Monografia holding familiar

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CLAUDIO ROBERTO ZAMBOTTI O PROCESSO SUCESSÓRIO DA EMPRESA GOBBATO ORGANIZAÇÕES PATRIMONIAIS LTDA. Balneário Camboriú 2010

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CLAUDIO ROBERTO ZAMBOTTI

O PROCESSO SUCESSÓRIO DA EMPRESA GOBBATO ORGANIZAÇÕES

PATRIMONIAIS LTDA.

Balneário Camboriú

2010

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CLAUDIO ROBERTO ZAMBOTTI

O PROCESSO SUCESSÓRIO DA EMPRESA GOBBATO ORGANIZAÇÕES

PATRIMONIAIS LTDA.

Balneário Camboriú

2010

Monografia apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Administração – Gestão Empreendedora, na Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação Balneário Camboriú.

Orientadora: Profª. Dra. Sara Joana

Gadotti dos Anjos

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CLAUDIO ROBERTO ZAMBOTTI

O PROCESSO SUCESSÓRIO DA EMPRESA GOBBATO ORGANIZAÇÕES

PATRIMONIAIS LTDA.

Esta Monografia foi julgada adequada para a obtenção do título de Bacharel em

Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora da

Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação de Balneário Camboriú.

Área de Concentração: Administração de Empresas

Balneário Camboriú, 29 de Novembro de 2010.

_________________________________

Profª. Dra. Sara Joana Gadotti dos Anjos

Orientadora

___________________________________

Prof. MSc. Marcos Aurélio Batista

Avaliador

___________________________________

Profª. MSc. Luzia Fröhlich

Avaliadora

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EQUIPE TÉCNICA

Estagiário: Claudio Roberto Zambotti

Área de Estágio: Administração de imóveis

Professor Responsável pelos Estágios: Lorena Schröder

Supervisor da Empresa: Ernesto Gobbato

Professora orientadora: Profª. Dra. Sara Joana Gadotti dos Anjos

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DADOS DA EMPRESA

Razão Social: GOBBATO ORGANIZAÇÕES PATRIMONIAIS Ltda.

Endereço: Rua 800, num.120 centro – Balneário Camboriú - SC

Setor de Desenvolvimento do Estágio: Administrativo

Duração do Estágio: 120 horas

Nome e Cargo do Supervisor da Empresa:Ernesto Gobbato / Diretor

Carimbo do CNPJ da Empresa: 07234157/0001- 20

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AUTORIZAÇÃO DA EMPRESA

Balneário Camboriú, 29 de Novembro de 2010.

A Empresa GOBBATO ORGANIZAÇÕES PATRIMONIAIS LTDA, pelo presente

instrumento, autoriza a Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, a divulgar os dados

do Relatório de Conclusão de Estágio executado durante o Estágio Curricular

Obrigatório, pelo acadêmico CLAUDIO ROBERTO ZAMBOTTI.

___________________________________

Ernesto Gobbato

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A ação é de algum modo mais eloqüente que as palavras

(Máxima de Santo Antônio)

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Dedico este trabalho a meus pais, e que apesar pela distância estão sempre presentes

em meus pensamentos e a minha esposa e filha, que compreenderam e me apoiaram

em mais uma importante jornada acadêmica.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a DEUS, o Arquiteto do Universo, por tudo que me foi dado, principalmente

pela Fé, e pela proteção depositada em toda minha família.

À Professora Sara Joana Gadotti dos Anjos por sua orientação e apoio e pelas dicas

imprescindíveis para a elaboração deste Trabalho de Conclusão de Curso.

A todos os Professores que de forma especial me trataram, pelos laços de amizade que

foram criados e pelas excelentes contribuições dadas ao longo do curso.

À Coordenação do curso pelos serviços e esclarecimentos que me prestaram.

A minha esposa Rita pelo apoio e dedicação que me foi oferecido durante todo o curso.

A minha filha Erica que me apoiou e ajudou quando precisei.

Aos meus pais Paulino e Catharina pela educação que me proporcionaram.

Aos sogros Ernesto e Nanda pela ausência na jogatina de baralho.

A minha irmã Lúcia, meu cunhado Giulio e sobrinha Carollinne pela torcida.

A minha cunhada Maria Luiza e minha sobrinha Bruna pelo carinho dispensado.

Aos meus companheiros do Rotary Club de Balneário Camboriú Praia, pelo apoio e

compreensão de minha ausência em determinadas reuniões.

Aos meus colegas de curso Felipe Concatto, Lucas Corso e Ricardo Montovani

Baumann pela parceria nos trabalhos e nos momentos de alegria que compartilhamos.

A Empresa Gobbato Organizações Patrimoniais Ltda. participante do estudo.

A todos os demais familiares e amigos que de certa forma se dispuseram em colaborar.

A todos agradeço de coração e muito obrigado.

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RESUMO

O presente estudo teve como objetivo geral analisar o processo de sucessão da empresa Gobbato Organizações Patrimoniais Ltda. A importância do tema em estudo, que consiste na necessidade dos gestores adotarem atitudes capazes de incentivar uma sucessão administrativa eficiente nas empresas familiares. O referencial teórico foi composto por estudiosos das organizações e empresas familiares tendo como objetivos específicos a caracterização da organização, descrevendo os principais critérios para eleger o sucessor, identificando os principais conflitos durante o processo de formação da empresa familiar e propor ações delimitando o processo gerencial. O principal instrumento de coleta de dados utilizado foi um roteiro de entrevista semi-estruturada e observação participante, configurando uma amostragem não probabilística intencional. O estudo demonstrou que a empresa não possui um plano sucessório definido e a sucessão administrativa se dará por critério de não fazer diferenciação entre as herdeiras, deixando-as decidirem. Esta conduta adotada pelos fundadores demonstra que a sucessão nas empresas familiares não possui necessariamente um planejamento rigoroso. O principal fator da sucessão é que seja de forma pacífica e esteja ligada a preservação do convívio familiar. Os resultados alcançados apontam uma necessidade de se profissionalizar os membros da família para que possam assumir a gestão da empresa e sua continuidade. Os conflitos familiares devem ser considerados valiosos, pois fazem parte do ciclo de vida das organizações. Diante do exposto fez-se necessário criar a holding familiar e absorver as vantagens em relação aos inventários e gerir as atividades empresariais e comerciais conquistadas ao longo dos anos pelos patriarcas da família. Palavras-chaves: empresa familiar, sucessão administrativa, planejamento.

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ABSTRACT

This study aimed to analyze the company's succession process Gobbato Organizations Capital Ltda. The importance of the topic in question, which is the need for management to adopt an attitude which could encourage an efficient administrative succession in family businesses. The theoretical framework was composed of scholars of organizations and family businesses have specific objectives are to characterize the organization, describing the main criteria for electing a successor, identifying the major conflicts during the process of forming a family business and propose actions limiting the managerial process. The main instrument for collecting data was a roadmap for semi-structured interviews and participant observation, forming an intentional sampling. The study showed that the company lacks a succession plan set and the succession will be made by administrative criteria do not differentiate between the heirs, leaving them to decide. This approach adopted by the founders shows that the succession in family businesses do not necessarily have a rigorous planning. The main determinant of succession is to be peacefully and is on the preservation of family life. The results indicate a need to professionalize the family members so they can take over the management of the company and its continuity. Family conflict should be considered valuable, since they are part of the life cycle of organizations. Given the above it was necessary to create a family holding and absorbing the advantages related to inventory and manage business activities and business won over the years by the patriarchs of the family.

Keywords: family business, succession management and planning.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Modelo dos Três Círculos da Empresa Familiar .............................................. 35

Figura 2: Instrumentos de Uma Sucessão Exitosa ......................................................... 46

Figura 3: Classificação dos Procedimentos .................................................................... 53

Figura 4: Modelo Teórico da Coleta e Análise de Dados ............................................... 58

Figura 5: Distribuição dos Imóveis ................................................................................. 65

Figura 6: Resumo do Capital Social ............................................................................... 67

Figura 7: Organograma da Gobbato Organizações Patrimoniais Ltda. .......................... 68

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Percentual de empresas familiares (no sentido amplo) em vários países/regiões ... 18

Tabela 2: Empresas familiares nos Estados Unidos em relação ao PIB, à população e a

novos postos de trabalho ........................................................................................ 18

Tabela 3: Municípios mais dinâmicos do Brasil .............................................................. 19

Tabela 4: PIB catarinense de 2002 a 2008 (valores correntes) ...................................... 20

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Vantagens da Holding Familiar x Inventário .................................................. 22

Quadro 2: Código de Ética para Sócios e Parentes ....................................................... 33

Quadro 3: As Vantagens da Empresa Familiar .............................................................. 43

Quadro 4: As Desvantagens da Empresa Familiar ........................................................ 44

Quadro 5: Esboço do Protocolo do Estudo de Caso ...................................................... 60

Quadro 6: Composição dos Imóveis .............................................................................. 64

Quadro 7: Proposta de Ações ........................................................................................ 73

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................. 17

1.1 Tema ............................................................................................................ 17

1.2 Problema ..................................................................................................... 22

1.3 Objetivo Geral ............................................................................................. 24

1.3.1 Objetivos específicos .................................................................................... 24

1.4 Justificativa ................................................................................................. 24

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................... 27

2.1 Organização familiar .................................................................................. 27

2.2 Ciclo de Vida das Organizações ................................................................ 28

2.3 Características de uma Empresa Familiar ................................................ 31

2.4 Modelos de Empresas Familiares ............................................................. 34

2.5 Gestão da Empresa Familiar ...................................................................... 37

2.6 Componentes da Transição ....................................................................... 39

2.7 Administração de Conflitos ....................................................................... 41

2.8 Vantagens e Desvantagens de Empresas Familiares ............................. 43

2.9 Planejamento do Processo Sucessório .................................................... 45

2.10 Organização de uma Holding Familiar ...................................................... 49

3 METODOLOGIA .......................................................................... 52

3.1 Tipologia de Pesquisa ................................................................................ 52

3.2 Sujeito do estudo ........................................................................................ 54

3.3 Instrumento de pesquisa ........................................................................... 55

3.3.1 Protocolo para o estudo de caso .................................................................. 59

3.4 Análise e apresentação dos dados ........................................................... 60

3.5 Limitações da pesquisa ............................................................................. 61

4 RESULTADOS ............................................................................. 62

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4.1 Caracterização da organização ................................................................. 62

4.2 Descrever os principais critérios para a eleição da sucessão ............... 68

4.2.1 Respondentes ............................................................................................... 68

4.2.2 Formação da Organização ........................................................................... 69

4.2.3 Processo Sucessório .................................................................................... 70

4.3 Identificar os principais conflitos na sucessão familiar.......................... 71

4.4 Propor ações para delimitar o processo gerencial na sucessão familiar .... 72

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................... 75

REFERÊNCIAS ....................................................................................... 77

APÊNDICE: ............................................................................................. 80

Apêndice A – Roteiro de entrevistas ......................................................................... 80

ANEXO: ................................................................................................... 83

Anexo A – Modelo de Contrato de uma Holding Familiar .......................................... 83

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Tema

No atual universo das empresas familiares muito se tem estudado no sentido de

buscar um sucessor para os empreendimentos realizados pelo patriarca da família. Os

negócios de família dão origem a uma sociedade familiar onde cada membro possui

seu quinhão, ou sua cota, e os mesmos direitos e deveres, porém, a viabilidade da

continuidade do sonho do fundador é motivo de preocupação. Daí a necessidade de se

criar meios para a preparação de um sucessor, já que, enquanto vivo o patriarca, nem

sempre os familiares estão comprometidos e com visão de longo prazo necessária para

a continuidade dos negócios.

O processo sucessório na organização familiar espelha a maneira como a

própria família é gerenciada. A importância do planejamento sucessório, através da

constituição de uma pessoa jurídica, constitui uma maneira de proteger o patrimônio,

aproveitando incentivos fiscais oferecidos, a impenhorabilidade, incomunicabilidade e

inalienabilidade, protegendo e garantindo a longevidade e a estabilidade financeira da

família.

Existem várias estatísticas sobre a quantidade de empresas familiares em

diversos países, e também estudos sobre a participação das empresas familiares em

seus PIB (Produto Interno Bruto). Alguns consideram que a base da economia de

muitos países está alicerçada nas empresas familiares típicas, conforme demonstram

os dados na tabelas 1 e 2.

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Tabela 1: Percentual de empresas familiares (no sentido amplo) em vários países/regiões

País/região Percentual

Portugal 70%

Inglaterra 75%

Espanha 80%

Suíça 85%

Suécia 90%

Itália 95%

Oriente Próximo 95%

Brasil (Estimativa) 85%

Fonte: Neubauer e Lank (1999) apud Bornholdt (2005, p.35)

Estes dados sugerem a relevância do tema no momento, e é possível observar

alguns dados curiosos quanto à importância das empresas familiares nos postos de

trabalho, conforme tabela 02. Apesar de algumas divergências de números, existe uma

unanimidade sobre o valor das empresas familiares na economia dos diferentes países

(BORNHOLDT, 2005).

Tabela 2: Empresas familiares nos Estados Unidos em relação ao PIB, à população e a novos postos de trabalho

Definição no

sentido amplo

Definição no

sentido

intermediário

Definição no

sentido Restrito

Número de empresas familiares em

milhões 20,3 12,2 4,1

% PIB 49% 30% 12%

% da população trabalhadora 59% 37% 15%

% de novos postos de trabalho criados

entre 1987 e 1990 78% 48% 19%

Fonte: Neubauer e Lank (1999) apud Bornholdt (2005, p.35)

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O estudo de mercado dos 300 municípios mais dinâmicos do Brasil, realizado

pela Florenzano Marketing em 2009, revelou quais as cidades que em 2008 cresceram

mais que a média nacional, tanto no aspecto econômico quanto no social. Dos 5.565

municípios brasileiros, são pesquisados os 300 maiores mercados, ou seja, aqueles

que têm os maiores potenciais de consumo. Conforme pesquisa, segue abaixo na

tabela 3, os 10 municípios mais dinâmicos do Brasil.

Tabela 3: Municípios mais dinâmicos do Brasil

POSIÇÃO ESTADO MUNICÍPIO % em relação à média do Brasil = 100

1 SC Palhoça 164

2 PR Araucária 159

3 ES Serra 159

4 PA Marabá 155

5 CE Caucala 154

6 SC Balneário Camboriú 153

7 RN Parnamirim 151

8 PR São José dos Pinhais 148

9 GO Aparecida de Goiânia 146

10 AL Arapiraca 146

Fonte: Florenzano (2009)

O indicador de dinamismo foi construído considerando o potencial de consumo

baseado na renda geral das famílias do município, o PIB municipal, os depósitos

bancários mais operações de crédito, o índice de criação de novas empresas, o

licenciamento de veículos, a população municipal e os investimentos sociais per capita,

compostos de gastos com saúde, educação, saneamento, ciência e tecnologia e

habitação. De acordo com o estudo, Palhoça é o município mais dinâmico do país, com

um índice de 164, ou seja, 64% acima da média central. Balneário Camboriú aparece

em sexto lugar no ranking nacional, com um índice de 153. Além destes, deve-se citar

com dinamismo em Santa Catarina outros como Joinville, São José, Florianópolis,

Brusque e Blumenau.

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20

O PIB catarinense é o sétimo do Brasil, registrando, em 2006, R$ 93,2 bilhões.

As estimativas preliminares para 2007 são de R$ 100,8 bilhões e para 2008 R$ 118,2

bilhões. O setor secundário participa com 34,4%, o setor terciário com 58,7% e o

primário com 6,9%. Dentro do setor secundário, a participação da indústria de

transformação é de 24,4%, de acordo com a nova metodologia de cálculo do IBGE

(FIESC, 2009).

A economia industrial de Santa Catarina é caracterizada pela concentração em

diversos pólos, o que confere ao estado padrões de desenvolvimento equilibrado entre

suas regiões: cerâmico, carvão, vestuário e descartáveis plásticos no Sul; alimentar e

móveis no Oeste; têxtil, vestuário e cristal no Vale do Itajaí; metalurgia, máquinas e

equipamentos, material elétrico, autopeças, plástico, confecções e mobiliário no Norte;

madeireiro na região Serrana e tecnológico na Capital. Embora haja essa concentração

por região, muitos municípios estão desenvolvendo vocações diferenciadas,

fortalecendo vários segmentos de atividade, a tabela 4 , demonstra a evolução do PIB

de Santa Catarina.

Tabela 4: PIB catarinense de 2002 a 2008 (valores correntes)

ANO PIB total (R$

milhões)

PIB Per capita

(R$) População (hab.)

Variação %

PIB total

2002 55.732 9.969 5.590.255 -

2003 66.849 11.764 5.682.236 1,02

2004 77.393 13.403 5.774.446 7,49

2005 85.316 14.543 5.866.568 1,57

2006 93.173 15.638 5.958.266 2,59

2007¹ 100.852 17.191 5.866.487 5,13

2008¹ 118.210 19.530 6.052.587 5,85

Fonte: FIESC (2009) ¹ Estimativa preliminar atualizada em 13/05/2009

Percebe-se com estes dados a importância das empresas familiares na

economia mundial e nacional, contudo cabe salientar segundo Morgan (1996, p. 159) a

gestão de conflitos onde os interesses estão muitas vezes em rota de colisão. “A

reação é natural dentro do contexto organizacional, e configura-se como uma força

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21

disfuncional que pode ser atribuída a um conjunto de circunstâncias ou causas

lamentáveis”.

A administração de conflitos entre pais e filhos, que no entendimento de

Bornholdt (2005), é cheia de emoções e ambigüidades, e esse tema é complexo, pois

envolve também sentimentos de reconhecimento e frustrações para ambos, e a medida

em que os espaços e as diferenças entre o “velho” e o “novo” vão se estreitando, é

importante criar regras claras, cuja implantação e desenvolvimento possam acorrer ao

longo do tempo. Isso possibilita que o “velho” e o “novo” se desenvolvam e ocupem

novos espaços de forma progressiva.

Quando uma organização envelhece significa que há uma diminuição da

capacidade de enfrentar problemas. Os mesmos problemas que uma organização vinha

enfrentando a anos começam a parecer cada vez mais insuperáveis „a medida em que

ela envelhece. É, no entanto, possível reverter o processo do envelhecimento. O

propósito da gerencia deve ser promover o crescimento equilibrado ou o

rejuvenescimento, e levar a organização à Plenitude, mantendo-a lá. Viver significa

resolver problemas ininterruptamente (ADIZES, 2002).

Salienta Oliveira (2006, p. 156), que uma oportunidade para as organizações

familiares é a holding uma vez que:

As empresas holdings podem facilitar o planejamento, a organização, o controle, bem como o processo diretivo de suas empresas afiliadas. E no caso de holding formada por empresas familiares, também proporciona a seus proprietários a melhor distribuição em vida de seu patrimônio a seus herdeiros, sem ficar privado do efetivo e amplo processo administrativo.

A holding no entendimento de Teixeira (2007), supre os problemas pessoais e

atende também a qualquer problema de ordem social, podendo proporcionar diversas

facilidades de seus fundadores, tais como: casamentos, divórcios, separação de bens,

comunhão de bens, autorização do cônjuge em venda de imóveis, procurações,

disposições de última vontade, reconhecimento a funcionários de longa data, amparo a

filhos e empregados. Complementa Teixeira (2007), que existe um tipo de holding para

cada tipo de problema, unidos a outros documentos que podem prover necessidades

humanas, apresentando soluções legais em diversas formas societárias.

Page 22: Monografia holding familiar

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Existem vantagens no aproveitamento da legislação fiscal vigente, apesar dos controles mais rígidos sobre a holding. A maior vantagem nesse campo está principalmente na coordenação empresarial da pessoa física. Após a promulgação da Constituição Federal de 1988, essas vantagens se tornaram maiores e mais sutis (TEIXEIRA, 2007, p.1).

As vantagens da holding familiar comparado ao processo de inventário pode ser

melhor observado no quadro 1.

Vantagens da holding familiar em relação aos inventários

Eventos Holding

Familiar Inventário

1) Tributação da Herança e Doação 4% 4%

2) Tempo para criação ou tempo do

Inventário

30 dias em

média.

05 anos em

média

3) Tributação dos Rendimentos 12.00% 27.50%

4) Tributação da venda de Bens Imóveis 5.80% 27.50%

5) Sucessão conforme novo Código Civil para

casamentos com comunhão parcial de bens

Cônjuge NÃO é

herdeiro.

Cônjuge É

herdeiro.

Quadro 1: Vantagens da Holding Familiar x Inventário Fonte: adaptado de Teixeira (2007)

1.2 Problema

Este projeto trata da constituição de pessoa jurídica para viabilizar o processo

sucessório em empresas familiares da cidade de Balneário Camboriú/SC e região. A

importância desse assunto está em se obter um meio eficiente e menos oneroso para

garantir a partilha do patrimônio, e gerir as atividades empresariais e comerciais

conquistadas ao longo dos anos pelos patriarcas das famílias.

Page 23: Monografia holding familiar

23

Corroborando com essa idéia, Lodi (1998 p.6) explica que “Empresa familiar é

aquela em que a consideração da sucessão da diretoria está ligada ao fator hereditário

e onde os valores institucionais da firma identificam-se com um sobrenome de família

de um fundador”.

Outro ponto muito importante é o quanto a confiança estabelecida pelo fundador

junto ao ciclo de relacionamentos reflete na marca.

Devemos tomar muito cuidado com cada passo que tomamos dentro da empresa. Por mais que pensemos que não seja tão importante, devemos ter em mente que sempre terá alguma conseqüência. A profissionalização e a sucessão são os caminhos para perpetuar um negócio em família (RICCA, 2009, p.1).

Neste contexto merece análise a estratégia adotada pela Empresa Gobbato

Organizações Patrimoniais Ltda., cuja atividade está relacionada à administração de

imóveis e bens, atuando no ramo há seis anos, com participação nas cidades de

Navegantes, Bombinhas, São Francisco do Sul, e principalmente na cidade de

Balneário Camboriú SC, encontrando-se em fase de processo sucessório de

transmissão e integralização de bens para a constituição de pessoa jurídica, a fim de

contribuir para sua longevidade.

Diante disso, percebe-se a importância do tema em estudo, que consiste na

necessidade dos gestores adotarem atitudes capazes de incentivar uma sucessão

administrativa eficiente nas empresas familiares da cidade Balneário Camboriú. Diante

disto, alguns aspectos são relevantes para esta investigação, tais como:

Contribuir para a elaboração de alternativas de gestão que possam

facilitar o processo de sucessão administrativa nas empresas familiares da

região, a partir da primeira geração;

Oferecer subsídios para servir de suporte para a superação do desafio de

se vencer a transição das gerações na gestão das empresas familiares da

região.

Page 24: Monografia holding familiar

24

Desta forma a pergunta que norteia o presente estudo: Quais os principais

fatores determinantes do processo de sucessão da Empresa Gobbato

Organizações Patrimoniais Ltda.?

1.3 Objetivo Geral

Analisar o processo de sucessão da empresa Gobbato Organizações Patrimoniais Ltda.

1.3.1 Objetivos específicos

Caracterizar a organização familiar

Descrever os principais critérios para a eleição da sucessão na empresa

familiar

Identificar os principais conflitos na sucessão familiar

Propor ações para delimitar o processo gerencial na sucessão familiar

1.4 Justificativa

Conforme pesquisa do Núcleo de Estudos de Empresas Familiares da ESPM –

Escola Superior de Propaganda e Marketing, as Organizações controladas e

administradas por pessoas da família, para se ter uma idéia, representam mais de 80%

do total de companhias do Brasil e respondem por até 70% do Produto Interno Bruto

(PIB) da América Latina (ADNEWS, 2008).

Outro dado importante detectado pela FIESP (Federação das Indústrias do

Estado de São Paulo) esta relacionado à gestão da empresa familiar, que na impressão

de Skaf (2005) é de que a maioria das empresas não se prepara de forma adequada

para esse processo inexorável. Só se pensa em soluções diante do fato consumado. E

acredita que a solução deva ter caráter preventivo, ou seja, toda organização precisa

ter um projeto sucessório pronto, com regras preestabelecidas no âmbito da família e

pessoas treinadas e preparadas para assumir cada uma das funções.

Pensando no sucesso, a empresa familiar levaria uma interessante vantagem

uma vez que sua “familiaridade”, ou seja, o recurso intangível resultante do

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25

envolvimento familiar lhe confere importante diferenciação de seus concorrentes. Desde

meados da década de 1980, o campo de estudos em empresas familiares evoluiu

significativamente no entendimento de que tanto a composição organizacional como as

capacitações de empresas familiares são diferentes das não-familiares. O negócio

familiar tem sido descrito como apresentando um ambiente de trabalho único, que

inspira um maior cuidado e lealdade dos funcionários. As relações familiares gerariam

motivações não usuais, estimulariam melhor comunicação (pela linguagem da família) e

maior confiança (INÁCIO, 2008).

Adicionalmente, o processo decisório seria mais rápido por estar centralizado

nos membros da família, e geraria menores custos de transação. Por fim, haveria ainda

a questão do eventual prestígio e reputação do nome da família no Estado, na região

de sua atuação ou, em alguns casos, no próprio país de sua sede, funcionando como

uma cobertura econômica e política (INÁCIO, 2008).

As empresas familiares, algumas por serem pequenas, não possuem recursos

financeiros ou experiência gerencial como a de grandes empresas e deixam, por isso,

de ser competitivas. Encontrar um sucessor também é um desafio que muitas

organizações têm de enfrentar, e buscar alguém com a capacidade de substituir um

líder, é um processo que exige planejamento e demanda de tempo.

Sobre a perspectiva de Csikszentmihalyi (2004) p.142, em cada um dos períodos

históricos, as pessoas que ocupam determinadas funções sociais de maior destaque

alcançam posição de supremacia sobre o restante da população. Dependendo dos

meios de produção e dos valores da sociedade, são ou caçadores, guerreiros,

sacerdotes, proprietários de terras ou comerciantes que acabam comandando não

apenas a economia, mas igualmente a política e a cultura.

Ocorre que durante um processo sucessório nas empresas familiares, os

membros do clã que participam da administração deverão optar por aceitar as

mudanças ou restringir-se à estratégia original, empregar ou não membros da família,

planejar a sucessão ou permitir que as futuras gerações se encarreguem de enfrentar

os desafios e dar continuidade aos negócios.

Os processos sucessórios nas organizações são complexos e, geralmente,

desgastantes, mesmo quando planejados na afirmação de Lemos (2003) p.40, diversas

Page 26: Monografia holding familiar

26

são as dificuldades encontradas no momento de mudança da cúpula administrativa da

empresa. Tal fato torna-se ainda mais delicado quando a organização em questão é

uma empresa familiar. Nesta, as dificuldades enfrentadas tomam uma magnitude que

não é observada nos outros tipos organizacionais e, por isso, esse é um dos temas

mais abordados quando se entra no universo das empresas familiares.

O estágio desenvolvido na empresa Gobbato Organizações Patrimoniais Ltda.,

culmina com o aprendizado teórico do curso e sua aplicação prática, o presente

trabalho se propõe a uma análise dos conhecidos problemas de gestão familiar sob o

prisma das teorias abordadas por diversos autores, e que vem a contribuir para

entender o cotidiano das empresas familiares.

Page 27: Monografia holding familiar

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Organização familiar

A palavra organização deriva do grego organon, que significa ferramenta ou

instrumento. Assim é que Morgan (1996) conclui que idéias sobre tarefas, metas,

propósitos e objetivos tenham se tornado conceitos organizacionais tão fundamentais

quanto as ferramentas e instrumentos que facilitam na consecução de atividades

destinadas a um fim particular.

A organização estabelecida por Robbins (2000) caracteriza-se por um arranjo

sistemático de duas ou mais pessoas que desempenham papéis formais e

compartilham de um propósito definido comum. Corrobora ainda que a organização só

passa a existir a partir do momento em que forem definidos os objetivos e estes devem

ser de interesse de duas ou mais pessoas, pois uma pessoa isolada não é uma

organização. Distingue que, ao contrário da família, a organização é menos pessoal e

não se destina a satisfazer necessidades pessoais.

Do mesmo modo, para Stoner (1999) a organização é o conjunto de duas ou

mais pessoas trabalhando juntas e de modo estruturado para alcançar um objetivo

específico ou um conjunto de objetivos. E uma organização familiar inicia-se a partir de

um desejo possível de realizar ou uma necessidade de sobrevivência. O patriarca

empreendedor torna-se uma pessoa geradora e que acrescenta e reparte sua riqueza.

Há séculos, estudiosos, poetas e dramaturgos descrevem a inter-relação entre

famílias, poder e gestão, sendo, assim, quase impossível delimitar o início e as etapas

de evolução do governo de empresas familiares (BORNHOLDT, 2005). Explica ainda,

Bornholdt, que a palavra governo está associada, metaforicamente, ao ato de conduzir

um navio pelo leme, através de mares revoltos, de um porto a outro de forma segura.

Diante disso, nas empresas familiares, as relações entre empresa, acionistas, família e

herdeiros, conflitos de interesses, relações afetivas e de consangüinidade, passam a

ser um dos temas de maior relevância para vários campos do conhecimento.

A organização familiar é uma empresa ou negócio que está dando também

origem a uma sociedade familiar, e boa parte dos fundadores não estão preparados

Page 28: Monografia holding familiar

28

para gerir essas questões complexas (BERNHOEFT, 2001). Do mesmo modo,

Lanzana (1999) considera uma empresa como familiar quando um ou mais membros de

uma família exerce considerável controle administrativo sobre a empresa, por possuir

parcela expressiva da propriedade do capital. Assim, existe estreita ou considerável

relação entre propriedade e controle, sendo que o controle é exercido justamente com

base na propriedade.

A pesquisa da Escola Superior Propaganda e Marketing mostra ainda que a falta

de profissionalização e planejamento dos futuros dirigentes quanto às peculiaridades da

administração das empresas também justifica os altos índices de organizações que não

passam da segunda geração. Entretanto, muitas perpetuaram-se e têm como

característica básica a sucessão do poder decisório de maneira hereditária, tornando-as

diferentes das demais empresas (ADNEWS, 2008).

2.2 Ciclo de Vida das Organizações

A metodologia esboçada por Adizes (2002) considera as organizações como

organismos vivos que nascem, crescem, envelhecem e morrem, e possuem ciclos de

vida, que sofrem modificações e revelam padrões previsíveis de comportamento. Sua

teoria apresenta os seguintes estágios:

1) Estágio do namoro - quando o fundador tem idéia de inicio dos negócios. “No

ciclo de vida da empresa a parte do conhecimento da empresa, todos os processos

serão planejados, o fundador tem que apaixonar-se pela idéia do negocio que está

concebendo”, onde as idéias são discutidas, as dúvidas sobre as necessidades da

empresa serão resolvidas.

2) Estágio da infância - a empresa vista como uma criança de colo que precisa

de cuidados e alimento para crescer, sua estrutura ainda muito enfraquecida. “Não há

ninguém com capacidade para assumir a direção se fundador vier a falecer”.

3) Estágio Toca-Toca - fase que a empresa passou pela infância começa

engatinhar procurando todas as oportunidades, o fundador começa abrir portas para

outros mercados, as vendas aumentam rapidamente sem grandes esforços e começa

descuidar dos seus investimentos, os espaços físicos dentro da empresa começam a

Page 29: Monografia holding familiar

29

exigir novos aumentos, assim tendo necessidade de abrir novos mercados, o

importante que fundador não tire o olho da empresa fique com muita atenção. “Os pais

de um garoto de dois anos não podem perdê-lo de vista um instante sequer, pois o

garoto não para de se meter em encrencas”.

4) Estágio da Adolescência - a empresa renasce tomando novos patamares, o

fundador tem que delegar novas missões. “O fundador tem que passar o bastão para o

administrador no momento certo para assegurar uma transição saudável para a

Adolescência”. Nesse cenário que surge o novo gerente que irá profissionalizar a

empresa, a saída do fundador nessa fase a empresa envelhece prematuramente

porque a organização beneficia-se por um tempo do espírito do empreendedor do seu

estágio Toca-Toca.

5) Estágio da Plenitude – a empresa atinge um equilíbrio de autocontrole e de

flexibilidade, elas sabem o que estão fazendo para onde estão indo e como chegar lá. A

plenitude não significa que a organização chegou a seu destino, mas que ela ainda está

crescendo nada ainda foi definido. O espírito empreendedor não pode apagar, nessa

fase que a empresa tende a se manter a perda do empreendedorismo leva ao

envelhecimento da empresa.

6) Estágio de estabilidade – “A empresa ainda está forte, mas vai perdendo sua

flexibilidade e está chegando ao fim do crescimento e começando a declinar”. “A

organização começa a buscar novas soluções, novos desenvolvimentos de produtos,

as verbas de pesquisas e marketing são reduzidas para aumentar os lucros”.

7) Estágio da Aristocracia – nessa fase a empresa está crescendo cada vez

mais, a reunião começam a ser tratadas como primordiais dando ênfase em relatórios

financeiros e não como vender mais. “Tentam aumentar os lucros elevando a receita, e

não reduzindo os custos” isso acontece ao contrário o que ocorre na fase de plenitude,

as vendas começam cair.

8) Estágio de Burocracia incipiente – Nessa fase as vendas diminuem em muito,

pois o preço foi aumentado na fase de Aristocracia, iniciou-se com modificações na

empresa, estratégias colocadas em práticas para aumentar as vendas.

9) Estágio Burocrático – “A empresa não gera recursos próprios em grau

suficiente para se manter”, a inovação diminui, nessa fase as decisões se repete muito,

Page 30: Monografia holding familiar

30

a burocracia interfere em todas as estratégias, as solicitações de pedido têm ser por

escrito, dificultando os processos uma das características da burocracia. Gerentes não

fazem nada deixa a organização como está.

10) Estágio da Morte – Por ultimo a fase final da organização, quando chega ao

fim, o fundador não tem compromisso com a empresa, medidas de ajuda devem ser

colocadas em práticas.

Há necessidade de superar-se, na prática, o paradigma em relação ao dito

popular que diz: “Pai rico, filho nobre, neto pobre”. As empresas familiares no

entendimento de Bornholdt (2005) estão em constante renovação, inovação e

integração, e os ciclos de vida dessas empresas estão associados a inúmeros fatores

externos e internos, que independem de a liderança estar na primeira, segunda ou

terceira geração. Conceituar e correlacionar os ciclos de vida das empresas familiares,

através de gerações, é prematuro já que as grandes empresas surgiram nos últimos

cinqüenta anos.

Na prática há duas perspectivas diferentes que podem ser examinadas: o ciclo

de vida correlacionado às gerações e o ciclo de vida correlacionado ao estagio da

empresa (BORNHOLDT, 2005).

a) Ciclo de vida correlacionado às gerações

Primeira fase: a dos fundadores e empreendedores que dirigem as

organizações de acordo com suas crenças e valores, com pouca

interferência do sistema familiar e societário. Nesse período, começa o

processo de transição de liderança, sucessão e, em contrapartida, a

necessidade de segurança para o cônjuge e para o fundador com

respectivo planejamento de patrimonial e tributário.

Segunda fase: a sociedade entre irmãos com características próprios de

relações entre irmãos, pais e respectivos cônjuges. Nessa etapa, também

acontece a disputa pela liderança (subliminar ou explicita) e o processo

sucessório. Aqui é fundamental o desenvolvimento de um acordo ou pacto

entre acionistas/ sócios.

Terceira fase: a de consorcio de primos, com forte inter-relação entre o

sistema familiar, societário e empresarial, quando há necessidade de

Page 31: Monografia holding familiar

31

espaço e pauta intersistemas. Nessa fase, na pauta as questões de

distribuição de capital, dividendos, benefícios e a liquidez dos acionistas/

sócios. Nesse terceiro momento, é fundamental resgatar as tradições e os

elementos da cultura organizacional, redefinir a visão e a missão das

famílias e da empresa, administrar os conflitos de interesses e

implementar a revisão do acordo/ pacto societário.

b) Ciclo de vida correlacionado com estágio das empresas.

Primeira fase: inicio, onde se destacam o empreendedorismo, a

criatividade e a ousadia com rápido crescimento;

Segunda fase: expansão, onde se destacam os processos de delegação,

profissionalização, inicio de formalizações e controles. É o momento em

que aparece explicitamente alguma crise de liderança/ autonomia;

Terceira fase: maturidade, onde se destaca a capacidade de discutir e

administrar as diferenças: reforço da cultura organizacional; foco nos

negócio; planejamento estratégico; preocupação com o retorno de

investimentos; e as relações entre os sistemas societários (acionistas/

sócios) e familiares (herdeiros, cônjuges).

Os ciclos de vida das empresas familiares apresentados tanto pela teoria de Adizes

(2002) como pelos estudos de Bornholdt (2005) conduzem à idéia de que as diferentes

fases das famílias empresárias se refletem, muitas vezes, nos ciclos de vida das

empresas. Outras vezes, os ciclos de vida das empresas independem das gerações e

estão correlacionados a seu grau de maturidade.

2.3 Características de uma Empresa Familiar

As sociedades familiares sofrem a influência de vínculos familiares, questões

religiosas e traços culturais do empreendedor na fase do início da empresa. Além disso,

segundo Bernhoeft (2001), o fundador é o elo mais importante e de forte ligação entre a

família e a empresa, centralizando os comandos e elegendo a empresa como

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prioridade. Como principal característica das empresas familiares Gersick et al. (1997,

p. 1) apontam o fato de estarem “[...] ligadas a uma família” e por isso serem um tipo

especial de empresa.

A empresa familiar brasileira, em sua primeira geração, apresenta algumas

características que são destacadas por Bernhoeft (2001):

A sociedade constitui-se pela união em torno do trabalho. Negócio,

trabalho e sociedade constituem o “cimento” que vai construir a relação

“sociedade do trabalho”;

Política de reinvestimento. Todo e qualquer resultado é destinado a fazer

crescer o próprio negócio, sem dúvidas ou contestações;

Existência da figura do “dono”. Facilitando a tomada de decisões rápidas,

mas com risco de o poder centralizador limitar o crescimento dos

negócios;

Estruturas “enxutas”. Chamada “pré-burocrática, a estrutura está apoiada

nas pessoas, que apresentam uma maior disponibilidade para ajudar na

busca de soluções dos problemas que surgem;

Sistema de adesão pela lealdade. Os funcionários tendem a envolver-se

muito pessoalmente com os demais e com a própria empresa, seja em

lealdade, disponibilidade e dedicação;

Família a serviço da empresa. Os interesses da empresa são primordiais

em relação aos interesses particulares dos membros da família.

É evidente que as particularidades das empresas familiares em segundas ou

terceiras gerações são diferentes e baseadas, principalmente, no capital e preocupação

com o sucesso dos negócios. E uma das grandes dificuldades das sociedades

familiares, ainda segundo Bernhoeft (2001), está em dar início ao processo que viabilize

uma gradativa separação entre família, propriedade e gestão, em razão dos

envolvimentos emocionais presentes na fase empresa-família.

Com a evolução da empresa familiar, os papéis de fundador, empresário,

membros da família, sócios, sofrem mudanças nas responsabilidades e nos

comportamentos de cada membro. Assim é que Lodi (1994) elaborou um código de

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ética para sócios e parentes, visando a identificação dos conflitos de interesse e dos

abusos, e a elevação do nível ético das relações entre irmãos, parentes, sócios e

colegas de profissão, conforme quadro 2.

1 Compromisso com a continuidade da empresa.

2 Prioridade do interesse da empresa sobre o interesse pessoal.

3 Harmonia e união da família.

4 Boas relações humanas dentro da família.

5 Comprometimento com a excelência.

6 Não ingerência na linha hierárquica.

7 Identificar e reforçar os valores da família.

8 Compromisso com a profissionalização.

9 Saber lidar com o comportamento político das pessoas.

10 Manter um clima de respeito e orgulho profissional e familiar.

11 Ética do dinheiro.

12 Respeito pelo ser humano e atitude contra preconceitos.

Quadro 2: Código de Ética para Sócios e Parentes Fonte: Lodi (1994, p.13)

O código de ética abrange também outros elementos além da relação entre

sócios, destes com clientes, fornecedores e concorrentes. Ainda que lamentavelmente

escasso, o código de ética é instrumento importante para a redução de futuros conflitos

de interesses, em qualquer tipo de empresa (LODI,1994). Adicione-se a isso, as

indagações para serem refletidas por (BERNHOEFT, 1999, p.97) como por exemplo:

Qual é o grau do compromisso mútuo que existe entre os sócios? Os interesses coletivos (da sociedade) estão acima dos individuais? Como serão administradas questões morais ou conflitos entre sócios e familiares? E a relação com o governo? A postura frente ao fisco? A cumplicidade dos sócios no que diz respeito às demais relações que os mesmos possuem?

As empresas familiares, segundo Gersick et al. (1997), são a forma

predominante de empresas em todo o mundo. Nas economias capitalistas, a maioria

delas se inicia com idéias, empenho e investimento de indivíduos empreendedores e

Page 34: Monografia holding familiar

34

seus parentes. Fazer com que um empreendimento empresarial tenha sucesso, e

depois passá-lo de pais para filhos, não é apenas um sonho. É o sonho dourado de

grande parte da população do mundo. Para tanto, muitos se dedicam ao estudo das

empresas familiares, elaborando teorias, modelos, estudos de casos reais, para melhor

compreensão e com o objetivo aprimorar a gestão das mesmas.

2.4 Modelos de Empresas Familiares

Os primeiros estudos desenvolvidos acerca das empresas familiares como

sistemas focalizavam problemas como nepotismo, rivalidade entre gerações e

administração não-profissional. Depois, veio o modelo conceitual elaborado por Davis,

nos anos 80, que afirmava que as empresas familiares são compostas por dois

subsistemas, a família e a gestão, como se fossem dois círculos superpostos, cada um

com suas normas, regras de admissão e estruturas de valores organizacionais. Esse

conceito ainda é usado para análises de comportamento organizacional complexo,

estratégia, competitividade e dinâmicas familiares (GERSICK et al.,1997).

O sistema denominado “modelo de três círculos” desenvolvido por Gersick et al.

(1997), surgiu em complementação às idéias do modelo conceitual, e permite

compreender a natureza de uma empresa familiar, formada por subsistemas

independentes, mas interligados (negócio, família e estrutura da propriedade), conforme

se pode observar na figura 1.

Page 35: Monografia holding familiar

35

Figura 1: Modelo dos Três Círculos da Empresa Familiar Fonte: Gersick et al. (1997, p. 6).

Os autores descrevem que qualquer pessoa de uma empresa familiar pode

inserir-se em um dos sete setores formados pelos círculos superpostos dos

subsistemas. No setor 1 - estará um membro da família, que não é proprietário nem

funcionário; no setor 2 - o acionista, que não é membro da família nem funcionário; no

setor 3 - o funcionário, que não é proprietário nem membro da família; no setor 4 – o

proprietário, que é membro da família, mas não trabalha na empresa; no setor 5 – o

proprietário, que trabalha na empresa, mas não é membro da família; no setor 6 -

membro da família, que é funcionário, mas não é proprietário; e no setor 7 – o

proprietário, que é membro da família e trabalha na empresa.

A esse modelo dos três círculos, acrescentaram a variável tempo, dando origem

ao “modelo de desenvolvimento” que, segundo Davis (2003) permite estudar a evolução

Page 36: Monografia holding familiar

36

do negócio nas etapas de lançamento, expansão e maturidade, bem como os ciclos

familiares e as mudanças de propriedade, conforme figura 2.

Figura 2: Representação Visual do Modelo de Desenvolvimento. Fonte: Davis (2003, p. 108)

As empresas atravessam etapas previsíveis, relacionadas à passagem do tempo

e correspondentes aos ciclos familiares: desde o lançamento do negócio até a de

expansão e maturidade, que muitas vezes conduz ao declínio e a morte. A vantagem

em aplicar-se a ação do tempo, está na possibilidade de antecipar grande parte dos

problemas que o negócio familiar enfrentará e a preparação para resolvê-los (DAVIS,

2003).

Em termos de estrutura da propriedade numa empresa familiar, pode-se afirmar,

segundo Gersick et al.(1997, p.30), “que permanece estática por gerações, mesmo

quando mudam os acionistas”. As empresas controladas por proprietários únicos

(Proprietário Controlador), por irmãos (Sociedade entre Irmãos) e por um grupo de

primos (Consórcio de Primos). Os períodos de transição entre as etapas da propriedade

não ocorrem instantaneamente (DAVIS, 2003).

Consórcio

de primos

Sociedade de Irmãos

Proprietário

controlador

Desenvolvimento

da propriedade

Lançamento

Expansão/

formalização

Maturidade

Desenvolvimento

da empresa

Família

fundadora

jovem

Entrada dos

descendentes

na empresa

Trabalho

conjunto

Transferência

de comando

Desenvolvimento

da família

Page 37: Monografia holding familiar

37

2.5 Gestão da Empresa Familiar

Na próxima década, conforme atenta Drucker (2003), o administrador brasileiro

irá se ver diante de exigências e oportunidades sem precedentes. E toda uma nova

geração de jovens irá ingressar em suas carreiras administrativas.

O processo de gestão da empresa familiar absorve práticas administrativas mais

racionais e menos pessoais, integra gerentes contratados e assalariados entre

administrador familiar, substitui formas de contratação de trabalho ultrapassadas ou

patriarcais por formas assalariadas, e direciona a empresa a alcançar de maneira

profissional seus objetivos.

A gestão nas empresas familiares exige que primeiramente sejam identificados

os assuntos que dizem respeito à família, à sociedade e à empresa. Uma vez

identificados, precisam ser separados e isoladamente compreendidos. Concluída essa

etapa, voltam a serem unidos e integrados através dos órgãos que Bornholdt (2005)

chama de órgãos de governança corporativa, tais quais os conselhos de administração,

que ainda são grande fonte de preocupações entre executivos, investidores e

consultores, e que, nas empresas familiares, revestem-se de outras configurações.

Os conselhos de administração surgiram com a Lei nº 6.404/1976 das

Sociedades de Capital Aberto, a partir de 1976, e diante da situação de mercado da

época, funcionavam apenas por exigência legal. Atualmente, a situação é outra, a

competitividade é fator de diferenciação entre as empresas lucrativas e as que

sobrevivem, além da existência de um processo de seleção das organizações através

das competências gerenciais. A gestão de hoje é mais complexa, e por isso sofre

maiores riscos (BORNHOLDT, 2005).

Nas empresas familiares, os órgãos de governança ou de gestão são

principalmente o conselho de família, o conselho de administração e o código de ética e

conduta. Dependendo do porte da empresa, da complexidade do sistema familiar e

societário, de quantas gerações estão na ativa, alguns órgãos são válidos e outros não.

Além dos já mencionados, outros órgãos como conselho superior, gestão executiva,

conselho consultivo, conselho fiscal, auditoria independente, conselho de sócios e

Page 38: Monografia holding familiar

38

assembléia de acionistas, podem contribuir para a boa governança corporativa nas

empresas familiares.

O Conselho de família, que há cerca de uma década era totalmente

desconhecido, hoje é instrumento de conciliação dos interesses das famílias

empresárias. É órgão optativo, segundo Bornholdt (2005), mas de fundamental

importância, que visa deliberar sobre os interesses e expectativas dos familiares nos

negócios, cuidando de suas participações na sociedade, zelando pelo patrimônio dos

sócios e acionistas, administrando conflitos de interesses entre familiares, sem

ingerência e interferência nas decisões e nas questões empresariais. Normalmente é

representado por um dois membros de cada núcleo ou grupo familiar, escolhidos por

esses para representá-los. Em que pese o formato da empresa familiar, os conselhos

de família cuidam preventivamente de três assuntos básicos, que se refletem em sua

missão: patrimônio, educação e cultura.

O Conselho de administração nas empresas familiares ainda é pouco utilizado,

no contexto geral, mas muitas experiências e adaptações já estão sendo realizadas por

parte de empresários e herdeiros. Para seu bom funcionamento, o conselho de

administração precisa definir regras que permitam equilibrar e delimitar os conflitos

muitas vezes presentes nas empresas familiares, através da elaboração de um

regimento interno, que poderá apresentar-se na forma ampla ou restrita (BORNHOLDT,

2005).

De acordo com a conveniência de cada empresa, o regimento interno amplo

compreende os seguintes principais tópicos: declaração da missão; definição de

objetivos; forma de atuação e funcionamento; composição e estrutura; critérios para

deliberações; critérios para seleção de conselheiros e suas respectivas remunerações;

mandatos dos membros; critérios para eleição do presidente; papel e atribuições do

presidente e conselheiros; dentre outros.

Page 39: Monografia holding familiar

39

2.6 Componentes da Transição

Os períodos de transição de uma empresa familiar, que não ocorre

instantaneamente, como já dito, seguem um curso típico, podendo variar de alguns

meses a vários anos, e são formados de seis componentes, conforme Davis (2003),

quais sejam: o acúmulo de pressões pró-desenvolvimento, o detonador, o

desprendimento, a avaliação de alternativas, a escolha e o compromisso com a nova

estrutura.

A empresa familiar é um sistema funcional e em crescimento; interage

continuamente com seu ambiente e equilibra movimento e estabilidade. As pessoas

envelhecem, a dinâmica familiar evolui e o ambiente econômico se altera. Certamente

haverá uma resistência à mudança, com proteção de hábitos e rotinas. Entretanto,

acionada por um detonador, a pressão pelo desenvolvimento é ativada e o sistema tem

a oportunidade de fazer mudanças que procuram levar a um melhor aproveitamento de

recursos e desenvolvimento de metas. Após certo período de equilíbrio, depois da

transição, as pressões para o desenvolvimento voltarão e darão início a novas

mudanças (DAVIS, 2003).

O detonador da transição pode ser considerado para Davis (2003), como um

“alarme” temporal, ou a faísca que dá início à ação, podendo parecer insignificante

diante das pressões para o desenvolvimento. Assim que a transição é disparada,

começa o verdadeiro trabalho, integrado por três tarefas seqüenciais: o desprendimento

consiste no reconhecimento de que a antiga estrutura deve ser modificada e uma nova

precisa ser descoberta; a avaliação de alternativas é a análise das diferentes formas

para a nova estrutura e sua viabilidade diante dos sonhos, talentos e capacidades dos

participantes, e representa aprendizado e revisão, e um importante desafio para os

líderes que enfrentam a transição; a escolha, em algum momento é preciso escolher

uma das alternativas analisadas, descartar todas as outras, e encaminhar o sistema

para os passos finais do processo de transição, não importando a ordem seqüencial

das tarefas

No compromisso com a nova estrutura, a escolha não marca o fim da transição.

Ela precisa ser consolidada pela fase final de compromisso, quando a empresa familiar

Page 40: Monografia holding familiar

40

declara formalmente que está pronta para funcionar de modo diferente, e implementar a

mudança em sua estrutura e no seu ambiente.

Para melhor exemplificar essas seis etapas de DAVIS (2003), o relato a seguir

conta o que ocorreu com um pai, proprietário controlador da empresa, que antecipou

sua aposentadoria, assim como a de um dos principais diretores. Na organização,

trabalhavam quatro filhos adultos.

As Pressões pró-desenvolvimento – A saída de ambos exigia um complexo

planejamento financeiro para a empresa. A esposa do presidente já pensava na vida

após a aposentadoria, o que incluía uma casa nova e viagens. O filho mais velho sofria

de uma doença muscular degenerativa, e a preocupação da família com suas

condições de saúde eram crescentes. As brigas entre irmãos tornavam-se cada vez

mais sérias.

O Detonador – A empresa desmoronou quando, de repente, o pai declarou seu

desejo de se afastar completamente da firma em quinze meses.

O Desprendimento – Tornou-se realidade quando o pai anunciou publicamente

sua decisão e a família montou um cronograma com tudo que precisaria ser feito nos

quinze meses seguintes.

A Avaliação de alternativas – Incluiu um período intenso de aprendizado sobre a

empresa e facilitou as reuniões familiares. Os irmãos estavam interessados em gestão

e analisaram as opções para enfrentar as questões relativas à propriedade, ao negócio

e aos assuntos familiares. Esse interesse os levou a trabalhar em equipe no processo

de contratação de um conselheiro não-executivo que os ajudaria a reformular a diretoria

e os ensinaria a gerir profissionalmente o negócio em crescimento. Depois de alguns

exercícios, tornou-se óbvio que, apesar das diferenças todos compartilhavam um sonho

comum: a companhia deveria ser preservada e protegida em benefício da família.

A Escolha, portanto, foi a implementação de uma sociedade de irmãos. Unidos

em torno da propriedade comum e lançando mão de boas práticas empresariais,

mesmo com as dificuldades de capital e indefinição inicial de liderança, começaram a

descobrir como fazer as coisas funcionar, a partir do que, saindo da fase de transição e

entrando na de compromisso, os irmãos passaram a assumir suas responsabilidades,

sem receio de cometer erros, com evidente mudança de postura.

Page 41: Monografia holding familiar

41

Além do conhecimento dessas etapas, deve-se considerar que os valores

familiares geralmente se relacionam com pessoas, trabalho e dinheiro, além de religião,

tradição e disposição para se adaptar as novas idéias, e que não é tão fácil identificar a

profundidade da cultura da família. Para isso Lodi (1994), alega que é necessário

verificar:

Em que os lideres prestam atenção, o que mensuram e controlam.

Reações a incidentes críticos e crises.

Como são ensinados e treinados.

Como as recompensas e status são alocados.

Como a família recruta, promove, aposenta a excomunga os seus membros.

As histórias, lendas, mitos e parábolas da família.

Nesse conjunto de componentes, conforme discutido neste tema, somados à

ética, é que se percebe a necessidade de planejamento na “passagem do bastão” nas

empresas familiares, e o fator tempo é a variável que tem que ser levada em

consideração como determinante para a transição, e preparar um líder ou gestor é de

extrema importância para a empresa e para a família.

2.7 Administração de Conflitos

Geralmente, quando o assunto tratado é “conflitos”, há um certo temor de que o

tema envolva brigas, lutas, atritos, antagonismos, incompatibilidades e até guerras. De

acordo com Bornholdt (2005), muitos evitam tratar dos conflitos como se gerassem

situações inconciliáveis, rupturas ou inimizades.

No entendimento de Adizes (2002), os diferentes estilos de gerenciamento

geram conflitos. Os interesses pessoais podem conflitar com os dos interesses comuns.

Dessa forma, é comum surgirem conflitos na forma (estilos) e no conteúdo (interesses

pessoais) das organizações.

O que leva a pessoa a agir em uma e não em outra direção é um conjunto

complexo de predisposições que envolvem objetivos, valores, desejos, expectativas e

outras orientações e inclinações, conforme afirma Morgan (1996), e que no quotidiano

as pessoas estão em busca de defender ou ampliar seus interesses, e que outros são

Page 42: Monografia holding familiar

42

considerados intrusos, e estamos prontamente dispostos e destinados a sustentar

nossa posição.

Quando duas gerações trabalham juntas, questões complexas de autoridades e

colaboração quase inevitavelmente causam conflitos. E isso torna-se visível na análise

e aplicação do modelo dos três círculos, ficando evidente que os conflitos estão

embutidos na estrutura do sistema da empresa familiar, seja em razão de diferentes

perspectivas, seja por causa dos diferentes papéis que desempenham na empresa,

gerando comparações, questionamentos, conflitos, enfim, na opinião de Gersick et al

(1997).

É provável que o conflito aumente à medida que a família comece a enfrentar o

processo da sucessão, segundo Gersick et al (1997), e considera ser mais produtivo

tratar conflitos como um aspecto que não pode nem deve ser evitado na vida da família

e de qualquer outro grupo. Na verdade, os conflitos podem ser valiosos.

O conflito é construtivo quando obtém-se um resultado funcional ou uma

mudança desejada. Isso se dá quando há aprendizagem, pois a aprendizagem é uma

mudança de estado mental; significa crescimento, e ocorre se houver respeito mútuo,

pois nada aprendemos de pessoas que não respeitamos (ADIZES, 2002, p. 170).

A falta de conflito pode ser muito agradável a curto prazo, mas levará a morte a

longo prazo. O conflito é desagradável no momento, mas pode vir a ser muito

construtivo mais adiante, dependendo apenas do que fizermos com ele (ADIZES, 2002,

p. 172).

A tarefa da gerencia é canalizar os conflitos potencialmente destrutivos para que

se tronem construtivos no sentido de criarem e promoverem uma atmosfera de

confiança mútua e respeito mútuo dentro da organização (ADIZES, 2002, p.170).

Assim, pode-se inferir que os gerentes não devem ser tomados exclusivamente como agentes imparciais e defensores dos interesses organizacionais. O trabalho gerencial deve ser percebido como dotado de tensões que são inerentes às relações de produção que do pressupõem conflitos de interesses quanto à distribuição de recursos e gestão do trabalho, conflitos esses que perpassam todo o universo organizacional, incluídos aí também os gerentes (JUNQUILHO, 2001, p.307).

Page 43: Monografia holding familiar

43

Todos os envolvidos num processo de abertura e negociação para administrar

conflitos passam por períodos difíceis e dolorosos. Muitos são os temas em relação aos

quais consideram a opção inadequada, se sentem desconfortáveis, mas “conseguem

conviver”. Por isso a administração de conflitos, a negociação e o desenvolvimento de

acordos e combinações são essencialmente um processo de elaboração

(BORNHOLDT, 2005, p.56).

2.8 Vantagens e Desvantagens de Empresas Familiares

Para buscar estratégias que sejam ágeis e competitivas no mercado em que

atuam as empresas familiares, é de suma importância fazer-se uma análise dos pontos

favoráveis que, nas concepções de Lodi (1998, p.3), notam-se alguns pontos

considerados como forças da empresa familiar.

Algumas das principais vantagens do ponto de vista de Oliveira (2006, p.15), as

quais os dirigentes devem estar atentos. No quadro 3 foram sintetizadas as idéias dos

autores supracitados e são as seguintes:

Lodi (1998) Vantagens

Oliveira (2006) Vantagens

A lealdade dos empregados é mais acentuada dentro deste

tipo de empresa

Ter continuidade do comando familiar na empresa

O nome da família pode ter grande reputação na região, no

estado, ou no país inteiro.

Ter processo decisório ágil com elevado grau de

flexibilidade para implementação das ações

A escolha correta do sucessor na direção do negócio, causa

um grande respeito pela empresa.

Ter na sucessão uma pessoa com interesse societário na

otimização dos resultados atuais e futuros da empresa

A união entre os acionistas e os dirigentes, facilita a

comunicação entre a Diretoria Executiva, o Conselho de

Administração e a Assembléia dos Acionistas, e também faz

com que, mesmo nos momentos de perdas, os acionistas

sustentem a empresa.

Ter possibilidade de treinamento mais extenso e intenso

O sistema de decisão é mais rápido. Ter um conhecimento mais profundo sobre o executivo

sucessor

A sensibilidade social e política do grupo familiar influenciam

os interesses nacionais e regionais. Ter otimizados sistemas de remuneração

As gerações familiares em sucessão permitem uma troca de

união entre o passado e o futuro.

Ter, principalmente no início do processo, maior poder de

comando sobre o executivo sucessor

Ter visão de longo prazo e planos de investimentos mais

consistentes

Ter maior espírito de família

Quadro 3: As Vantagens da Empresa Familiar Fonte: Lodi (1998, p. 3) e Oliveira (2006, p. 15).

Page 44: Monografia holding familiar

44

Ainda de acordo com Lodi (1998, p.4), a empresa familiar apresenta algumas

fraquezas que podem ser classificadas. Também Oliveira (2006, p.18) aponta algumas

desvantagens da sucessão familiar, sobre as quais os executivos devem ser

precavidos. No quadro 4 foram sintetizadas as idéias relacionadas as desvantagens

abordadas pelos autores supracitados e são as seguintes:

Lodi (1998)

Desvantagens

Oliveira (2006)

Desvantagens

Os conflitos de interesse entre família e empresa Ocorrer disputa de poder entre membros da

família

O uso indevido de recursos da empresa por

membros da família, o famoso complexo da

"galinha dos ovos de ouro"

Ter dificuldade em demitir o executivo sucessor

A falta de sistema de planejamento financeiro Existir dificuldade em desempenhar diferentes

papéis

A resistência à modernização do marketing

O emprego e promoção de parentes por

favoritismo e não por competência, anteriormente

provada

Quadro 4: As Desvantagens da Empresa Familiar Fonte: Lodi (1998, p. 3) e Oliveira (2006, p. 15).

Outro ponto a ser destacado de acordo com Oliveira (2006), é saber separar o

ambiente familiar do vivido em casa do ambiente profissional vivido na empresa, de

qualquer maneira é importante que as famílias se orgulhem de seus negócios e se

dediquem a encontros familiares regulares, em que todos devem debater valores,

visões, mudanças e conflitos.

Como visto, e como alega Adachi (2006), apesar de existirem diversas listas de

vantagens elaboradas pelos mais respeitados autores e pesquisadores de empresa

familiar no mundo, é importante ressaltar que a intensidade e o valor dessas

características variam entre as diversas empresas familiares existentes.

Page 45: Monografia holding familiar

45

2.9 Planejamento do Processo Sucessório

Apesar de todos os conhecimentos divulgados sobre os processos sucessórios,

ainda é relativamente desconhecida a melhor forma de preparar o sucedido. Há uma

tendência nas pesquisas ou na ação de procurar fórmulas, processos e modelos que

deram certo em outras organizações (BORNHOLDT, 2005).

É possível que o principal equívoco cometido pelas lideranças das empresas

familiares, segundo Dupas et al. (2003, p. 71-72), seja o de considerar a sucessão um

evento, não um processo. Como nem sempre aquele que detém a propriedade de uma

empresa é quem possui maior competência para gerenciá-la, a sucessão deve ser feita

através de um processo “[...] formal e planejado de atividades ao longo do tempo, de

modo a criar um conjunto de talentos a partir do qual a decisão final de escolha do

sucessor será feita, quando o momento chegar”.

As principais lacunas apresentadas no procedimento de gestão familiar, tendo

como foco a continuidade, estão relacionadas à concentração do poder; favorecimento

de familiares X competência profissionais; carência de metas concretas; aversão de

controles gerenciais formais; planejamento estratégico e operacional inexistentes, quer

nos sistemas contábeis e de custos e crescimento na composição familiar na

sociedade. O autor salienta ainda que as lacunas são fatores que diminuem a

probabilidade de continuidade de uma organização. Entretanto, comprovam que há

empreendedores cientes destes riscos, que elegem e qualificam seu sucessor para

assegurar a sobrevivência do empreendimento também quando não mais o liderarem

(NASCIMENTO et al. , 2006).

A metodologia esboçada por Adizes (2002), os períodos de transição de uma

empresa familiar destacados por Davis (2003), o ciclo de vida correlacionado às

gerações e ainda o ciclo de vida correlacionado ao estágio da empresa de Bornholdt

(2005), demonstram o quão difícil é criar, manter e desenvolver uma empresa familiar e,

como já foi afirmado por Lemos (2003), os processos sucessórios nas organizações são

complexos e, geralmente, desgastantes, mesmo quando planejados.

Page 46: Monografia holding familiar

46

O processo de migração patrimonial que Lodi (1998) destaca como sendo o

mapa da mina, é o surgimento de três importantes instrumentos legais: a holding1, o

acordo societário e o testamento, incluindo as doações em vida do fundador como

ilustra a figura 3.

Fonte: Lodi (1998, p.76).

1 A holding, este termo tem origem da língua inglesa, ou seja, do verbo to hold, isto é, significa segurar,

manter, controlar, guardar.

ASSEGURAR O

CONTROLE DA

FAMÍLIA

ESTABELECER

AS REGRAS DO

JOGO

PLANEJAR A

TRANSFERÊNCIA

DA FORTUNA

HOLDING PATRIMONIAL FAMILIAR

ACORDO

SOCIETÁRIO

ENTRE

HERDEIROS

TESTAMENTO

E DOAÇÃO EM

VIDA

Figura 2: Instrumentos de Uma Sucessão Exitosa

Page 47: Monografia holding familiar

47

A Holding2 familiar na explicação de Lodi (1998) é uma pessoa jurídica com

objeto social de manter o controle dentro da família e regula a representação da mesma

na votação da assembléia.

O acordo societário é outro precioso instrumento legal, um contrato com o

objetivo de estabelecer políticas societárias para a relação entre os herdeiros. São

regras do jogo sobre como eles se comportarão em caso de retirada de sócio, venda ou

compra de ações com direito de preferência, segurança de assento do conselho e de

eleições para diretoria, substituição em caso de morte ou impedimento, entrada de

parentes e itens requerendo quorum qualificado. Finalmente, o testamento (e as

doações em vida) são instrumentos legais de transmissão patrimonial, onde se

materializa a forma como o casal fundador distribuirá os seus bens e as ações da

empresa familiar (LODI, 1998).

Na opinião de Barbosa (2010), atualmente o processo sucessório na empresa

familiar é um assunto que está cada vez mais sendo debatido, tanto nas empresas

quanto nas famílias. E que a maioria dos empresários brasileiros não planeja a

sucessão, com isso surgem os conflitos.

A holding tem por objetivo, na afirmação de Teixeira (2007), resolver problemas

de sucessão administrativa, problemas referentes à herança, facilidade de

administração com maior controle e menor custo, além de se utilizar de vantagens no

aproveitamento da legislação fiscal vigente, no caso de dissidências entre parentes ou

espólios, será ela que decidirá sobre as diretrizes a serem seguidas, agindo como

unidade jurídica e não como pessoas físicas emocionadas.

A sucessão para Barbosa (2010), não é algo que se resolva da noite para o dia,

o processo pode levar vários anos, pois existe a necessidade de preparar pessoas para

assumir o poder e outras para trabalhar em prol da empresa. Os grandes doutrinadores

do processo sucessório, a exemplo de George Leone Clemente Souza, afirmam que

“para a existência da continuidade da empresa é necessário o planejamento e a

organização do processo sucessório”.

2 Holding Familiar é um tipo de pessoa jurídica, independente, constituída para controlar o patrimônio de

pessoas físicas.

Page 48: Monografia holding familiar

48

O consultor tributário Teixeira (2007), salienta que a Constituição de 1988 veio

enfatizar a necessidade de organização e controle. Os Artigos. 1º, 5º e 6º espantam

pela nitidez em apontar uma nova ordem social e um novo ambiente a atuar, bom como

novas diretrizes para as estratégias a serem adotadas. O Artigo 170 da Constituição

estabelece, inequivocamente, as bases para novos empreendimentos, e o Artigo 226

veio mostrar o novo relacionamento familiar. A instituição da holding é fundamental no

mundo globalizado para durar e coexistir com criatividade e que a Lei 10.406, de

10/1/2002, do Código Civil, estabelece as regras da sucessão, sendo confusa e injusta.

A Lei nº 6.404/1976, artigo 2º, § 3º, segundo o consultor, Teixeira (2007), prevê a

existência das sociedades holding estabelecendo que a companhia pode ter por objeto

participar de outras sociedades, e acrescenta: ainda que não prevista no estatuto, a

participação é facultada como meio de realizar o objeto social, ou para beneficiar-se de

incentivos fiscais.

A palavra processo caracteriza a necessidade de atividades programadas, onde

cada segmento envolvido tenha uma responsabilidade e um papel a desempenhar de

continuidade do negócio (BARBOSA, 2010).

De maneira geral, Teixeira (2007), argumenta que as empresas holding podem ser

classificadas como Holding Pura, Holding Mista e de outros tipos.

Holding Pura: quando de seu objetivo social conste somente a participação no

capital de outras sociedades, isto é, uma empresa que, tendo como atividade

única manter ações de outras companhias, as controla sem distinção de local,

podendo transferir sua sede social com grande facilidade.

Holding Mista: quando, além da participação, ela exerce a exploração de alguma

atividade empresarial. Na visão brasileira, por questões fiscais e administrativas,

esse tipo do holding é a mais usada, prestando serviços civis ou eventualmente

comerciais, mas nunca industriais. Diante dessa afirmação é necessário, como

veremos adiante, estabelecer se a holding deverá ser uma Sociedade Simples

Limitada ou simplesmente uma Limitada, porém só excepcionalmente uma

Sociedade Anônima.

Page 49: Monografia holding familiar

49

Corroborando, Oliveira (2006), acrescenta a Holding Híbrida, explicando que é a

utilizada em casos específicos, como em situações de estruturação operacional ou

fiscal. Por fim, na opinião de Adachi (2006), uma holding é uma empresa cuja principal

diferença é assumir um interesse interno. Isso significa que a holding foca o seu

objetivo no resultado, e não em diversos outros aspectos do ambiente externo. A

essência do objetivo está na lucratividade e na produtividade das empresas

operacionais.

2.10 Organização de uma Holding Familiar

Para montar uma empresa, no caso uma holding familiar, antes de começar a

colocar em prática é preciso juntar uma série de documentos exigidos para constituição

de empresas e alterações contratuais com base no Código Civil Brasileiro, para a sua

legalização são necessários apresentar os seguintes documentos na JUCESC, Receita

Federal, Exatoria Estadual, Corpo de Bombeiros, Vigilância Sanitária e Prefeitura

Municipal.

JUCESC – Junta Comercial do Estado de Santa Catarina;

Contrato Social em no mínimo 3 vias com espaços pré-definidos, com letras na fonte

tamanho (12);

Declaração de ME - (Micro Empresa) ou EPP - (Empresa de Pequeno Porte);

(quando necessário);

Capa Tarja Vermelha ou Azul quando Requerimento de Empresário (Empresa

Individual);

FCN – Ficha de Cadastro Nacional - (quando registro a 1 e 2, quando alteração só a

que altera) (requerimento do empresário não precisa);

Documentos necessários, 05 cópias da Carteira de Identidade e CPF (Cadastro de

Pessoa Física) dos Sócios, 02 comprovantes de residência e certidão de casamento,

01 contrato de locação e habite-se do imóvel locado para instalação da empresa,

devidamente autenticados em cartório;

Taxas pagas, DARE (Documentação de Arrecadação) e DARF (Documento de

Arrecadação de Receitas Federais);

Page 50: Monografia holding familiar

50

RECEITA FEDERAL PARA INSCRIÇÃO NO CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoa

Jurídica;

Solicitação de pesquisa de Situação Fiscal e Cadastral perante a Receita Federal,

com firma reconhecida, para ver se está tudo Ok com os sócios e cópias da Carteira

de Identidade e do CPF autenticados;

Preencher o PGD do CNPJ e transmitir via internet com Ato/Evento da Empresa;

Imprimir o DBE, mandar assinar e reconhecer assinaturas;

Anexar cópia original do Contrato Social ou Alteração Contratual; e declaração de ME;

Levar pessoalmente os documentos constantes nos itens 4 para a Delegacia da

Receita Federal;

Consultar na internet o andamento do processo;

EXATORIA ESTADUAL PARA INSCRIÇÃO ESTADUAL

FAC – Ficha de Alteração de Cadastro - no sistema devidamente preenchidas e

assinadas em 02 (duas) vias;

Taxa DARE-19 DARE (Documentação de Arrecadação) no valor de R$ 50,00.

Quitada, referente à inscrição estadual;

Cópia do alvará de Licença ou viabilidade municipal;

Etiqueta do contador com assinatura;

Cópia do CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica.

Cópia do Contrato Social e Alterações se tiver devidamente registrado na JUCESC;

Cópia da Declaração ME ou EPP devidamente registrado na JUCESC;

Cópia da Certidão Negativa de Débitos dos Sócios que entram e saem, quando

residir em outro Estado;

Cópia do RG, CPF e comprovante de residência dos Sócios;

CORPO DE BOMBEIROS (ALVARÁ DE BOMBEIRO)

Requerimento de Solicitação de Vistoria para fins de Alvará de Funcionamento

devidamente preenchido e assinado;

Cópia do Habite-se ou atestado de Aprovação do Projeto Contra Incêndio;

Guia paga pela metragem quadrada da sala (apanhar guia no Corpo de Bombeiros);

Page 51: Monografia holding familiar

51

Deverá ter Nota Fiscal da compra do Extintor onde consta o número do equipamento;

VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ALVARÁ SANITÁRIO)

Requerimento de alvará sanitário ou de renovação devidamente preenchido e

assinado;

Cópia da viabilidade de zoneamento ou alvará de funcionamento da Prefeitura

Municipal;

Certidão da Secretaria do Meio Ambiente, caso não possua vistoria de esgoto;

Cópia do CNPJ;

Cópia do contrato social e alterações, se estiver devidamente registrado na JUCESC;

Cópia da declaração ME ou EPP devidamente registrado na JUCESC;

Certificado de desinsetização, quando restaurante ou alimentos em geral;

Carteira de saúde dos funcionários/proprietários e Certificado de curso de

manutenção de alimentos (Lei 6.320/83);

Taxa de Alvará Sanitário emitida pelo Departamento de Fiscalização Sanitária,

devidamente quitada.

PREFEITURA MUNICIPAL (ALVARÁ)

Viabilidade deferida ou provisória;

Boletim Informativo de Débitos do imóvel;

Cópia do Alvará Sanitário;

Cópia do CNPJ;

Cópia do Contrato Social e Alterações, devidamente registrado na JUCESC;

Cópia do contrato de locação com vigência mínima de 12 meses.

Autorização para funcionamento no Condomínio, com firma reconhecida;

Cópia do Atestado de Aprovação de Vistoria do Corpo de Bombeiros;

Autorização da SENAM quando Restaurantes, postos de combustíveis e outros.

Observação: Todos esses procedimentos e valores podem sofrer alterações, conforme

atenta a Organização Contábil Port‟Skar (2010).

Page 52: Monografia holding familiar

3 METODOLOGIA

Para a realização do presente estudo, visto como referencial teórico de conteúdo

bibliográfico sobre tipologias organizacionais, conflitos e resistências decorrentes de

processos de sucessão administrativa, teve como campo específico de interesse o

contexto que envolve as empresas familiares. Partindo-se destes pressupostos teóricos,

foi possível descrever, identificar e analisar quais os fatores determinantes do sucesso

na sucessão de empresas familiares, bem como propor ações para delimitar o processo

gerencial na sucessão familiar.

3.1 Tipologia de Pesquisa

Esta pesquisa possui caráter exploratório, tendo como tipo de pesquisa o estudo

de caso, voltado a entender como se dá o processo sucessório nas empresas familiares

e os desafios enfrentados por estas organizações.

De acordo com Aaker, Kumar e Day (2004, p. 94),

A pesquisa exploratória é usada quando se busca um entendimento sobre a natureza geral de um problema, as possíveis hipóteses alternativas e as variáveis relevantes que precisam ser consideradas. Normalmente, existe pouco conhecimento prévio daquilo que se pretende conseguir. Os métodos são muito flexíveis, não estruturados e qualitativos, para que o pesquisador comece seu estudo sem pré-concepções sobre aquilo que será encontrado. A falta de estrutura rígida permite que se investiguem diferentes idéias e indícios sobre a situação.

Segundo Malhotra (2006, p. 100), o objetivo da pesquisa exploratória é explorar

ou fazer uma busca em um problema ou em uma situação para prover critérios e maior

compreensão. Desse modo a abordagem empregada para a sua realização, foi

qualitativa. Cooper e Schindler (2003, p.130) destacam que os estudos de caso:

Colocam mais ênfase em uma análise contextual completa de poucos fatos ou condições e suas inter-relações. Embora as hipóteses sejam freqüentemente usadas, basear-se apenas em dados qualitativos torna o suporte ou a rejeição mais difícil. Uma ênfase em detalhes fornece informações valiosas para solução de problemas, avaliação e estratégia.

Page 53: Monografia holding familiar

53

O estudo de caso é uma tipologia de pesquisa que tem seu foco no

entendimento e dinâmicas do contexto determinado, que permitam compreensão do

tema abordado (EISENHARDT, 1989; YIN 2005). Para realizar o estudo de caso,

segundo Yin (2005), faz-se necessário seguir o protocolo. Este auxilia o pesquisador a

determinar diretrizes e metas as quais conduzem o estudo ao encontro dos objetivos

propostos.

Baseados nessa hipótese, o administrador pode realizar uma pesquisa

qualitativa em pequenas amostras para melhor compreender os resultados de uma

forma mais ampla. Assim, as pesquisas qualitativas, conforme Malhotra (2006, p. 154),

“A pesquisa qualitativa proporciona melhor visão e compreensão do contexto do

problema”. O estudo estatístico é diferente do estudo de caso em vários pontos, Cooper

e Schindler (2003, p.130), salientam que:

Os estudos estatísticos são voltados para amplitude e não para profundidade. Eles tentam captar as características de uma população ao fazer inferências das características de uma amostra. As hipóteses são testadas quantitativamente. As generalizações sobre resultados são apresentadas com base na representatividade da amostra e na validade do planejamento.

Uma pesquisa qualitativa pode ser realizada segundo a classificação dos

procedimentos apresentados na figura 4:

Figura 3: Classificação dos Procedimentos Fonte: (MALHOTRA, 2006, pg.156)

Page 54: Monografia holding familiar

54

No entendimento de Flick (2004), a pesquisa qualitativa vem se firmando nas

ciências sociais e na psicologia, havendo, atualmente, uma enorme variedade de

métodos específicos, cada um dos quais partindo de diferentes premissas em busca de

objetivos distintos. Esses métodos qualitativos encontram-se incorporados ao processo

de pesquisa e ao assunto em estudo.

A pesquisa qualitativa na visão de Flick (2004), trabalha sobretudo, com textos, a

partir da transformação dos dados obtidos através de entrevistas e observações, que

são transformados em textos por gravação e transcrição de forma bem resumida,

representando uma trajetória que parte da teoria em direção ao texto e outra do texto

para a teoria, a interseção dessas duas trajetórias é a coleta de dados verbais ou

visuais e a interpretação destes num plano de pesquisa especifico.

3.2 Sujeito do estudo

Os participantes da pesquisa são membros da empresa familiar Gobbato

Organizações Patrimoniais Ltda. do setor de administração de imóveis, onde foram

realizadas entrevistas com o sócio fundador e sua esposa e com uma filha das

sucessoras, selecionados por critérios de representatividade e acessibilidade pelo

pesquisador, configurando uma amostragem não probabilística intencional, partiu-se

para definição do instrumento que foram necessários para realizar o levantamento do

material. O material obtido foi compreendido no período entre setembro a dezembro de

2010.

Nas amostragens não probabilísticas intencionais, os itens são escolhidos por

serem acessíveis, mais articulados ou mais fáceis de serem avaliados. Neste tipo de

amostragem, o pesquisador está interessado na opinião de determinados elementos da

população. Assim, os resultados desse procedimento não podem ser generalizados

para toda a população, pois sua validade se resume ao contexto específico que foi

pesquisado (OLIVEIRA, 2003)

Page 55: Monografia holding familiar

55

3.3 Instrumento de pesquisa

Para a coleta de dados na presente pesquisa, foram utilizados os instrumentos

de entrevistas semi-estruturadas e observação participante. Foram coletados, ainda,

dados provenientes de documentos da organização.

As entrevistas semi estruturadas são definidas por Flick (2004), como sendo uma

das bases metodológicas da pesquisa qualitativa, e tem como característica levar

questões mais ou menos abertas a formar um guia da entrevista.

As entrevistas semi-estruturadas fazem uso inicialmente que Cooper e Schindler

(2003), chamam de hierarquia da questão de pesquisa como sendo o primeiro passo do

planejamento da coleta de dados e possuem quatro níveis que são:

Questão de administração – o problema, formulado em forma de pergunta, que o

administrador precisa resolver.

Questão da pesquisa – a tradução da pergunta baseada em fato que o pesquisador

deve responder par contribuir com a solução da questão de administração.

Questões investigativas – questões específicas que o pesquisador deve responder

para fornecer detalhes e cobertura suficiente da questão de pesquisa. Nesse nível,

pode haver diversas questões à medida que o pesquisador passa do geral para o

específico.

Questões de mensuração – perguntas que os participantes devem responder se o

pesquisador precisar juntar informações e resolver a questão de administração.

O próximo passo lógico é uma estratégia para a pesquisa, e isso se faz

detalhando a estrutura do instrumento, Cooper e Schindler (2003), dão algumas dicas

importantes como:

Que tipo de dado é necessário para responder à questão de administração?

Que abordagem de comunicação será usada?

As perguntas devem ser estruturadas, não-estruturadas ou uma combinação das

duas formas?

O questionamento deve ou não ser disfarçado? Em caso positivo, até que ponto?

Page 56: Monografia holding familiar

56

Outro enfoque a ser considerado foi o uso das observações, essa técnica

definida por Cooper e Schindler (2003), se qualifica como investigação científica

quando é dirigida especificamente para responder a uma questão de pesquisa, é

sistematicamente esquematizada e executada, usa controles adequados e fornece

informações confiáveis e válidas sobre o que aconteceu. Além de coletar dados visual,

a observação envolve ouvir, ler, cheirar, e tocar. A observação inclui todo âmbito de

atividades e condições de monitoramento comportamental e não-comportamental.

Ainda segundo Cooper e Schindler (2003) a relação entre observador e

observado pode ser vista sobre três perspectivas:

Se a observação é direta ou indireta;

Se a presença do observador é conhecida ou não pelo observado;

Que papel o observador desempenha.

Corroborando com as classificações de observações, Yin (2005), afirma que o

pesquisador tem que possuir uma habilidade para participar da entrevista, esta técnica

denomina-se de observação participante.

Observação participante é uma modalidade especial de observação na qual você não é apenas um observador passivo. Em vez disso, você pode assumir uma variedade de funções dentro de um estudo de caso e pode, de fato, participar dos eventos que estão sendo estudados (YIN, 2005, p.121).

Conforme observa Richardson (1999), na observação participante o observado

não é apenas um espectador do fato que está sendo estudado. O observador se coloca

na posição e ao nível dos outros elementos humanos que compõem o fenômeno

observado.

A observação participante fornece certas oportunidades incomuns para a coleta

de dados em um estudo de caso, mas também apresenta alguns problemas. A

oportunidade mais interessante relaciona-se à sua habilidade de conseguir permissão

para participar de eventos ou de grupos que são, de outro modo, inacessíveis à

investigação cientifica (YIN, 2005).

Page 57: Monografia holding familiar

57

Para aprimoramento do instrumento de coleta de dados, foi adaptado um modelo

(Figura 5) com enfoque qualitativo, tendo por base os instrumentos de pesquisa das

teses de doutorado em administração de Moreira Junior (2006) e doutorado Engenharia

da Produção de Macedo (2008) e a dissertação de Administração de Silva Junior

(2001).

O roteiro de entrevista semi-estruturado foi dividido em quatro etapas:

ETAPA I: IDENTIFICAÇÂO - Essa etapa do roteiro é para identificar o entrevistado e

qual seu tempo relacionamento com a empresa familiar.

ETAPA II: CONSTITUIÇÃO DA ORGANIZAÇÃO - A segunda etapa busca identificar a

empresa e quais os motivos que originou a sua formação, seus pontos fortes e pontos

fracos e se a figura do fundador esta associada no processo de sucessão.

ETAPA III: PROCESSO SUCESSÓRIO - A terceira etapa aborda os critérios para

escolher o sucessor ou sucessora a opinião sobre preparar ou não os familiares para

serem somente sócios e o sucessor ou sucessora ideal.

ETAPA IV: INTERESSES FAMILIARES X INTERESSES EMPRESARIAIS - Na quarta

etapa abordagem são para verificar a relação interesses familiares e empresariais se

houve algum tipo de conflito e os principais motivos, o processo de gestão da empresa

e sua visão estratégica.

Para orientar o desenvolvimento da pesquisa, preparou-se um protocolo de

estudo. Para Yin (2005), o protocolo de estudo é uma das táticas que o pesquisador

pode adotar para aumentar a confiabilidade da pesquisa, tendo a finalidade de orientá-

lo na condução do estudo de caso. O protocolo de estudo contemplou os instrumentos

utilizados, os procedimentos e as regras gerais para o desenvolvimento da pesquisa.

Page 58: Monografia holding familiar

58

Fonte:Adaptado de Moreira Junior (2006)

Figura 4: Modelo Teórico da Coleta e Análise de Dados

Page 59: Monografia holding familiar

59

3.3.1 Protocolo para o estudo de caso

O protocolo para o estudo de caso, segundo Yin (2005), tem apenas uma coisa

em comum com um questionário de levantamento: ambos convergem para um único

ponto de dados, quadro 5.

1 Verificação do estudo de caso

1.1 Plano para condução do estudo de caso

O processo sucessão familiar: Um estudo de caso da Gobbato Organizações

Patrimoniais Ltda.

1.2 Objetivo geral

Analisar o processo de sucessão da empresa Gobbato Organizações Patrimoniais Ltda.

1.3 Metodologia utilizada para coleta de dados

Análise documental; entrevista com questionário semi-estruturado e observação

participante.

2 Procedimento de campo

2.1 Entrevistas

Confirmação das pessoas a serem entrevistadas

A) Sócios fundadores – (2 entrevistas)

B) Sócia herdeira – (1 entrevista)

2.2 Agendamento das entrevistas

AGENDAMENTO PREVIO COM OS RESPONDENTES.

2.3 Coleta de documentos

Coleta de documentos junto á empresa que presta serviços de contabilidade.

2.4. Observação Participante

3. Questões para o estudo de caso

Page 60: Monografia holding familiar

60

3.1 Contribuir para a elaboração de alternativas de gestão que possam facilitar o

processo de sucessão administrativa nas empresas familiares da região, a partir

da primeira geração

3.2 Oferecer subsídios para servir de suporte para a superação do desafio de se

vencer a transição das gerações na gestão das empresas familiares da região

4. Plano de análise relatório do estudo de caso

4.1. Apresentação dos dados coletados

4.2. Descrição da empresa

4.3. Descrição dos conflitos

4.4. Descrição de planejamento sucessório

5. Análise dos dados coletados

5.1. Contribuição para a elaboração de alternativas e facilitação do processo de

sucessão administrativa nas empresas familiares

5.2. Oferecer subsídios para servir de suporte para a superação do desafio de se

vencer a transição das gerações na gestão das empresas familiares da região.

5.3. Reunir e organizar todo material pesquisado e produzido (figuras, gráficos,

tabelas, etc.), transformando-os em apêndices do trabalho final.

5.4. Análise e apresentação dos dados.

Quadro 5: Esboço do Protocolo do Estudo de Caso Fonte: O Autor

3.4 Análise e apresentação dos dados

Não importando qual estratégia analítica especifica seja escolhida, salienta Yin

(2005), que toda análise de alta qualidade deve possuir no mínimo, quatro princípios e

exigem atenção:

Em primeiro lugar, sua análise deve deixar claro que ela se baseou em todas as

evidencias. Em segundo lugar, sua análise deve abranger todas as principais

interpretações concorrentes. Em terceiro lugar, sua analise deve se dedicar aos

aspectos mais significativos de seu estudo de caso. Em quarto lugar, você deve utilizar

seu conhecimento prévio de especialista em seu estudo de caso.

Page 61: Monografia holding familiar

61

Os dados conforme a tipologia do estudo, estão apresentados de forma

descritiva.

3.5 Limitações da pesquisa

Entre os fatores limitantes para atingir os resultados da pesquisa pode-se citar:

As entrevistas foram realizadas com os patriarcas e uma filha herdeira,

totalizando 03 respondentes, as outras duas sócias não foram entrevistadas

devido à localidade de suas residências, uma das sócias reside fora do

país.

Entrevistas realizadas em dias distintos , tratando de pessoas idosas, pois

acabam se cansando facilmente, configurando outra limitação.

Os filhos e filhas das sócias são menores de idade, e não estando

envolvidas com os negócios da empresa familiar, gerou a impossibilidade

de entrevistá-las.

Apresentados os aspectos metodológicos do presente estudo, no próximo

capítulo serão abordados os resultados obtidos.

Page 62: Monografia holding familiar

4 RESULTADOS

Neste capitulo é apresentado inicialmente o resultado da pesquisa, obtido pelo

estudo de caso da empresa familiar. As entrevistas apontaram os principais critérios

adotados para a sucessão familiar e qual fator originou a constituição da empresa, tema

principal desta pesquisa.

Seguindo o modelo teórico proposto, e para melhor descrição dos dados, o capitulo

foi dividido em quatro subcapítulos: o primeiro caracteriza a organização; o segundo

aponta qual o critério para escolha da sucessão; no terceiro extrai-se o principal

conflito, e no último são propostas as principais ações para delimitar o processo

sucessório.

4.1 Caracterização da organização

O caso apresentado é de uma empresa cuja principal atividade é a administração

de bens e imóveis. A organização foi fundada há seis anos por um fundador com

características de empreendedor, sendo ele procedente do norte da Itália, região da

Lombardia, província de Varese, de uma pequena cidade denominada Varano Borghi.

Com espírito de aventura, veio para o Brasil no final da década de quarenta,

inicialmente contratado pelas Indústrias Matarazzo, do interior do Estado de São Paulo,

para o ramo têxtil. Em meados dos anos sessenta, vislumbrou a possibilidade de

empreender por conta própria, associando-se a um conterrâneo, em uma indústria de

tecidos para cortinas. Na década de setenta migrou para Balneário Camboriú, em Santa

Catarina, onde empreendeu no ramo da gastronomia, juntamente com a esposa e suas

três filhas, e construiu ao longo dos anos o patrimônio que hoje incorpora sua

organização familiar.

Sua primeira filha tem 56 anos, é separada, reside na Itália juntamente com seus

dois filhos, um homem e uma mulher, no mesmo local de origem dos fundadores; tem

formação acadêmica em Letras, e trabalha atualmente em uma empresa exercendo

atividades contábeis. É uma das sócias cotistas da empresa, e tanto ela quanto seus

filhos não exercem nenhuma atividade na organização familiar, apenas compartilha, em

havendo lucro, do valor rateado com outras duas sócias cotistas.

Page 63: Monografia holding familiar

63

A segunda filha é a única residente na cidade de Balneário Camboriú, tem 53 anos,

é casada, sendo graduada em Estudos Sociais e Direito; tem uma filha adolescente, é

funcionária pública do Poder Judiciário do Estado de Santa Catarina, não atuando,

portanto, na organização, mas quando é solicitada presta informações jurídicas no

tocante a contratos de locação e venda de imóveis, não recebendo salário por isto; seu

esposo possui formação acadêmica em Matemática, Especialização em Análise de

Sistema, está cursando atualmente Administração, e sua experiência profissional foi de

atuação em duas grandes empresas multinacionais, tendo trabalhado na primeira por

dez anos e na segunda por oito anos, atuando como ferramenteiro; também é sócio

possuidor de metade das cotas de uma construtora, onde a outra metade é dividida

igualmente entre as três filhas. Pelo fato de residirem no mesmo local da sede da

empresa familiar, foi o escolhido pelos sócios fundadores e de comum acordo entre as

demais, para gerenciar a empresa.

A terceira filha, residente e trabalha na cidade de Florianópolis, tem 51 anos, é

formada em enfermagem pela Universidade Federal de Santa Catarina, e atua como

enfermeira no Hospital Universitário de Santa Catarina, sendo casada, possui uma filha

com dezessete anos; não exerce nenhuma atividade na empresa familiar, compartilha

os dividendos juntamente com as outras duas sócias, e seu esposo exerce atividade

em sua própria empresa do ramo de materiais para escritórios, e também não atua na

organização da família.

Há de se fazer uma observação, com relação às duas sócias acima, como são

funcionárias Públicas do Estado, ambas concursadas, só poderiam exercer outra

atividade que não se enquadre dentro que dispõe a Lei 67545/1985, sobre o Estatuto

dos Funcionários Públicos Civis do Estado.

Art. 23. O regime de trabalho dos funcionários públicos do Estado, sendo omissa a especificação de cargo, é de 40 (quarenta) horas semanais, cumpridas em dias e horários próprios, observada a regulamentação específica. § 1º É permitida a prestação de serviço extraordinário, que não está sujeito à limitação de carga horária semanal, não podendo ultrapassar a 120 (cento e vinte) horas semestrais.

A empresa é formada basicamente por imóveis próprios, quais sejam, terrenos,

casa, apartamentos, box de garagens, salas comerciais localizados nos municípios de

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Balneário Camboriú, Navegantes, Bombinhas e São Francisco do Sul. O quadro 6

demonstra a composição dos tipos de imóveis e a sua distribuição percentual pode ser

visualizada na figura 6.

Tipo de Imóveis Quantidade Valor Venal em R$ Distribuição %

Apartamentos 26 3.786.464,19 68,305

Garagens 22 254.886,94 4,598

Salas Comerciais 4 126.834,74 2,288

Casa 1 343.430,55 6,195

Terrenos 4 846.853,04 15,276

Lotes 27 185.033,37 3,338

TOTAL 5.543.502,83 100

Quadro 6: Composição dos Imóveis Fonte: Arquivo da empresa

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65

Figura 5: Distribuição dos Imóveis Fonte: Arquivo da empresa

Como pode ser observado, os imóveis formados pelos apartamentos e suas

respectivas garagens, representam a parte mais relevante do patrimônio, o que requer

uma maior atenção na gestão da empresa, pois é onde se concentram também as

maiores despesas necessárias para sua manutenção. Entretanto, são geradores de

receitas para a empresa, através de locação desses apartamentos do tipo dois e três

dormitórios, e alguns com suíte, localizados na região central de Balneário Camboriú.

Toda receita é proveniente da locação dos apartamentos que, ressaltando,

representam atualmente o maior patrimônio. Sendo necessária, a venda de algum

imóvel será realizada para poder cobrir possíveis imprevistos. Atualmente, as receitas

suportam as despesas geradas pelos imóveis e encargos sociais que influenciam

diretamente na empresa familiar. As despesas incidentes são:

Page 66: Monografia holding familiar

66

IPTU – Imposto Predial Territorial Urbano;

ITBI – Imposto sobre Transmissão de Bens e Imóveis

ISS – Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza

Taxas condominiais;

Taxa de Coleta de Lixo

Taxa de Conservação e Limpeza Pública

Taxa de Licenciamento para Funcionamento e Alvará Municipal

Contribuições: INSS – Instituto Nacional da Seguridade Social;

FGTS – Fundo de Garantia do Tempo de Serviço;

PIS – Programa de Integração Social;

COFINS – Contribuição Social para o Financiamento Seguridade Social;

CSLL – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido; e

Outras contribuições como sindicatos patronais e de empregados.

Taxa de terras da marinha - SPU – Secretaria do Patrimônio da União;

Honorários contábeis;

Todo esse conjunto que envolve família, propriedade e suas obrigações e seus

direitos deram inicio a uma empresa familiar, que foi constituída da seguinte forma: O

sócio fundador e sua esposa entregaram esses imóveis para integralização do Capital

Social da empresa Gobbato Organizações Patrimoniais Ltda., como demonstra a figura

6, com cláusulas de incomunicabilidade, inalienabilidade, impenhorabilidade, tanto das

cotas doadas como de seus respectivos frutos, incluindo na empresa, como sócias

cotistas, suas três filhas. As cotas doadas às sócias ficam sujeitas às condições

expressas no contrato social, com reserva de usufruto para os sócios doadores,

inclusive dos frutos vindouros.

Page 67: Monografia holding familiar

67

Figura 6: Resumo do Capital Social Fonte: Contrato Social da Empresa

A figura 7 esboça o organograma da empresa, composta pela diretoria, exercida

pelo patriarca da família. A gerência se reporta à diretoria, e possui um funcionário

contratado, que administra todo o funcionamento da empresa e a terceirização de todos

os trabalhos, que envolvem, desde a manutenção dos imóveis, bem como sua locação

e possíveis vendas; a administração financeira está encarregada de executar todos os

pagamentos, receber os valores de locação, bem como cobrá-los, e em caso de ser

necessária a cobrança de forma judicial, utilizará de uma assessoria jurídica

terceirizada e, da mesma forma, a assessoria contábil para dirimir os entraves fiscais e

auxiliar no pagamento dos devidos tributos.

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Administrativo/

Financeiro

Conselho Consultivo

e Fiscal

Assessoria

Contábil

Assessoria

Jurídica

Manutenção

Predial

Vendas e

Locação

Presidente

Figura 7: Organograma da Gobbato Organizações Patrimoniais Ltda. Fonte: O Autor.

4.2 Descrever os principais critérios para a eleição da sucessão

A sucessão ocorrerá na empresa de acordo com critérios estabelecidos no

contrato social, tratando-se de critério hereditário, ou seja, no caso de falecimento do

sócio fundador, a administração passará imediatamente à esposa; faltando esta, as três

filhas herdeiras, sócias cotistas, que decidirão em comum acordo. Outro critério

estabelecido pelo patriarca é de não fazer diferenciação e nem imposições.

4.2.1 Respondentes

As entrevistas foram realizadas com os patriarcas e uma das filhas herdeiras,

totalizando 03 respondentes. A idade média dos fundadores é de 81 anos, sendo

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69

residentes no Brasil a cerca de 60 anos, 40 deles em Balneário Camboriú SC; possuem

ensino básico fundamental e exercem a direção da empresa.

A filha entrevistada, única residente na cidade, tem 53 anos, é casada, possui

formação acadêmica, sendo graduada em Estudos Sociais e Direito. As entrevistas

foram agendadas previamente e realizadas em local e horário predefinidos pelas

partes, utilizando-se de um roteiro (apêndice A). A empresa é gerida pela primeira

geração, não estando em fase de transição de gestão para a segunda geração.

4.2.2 Formação da Organização

Perguntado aos respondentes quais as particularidades relacionadas ao perfil

pessoal versus profissional, foi apontada a liderança exercida pelo fundador, que tem

sua particularidade de empreendedor associada à de sua esposa, esta ressaltando

ainda que toda atividade deve ser realizada por completo e com persistência. Todos os

entrevistados revelam que o processo sucessório, mais cedo ou mais tarde, deverá ser

enfrentado, e pensando nisso resolveram antecipar os fatos para torná-lo menos

traumático e dispendioso, e de comum acordo, resolveram constituir uma sociedade

familiar.

Diante do desafio da superação da sucessão familiar, o principal quesito é manter

a família unida. E quando chegar propriamente o momento de as três filhas sócias

cotistas assumirem a administração da empresa, elas deverão superar seus próprios

limites e agir de forma empreendedora, gerindo os negócios, cada uma usando todo o

seu potencial, para levar a empresa a atingir a fase de expansão, como foi

fundamentado nos ciclos de vida das empresas familiares, correlacionados às

gerações.

A Gobbato Organizações Patrimoniais tem por objetivo conservar o seu patrimônio

e, através dele, gerar rendimentos, e para que isso ocorra deve estar preparada para,

administrativamente, enfrentar os desafios, contando principalmente com seu ponto

forte, o patrimônio ativo. Porém, há de se levar em consideração as situações

emergenciais, políticas, alterações da economia, que, quando não favorecem, acabam

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70

aumentando os locatários inadimplentes, gerando dificuldades nas tomadas de

decisões.

A relação entre o sucesso da organização e a figura do fundador pode ser de

sucesso ou não, dependendo do fator administração. Existe um nome a zelar no

mercado, levando em consideração os valores éticos e morais e a necessidade de

gestão adequada para os moldes da empresa, essas informações demonstram a

chamada fase do namoro da metodologia esboçada por Adizes (2000).

Outra importante informação observada está diretamente relacionada ao que está

fundamentado. A organização familiar é uma empresa ou negócio que está dando

também origem a uma sociedade familiar, e boa parte dos fundadores não estão

preparados para gerir essas questões complexas (BERNHOEFT, 2001).

4.2.3 Processo Sucessório

Segundo o relato do fundador, o critério de escolha é não fazer diferenciação

entre as herdeiras, e que as mesmas deverão decidir em momento oportuno. A esposa

do fundador afirmou ainda que não existe um critério pré-definido e acrescentou a

necessidade em se ter alguém de fora da família para auxiliá-las na administração, o

que vai também de encontro com o que foi relatado pela filha entrevistada, de que o

administrador pode ser ou não membro da família, mas que tenha preparo para atuar

na área administrativa da empresa.

No entendimento do sócio fundador, a diretoria da empresa familiar e o

sobrenome da família do fundador devem levar os valores institucionais e com os

mesmos se identificam. A hereditariedade da sucessão foi eliminada uma vez que as

sócias possuem o mesmo número de cotas da empresa e a continuidade na

administração será decidida por elas. A filha aponta que, para que a sucessora tenha

condições de dar continuidade aos negócios da família, é necessário o consentimento

das demais sócias, e ser assessorada por administrador que, acima de tudo, seja

confiável e experiente, e se capacite para o desempenho de sua gestão.

Na opinião do sócio fundador é interessante preparar algum membro da família

para assumir os negócios e acrescenta ainda que caberá a cada uma de suas filhas

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71

herdeiras e sócias, exclusivamente, de se prepararem e se dedicarem ao

empreendimento para que os negócios tenham continuidade e expansão. Corroborando

com essa idéia, sua esposa chama a atenção de que o preparo é necessário para

saber pedir o que se deseja e saber analisar determinadas situações que envolvam

decisões. A filha apontou que em organização de grande porte, os membros da família

devem ficar afastados da administração direta, para evitar acima de tudo, desgaste em

suas relações.

Com relação ao perfil ideal do sucessor, os entrevistados apontaram ao de

empreendedor, por ser o mais indicado para a empresa que deseja diversificar seus

negócios, aliados à sinceridade, honestidade, devendo ser participativo e não omisso

nos seus afazeres.

Com base no conceito das seis etapas relatadas por DAVIS (2003), percebe-se

que a etapa da Escolha foi praticada através da sociedade entre as três irmãs, que se

uniram em torno da propriedade comum, e que devem buscar as práticas empresariais

para fazer as coisas funcionarem, saindo da fase de transição e entrando na de

compromisso, passando a exercitar suas responsabilidades, sem medo de cometer

erros, com evidente mudança de postura.

4.3 Identificar os principais conflitos na sucessão familiar

Durante o processo sucessório, uma atenuante é o conflito provocado entre os

interesses familiares e empresariais que, no entendimento do patriarca, está fluindo

naturalmente, de comum acordo entre os herdeiros. Pelos respondentes foi relatado

que houve um conflito por parte de um agregado da família, o que motivou seu

afastamento do convívio com os demais sócios, por sua própria decisão. Este conflito

foi gerado pela total falta de conhecimento sobre a constituição da empresa e, aliado a

isso, o fato de não participar administrativamente da empresa.

A importância de ocorrer uma sucessão de forma pacífica está ligada acima de

tudo à preservação do convívio familiar. Tem que haver sinceridade entre as famílias

envolvidas e, acima de tudo, união, pois os negócios dependem da tranqüilidade para

tomar as decisões sem interferências negativas.

Page 72: Monografia holding familiar

72

Dentre os principais fatores citados no processo de gestão, quando ocorrer, foram

o de manter a harmonia e a paz no convívio familiar, o fator financeiro da empresa

associado ao fator financeiro dos sócios, os valores de mercado que atinge a empresa,

a centralização das decisões, e aceitação das práticas administrativas pelos sócios. A

empresa tem objetivos a serem alcançados e caberá a cada filha sócia saber

desenvolvê-los.

Na visão atual dos respondentes com relação aos rumos da empresa e onde ela

deseja chegar, o ponto que se tem é que, por enquanto, manter o patrimônio como

está, com os negócios já instalados, é a tônica. Um dos respondentes declarou “seu

desejo em ver os negócios mais diversificados, obtendo, mais lucro e mais satisfação”.

Quando duas gerações trabalham juntas, questões complexas de autoridades e

colaboração quase inevitavelmente causam conflitos.

Na opinião de Gersick et al (1997), na análise e aplicação do modelo dos três

círculos, fica evidente que os conflitos estão introduzidos na estrutura do sistema da

empresa familiar, seja em razão de diferentes perspectivas, seja por causa dos

diferentes papéis que desempenham na empresa, gerando comparações,

questionamentos e conflitos, sendo esses considerados valiosos e que não devem ser

evitados, e que têm probabilidades de aumentar, já que a família também tende a

aumentar.

4.4 Propor ações para delimitar o processo gerencial na sucessão familiar

Conforme apresentado nos dados coletados no estudo realizado os seguintes

aspectos a serem ponderados, como fatores críticos:

1. Idade avançada dos patriarcas;

2. Herdeiros não estão ligados a gestão da empresa;

3. Formação dos herdeiros x sucessão;

4. Conflitos interesses pessoais x interesses empresariais;

5. Estratégia da empresa após a sucessão;

6. Centralizações das decisões;

7. Manutenção do patrimônio;

Page 73: Monografia holding familiar

73

As possíveis ações a serem implementadas na empresa envolvem desde o

patriarca, as sócias, contratação de pessoal de fora da família e planejamento

financeiro e com um prazo para que tenha realmente um objetivo a ser alcançado,

destacadas no quadro 7.

Fatores críticos Possíveis ações Lapso temporal

1 Idade avançada dos patriarcas.

Gozando de bom estado de saúde e lucidez, devem buscar o interesse das filhas pelos negócios da empresa.

Imediatamente

2 Herdeiros não estão ligados a gestão da empresa.

A gestão da empresa deve ser feita por quem tem conhecimentos administrativos, para não inflar a empresa, capacitar os herdeiros com cursos e palestras etc.

3 anos

3 Formação dos herdeiros versus Sucessão.

Como nenhuma das herdeiras tem formação administrativa a sucessão envolverá a contratação uma de pessoa de fora da família para esses fins.

1 ano

4 Conflitos de interesses pessoais versus interesses empresariais.

Implantar um código de ética, pois a relação envolve também clientes e fornecedores e os bens da família.

1 ano

5 Estratégia da empresa após sucessão.

Implantar um plano de investimentos mais consistente e diversificá-lo para outros negócios.

2 anos

6 Centralização das decisões.

Delegar a outrem é a maneira de cortar o cordão umbilical com o patriarca, para dar novo direcionamento aos negócios.

1 ano

7 Manutenção do patrimônio.

Criar um fundo de reserva para as situações contingenciais.

5 anos

Quadro 7: Proposta de Ações Fonte: Autor

Os entrevistados deixaram transparecer em suas respostas um forte envolvimento

com os valores sentimentais e que pode influenciar na gestão e no sucesso da

organização. Baseado nisso, deve-se enfatizar que a competência deve existir para que

o processo sucessório se encaminhe de forma a trazer os resultados esperados.

Mesmo não tendo definido um plano claro para a sucessão, é salutar realçar que

mesmo que exista não é garantia de continuidade e prosperidade nos negócios. Por

Page 74: Monografia holding familiar

74

isso existe a necessidade de fazer um planejamento fidedigno que possa conduzir a

mudança do fundador na empresa.

Alguns fatores são entendidos como vitais para que uma sucessão administrativa

na empresa familiar seja bem acertada e garanta o sucesso e crescimento dos

negócios da família. Nela são respeitáveis os valores, o costume familiar (do pai, mãe,

avós, filhas, netas primas etc.) e a coexistência e consideração mútua externa à

empresa.

A sucessão pode ocorrer também por outros fatores não previsíveis ou planejados

pelo patriarca fundador. Isso em geral ocorre quando o fundador se sente sem forças e

sem ânimo ou acometido por algum problema de saúde e não tem mais condições para

enfrentar as situações imprevisíveis e se compara com os mais jovens, e percebe que

esta na hora de entregar o bastão.

Page 75: Monografia holding familiar

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do estudo realizado, pode-se perceber que já existe modelos conceituais

de governanças. Cada caso é único, e o que podem ser apresentados são caminhos

ou direções a serem seguidas para se lidar com os diferentes tipos de culturas,

sentimentos e tradições familiares.

Segundo o que foi apresentado na fundamentação, pode-se concluir que a falta de

planejamento no processo sucessório da empresa afeta seu ciclo de vida. O estudo

definiu também as características consideradas ideais, sob o prisma dos fundadores, a

serem notadas no processo sucessório, das quais destacam-se as principais

“sinceridade, honestidade, ter dedicação e ser participativo na administração da

empresa sem omissão dos seus afazeres pelo negócio”. Além dessas, foram

observados também outros fatores que implicam no perfil do sucessor, tais como: perfil

empreendedor, com bom relacionamento com as demais irmãs e familiares.

Entende-se que a empresa objeto de estudo foi constituída com a finalidade de

dar continuidade e manter o que foi conquistado até então pelos fundadores, e se

possível ampliar os negócios, o que deve acontecer quando as sócias herdeiras, em

momento oportuno, terão que decidir por um sucessor, uma vez que, todas as decisões

estão centralizadas no fundador.

Conclui-se, portanto, que para dar continuidade e obter sucesso na empresa, o

sócio-fundador optou por não fazer distinção entre suas filhas, o que foi aceito de

comum acordo, pelo que foi levantado no estudo, evitando assim conflitos entre as

famílias envolvidas, formando uma sociedade onde a principal superação será manter a

família unida. Com a formação da pessoa jurídica, “holding familiar”, o processo

hereditário normal foi eliminado, uma vez que as filhas sócias já possuem o mesmo

número de cotas da empresa.

Com isso, o estudo em particular demonstra que o maior objetivo desta empresa

familiar é o de conservação do seu patrimônio, sendo ele gerador de rendimentos.

As propostas elencadas, que delimitam o processo gerencial, são de caráter

sugestivo, considerado o atual estágio da empresa, porém, ficou evidente que, devido à

idade avançada dos sócios fundadores, medidas de precaução ajudam na estratégia

Page 76: Monografia holding familiar

76

organizacional e minimizam os possíveis conflitos. Outro fator apurado é que as sócias

não possuem experiência suficiente para assumirem de imediato o comando da

empresa.

Finalizando a abordagem deste tema, em que a observação participante assumiu

sua função dentro do estudo de caso, recomenda-se que eventuais pesquisas sobre

processo sucessório sejam aplicadas em outros ramos de atividades, objetivando

verificar se prevalecem as mesmas características observadas no presente estudo de

caso.

Page 77: Monografia holding familiar

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Page 80: Monografia holding familiar

80

APÊNDICE:

Apêndice A – Roteiro de entrevistas

ENTREVISTA 1 – COM OS PATRIACAS - SUCEDIDOS

Nome:

Ano de admissão:

Data realização da entrevista:

ENTREVISTA 1 – COM OS PATRIARCAS – SUCEDIDOS. Pesquisa sobre a Constituição de uma Holding Familiar

Prezado(a) Senhor(a): Esta é uma pesquisa, realizada pelo acadêmico do 8º Período do Curso de Administração, para o Trabalho de Iniciação Científica apresentado como requisito

parcial para a obtenção do título de Bacharel em Administração – Gestão Empreendedora, na Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação Balneário Camboriú., com os objetivos de: Contribuir para a elaboração de alternativas de

gestão que possam facilitar o processo de sucessão administrativa nas empresas familiares da região, a partir da primeira geração; Oferecer subsídios para servir de suporte para a superação do desafio de se vencer a transição das gerações na gestão das empresas familiares da região. Desta forma a pergunta que norteia o presente estudo perneira: Quais os principais fatores determinantes do processo de sucessão da Empresa Gobbato Organizações Patrimoniais Ltda.? Sua colaboração é de suma importância para a construção do conhecimento das práticas empresariais socialmente responsáveis. Todas as informações prestadas serão tratadas com o mais absoluto sigilo, resguardando-se a privacidade dos entrevistados.

ETAPA I: IDENTIFICAÇÂO

IDADE

Estado civil Local de nascimento SEXO

FILHOS

TEMPO DE RESIDÊNCIA

ETAPA II: CONSTITUIÇÃO DA ORGANIZAÇÃO

Quais são as particularidades que se aproximam do seu perfil pessoal e profissional?

Page 81: Monografia holding familiar

81

O que lhe motivou a constituir a holding Gobbato Organizações Patrimoniais Ltda?

Qual foi seu nível de superação quanto ao desafio da sucessão administrativa? E por que ela esta acontecendo?

O que é a Organização, e quais são seus pontos fortes e fracos?

Existe relação entre o sucesso da Organização e a figura do fundador? Como trabalhar esta associação no processo sucessório?

ETAPA III: PROCESSO SUCESSÓRIO

Quais são os critérios para escolher a sucessora?

Lodi (1998 p.6) explica que “Empresa familiar é aquela em que a consideração da sucessão da diretoria está ligada ao fator hereditário e onde os valores institucionais da firma identificam-se com um sobrenome de família de um fundador”. A sucessora tem condições de dar continuidade na administração da Gobbato Organizações Patrimoniais Ltda.? Por quê?

Qual a sua opinião sobre preparar ou não os familiares para serem somente sócios?

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Qual o perfil ideal do sucessor para sua organização?

ETAPA IV: INTERESSES FAMILIARES X INTERESSES EMPRESARIAIS

Houve algum tipo de conflito durante o processo sucessório?

Quais foram os principais motivos de conflitos, e como foram amenizados?

Qual a importância da sucessão familiar ocorrer de forma pacífica?

Quais os principais fatores no processo de gestão após a sucessão?

Qual sua visão atual em relação a empresa e onde deseja chegar?

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ANEXO:

Anexo A – Modelo de Contrato de uma Holding Familiar

CONTRATO SOCIAL:

Constituição de Sociedade Empresária Limitada

Segue modelo elaborado, de acordo com as recomendações do DNRC, a ser

adotado pelas Sociedades Empresárias – do tipo Sociedade Limitada PREÂMBULO Pelo presente Instrumento Particular de Contrato Social, os abaixo assinados

XXXXXXXXX, nacionalidade ........ estado civil .........., profissão ........, natural

de ........., Estado de ...... , portador da cédula de identidade RG. N.º:

00.000.000 SSP/... e inscrito no CPF(MF) sob o N.º.: 000.000.000-00,

residente e domiciliado na Rua XXXXXXXX XXXXXXXX Nº. 000 – Bairro:

XXXXXXXXX – CEP 00000-000, Município: XXXXXXXXX - Estado de ......... ;

e YYYYYYYYY, nacionalidade ......., estado civil ......., profissão ......., natural

de .........., Estado de ......., portador da cédula de identidade RG. N.º:

0.000.000 - SSP/... e inscrito no CPF(MF) sob o N.º. 000.000.000-00,

residente e domiciliado na XXXXXXXXX, Nº 000 - apto. 00 – Bairro:

XXXXXXXXXX - CEP 00000-000, Município: XXXXXXXXXXX- Estado de

............; têm entre si justa e contratada a constituição de uma Sociedade

Empresária do tipo Limitada, na forma da Lei, mediante às condições e

Cláusulas seguintes: Cláusula Primeira - Da Denominação Social e Sede

1.1. A sociedade girará sob o nome empresarial ______________________ e

terá sede na (endereço completo: tipo e nome do logradouro, no,

complemento, bairro, cidade,CEP e UF). *¹

Cláusula Segunda - Das Filiais e Outras Dependências

2.1. A Sociedade poderá a qualquer tempo, abrir filiais e outros

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estabelecimentos, no país, por deliberação dos sócios.

Cláusula Terceira - Do Objeto Social

3.1. Seu objeto social será ________________________________. *²

Cláusula Quarta - Do Capital Social

4.1. O capital social é de R$ ____________________ (______ reais), dividido

em ___ quotas de R$ __________ (_____ reais), cada uma, subscritas e

integralizadas, neste ato, em moeda corrente do País, pelos sócios:

Fulano de Tal ............................ no de quotas __________ -R$ ________.

Beltrano de Tal ............................. no de quotas _________ - R$

__________.

Cláusula Quinta - Da Cessão e Transferência das Quotas

5.1. As quotas da sociedade são indivisíveis e não poderão ser cedidas ou

transferidas sem o expresso consentimento dos demais sócios, cabendo em

igualdade de condições e preço, o direito de preferência ao sócio que queira

adquiri-las. O sócio que pretenda ceder ou transferir todas ou parte de suas

quotas, deverá manifestar sua intenção por escrito ao(s) outro(s) sócio(s),

assistindo a este(s) o prazo de 30 (trinta) dias para que possa(m) exercer o

direito de preferência, ou, ainda, optar pela dissolução da sociedade antes

mesmo da cessão ou transferência das cotas.

Cláusula Sexta - Da Responsabilidade dos Sócios

6.1. A responsabilidade dos sócios é limitada à importância total do capital

social. Cláusula Sétima – Início e Prazo de Duração

7.1. A sociedade iniciará suas atividades em __/__/__ e seu prazo de duração

é por tempo indeterminado.

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Cláusula Oitava – Da Administração e Uso da Firma

8.1. A administração dos negócios da Sociedade será exercida

CONJUNTAMENTE pelos Sócios _____________ e _____________,

conforme indicados na forma deste Instrumento, que representarão a

sociedade ativa e passiva, judicial e extrajudicialmente.

8.2. Os sócios não poderão, em qualquer circunstância, praticar atos de

liberalidade em nome da sociedade, tais como a prestação de garantias de

favor e outros atos estranhos ou prejudiciais aos objetivos e negócios sociais,

configurando-se justa causa para efeito de exclusão do sócio nos termos do

art. 1.085 do Código Civil brasileiro.

Cláusula Nona – Do Pro-Labore

9.1. O pro-labore do(s) administrador(es) serão fixados de comum acordo

entre os sócios, obedecidos os limites legais da legislação do imposto de

renda.

Cláusula Décima – Do Balanço e Prestação de contas

10.1. No dia 31 de dezembro de cada ano, o administrador procederá ao

levantamento do balanço patrimonial, de resultado econômico e, apurados os

resultados do exercício, após as deduções previstas em lei e formação das

reservas que forem consideradas necessárias, os lucros e prejuízos serão

distribuídos e suportados pelos sócios, proporcionalmente às quotas do

capital social que detiverem.

10.2. Nos quatro meses seguintes ao término do exercício social, os sócios

deliberarão sobre as contas e designarão administrador, quando for o caso.

Cláusula Décima Primeira - Do Falecimento ou Incapacidade

Superveniente

11.1. No caso de falecimento ou incapacidade superveniente de quaisquer

dos sócios será realizado em 30 (trinta) dias da ocorrência, um balanço

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especial. Convindo ao(s) sócio(s) remanescente(s) e concordando o(s)

herdeiros, será lavrado termo de alteração contratual com a inclusão deste(s).

11.2. Caso não venha(m) o(s) herdeiros(s) a integrar a sociedade, este(s)

receberá(ão) seus haveres em moeda corrente, apurados até a data do

impedimento ou falecimento, em 10 (dez) prestações mensais e sucessivas,

corrigidas monetariamente pelo IGP-M (FGV), ou outro índice que o venha

substituir, vencendo-se a primeira parcela após 30 (trinta) dias da data do

balanço especial.

11.3. Em permanecendo apenas um sócio, este terá o prazo de 180 (cento e

oitenta) dias para recompor a pluralidade social, com o que, não recomposta,

continuará o mesmo com todo o ativo e passivo na forma de firma individual

ou extinta.

Cláusula Décima Segunda – Deliberação Social

12.1. As deliberações sociais serão tomadas sempre por reunião dos sócios,

a serem convocadas previamente, no prazo mínimo de 3 (três) dias úteis;

12.2. As convocações das reuniões dos sócios se fará por meio de carta

registrada, telegrama, por e-mail, ou por qualquer outro meio ou forma, desde

que comprove o envio e o teor da convocação;

12.3. As formalidades de convocação das reuniões poderão de ser

dispensadas nas hipóteses previstas em lei.

Cláusula Décima Terceira – Desimpedimento e Legislação Aplicável

13.1. Os sócios declaram, sob as penas da Lei, que não estão incursos em

quaisquer crimes previstos em Lei ou restrições legais, que possam impedi-

los de exercer atividades empresariais.

13.2. Os casos omissos serão resolvidos pela aplicação dos dispositivos do

Código Civil brasileiro e, subsidiariamente, pela Lei das Sociedades

Anônimas, sem prejuízo das disposições supervenientes.

Cláusula Décima Quarta - Do Foro

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14.1. Fica eleito o Foro Central da Comarca de São Paulo, para os

procedimentos judiciais referentes a este Instrumento de Contrato Social, com

expressa renúncia a qualquer outro, por mais especial ou privilegiado que

seja ou venha a ser. E por estarem assim, justos e contratados, os sócios obrigam-se a cumprir o

presente contrato, na presença de duas testemunhas, assinando-o em três

vias de igual teor para os regulares efeitos de direito.

São Paulo, 17 de Maio de 2010. __________________________

Administrador

__________________________

Administrador

________________

TESTEMUNHA:

RG: DDDDD- SSP-....

________________

TESTEMUNHA

RG: RRRRRR SSP - .......

__________________________

ADVOGADO

OAB/.... No. WW.YYY *¹ O nome empresarial, que deverá estar relacionado com a atividade

econômica da empresa, integradas pela palavra “limitada” ou sua abreviatura

“Ltda”.

Lembre-se que a omissão da palavra “Limitada” ou “Ltda” determina a

responsabilidade solidária e ilimitada dos administradores.

Não deverá conter as expressões “ME” ou “EPP” – tendo em vista que, a

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condição de Micro e Pequena Empresa ou Empresa de Pequeno Porte, é

somente uma questão de faturamento, e não um tipo societário.

O Nome empresarial não pode ser idêntico ou semelhante a nome já

protegido e anteriormente registrado. *² Diz respeito à atividade principal da empresa. Deverá conter a declaração

precisa e detalhada das atividades a serem desenvolvidas, mencionado

gênero e espécie. Gênero: Indústria; Comércio; Serviços; Espécie: Calçados;

Roupas Infantis; Limpeza. Exemplo: Indústria de Calçados; Comércio de

Roupas Infantis; Prestação de Serviços de Limpeza etc.

FONTE: CONTRATO SOCIAL: Constituição de Sociedade Empresária Limitada.