(Moncarapacho, Olhão, Algarve) e os santuários subterrâneos, da

18
141 R E S U M O Dá-se a conhecer núcleo de cerâmicas, atribuídas à segunda metade do II milénio a.C. (Idade do Bronze Final), recolhido há mais de um quarto de século, na gruta da Ladroeira Grande. Aquela ocorrência é posta em paralelo com outras, também procedentes de cavida- des subterrâneas, que terão constituído santuários, ajudando a configurar realidade ainda mal conhecida. A B S T R A C T A group of pottery, recovered more than a quarter of a century ago, in the Ladroeira Grande’s cave, from the second half of the 2nd millenium BC (Late Bronze Age), is now presented. Those finds are set in parallel with others, also found in caves, which are interpreted as sanctuaries, helping to configure a badly known reality. 1. História do achado O pequeno conjunto de fragmentos de recipientes de cerâmica agora dado a conhecer foi recolhido na gruta denominada Ladroeira Grande, nos finais dos anos setenta da passada centú- ria, por elementos do então recém-formado Centro de Estudos Espeleológicos e Arqueológicos do Algarve, com sede em Moncarapacho. Daquela instituição, oficialmente fundada em Julho de 1978, fizeram parte o malogrado João Humberto A. Viegas, seu grande impulsionador, Fernando M. S. V. Amaro, Nelson D. Marques e Ana Paula Viegas, entre outros, tendo então sido exploradas diversas cavidades subterrâneas no Algarve, algumas das quais desconhecidas, e editada brochura policopiada intitulada “Medusa – Conjunto de cerâmicas da gruta da Ladroeira Grande (Moncarapacho, Olhão, Algarve) e os santuários subterrâneos, da Idade do Bronze Final, no Sul de Portugal MÁRIO VARELA GOMES * DAVID CALADO ** REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 10. número 1. 2007, p. 141-158

Transcript of (Moncarapacho, Olhão, Algarve) e os santuários subterrâneos, da

Page 1: (Moncarapacho, Olhão, Algarve) e os santuários subterrâneos, da

141

R E S U M O Dá-seaconhecernúcleodecerâmicas,atribuídasàsegundametadedoIImilénioa.C.

(IdadedoBronzeFinal),recolhidohámaisdeumquartodeséculo,nagrutadaLadroeira

Grande.Aquelaocorrênciaépostaemparalelocomoutras,tambémprocedentesdecavida-

dessubterrâneas,queterãoconstituídosantuários,ajudandoaconfigurarrealidadeainda

malconhecida.

A B S T R A C T Agroupofpottery,recoveredmorethanaquarterofacenturyago, inthe

LadroeiraGrande’scave,fromthesecondhalfofthe2ndmilleniumBC(LateBronzeAge),is

now presented. Those finds are set in parallel with others, also found in caves, which are

interpretedassanctuaries,helpingtoconfigureabadlyknownreality.

1. História do achado

Opequenoconjuntode fragmentosde recipientesdecerâmicaagoradadoaconhecer foirecolhidonagrutadenominadaLadroeiraGrande,nosfinaisdosanossetentadapassadacentú-ria,porelementosdoentãorecém-formadoCentrodeEstudosEspeleológicoseArqueológicosdoAlgarve,comsedeemMoncarapacho.

Daquelainstituição,oficialmentefundadaemJulhode1978,fizeramparteomalogradoJoãoHumbertoA.Viegas,seugrandeimpulsionador,FernandoM.S.V.Amaro,NelsonD.MarqueseAnaPaulaViegas,entreoutros,tendoentãosidoexploradasdiversascavidadessubterrâneasnoAlgarve,algumasdasquaisdesconhecidas,eeditadabrochurapolicopiadaintitulada“Medusa–

Conjunto de cerâmicas da gruta da Ladroeira Grande (Moncarapacho, Olhão, Algarve) e os santuários subterrâneos, da Idade do Bronze Final, no Sul de Portugal MáRIOVARELAGOMES*

DAVIDCALADO**

REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 10. número 1. 2007, p. 141-158

Page 2: (Moncarapacho, Olhão, Algarve) e os santuários subterrâneos, da

Mário Varela Gomes | David Calado Conjunto de cerâmicas da gruta da Ladroeira Grande (Moncarapacho, Olhão, Algarve) e os santuários subterrâneos, da Idade do Bronze Final, no Sul de Portugal

REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 10. número 1. 2007, p. 141-158142

BoletimEspeleo-Arqueológico”,dequejulgamostersaídoapenasoprimeironúmero,comdatadeAgostode1979.

DadoquenapublicaçãoreferidanãoseencontraqualquerreferênciaàLadroeiraGrande,ouaoseuespólio,ostrabalhosalidesenvolvidosdevemseralgoulterioresàediçãodaquela.

Em1985,oGrupodeEspeleologiadoCírculoCulturaldoAlgarve,hojeextinto,elaborouolevantamentoesquemático,agoraapresentado,daLadroeiraGrande,aquemagradecemosasuacedência.

Alémdoacervoqueadianteestudaremos,fomosinformados,peloDr.FernandoAmaro,dequenomesmo local sedescobriramrestososteológicoshumanos (dentesepartedemaxilar) efragmentosdeplacadexisto.Aliás,fragmentodecoradodeumdetaisartefactos,foi-nosmostrado,pelonossosaudosoAmigoDr.JoséFernandesMascarenhas,aquemaquiprestamoshomenagem,nãosópelasuaactividadeemproldaArqueologiaedadefesadoPatrimónioCultural,mascomocidadão,dedicadoàscausassociais.

ComodesmembramentodoCEEAAeamorteprematuradeJoãoHumbertoViegas,partedaspeçasrecolhidasnaLadroeiraGrandedispersaram-se.Olotedecerâmicas,agoradadoaconhe-cer, foi facultado para estudo a um de nós (D.C.) pelo Dr. José Fernandes Mascarenhas, que oguardavanasinstalaçõesdaSantaCasadaMisericórdiadeMoncarapacho,instituiçãodaqualfoi,durantelongosanos,provedor.

2. Localização e ambiente natural

AgrutadaLadroeiraGrandesitua-sepertodocimodoCerrodaCabeçaoudeMoncarapa-cho, 2,5 km a norte daquela povoação, mostrando abertura em pequeno vale da sua vertentenascente(Fig.1).

Aquele localpertenceàfreguesiadeMoncarapacho,concelhodeOlhãoedistritodeFaro.AssuascoordenadasgeodésicasGauss,aproximadas,são:X315165(segundoaCarta Militar de Portugal,folhan.º607,Moncarapacho,SCEP,1980).AscoordenadasUTMapresentaram06.08.5E/41.08.5N.

OCerrodaCabeçaatinge249mdealtitude,daliseabrangendovastapanorâmicaenvolvente,alcançandoparasulasplaníciescosteiraseomar,quedistaapenas8km.Parapoenteobserva-se,acercade4km,oaltivocerrodeSãoMiguelouMonteFigoe,paranorte,estende-seoBarrocal,atéaosacidentados terrenosdavertentemeridionaldaserradoCaldeirão,enquantoanascenteseavistamascampinaseolitoral,recortadopelasilhasecanaisdaRiaFormosa.

NabasedasvertentesesteeoestedoCerrodaCabeça,corremlinhasdeáguasubsidiáriasdoribeirodoTronco,queconfluinodeltadaFuzeta.A1km,anorte,serpenteiaoribeirodasOndas,actuallimitedeconcelhodeOlhão,desaguandonaribeiradaLagoa,afluentedamargemdireitadorioSéqua,queencontraooceanojuntoaTavira.

OsubstratorochosodazonadoCerrodaCabeçaéconstituídoporcalcáriosdoJurássicoSuperior,bio-calciclásticos,bio-construídosemargosos,emgeralcompactosedecorcinzentaarosada,atribuídosaoKimeridgiano-PortlandianoA.Tambémaliexistemafloramentosdaimpro-priamentedenominada“brechadeTavira”,calcáriobio-construído,ricoemoncólitoscoloridos,usadocomorochaornamental(Manuppella,Ramalho,AntunesePais,1987a,p.19,41,1987b,p.14,25).

Page 3: (Moncarapacho, Olhão, Algarve) e os santuários subterrâneos, da

Conjunto de cerâmicas da gruta da Ladroeira Grande (Moncarapacho, Olhão, Algarve) e os santuários subterrâneos, da Idade do Bronze Final, no Sul de Portugal

Mário Varela Gomes | David Calado

REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 10. número 1. 2007, p. 141-158 143

Fig. 1 LocalizaçãodagrutadaLadroeiraGrande(Moncarapacho,Olhão)(segundoaCMP, n.º507,Moncarapacho,SCEP,1980).

Page 4: (Moncarapacho, Olhão, Algarve) e os santuários subterrâneos, da

Mário Varela Gomes | David Calado Conjunto de cerâmicas da gruta da Ladroeira Grande (Moncarapacho, Olhão, Algarve) e os santuários subterrâneos, da Idade do Bronze Final, no Sul de Portugal

REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 10. número 1. 2007, p. 141-158144

3. A gruta

A Ladroeira Grande integra o desenvolvido complexo cársico do Cerro da Cabeça, de quefazem parte numerosas cavidades subterrâneas, nomeadamente a Ladroeira Pequena, AbismoVelho,AbismoNovo,Coluna,Garrafão,AlgarMedusaePechinha,entreoutras(GomeseGomes,1988,p.85-87;MachadoeMachado,1948,p.455).

Foi Charles Bonnet (1850, p. 40) quem primeiramente registou a presença da LadroeiraGrande,“Au sommet du Monte Carapaxo, (…)”,comoentãoescreveu,embora lhenãoconferissea

3. A gruta

A Ladroeira Grande integra o desenvolvido complexo cársico do Cerro da Cabeça, de quefazem parte numerosas cavidades subterrâneas, nomeadamente a Ladroeira Pequena, AbismoVelho,AbismoNovo,Coluna,Garrafão,AlgarMedusaePechinha,entreoutras(GomeseGomes,1988,p.85-87;MachadoeMachado,1948,p.455).

Foi Charles Bonnet (1850, p. 40) quem primeiramente registou a presença da LadroeiraGrande,“Au sommet du Monte Carapaxo, (…)”,comoentãoescreveu,embora lhenãoconferissea

Fig. 2 PlanodaLadroeiraGrande(seg.GrupodeEspeleologiadoCírculodoAlgarve,1985).

Page 5: (Moncarapacho, Olhão, Algarve) e os santuários subterrâneos, da

Conjunto de cerâmicas da gruta da Ladroeira Grande (Moncarapacho, Olhão, Algarve) e os santuários subterrâneos, da Idade do Bronze Final, no Sul de Portugal

Mário Varela Gomes | David Calado

REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 10. número 1. 2007, p. 141-158 145

importânciaquedeuaoutrasgrutas,comooPoçodosMouros(CerrodaPena)ouaIgrejinhadosSoidos(Alte).TambémEstáciodaVeiga(1886,p.84,85,1887,p.391,1891,p.106),haveriadededicardiversasreferênciasàquelagruta, semque, todavia,alidescobrisseoutivessenotíciadetestemunhosdapresençahumanaantiga.Omesmoarqueólogorefereaexistênciadesepulturas,dotipocista,nasredondezas,bemcomooachadodeartefactosdepedrapolida,dispersospelosterrenosmaispróximos.

Diversosautoresulterioresmaisnãotêmfeitoquerepetirosdadoscoligidos,sobreagrutadaLadroeiraGrande,poraquelepioneirodaarqueologiaportuguesa.

Acavidadesubterrâneaquetemosvindoareferir,rebaptizadaGrutadeAfrodite,conformelhechamouoGECCA,temasuaentradanaencostavoltadaparanascente,dazonanordestedoCerro da Cabeça, situada a aproximadamente 190 m de altura e, portanto, não longe do topodaquelaelevação.Oacessoaointeriorfaz-seatravésdepequenopoço,quedápassagemacurtagaleriadescendente,orientadanosentidonorte-sulequeabreparasala.Estaofereceplantacomformaovalada,medindo8mdecomprimentomáximoecercade4mdelarguramédia.Foinazonacentraldestasalaqueserecolheu,àsuperfíciedosolo,masemcondiçõesquedesconhece-mos,oespólioarqueológicoagoraestudado(Fig.2).

Noladosuldasaladesenvolve-setroçodelongagaleria,descendente,com10mdecompri-mento,mostrandoinflexãoparasudestenoterçofinal.Otroçoterminalmudadedirecção,diri-gindo-separanoroesteemede4m.

Trata-se,pois,degrutacompequenasdimensões,abertanoscalcáriospelaságuas,aolongodosmilénios,cujoacessoéfácileondepenetraalgumaluminosidadesolar.

Asuaformaaproxima-sedeoutraspequenascavidadessubterrâneas,tambémescavadasnoscalcárioseutilizadaspelohomempré-histórico,daspenínsulasdeLisboaeSetúbal.

4. Espólio

Aspeçaschegadasaténósequepermitemcaracterização,formale/oufuncional,sãoasquesedescrevememseguida(Fig.3).

• Taça carenada (LD.GR.1).1 Fragmento correspondendo a cerca de 1/4 do volume do reci-piente.Oferececorpocomformahemisférica,algoachatada,bordointrovertidoelábiodesecçãosemicircular.Naligaçãodobordocomocorpoobserva-secarena,altaeacusada.Foifabricadacompastanãomuitohomogéneanemcompacta,contendoelementosnãoplásti-cos,quartzosos,micáceosefeldspáticos,degrãomédioagrosseiro2.Tantoonúcleocomoambassuperfíciesdasparedesapresentamcorcinzentaescura(2.5YR3/0)3.Estasforambemalisadasebrunidas,conservandoainda,emalgumaszonas,aspectobrilhante.Media0,185mdediâmetronobordo,0,076mdealturaeaespessuramédiadasparedeséde0,008m.

• Vaso(LD.GR.2).Fragmentocorrespondendoaporçãodobordo.Esteeralargo,extrovertido,emabaefazendoângulode30o.Olábioofereciasecçãosemicircular.Foifabricadocompastapoucohomogénea,mascompacta,contendoelementosnãoplásticos,quartzosos,micáceosefeldspáticos,degrãomédioe,alguns,degrãogrosseiro.Tantoonúcleocomoambassuper-fíciesdasparedesapresentammanchas,decorcastanhaescura(2.5YR4/6)acinzentaescura(2.5YR3/0),devidasavariaçõesnoambientedecozedura.Assuperfíciesencontram-seespa-tuladas.Media0,200mdediâmetronobordoeaespessuramédiadasparedeséde0,006m.

Page 6: (Moncarapacho, Olhão, Algarve) e os santuários subterrâneos, da

Mário Varela Gomes | David Calado Conjunto de cerâmicas da gruta da Ladroeira Grande (Moncarapacho, Olhão, Algarve) e os santuários subterrâneos, da Idade do Bronze Final, no Sul de Portugal

REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 10. número 1. 2007, p. 141-158146

Fig. 3 EspóliodaLadroeiraGrande(des.J.Gonçalves).

Page 7: (Moncarapacho, Olhão, Algarve) e os santuários subterrâneos, da

Conjunto de cerâmicas da gruta da Ladroeira Grande (Moncarapacho, Olhão, Algarve) e os santuários subterrâneos, da Idade do Bronze Final, no Sul de Portugal

Mário Varela Gomes | David Calado

REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 10. número 1. 2007, p. 141-158 147

• Vaso(LD.GR.3).Fragmentocorrespondendoaporçãodobordo,extrovertido,fazendoângulode60o,possuindolábioligeiramenteespessadoedesecçãosemicircular.Foifabricadocompasta pouco homogénea, mas compacta, contendo elementos não plásticos, quartzosos,micáceos e feldspáticos, de grão médio a grosseiro. O núcleo das paredes apresenta corcinzentaescura (10R3/1)eambassuperfíciesoferecemcorvermelha (10R4/6),contendomanchasdecorcastanhaacinzentada(10R4/2),devidasaalteraçõesnoambientedecoze-dura.Asuperfícieinternafoimuitobemalisadaeaexternaespatulada.Media0,220mdediâmetronobordoeaespessuramédiadasparedeséde0,010m.

• Vaso(LD.GR.4).Fragmentocorrespondendoaporçãodobordoedocorpo.Esteteriaformasubcilíndrica. O lábio era plano. Foi fabricado com pasta pouco homogénea e não muitocompacta,contendoelementosnãoplásticos,quartzosos,micáceose feldspáticos,degrãomédio a grosseiro. Tanto o núcleo como a superfície interna das paredes oferecem corcinzenta-escura(2.5YR3/0),enquantoasuperfícieexternapossuicorcastanha(2.5YR4/6),devidoaoarrefecimentoseterprocessadoemambienteoxidante.Ambassuperfíciesforambemalisadas.Media0,280mdediâmetronobordoeaespessuramédiadasparedeséde0,009m.

• Vaso esférico (LD.GR.5). Fragmento correspondendo a porção do bordo, introvertido emostrando lábio plano. Foi fabricado com pasta pouco homogénea e pouco compacta,contendo elementos não plásticos, quartzosos, micáceos e feldspáticos, de grão grosseiro.Onúcleodasparedesoferececorcinzentaescura(2.5YR3/0),asuperfícieinternaapresentacoralaranjada(2.5YR5/6)eaexternacorcastanha(2.5YR3/6).Ambasforambemalisadaseaexteriorencontra-seespatulada.Media0,150mdediâmetronobordoeaespessuramédiadasparedeséde0,008m.

• Vaso(LD.GR.6).Fragmentocorrespondendoaporçãodocorpoedofundo.Esteeraligeira-mente convexo. Foi fabricado com pasta muito pouco homogénea e pouco compacta,contendo elementos não plásticos, quartzosos, micáceos e feldspáticos, de grão grosseiro.Tantoonúcleocomoasuperfícieinternadasparedesoferecemcorcinzenta-escura(2.5YR3/0),enquantoasuperfícieexternamostracorcastanha(2.5YR3/4),talcomomanchasdecorcinzentaanegra(2.5YR3/0).Ambassuperfíciesforambemalisadas,encontrando-seainternaespatulada.Mede0,165mdediâmetronofundoeaespessuramédiadasparedeséde0,012m.

• Vaso(LD.GR.7).Fragmentocorrespondendoaporçãodaparededocorpoeaelementodepreensão,detipomamilar.Esteapresentaformasubcilíndricaeestáencurvadoparacima.Foifabricadocompastapoucohomogéneaepoucocompacta,contendoabundanteselemen-tosnãoplásticos,quartzosos,micáceose feldspáticos,degrãomédioagrosseiro.Tantoonúcleocomoambassuperfíciesdasparedesoferecemcorcastanhaalaranjada(2.5YR4/8)eencontram-semuitobemalisadas.Aespessuramédiadasparedeséde0,009m.

• Vaso(LD.GR.3).Fragmentocorrespondendoaporçãodobordo,extrovertido,fazendoângulode60o,possuindolábioligeiramenteespessadoedesecçãosemicircular.Foifabricadocompasta pouco homogénea, mas compacta, contendo elementos não plásticos, quartzosos,micáceos e feldspáticos, de grão médio a grosseiro. O núcleo das paredes apresenta corcinzentaescura (10R3/1)eambassuperfíciesoferecemcorvermelha (10R4/6),contendomanchasdecorcastanhaacinzentada(10R4/2),devidasaalteraçõesnoambientedecoze-dura.Asuperfícieinternafoimuitobemalisadaeaexternaespatulada.Media0,220mdediâmetronobordoeaespessuramédiadasparedeséde0,010m.

• Vaso(LD.GR.4).Fragmentocorrespondendoaporçãodobordoedocorpo.Esteteriaformasubcilíndrica. O lábio era plano. Foi fabricado com pasta pouco homogénea e não muitocompacta,contendoelementosnãoplásticos,quartzosos,micáceose feldspáticos,degrãomédio a grosseiro. Tanto o núcleo como a superfície interna das paredes oferecem corcinzenta-escura(2.5YR3/0),enquantoasuperfícieexternapossuicorcastanha(2.5YR4/6),devidoaoarrefecimentoseterprocessadoemambienteoxidante.Ambassuperfíciesforambemalisadas.Media0,280mdediâmetronobordoeaespessuramédiadasparedeséde0,009m.

• Vaso esférico (LD.GR.5). Fragmento correspondendo a porção do bordo, introvertido emostrando lábio plano. Foi fabricado com pasta pouco homogénea e pouco compacta,contendo elementos não plásticos, quartzosos, micáceos e feldspáticos, de grão grosseiro.Onúcleodasparedesoferececorcinzentaescura(2.5YR3/0),asuperfícieinternaapresentacoralaranjada(2.5YR5/6)eaexternacorcastanha(2.5YR3/6).Ambasforambemalisadaseaexteriorencontra-seespatulada.Media0,150mdediâmetronobordoeaespessuramédiadasparedeséde0,008m.

• Vaso(LD.GR.6).Fragmentocorrespondendoaporçãodocorpoedofundo.Esteeraligeira-mente convexo. Foi fabricado com pasta muito pouco homogénea e pouco compacta,contendo elementos não plásticos, quartzosos, micáceos e feldspáticos, de grão grosseiro.Tantoonúcleocomoasuperfícieinternadasparedesoferecemcorcinzenta-escura(2.5YR3/0),enquantoasuperfícieexternamostracorcastanha(2.5YR3/4),talcomomanchasdecorcinzentaanegra(2.5YR3/0).Ambassuperfíciesforambemalisadas,encontrando-seainternaespatulada.Mede0,165mdediâmetronofundoeaespessuramédiadasparedeséde0,012m.

• Vaso(LD.GR.7).Fragmentocorrespondendoaporçãodaparededocorpoeaelementodepreensão,detipomamilar.Esteapresentaformasubcilíndricaeestáencurvadoparacima.Foifabricadocompastapoucohomogéneaepoucocompacta,contendoabundanteselemen-tosnãoplásticos,quartzosos,micáceose feldspáticos,degrãomédioagrosseiro.Tantoonúcleocomoambassuperfíciesdasparedesoferecemcorcastanhaalaranjada(2.5YR4/8)eencontram-semuitobemalisadas.Aespessuramédiadasparedeséde0,009m.

Page 8: (Moncarapacho, Olhão, Algarve) e os santuários subterrâneos, da

Mário Varela Gomes | David Calado Conjunto de cerâmicas da gruta da Ladroeira Grande (Moncarapacho, Olhão, Algarve) e os santuários subterrâneos, da Idade do Bronze Final, no Sul de Portugal

REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 10. número 1. 2007, p. 141-158148

5. Cronologia e integração cultural

Asformaseotratamentodassuperfícies,talcomoosambientesdecozeduraearrefecimento,permitemaatribuiçãodoacervodescritoàsegundametadedoIImilénioa.C.(IdadedoBronzeFinal).

Aquelesprimeirosatributosencontram-semelhorrepresentadosatravésdataçapossuindocarenaaltaedovasomostrandobordoemaba,aspectosmuitocaracterísticosdoperíodomencio-nado.Publicámosfragmentosdevasosqueteriamformasemelhanteaodaqueleúltimo,proceden-tesdagrutadeIbnAmar(Lagoa),oferecendoomesmotipodebordo,emboramenosdesenvolvido(Gomes,CardosoeAlves,1995,p.40,fig.12)(Fig.4).Tambémofragmentodevasopossuindobordoextrovertido(LD.GR.3),apesardemaisrobusto,permiteparaleloscompeçadagrutadeIbnAmar(Fig.4).

Ofragmentocomfortemamiloencurvado,recordaelementosdepreensãopertencentesagrandes vasos exumados no acampamento de Pontes de Marchil (Faro). Dispomos de dataçãoabsolutaparaestearqueossítio,atravésdeanálisede14C,queindicoucronologiademeadosdasegundametadedoIImilénioa.C.(ICEN648:1261AC),ouseja,compatívelcomoperíododeno-minado,paraoSuldePortugal,IdadedoBronzeFinalI(SilvaeGomes,1992,p.122-125).

Restosdevasos,comocorpodeformasubcilíndrica,providosdeespessosmamilos,abaixodobordo,foramencontradosnasgrutasdoPoçoVelho(Cascais),ondetambémsurgiramtaçascarenadasepequenorecipientecombordoextrovertido,atribuídosàcronologiaacimaassinalada(Carreira,1990-1992,p.234,235).

Outrofragmentodevaso,commamilosituadoabaixodobordo,foiexumadononível(C11),doCastelodeAlcácerdoSal,correspondenteàIdadedoBronzeFinal.

Aqueleacompanhavataçacomcarenaameiaaltura,providadefundoconvexo,mostrandoas superfíciesbrunidasemedindo0,115mdediâmetro,bemcomofragmentosdevasosaltos,subcilíndricos,combordosligeiramenteextrovertidoselábiosplanos,semelhantesaosdaLadro-eiraGrande(Silva,Soares,Beirão,Dias,Coelho-Soares,1980-81,p.170,171).

Taçascomcarenaaltaegrandesvasoscombordoverticalouligeiramentefechado,associadosaoutrosdecoloestranguladoebordoextrovertido,talcomoarecipientesprovidosdemamilos,amaioriacozidosemambienteredutoresemelhantesaosdaLadroeiraGrande,provêmdopovoadofortificado,daIdadedoBronzeFinal,daCoroadoFrade(Évora)(Arnaud,1979,p.76-79).

OvasocomfundoplanodaLadroeiraGrande,integraaatribuiçãoquetemosvindoaconfe-riraoconjuntodefragmentosdaquelacavidadesubterrânea,nãosópelotipodepastae trata-mentodassuperfíciesqueapresenta,comopelofactodeatéaoIIImilénioa.C. (Calcolítico)osrecipientesdegrandesdimensõespossuírem,emgeral,fundoconvexo.

Osegundoatributodisponível,capazdenosindicaracronologiadascerâmicasagoradadasa conhecer é, conforme mencionámos, o tratamento das superfícies. Observámos superfíciessempre bem alisadas, em alguns casos espatuladas (LD.GR.3, L.D.GR.5, L.D.GR.6) e, em outroexemplar,brunidas(LD.GR.1),característicasdasproduçõesdosiníciosdaProto-História.

Ascoresdassuperfíciesdosrecipientes,cujosfragmentoschegaramaténós,sugeremprefe-rência pelos tons escuros, de castanhos e cinzentos, obtidos através de cozedura em ambienteredutor.

Aquelecromatismo,aliadoaoefeitoespatuladoouaobrunidodassuperfícies,confereaosrecipientesaparênciametálica,talveztentandoreproduzir,emcerâmica,protótiposdebronzeoumetais preciosos, então existentes no Mediterrâneo Oriental (Buchholz e Karageorghis, 1973,p.340,343,345).

Page 9: (Moncarapacho, Olhão, Algarve) e os santuários subterrâneos, da

Conjunto de cerâmicas da gruta da Ladroeira Grande (Moncarapacho, Olhão, Algarve) e os santuários subterrâneos, da Idade do Bronze Final, no Sul de Portugal

Mário Varela Gomes | David Calado

REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 10. número 1. 2007, p. 141-158 149

OsaspectosindicadospermitemdatarascerâmicasdaLadroeiraGrande,easactividadesqueelasdenunciam,noúltimoquarteldoIImilénioa.C.(ca 1200-1000a.C.),correspondendoàIdadedoBronzeFinalI.

Fig. 4 Cerâmicasdagruta-santuáriodeIbnAmar(Lagoa)(segundoM.V.Gomes).

Page 10: (Moncarapacho, Olhão, Algarve) e os santuários subterrâneos, da

Mário Varela Gomes | David Calado Conjunto de cerâmicas da gruta da Ladroeira Grande (Moncarapacho, Olhão, Algarve) e os santuários subterrâneos, da Idade do Bronze Final, no Sul de Portugal

REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 10. número 1. 2007, p. 141-158150

6. Santuários subterrâneos

GrutasdoMaciçoCalcárioEstremenho,dasPenínsulasdeLisboaeSetúbal,comodoAlgarve,têmproporcionadoespóliosdaIdadedoBronzeFinal.Estes,pornãoseencontraremassociadosarestosantropológicos,inviabilizamqueosclassifiquemoscomofunerários,emboratambémnãopermitam que os consideremos como testemunhos de actividades quotidianas decorrentes dahabitaçãodetaisespaços.Defacto,nãorarosurgemnaquelescontextoscerâmicasdealtaquali-dade,produzidascompastasbemdepuradas,deparedesfinas,comformaselaboradaseelegantes,mostrando superfícies espatuladas ou cuidadosamente brunidas, algumas destas até exibindodiferentecromatismo,constituindocomplexasdecoraçõesdecaráctergeométrico.Estascerâmi-castantoeramproduzidaslocalouregionalmente,comopodemtersidoimportadas.

Julgamosqueaquelesacervos,ondenãoraroseassociamoutrosmateriais,designadamenteartefactos metálicos, tiveram função votiva, tendo sido ritualmente depositados nos espaçossubterrâneos,emalgunscasosjuntodeocorrênciasdeáguaoudemananciais,noquadrodeacti-vidadessócio-religiosas.Estasestariamconotadascomacrençanapresença,emtaislugares,deespíritosoudedivindadesdecarácteraquáticoe/ouctónico.

Osespaçossubterrâneos,ondeoshomensprocuravamocontactocomotranscendenteeasforçasdafertilidade,capazesdeoriginaremedemanteremavida,oudereproduziremacultura,tornando-severdadeiras grutas-santuário, continuaram longa tradição que remonta, pelo menos, ao PaleolíticoMédio,quandoalisedesenvolveramosprimeirosenterramentoseoutraspráticasdecarácterritual.

ImportasobrelevarqueosfinaisdoIImilénioa.C.(IdadedoBronzeFinal),noactualterritó-rionacional,correspondematempoondeseobservagrandepolimorfismodasformasdeculto,surgindonumerosostiposdesantuáriosrupestres,comooslocalizadosemgrutas,emabrigosouaoarlivre,ondenestesdoisúltimos,pinturase,sobretudo,gravuras,constituemosderradeirostestemunhosdemanifestaçõesreligiosas,apardeoutrosjuntoapenedos,nascenteselinhasdeáguaonde,nãoraro,seconstituíramdepósitosvotivos.

Praticar-se-iam,então,cultosàsforçasdanaturezaouingénitas,apardosprestadosaosante-passadose,nomeadamente,aosconsideradosheróis-civilizadores,queconhecemosrepresentadosemestelasfunerárias,ondeforamheroicizados,sendoconotadoscomdeusesameaçadoresesola-res,talvezdeorigempróximo-oriental(Gomes,1990;SilvaeGomes,1992,p.118-122).

AparentementeaLadroeiraGrandecorrespondeagruta-santuáriodealtura,enquanto,porexemplo,agrutadeIbnAmarteráenformadooutrodaqueleslocaissagrados,ondeexistiulago,situando-sejuntoàságuasdorioArade,queainvadiamciclicamente.

OsartefactosexumadosnaquelagrutadoBarlaventoAlgarvio,atribuíveisàIdadedoBronzeFinal,sãoabundantes,contandocompequenataçadecarenabaixaeacusada,grandestaças,talvezcarenadas,vasoscomcorposubcilíndricoebordoextrovertido,umdelesmostrandoparedesespa-tuladas,etaçacujointerioroferecedecoraçãobrunida,decorescura,formadaporgrandecírculoradiadonointerior,possivelmentecomcaráctersoliforme(Gomes,CardosoeAlves,1995,p.38,40,fig.12)(Fig.4).

Nãolonge,nosítiodasFontesGrandes, juntodenascentesqueabastecemlinhadeáguasubsidiáriadorioArade,descobriram-se,noséculoXIX,duaslâminasdemachadosplanos,decobre/bronze,comlargogumearqueado,quepoderãodenunciardeposiçãoritual,integradaemcultosrelacionadoscomaquelemanancial(Veiga,1891,p.270;Gomes,CardosoeAlves,1995,p.34,fig.7).

Outrosparesdearmasdebronzeparecemter tidoamesmafinalidade, comoosparesdeespadasencontradosnosarredoresdeÉvoraeemSafara(Moura),formandoconjuntosvotivos,

Page 11: (Moncarapacho, Olhão, Algarve) e os santuários subterrâneos, da

Conjunto de cerâmicas da gruta da Ladroeira Grande (Moncarapacho, Olhão, Algarve) e os santuários subterrâneos, da Idade do Bronze Final, no Sul de Portugal

Mário Varela Gomes | David Calado

REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 10. número 1. 2007, p. 141-158 151

comparalelonopardeespadasfiguradonarocha53doCachãodoAlgarve,noValedoTejo.Estestestemunhosilustramdeposiçõesdecarácterritual,conotadascomasforçasctónicas,devendocolocar-seemparalelocomcrençasecomportamentosresponsáveispelasmuitasarmaseoutrosobjectoslançadosàságuasdefontes,lagoserios,durantepráticasmágico-religiosasocorridasnaEuropaCentraleemtodaasuaFachadaAtlântica,sobretudoduranteosfinaisdoIImilénioa.C.(IdadedoBronzeFinal)(MeijideCameselle,1988,p.79-87;Gomes,2001,p.80,81,fig.13).

NaPenínsuladeSetúbal,emzonasobranceiraaomarenãolongedoCaboEspichel,localiza--seagrutaconhecidaporLapadoFumo,ondeE.daCunhaSerrão(1958,1959,1970)exumourestosde,pelomenos,vintevasosdecerâmicabrunida,comornatoscoloridos(Fig.5).

Fig. 5 CerâmicasdaLapadoFumo(Sesimbra)(segundoSerrão,1959,est.IVeCardoso,1996).

Page 12: (Moncarapacho, Olhão, Algarve) e os santuários subterrâneos, da

Mário Varela Gomes | David Calado Conjunto de cerâmicas da gruta da Ladroeira Grande (Moncarapacho, Olhão, Algarve) e os santuários subterrâneos, da Idade do Bronze Final, no Sul de Portugal

REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 10. número 1. 2007, p. 141-158152

Aqueleespólioapresentavacaracterísticasentão inéditasnaProto-Históriapeninsular,easuapresençanacavidadesubterrâneanãoencontraoutraexplicaçãosenãoadeterconstituídodeposiçõesouoferendasvotivasede,portanto,estarmosperantemaisumagruta-santuário,daIdadedoBronzeFinal.ApesardaconvicçãodeCunhaSerrão(1959,p.345)dealiterhavidoenterramentosatribuídosaosmeadosdoIImilénioa.C.(IdadedoBronzeMédio),àscerâmicasdaIdadedoBronzeFinalnãoseassociavamrestososteológicoshumanos,pelomenosdemodoestruturado.Eomesmoautor,cujaspreocupaçõesmetodológicassãobemconhecidas,éperemptórioaoafirmar“(…)alguns vasos que pare-cem não ter sido depositados na gruta em resultado de um ritual funerário, são de fabrico demasiadamente esmerado para que os possamos considerar de carácter meramente utilitário,(…)”e,maisadiante,“Ainda não pude averiguar com segurança o motivo da sua presença, mas ocorre-me que poderia muito bem ser por razões de ritual religioso, se em certas épocas, a Lapa do Fumo foi tida na conta de gruta sagrada onde se iriam fazer oferendas e talvez sacrifícios”,passandoadarexemplosdefamosasgrutas-santuáriocretenses(Serrão,1959,p.347).

AexcelentequalidadedascerâmicasbrunidasdaLapadoFumo,assuasformascompósitaseelegantes,assimcomoobarroquismodecorativo,indicampertenceremàIdadedoBronzeFinalII,períodoquetambémdenominámos,horizonteRoçadoCasaldoMeio-ErvidelII(SilvaeGomes,1992,p.123-125).

Todavia,énaPenínsuladeLisboaquetemsidodetectadomaiornúmerodegrutascontendomateriais da Idade do Bronze Final, designadamente cerâmicas, podendo, grande parte delas,corresponderasantuáriossubterrâneos.

NoconcelhodeOeiras,agrutadaPontedaLaje,evidencioutestemunhosqueascendem,pelomenos,aoPaleolíticoSuperiore,também,restosdegrandesrecipientesdecerâmica,daIdadedoBronzeFinal.

Aquelescontentoresconduziramaqueacavidadesubterrâneafosseinterpretadacomolocalparaarmazenamentodeprovisões(CardosoeCarreira,1996,p.349),aspectoquetemosdificuldadeemaceitar,dadoopanoramafuncionalrelacionadocomafrequênciahumanadasgrutasduranteaIdadedoBronzeFinal.Contudo,setalaconteceu,deveráserencaradocomofenómenodeexcepção.

NasgrutasdoPoçoVelho,emCascais,ondeencontrámosparalelosparaoespóliodaLadro-eira,exumaram-setaçascarenadaserecipientesmaiores,daIdadedoBronzeFinal,conformeante-riormentereferimos(Carreira,1990-1992).

Localizadamaisanortequeasduascavidadessubterrâneasanteriormentemencionadas,agrutadoCorreio-Mor,noconcelhodeLoures,entregouigualmentefragmentosderecipientesdecerâmicadaIdadedoBronzeFinal.

São menos conhecidos os materiais do Fojo dos Morcegos, na Assafora (Sintra), pequenagrutaondeseencontraramcerâmicascomornatosbrunidos(Marques,1971,p.147;MarqueseAndrade,1974,p.135).

TambémagrutadoCabeçodoCastelo,naMaceira(Vimeiro,TorresVedras),ofereceucerâmi-cascomdecoraçãoincisaebrunida,talcomofragmentosdecapacetedebronze,espólioqueguardao Museu do Instituto Geológico e Mineiro, supostamente correspondendo a restos de antigasdeposiçõesrituais(ZbyszewskieViana,1949,p.121,est.I).

Naquelemesmoconcelho,agrutaconhecidaporCovadaMouraguardava,entreartefactoscomdiferentescronologias,conjuntodetaçascarenadas,machadoepontadeflecha,daIdadedoBronzeFinal(Spindler,1981,ests.23,32)(Fig.6,A-C).

NoconcelhodeRioMaior,oabrigodasBocasentregoudiversosartefactosdebronze,entreosquais,pontaecontodelança,talcomofragmentosdetaçascarenadas, lisasedecoradas,detaçashemisféricasedepotes,datáveisnasegundametadedoIImilénioa.C.(Carreira,1994,ests.XXII-XXXV,XXXIX,XL)(Fig.6,D-G).

Page 13: (Moncarapacho, Olhão, Algarve) e os santuários subterrâneos, da

Conjunto de cerâmicas da gruta da Ladroeira Grande (Moncarapacho, Olhão, Algarve) e os santuários subterrâneos, da Idade do Bronze Final, no Sul de Portugal

Mário Varela Gomes | David Calado

REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 10. número 1. 2007, p. 141-158 153

Fig. 6 CerâmicasdaCovadaMoura(TorresVedras)(A-C)(seg.Spindler,1981,est.32)edoAbrigoGrandedasBocas(RioMaior)(D-G)(segundoCarreira,1994,p.122).

Page 14: (Moncarapacho, Olhão, Algarve) e os santuários subterrâneos, da

Mário Varela Gomes | David Calado Conjunto de cerâmicas da gruta da Ladroeira Grande (Moncarapacho, Olhão, Algarve) e os santuários subterrâneos, da Idade do Bronze Final, no Sul de Portugal

REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 10. número 1. 2007, p. 141-158154

Certamenteque investigaçãomaisaprofundadarevelaráoutrasgrutascontendomateriaisarqueológicosdaIdadedoBronzeFinal,constituindopossíveisdeposiçõesdecarácterritual.Noentanto,osrelatoseadocumentaçãopublicadasobreascondiçõesdejazidadetaisacervosestão,quasesempre,ausentese,nasrarasvezesemqueexistem,tornam-seinconclusivos.Constituemexcepçãooacervodacerâmicas,sumptuáriasoudeprestígio,daLapadoFumoeasinformaçõesagoradisponíveissobreaLadroeiraGrande,ondenostransmitiramofactodaquelasseencontra-remàsuperfícieeaocentrodaúnicasaladoespaçosubterrâneo.

PodemosacrescentarquetalvezascerâmicasdaLadroeiraGrande,dadasassuascaracterísti-cas e nomeadamente a ausência de decoração, tenham sido produzidas tendo em vista outrasfunções,quenãoasreligiosas,talvezligadasàvertenteeconómica,sendousadasnasactividadesquotidianas.Contudo,emdeterminadomomentoforamtransformadasouconvertidasemoferen-dasouex-votos,oufizerampartedaqueles, integrando-senomundosócio-religioso,enassuaspráticasrituais,comocontentoresdeoferendas.Apresençaderecipientespartidos,ouapenasdealguns dos seus fragmentos, poderá corresponder a reflexos de gestos rituais, em particular ànecessidadedeconfirmar-sedeliberadamenteaimpossibilidadedasuareutilização,ouseja,dasuaprofanação,depoisdousosagrado.Noentanto,nãoesqueçamosqueaquelesobjectosforamdepo-sitados/usadoshámaisdetrêsmiléniostendo,desdeentãoeatéaosnossosdias,sofridoimpactosdecariznaturale/ouantrópico,porvezesdifíceis,ouatéimpossíveis,dedeterminar.

7. Conclusões

Asgrutas,lugaresescuros,silenciosos,emgeralhúmidosecorrespondendoaespaçoslimita-dos,contendoformaçõesgeológicaspeculiares,foramconsideradas,duranteaPréeaProto-Histó-ria,locaissagradosedeculto,capazesdeconduziremaointeriordaterra,aolugarderesidênciadasforçasdaNatureza,ondeexistiamosmistériosdonascimentoedamorte,dagénesededeuseseheróismas,também,daligaçãocomotranscendenteeoconhecimentosuperior.

OssantuáriosemgrutasforammuitodifundidosemtodooMediterrâneo,duranteoIIeImiléniosa.C.,talvezsendoomaisbemconhecidodaqueleslugaresdecultoagrutadomonteIda,emCreta,ondeseveneravaZeuseseencontraramescudos,algunsvotivosedecerâmica,outrasarmas,talcomováriosobjectos,entreosquaisrecipientesdecerâmica,(Frothingham,1888).

AlémdagrutadomonteIdaedenumerosospequenossantuáriossubterrâneosexistentesnaquelailha,forammuitofamosasgrutascomoadedicadaaZeus(Akraios),naTessália,asituadanaacrópoledeAtenaseconsagradaaApolo,aGrutadePan,naplaníciedeMaratona,aquelaondeexerciaoseumisteraPitonisa,emDelfos,adeHermesemPatsosouadeKatoAkrotiri,emAmor-gos(Rutkowski,1986,p.47-71,200,201,210;Jones,1999).

Aoaspectomisteriosodasgrutasassociavam-seascaracterísticasquefazemdelasoopostodosespaçosabertose,facilmentereconhecíveis,nelasexistindo,porvezes,mananciaisondebrota-vamáguascompropriedadesmedicinais,outidascomomilagrosas.Elasforam,porexcelência,lugaresdecultoeespaçosdeiniciação,comacessorestrito,ondeseencenaramrituaisdepassa-gem,emergulhavanasprofundezasdaterraouaténaságuasprimordiais,quiçámesmonoventreda grande deusa-mãe, mas onde também se conheciam alguns dos segredos ali guardados,voltando-seaoexteriorrenascidoecomnovoestatuto.Seráqueadestruição/mortefísicadearte-factosvotivos,nomeadamentedecerâmicas,constituiumetáforadaquelapráticasocial?

T.Moneo(2003,p.301),naesteiradeoutrosautores,relacionouostestemunhosdeactividadessócio-religiosas, encontrados no interior de certas cavidades subterrâneas, com rituais iniciáticos

Page 15: (Moncarapacho, Olhão, Algarve) e os santuários subterrâneos, da

Conjunto de cerâmicas da gruta da Ladroeira Grande (Moncarapacho, Olhão, Algarve) e os santuários subterrâneos, da Idade do Bronze Final, no Sul de Portugal

Mário Varela Gomes | David Calado

REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 10. número 1. 2007, p. 141-158 155

própriosdasfratriasdejovensguerreirospertencentesaomundoindo-europeu.Apresençadeáguaimportavaàpassagemparaoalémouàcomunicaçãocomotranscendente,encontrando-seaqueleelementoconotadocomdivindadesfemininaseguerreiras(González-Alcalde,1993,2002-2003).

Talcomotambémaconteceunossantuáriossubterrâneosgregos,designadamentecretenses,amaiorpartedostestemunhosarqueológicoschegadosaténós,consisteemcerâmicascomuns,usadasnoquotidianodoméstico,àmesaounoarmazenamento,eapenaspequenapercentagemcorresponde a recipientes propositadamente produzidos tendo em vista a sua utilização emcontextosagrado(Rutkowski,1986,p.67).Épossívelquerecipientesdemenoresdimensões,comoas taças, tenhamservidopara libações.Todavia,os recipientesdegrandesdimensõespoderiamcontercereais,oferecidosàsdivindades,talveznoâmbitodepráticasreligiosasrelacionadascomaproduçãoagrícola.Podemos,aindanomesmoquadroreligioso,colocarahipótesedetaisrecipien-testeremcomofinalidadeguardaralimentosconsumidosemrefeiçõesrituais,porvezesdenuncia-dasporleitosdecinzas,oudestinarem-seàobtençãodebebidasfermentadas,produzidasapartirdecereais,oudefrutos.Estasseriamingeridasnoâmbitodasactividadessócio-religiosasdesenvol-vidasnagruta,aspectoparaoqualdispomosdeabundantesparalelosetnográficoscontemporâ-neos.Outrosprodutosseriamembaladosemvasosdecerâmicaeoferecidosàsdivindadesqueseacreditavaexistirem,ourevelarem-se,nosespaçossubterrâneos.Recordemos,porexemplo,que,conforme inscrição de Creta, durante o período Minóico, a cidade de Cnossos enviava, ciclica-mente,recipientesrepletosdemelparagrutaexistenteemAmnisos,ondeseprestavacultoàdeusactónicaEileithyia(Rutkowski,1986,p.64).

Asoferendaseramcolocadasjuntodeestalactites,emfissuras,porvezesseriamlançadasemfendase,maisraramente,dispostasemaltares,pavimentosourecintos,artificialmenteconstruí-dos.Depositaram-seex-votosjuntodeocorrênciasdeáguaounaszonasmaisprofundaseinaces-síveisdasgrutas,ondetalvezsetenhamprocessadolibaçõesàsdivindadesquesecriaalihabita-rem.RecordemosqueJ.AparicioPérez(1976,1997)reconheceuapresençadedepósitosvotivos,dosséculosVI-IIa.C.,juntodezonasdequeda,depassagemouderetençãodeágua,numatrintenadegrutas-santuáriodaRegiãoValenciana,deCastellóndelaPlanaaAlicante.

Asprimeirassociedadesprodutorasdealimentosterãoconsideradoasgrutascomoespaçosdecultoligadosadivindadesfemininas,possivelmenteàgrandedeusa-mãe,talvezrepresentadaatravésdecolunasestalagmíticas,enquantonaIdadedoBronzeFinalsurgiuumnovoconceitodedivindade ctónica, mais dinâmica e masculina (smiting god), sendo acompanhada por deusa--consorte,cujosespaçossagradossesituavamnãosóemgrutas,maspreferencialmenteemlocaisaltos.Deveentender-sequenemtodososarqueossítiosondesedetectamtestemunhosdemanifes-taçõesreligiosas,daIdadedoBronzeFinal,corresponderiamalocaisdecultodedicadosàmesmadivindade.

Importa, em trabalhos futuros, tentar resolver muitas das incertezas agora apresentadas,relacionar a existência das grutas-santuário do Sul de Portugal (Fig. 7), com os povoados seuscontemporâneos e as estratégias de povoamento de então, para conseguirmos perceber de quemodoaquelassegmentariamoespaço,ouatéohierarquizariam,tendoemcontaasuasignifica-tivaimportânciasócio-religiosa.NãoesqueçamosqueassociedadesdosfinaisdoIImilénioa.C.(IdadedoBronzeFinal),doSudoestePeninsular,heroicizavamosseuslíderespolítico-militares,atribuindo-lhesatributosprópriosdosdeuses-ameaçadores,aparentementecomorigenspróximo-orientais,queseacreditavaseremcapazesdeestimularasforçasctónicaseavida,cujocultosepraticariaemabrigosegrutas,mastambémaoarlivreeemnecrópoles.

Alémdereconhecermosaunicidadedaestruturasocialdascomunidadeshumanas(Gode-lier,1978),tambémaceitamosarelaçãoentreomododeproduçãodominanteeaformadeculto

Page 16: (Moncarapacho, Olhão, Algarve) e os santuários subterrâneos, da

Mário Varela Gomes | David Calado Conjunto de cerâmicas da gruta da Ladroeira Grande (Moncarapacho, Olhão, Algarve) e os santuários subterrâneos, da Idade do Bronze Final, no Sul de Portugal

REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 10. número 1. 2007, p. 141-158156

dominante,ouseja,entreaestruturasócio-económicaeotipodereligiãopraticada(Wallace,1966;Brøgger,1977).Nestesentido,aformadecultodominantedevereflectiraestruturasocialonde,emúltimaanálise,opapeldaeconomiaédeterminante(Godelier,1978).Assim,nassociedadespré-burocráticasoupré-estatais,comoseriamasdosfinaisdoIImilénioa.C.,noSuldePortugal,quemdetinhaareproduçãodacultura,muitopossivelmenteelitesguerreiraseteocráticas,domi-navaasociedade(GomeseMonteiro,1976-1977,p.328-330;SilvaeGomes,1992,p.113,122;Gomes,1990).Locaissagradosedeculto,comoagrutadaLadroeiraGrande,constituíam,então,centrosdepoderligadosaosmecanismosestruturantesdasociedade,decontroleideológicoe,emúltimaanálise,decoerção.

Fig. 7 Grutas-santuário,daIdadedoBronzeFinal,doSuldePortugal.1-LadroeiraGrande(Olhão);2-IbnAmar(Lagoa);3-LapadoFumo(Sesimbra);4-PontedaLaje(Oeiras);5-PoçoVelho(Cascais);6-Correio-Mor(Loures);7-FojodosMorcegos(Sintra);8-CabeçodoCastelo(TorresVedras);9-CovadaMoura(TorresVedras);10-AbrigodasBocas(RioMaior)(aslocali-zaçõessãoaproximadas).

Page 17: (Moncarapacho, Olhão, Algarve) e os santuários subterrâneos, da

Conjunto de cerâmicas da gruta da Ladroeira Grande (Moncarapacho, Olhão, Algarve) e os santuários subterrâneos, da Idade do Bronze Final, no Sul de Portugal

Mário Varela Gomes | David Calado

REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 10. número 1. 2007, p. 141-158 157

NOTAS

* AcademiaPortuguesadaHistóriaeAcademiaNacional 1 Oscódigos,comquemarcámoscadapeçaarqueológica,referem deBelas-Artes.DocentedoDepartamentodeHistóriadaFaculdade onomedagrutaLD.GRenúmerodeordemconvencionado. deCiênciasSociaiseHumanasdaU.N.L. 2 Classificámosose.n.p.comodegrãofinoquandomostram Av.deBerna,26C–1069-061Lisboa. diâmetrosinferioresa0,5mm,degrãomédioquandoaqueles** TécnicoSuperiordoInstitutoPortuguêsdoPatrimónio medementre0,5mme1,0mm,edegrãogrosseiroosque Arquitectónico apresentamdimensõessuperioresàquelas. RuaFranciscoHorta,9,2.º–8001-906Faro 3 Osíndicescromáticosreferem-seàsMunsell Soil Color Charts(1975)e, porisso,devementender-secomoaproximados.

BIBLIOGRAFIA

APARICIOPÉREZ,J.(1976)-ElcultoencuevasenlaRegiónValenciana.Revista de la Universidad Complutense.Madrid.25,p.9-30.

APARICIOPÉREZ,J.(1997)-Elcultoencuevasylareligiosidadprotohistórica.Quaderns de Prehistòria i Arqueologia de Castelló.CastellódelaPlana.

18,p.345-358

ARNAUD,J.M.(1979)-CorôadoFrade.FortificaçãodoBronzeFinaldosarredoresdeÉvora:escavaçõesde1971/1972.Madrider Mitteilungen.

Heidelberg.20,p.56-100.

BRØGGER,J.(1977)-Socio-economicstructuresandtheformofreligion.Themenos.Turku.13,p.7-30.

BONNET,C.(1850)-Mémoire sur le Royaume de l’Algarve.Lisboa:AcademiadasCiênciasdeLisboa.

BUCHHOLZ,H.-G.;KARAGEORGHIS,V.(1973)-Prehistoric Greece and Cyprus. London:PhaidonPress.

CARDOSO,J.L.(1996)-OBronzeFinaldaBaixaEstremaduraeascerâmicasdoornatosbrunidosdaLapadoFumo(Sesimbra).Sesimbra Cultural.

Sesimbra.5,p.6-14.

CARDOSO,J.L.;CARREIRA,J.R.(1996)-MateriaiscerâmicosdaIdadedoBronzedagrutadaPontedaLaje(Oeiras).Estudos Arqueológicos de

Oeiras.Oeiras.6,p.341-350.

CARREIRA,J.R.(1990-1992)-AsocupaçõesdasIdadesdoBronzeedoFerrodasGrutasdoPoçoVelho(Cascais).O Arqueólogo Português. Lisboa.

SérieIV.8-10,p.229-245.

CARREIRA,J.R.(1994)-APré-HistóriaRecentedoAbrigoGrandedasBocas(RioMaior).Trabalhos de Arqueologia da EAM.Lisboa.2,p.47-144.

FROTHINGHAM,A.L.(1888)-EarlybronzesrecentlydiscoveredonMountIdainKrete.American Journal of Archaeology.Boston,MA.4,

p.431-449.

GODELIER,M.(1978)-Infraestructures,societiesandhistory.Current Anthropology.Chicago,IL.19,p.763-771.

GOMES,M.V.(1990)-OOrientenoOcidente.TestemunhosiconográficosnaProto-HistóriadoSuldePortugal:smiting godsoudeuses

ameaçadores.Estudos Orientais.Lisboa.1,p.53-106.

GOMES,M.V.(2001)-ArterupestredoValedoTejo(Portugal).Antropomorfos(estilos,comportamentos,cronologiaseinterpretações).

InSemiótica del Arte Prehistórico.Valencia:DiputaciónProvincial,p.53-88.

GOMES,M.V.;CARDOSO,J.L.;ALVES,F.J.S.(1995)-Levantamento arqueológico do Algarve - Concelho de Lagoa.Lagoa:CâmaraMunicipal.

GOMES,M.V.;GOMES,R.V.(1988)-Levantamento arqueológico-bibliográfico do Algarve.Faro:DelegaçãoRegionaldoSuldaSecretariadeEstado

daCultura.

GOMES,M.V.;MONTEIRO,J.P.(1976-1977)-AsestelasdecoradasdaHerdadedoPomar(Ervidel,Beja):estudocomparado.Setúbal Arqueológica.

Setúbal.2-3,p.281-343.

GONZáLEZ-ALCALDE,J.(1993)-Lascuevas-santuarioibéricasenelPaísValenciano:unensayodeinterpretación.Verdolay.Murcia.5,p.67-78.

GONZáLEZ-ALCALDE,J.(2002-2003)-Cuevas-refugioycuevas-santuarioenCastellónyValencia:espaciosderesguardoyentornosiniciáticos

enelmundoibérico.Quaderns de Prehistòria i Arqueologia de Castelló.CastellódelaPlana.23,p.187-240.

JONES,D.W.(1999)-Peak Sanctuaries and Sacred Caves in Minoan Crete. A Comparison of Artifacts.Jonsered:PaulÅströmsFörlag.

MACHADO,A.deB.;MACHADO,B.deB.(1948)-InventáriodascavernascalcáriasdePortugal.Publicações do Instituto de Zoologia do Porto

“Dr. A. Nobre”.Porto.36,p.444-473.

MANUPPELLA,G.;RAMALHO,M.;ANTUNES,M.T.;PAIS,J.(1987a)-Notícia explicativa da Folha 53-A, Faro.Lisboa:ServiçosGeológicos

dePortugal.

MANUPPELLA,G.;RAMALHO,M.;ANTUNES,M.T.;PAIS,J.(1987b)-Notícia explicativa da Folha 53-B, Tavira.Lisboa:ServiçosGeológicos

dePortugal.

Page 18: (Moncarapacho, Olhão, Algarve) e os santuários subterrâneos, da

Mário Varela Gomes | David Calado Conjunto de cerâmicas da gruta da Ladroeira Grande (Moncarapacho, Olhão, Algarve) e os santuários subterrâneos, da Idade do Bronze Final, no Sul de Portugal

REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 10. número 1. 2007, p. 141-158158

MARQUES,G.(1971)-FojodosMorcegos-Assafora(Sintra).InActas do II Congresso Nacional de Arqueologia.Coimbra:MinistériodaEducação

Nacional.Vol.I.,p.143-150.

MARQUES,G.;ANDRADE,G.M.de(1974)-AspectosdaProto-HistóriadoterritórioportuguêsI-Definiçãoedistribuiçãogeográficada

CulturadeAlpiarça(IdadedoFerro).InActas do III Congresso Nacional de Arqueologia.Porto:MinistériodaEducaçãoNacional,p.125-148.

MEIJIDECAMESELLE,G.(1988)-Las espadas del Bronce Final en la Península Ibérica.SantiagodeCompostela:Arqueohistorica.

MONEO,T.(2003)-Religio Iberica. Santuarios, ritos y divindades (siglos VII-I a.C.).Madrid:RealAcademiadelaHistoria.

PAÇO,A.do;VAULTIER,M.(1943)-AgrutadePorto-Covo.InCongresso Luso-Espanhol para o Progresso das Ciências.Lisboa,p.118-129.

RUTKOWSKI,B.(1986)-The cult places of the Aegean.NewHaven:YaleUniversityPress.

SERRÃO,E.daC.(1958)-Cerâmicaproto-históricadaLapadoFumo(Sesimbra),comornatoscoloridosebrunidos.Zephyrus.Salamanca.9,

p.177-186.

SERRÃO,E.daC.(1959)-CerâmicacomornatosacoresdaLapadoFumo(Sesimbra).InActas e Memórias do I Congresso Nacional de Arqueologia.

Lisboa:InstitutodeAltaCultura.Vol.I,p.337-359.

SERRÃO,E.daC.(1970)-Ascerâmicasde“reticulabruñida”dasestaçõesarqueológicasespanholasecom“ornatosbrunidos”daLapadoFumo.

InActas das I Jornadas Arqueológicas.Lisboa:AssociaçãodosArqueólogosPortugueses.Vol.II,p.271-307.

SILVA,A.C.F.da;GOMES,M.V.(1992)-Proto-História de Portugal.Lisboa:UniversidadeAberta.

SILVA,C.T.da;SOARES,J.;BEIRÃO,C.M.deM.;DIAS,L.F;COELHO-SOARES,A.(1980-1981)-EscavaçõesarqueológicasnoCastelo

deAlcácerdoSal(campanhade1979).Setúbal Arqueológica.Setúbal.6-7,p.149-218.

SPINDLER,K.(1981)-Cova da Moura: die Besiedlung des atlantischen Küstengebiets Mittelportugals vom Neolithikum bis an das Ende der Bronzezeit

(MadriderBeiträge;7).Mainz:PhilippvonZabern.

VEIGA,S.P.M.E.da(1886)-Antiguidades Monumentaes do Algarve - Tempos Prehistoricos.Vol.I.Lisboa:ImprensaNacional.

VEIGA,S.P.M.E.da(1887)-Antiguidades Monumentaes do Algarve - Tempos Prehistoricos.Vol.II.Lisboa:ImprensaNacional.

VEIGA,S.P.M.E.da(1891)-Antiguidades Monumentaes do Algarve - Tempos Prehistoricos.Vol.IV.Lisboa:ImprensaNacional.

WALLACE,A.(1966)-Religion: an anthropological view.NewYork,NY:RandomHouse.

ZBYSZEWSKI,G.;VIANA,A.(1949)-GrutasdeMaceira(Vimeiro).Trabalhos de Antropologia e Etnologia.Porto.12,p.114-125.