Monografia - A Imanência Do Deus Aparentemente Distante - Wilson Juarez - Final - 14-12-10

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO.........................................................6 PARTE I - EXEGESE EM ROMANOS 1.18-23...............................8 1. ANÁLISE EXEGÉTICA..............................................9 1.1. A origem do Grego Koiné.................................................................................... 10 1.2. Fonética – aspectos sonoros das palavras:....................................................... 11 1.3. Recorte textual:..................................................................................................... 12 1.4. Inserção Contextual:............................................................................................ 13 1.5. Investigação Textual............................................................................................ 15 1.6. Cânon.................................................................................................................... 17 1.7. Análise Morfológica, Sintática e Semântica:.................................................... 17 1.8. Captação da essência da mensagem de Romanos 1:18-23............................ 21 PARTE II – A IMANÊNCIA DO DEUS APARENTEMENTE DISTANTE................................ 24 CAPÍTULO 1 A INVISIBILIDADE DE UM DEUS AO ALCANSE DE TODOS.......................25 1.1. Cristo – A imagem real do Deus invisível........................................................... 40 CAPÍTULO 2 IMANÊNCIA E TRANSCENDÊNCIA: DEBATE HISTÓRICO........................... 50 1.2. O paradoxo de Barth e Tillich na Teologia........................................................ 51 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................. 62 BIBLIOGRAFIA.................................................................................................................. 65

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Captulo 2 Um Deus alm da nossa capacidade de imaginar

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SUMRIO

INTRODUO6PARTE I - EXEGESE EM ROMANOS 1.18-2381.ANLISE EXEGTICA.91.1.A origem do Grego Koin.101.2.Fontica aspectos sonoros das palavras:111.3.Recorte textual:121.4.Insero Contextual:131.5.Investigao Textual151.6.Cnon171.7.Anlise Morfolgica, Sinttica e Semntica:171.8.Captao da essncia da mensagem de Romanos 1:18-23.21PARTE II A IMANNCIA DO DEUS APARENTEMENTE DISTANTE24CAPTULO 1 A INVISIBILIDADE DE UM DEUS AO ALCANSE DE TODOS251.1.Cristo A imagem real do Deus invisvel.40CAPTULO 2 IMANNCIA E TRANSCENDNCIA: DEBATE HISTRICO501.2.O paradoxo de Barth e Tillich na Teologia51CONSIDERAES FINAIS62BIBLIOGRAFIA65

INTRODUO

Num tempo em que tantos debates acontecem entre a religio e a cincia, ainda h muitas dvidas entre as pessoas no que diz respeito crena ou no em Deus. Muitos problemas de compreenso, em parte, vm dos prprios cristos, at bem intencionados, porm mal orientados que querem que a Bblia declare algo que ela realmente no est dizendo. Por outro lado, o excesso de idias e pensamentos filosficos acerca de Deus acaba trazendo mais escurido ao invs de luz. Muitos querem que o racionalismo explique a existncia de Deus. Infelizmente isso no possvel j que Deus compreendido apenas por aqueles que desejam crer sem a necessidade da viso fsica. A cincia tem o hbito de fazer declaraes que vo alm dos fatos. Sua interpretao filosfica no tem o mesmo peso da autoridade Bblica. Quando um cientista fala da inexistncia de Deus, por exemplo, geralmente a sua idia cai nos ouvidos desprovidos do conhecimento bblico e interpretada como verdadeira. A prpria teoria da evoluo, to difundida em nossas escolas, aceita por muitas pessoas por no haver nestas mesmas escolas a oportunidade de debate contrrio. At por isso a criana cresce entendendo que somos produtos oriundos do macaco. evidente que para a cincia o criacionismo est fora de cogitao, mas se atentarmos para a Palavra de Deus, a Bblia Sagrada, que mesmo sendo questionada pelo racionalismo, veremos que Deus criou cada animal conforme a sua espcie (Gn 1:21-25). Vejamos: E Deus criou as grandes baleias, e todo o rptil de alma vivente que as guas abundantemente produziram conforme as suas espcies; e toda a ave de asas conforme a sua espcie. E viu Deus que era bom. E Deus os abenoou, dizendo: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei as guas nos mares; e as aves se multipliquem na terra. E foi a tarde e a manh o dia quinto. E disse Deus: Produza a terra alma vivente conforme a sua espcie; gado e rpteis, e bestas-feras da terra conforme a sua espcie. E assim foi. E fez Deus as bestas-feras da terra conforme a sua espcie, e o gado conforme a sua espcie, e todo o rptil da terra conforme a sua espcie. E viu Deus que era bom. Hoje, grande parte da humanidade est perturbada. Cada vez mais nosso ambiente contaminado por pensamentos obscuros acerca de Deus. Este ensaio a tentativa de dar luz s nossas mentes. Baseado na produo exegtica de Romanos Captulo 1:18-23, vamos visualizar as mais variadas formas de abordagem ao assunto para podermos tirar nossas prprias concluses sobre o Deus que se faz presente, mesmo parecendo distante para alguns. O maior intuito deste ensaio, portanto, o de proporcionar aos leitores uma viso panormica do Deus Bblico que para muitos parece estar distante ou mesmo inexistente. A contraposio entre f e razo o ponto de partida para alcanarmos subsdios para o entendimento acerca do Deus aparentemente distante. H um universo de pessoas sem respostas neste mundo. Um mundo que, a cada dia, tem se mostrado mais liberal e ctico quanto crena em Deus. O fato que o mundo precisa de respostas. A imanncia de Deus entre ns precisa ser mais bem apresentada para que as respostas sejam extradas de forma satisfatria. De nada adianta apenas falarmos de Deus com o nosso vocabulrio rebuscado de palavras que denotam nossa escolha religiosa. Precisamos apresentar esse Deus Transcendente pela sua natureza santa e Imanente pelo seu amor incondicional pela humanidade. Para podermos apresentar esse Deus, h a necessidade de conhecermos um pouco do que o mundo penso acerca Dele. Assim, esperamos que ao falar um pouco sobre a sua existncia venha trazer luz s mentes. sim um Deus aparentemente distante, mas que nos acompanha nos mnimos detalhes de nossas vidas. Num tempo em que muitas vezes o evangelho pregado de forma errnea, precisamos da orientao divina para que a Palavra da Verdade alcance o maior nmero de pessoas possvel. O verdadeiro evangelho que cura, santifica e salva. Ao tomarmos conhecimento em Romanos, captulo 1, de que todos sero indesculpveis diante do Senhor, temos que tomar providncias enrgicas para que o Deus Bblico seja mais difundido no mundo. H uma responsabilidade sobre cada um de ns. Precisamos mostrar que o Deus Transcendente est mais imanente do que pensamos. O mundo tem sede, e ns, que cremos em Deus, temos a gua para saci-la Jesus Cristo, a Imanncia mais real do Deus Transcendente.

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PARTE I - EXEGESE EM ROMANOS 1.18-23_____________________________________________

1. ANLISE EXEGTICA.

Romanos 1:18 VApokalu,ptetai ga.r ovrgh. qeou/ avpV ouvranou/ evpi. pa/san avse,beian kai. avdiki,an avnqrw,pwn tw/n th.n avlh,qeian evn avdiki,a| kateco,ntwn(

Romanos 1:19 dio,ti to. gnwsto.n tou/ qeou/ fanero,n evstin evn auvtoi/j\ o` ga.r qeo.j auvtoi/j evfane,rwsen

Romanos 1:20 Ta. ga.r avo,rata auvtou/ avpo. kti,sewj ko,smou toi/j poih,masin noou,mena kaqora/tai( h[ te avi. Acessado em 05 Out de 2010.]

So dois exemplos que podemos observar que nos causam certo desconforto, sobretudo em ns que colocamos em Deus toda a nossa confiana. Mas existem milhares de outros exemplos ecoando neste mundo, refutando Deus como autor, criador e mantenedor do universo.Fazendo observaes em vrias fontes como a bblia e a prpria histria da humanidade, que caminham lado a lado, encontramos muitas evidncias e vestgios das aes divinas atravs das eras. obvio que nem toda a humanidade deixou de crer em Deus, isso um fato que no pode ficar despercebido. Mas no podemos fazer vista grossa quando uma parcela significativa tenta ignorar a existncia divina, principalmente porque as catstrofes que acontecem no mundo se traduzem em argumentos para aqueles que querem criticar de alguma forma. Para estes, toda catstrofe humana seria impedida se realmente existisse um Ser divino que cuidasse da sua criao. H, por outro lado, muitas vises equivocadas acerca de Deus. Pudemos verificar essa questo observando o contexto histrico-teolgico atravs desses dois milnios. So vises nem sempre favorveis ao cristianismo, mas, que de certo modo, vem contribuir para o nosso crescimento pessoal, pois nos faz meditar e ampliar a viso acerca do assunto. Alguns exemplos so necessrios para que o entendimento possa ser clarificado. Vejamos: a viso pantesta que, ao contrrio de conhecermos a Deus pelas suas obras, faz a afirmao categrica de que tudo Deus. Um comentrio acerca do objeto em questo:As rvores so parte de Deus, as montanhas so parte de Deus, os lagos, os rios e os oceanos so parte de Deus. Naturalmente, ns somos uma parte de Deus tambm; portanto ningum pode pecar ou ficar separado dele, nem precisa de salvao. Deus se torna simplesmente a soma total inofensiva e amoral de todos os elementos naturais. Isso heresia. (Evans, 1999, p.142).Nota-se fortemente que uma viso distorcida. O pantesmo v Deus em tudo, inclusive no prprio homem. Embora sejamos a imagem perfeita de Deus, como atesta a bblia num texto potico de Gnesis 1:27 que diz: Criou Deus, pois, o homem sua imagem, imagem de Deus o criou: homem e mulher os criou, isso no significa que sejamos o prprio Deus na terra. Portanto, bastante hertico[footnoteRef:9] esse pensamento, pois nos coloca na mesma altura daquele que nos criou. No podemos encontrar Deus nem na natureza, nem na histria, nem na experincia humana de qualquer espcie, mas somente na revelao especial, que chega at ns na Bblia (Berkof, 1990, p. 22). [9: Heresia (do latim haersis, por sua vez do grego , "escolha" ou "opo") a doutrina ou linha de pensamento contrria ou diferente de um credo ou sistema de um ou mais credos religiosos que pressuponha(m) um sistema doutrinal organizado ou ortodoxo. A palavra pode referir-se tambm a qualquer "deturpao" de sistemas filosficos institudos, ideologias polticas, paradigmas cientficos, movimentos artsticos, ou outros.]

Como vemos, a Bblia o ponto de partida para o conhecimento de Deus, sua natureza, seus propsitos para com a humanidade, seus desejos de intimidade com a sua criatura. A Bblia traz na sua essncia grandes ensinamentos da parte de Deus Pai. At por isso ela tem se perpetuado at os nossos dias trazendo os anseios divinos a todos aqueles que crem num Deus real e justo.Outra viso deturpada o que caracteriza o Desmo[footnoteRef:10]. A principal caracterstica desse pensamento filosfico acreditar num Deus que tudo criou, organizou, deu leis, e depois foi embora, deixando o universo funcionando por si. Evans nos traz sua contribuio sobre o assunto: [10: O desmo uma postura filosfico que admite a existncia de um Deus criador, mas questiona a idia de revelao divina. uma doutrina que considera a razo como uma via capaz de nos assegurar da existncia de Deus, desconsiderando, para tal fim, a prtica de alguma religio denominacional. JOHN.English Deism: Its Roots and Its Fruits. Disponvel em . Acessado em 02 Out de 2010.]

O Desmo diz que vimos o poder de Deus, mas no conhecemos muito a sua presena. Deus colocou o Universo em andamento de acordo com determinadas leis; depois voltou sua ateno para outro lugar. Ele no est envolvido nos negcios dirios deste mundo. Ele existe longe daqui, um proprietrio ausente que tem pouco envolvimento real com a sua criao. Novamente, no temos idia de sermos moralmente responsveis diante de Deus pelo nosso pecado. O Desmo tambm uma heresia. A Onipresena de Deus diz que Ele faz parte da histria, mas, ainda sim, totalmente independente dela. Ele transcendente e imanente ao mesmo tempo. (Evans, 1999, p.142). A viso desta tem permeado as mentes daqueles que no conseguem ver um Deus criador de tudo o que existe e que o mesmo no quis interferir na sua criao. A coisa mais sublime deixada por Deus foi o Livre Arbtrio que o nosso poder de escolha. Com ele, temos a liberdade de opo concedida diretamente por Ele e isso no nos foi tirado. O desmo enfrenta a questo da existncia divina atravs da razo. Resta-nos elaborar perguntas sobre o assunto: Por que Deus criaria um mundo habitvel e colocaria nele toda a sua criao e depois abandonaria tudo? Por que razo Ele faria isso? Na sua Teologia Relacional[footnoteRef:11], Ricardo Gondim nos d uma viso acerca deste distanciamento divino: [11: A Teologia Relacional pode ser definida: Deus amor e no visa conceituar ou definir filosfica ou teologicamente como um atributo divino,mas descrever a maneira como Ele decidiu soberanamenterelacionar-se com a humanidade. GONDIM, Ricardo. Disponvel em < http://www.ricardogondim.com.br/Artigos/artigos>. Acessado em 10 Set de 2010).]

Deus s pde criar o mundo retirando-se dele (seno s haveria Deus); ou, se nele se mantm (de outro modo no haveria absolutamente nada, nem mesmo o mundo), sob a forma da ausncia, do segredo, da retirada, como a pegada deixada na areia, na mar baixa, por um passeante desaparecido, nica a atestar, mas por um vazio, sua existncia e seu desaparecimento[footnoteRef:12]. [12: Gondin, Ricardo Teologia Relacional: Disponvel em . Acessado em 10 Set. de 2010.]

Em outras palavras, a ausncia de Deus no mundo sugere que a magnificncia divina deve estar separada da humanidade para que Ele continue a ser Deus, e ns, as suas criaturas. Ao mesmo tempo, para os que pensam de forma metafsica, esse Deus continua vivo e presente em nosso meio. Ele s pode ser experimentado atravs da f. invisvel, mas real!A cosmologia[footnoteRef:13], por outro lado, pede um criador onde o universo ordenado, funcionando na preciso de um relgio. Ela defende a idia de que uma mente inteligente tenha planejado e criado tudo. estranho imaginar algum, que pelo seu bel prazer, crie tudo e logo em seguida vire as costas para o que criou. Enfatizando as vozes do mundo, vale pena citar tambm, por exemplo, o Tesmo Aberto[footnoteRef:14] que afirma que Deus no onisciente porque no conhece o futuro completamente e tambm no Onipotente, pois afirma que o termo Todo Poderoso no se encontra nos originais da Bblia. Como vemos, so vozes que querem anular o Deus verdadeiro. Para isto, querem mostrar outros deuses, mas sem a fundamentao necessria para isso ou, no mnimo, duvidosa. Resta-nos refazer a pergunta: porque Deus faria isso? claro que existem outras afirmaes acerca da existncia ou no de Deus. Depende muito do ponto de vista de cada um, mas esses exemplos escolhidos servem para nos dar uma pequena noo acerca do pensamento do mundo com relao ao criador. O intuito da citao dos pensamentos no foi outro seno mostrar as muitas vozes que o mundo tem ouvido acerca de Deus. E h muitas outras ainda. [13: A palavra vem do grego Ksmos (mundo) e logia (estudo). Portanto, o vocbulo designa a cincia geral do universo (Champlin & Bentes, 1995, p. 942).] [14: Teologia que nega a Onipresena, Onipotncia e Oniscincia de Deus Disponvel em . Acessado 11 Set. de 2010.]

A Bblia, por outro lado, tem fundamentao para a presena de Deus logo no seu incio quando em Gnesis ela declara a unicidade divina. Paul Hoff nos diz a respeito disso: A frase No princpio ... Deus... a resposta aos erros do politesmo, do materialismo, do pantesmo e do dualismo. Alm do universo, h um ser eterno que superior sua criao (Hoff, 1978, p. 24).O mundo j tem percebido que algum soberano criou e, de certa forma, est atento humanidade. No estamos sozinhos ou desamparados. Em certo momento da histria, Deus, o Ser Supremo, resolveu colocar em prtica o seu projeto, criando um mundo belo, mas, infelizmente, cheio de pessoas que se corromperam no desenrolar dos acontecimentos, contrariando os desejos iniciais do seu Criador. No conhecemos outros mundos criados por Deus, pelo menos ainda no foi comprovado. Quando analisamos este mundo em que vivemos chegamos concluso de quo imperfeitos somos devido ao estado pecaminoso em que nos encontramos. Faz-se necessrio lembrar que no foi assim no planejamento inicial de Deus. Ele formou um mundo com pessoas puras, mas que se corromperam pela entrada do pecado na raa humana atravs de Ado e Eva[footnoteRef:15]. [15: Gnesis 3.6-7 Vendo a mulher que a rvore era boa para se comer, agradvel aos olhos e rvore desejvel para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu tambm ao marido, e ele comeu. Abriram-se, ento, os olhos de ambos; e, percebendo que estavam nus, coseram folhas de figueira e fizeram cintas para si.]

A citao dos pensamentos acerca da existncia de Deus no foi por outro objetivo seno o de dar um pequeno panorama do ponto de vista do mundo sobre Ele. A principal motivao para falar acerca da Imanncia Divina , de alguma forma, induzir os pensamentos a extrarem suas respostas, mesmo que no as tenhamos em definitivo, de um Deus que est ao nosso alcance, embora o fato parea improvvel pela cincia. Levando em considerao que a transcendncia nos remete a algo inatingvel, metafsico, muito distante, fica claro observar ento porque, para algumas pessoas, Deus parea estar to longe. A imanncia permite uma vivncia de Deus mais ardorosa. O fato que o mundo metafsico pode ser compreendido mais facilmente por aqueles que fazem uso da sua f como descrito em Hebreus 11:1: Ora, a f a certeza de coisas que se esperam, a convico de fatos que se no vem. Quando adentramos o mundo racional, o simples fato de declararmos nossa f em algo invisvel no d provas de absolutamente nada. A Bblia toma por certo a existncia de Deus. Ela no se preocupa em provar sua existncia, mas sim mostr-lo atravs de seus atos poderosos, ou seja, um Deus conhecido por aquilo que faz ao seu povo. Na pesquisa exegtica de Romanos, captulo 1, especificamente os versos 19 e 20, pudemos ver claramente o apstolo Paulo dar nfase especial presena divina atravs das coisas criadas. Ilustrando essa presena divina constatada em Romanos, Christopher Harbin d a seguinte declarao: Assim, os narradores bblicos no procuraram explicar a existncia de Deus, mas apontar para a sua identidade atravs do que Ele fazia. (Harbin, 2006, p. 17). De fato, ficamos maravilhados com o que podemos chamar de criao de Deus. Quando observamos a natureza com suas formas variadas de vida, embelezando o mundo em que habitamos, ficamos estarrecidos com a riqueza dos detalhes. A teoria evolucionista tenta nos provar que tudo se originou a partir de um big bang, ou seja, aquilo que na cosmologia se explica como a teoria cientfica que defende o surgimento do universo a partir de um estado extremamente denso e quente h cerca de 13,7 bilhes de anos[footnoteRef:16]. Alm do apelo racionalista que tenta tirar de Deus a sustentabilidade do universo, temos tambm o chamado Novo Atesmo[footnoteRef:17] com seus perigos iminentes. Ele se diferencia dos ateus por ser mais radicalmente anti-religiosos. Coloca em xeque a existncia de divindades e acreditam em um mundo melhor sem crenas. O pior que o Novo Atesmo tem permeado muitas igrejas. Por no ter a necessidade da negao da f, pois cria substitutos para ela, os seus praticantes at comparecem s igrejas sem, contudo, estarem prximos do Salvador. Em referncia ao Novo Atesmo, h perguntas que precisam ser respondidas, ou pelo menos, analisadas: Como ter f e nos mantermos na igreja estando distantes de Jesus Cristo, sem que tenhamos Nele a figura do Salvador da humanidade? Ento, com que propsito freqentamos uma igreja se no for para adorar quele que nos redimiu? Outra coisa importante que precisa ser registrada: ao olharmos para os programas televisivos que adentram nossas casas vamos constatar quantos programas chamados evanglicos existem e quantos verdadeiramente falam de salvao por meio da f em Jesus Cristo. Ser que o Novo Atesmo est permeando as igrejas e no conseguimos ver isso quando a nfase maior o ter e no o ser? [16: FEUERBACHER, B. Disponvel em . Acessado em 28 Jul de 2010.] [17: O novo atesmo no precisa negar a f; apenas cria substitutos para ela. Mantm o crente na igreja, mas longe do seu Salvador". ARAJO. Disponvel em . Acessado em 10 Set 2010.]

Um nmero razovel de pessoas tem colocado suas idias e pensamentos a respeito de Deus. H um nmero significativo de pessoas que descrem totalmente em Deus. A esses podemos denominar de verdadeiros ateus. Dentre tantos nomes, podemos destacar Richard Dawkins[footnoteRef:18] que ferrenho defensor da teoria da evoluo de Darwin, alm de ser totalmente ateu. Logo no prefcio do seu livro Deus, um delrio, ele faz a seguinte descrio: "Se este livro funcionar do modo como espero, os leitores religiosos que o abrirem sero ateus quando o terminarem" (Dawkins, 2006, p. 23). Dawkins se expressa de forma totalmente atesta colocando a Teoria da Evoluo como sua principal bandeira. Sua argumentao segue sempre objetivando provar que Deus no existe e que tudo o que no mundo h foi obra da evoluo sofrida pelo universo ao longo da sua existncia. interessante observarmos que todas as vezes que algo precisa ser provado pela cincia, necessariamente deve passar por experimentos, ou seja, pela experincia em laboratrio que algo pode ser comprovado ou no pela cincia. Pois bem, por mais experimentos que a prpria cincia j realizou em busca de respostas convincentes, em nenhum momento obteve a certificao completa de que a Teoria da Evoluo fosse realmente a base da vida. Se assim fosse, ela no seria uma teoria, e sim, uma realidade. [18: Clinton Richard Dawkins (Nairobi, 26 de maro de 1941) um eminente zologo, etlogo, evolucionista e popular escritor de divulgao cientfica britnico. Disponvel em http://pt.wikipedia.org/wiki/Richard_Dawkins. Acessado em 10 Set de 2010.]

Combatendo o pensamento deste cientista, surge o livro O delrio de Dawkins, de Alister e Joanna McGrath, que tem por objetivo refutar as distores e exageros desse autor. Logo no incio, as autoras registram acerca de Dawkins:Nas primeiras pginas de Deus, um delrio, Richard Dawkins declara seu objetivo proselitista. Ele pretende persuadir os leitores religiosos a abandonarem a idia da existncia de Deus em favor de uma cosmoviso mais sensata. Aparentemente, pretende tambm consolidar e fortalecer a confiana daqueles que j duvidam do sobrenatural, alistando-os para militarem numa campanha mundial contra a religio (McGrath, 2007, p.6).Ele to contrrio a existncia divina que trata a Deus como um delinqente psictico inventado por pessoas loucas, iludidas (Alister & McGrath, 2007, p.21). Vemos como este cientista da nossa era se comporta com relao a Deus. No h qualquer temor ou tremor da parte dele. Quanto argumentao da existncia divina, vejamos o que Dawkins afirma: O Deus do Antigo Testamento talvez o personagem mais desagradvel da fico: ciumento, e com orgulho; controlador mesquinho, injusto e intransigente; genocida tnico e vingativo, sedento de sangue; perseguidor misgino, homofbico, racista, infanticida, filicida, pestilento, megalomanaco, sado masoquista, malvolo. Aqueles que so acostumados desde a infncia ao jeito dele podem ficar dessensibilizados com o terror que sentem. (Dawkins, 2006, p. 43). Nota-se todo o desprezo de Dawkins. Este cientista evolucionista totalmente contrrio a idia da existncia de um Deus. Suas palavras duras nos fazem refletir o porqu de to grande raiva por apenas pensar que algum defenda a idia da existncia divina. Mais uma vez fazemos uso de perguntas que podem tentar responder a essa repulsa divina por parte de Richard Dawkins: Por que tanto dio assim? Se Deus no existe, porque proferir palavras to duras? Por que lutar contra algo que ele mesmo julga ser inexistente? Por que dar palestras mundo afora s para lutar contra algo que ele no cr? Parece que quanto mais ele argumenta sua descrena em Deus, mais ele fala Dele? Ao que parece, analisando o livro em questo, para ele a existncia de Deus uma hiptese cientfica como qualquer outra, ou seja, precisa passar pelo crivo da cincia para que haja comprovao. Outra afirmao de Dawkins bastante relevante:Qualquer inteligncia criativa, de complexidade suficiente para projetar qualquer coisa, s existe como produto final de um processo extenso de evoluo gradativa. Inteligncias criativas, por terem evoludo, necessariamente chegam mais tarde ao universo e, portanto, no podem ser responsveis por projet-lo. Deus, no sentido da definio, um delrio. (Dawkins, 2006, p. 44).

Para rebater a idia de um Deus inventado como afirma Dawkins, McGrath reproduz as palavras de um ex-ateu, o escritor Michel Shermer que afirma: Ele no apenas no est morto, conforme filsofo alemo Nietzsche proclamou precipitadamente, como nunca pareceu estar mais vivo (Apud. McGrath, 2007, p.11).Mesmo com tantas evidncias cientficas tentando provar o contrrio, no podemos, contudo, deixar de pensar em um Deus soberano. Analisar o universo do ponto de vista metafsico se torna importante, pois muito difcil encarar a vida somente atravs da cincia, j que a mesma com tanta tecnologia avanada no conseguiu comprovar efetivamente tudo aquilo que ela alega ser verdade. Existem muitos pontos obscuros que precisam de mais pesquisas elucidativas. No conceito cientfico, se algum fenmeno no pode ser medido, pesado e calculado, ento no pode ser provado como verdadeiro. Mas quando nos deparamos com os versos 19 e 20 de Romanos, captulo 1, percebemos a manifestao divina por toda a natureza. O mundo lindo! Fica difcil deixar de crer que tudo isso no tenha advindo de um Ser superior, criador de tudo nos seus mnimos detalhes e que, por mais que a raa humana tente imitar ou copiar, praticamente impossvel faz-los. claro que no podemos subestimar a capacidade do homem porque ele j chegou bem longe no conhecimento. Quando nos proposto responder a indagao sobre a existncia de Deus fica difcil uma resposta concreta, no entanto, podemos encarar da seguinte forma: de fato, no conseguimos v-lo ou mesmo toc-lo, mas a sua criao, o mundo todo com suas belezas, os animais, as plantas e at mesmo o ser humano, esto disposio de todos que tentem provar que no tenha vindo de algum superior a tudo e a todos. Uma frase interessante para pensarmos acerca da existncia de Deus proferida por Christopher Harbin: A nica prova que se d na Bblia so as interpretaes dos eventos da interveno de Yahweh na vida do seu povo (Harbin, 2006, p.18). Deus no s criou como mantm o universo todo sob seu poderio. Um de seus atributos o de poder estar em todos os lugares ao mesmo tempo, mesmo no sendo na forma visvel, mas contemplado apenas pela f. Acerca da Onipresena de Deus, Aiden Tozer nos d seguinte contribuio ao afirmar que Deus onipresente, ou seja, est em todos os lugares ao mesmo tempo. No importa o que faamos ou onde estejamos Ele estar ali em todo o nosso ser. Deus habita em sua criao, e em tudo est indivisivelmente presente, porquanto tudo obra sua (Tozer, 1985, p. 49). Provar a existncia Deus um esforo que est alm das capacidades humanas, temos que concordar. E o contrrio tambm uma realidade. Assim como difcil chegar a uma concluso plausvel acerca da sua existncia, a prova contrria tambm praticamente impossvel. Paul Tillich afirma que to atesta afirmar a existncia de Deus quanto tentar neg-la. Deus um ser em si, no um ser. (Tillich, 2005, p. 243). Por isso, pensar em Deus metafisicamente acaba sendo, de certa forma, uma vantagem, pois a prpria Bblia afirma que so Bem-aventurados os que no viram e creram (Jo 20.29). J para Louis Berkof, crer em Deus se baseia em uma f confivel:Para ns a existncia de Deus a grande pressuposio da teologia. No h sentido em falar-se do conhecimento de Deus, se no se admite que Deus exista. A pressuposio da teologia crist um tipo muito definido. A suposio no apenas de que h alguma coisa, alguma idia ou ideal, algum poder ou tendncia com propsito, a que se possa aplicar o nome de Deus, mas que h um ser pessoal autoconsciente, auto-existente, que a origem de todas as coisas e que transcende a criao inteira, mas ao mesmo tempo imanente em cada parte da criao. Pode-se levantar a questo se esta suposio razovel, questo que pode ser respondida na afirmativa. No significa, contudo, que a existncia de Deus passvel de uma demonstrao lgica que no deixa lugar nenhum para dvida; mas significa, sim, que, embora verdade da existncia de Deus seja aceita pela f, esta f, se baseia numa informao confivel (Berkof, 1990, p. 11).Mais uma vez a f colocada em prtica como exemplo. o forte apelo de que Deus no se prova pela sua aparncia, mas pela sua essncia. Como disse certa ocasio o grande lder indiano Mohandas Gandhi (1869-1948): Deus purssima essncia. Para os que tm f nele, Deus simplesmente [footnoteRef:19]. Embora a frase tenha sido dita por uma personalidade declaradamente no-crist, o fato que a sensibilidade de Gandhi captou o que a essncia divina. A Bblia nos sinaliza que a essncia de Deus est baseada no seu amor incondicional pela raa humana (1 Cor 13:1-13). Mais uma vez a crena colocada em contraposio com a cincia. [19: http://fraseseversos.com/celebres/- Acessado em 20-09-2010]

Os evolucionistas batem de frente com os criacionistas porque crem que os mesmos baseiam seus argumentos no que a cincia comprova e atesta. Charles Darvin[footnoteRef:20] dizia que os criacionistas dependiam fortemente das citaes cientficas para embasarem seus pensamentos, distorcendo as mesmas para transmitir outra idia que pretendia o escritor. Mas se analisarmos a fundo o pensamento de grandes homens da histria da humanidade, vamos observar que muitos deles puderam experimentar uma realidade diferente do que a prpria cincia afirma. Na histria do pensamento criacionista podemos ver, conforme anlise feita por Darlan Lima, as seguintes questes: [20: Naturalista nasceu na Inglaterra em 1809 e foi o responsvel, juntamente com Alfred Wallace, pela publicao da Teoria da Evoluo. ARAGUAIA, Mariana. Disponvel em . Acessado em 02 Set de 2010.]

J (2100 a.C.) disse que o Universo foi feito por um Criador; Moiss (1450 a.C.) disse que o Universo foi feito pelo Criador e com uma idade aparente; Salomo (950 a.C.) disse que o Universo, alm de ter sido feito pelo Criador, obedece a leis estabelecidas; Plato (427-347 a.C.) disse que o Universo foi feito por um Criador de acordo com um plano racional e que o Universo no eterno; Aristteles Discpulo de Plato (384 322 a.C.) disse que o Universo foi criado e eterno aceitava a redondeza da terra e aceitava a gerao espontnea de vermes, larvas, vespas e carrapatos; Johannes Kepler (1571-1630) disse que o mundo dos homens, da natureza e de Deus todos eles se encaixam e que Deus, o Criador, trouxe existncia, todas as coisas do nada. Isaac Newton (1683-1727) disse que aceitava a Bblia como autoridade em todos os assuntos e que a cincia no existia para provar a Bblia, mas a Bblia para dirigir a boa cincia; Leonard Euler (1707-1783) disse que aceitava a Bblia como a nica verdade absoluta. Dizia que a matemtica do Universo perfeita e um trabalho de um sbio Criador e que nada acontece no Universo sem que uma regra de um mximo ou de um mnimo aparea; James Clarck Matson (1831-1879) escreveu sobre a inerrncia e a infalibilidade da Bblia; Wernher Van Braum (1912-1977), PhD em Cincia Aeronutica disse que ao se contemplar os mistrios da f, se compreende a existncia do Criador. (Darlan, 2009, p.41).Como vimos, no foram somente os personagens bblicos que teceram seus comentrios acerca de Deus. Grandes homens que tiveram papel fundamental na histria puderam compartilhar as suas idias sobre o assunto. Se olharmos para ambas as teorias, evoluo ou criao, veremos que o mundo continua cercado de respostas vazias acerca da verdadeira presena de Deus e at mesmo da sua existncia. Cada um, sua maneira, vai tentando dar alvio s suas mentes, muitas vezes, corrompidas pela auto-suficincia humana, pela contaminao de vises ps-modernas e pelo excessivo desejo do homem de se auto-afirmar como sendo ele mesmo um deus. De fato, sem a anlise mais profunda no manual de vida que Deus nos deixou, a Bblia Sagrada, fica difcil traar um paralelo do que real ou irreal. No podemos deixar de mencionar que dentro da vida de cada ser humano h um desejo pelo absoluto. O homem sempre tenta chegar a um deus de alguma forma. Se fosse diferente, no haveria a necessidade de buscar algo pra adorar como comum em boa parte da humanidade. Essa constatao se d, at mesmo, entre os indgenas nos mais remotos lugares da terra onde esse desejo est aflorado. Eles adoram o sol, as rvores, os animais. Alis, est intrnseco no corao humano o desejo de expressar adorao a algo ou algum sem mesmo conhecer a sua essncia mais profundamente. Essa deve ter sido a cena encontrada pelos primeiros colonizadores da nossa nao. A histria relata que na colonizao do nosso pas, a Igreja Catlica exerceu grande influncia junto aos nativos, conforme relata Jonathan Menezes:Bem (ou mal) sabemos que os processos de conquista e de colonizao da Amrica Latina foram permeados no apenas pelo poderio blico, econmico e poltico da Espanha em vista dos povos primitivos do novo mundo, mas foram tambm consideravelmente marcados pelo estigma da religio, no caso a Crist. O signo da cruz serviu de legitimao para a crucificao das gentes, e o Cristo no veio maiormente como o Deus que se fez servo dos humildes de esprito, mas Senhor, Conquistador dos povos e terras para as coroas europias, legtimas representantes do interesses da Igreja na terra (Menezes, 2010, p. 33).A despeito dos rumos que o nosso pas tomou quanto religiosidade atravs dos anos, o fato que nos nossos dias as pessoas adoram porque outras tambm o fazem sem, contudo, compreender com profundidade seu objeto de adorao. Isso acaba gerando uma adorao superficial, de quem precisa preencher o vazio de suas almas. Ren Descartes[footnoteRef:21] aceitava a idia que afirmava que o mundo fora criado por Deus. A existncia divina era algo difcil de provar, como at hoje. Mas Descartes, em suas anlises, apresenta trs provas da existncia de Deus, que vamos alistar agora. A primeira prova pela simples idia de Ser Perfeito: [21: Ren Descartes o filsofo - (1596 1650). considerado o iniciador da filosofia moderna. A sua preocupao fundamental foi encontrar um critrio da verdade inteligvel e dedutivo, que permitisse atingir uma verdade evidente por si mesma. A sua reflexo inicia-se com a dvida metdica: duvidar de tudo quanto existe para encontrar algo acerca do qual no se possa duvidar. Disponvel em . Acessado em 06 Out de 2010.]

Dado que, no nosso conceito de Deus, est contida a existncia, corretamente que se conclui que Deus existe. Considerando, portanto, entre as diversas idias que uma a do ente sumamente inteligente, sumamente potente e sumamente perfeito, a qual , de longe, a principal de todas, reconhecemos nela a existncia, no apenas como possvel e contingente, como acontece nas idias de todas as outras coisas que percebemos distintamente, mas como totalmente necessria e eterna. E, da mesma forma que, por exemplo, percebemos que na idia de tringulo est necessariamente contido que os seus trs ngulos iguais so iguais a dois ngulos retos, assim, pela simples percepo de que a existncia necessria e eterna est contida na idia do ser sumamente perfeito, devemos concluir sem ambigidade que o ente sumamente perfeito existe. (Descartes, 2007, pg. 61). Utilizando-se de conceitos matemticos ao analisar o tringulo, Descartes d a sua verso sobre Deus como um Ser Perfeito. A segunda prova apresentada por Descartes pela causalidade das idias. Ele conclui que Deus existe pelo fato da sua idia existir em ns: Assim, dado que temos em ns a idia de Deus ou do ser supremo, com razo podemos examinar a causa por que a temos; e encontraremos nela tanta imensidade que por isso nos certificamos absolutamente de que ela s pode ter sido posta em ns por um ser em que exista efetivamente a plenitude de todas as perfeies, ou seja, por um Deus realmente existente. Com efeito, pela luz natural evidente no s que do nada se faz, mas tambm que no se produz o que mais perfeito pelo que menos perfeito, como causa eficiente e total; e, ainda, que no pode haver em ns a idia ou imagem de alguma coisa da qual no exista algures, seja em ns, seja fora de ns, algum arqutipo que contenha a coisa e todas as suas perfeies. E porque de modo nenhum encontramos em ns aquelas supremas perfeies cuja idia possumos, disso concluram corretamente que elas existem, ou certamente existiram alguma vez, em algum ser diferente de ns, a saber, em Deus; do que se segue com total evidncia que elas ainda existem. (Descartes, 2007, p. 64).Se ns, seres humanos, temos algum tipo de perfeio, no que diz respeito matria, essa perfeio s poderia ter advindo de um Deus Perfeito que praticamente imprimiu o seu DNA em cada criatura. Deus a causa de todas as coisas e ns somos produtos divinos. H ainda uma terceira prova da existncia divina apresentada por Descartes que era baseada na contingncia do esprito:Se tivesse poder para me conservar a mim mesmo, tanto mais poder teria para me dar as perfeies que me faltam; pois elas so apenas atributos da substncia, e eu sou substncia. Mas no tenho poder para dar a mim mesmo estas perfeies; se o tivesse, j as possuiria. Por conseguinte, no tenho poder para me conservar a mim mesmo. Assim, no posso existir, a no ser que seja conservado enquanto existo, seja por mim prprio, se tivesse poder para tal, seja por outro que o possui. Ora, eu existo, e, contudo no possuo poder para me conservar a mim prprio, como j foi provado. Logo, sou conservado por outro. Alm disso, aquele pelo qual sou conservado possui formal e eminentemente tudo aquilo que em mim existe. Mas em mim existe a percepo de muitas perfeies que me faltam, ao mesmo tempo em que tenho a percepo da idia de Deus. Logo, tambm nele, que me conserva, existe percepo das mesmas perfeies. Assim, ele prprio no pode ter percepo de algumas perfeies que lhe faltem, ou que no possua formal ou eminentemente. Como, porm, tem o poder para me conservar, como foi dito, muito mais poder ter para d-las a si mesmo, se lhe faltassem. Tem, pois a percepo de todas aquelas que me faltam e que concebo poderem s existir em Deus, como foi provado. Portanto, possui-as formal e eminentemente, e assim Deus. (Descartes, 1963, pp. 166-169).Um Ser perfeito, a causalidade[footnoteRef:22] das idias e a contingncia do esprito so as trs provas apresentadas por Descartes. A perfeio est somente em Deus, segundo ele. O homem no atinge a perfeio por ser limitado a tempo, espao e circunstncia. Deus atemporal. Deus no se limita a nosso espao por causa da sua onipresena e tambm no est limitado s circunstncias, ou seja, determinados momentos. Ele rege todas as coisas. Se ns, seres humanos fossemos perfeitos, tambm seramos deuses. Alis, ns somos produtos da misericrdia divina que nos olha e se compadece por causa da nossa imperfeio. Deus a causa de todas as coisas, ou seja, aquele que deu incio a tudo, embora Ele mesmo seja eterno e no tenha um incio. Como para toda causa (Deus), h um efeito, somos produtos oriundos da sua criao. A idia de Descartes tambm enfatiza que no podemos viver por ns mesmos, mas sim conservados por algo maior. nessa percepo que Descartes vincula as nossas vidas a um Deus que cria, mas que, sobretudo, mantm a raa humana. Ainda bem que assim! [22: Causalidade a relao entre um evento (a causa) e um segundo evento (o efeito), sendo que o segundo evento uma conseqncia do primeiro. Num sentido mais amplo, a causalidade ou determinao de um fenmeno a maneira especfica na qual os eventos se relacionam e surgem. Apreender a causalidade de um fenmeno apreender sua inteligibilidade. KERRY, Emanuel. Disponvel em http://pt.wikipedia.org/wiki/Causalidade#cite_note-0>. Acessado em 27 Out de 2010.]

Como vemos, no campo das idias subjetivas temos um leque enorme de possibilidades, mas que ainda no nos d parmetros suficientes acerca da realidade divina em nosso meio. Paul Tillich afirma: Os argumentos a favor da existncia de Deus no so nem argumentos nem a prova da existncia de Deus. Eles so expresses da pergunta por Deus que est implcita na finitude humana (Tillich, 2005, p.214). Em outras palavras, ele est dizendo que o homem finito, muito pequenino diante da magnitude divina. Essa tentativa humana de querer colocar prova a existncia de Deus acaba se tornando frgil demais. Deus a essncia de todas as coisas. Sem essa essncia nada poderia ter sido criado. Nenhum big bang poder ser provado e suportado sem a existncia de Deus. H registros de que a terra foi sendo transformada no decorrer dos tempos. As separaes entre continentes nos do a viso dessas transformaes a partir da Pangeia[footnoteRef:23]. No de se duvidar que tenha havido mesmo essas transformaes. Gnesis relata a criao do mundo nos seus mnimos detalhes, tal qual era a vontade do criador. Muito tempo se passou desde a criao at a finalizao da obra tal qual queria o seu projetista, Deus. [23: Quando a terra era um nico bloco h cerca de 200 milhes de anos na era Mesozica. FREITAS, Eduardo. Disponvel em . Acessado em 28 Jul de 2010.]

Como observamos, at mesmo na viso racionalista, onde tudo precisa ser provado, vemos tentativas de respostas que vo nos ajudar a entender como Deus, o Ser Supremo na sua essncia, criou todas as coisas. As escrituras sagradas afirmam que Deus criou tudo a partir da sua Palavra, ou seja, Ele declarava e as coisas iam sendo criadas. No entanto, o seu projeto maior, o ser humano, o fez de maneira toda especial com suas prprias mos. Este fato comprovado pela passagem bblica: Ento, formou o Senhor Deus ao homem do p da terra e lhe soprou nas narinas o flego de vida, e o homem passou a ser alma vivente (Gnesis 2:7). A palavra formou no original hebraico tem o sentido de moldar. So observaes importantes que podemos extrair do carter divino. Deus cria a partir do nada, molda conforme o seu desejo, oferece condies de sobrevivncia e ainda concede sua criatura maior, o homem, a responsabilidade de comandar tudo. Pela liberdade concedida humanidade, Deus resolveu no interferir nos acontecimentos. claro que isso no significa, em hiptese alguma, um abandono por parte Dele. Ele ama tanto a sua criatura que a formou conforme a sua imagem e semelhana e a colocou no mundo para ter liberdade. Liberdade de pensamentos, de aes, de realizaes, liberdade de escolhas, acima de tudo. Sem querer entrar no mrito da questo sobre o Livre Arbtrio de forma polmica, o fato que da parte de Deus essa livre escolha que os seres humanos tm permite-nos uma compreenso melhor dos reais intentos do criador satisfazer a sua criatura!Como desacreditar em um Deus que ama e que quer se relacionar com a sua criatura? A onipresena[footnoteRef:24] divina, outro atributo pertencente somente a Deus, nada mais que a constatao de que Ele est em todos os lugares do mundo, e o que importante, ao mesmo tempo. Nenhum outro ser no mundo ou fora dele tem essa capacidade. Ela exclusiva de Deus. Aiden Tozer declara: [24: Indica aquela qualidade ou capacidade de estar presente em todos os lugares ao mesmo tempo. Essa qualidade um dos tradicionais principais atributos de Deus. A Doutrina Crist no ensina que Deus no est em parte nenhuma; antes, ensina que Deus est intimamente em tudo. A mente divina toda penetrante, toda presente, estando presente em todos os lugares ao mesmo tempo A onipresena a capacidade de estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Em teologia, a onipresena um atributo divino segundo o qual Deus est presente em todos os pontos da criao. (Champlin & Bentes; 1995, p.597).]

A verdade, porm, que, apesar de Deus habitar neste mundo, est separado do mesmo por um abismo eternamente intransponvel. Por mais ntima que seja sua identificao com a obra de suas mos, essa obra e eternamente dever ser diversa e separada dele; ele deve ser antecedente e independente da mesma. Deus transcende a todas as obras, ao mesmo tempo em que permanece presente dentro delas. (Tozer, 1985, p. 47).No podemos nos ausentar da presena divina, porque Deus, segundo a Bblia, est em todos os lugares devido a sua onipresena. O Salmista atesta isso ao dizer: Para onde me ausentarei do Teu Esprito? Para onde fugirei da Tua face? (Sl 139:7). Em outras palavras, Deus est em todos os lugares ao mesmo tempo, embora no consigamos v-lo. de extrema relevncia para as nossas vidas relembrar que no aparecemos neste mundo por acaso. No foi nenhum passe de mgica. Um ser supremo criou a partir do nada um mundo e colocou nele uma criatura sua imagem e semelhana e que, por sua permissividade, exercesse domnio sobre tudo. O mundo, tal qual foi elaborado, continua exercendo muito fascnio sobre ns. Todas as maravilhas criadas que jamais algum conseguiu copiar esto a nossa disposio. D pra ficar perplexo quando, no supermercado, vemos no setor de hortalias, os mais variados tipos de legumes, frutas e verduras criados para a subsistncia humana. Tambm numa peixaria onde uma infinidade desses pequenos animais, cada qual com suas caractersticas inatas, mostrando o zelo que Deus teve com a raa humana ao deixar tudo isso para o seu sustento. Olhando para natureza em derredor, podemos contemplar as obras magnficas criadas. Aqui fica uma pergunta para reflexo: uma exploso nuclear ou big bang seria capaz de criar tudo o que vemos com tantas riquezas de detalhes no mundo? Respirar o ar puro, ser tocado pelos raios de sol, ver a imensido verde que se espalha no horizonte torna-nos cada vez mais pensativos nas maravilhas criadas para uma finalidade especfica: o desfrute de tudo isso pela raa humana. O ser humano no tem qualquer contribuio na criao dos minerais, dos vegetais, dos fenmenos climticos, do universo, nem mesmo do prprio homem. Algo superior criou e rege todas as coisas. a ao do Deus invisvel que no interfere, de forma alguma, na engrenagem do mundo. A seguir, a reproduo de um comentrio bem interessante de Dallas Willard sobre o assunto:A marca da obra do Esprito de Deus conosco a impossibilidade de se medirem os resultados apenas com as foras humanas. O resultado final est alm do que os poderes naturais so capazes de realizar. Esses efeitos que no conseguimos registrar se inserem e, at mesmo, ratificam os princpios e os propsitos do governo de Deus na histria humana, da forma como se manifestou na ao de Cristo e nas escrituras em geral (Willard, 2002, p.59).A histria humana, sem a marca indelvel de Deus nula, ou seja, sem propsito especfico, sem razo de existir. Uma pergunta aos racionalistas: para que nascer, viver e morrer sem algo que d sentido a tudo isso? Quando a gente imagina o tempo de vida que temos no mundo, quem sabe 70, 80, 90 anos ou mais, ainda assim, significa pouco em comparao com o que nos foi prometido por Deus a eternidade. Pensar na vida de forma limitada nos impede de ver as maravilhas de Deus preparadas para todos aqueles que querem viver Nele e para Ele. De Joo Paulo II extramos: Na realidade, todas as coisas, todos os acontecimentos, para quem os sabe ler com profundidade, encerram uma mensagem que, em definitivo, remete para Deus[footnoteRef:25]. [25: PAULO II, Joo. Disponvel em . Acessado em 27 Out. de 2010.]

Longe de ser uma viso pantesta o fato que, tudo o que vemos, observamos, tocamos, usufrumos, em tudo vemos impressas as digitais de Deus. Todos os seres, tudo na natureza, faz parte do Universo de um Deus que ama e quer o bem da sua criao. Como negar a sua existncia?

1.1. Cristo A imagem real do Deus invisvel.

A constatao da presena divina tambm requer uma abordagem muito especial de Jesus, o Filho de Deus. O livro de Joo captulo 14 verso 9, afirma: Quem me v a mim v o Pai. A maior prova da existncia de Deus e sua imanncia entre ns , sem dvida, a manifestao de Jesus, seu Filho amado, em carne, contrariando o gnosticismo, corrente do primeiro sculo, que no cria como um Deus poderia ter sado do seu reino santo vindo habitar no meio de pecadores na terra, contaminando-se. Embora no tenha havido contaminao em Jesus, pois a Bblia afirma que a sua santidade durante todo o perodo terreno, Ele manifestou-se entre ns de forma absoluta. Se Jesus no tivesse se esvaziado da sua divindade vindo a este mundo para nos resgatar, no estaramos hoje desfrutando da salvao proporcionada por este ato de renncia. O apstolo Paulo j afirmava em Colossensses (2.9) que em Cristo habita toda a plenitude de Deus. Os dois, Pai e Filho so um. Ricardo Gondim complementa: Para mim, lindo saber que no somente Jesus a imagem de Deus, mas que Deus tambm a imagem de Jesus. (Gondim, 2007, p.31). A manifestao divina atravs de Jesus nos mostra o cuidado de Deus para restaurar a sua criatura o homem. O amor inicial de Deus criando o mundo habitvel para desfrute da humanidade agora se intensifica ao ponto de querer v-la restaurada aps a sua queda no Jardim do den. Por isso o envio de Jesus a esse mundo. Emanuel, nome hebraico que traduzido significa Deus conosco um nome proftico que se referia a vinda do filho unignito de Deus terra, usado com frequencia para se referir a Jesus Cristo. A presena do Deus-Filho na terra nos mostra a ao amorosa do Deus-Pai nos cus. A descrena na presena de Jesus na terra vindo como salvador do mundo pode vir acompanhada de interesses obscuros no condizentes com a f crist. Agostinho Santos nos d parmetro para esse pensamento: Afirmar que Jesus nunca existiu na face da terra constitui o maior absurdo de todos os tempos, pois Ele o personagem mais histrico. Sem Ele no haveria histria, ou pelo menos, no haveria datas para situar os acontecimentos histricos e relacion-los mutuamente. Sim, porque cada cronista podia registrar os acontecimentos do seu tempo, relacionando-os com os anos da vida de um rei, mas a interligao de todos esses acontecimentos histricos feita atravs da figura central de Jesus Cristo. (Apud. Santos, 1987, p.141). Jesus o centro da histria. Tanto que hoje definimos os acontecimentos histricos a partir do antes e depois Dele. A vinda de Jesus foi profetizada muito antes do seu nascimento. A palavra de Deus inteira reflete Jesus Cristo. Uma pergunta bastante peculiar: Qual best seller, por mais famoso que seja, durou tanto quanto a Bblia Sagrada que narra os intentos de Deus para ns? Arthur Pink nos d uma uma informao incrvel:Quando nos lembramos de que apenas uma porcentagem muito pequena de livros sobrevive por um quarto de sculo; que uma porcentagem quase irrisria sobrevive por um sculo e um nmero raro de exemplares resista por um milnio, vemos que a Bblia Sagrada um livro diferente. E se considerarmos ainda o meio no qual esse livro tem sobrevivido, o fato torna-se surpreendente. Quando pensamos no fato da Bblia ter sido objeto especial de infindvel perseguio, a maravilha da sua sobrevivncia se transforma em milagre Por dois mil anos, o dio do homem pela Bblia tem sido persistente, determinado, incansvel e assassino. Todo esforo possvel tem sido feito para corroer a f na inspirao e autoridade da Bblia, e inmeras operaes tm sido levadas a efeito para faz-la desaparecer. Decretos imperiais tm sido passados ordenando que todas as cpias existentes da Bblia fossem destrudas, e quando essa medida no conseguiu exterminar e aniquilar a Palavra de Deus, ordens foram dadas para que qualquer pessoa que fosse encontrada com uma cpia das Escrituras fosse morta. O prprio fato de ter a Bblia sido o alvo de to incansvel perseguio nos faz ficar maravilhados diante de tal fenmeno.[footnoteRef:26] [26: PINK, Artur W. The Divine Inspiration of the Bible. Disponvel em . Acessado em 28 Jul de 2010.]

Vrias foram as tentativas humanas em extinguir a Bblia para que a mesma no trouxesse a ns hoje os ensinamentos divinos. O exemplo mais conhecido foi do filsofo francs Franois-Marie Arouet, mais conhecido como Voltaire (1694 1778) que era declaradamente um ateu. Mesmo tendo anunciado ao mundo que a Bblia no resistiria nos prximos 100 anos, a partir da sua poca, a ironia do destino fez com que a casa do prprio Voltaire mais tarde fosse adquirida pela Sociedade Bblica de Genebra e se tornasse uma distribuidora da Bblia para toda Europa. Longe de qualquer tipo de espiritualizao, vemos que prprio Deus se encarregou de eternizar a sua Palavra para que a mesma chegasse a ns hoje. Mesmo sem a tecnologia que temos disponvel agora para arquivar documentos, vemos como a Palavra de Deus resistiu atravs de milnios para nos trazer a mensagem da existncia de um Deus amoroso e misericordioso que sacrificou o que Ele tinha de melhor para salvar a raa humana, alm de ter deixado impresso na sua Palavra seu gesto complacente e misericordioso. A manifestao de Jesus em nosso meio, de forma fsica, foi para nos mostrar que, se por um homem o pecado entrou no mundo, tambm por um homem esse pecado seria justificado. Como negar a existncia de Jesus? Como contestar a realidade de Deus? Aurlio Agostinho[footnoteRef:27] j dizia: Ningum nega a existncia de Deus, a no ser que lhe interesse que Ele no exista (Apud. Santos, 1987, p. 90). [27: Aurlio Agostinho, o Santo Agostinho de Hipona foi um importante bispo cristo e telogo. Nasceu na regio norte da frica em 354 e morreu em 430. Teve influncia do maniquesmo (sistema religioso que une elementos cristos e pagos). http://www.suapesquisa.com/biografias/santo_agostinho.htm. Acessado em 02-09-2010.]

H um clamor no mundo que tenta suprimir a voz de Deus. Estamos vivendo tempos difceis. Atravs de sculos os pensamentos mais diversos tentam falsear com a verdade quando o assunto Deus. Hoje, at mesmo os que se dizem pertencer a Ele desvirtuam seus preceitos, inventando novas frmulas de evangelizao e tornando Deus em uma espcie de amuleto para satisfazer os seus desejos carnais. E o pior, acabam deixando a Jesus, o filho de Deus em segundo plano, esquecendo-se de pregar o evangelho real e dando nfase ao evangelho barato. O intrigante que os prprios evanglicos contribuem para que a populao tenha uma viso distorcida de Jesus e do prprio Deus. O Jesus que as pessoas querem o Jesus que pode satisfazer as suas necessidades. No o Jesus salvador, que veio ao mundo para resgatar a raa humana da perdio eterna. Analizando a Bblia profundamente, veremos que a vinda de Jesus ao mundo no foi exclusivamente para nos abenoar, nos curar, ou prosperar, mas sim, para nos salvar. A sua presena corprea foi necessria a fim de que os planos divinos pudessem ser concretizados. Nem mesmo os que queriam destruir a f crist em favor do paganismo no passado negaram a sua existncia. O imperador Juliano teria todo o interesse em negar a Jesus, mas no conseguiu faz-lo porque havia evidncia demais diante do povo da sua presena. Juliano chegou a argumentar: Jesus, a quem vs celebrais, era sdito de Csar. Se duvidam, demonstr-lo-ei em devido tempo; mas talvez seja melhor faz-lo agora mesmo. Pois vs mesmos admitis que foi inscrito com seu pai e sua me no tempo de Cirnio. , (Santos, 1987, p. 93).Jesus o exemplo de amor notrio pelos irmos da f. Sobre Jesus e sua existncia, C.S. Lewis levanta questes, no mnimo, curiosas: Se Jesus realmente quem dizia ser, temos de crer nele. Se, pelo contrrio, no quem dizia ser, das duas, uma: era um luntico, pois acreditava ser o que dizia, ou era um mentiroso, pois sabia que no era quem anunciava ser (Lewis, 2005, p.58). Crer na sua existncia, no seu legado, na sua misso, crer no seu poder de salvar se torna real quando observados sob a tica da metafsica, ou seja, inatingvel para os que querem provar tudo pela razo, afinal de contas, aquele que cr sem nunca ter podido ver pessoalmente mais bem aventurado, segundo a Bblia. Mas tem gente que pensa que Jesus obra da imaginao dos primeiros cristos. Marcelo Gomes nos traz essa questo:Uma das teses dos que descrem da historicidade de Jesus alega que sua vida, obra e paixo so frutos da imaginao e do misticismo dos primeiros autodeclarados cristos. A maioria naufraga ante a complexidade de sua personalidade nica, a exclusividade de sua histria profeticamente prevista e a novidade desconcertante de seu ministrio criativo, confrontador e transformador. No pode ter sido inventado. Tem que ter existido. Temos que nos posicionar frente ao seu ministrio e convite salvao. (Gomes, 2010, p. 123).Jesus o elo entre ns e Deus. Karl Barth afirma: O Velho Testamento olha para frente, o Novo Testamento fala do futuro para trs e todos os dois olham para Cristo (Barth, 1963, p. 26). A histria pertence a Jesus. Os acontecimentos so Dele. A soluo para a raa humana vem exclusivamente do Senhor. Da a importncia Dele em benefcio da humanidade. A prpria Bblia declara em Joo (1.3) que Todas as coisas foram feitas por intermdio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez. Ns fomos criados para a glria de Deus por intermdio de Jesus. H pessoas, os ateus por exemplo, que no conseguem ver em Jesus a soluo para suas vidas. Certa ocasio, ouvindo um programa de rdio, o apresentador disse que as pessoas pecadoras ignoravam a Jesus justamente por Ele ser a luz. Joo 8:12 atesta: De novo, lhes falava Jesus, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue no andar nas trevas; pelo contrrio, ter a luz da vida. O radialista ainda complementou: Jesus a luz do mundo. Sendo luz, poderia iluminar a podrido humana mostrando a escurido dos coraes e revelando o quo pecadores so. Ningum gosta de expor a sua condio pecadora e por isso ela se afasta de Jesus. De certa forma, isso faz sentido medida em que constatamos essa rejeio por parte de alguns. No seria mais fcil as pessoas aceitarem o quo carentes so da presena de Deus para ento se verem livres do pecado que a Bblia condena? No entanto, essa repulsa que permeia a vida dos que ignoram a Jesus s poder ser combatida pela ao divina. Jesus nos deu livre acesso ao Pai atravs da sua morte e ressurreio. Foi justamente por obedincia ao Pai que o Filho se manifestou a ns dando-nos novamente a oportunidade da aproximao a Deus perdida no jardim do den. O grande abismo entre ns e Deus preenchido pela pessoa de Jesus. Relatos bblicos falam acerca da purificao anual que os sacerdotes promoviam poca do Antigo Testamento. O sacerdote entrava uma vez ao ano para fazer sacrifcios pelos seus pecados e pelo povo, a fim de purificarem-se. Como bem sabemos, a Palavra de Deus afirma que, se o sacrifcio oferecido no fosse aceito por Deus, o sacerdote morreria al mesmo. A Santidade divina no compactua com o pecado humano. Aps a queda de Ado e Eva no paraso, a raa humana morreu, j que o pecado nos deixa mortos espiritualmente. No h evidncias na Bblia que nos mostre o estado de nimo dos sacerdotes momentos antes de entrar no Santo dos Santos, mas poderia haver certo temor por parte deles em entrar no local sagrado sabendo que poderiam morrer. Jesus se materializou entre ns, vivendo neste mundo, morrendo por nossos pecados e, principalmente, ressuscitando para nos dar vida eterna. E o interessante que, no s podemos adentrar o Santo dos Santos pelo nome de Jesus atravs do louvor e da adorao, com splicas e oraes, como tambm podemos permancer l, sem medo. Tendo, pois, irmos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo vu, isto , pela sua carne, e tendo grande sacerdote sobre a casa de Deus, aproximemo-nos, com sincero corao, em plena certeza de f, tendo o corao purificado de m conscincia e lavado o corpo com gua pura. Guardemos firme a confisso da esperana, sem vacilar, pois quem fez a promessa fiel (Hb 10.19-23)Como vemos Jesus tem importncia significativa para a humanidade. E vemos isso sob dois aspectos: positivo ou negativo. Muitos o amam ou odeiam. Para expressar essa idia, Agostinho Santos diz:Jesus Cristo o expoente mximo da vida. Tudo de bom que se possa dizer a respeito deste to alto personagem, peca por defeito. No por acaso que a grande maioria das religies, sistemas polticos, sociais e filosficos o reivindicam como seu precursor ou iniciador. Jesus tem sido, ao longo dos tempos, a Pessoa mais amada e mais odiada (Santos, 1987, p.141).Jesus , sem dvida alguma, a grande representao de Deus entre ns. Outrora, em carne e osso e agora em Esprito. O Antigo e o Novo Testamentos refletem, de forma significativa, a presena Jesus. Ele o centro da vontade de Deus para ns. Tudo gira em torno do seu nome. Contradizer a existncia de Jesus est ligado a incapacidade humana em crer no que sobrenatural de forma natural. O homem tem dificuldade de ver as coisas espirituais de forma natural. O oculto, o escondido nos fascina, e o que invisvel no nos pemite ver quo perto Jesus est de ns. Ao mesmo tempo, distante pelas nossas limitaes, Jesus se mostra como a revelao de Deus para ns. a verdadeira imagem do Deus invisvel. Falar da Imanncia e Transcedncia de Deus requer subsdios importantes que vamos encontrar na vida e obra de Jesus na terra. o Pai que nos apresenta o Filho e o Filho que complementa o Pai. No h como separarmos Jesus e Deus, assim como tambm no podemos isolar o Esprito Santo. Cada um tem seu papel importante. O Pai mostrando-se de forma atuante durante todo o Antigo Testamento, o Filho vindo no seu tempo determinado para cuprir as profecias e habitar entre ns e o Esprito Santo anunciado como consolador pelo prprio Jesus e que est entre ns hoje. So as manifestaes que mostram a revelao progressiva de Deus para a humanidade. Podemos entender que a revelao de Deus se faz atravs de gestos e palavras e no somente pelo ato criador. Vemos atravs da histria bblica Deus criando um povo para si e fazendo com ele a sua aliana, revelando-lhe o seu Ser e tambm seu projeto de salvao. Sobre o aspecto da revelao, George Ladd diz: O objetivo da revelao so as ltimas coisas que Deus deu a Cristo que, por sua vez, mostra aos seus servos as coisas que em breve devem acontecer. Deus-Pai a fonte de toda a revelao; Deus-Filho o agente atravs do qual esta revelao comunicada aos homens (Ladd, 1972, p. 18). A revelao de Deus se d por intermdio de Jesus. A progressividade dos acontecimentos nos mostram Jesus desde os primrdios do mundo at o futuro que ainda vamos conhecer. Jesus o objeto e ao mesmo tempo o contedo da revelao. A histria perpassa por Jesus. Ed Ren Kivitz, por sua vez, nos diz: a grande notcia do cristianismo no apenas que Jesus igual a Deus, mas sim que Deus igual a Jesus (Kivitz, 1998, p. 53).A teologia possvel para ns porque Deus se auto-revelou atravs das palavras da Bblia. Por ela somos capazes de conhecer os seus propsitos, reconhecer o estado pecaminoso em que nos encontramos, entender a manifestao de Jesus entre ns e, acima de tudo, extrair as respostas que precisamos saber para se obter o passaporte para a eternidade. Jesus o Alfa e o mega, o princpio e o fim de todas as coisas. At mesmo a histria da humanidade no seria completa ou significativa se Jesus no tivesse sido parte dela. Tudo gira em torno Dele. Jesus Cristo o Senhor para a glria de Deus-Pai. Deus glorificado atravs de seu filho. Jesus no se apoderou de qualquer tipo de honraria, mas por ter sido fiel e servo, alcansou o mais alto grau, ou seja, o nome que sobre todos os nomes. E isso foi concedido pelo prprio Deus. Jesus tem sido motivo de muitas discusses teolgicas e histricas. Os mais variados pensamentos acerca Dele tm sido explorados na tentativa de conhecer mais o Filho de Deus que veio para tirar o pecado do mundo. O certo que, quando Ele veio a este mundo, deixou o seu lado divino, assumindo o lado humano. claro que o Senhor no esvaziou-se de sua divindade por completo. O que podemos entender, de fato, que as qualidades humanas de Dele se sobressaram quando Ele esteve presente entre ns. Jesus continuava a ser Deus mesmo quando assumira a forma humana. importante salientar que, estando neste mundo, Ele jamais se utilizou de fora divina para seus propsitos. At mesmo quando Ele fazia milagres, o Esprito Santo quem atuava conforme sua determinao. Podemos ve-lo como o Deus que desceu terra, tornando-se em carne para viver entre ns. Na passagem bblica de Filipenses 2.5-11 vemos claramente isso: Tende em vs o mesmo sentimento que houve tambm em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, no julgou como usurpao o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhana de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente at morte e morte de cruz. Pelo que tambm Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que est acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos cus, na terra e debaixo da terra, e toda lngua confesse que Jesus Cristo Senhor, para glria de Deus Pai. a manifestao divina entre ns na forma humana. Jesus no usurpou ser igual a Deus, mas preferiu assumir o seu papel de servo. Por isso foi exaltado. Jesus plenamente Deus, ou seja, no foi criado por Ele. Mesmo antes de Deus ter criado todas as coisas, Jesus era preexistente. Esta afirmao comprovada quando nos depararmos com a seguinte expresso de Deus em Gnesis (1.26), quando Ele declara: Faamos o homem nossa imagem, conforme a nossa semelhana. Deus no estava de forma solitria na criao. Aqui vemos expressamente que havia outros personagens com Ele. Michael Griffths atesta:Dizer que Cristo desde o princpio teve a forma de Deus significa que em sua prpria pessoa interior Ele possua plena realidade da divindade. Ele sempre a teve. Jesus verdadeira e plenamente Deus, e sempre o foi. Ele no veio existncia pela primeira vez em Belm. Essa uma afirmativa sobre o Cristo preexistente. (Griffths, 1987, p.27).Cristo se manifestou a ns neste mundo. Um Deus transcendente, inalcansvel por ns humanos, que se tornou imanente, ou seja, acessvel a todos por causa da sua obedincia. O fato de Jesus ter vindo como servo, ou seja, tendo obedecido a todos os planos de Deus na terra, fez com que Ele fosse exaltado. Ainda bem que Ele fez isso! Como imaginar nossa condio de vida hoje se Jesus no tivesse se colocado disposio para morrer por nossos pecados? O que seria de ns agora? A sua obedincia acabou com a perspectiva do inimigo de triunfar sobre ns. O que havia contra ns foi totalmente derrotado na cruz. A manifestao de Jesus, a sua vinda, nos faz vencedores e a Palavra de Deus afirma que, ao aceitarmos o seu sacrifcio na cruz, nos tornamos salvos.Um aspecto importante que no podemos nos esquivar o fato de saber que Jesus imanentemente est entre ns hoje. E o mais importante, ao alcanse de todos os que quiserem busc-lo. Ele mesmo disse que morreria, mas ressuscitaria para nos garantir passaporte para a eternidade com Ele. Tambm de suma importncia saber que o filho de Deus anunciou que um outro consolador, o Esprito Santo, passaria a responder por ns junto a Deus. O Esprito Santo tem muitas funes, papis e atividades. Ele quem trabalha nos coraes das pessoas. Jesus disse aos seus discpulos que Ele iria para o Pai e enviaria o Esprito Santo para convencer o mundo do pecado, da justia e do juzo (Jo 16:7-11). funo do Esprito Santo aplicar as verdades de Deus s mentes dos homens para convenc-los com argumentos suficientes e justos que so pecadores. A fundamentao para esta verdade est no livro de Romanos que diz:Mas, agora, vou para junto daquele que me enviou, e nenhum de vs me pergunta: Para onde vais? Pelo contrrio, porque vos tenho dito estas coisas, a tristeza encheu o vosso corao. Mas eu vos digo a verdade: convm-vos que eu v, porque, se eu no for, o Consolador no vir para vs outros; se, porm, eu for, eu vo-lo enviarei. Quando ele vier, convencer o mundo do pecado, da justia e do juzo: do pecado, porque no crem em mim; da justia, porque vou para o Pai, e no me vereis mais; do juzo, porque o prncipe deste mundo j est julgado. Tenho ainda muito que vos dizer, mas vs no o podeis suportar agora; quando vier, porm, o Esprito da verdade, ele vos guiar a toda a verdade; porque no falar por si mesmo, mas dir tudo o que tiver ouvido e vos anunciar as coisas que ho de vir. Ele me glorificar, porque h de receber do que meu e vo-lo h de anunciar (Rm 16.5-15).Temos visto atravs deste ensaio que o Deus transcendente torna-se imanente medida em que, pelo seu to grande amor pela humanidade, cumpre com tudo aquilo que foi proposto por Ele mesmo nas Escrituras Sagradas. muito difcil para alguns crerem nesta verdade j que, pela cincia, no podemos garantir que esse fato seja real. Os racionalistas no entendero nunca o fato de haver algum em nosso meio que no podemos ver ou tocar e que nos acompanha em tudo o que fazemos. Ao dar as ltimas instrues aos seus discpulos, Jesus afirma em Mateus (28.20): E eis que estou convosco todos os dias at consumao do sculo. Marcelo Gomes diz: A f que a Palavra prope no uma f no mtodo ou resultado desejado. Essa confuso , na verdade, o motivo das decepes e frustraes. A f que o Novo Testamento apresenta uma f na pessoa de Jesus. Ele a resposta para as qustes que afligem o corao. A nica resposta (Gomes, 2010, p.31). A f nos permite vislumbrar Jesus sem que tenhamos acesso Ele de forma palpvel. F no sentimento ou calafrios; tambm no receita, no comodismo. F um paradoxo inimaginvel. Assim como no podemos ver o vento que sopra sobre as rvores, sabemos que ele est l, balanando os galhos. Da mesma forma entendemos que Jesus est consoco por meio da f sem que com isso Ele tenha que se materializar entre ns. No vemos, mas cremos fortemente na sua presena entre ns. John Stott revela que a f e a razo nunca se ope nas escrituras: Supe alguns que a f e a razo so incompatveis. No assim. As duas nunca esto em oposio nas escrituras, como se tivssemos que escolher uma dentre as duas. A f vai alm da razo, mas baseia-se nela. O conhecimento a escada atravs da qual a f sobe mais alto, o trampolim de onde pula mais longe (Stott, 1986, p.42). Que bom seria se essa idia pudesse ser colocada em prtica. F e razo andando juntas para a compreenso do mundo em que vivemos. Jesus crido pela f. Ele se disps a morrer pela humanidade com a finalidade nica de poder salv-la. Um fato importante pede registro especial: de todos os atributos de Deus o mais importante, sem dvida, para ser destacado, o amor incondicional pela sua criatura. Amor que redime o que estava perdido. A materializao de Jesus s serve para demonstrar o quanto amor Ele tem por ns. Fortalecendo esse pensamento, vejamos o que diz Griffths: Ele tomou a nossa forma a fim de dar-nos a forma do seu corpo glorioso. Ele veio terra a fim de levar-nos para o cu. Diz o Novo Testamento que ele se tornou as primcias de uma nova humanidade (Griffths, 1987, p. 34).A Bblia est recheada de passagens que denotam o amor de Jesus. Por seu amor Ele alimentava multides, tanto fsica quanto espiritualmente; por sua paixo pela humanidade, Ele se interessava pelos mais humildes; por seu amor Ele curava os doentes. O grande amor de Jesus nos proporcionou o resgate necessrio para trilharmos novamente em direo Deus. O grande abismo entre o homem e Deus foi superado graas a esse amor de Jesus que suportou tudo o que existe de ruim para nos tornar livres.Assim, dando uma explanao acerca do termo existncia, tanto a de Deus quanto das outras pessoas da Trindade, Jesus e o Esprito Santo, e sem querer separar um do outro, poderemos entender um pouco melhor sobre a Imanncia do Deus que est aparentemente distante atuando de forma efetiva em nosso meio. Sem sombra de dvidas, uma matria de difcil compreenso, mas que fascina a humanidade j que muito se discute sobre o assunto. Para podermos ter uma melhor compreenso, vamos usar dos pensamentos de dois grandes nomes da teologia contempornea, Karl Barth e Paul Tillich, alm de outros, que vo contribuir notavelmente e que nos far construir uma teologia mais bem elaborada. Ambos vo falar sobre a Imanncia e Transcendncia divina.

CAPTULO 2IMANNCIA E TRANSCENDNCIA: DEBATE HISTRICOH muito tempo a Imanncia[footnoteRef:28] e a Transcendncia[footnoteRef:29] de Deus tem sido objetos de vasto embate teolgico. Ao longo de anos, grandes homens tm dedicado boa parte de suas vidas na construo de pensamentos, muitas vezes antagnicos, outras vezes, seguindo a mesma linha de raciocnio, mas cada qual contribuindo para os nossos prprios pensamentos. A influncia da filosofia atuando na teologia nos proporciona as mais variadas formas de pensamentos no nosso sculo. O fato que a humanidade continua buscando a soluo para si ao tentar entender Deus na sua integralidade, observando com ateno os vestgios divinos atravs da histria. Louis Berkof nos traz sua contribuio no que tange a imanncia e transcendncia de Deus. [28: Imanncia trata-se de um conceito religioso e metafsico que defende a existncia de um ser supremo e divino (ou fora) dentro do mundo fsico. Este conceito geralmente contrasta ou coexiste com a idia de transcendncia.] [29: Na teologia diz-se que Deus transcendente (hyperbeks) da Criao na medida em que Ele est acima dela e no est limitado por ela, portanto no limitado pelo espao e pelo tempo. A transcendncia de Deus tem relao direta com um de Seus atributos ou perfeies, conhecido por infinitude. Disponvel em . Acessado em 31 Ago de 2010.]

Um Deus imanente e impessoal. O tesmo sempre acreditou num Deus que transcendente e imanente. O desmo retirou Deus do mundo, e deu nfase Sua transcendncia, em detrimento da Sua imanncia. Sob a influncia do pantesmo, porm o pndulo pendeu noutra direo. Identificou Deus com o mundo e no reconheceu um Ser divino distinto da Sua criao e infinitamente exaltado acima dela. Por intermdio de Schleiermacher, a tendncia de fazer Deus um Ser em linha de continuidade com o mundo obteve um ponto de apoio na teologia. Ele ignora completamente o Deus transcendente e s reconhece um Deus que pode ser conhecido pela experincia humana e se manifesta na conscincia crist como causalidade absoluta, qual corresponde um sentimento de dependncia absoluta. Os atributos que atribumos a Deus, so, nesta maneira de ver, meras expresses simblicas dos vrios modos assumidos por este sentimento de dependncia, idias subjetivas sem nenhuma realidade correspondente. (Berkof, 1990, p. 16).J tratamos anteriormente sobre o assunto acerca da existncia de Deus e a sua manifestao corprea atravs de seu filho, Jesus, sob a tica de autores renomados que contriburam para a difuso dos pensamentos cristos. A existncia de um ser poderoso manifestando-se entre ns, conforme atesta a imanncia, que por sinal, a temtica central deste ensaio, visa iluminar nossas mentes com o propsito de extrairmos nossa prpria teologia. Faz-se necessrio o uso contraposies teolgicas a fim de alcanarmos nossos objetivos no que tange ao estudo em questo. bem sabido que idias contrrias facilitam a compreenso por podermos debater e pender para quelas que esto mais intrinsecamente ligadas com aquilo que cremos. Nunca demais lembrar que ningum detm a verdade pura e simples. No entanto, conseguimos nos aproximar daquilo que julgamos ser a verdade atravs de estudos sistemticos de determinados assuntos que vo contribuir, e muito, no progresso do nosso entendimento teolgico. Com o auxlio de grandes telogos e pensadores vamos arregimentar idias e argumentos para dar um norte nas nossas questes teolgicas sobre Imanncia e Transcendncia de Deus.1.2. O paradoxo de Barth e Tillich na Teologia

Ambos os telogos, Karl Barth e Paul Tillich, foram contemporneos e pensavam de forma contrria em muitos aspectos teolgicos. Esse paradoxo nos abre um horizonte que pode ser explorado minuciosamente nos dando a percepo dos seus pensamentos teolgicos e tambm nos ajudando a criar os nossos prprios. Mas antes de aprofundarmos sobre as questes propostas, faz-se necessrio conhecer um pouco da teologia deles. Karl Barth defendia totalmente a idia de que Deus s se pode conhecer pela Palavra de Deus. Vejamos: A possibilidade de se conhecer a Palavra de Deus est na Palavra de Deus e em mais nenhum outro lugar (Barth, 1957, p.191-92). Barth est expressando o lado positivo e o negativo de seu mtodo teolgico. Isto porque, apesar da falta de disposio da humanidade para com Deus e da impossibilidade de se conhecer a Deus atravs da razo, natureza e cultura, em sua liberdade e graa soberanas, Deus se revelou na histria humana e tornou possvel o milagre de conhec-lo. Em outras palavras, possvel vermos Deus mesmo no sendo pela sua Palavra. Para Barth, o acontecimento singular da histria no qual Deus se revelou o advento de Jesus Cristo. E, em Cristo, Deus revela a si mesmo e no somente algumas informaes ou um modo de vida. Para Barth, a manifestao de Deus se d em Jesus. Vejamos: o Deus eterno deve ser conhecido atravs de Jesus Cristo e no de qualquer outra forma (Barth, 1957, p. 191-92).A viso de Barth claramente pendia para o metafsico. O seu ponto de vista de um Deus transcendente mostra a sua conscincia pautada, sobretudo, na f. Alis, a f uma ddiva de Deus, segundo o prprio Barth. A defesa da sua idia estava calcada em que nenhum outro meio poderia ser usado para se conhecer a Deus a no pela sua Palavra divina. Barth declara: A possibilidade de se conhecer a Palavra de Deus est na Palavra de Deus e em mais nenhum outro lugar (Barth, 1957, p. 222). Outro argumento de Barth tambm est registrado: A Bblia a Palavra de Deus medida que Deus faz com que ela seja a sua Palavra, medida que Ele fala atravs dela. (Barth, 1957, p. 109). Obviamente isso tudo batia de frente com o racionalismo[footnoteRef:30] to influente em todas as eras e, principalmente, com as idias de Paul Tillich, de quem foi contemporneo. Sempre h a necessidade de extrairmos aquilo que consideramos pertinente e que esteja de acordo com a nossa forma de pensar ou com a nossa teologia. No pode ser diferente quando nos deparamos com idias antagnicas de dois grandes nomes da histria. claro que poderemos, sem sombra de dvida, aprender coisas interessantes com cada um. No entanto, ao refletirmos sobre seus pensamentos, devemos faz-lo como os bereanos[footnoteRef:31] registrado nas Escrituras Sagradas em Atos 17.11 que diz: Ora, os bereanos eram de carter mais nobre do que os de Tessalnica, pois receberam a mensagem com grande avidez, e examinavam todos os dias as Escrituras, para ver se o que Paulo dizia era verdade. Corroborando com essas atitudes, a Bblia tambm nos alerta dizendo: Julgai todas as coisas, retende o que bom (1 Tess 5:21). Portanto, a prudncia deve ser praticada por todos aqueles que desejam extrair o melhor da teologia. Observando sob este aspecto constatamos em primeiro lugar que o negativo da Teologia de Barth, por exemplo, era a sua rejeio a qualquer forma de teologia natural[footnoteRef:32]. Para tanto, ele declara: [30: O racionalismo a corrente filosfica que iniciou com a definio do raciocnio que a operao mental, discursiva e lgica. Este usa uma ou mais proposies para extrair concluses se uma ou outra proposio verdadeira, falsa ou provvel. Essa era a idia central comum ao conjunto de doutrinas conhecidas tradicionalmente como racionalismo. Racionalismo a corrente central no pensamento liberal que se ocupa em procurar, estabelecer e propor caminhos para alcanar determinados fins . Tais fins so postulados em nome do interesse coletivo (commonwealth), base do prprio liberalismo e que se torna assim, a base tambm do racionalismo. O racionalismo, por sua vez, fica base do planejamento da organizao econmica e espacial da reproduo social. Disponvel em < http://pt.wikipedia.org/wiki/Racionalismo>. Acessado em 02 Out de 2010.] [31: No Livro de Atos, o escritor Lucas conta a histria do incio do trabalho missionrio na cidade de Beria, situada na antiga Macednia. Paulo e Silas tinham vindo de Tessalnica, de onde saram as pressas por causa da perseguio, mas chegando a Beria encontraram um clima completamente diferente. Disponvel em , Acessado em 02 Out de 2010.] [32: Essa expresso usada para contrastar com aquela outra teologia revelada. A teologia natural alicera-se sobre a razo e sobre aquilo que pode ser deduzido da natureza, sem qualquer interveno direta do poder divino, quando formula seus pontos de vista. (Champlin & Bentes, 1995, p.492).]

Com muito respeito e toda a humildade, a teologia natural crist recria a revelao dentro dos moldes de sua prpria concepo. Mas, mesmo sendo o se comportamento to respeitoso e srio, mesmo que finja submeter-se consciente e continuamente, a teologia natural j conquistou por completo a revelao, transformando-a em no revelao. Isso certamente se mostrar naquilo que essa teologia faz com a revelao que por ela for absorvida e dominada. (Barth, 1957, p. 139-140).Ele afirma que ao abrirmos uma pequena brecha para a Teologia Natural seria necessria uma negao de Deus em Jesus Cristo. Dar lugar a ela o mesmo que abrir o caminho que leva sua soberania exclusiva. (Barth, 1957, p. 139-40). Observando a teologia de Barth percebemos que ele era contrrio a muitas posies liberais[footnoteRef:33], considerando-as falhas. As prprias idias humanas com relao a Deus eram execradas por ele, pois, na sua perspectiva, tornavam-se outros dolos. Dizia que a verdade deveria ser resultado da graa e no da busca racionalista. Barth acabou criando a sua teologia dialtica[footnoteRef:34] que era a forma que se utilizava para seus debates teolgicos, como mencionado anteriormente, sempre pautado na f. [33: Seus principais conceitos incluem individualismo metodolgico e jurdico, liberdade de pensamento, liberdade religiosa, direitos fundamentais, estado de direito, governo limitado, ordem espontnea, propriedade privada, e livre mercado. MARTINS, Carlos Estevan. Disponvel em . Acessado em 09 Set de 2010.] [34: Contraposio e contradio de idias que leva a outras idias.]

Paul Tillich, antagonicamente, era a favor de que a Filosofia explicasse a Teologia, ou seja, que a racionalidade desse a sua contribuio na compreenso das coisas metafsicas. No seu ponto de vista, a filosofia indispensvel teologia, pois ela que formula as questes s quais a teologia deve responder e ela que d quase toda (seno toda) a forma que essas perguntas devem assumir (Grenz & Olson, 2003, p.140). A sua viso da Teologia era, portanto, pautada na Filosofia. Segundo Tillich, no se pode entender a Teologia se ela no for vista pela tica da Filosofia. Nas suas palavras, Tillich afirma que nenhum telogo deve ser levado a srio como telogo, mesmo que no seja um grande cristo e um grande estudioso, se sua obra mostrar que ele no leva a srio a filosofia (Tillich, 1955, p.7). Ele tambm acreditava que um grande telogo para ser notvel deveria encarar a filosofia mais a srio. A ontologia[footnoteRef:35], especialmente Ontologia Existencialista era o tipo de filosofia especfica abordada por ele. A filosofia a abordagem cognitiva da realidade, na qual a realidade como tal o objeto, e a ontologia a anlise daquelas estruturas com as quais nos deparamos em todo encontro com a realidade. (Barth, 1957, p. 222). A seriedade racionalista com que Tillich tratava a teologia lhe rendeu muitas crticas em sua poca e, provavelmente hoje em dia ele continua a ser criticado. As suas teses foram dedicadas filosofia religiosa. At mesmo sobre a prpria Bblia, Tillich tinha seu pensamento concebido: A Bblia, portanto, no a Palavra de Deus. Provavelmente nada contribuiu mais para a interpretao incorreta da doutrina bblica ou da Palavra do que a identificao da Palavra como a Bblia. (Tillich, 2005, p. 159). [35: A palavra ontologia deriva-se de dois termos gregos, ontos (ser) e logia (conhecimento). Uma diviso da filosofia e da teologia emprega esse vocbulo para indicar o estudo geral e o conhecimento do ser, o que, por sua vez, uma diviso da metafsica. (Champlin & Bentes, 1995, p. 600).]

Dentre vrios pontos de desacordo na teologia de Paul Tillich, sem dvida alguma, sua viso gnstica[footnoteRef:36] acerca de Jesus Cristo causa certo mal estar entre os telogos. Ele no aceitava que Jesus, o que nasceu em Nazar fosse o mesmo Jesus, o Cristo divino. Em outras palavras, ele no cria, em hiptese alguma, que Jesus fosse o Deus que se tornara homem, mas sim o Novo Ser. Para ele Jesus no era divino e no possua uma natureza divina. (Grenz & Olson, 2003, p.153). Tillich entendia que Jesus, como o Cristo, tanto um fato histrico quanto um objeto de recepo pela f (Tillich, 2005, p. 389). Para podermos entender melhor esse argumento, se Jesus no tivesse sido o Cristo para os seus discpulos, ele teria sido apenas um personagem histrico de certa importncia. A afirmao de Jesus o Cristo, segundo Tillich, s tem validade para os cristos que assim o quiseram. Segundo ele, o cristianismo no surgiu quando nasceu o ser humano chamado Jesus, mas sim quando os seus seguidores foram levados a dizer-lhe: Tu s o Cristo! (Tillich, 2005, p.388). Verificamos isso claramente na passagem Bblica de Mateus 16.16 quando Simo Pedro, ao ser indagado por Jesus sobre quem Ele era, recebe a seguinte afirmao: Tu s o Cristo, o Filho do Deus vivo. Tillich declara: Ele poderia ter sido ento uma antecipao proftica do Novo Ser, mas no a manifestao final do Novo Ser em si (Tillich, 2005, p. 389). Subentendemos nas narrativas de Tillich que Jesus de Nazar o Cristo para to somente aqueles que crem nele (cristos). uma idia que jamais voltar atrs desde quando os seus discpulos o proclamaram como o Cristo. Na sua Teologia Sistemtica, Tillich aborda: [36: Gnose substantivo do verbo gignsko, que significa conhecer a busca do conhecimento, no o conhecimento intelectual, mas aquele que d sentido vida humana, que a torna plena de significado, porque permite o encontro do homem com sua Essncia Eterna. O objeto do conhecimento da Gnose seria Deus, ou tudo o que deriva d'Ele. Para seus seguidores, toda Gnose parte da aceitao firme na existncia de um Deus absolutamente transcendente, existncia que no necessita ser demonstrada. "Conhecer" significa ser e atuar (na medida do possvel ao ser humano), no mbito do divino. Disponvel em . Acessado em 03 Set de 2010.]

O novo Ser e as marcas da alienao Todos os detalhes concretos da descrio bblica de Jesus como o Cristo confirmam seu carter de Novo Ser ou daquele em quem se supera o conflito entre a unidade essencial de Deus e do ser humano e a alienao existencial do ser humano. No s nos textos dos evangelhos, como tambm nas epstolas, esta imagem de Jesus como o Cristo contradiz, ponto por ponto, a marcas da alienao que nossa anlise da condio existencial do ser humano nos permitiu discernir. Isto no deve causar estranheza, j que tal anlise em parte foi determinada pela confrontao entre a alienao existencial do ser humano e a imagem do novo ser e Cristo. (Tillich, 2005, p. 414).Ainda neste livro, Paul Tillich traz a seguinte idia:Pois o Cristo (que Jesus de Nazar) no est alm da essncia e existncia. Se estivesse, no poderia ser uma vida pessoal que viveu durante um perodo limitado de tempo, nasceu e morreu, foi um ser finito, sofreu tentaes e se viu tragicamente imerso na existncia. A afirmao de Jesus como o Cristo a unidade pessoal de uma natureza divina e uma natureza humana; deve ser substituda pela afirmao de que Jesus como o Cristo a unidade eterna de Deus e ser humano se tornou realidade histrica. (Tillich, 2005, p.434).Como vemos o Jesus Histrico proclamado por Tillich motivo de controvrsia para ns. Isso tenta minar, de alguma forma, a nossa f. Certamente muitos estudantes de teologia, pastores e at mesmo membros de nossas igrejas so contrrios a essa idia gnstica difundida por Tillich. Comprovando esta tese, observamos nas igrejas que as pregaes so totalmente cristocntricas, ou seja, voltadas para Jesus, autor e consumador da nossa f, exceto por aquelas que valorizam mais outras questes que no colocam Jesus em primeiro lugar nas suas ministraes, como o caso Novo Atesmo j abordado neste ensaio. A nfase que norteia a maioria dos cristos a de que Jesus deixou por um tempo o seu lado divino, sem abandon-lo, para vir a este mundo e resgatar o que estava perdido. Ou seja, a manifestao da santidade de Jesus no meio de homens impuros, sem, contudo, contaminar-se. A idia gnstica de Tillich anda na contramo daquilo que conhecemos acerca do Filho de Deus, Jesus. Tillich traz a seguinte afirmao sobre o Jesus Histrico: O Jesus Histrico, isto , o Jesus que est por traz dos smbolos de sua recepo como o Cristo, no s no apareceu, mas tambm se distanciou cada vez mais medida que avanava a crtica-histrica (Tillich, 2005, p. 392). As idias formatadas contrariamente ao que pensamos ferem o princpio da Trindade composta pelo Pai, Filho e Esprito Santo. Declarar que Jesus no veio a este mundo, mesmo sendo Deus, seria neg-lo como parte da essncia divina e, conseqentemente, ignorar todo o planejamento elaborado pelo Pai para a restaurao da humanidade junto a Ele. Deus criou um povo para si, mas no estava nos seus planos a separao do mesmo da Sua Presena. A Bblia Sagrada afirma que a unio entre Deus e a raa humana foi plenamente restaurada por causa do desprendimento e amor de Jesus, seu Filho. No entanto, no pensamento de Paul Tillich, o nascido em Belm no era o mesmo Messias. Esse ponto especfico bem controverso se colocado frente a frente com as doutrinas Bblicas. A pessoa de Jesus[footnoteRef:37], o Deus Transcendente, o mesmo que veio ao mundo morrer pela humanidade, pois havia a necessidade disso, para resgatar o que estava perdido e, em seguida, ressuscitou, mostrando que todo o poder estava em suas mos. No s o Deus Santo e Puro desceu at ns pecadores, como tambm proporcionou purificao e santidade a todo quele que o seguir. Para Tillich, a busca do Jesus histrico foi uma tentativa de descobrir um mnimo de fatos confiveis sobre o ser humano, Jesus de Nazar para que pudessem proporcionar um fundamento seguro a Fe crist. Essa Tentativa fracassou (Tillich, 2005, p. 395). [37: E o Verbo se fez carne e habitou entre ns, cheio de graa e de verdade, e vimos a sua glria, glria como do unignito do Pai. Joo 1.14 ]

Em contrapartida, Karl Barth defendia a idia que a Teologia era totalmente Cristocntrica, ou seja, o comeo, meio e fim de tudo estava focalizado na imagem de Jesus. Para ele, Jesus Cristo a nica e singular revelao de Deus sobre si mesmo, ou seja, a Palavra de Deus em pessoa. Sobre a divindade de Cristo, Barth diz: a revelao a interpretao de Deus acerca de si mesmo. Se estamos tratando de sua revelao, estamos tratando do prprio Deus e no de uma entidade distinta Dele (Barth, 1957, p. 311),Levando em considerao a teologia Bblica, talvez a de Barth se aproxime mais daquilo que presenciamos semanalmente em nossos cultos e que permeia a mente da maioria dos que crem em Jesus. Uma base para essa sua teoria est no fato de que a f em Jesus indica quem realmente Ele . Mais uma vez a f vem bater de frente com a razo. Com respeito a Jesus, Barth o via como a segunda forma de Deus. Ele deixou claro que, ao falar sobre Jesus Cristo, ele estava falando sobre a encarnao da segunda forma do Ser de Deus. Ele preferia o termo forma ao invs de pessoa, pois, aos ouvidos modernos, a palavra pessoa inevitavelmente implica personalidade e Deus tem apenas uma personalidade. (Barth, 1957, p. 350). Em ouras palavras, se Jesus Cristo fosse outra personalidade, diferente do Pai, ele no poderia ser a revelao do Pai. De acordo com Barth, Pai, Filho e Esprito Santo so