Moisés

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Antigo Testamento DO EGIPTO À TERRA PROMETIDA 1

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Antigo Testamento

Antigo Testamento

DO EGIPTO À TERRA

PROMETIDA

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O Livro do Êxodo

– É o segundo livro da Bíblia

– Recebeu este título na sua versão grega

dos LXX.

– Êxodo significa “sair de”, “caminhar para

fora de”.

– É o prolongamento da narração do

Génesis, que termina com a permanência

dos filhos Jacob no Egito.

– Fala-nos de Deus a intervir na história do

seu povo.

– Essa intervenção é libertadora.

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O livro compõe-se de 3 grandes partes:

•a saída do Egipto (1-15),

•a travessia do deserto (16-18)

•a aliança do Sinai (19-40) – o motivo

em vista da qual se deu o êxodo – a

comunhão com Deus.

O êxodo não é um fim em si próprio, mas é

o motivo teológico para que aconteça a

verdadeira comunhão com Deus.

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– O Livro do Êxodo é central no

Pentateuco (o conjunto dos 5 primeiros

livros do AT).

– É nele que se encontram os temas mais

importantes da teologia do A T.

– Este êxodo é o primeiro e o modelo para

dois outros êxodos que a Bíblia nos

descreve:

• O regresso do povo do exílio para a sua

pátria. (descrito em termos que evocam o

primeiro êxodo)

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• O êxodo realizado por Jesus em

Jerusalém com a sua morte e ressurreição

• João descreve o caminho da Galileia a

Jerusalém como um êxodo – passagem

do pecado para a vida nova, da morte

para a vida;

• Lucas 9,31, chama êxodo ao momento

da transfiguração – Moisés é o Homem

do Êxodo.

No Livro do Êxodo a tenda era o símbolo

da Aliança no meio do povo. Agora o

símbolo da presença de Deus no meio de

nós é o próprio Jesus Cristo.

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Os egípcios não mencionam o êxodo, mas

ele deve ter sido um acontecimento

histórico, mas de menor dimensão do que

apresenta a narração.

O tom geral da narração é épico, tudo

decorre no clima do maravilhoso e do

prodigioso.

É uma epopeia religiosa, sobretudo até ao

cap. 18. Depois é uma longa teofania

descrita com todas as suas características

próprias, sobretudo as pragas e a da

passagem do Mar Vermelho.

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É um relato que tenciona exaltar as suas

personagens como heróis. Para isso

multiplica os obstáculos para que os heróis

da sua epopeia se notabilizem.

Também há uma grande teatralidade e não

há problema em a realizar.

Os prodígios de Moisés e Aarão pertencem

ao folclore egípcio e foram-lhes atribuídos

com a intenção teológica de que Deus

passe a ser visto como próximo das

pessoas.

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O cap. 2, que relata

as grandes

construções dos

faraós no Egito com

verdadeiros exércitos

de escravos.

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As 10 Pragas do Egipto

Nas pragas encontramos várias

contradições entre elas e dentro da mesma

praga.

As pragas aconteceram e acontecem ainda

hoje.

Podem ter acontecido no Egipto, em Israel

ou ambos os países.

Só não aconteciam tão juntas em tão pouco

tempo.

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Os escritores bíblicos conservavam a

memória do que os seus antepassados

tinham presenciado no Egipto.

Para darem um carácter grandioso ao acto,

associaram os fenómenos naturais a essa

saída, atribuindo-os à força de Deus para O

apresentar como o verdadeiro libertador do

povo oprimido.

Estes acontecimentos estão aqui reunidos,

de forma religiosa.

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É um texto de épica religiosa. É a fé a ver

Deus em acção a favor do seu povo.

As Pragas são fenómenos naturais aqui

reunidos para que a fé exprima a visão de

Deus como libertador.

A descrição está feita a partir da fé do autor

e dos seus semelhantes para iluminar a fé e

não se preocupando com o aspecto histórico

do facto.

A tradição juntou aqui 10 fenómenos para

dizer que Deus dobrou o opressor para

libertar os oprimidos.

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A Saída do Egipto

Nenhum documento egípcio refere a saída

do Egipto.

Não era importante nem glorioso para o

faraó e não deve ter sido nenhum

acontecimento de grande vulto para o

Egipto.

Não temos ao nosso dispor qualquer texto

bíblico escrito nesta época, porque não foi

feito. Mas temos acesso à memória que

Israel guardou do êxodo.

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É preciso ter em atenção o género literário.

Não são relatos do acontecimento, mas

narrações épicas, cantos de vitória.

Eles testemunham o modo como Israel

representa a intervenção maravilhosa de

Javé para libertar o seu povo – é uma

epopeia.

De novo o fogo, o fumo e a nuvem foram

utilizados para representar Deus.

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Quantos Hebreus saíram do Egipto?

Ex 12,37 e Nm 11,21 fazem menção de

600.000 homens.

Este número refere-se apenas aos homens

entre os 16 e os 50 anos. Deixa de fora todos

os outros, as mulheres e as crianças.

Contando com toda essa gente chegar-se-ia

a 2 ou 3 milhões.

Uma tal multidão levaria muito tempo a

atravessar o Mar Vermelho.

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Teria formado uma coluna compacta com

cerca de 150 km. Como poderia ter

subsistido no Sinai? Onde estava a água e a

comida?

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É importante estabelecer a diferença entre a

narração épica do Êxodo (escrita muitos

séculos depois) e a realidade histórica muito

mais humilde.

Podemos falar de um reduzido grupo de

Hebreus saindo com Moisés do Egipto (talvez

150 pessoas).

No máximo 2 a 3 mil fugitivos em várias

levas.

Talvez algum destacamento fronteiriço fosse

no seu encalço porque os escravos faziam

falta ao faraó como mão-de-obra.

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Tudo isto pretende concretizar o que estava

escrito no Génesis como promessa a Abraão

(mais do que as estrelas e do que as areias).

O cap. XIV do Êxodo é uma visão espiritual e

religiosa de um acontecimento humano – a

passagem da situação de escravidão para

uma situação de liberdade.

Terão passado muitas dificuldades – o

caminho, o deserto, a falta de comida, a

perseguição, etc.

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Esse acontecimento, cujos pormenores não

conhecemos, ao longo dos séculos e até à

data do narrador, foi sendo objecto de

meditação e considerado o acontecimento

fundador do povo.

Em todo o AT isso acontece e foi utilizado

para ensinar o povo a ler os acontecimentos

à luz da fé.

Não sabemos o que se passou

historicamente, mas o narrador contou o

desconhecido para salientar, à luz da fé, o

papel de Deus.

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Trata-se de uma interpretação religiosa de

um acontecimento fundador. A fé vê Deus

em acção.

Nesta narração Deus salva, mas mata os

outros. A fé ainda não era capaz de perceber

uma imagem mais perfeita de Deus.

É uma fase histórica da procura de Deus. Na

época Israel captava assim.

Só mais tarde, com a pessoa de Jesus, se

percebe que Deus só quer salvar

gratuitamente.

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Estes textos do livro de Josué e do

Deuteronómio pertencem a uma época de fé

imperfeita onde os narradores ainda não

conseguem expressar uma imagem mais

perfeita de Deus.

Israel sentia-se amado pelo seu Deus – Deus

nacional que protegia o próprio povo, mas

até castigava os outros povos.

Os outros povos também viam os seus

deuses do mesmo modo.

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A Lei e as leis

 A lei de Moisés não caiu do céu. Alguns

parágrafos do Código de Hamurabi (1750

a.C. – 5 séc. antes de Moisés) permitem

apreciar as semelhanças e as diferenças

com a legislação do Sinai.

Israel vem do Egipto.

Este velho país possui um direito e uma

legislação social. Conhecemo-lo através do

Livro dos Mortos.

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Alguns extractos do Livros dos Mortos:

Eu não blasfemei contra nenhum deus...

Eu não difamei um escravo junto do seu superior...

Eu não matei...

Eu não dei ordem para matar...

Eu não falseei o peso da balança...

Eu não roubei...

Eu não disse mentiras...

Eu não cometi o adultério...

Eu não fiz nenhum mal...

Eu não blasfemei contra o meu deus local...

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Estas declarações são semelhantes aos dez

mandamentos. Mas destinam-se a ser feitas

depois da morte.

No Êxodo são regras de vida a aplicar e

exprimem a libertação do povo. Começam

pela frase: «Eu sou Javé, teu Deus, que te fez

sair da terra do Egipto».

Os textos egípcios supõem a existência de

diferentes divindades. No Êxodo, a lei é a

expressão de Javé, o único Deus de Israel.

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As Tábuas da Lei

No terceiro mês após a partida do Egipto, os

israelitas chegaram ao Monte Sinai.

Moisés reuniu o povo e subiu à montanha,

onde Deus lhe entregou os Dez Mandamentos

escritos em tábuas de pedra.

Moisés subiu uma segunda vez ao Monte e

Deus ordenou-lhe que construísse a Arca da

Aliança com madeira de acácia e ouro.

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Esta Arca guardaria as

Tábuas da Lei e seria

mantida num

Tabernáculo – um

santuário sagrado que

os israelitas trans-

portariam consigo.

Moisés esteve

ausente

durante 40 dias e 40 noites e durante este

período o povo persuadiu Aarão a fazer um

ídolo que eles pudessem adorar.

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Aarão cumpriu o

que lhe foi pedido,

derreteu todas as

jóias e fabricou um

bezerro.

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Quando Moisés

desceu do monte e

viu o povo a dançar

diante do bezerro de

ouro, enfureceu-se e

atirou com as tábuas

partindo-as.

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A Arca da Aliança

A arca da aliança é um

relicário em madeira

transportado com a ajuda

de duas barras. É olhada

como sinal da presençade Javé e como uma garantia de vida para as

tribos.

Acompanhava o povo durante a sua

peregrinação no deserto e os seus combates

em Canaã. Dava-lhe a esperança da vitória.

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A arca esteve numa

primeira

fase guardada na tenda

da reunião, depois

nos santuários locais:

Guilgal, Siquém,

Betel e Silo.

David transferiu-a

com grande pompa para

a sua nova capital,

Jerusalém.

O Tabernáculo

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Sob Salomão, a arca encontra o seu lugar no

local mais

sagrado do templo construído, o Santo dos

Santos,

sob as asas

abertas

de dois

imensos

querubins.

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Quando o texto do Êxodo foi escrito, a arca já

tinha desaparecido aquando da destruição do

templo por Nabucodonosor em 587 a.C..

A descrição da arca também éuma

reconstrução graças às recordações e à

liturgia dos sacerdotes-autores.

A arca lembra a presença de Javé,

simultaneamente, localizado e invisível.

Só no Novo Testamento a presença de Deus

não está ligada nem limitada a um objecto

ou a um lugar.

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O Maná

O maná é um dos alimentos dos Hebreus no

deserto.

Segundo a Bíblia, assemelha-se aos grãos de

coriandro que cobrem a terra como o

orvalho. Sabem a mel.

Ainda hoje os beduínos amassam estes

grãos e utilizam-nos como açúcar. De onde

vêm? São produzidos por secreções de

insectos sobre as tamargas. As gotas

cristalizam-se em poucos dias e caem para o

chão.

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Para os Hebreus que andavam no deserto, e

para aqueles que escreveram a sua história,

o maná era um alimento enviado por Deus.

Era um dos sinais de que Javé não tinha

abandonado o seu povo saído do Egipto.

Outros alimentos foram as codornizes, a

água que provinha da rocha e da nuvem.

A reflexão posterior aumentará muito a

quantidade do maná que será visto como o

pão do céu. (Sl 105,40).

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A nuvem

As nuvens impressionaram sempre os povos

antigos. A sua altitude, inacessíveis aos

homens.

As suas cores e formas sempre variadas, as

suas deslocações imprevisíveis encantavam-

nos ou causavam-lhes medo.

Podiam trazer uma chuva benéfica, mas

podiam também conter tempestades

devastadoras.

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O livro do Êxodo utiliza, muitas vezes, a

imagem da nuvem:

• É nela que se manifesta a glória de Deus

(16,10; 19,9; 24,15-18).

• A nuvem aproxima-se do povo descendo

sobre a tenda da reunião (Ex 33,9-10).

• Conduz o povo rumo à liberdade (Ex 13,22;

14,19.24; 40,36-38).

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A imagem da nuvem é feliz. É

simultaneamente luz e opacidade.

Pode manifestar a presença de Deus e, ao

mesmo tempo, esconder o seu mistério.

Será, frequentemente, utilizada através dos

diversos livros bíblicos.

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Moisés

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O Nome – MOISÉS

A palavra Moisés, em

hebraico Moché, tem

a sua raiz numa

palavra egípcia que

significa dar à luz.

O texto bíblico

prefere dar uma

explicação popular do

nome de Moisés

através do verbo

hebraico mashá que

significa retirar.

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Moisés é aquele que foi retirado (salvo) das

águas.

Mas há paralelismos extrabíblicos à Lenda

do salvamento de Moisés.

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O salvamento de Moisés é uma indicação à

sua acção futura – ele é o primeiro a ser

salvo das águas e é chamado a salvar das

águas o seu povo perseguido pelos carros

egípcios.

A ordem dada às parteiras é contraditória –

o faraó queria mão-de-obra masculina e

musculada. Toda a descrição prepara a

origem de Moisés.

Começa aqui a epopeia – Moisés,

apresentado como o libertador, também é

apresentado como o necessitado de ser

libertado.  

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Moisés – a sua história

Entendendo o texto de acordo com a

História, encontramos contradições e

dificuldades sem resolução dessa forma.

As aparentes dificuldades têm solução

entendendo o género literário do texto – é

uma epopeia semelhante a outros textos

dos povos vizinhos da época.

São lendas do nascimento ou infância de

herói, tal como a lenda do nascimento de

Sargon de Acad, séc. 24 e 23 a.C..

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Nestas histórias só se conhece a origem

das personagens quando eles se tornam

importantes. Só quando isso acontece é

que os seus biógrafos vão à procura das

suas origens.

Com Moisés, séc. XIII a.C, isso deve ter sido

difícil e, por isso, inventaram a partir de

alguma coisa que era conhecida.

A mensagem que os autores queriam

passar era que o libertador dos

israelitas também precisou ser salvo

para dizer que o único salvador é

Deus.

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Como Moisés foi

sempre considerado

uma pessoa muito

importante, foram

muitas e variadas as

tradições que

escreveram sobre

Moisés. Temos, por

isso, uma figura de

Moisés muito

composta.

A cabeça de Moisés

San Pietro in Vincolli, Roma

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Vocação de Moisés

Todo o texto de Ex 2,23 até 4,18 (vocação

de Moisés) é uma teofania.

Já não se trata de uma lenda, mas de uma

introdução teológica com intenção de situar

o leitor.

No v. 25 – O verbo “conhecer” tem o

sentido vital de “tomar conhecimento da

ocorrência”, “dispor-se a actuar”.

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É uma teologia feita com base no direito

hebraico, segundo o qual quando

determinada pessoa era ofendida na sua

dignidade ou desonrada, um parente

próximo da vítima tinha o dever inalienável

de ir em socorro da vítima e de vingar a

justiça pisada.

Este parente próximo era o vingador

defensor ou libertador. O narrador usa essa

metáfora aplicando-a a Deus – o povo de

Israel é a vítima e Deus é o seu libertador e

vingador.

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Deus é muitas vezes designado com estes

nomes no Antigo Testamento.

Este Deus é o "Deus do Pai", mas agora vai

ser apresentado a revelar um seu nome a

Moisés.

O que se segue é uma teofania com os

ingredientes literários característicos das

teofanias.

A teofania auto-revelação de Deus – usa

dados históricos e geográficos, mas

acrescenta outros que fundamentados nas

tradições.

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Era habitual colocar Deus a falar aos homens

em locais elevados. Também Israel faz esse

tipo de teofanias:

V. 2 – O Anjo de Javé – apareceu sob a forma de uma chama de fogo;

V. 4 – Quando Javé viu Moisés.

Não se está a falar de duas realidades

diferentes. É o mesmo Deus. O Anjo de Javé é

o próprio Deus, mas em estado de

comunicação/revelação aos homens.

O Anjo de Javé ou de Deus é uma forma

literária para representar o próprio Deus em

contacto com os humanos.

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Também “Palavra de Deus”, “Nome de

Deus”, “O Espírito de Deus” é o

transcendente a tornar-se imanente, são

formas de falar de Deus em comunicação

com os homens.

Também o fogo é uma forma de falar de

Deus.

Da mesma forma não se sabe exactamente

qual é o local referido onde Deus se revelou.

Está “localizado” no Sinai, mas essa é mais

uma questão historicista.

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Ver a Deus é ver pela fé – o narrador põe Deus a intervir

na história do seu povo pela mediação de Moisés. Trata-

se de uma perspectiva intervencionista de Deus.

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As montanhas da Península do Sinai, das quais fará parte o Monte no qual, segundo a tradição, Deus falou a Moisés

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O Nome de Deus

A teofania põe Deus a revelar o nome de Javé a Moisés

– é a única explicação na Bíblia do nome de Javé – este

é um nome novo com o qual Deus queria ser invocado

daí em diante.

Javé – é aqui explicado a partir de uma raiz hebraica

que significa ser, estar, existir.

O povo de Israel depois da passagem pela península do

Sinai passou a dar um nome próprio ao seu Deus –

JAVÉ.

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O teólogo israelita quis explicar teologicamente o nome

Javé e fê-lo através de uma assonância (som que se

parece com outro).

Essa assonância foi encontrada colocando Deus a dizer

a Moisés “Eu serei aquele que serei”.

Mas como o narrador não deve ter querido pôr Deus a

exprimir-se no futuro, deve entender-se a expressão

como “Eu sou aquele que sou”.

Esta expressão queria indicar o ser de Deus em termos de ser e existir.

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Esta fórmula podia ser entendida como:

“Eu sou o existente para libertar o meu

povo”, ou

“Eu sou o existente em relação ao meu

povo”.

Isto é o que aparece de todo o contexto da

epifania.

É um “Deus com...”

e agora aparece como um “Deus para...”

(libertar o ser humano, é o Deus da Aliança

como será cantado no tempo dos profetas).

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É o Deus que salva por fidelidade à sua

Aliança, ao seu compromisso. É nessa

medida que Deus se diz justo.

Justiça aqui quer dizer fidelidade aos seus

próprios compromissos dentro da sua

Aliança com os humanos.

O nome (tetragrama = 4 letras) hebraico,

lido da direita para a esquerda, significa

“hwhy”, em português “yhwh”.

A partir do séc. IV a.C. os sábios masoretas

apuseram ao tetragrama as vogais de

’adonay (meu senhor)

porque deixaram de pronunciar

“yhwh”.

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Assim, sempre que aparecia a palavra

“yhwh” não a liam, mas liam ’adonay

surgindo a forma híbrida “yachowah”

(Jeová).

Não se sabe qual a etimologia original da

palavra “yhwh”. Sabe-se que os israelitas a

conheceram na passagem pelo Sinai e

deram-na ao seu Deus.

Devem tê-la ouvido a alguma tribo desta

zona. Alguns atribuem à tribo Madianita com

a qual Moisés entrou em contacto. Outros

atribuem aos Qanitas.

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Pode ter havido uma transferência do

nome de um deus local para o seu Deus.

Passou a ser o nome do Deus

verdadeiramente existente em oposição

aos outros não existentes.