro, a libertação do aspecto imortal, espiritual, do ser humano.

Efetivamente, Prometeu representa o princípio da alma imortal no ser humano, ao qualpermanece enredado, pois carece da possibilidade de manifestar-se. Por outro lado,sua desobediência consistiu no uso de seus poderes criadores de maneira forçada eexperimental. Em conseqüência disso, os deuses se viram obrigados a isolá-lo, para evitarque a desarmonia alterasse a ordem cósmica. O fato de o fígado ser devorado durante odia e regenerar-se à noite indica que a alma abandonou o caminho de elevação até à luze submergiu em um processo cíclico de constante nascimento e dissolução.

Assim, esta é a situação em que se encontra a maioria dos seres humanos atualmente:sua alma imortal permanece latente, como que adormecida, incapaz de expressar-se emuma natureza governada pelos opostos, ou, o que é o mesmo, em um universo limitadopelas restrições do espaço-tempo.

Se a alma imortal for vista como a grande força uni�cadora do universo, necessariamentedeve-se reconhecer que a humanidade não está em sintonia com ela. As conseqüênciasdo comportamento de cada pessoa o revelam, pois esse estado de vida se caracterizapor uma contínua luta por poder e riqueza. Muito provavelmente o leitor desta cartasabe que esta é a condição geral da maioria dos seres humanos, desligados da força daalma imortal que se encontra em seu interior.

O mito de Prometeu, assim como o de Narciso, o de Adão e Eva, o de Ísis e Osíris e tantosoutros, fala para a humanidade de um acontecimento conhecido esotericamente comoa queda do ser original.

Não obstante, antes de continuar, temos de enfatizar que o ensinamento sobre a quedadeve ser considerado com extremo cuidado. É que devemos levar em consideraçãoque a queda ocorreu de forma multidimensional. Além disso, ela abarca campos demanifestação invisíveis, geralmente desconhecidos para o ser humano. Por isso, o usodistorcido que se tem feito desse ensinamento gerou grande confusão e tem mantido ahumanidade em uma espécie de narcose espiritual.

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A idéia do «pecado original» e o medo da condenação eterna sempre tem sido ummeio de manter a massa humana sob controle, a �m de que ela se sinta dependentede um poder salvador externo. Assim, a Escola da Rosacruz Áurea convida a todos osleitores a não delegar sua responsabilidade a outras mãos que não sejam as suas proprias,pois a liberdade não é um presente, mas sim uma condição interior que deve ser assumidaconscientemente.

Na realidade, a chamada «queda», em termos cristãos, a separação entre corpo e alma,ou, dito de outro modo, a separação entre consciência e espírito, não deve ser situadaem uma herança passada, mas sim em um acontecimento que se vive dia a dia, segundoa segundo, e pelo qual cada um é totalmente responsável.

Com o que acabamos de dizer, talvez o leitor já tenha intuído que estamos falando sobredois estados de ser, sobre duas naturezas diferentes:

• uma, que é a natureza original, onde a alma imortal se manifesta em ligação com oEspírito original;

• e outra, denominada dialética (devido à polaridade vivida como oposição e, porconseguinte, como sofrimento), onde o ser humano se debate entre a vida e a morte.

Fazemos votos de que o leitor tenha sentido pelo menos uma vez a presença insondáveldesse ser adormecido sobre o qual estamos falando esse princípio espiritual, essa almaimortal que o impulsiona e, de certo modo, o inquieta. É esse princípio que, de�nitiva ­mente, faz de cada pessoa um buscador. O fato é que esse ser emite uma vibração, umpedido de socorro que, em certas ocasiões, atua na personalidade natural como umainquietação ou uma nostalgia que ressoa como um chamado sutil e subconsciente.

Esse ser original decaído, precisamente por sua condição latente, é denominado, naterminologia da Escola da Rosacruz Áurea, «átomo-centelha-do-espírito» ou «rosa-do ­

-coração», por encontrar-se no centro de cada ser, na altura do coração. Seu despertarsigni�ca um novo nascimento, em que a consciência exerce um papel determinante, jáque nesse processo a consciência se volta de forma receptiva aos impulsos do Espíritooriginal.

Sabemos que todo átomo encerra uma energia poderosa. A ciência nuclear, desconside­rando as leis naturais, �ssiona o átomo e utiliza-se desse processo violento como fonte deenergia, criando uma perturbação no espaço-tempo e nos estratos etéricos do planeta.

Assim também o átomo-centelha-do-espírito possui uma energia poderosíssima, denatureza espiritual, com a qual pode transformar o pequeno mundo que é o ser humano.Essa energia inviolável repousa no núcleo do santuário do coração e espera para serposta a serviço do plano original da criação: ela é a misteriosa força cundalini do coração,a força primogênita do amor.

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No entanto, assim como acontece com a energia que se encerra nos átomos materiais,convém saber que essa energia nunca pode ser utilizada de maneira forçada, especulativaou egocêntrica. Quem age dessa forma sofre as mesmas consequências que atingiramPrometeu.

Talvez o leitor possa compreender agora que todo caminho espiritual implica na recupera ­ção da energia criadora que o ser original perdeu em tempos remotos. Contudo, o caminhoapenas pode ser percorrido sob determinadas condições. O candidato à iniciação devemostrar, nesse caminho, grande pureza de coração. Qualquer egocentrismo é inadmissí­vel, pois o eu é o resultado da fragmentação, da ilusória multiplicidade que foi gerada poruma vida separada do Espírito original. Por isso, é preciso que o buscador se questionesobre o que ele até agora acredita que é, pois provavelmente o verdadeiro eu, o serinterior, ainda está por ser descoberto.

Quando a consciência chega a esse reconhecimento, a chave vibratória do sistema hu­mano começa a mudar e volta-se receptivamente para o toque do Espírito original. Apartir desse momento, a consciência começa a reconhecer e a vislumbrar um poucodo verdadeiro sentido da vida, da verdadeira natureza espiritual do ser humano, estimu­lando-o para a ação. A�nal, estado de consciência é estado de vida! Quando o eu deixaespaço para o Outro» para o ser latente no coração, o átomo-centelha-do-espírito érestabelecida a ponte que une o tempo e a eternidade! Nesse devir, o autoconhecimentovai adquirindo progressivamente maior profundidade.

Em realidade, o reconhecimento de que somos portadores da centelha imortal nuncaserá uma mera crença, mas sim o resultado de múltiplas experiências e também de muitasdesilusões, de uma longa aprendizagem que deixa, �nalmente, a marca de uma certezaabsoluta.

Atenciosamente,Seus amigos do Trabalho Público do

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