Monografia Impactos do Twitter na cobertura jornalística das eleições 2010: o caso da Agência...
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ÂÂNNGGEELLAA CCÂÂNNDDIIDDAA PPEERREEIIRRAA DDAA SSIILLVVAA
IIMMPPAACCTTOOSS DDOO TTWWIITTTTEERR NNAA CCOOBBEERRTTUURRAA JJOORRNNAALLÍÍSSTTIICCAA DDAA
CCAAMMPPAANNHHAA EELLEEIITTOORRAALL 22001100::
OO CCAASSOO DDAA AAGGÊÊNNCCIIAA EESSTTAADDOO
Universidade Metodista de Piracicaba
Faculdade de Comunicação Social - Curso de Jornalismo
Piracicaba, SP - 2010
ÂÂNNGGEELLAA CCÂÂNNDDIIDDAA PPEERREEIIRRAA DDAA SSIILLVVAA
IIMMPPAACCTTOOSS DDOO TTWWIITTTTEERR NNAA CCOOBBEERRTTUURRAA JJOORRNNAALLÍÍSSTTIICCAA
DDAA CCAAMMPPAANNHHAA EELLEEIITTOORRAALL 22001100::
OO CCAASSOO DDAA AAGGÊÊNNCCIIAA EESSTTAADDOO
Monografia apresentada como requisito
parcial para obtenção do grau de Bacharel
em Comunicação Social – Habilitação em
Jornalismo, na Universidade Metodista de
Piracicaba.
Orientação: Prof. Paulo Roberto Botão.
Universidade Metodista de Piracicaba
Faculdade de Comunicação Social - Curso de Jornalismo
Piracicaba, SP - 2010
DDEEDDIICCAATTÓÓRRIIAA
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DDaavviidd PPoogguuee
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tteeccnnoollooggiiaa ddoo jjoorrnnaall TThhee NNeeww
YYoorrkk TTiimmeess..
AGRADECIMENTOS
A meus pais, Brasilino Pereira da Silva e Maria Benedita Romualdo da Silva,
por me proporcionarem chegar até aqui meu eterno agradecimento.
Aos professores de toda a minha vida acadêmica, por toda a contribuição.
Ao Profº Paulo Roberto Botão, pela orientação do trabalho.
Ao Profº Dr. Belarmino César Costa, pela orientação do anteprojeto de pesquisa.
À Profª Drª Ana Maria Cordenonssi, pelo impulso e pela indicação de fontes de
consulta.
Aos funcionários da Faculdade de Comunicação da Unimep.
Especialmente, aos amigos e colegas Aline Cristiane Joaquim (@AlynneCristiane),
Camila Gusmão (@camilagusmao), Patrícia Elias (@patriciaesilva), Zamir de Bellis
Junior (@zamirjr), Mayara Banow (@maybanow) e Vanessa Haas (@vanjornalismo),
pela colaboração na primeira fase deste trabalho. A determinação sempre foi a base
que uniu esta equipe e se tornou um apoio importante para o sucesso de nossos
projetos.
À Rafael Piveta Lopes, pela compreensão nos finais de semana ausentes.
Aos pesquisadores Pedro Aguiar e Maria Cleidejane Espiridião, pela colaboração em
relação à bibliografia sobre agências de notícias.
Aos jornalistas da Agência Estado: Gustavo Porto, pelas dicas iniciais; Gustavo Uribe,
Ana Conceição e Carolina Freitas, pela recepção na empresa para as entrevistas; e, em
especial, ao diretor executivo Roberto Lira, e à chefe de reportagem Elisabeth Lopes,
pelo estímulo.
Ao jornalista Erich Vallim Vicente, editor da Tribuna Piracicabana, pelo apoio na
obtenção de material da Agência Estado.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 01 – Estatísticas de acesso a redes sociais no Brasil .................................................. 33
Figura 02 – Tweet relacionado à agenda do político/partido ................................................. 61
Figura 03 – Tweet relacionado à agenda do jornalista .......................................................... 62
Figura 04 – Tweet de marketing político ............................................................................... 62
Figura 05 – Tweet relacionado a outros fatos da política ...................................................... 63
Figura 06 – Tweet de divulgação profissional ....................................................................... 63
Figura 07 – Reply no Twitter ................................................................................................. 64
Figura 08 – Retweet no Twitter ............................................................................................. 64
Figura 09 – Tweet variado ..................................................................................................... 65
Figura 10 – Tweet relacionado ao dossiê ............................................................................... 65
Figura 11 – Tweet de José Dutra dossiê (02/06 12h21) ......................................................... 73
Figura 12 – Tweet de José Dutra dossiê (01/06 20h23) ......................................................... 73
Figura 13 – Tweet de Sérgio Guerra dossiê (03/06 16h06) ................................................... 74
Figura 14 – Tweet de José Dutra dossiê (03/06 18h21) ......................................................... 75
Figura 15 – Tweet de Sérgio Guerra sobre Dutra (03/06 11h12) .......................................... 76
Figura 16 – Tweet de Sérgio Guerra sobre Dutra (03/06 11h10) .......................................... 76
Figura 17 – Tweet de José Dutra dossiê (02/06 12h21) ......................................................... 77
Figura 18 – Tweet de José Dutra dossiê (03/06 15h06) ......................................................... 78
Figura 19 – Tweet de José Dutra sobre Guerra (01/06 20h25) .............................................. 79
Figura 20 – Tweet de Marina Silva sobre Indio da Costa (18/07 21h07) ............................. 81
Figura 21 – Site oficial Minha Marina .................................................................................. 82
Figura 22 – Tweet de Marina Silva - 1ª interação com conta de portal jornalístico .............. 83
Figura 23 – Tweet de Marina Silva - 2ª interação com conta de portal jornalístico .............. 83
Figura 24 – Tweet de José Dutra sobre Indio da Costa (17/07 14h45) .................................. 87
Figura 25 – Tweet de José Dutra sobre Indio da Costa (18/07 18h46) .................................. 88
Figura 26 – Reprodução do Twitter sendo usada como ilustração na matéria ...................... 89
Figura 27 – Tweet de Indio da Costa PT-Farc (19/07 12h45) ............................................... 90
Figura 28 – Tweet de Indio da Costa PT-Farc (23/07 7h42) ................................................. 91
Figura 29 – Tweet de Indio da Costa PT-Farc (19/07 14h52) ............................................... 92
Figura 30 – Tweet de Indio da Costa PT-Farc (19/07 15h40) ............................................... 92
Figura 31 – Tweet de Indio da Costa PT-Farc (19/07 16h24) ............................................... 92
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 – Twitters analisados na pesquisa ......................................................................... 60
Tabela 02 – Conteúdo dos tweets de Dilma Rousseff ........................................................... 66
Tabela 03 – Conteúdo dos tweets de José Serra .................................................................... 66
Tabela 04 – Conteúdo dos tweets de Marina Silva ................................................................ 67
Tabela 05 – Conteúdo dos tweets de José Eduardo Dutra ..................................................... 67
Tabela 06 – Conteúdo dos tweets de Sérgio Guerra .............................................................. 67
Tabela 07 – Conteúdo dos tweets de José Luiz Penna .......................................................... 67
Tabela 08 – Conteúdo dos tweets de Elisabeth Lopes ........................................................... 68
Tabela 09 – Conteúdo dos tweets de Carolina Freitas ........................................................... 69
Tabela 10 – Conteúdo dos tweets de Gustavo Uribe ............................................................. 69
Tabela 11 – Pesquisa de notícias no Google – primeira combinação ................................... 70
Tabela 12 – Pesquisa de notícias no Google – segunda combinação .................................... 71
Tabela 13 – Pesquisa de notícias no Google – terceira combinação ..................................... 71
Tabela 14 – Pesquisa de notícias no Google – quarta combinação ....................................... 72
Tabela 15 – Grau de aparição do Twitter nas matérias analisadas ........................................ 79
Tabela 16 – Twitters incluídos nas pesquisa ......................................................................... 80
Tabela 17 – Conteúdo dos tweets de Dilma Rousseff ........................................................... 80
Tabela 18 – Conteúdo dos tweets de José Serra .................................................................... 81
Tabela 19 – Conteúdo dos tweets de Marina Silva ................................................................ 81
Tabela 20 – Conteúdo dos tweets de José Eduardo Dutra ..................................................... 83
Tabela 21 – Conteúdo dos tweets de Sérgio Guerra .............................................................. 84
Tabela 22 – Conteúdo dos tweets de José Luiz Penna .......................................................... 84
Tabela 23 – Conteúdo dos tweets de Michel Temer .............................................................. 84
Tabela 24 – Conteúdo dos tweets de Indio da Costa ............................................................. 84
Tabela 25 – Conteúdo dos tweets de Elisabeth Lopes ........................................................... 85
Tabela 26 – Conteúdo dos tweets de Carolina Freitas ........................................................... 85
Tabela 27 – Conteúdo dos tweets de Gustavo Uribe ............................................................. 85
Tabela 28 – Pesquisa de notícias no Google – quinta combinação ....................................... 86
Tabela 29 – Pesquisa de notícias no Google – sexta combinação ......................................... 86
Tabela 30 – Grau de aparição do Twitter nas matérias analisadas ........................................ 93
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12
CAPÍTULO I – DA INTERNET AO JORNALISMO ONLINE .................................... 17
1. A Internet no Brasil ............................................................................................................................ 20
2. A evolução do jornalismo online no Brasil ........................................................ 21
CAPÍTULO II - REDES SOCIAIS E JORNALISMO NO TWITTER ......................... 25
1. As redes sociais no ciberespaço: conceito e surgimento ....................................................... 26
2. Os blogs e a geração de conversações ................................................................. 28
3. A onda dos microblogs e o fenômeno Twitter ..................................................... 30
3.1. Nascimento e características do Twitter ....................................................... 31
4. Política e Twitter: campanha em 140 caracteres ................................................. 36
5. As apropriações jornalísticas do Twitter ............................................................. 39
CAPÍTULO III - AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS E POLÍTICA: UMA
RELAÇÃO HISTÓRICA .................................................................................................. 42
1. Agências de notícias brasileiras ........................................................................... 45
1.1. A experiência da Agência Estado ................................................................. 47
1.2. Produtos e serviços da Agência Estado ........................................................ 49
2. Cobertura política e a relação com as agências de notícias ................................. 52
CAPÍTULO IV - IMPACTOS DO TWITTER NA COBERTURA
JORNALÍSTICA DA CAMPANHA ELEITORAL 2010: ANÁLISE DE
CONTEÚDO DA AGÊNCIA ESTADO ............................................................................ 56
1. Análise do Caso 1: A polêmica do dossiê contra José Serra ............................... 66
1.1. A repercussão dos tweets sobre o dossiê no material jornalístico da
Agência Estado..... ................................................................................................................. 70
2. Análise do Caso 2: PT é acusado de ligação com as Farc ................................... 79
2.1 A repercussão dos tweets sobre a suposta ligação entre PT e Farcs
no material jornalístico da Agência Estado ........................................................................... 85
3. Uso de tweets em matérias jornalísticas: avaliações ........................................... 93
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 100
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 104
ANEXOS ............................................................................................................................. 108
Anexo A – Transcrição das entrevistas realizadas junto a jornalistas da
Agência Estado ..................................................................................................................... 109
Anexo B – Notícias relacionadas ao dossiê produzidas pela Agência
Estado e analisadas na pesquisa .......................................................................................... 118
Anexo C – Notícias relacionadas à acusação de ligação do PT com
as Farc produzidas pela Agência Estado e analisadas na pesquisa ..................................... 129
Anexo D – Relação integral dos tweets divulgados por políticos no período
analisado – caso dossiê ......................................................................................................... 135
Anexo E – Relação integral dos tweets divulgados por jornalistas no período
analisado – caso dossiê ......................................................................................................... 148
Anexo F – Relação integral dos tweets divulgados por políticos no período
analisado – caso PT-Farc ...................................................................................................... 156
Anexo G – Relação integral dos tweets divulgados por jornalistas no período
analisado – caso PT-Farc ...................................................................................................... 179
RREESSUUMMOO
O serviço de microblogging Twitter1 surgiu sem a intenção de manter relação direta
com o jornalismo. Apesar disso, passou a apresentar dupla faceta: conversação e
informação instantânea, esta última em maior escala. O perfil de seus usuários no que se
refere à colaboração/participação levou alguns grupos jornalísticos a adotá-lo como
ferramenta. Blogueiros, tecnomaníacos e políticos estão entre os grupos mais ativos no
microblog. Frente a esse cenário e a fim de entender a relação do jornalismo com as redes
sociais, este trabalho toma como objeto o microblog Twitter para identificar seu uso pelo
jornalismo enquanto uma ferramenta de captação de informações durante a cobertura das
campanhas eleitorais de 2010. O foco é a relação entre personalidades políticas que usam o
Twitter para divulgar suas ações e repórteres que se pautam por esses tweets2. Essa situação
é analisada a partir da experiência da editoria de política da Agência Estado. A pesquisa
apresenta uma revisão conceitual e histórica sobre o jornalismo online, as redes sociais, os
blogs, os microblogs e o jornalismo de agências. A partir de um estudo de caso do Twitter
que incluiu a observação de 11 perfis, é feita uma análise sobre a forma com que os tweets
publicados por políticos estão sendo utilizados no material noticioso produzido pela
Agência Estado. Por fim, constata-se a hipótese de que os conteúdos do Twitter vêm sendo
usados pelo jornalismo como fonte, a exemplo da identificação de notícias inteiramente
baseadas em falas escritas pelos políticos no microblog.
PPaallaavvrraass--cchhaavvee::
Jornalismo online, Redes sociais, Twitter, Eleições, Agências de notícias.
1 http://twitter.com/
2 Mensagem enviada pelo Twitter.
AABBSSTTRRAACCTT
The microblogging service Twitter has emerged without the intention of keep a
direct relationship with journalism. However, it now provides two facets: conversation and
instant information, this last on a larger scale. The profile of its users with respect to
collaboration/participation has led some publishers to adopt it as a tool. Bloggers, tecnology
maniacs and political personalities are among the most active groups in the microblog.
Given this reality and in order to understand the relationship of journalism with social
networks, this study takes the Twitter as its object for identify their use by the journalism as
a tool for capturing information during the coverage of 2010 election campaigns. The
intention is to analyze the relationship between political personalities that use Twitter to
publicize his actions and reporters who are guided by these tweets. This situation is
analyzed from de experience of the politics section of the Agência Estado. The research
presents a conceptual and historical review about online journalism, social networking,
blogs, microblogs and journalism agencies. From a case study of Twitter that included the
observation of 11 profiles, an analysis is made about the way the tweets published by
political personalities are being used in news material produced by the Agência Estado.
Finally, this research concludes that there is the possibility that the contents of Twitter are
being used by journalists as a source, such as the identification of news based entirely on
messages by political personalities on Twitter.
KKeeyy--wwoorrddss::
Webjournalism, Social networks, Twitter, Elections, News agencies.
12
IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO A produção de conteúdo na rede mundial de computadores foi democratizada com a
consolidação da web 2.0, segunda geração da Internet caracterizada por apresentar plataforma
aberta, que reforça o ambiente de interação e a troca colaborativa entre sites e internautas, da
qual as redes sociais são um dos exemplos possíveis. Através de um blog, por exemplo,
amadores se tornam produtores de conteúdo, publicam sua posição sobre fatos informados
pela mídia ou lançam em primeira mão conteúdos relevantes que rapidamente se multiplicam
na web, chamando a atenção dos internautas e mesmo da imprensa.
Criado em 1992 e lançado ao público em 2006, o microblog Twitter teve seu papel
redirecionado por seus usuários num processo chamado de “apropriação”, na medida em que
passou a ser usado para fins de conversação, caracterizando-se, portanto, como uma rede
social, e também para o compartilhamento de informações (ZAGO, 2009a). Hoje, o serviço
pode ser apontado como uma ferramenta informativa porque possibilita tanto a circulação de
informações quanto o debate acerca delas e, consequentemente, a produção de novos
conteúdos. O Twitter está no apogeu de sua popularidade e só dá sinais de que crescerá ainda
mais (COMM, 2009). Seu uso estendeu-se inclusive para o campo político, com destaque para
a divulgação da campanha à presidência de Barack Obama pelo microblog, nos Estados
Unidos, em 2008.
Este estudo se debruça sobre as apropriações do Twitter como agregador de
informações, para analisar a repercussão delas na produção de notícias, no sentido de que o
microblog pode ser usado como ferramenta na redação. Assim como os usuários podem
escolher a quem irão seguir no site, os grupos de comunicação também podem fazer uso do
13
Twitter para incrementar suas coberturas e contatar fontes de informação (CARVALHO;
BARRICHELLO, 2009).
No Twitter, existem indivíduos centrais que, pelo grande número de seguidores, atuam
como influenciadores de suas redes sociais (ZAGO, 2009a) e não se pode negar a relevância
de uma informação divulgada por eles. No momento em que cresce o uso de redes sociais de
comunicação e as pessoas se agrupam na Internet por nichos de interesses, o jornalismo tem a
possibilidade de se pautar por informações divulgadas diretamente do perfil de grupos
específicos. Assim, considerando que alguns grupos sociais recebem atenção redobrada dos
jornalistas, essa análise toma como foco as mensagens divulgadas por personalidades políticas
no microblog. Cabe destacar que a ideia não é associar ao jornalismo todo o conteúdo
divulgado por amadores no Twitter, mas sim considerar essas práticas como um complemento
da produção jornalística. Com base nessa tendência, o objeto do presente trabalho é o uso do
Twitter pelos jornalistas enquanto uma ferramenta adicional para a cobertura da campanha
eleitoral de 2010.
Para entender como isso se desdobra foram levantadas situações em que as
informações divulgadas por políticos no microblog serviram como fonte para matérias
publicadas pela Agência Estado. A escolha desta empresa ocorreu em virtude de dois fatores.
Primeiro porque seu material tem forte repercussão na mídia e, consequentemente, na opinião
pública, já que suas notícias são replicadas por seus inúmeros assinantes, representados por
jornais, portais e sites de informação de todo o país. Segundo porque a própria natureza de
operação das agências de notícias pressupõe um elevado grau de uso das novas tecnologias de
produção e difusão da informação, assim como a aceleração da velocidade nos processos em
que estão envolvidas.
O objetivo é avaliar o quanto o microblog vem sendo usado pela Agência Estado como
fonte para a cobertura da campanha eleitoral e se ele se configura como uma ferramenta eficaz
para o apoio do trabalho na redação, a fim de desvendar a relação que a agência mantém com
a rede social. Portanto, a observação feita nesse trabalho também apresenta algumas das
particularidades do jornalismo de agências, principalmente em relação à maneira de lidar com
as novas formas de produção de conteúdo possibilitadas pela web.
Considerando a natureza do objeto e o fato de que o procedimento metodológico é
composto pelo monitoramento do Twitter em determinados períodos e posterior interpretação,
que mescla elementos qualitativos e quantitativos, esta pesquisa foi baseada na estratégia de
estudo de caso. Seu enquadramento como tal se justifica pelo fato de investigar uma tendência
14
atual por meio de múltiplas fontes de consulta (M. DUARTE, 2005) e de coleta de dados,
além de ter sua problemática mais relacionada à questão “como”. Acrescenta-se, ainda, o fato
de que os eventos analisados não permitiram qualquer controle pela pesquisadora, além da
observação passiva, já que se constituem em manifestações sociais ligadas a um fenômeno
contemporâneo (YIN, 2001). Ao analisar o Twitter por meio de uma situação única – seu uso
por jornalistas durante a cobertura das campanhas eleitorais – a estratégia dessa pesquisa
representa, portanto, a investigação de um caso específico e bem delimitado.
A problemática que se impôs ao estudo foi investigar de que maneira as mensagens
postadas no microblog vêm sendo usadas nas notícias em meio ao grande fluxo de
informações que a web proporciona e se a ferramenta acomoda o jornalista, no sentido de que
o contato “face a face” é posto em segundo plano e pode não haver a preocupação de checar
esse conteúdo e obter mais informações junto às fontes.
Além da revisão histórica e conceitual acerca do jornalismo online, das redes sociais e
do jornalismo de agências, as ferramentas usadas para a coleta de dados foram a própria web
como fonte principal; e a captação de entrevistas semi-abertas junto a repórteres da Agência
Estado (usuários do Twitter) como fonte complementar, a fim de compreender as formas de
uso do Twitter na redação.
O procedimento de análise se inicia com a seleção de dois fatos políticos de
repercussão nacional ocorridos durante a campanha eleitoral. Após a seleção destes dois
episódios, passou-se à observação de tweets divulgados por um grupo de políticos e de
jornalistas da Agência Estado durante o período de maior debate destes, realizando-se a sua
confrontação com matérias jornalísticas produzidas e veiculadas pela Agência no mesmo
período, em sistemática que é apresentada de forma detalhada no capítulo IX, que apresenta a
análise em questão.
Com esses procedimentos, procurou-se agregar o máximo de fidedignidade possível
ao trabalho, para que, uma vez repetida, sua análise apresente resultados aproximados aos
alcançados. Pela escolha da Internet como fonte para as coletas, os procedimentos adotados
foram de fato flexíveis, já que “a volatilidade da internet, em que as mudanças se dão com
inacreditável celeridade, impede a constituição do corpus por meio das amostragens
tradicionais” (ADGHIRNI; MORAES, 2008, p. 242).
Ao se voltar para a análise de perfis políticos no microblog, o presente trabalho
mantém a característica de atualidade, já que 2010 é ano de eleições presidenciais no Brasil e,
no período de análise, os políticos estiveram em ritmo de campanha, marcado por
15
informações de bastidores que puderam ser coletadas nos perfis dos candidatos que usam o
Twitter. Além disso, a Internet teve papel fundamental nesse processo, já que o Congresso
Nacional aprovou a liberação do uso da web para campanhas políticas, em setembro de 2009,
através do Projeto de Lei 5498/093, sancionado pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva.
Considerando as discussões em torno do futuro do jornalismo diante da facilidade de
se produzir informação na Internet, esse trabalho avalia o comportamento do jornalista diante
de uma ferramenta diretamente ligada à web, ao ambiente de colaboração e à interação
mediada por computador, contribuindo para o debate acerca dos impactos da Internet no
jornalismo e sobre as novas formas de linguagem que a web proporciona, sem entretanto
esgotar a temática.
O primeiro capítulo deste estudo, “Da Internet ao jornalismo online”, trata do
surgimento da Internet e sua expansão pelo mundo e no Brasil. Esse aspecto histórico é
apresentado para que o nascimento e o desenvolvimento do jornalismo digital seja explicado,
desde a adaptação não muito clara à rede pela qual os veículos se submeteram, até o
entendimento de que a web exigia uma linguagem específica.
“Redes sociais e jornalismo no Twitter” é o tema do segundo capítulo, que aprofunda
o conceito de web 2.0, fala do surgimento das redes sociais, dos microblogs e seu papel na
Internet como ferramenta de participação. Também trata do nascimento do microblog Twitter,
suas possibilidades e sua apropriação como espaço de informação. O capítulo aborda a
reconstrução de sentido dessa rede social, liderada pelos grupos que a compõem, uma vez que
a pergunta “What are you doing4?”, lançada pelo Twitter foi convertida em “What’s
happening
5?”, ou seja, formou-se um espaço de circulação de informações de todos os tipos,
inclusive, noticiosas. O segundo momento do trabalho refere-se, portanto, à produção
colaborativa de conteúdo pelos usuários do Twitter.
O terceiro capítulo deste estudo aborda a trajetória histórica do jornalismo de agências
e seus desdobramentos no Brasil. Apresenta ainda a relação existente entre o jornalismo
político e as agências de notícias, uma vez que grande parte do conteúdo nacional publicado
pela imprensa nessa área é baseado nos serviços recebidos das agências contratadas. Este
3 O Projeto de Lei 5498/09, aprovado pela Câmara dos Deputados em 16 de setembro de 2009 determina que “é
livre a manifestação do pensamento, vedado o anonimato, durante a campanha eleitoral, por meio da rede
mundial de computadores - internet, assegurando o direito de resposta”. O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva
sancionou a lei em 29 de setembro de 2009, que já começou a vigorar nas eleições de 2010, sendo que os
candidatos puderam pedir votos pela internet a partir do dia 5 de julho de 2010. Porém, mesmo antes da
campanha, fica livre toda manifestação de pensamento. 4 O que você está fazendo?
5 O que está acontecendo?
16
momento da monografia apresenta características do trabalho desenvolvido pela Agência
Estado, tais como aspectos da produção de seu conteúdo, serviços ofertados e sua presença na
web.
No quarto capítulo deste estudo, “Impactos do Twitter na cobertura jornalística da
campanha eleitoral 2010: análise de conteúdo da Agência Estado”, são apresentados os
procedimento metodológicos, que incluem a observação de perfis de personalidades políticas
no microblog, a coleta de notícias produzidas pela Agência Estado baseadas nesses tweets, a
análise acerca dessa produção e a citação de trechos de entrevistas realizadas junto a
repórteres da AE.
Finalmente, no último capítulo, são traçadas as considerações finais, retomando e
aprofundando as conclusões observadas na análise. Ressalta-se neste ponto a importância da
Internet e, sobretudo, das redes sociais, na produção de informação jornalística na atualidade,
e da forma como as novas ferramentas de interação da chamada web 2.0 vem sendo
incorporadas ao processo de produção e difusão destas informações.
17
CAPÍTULO I – DA INTERNET AO JORNALISMO ONLINE
O termo Internet nasceu com a expressão inglesa “INTERaction or INTERconnection
between computer NETworks” e se refere à rede que reúne milhares de outras redes de
computadores, ou seja, um meio onde a comunicação se locomove em alta velocidade para
todos os locais. Ao longo das últimas décadas, o desenvolvimento dessa rede teve
consequências em muitas áreas da vida em sociedade, e provocou o surgimento do
webjornalismo, fenômeno que pode ser melhor compreendido a partir do conhecimento da
história da Internet e seus avanços após a criação do ambiente gráfico World Wide Web.
Apesar de os termos Internet e Web serem usados como sinônimos, Ward (2006)
aponta o primeiro como a infraestrutura que conecta os computadores em rede mundial. Já a
web é a interface que, através da Internet, possibilita a troca de dados, fotos, sons e vídeos.
A Internet surgiu em 1969, quando foi criada a Arpanet, pela Advanced Research
Projects Agency, organização do Departamento de Defesa dos Estados Unidos que
desenvolvia pesquisas de informação para o serviço militar. A Arpanet era uma rede nacional
de computadores que os Estados Unidos usavam como ferramenta de comunicação de
emergência em caso de ataque de outro país.
No final do ano de 1974, a Arpanet chegou a ter 62 servidores, sendo que a previsão
inicial era de funcionar com apenas 19 deles. Pinho (2003) cita que houve a necessidade de
aperfeiçoar seu protocolo de comunicação, o NCP, para ampliar a possibilidade de conexão
das máquinas.
Bob Kahn e Vinton Cerf desenvolveram e propuseram um novo conjunto de
protocolos que permitia a comunicação entre diferentes sistemas. O
Transmission Control Protocol (TCP) e o Internet Protocol (IP) oferecem 4
bilhões de endereços diferentes e utilizam uma arquitetura de comunicação
em camadas, com protocolos distintos cuidando de tarefas distintas (PINHO,
2003, p. 27).
18
O TCP/IP foi adotado pela Arpanet e funcionou em paralelo com o NCP, até o ano de
1983, quando foi necessário usar um novo conjunto de protocolos TCP/IP para cada máquina.
A partir de 1975, a Agência de Comunicação e Defesa americana ganhou o controle da
Arpanet. Pesquisadores universitários passaram a usar a rede para trocar arquivos extensos,
causando o crescimento do tráfego de dados (FERRARI, 2004).
A partir disso, surgiram novas redes, tais como Bitnet (Because It’s Time Network) e
CSNET (Computer Science Network – Rede de Ciência da Computação), com o objetivo de
fornecer acesso para outras universidades e entidades de pesquisa. A Bitnet era uma rede
acadêmica da City University de Nova York, conectada à Universidade de Yale, e “[...] utiliza
sistemas de correio eletrônico e um mecanismo conhecido como „listserv‟, que permitia aos
usuários publicar artigos e subscrever mailing lists especializadas em determinados assuntos
enviando uma mensagem para um servidor de listas” (PINHO, 2003, p. 28).
A Arpanet desvinculou-se das origens militares em 1983. Na verdade, ela foi dividida
e a Milnet continuou com propósitos militares. A Arpanet em si dirigiu-se para a pesquisa e
progressivamente passou a ser chamada de Internet (PINHO, 2003).
Em 1984, a National Science Foundation, um órgão independente do governo norte-
americano, passou a administrar a Arpanet. Criou, então, em 1986, uma rede que conectava
pesquisadores de todo o país, a NSFNET. Em 1990, já eram mais de 80 países utilizando a
rede.
Até o final dos anos 80, os computadores existentes estavam ligados à academia,
instalados em laboratórios e centros de pesquisa. Enquanto isso, o ambiente gráfico World
Wide Web estava sendo criado, com base em hipertexto e sistemas de recursos para a Internet.
O principal precursor deste processo foi Tim Berners Lee, que já em 1980, desenvolveu o
programa Enquire, um organizador de informações e links, e anos depois, em 1989, propôs a
WWW, que impulsionou o desenvolvimento da Internet:
A Web é provavelmente a parte mais importante da Internet e, para muitas
pessoas, a única parte que elas usam, um sinônimo mesmo de Internet. Mas a
World Wide Web é fundamentalmente um modo de organização da
informação e dos arquivos na rede. O método extremamente simples e
eficiente do sistema de hipertexto distribuído, baseado no modelo cliente-
servidor, tem como principais padrões o protocolo de comunicação HTTP, a
linguagem de páginas HTML e o método de identificação de recursos URL
(PINHO, 2003, p. 33).
Por Hypertext Markup Language (HTML) entende-se a linguagem padrão usada para
escrever na web, nos formatos de texto, som, imagens e animação. O Hypertext Transport
19
Protocol (HTTP) é o protocolo que estabelece como programas e servidores irão interagir. O
Uniform Resource Locator (URL) permite que um serviço na web seja localizado e acessado
(PINHO, 2003).
Outros nomes foram importantes na evolução do modelo da WWW. Robert Cailliau,
em 1981, colaborou com o sistema de hipertexto da CERN e com o browser6
Samba. Em
1992, Jean François Groff também teve importante contribuição, ajudando a criar a nova
configuração gráfica da Internet.
O esforço verificado neste período foi principalmente visando garantir melhor
usabilidade à rede, ou seja, o desenvolvimento de interfaces mais amigáveis, o que foi
decisivo para a ampliação rápida do número de usuários nos anos seguintes.
Nesta perspectiva, em 1992, foi criado o College, grupo de pesquisadores que
estudava as formas de se explorar a web. O grupo foi criado pelo Software Development
Group (Grupo de Desenvolvimento de Softwares), do National Center for Supercomputer
Applications (NCSA) – Centro Nacional de Aplicações para Supercomputadores. Um dos
membros, Max Andreessen criou o Mosaic, o primeiro navegador pré Netscape (FERRARI,
2004).
Alguns dados citados por Ferrari (2004) representam a dimensão do crescimento da
internet: em 1993, eram 1,7 milhão de computadores conectados no mundo, e em 1997, esse
número subiu para 20 milhões. Em 1996, foram enviados 98 bilhões de e-mails nos Estados
Unidos, face à 83 bilhões de cartas convencionais postadas nos correios.
Em 1997, o termo portal passou a ser utilizado, já que os sites de busca passaram a
agregar conteúdo e disponibilizar aplicativos na própria página de entrada. Segundo Ferrari
(2004), os portais congregam: ferramenta de busca, comunidades, comércio eletrônico, e-mail
gratuito, entretenimento e esportes, notícias, previsão do tempo, chat, discos virtuais (espaço
em seus servidores para que os usuários armazenem arquivos, que podem ser acessados via
web de qualquer lugar), home page pessoais (página inicial de um site que pode ser
personalizada), jogos online, páginas amarelas (guias de serviços, mapas, telefones úteis),
mapas, cotações financeiras, canais (demarcam assuntos estratégicos), mapa do site (mostra
todos os nomes dos canais, seções e serviços, por links), personalização.
6 Navegador da Internet, programa utilizado para visualizar páginas web.
20
1. A Internet no Brasil
De acordo com PINHO (2003), alguns embriões de redes já eram observados no Brasil
em 1988. Eles interligavam universidades e centros de pesquisa do Rio de Janeiro, de São
Paulo e de Porto Alegre aos Estados Unidos.
A Rede Nacional de Pesquisa (RNP) teve papel importante na evolução da Internet no
Brasil. Surgido em 1989, o grupo era formado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e por
representantes do meio acadêmico, ligados a instituições como Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Financiadora de Estudos e Projetos
(Finep), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs). Essa rede aprimorou velocidades de conexões e
divulgou serviços da Internet para a comunidade acadêmica (PINHO, 2003).
O Brasil entrou para a rede de computadores em 1990, junto com Argentina, Áustria,
Bélgica, Chile, Grécia, Índia, Irlanda, Coréia, Espanha e Suíça (PINHO, 2003). Esse foi
também o ano em que a Arpanet foi encerrada, dando lugar a Internet de fato, com 1.500 sub-
redes e 250 mil hosts7.
O Ministério das Comunicações e o Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil,
promulgaram, em 1995, a Portaria Interministerial 147, que lançou o Comitê Gestor da
Internet no Brasil, “[...] com os objetivos de assegurar a qualidade e a eficiência dos serviços
ofertados, a justa e livre competição entre provedores e a manutenção de padrões de conduta
de usuários e provedores” (PINHO, 2003, p. 39).
Neste mesmo ano, houve a abertura da Internet comercial no país. Em razão disso, a
RNP expandiu os serviços de acesso, que antes eram restritos ao meio acadêmico, a todos os
setores da sociedade. A criação do Centro de Informações Internet/BR pela RNP “[...]
ofereceu um importante apoio à consolidação da Internet comercial no país” (PINHO, 2003,
p. 39).
A função de coordenar a atribuição de endereços IP foi transferida do Comitê Gestor
para a Fapesp, em 1998. Além disso, a manutenção das bases de dados na rede eletrônica
também ficou a cargo da Fundação. Para isso, a Fapesp foi autorizada a cobrar taxas de
registro e de manutenção de domínios.
7 Máquinas conectadas à rede.
21
Em 1998, mais de 25% das declarações do Imposto de Renda de pessoas físicas foram
processadas via internet. Esse fato deu mostras de que a rede caminhava para grande potencial
de acesso no país (FERRARI, 2004).
Depois que os bancos Bradesco e Unibanco ofereceram acesso gratuito à Internet, o iG
lançou-se também neste mercado em 2000, fazendo com que muitos internautas deixassem de
pagar seus provedores para experimentar o serviço. Com isso, o número de usuários
brasileiros da Internet deu um salto. De acordo com uma pesquisa Ibope realizada em março
de 2000 (FERRARI, 2004), o crescimento foi de 1,2 milhão de internautas nos dois primeiros
meses do ano.
O estágio atual da Internet relaciona-se às tecnologias de conexão móvel, que
“consistem na transmissão de dados digitais para celulares e computadores de mão, através de
redes sem fio, como por exemplo, as redes das operadoras de celulares” (FERREIRA, 2003,
p. 71). Trata-se de um novo campo de exploração também para o jornalismo, na forma de
difusão de conteúdo. Antes de aprofundar essa questão, é necessário retomar as mudanças
pelas quais o jornalismo passou com a consolidação da Internet.
2. A evolução do jornalismo online no Brasil
Com o passar do tempo, a Internet passou a representar também um novo campo para
o emprego de práticas jornalísticas. À nível mundial, a primeira experiência
comercial relacionada ao jornalismo online ocorreu em 1993, quando o jornal americano
San Jose Mercury News lançou sua versão digital na Internet, sendo o primeiro jornal
presente na web (FERREIRA, 2003).
São muitas as definições para o webjornalismo. De acordo com Gonçalves (2000 apud PINHO, 2003, p. 58):
O jornalismo digital é todo produto discursivo que constrói a realidade por
meio da singularidade dos eventos, tendo como suporte de circulação as
redes telemáticas ou qualquer outro tipo de tecnologia por onde se transmita
sinais numéricos e que comporte a interação com os usuários ao longo do
processo produtivo.
Ferrari (2004) propõe uma distinção entre os jornalistas online, aqueles que trabalham
na transposição das mídias, traduzindo as notícias da linguagem impressa para a web; e
jornalismo digital, que “[...] compreende todos os noticiários, sites e produtos que nasceram
diretamente na Web” (FERRARI, 2004, p. 41).
22
Há ainda o conceito de ciberjornalismo, que inclui tarefas de criação de textos para
os produtos do meio digital, tais como criação e manutenção de um blog, mediação de
chats e fóruns (FERRARI, 2004).
Ao contrário dos Estados Unidos, que viu seus portais de notícias surgirem em meio a
evolução dos sites de busca, no Brasil, os sites de conteúdo nasceram dentro das grandes
empresas jornalísticas (FERRARI, 2004). Em 1995, surge o primeiro site jornalístico
nacional, ligado ao Jornal do Brasil. Logo depois, surge também a versão eletrônica do jornal
O Globo. Neste período, a Agência Estado também lançou sua página na web.
Dessa forma, os portais brasileiros têm estreita relação com o próprio surgimento da
imprensa nacional, pois estão ligados aos grandes conglomerados de mídia, geralmente
pertencentes a empresas familiares:
Empresas tradicionais como as Organizações Globo, o grupo Estado
(detentor do jornal O Estado de S. Paulo e Jornal da Tarde), o grupo Folha
(do jornal Folha de S. Paulo) e a Editora Abril se mantêm como os maiores
conglomerados da mídia do país, tanto em audiência quanto em receita com
publicidade. Foram eles que deram os primeiros passos na Internet brasileira,
seguidos pelo boom mercadológico em 1999 e 2000, quando todas as
atenções se voltaram à Nasdaq (National Association of Securities Dealers
Automates Quotation), a bolsa de valores da Nova Economia. Muitos portais
brasileiros atraíram investidores estrangeiros. Projetos como IG, ZipNet, O
Site, Cidade Internet e StarMedia contaram com altos investimentos em
dinheiro (FERARRI, 2004, p. 27).
Entre 1997 e 2000, a aposta dos sites brasileiros foi na oferta abundante de conteúdo,
em detrimento de seu aprofundamento. Essa situação mudou a partir de 2001, quando “o
mercado passou a perceber a necessidade de aliar conteúdo à qualidade, design acessível e
viabilidade financeira” (FERRARI, 2004, p. 28).
A partir do ano 2000, alguns cursos de jornalismo inseriram em sua grade acadêmica a
disciplina jornalismo digital, e ensinar os alunos a criarem textos para as novas mídias era o
objetivo. A especialização nessa área também passou a ser ofertada em algumas
universidades.
De acordo com Ferreira (2003), a Internet como mídia se consolidou de fato no ataque
terrorista ocorrido em 11 de setembro de 20018
contra os Estados Unidos, “quando a rede
mundial de computadores se firmou como um recurso de suporte, pesquisa, difusão de
8 Série de ataques suicidas comandados pela rede terrorista islâmica Al-Qaeda contra os Estados Unidos.
Quatro aviões foram seqüestrados e dois deles colidiram intencionalmente contra as Torres Gêmeas do World
Trade Center, em Nova Iorque, matando passageiros e trabalhadores dos edifícios. O terceiro avião caiu no
Pentágono, nos arredores de Washington. O quarto avião caiu em um campo na Pensilvânia. Todos os
passageiros seqüestrados morreram.
23
notícias e arquivamento de informações após o atentado às torres do World Trade Center”
(FERREIRA, 2003, p. 70). Isso porque a web foi acessada na ocasião por pessoas do mundo
todo, que estavam no trabalho na hora do ataque e não tinham acesso a aparelhos de televisão.
Para entrar no mercado digital, necessariamente os jornalistas precisaram aprender a
escrever notícias para a Internet. Foi preciso preparar as redações para lidar com formatos
multimídias (fotos, áudios e vídeos) sem deixar de lado a checagem das informações. Era
preciso ainda explorar as opções ofertadas pelo meio, tais como links, instantaneidade,
interatividade e profundidade. Esses recursos a serem explorados pelo jornalismo online são
decorrentes das próprias características da Internet (ZAGO, 2008a):
a) interatividade: possibilidade de interagir com os leitores, através dos comentários e
pela própria navegação, pelo hipertexto;
b) personalização: possibilidade de que o leitor personalize o conteúdo que recebe,
adequando-o ao seu perfil;
c) hipertextualidade: uso de hiperlinks que complementam a notícia;
d) multimidialidade: apresentação do conteúdo em formatos de texto, áudio e vídeo;
e) atualização contínua;
f) memória: o armazenamento de informações na web é infinito e pode ser acessado
pelos leitores.
Portanto, o principal desafio do jornalismo online é saber explorar todas as
potencialidades oferecidas pela Internet, de forma a apresentar um conteúdo multimídia.
Dessa missão, deriva todas as fases pelas quais passou o webjornalismo no Brasil. Mielniczuc
(2003) propõe sua própria classificação para as etapas de evolução do jornalismo na web. Ela
divide a trajetória dos produtos jornalísticos para a Internet em três momentos:
I) Produtos de primeira geração ou fase da transposição: reproduziam partes dos
grandes jornais impressos. “Os produtos dessa fase, em sua maioria, são
simplesmente cópias do conteúdo de jornais existentes no papel, só que, para a
web” (MIELNICZUC, 2003, p. 33).
II) Produtos de segunda geração ou fase da metáfora: experiências que começam a
explorar as características oferecidas pela rede, mas que ainda têm como referência o
jornal impresso. Uma das potencialidades exploradas são os links, o e-mail e os
recursos de hipertexto.
III) Produtos de terceira geração ou fase do webjornalismo: iniciativas empresariais
e editoriais destinadas exclusivamente para o suporte da web. “São sites jornalísticos
que extrapolam a idéia de uma versão para a web de um jornal impresso já existente”
24
(MIELNICZUC, 2003, p. 36). Entre os recursos explorados nesta fase estão sons e
animações, interatividade (chats, enquetes, fóruns de discussões), personalização
do conteúdo de acordo com o usuário e utilização do hipertexto na própria narrativa
textual.
As muitas evoluções da Internet trazem ao jornalismo, em pleno século XXI, a
possibilidade de explorar também os dispositivos móveis. Segundo Ferreira (2003), entre as
experiências já exploradas pelo jornalismo brasileiro neste sentido estão a mobilidade, que
permite o recebimento de informações em qualquer lugar e a qualquer momento; a
especialização do conteúdo, que leva à produção de conteúdos de interesse do leitor, em geral
em curtos formatos; e a instantaneidade, que possibilita que o jornalismo envie informações
no exato momento em que o público necessita.
Além das transformações no campo da linguagem ocasionadas pela consolidação da
web, uma outra, talvez mais importante, provocou e ainda vem provocando muitas alterações
no processo de construção da notícia. Trata-se da ativa participação das fontes/leitores. Com a
potencialização das ferramentas de interação, surgiram novas alternativas para o envolvimento
dos leitores, acesso às fontes e participação do público no jornalismo.
Os blogs fazem parte de um primeiro momento de incorporação das ferramentas de
participação no jornalismo, pois permitiram uma ampliação significativa de vozes produzindo
conteúdo e debatendo o conteúdo produzido pelas empresas jornalísticas. Processo semelhante
ocorreu posteriormente com o Twitter, que vai também se incorporando ao jornalismo e
permitindo a recombinação de informações, como será exposto a seguir.
25
CAPÍTULO II - REDES SOCIAIS E JORNALISMO NO TWITTER
As redes sociais são uma das principais vertentes da interação e participação do
público através da Internet a partir do século XXI e se formam “quando uma rede de
computadores conecta uma rede de pessoas e organizações”, uma tradução livre de Recuero
(2009) para a frase “when a computer network connects people and organizations, it is a
social network”, de Garton, Haythomthwaite e Wellman (1997 apud RECUERO, 2009, p.
15).
Portanto, falar em redes sociais na Internet é avaliar os tipos de conexões estabelecidas
no ciberespaço (RECUERO, 2009). Na sociedade da informação tecnológica, o
estabelecimento de relações na web fica cada vez mais demarcado, aspecto este relacionado à
chamada comunicação mediada por computador. Por sua vez, os atores dessa comunicação,
também usuários das redes sociais, passaram a ter um papel bastante ativo na segunda geração
da Internet, caracterizada pela colaboração e pela interação.
No final do século XX e início do século XXI, houve a intensificação do acesso à rede
mundial de computadores. Nesse espaço, verificou-se ainda a ampliação das possibilidades de
interação e mesmo da produção de conteúdo no ciberespaço. Essas ações fazem parte de uma
fase da plataforma web caracterizada por alguns autores como web 2.0, termo usado pela
primeira vez por Tim O‟Reilly9
para se referir a uma nova versão da Internet enquanto
plataforma para o desenvolvimento de aplicativos que exploram as potencialidades da
inteligência coletiva (O´REILLY, 2005 apud NUNES, 2009).
9 Tim O'Reilly é o fundador da O'Reilly Media, uma companhia de mídia e editora americana que publica
livros e websites e organiza conferências sobre temas de informática. Ativista em movimentos de apoio ao
software livre e código livre, O'Reilly é tido como o criador da expressão Web 2.0.
26
O princípio chave da web 2.0 é que quanto mais pessoas usam os serviços mais
positivos eles se tornam. Exemplo disso é o site Youtube10
, fundado em 2005, que se
popularizou porque permite que seus usuários compartilhem vídeos em formato digital.
Nesse caso, quanto mais pessoas postarem vídeos no site, maior a variedade e maior o
número de acessos. Outros exemplos desta nova fase seriam os sistemas wiki11
, os blogs12
e a
categorização dos conteúdos por meio de tags13
. Portanto, os sites da geração 2.0 se
caracterizam por plataformas de interação, “espaços abertos os quais permitem que
qualquer um possa não só consumir como também produzir conteúdo” (ZAGO, 2008a, p.
13).
Alex Primo (2007, p. 01) também apresenta sua contribuição para a definição do
termo web 2.0:
A Web 2.0 é a segunda geração de serviços online e caracteriza-se por
potencializar as formas de publicação, compartilhamento e organização de
informações, além de ampliar os espaços para a interação entre os
participantes do processo. A Web 2.0 refere-se não apenas a uma
combinação de técnicas informáticas (serviços Web, linguagem Ajax, Web
syndication, etc.), mas também a um determinado período tecnológico, a um
conjunto de novas estratégias mercadológicas e a processos de comunicação
mediados pelo computador.
Assim, a web 2.0 se caracteriza pela possibilidade de usuários e desenvolvedores de
softwares modificarem sua plataforma através de alguns aplicativos, além de compartilhar
informações, comunicar, interagir, transmitir imagens, vídeos e músicas, através da banda
larga. Portanto, o conteúdo disponível na rede é marcado pela inteligência coletiva (NUNES,
2009), já que os usuários não mais apenas recebem conteúdo, mas também participam de sua
produção.
1. As redes sociais no ciberespaço: conceito e surgimento
Com a globalização e a evolução tecnológica, o ser humano tornou-se capaz de
superar o tempo e a distância, através de meios de comunicação imediata, que conectam
10
http://www.youtube.com 11
A plataforma wiki refere-se à construção livre e coletiva de conhecimento na web. Ela permite que os usuários
adicionem, removam e editem o conteúdo, fazendo uso de links, imagem ou som. 12
Contração do termo “web log”, que refere-se ao site que permite rápida atualização através de “posts”, textos
estruturados de acordo com a proposta da página. Uma ou mais pessoas podem ter acesso à edição do blog,
através de sistemas de criação, que oferecem ferramentas que não exigem o conhecimento em HTML. 13
Recursos usados em muitos sites de conteúdo colaborativo, e se referem a palavras-chaves, termos relevantes
associados às informações de que está se tratando.
27
pessoas de locais extremos do mundo. Paralelamente à web 2.0, as redes sociais surgem para
facilitar o intercâmbio de informações entre os usuários.
Wasserman & Faust; Degenne e Forse (1994; 1999 apud RECUERO, 2009) definem
uma rede social como um conjunto de dois elementos: atores (pessoas, instituições ou grupos;
os nós da rede) e suas conexões (interações ou laços sociais).
De acordo com Recuero (2009), os atores são, portanto, as pessoas que participam da
rede, que acabam por moldá-la, através da interação entre si. De outro lado, ela caracteriza as
conexões como os nós da rede, ou seja, as interações, que geralmente são percebidas pelos
“rastros” que os usuários deixam na web, como um comentário que permanece visível até que
seja apagado.
As redes sociais surgiram na Internet em 1995, quando Randy Conrads criou o site
classmates.com, que pretendia conectar ex-alunos de escolas, institutos e universidades. Em
2002, começam a surgiu sites que promovem redes de amigos e ligam as pessoas por meio de
comunidades de interesse (FERRADÁS, 2009).
Em 2004, a Google lança o Orkut14
e surge também o Facebook15
. Esses sites se
constituem em espaços que abrigam as redes sociais, permitindo a seus usuários a construção
de um perfil ou uma página pessoal, a inserção de comentários e a divulgação de todas essas
informações. Nessa categoria, estariam ainda os fotologs16
, os weblogs e os microblogs, como
o Twitter (RECUERO, 2009).
Classificada por Comm (2009) como “revolução no segmento editorial”, a rede social
agrega conteúdos criados por seu público. O autor enfatiza que, atualmente, publicar é
participar.
Pessoas medianas como eu e você – o tipo de gente que não estudou
jornalismo na universidade, que nunca gastou anos como aprendiz de
repórter cobrindo casos policiais locais, e que nunca havia sido bom nem
mesmo para fazer rascunhos, o que se dirá para construir frases – estão
escrevendo sobre assuntos de que gostam e partilhando seus pontos de vista
(COMM, 2009, p. 02).
14
O Orkut é um site de rede social muito popular no Brasil. Foi criado por Orkut Buyukkokten, em 2001, e
lançado pelo Google em 2004. Caracteriza-se pela criação de perfis e comunidades focadas no interesse
pessoal.<http://www.orkut.com>. 15
O Facebook foi lançado em 2004 e criado para ser uma rede de alunos que estavam entrando na universidade.
Idealizado pelo americano Mark Zuckerberg, o site funciona através de perfis e comunidades, além da
possibilidade de se acrescentar aplicativos. <http://www.facebook.com> 16
Os fotologs são sistemas de publicação de fotografias e pequenos textos, que ainda permitem o envio de
comentários. Sua expansão foi impulsionada pela popularização das câmeras digitais. O site Fotolog foi criado
em 2002, por Scott Heiferman e Adam Seifer. < http://www.fotolog.com.br/>
28
Outros exemplos de redes sociais se espalham pelo ambiente virtual. Os grupos de
discussão são um deles, são sites segmentados criados para que seus membros discutam
determinado assunto entre si. Há ainda os sites especializados no compartilhamento de
fotografias, e que foram impulsionados pela facilidade das câmeras digitais. Exemplo deles é
o Flickr17
, que permite a criação de listas de amigos, com quem você compartilha imagens e
comentários. O sucesso do conteúdo criado por usuários é tão grande que todos os dias
imagens são licenciadas no site (COMM, 2009).
Para Recuero (2009), as redes sociais podem ser de dois tipos: emergentes,
mantidas pelo sistema e que exigem menos esforço dos atores, e as redes de filiação ou de
associação, marcadas pela interação dos atores com as ferramentas, ou seja, sua manutenção
depende do usuário.
2. Os blogs e a geração de conversações
Como já explicitado, a Internet possui características que facilitam a comunicação e a
interação entre os indivíduos, além de agregar recursos como o hipertexto, a multimidialidade
e a instantaneidade. Dessas três características derivam o surgimento dos blogs e das
ferramentas wikis.
Os “weblogs” ou simplesmente “blogs” surgiram em 1997 e são conceituados como
páginas com temática definida e escritas por um único autor ou por coletivo de autores
(ZAGO, 2009b). Contração do termo “web log”, os blogs se referem a sites que permitem
rápida atualização através de posts, textos estruturados de acordo com a proposta da página.
Sua edição ocorre através de sistemas de criação, que oferecem ferramentas que não exigem o
conhecimento em HTML. Os blogs exercem basicamente a função de um diário online,
podendo ser atualizado quantas vezes seu usuário quiser, sem limite de caracteres e podendo
exibir os comentários dos leitores.
O crescimento dos blogs foi impulsionado pelo lançamento da ferramenta Pitas, em 1999, que permitia a criação e a publicação de blogs gratuitamente. No mesmo ano, a empresa
Pyra lançou o Blogger18
, ainda hoje um dos mais utilizados serviços de criação e atualização
dos blogs e que se caracteriza pela facilidade de operação (ZAGO, 2008a).
17
http://www.flickr.com/ 18
http://www.blogger.com
29
Inicialmente produzidos como uma espécie de filtro das informações da web, pois
indicavam links acrescidos de comentários sobre as páginas, os blogs passaram a ser usados
como verdadeiros diários virtuais após a popularização das ferramentas de publicação. Essas
mesmas ferramentas contribuíram para o surgimento da blogosfera:
o espaço virtual resultante da união de todos os blogs em uma conversação
única. Os blogueiros passaram a citar outras pessoas, através da inclusão de
links para os seus sites, o que criava uma rede de referenciações mútuas
entre blogs (ZAGO, 2008a, p. 19).
Os blogueiros geralmente escrevem textos na intenção de que seus leitores comentem
e agucem a discussão. Um blogueiro bem sucedido não só cria conteúdo como também gera
debates. Para Comm (2009), publicar na web significa também participar, gerar conversações
que podem resultar em comunidades: “essa é a real beleza da mídia social, e [...] a mídia
social sempre poderá ter como resultado firmes conexões entre os participantes” (COMM,
2009, p. 03).
Porém, nem todos os blogueiros são especialistas, a grande maioria são pessoas
comuns, que compartilham suas ideias e imagens com o mundo. A própria criação de um blog
não é nada complexa. Basta se cadastrar em qualquer serviço de blog, como Blogger ou
Wordpress19
, e há inúmeras ferramentas que facilitam as postagens.
Cunha (2004) ressalta que escrever em blogs não é sinônimo de fazer jornalismo, já
que muitos blogs são marcados pela informalidade da linguagem e por conteúdos pouco
confiáveis. Por outro lado, seu sucesso já é um indicador de que o cidadão tem consumido
informação que já não passa, necessariamente, pela mediação do jornalista.
De modo geral, os blogs podem ser identificados por algumas características,
apontadas por Zago (2008a) como: apresentação das informações em ordem cronológica
inversa, publicação de microcontéudo, porções de conteúdo produzidas especificamente para
a web e que podem ser acessadas fora do contexto original, informalidade e impessoalidade
do espaço, interatividade e atualização constante. A autora aponta ainda formatos diferentes
entre os blogs, diferenciados pelo conteúdo produzido: tumblelogs, cujas postagens fazem uso
predominantemente de fotos, citações, diálogos e vídeos; videologs ou vlogs, que são blogs
com postagens em formato de vídeos; fotologs, utilizados para imagens e fotografias;
audiologs, em que predominam arquivos de áudio, os chamados podcasts20
; microblogs, cujas
postagens são mensagens curtas, como será detalhado na seção seguinte.
19
http://wordpress.org/ 20
Reprodução periódica de áudio na web.
30
3. A onda dos microblogs e o fenômeno Twitter
Os serviços de microblogging apresentam a questão da agilidade no compartilhamento
de conteúdo. Eles são o oposto da maioria dos sites de redes sociais: enquanto estes tendem a
promover que seus membros insiram o máximo de conteúdo possível, os microblogs
delimitam o conteúdo que será inserido, acreditando que isso incentiva a criatividade
(COMM, 2009).
Zago (2008a) aponta uma diferenciação entre os termos microblog e microblogging. O
primeiro refere-se ao formato que congrega blog, rede social e mensagens instantâneas em
rápidas postagens. O caráter de rede social vem do fato de haver interação social, já que os
usuários possuem um perfil e uma lista de contatos que dá margem para a interação. Por
outro lado, existe a possibilidade de troca de mensagens curtas entre seus membros,
caracterizando assim a faceta de conversação por mensagens instantâneas do site. Já o termo
microblogging diz respeito à ação de postar os textos curtos.
Ainda na definição de Zago (2008a, p. 25), os microblogs são ferramentas de
publicação derivadas dos blogs, mas “[...] com funcionalidades reduzidas em relação aos
blogs, cuja diferença mais marcante diz respeito ao tamanho das atualizações, que
costuma ser limitado a no máximo 200 caracteres, em formato predominantemente de texto”.
O termo microblogging teria sido usado pela primeira vez, em 2002, no blog de
Natalie Solent21
, quando ela se referiu a postagens curtas (ZAGO, 2008b). A onda dos
microblogs teve inicio em 2006 com o Jaiku22
, seguido pelo Pownce23
, em meados de 2007, e
atualmente com o Twitter.
Os microblogs possuem limitação no que se refere à quantidade de caracteres
permitida, já que a ideia é viabilizar a publicação também por dispositivos móveis como o
celular. Em geral, possuem as mesmas funcionalidades de um blog, mas de forma
simplificada. Nos blogs, por exemplo, a conversação é marcada apenas pelos comentários,
enquanto que nos microblogs os próprios posts se constituem em interação entre os usuários.
21
http://www.nataliesolent.blogspot.com 22
O Jaiku foi fundado 2006 por Jyri Engeström e Petteri Koponen, na Finlândia, e lançado em julho de 2006.
Adquirida pelo Google em 2007, a ferramenta passou a ser acessível apenas para usuários convidados. As
atualizações podem ser feitas por IM, SMS, pela web ou pelo celular. Além disso, seus usuários podem
compartilhar suas atividades online de outros sites, como Flickr, Last.fm, blogs e Twitter.
<http://www.jaiku.com/> 23
O Pownce é um servidor para microblogging aberto ao público em 2008. Criado por Kevin Rose, Leah Culver
e Daniel Burka, tem como diferencial a possibilidade de enviar arquivos, links e eventos. <http://pownce.com/>
31
Outros microblogs menos utilizados também podem ser citados, tais como o Spoink24
,
que permite o envio de áudio; o Yammer25
, de cunho corporativo, cujos usuários postam sobre
o que estão trabalhando; e o Plurk26
, cujas postagens aparecem na horizontal, como uma linha
do tempo.
Os microblogs apresentam ainda características comuns aos blogs, mas em formato
simplificado: microconteúdo, informalidade, interatividade e velocidade (ZAGO, 2008a).
Fidalgo e Canavilhas (2009, p. 115-116) apontam a tendência de que a Internet seja a
principal fonte de informação e que o acesso à rede seja feito cada vez mais a partir dos
celulares. Nesse sentido, o autor destaca as possibilidades oferecidas pelo Twitter:
Um dos possíveis modelos de informação noticiosa na Internet móvel,
combinando comunicação pessoal com informação noticiosa, é o modelo do
Twitter. O serviço de microblogging oferece a possibilidade de seguir
indivíduos, instituições e jornais, de responder diretamente e de postar urbi
et orbi as suas experiências e pensamentos. Em um modelo que copia o
SMS, de texto curto, reduzido a 160 caracteres, os tweets são textos de, no
máximo, 140 caracteres. As mensagens sucintas ajustam-se ao tipo de vida
móvel e fragmentada do cotidiano contemporâneo. Sem tempo para ler
grandes textos, pressionados por mil e um afazeres, os indivíduos, sobretudo
os jovens, preferem mensagens curtas e secas.
Todos esses atrativos oferecidos pelo Twitter – atualização via celular, mensagens
curtas e possibilidade de criar vínculos úteis com os seguidores – fizeram do microblog um
dos mais populares da categoria.
3.1 Nascimento e características do Twitter
O Twitter é um site que traz um serviço de microblogging, permitindo que os usuários
postem pequenos textos de até 140 caracteres, através de SMS (short message service) pelo
celular ou de IM (instant messenger), pela web, por Internet móvel ou por e-mail (ZAGO,
2008a).
Foi idealizado e criado pelo americano Jack Dorsey, um programador de softwares
para rastreamento de táxis, em 1992. Implantado como um serviço interno em março de 2006
pela empresa Obvious (São Francisco, EUA), de Evan Williams (o mesmo criador do
Blogger), só foi lançado a público em outubro de 2006. A ideia surgiu durante uma conversa
informal entre Dorsey e Williams e se constituía em criar um aplicativo instantâneo que
tivesse como foco o que as pessoas estão fazendo e que unisse o recurso de SMS à web
24
http://www.spoink.com 25
http://www.yammer.com/ 26
http://www.plurk.com/
32
(AGUIAR; PAIVA, 2009; COMM, 2009).
O microblog começou a se popularizar em 2007, quando se desvinculou da empresa, e
depois de conquistar o prêmio South by Southwest Web27
, no mesmo ano. Um dos serviços
que atrai os usuários do microblog é a característica de plataforma aberta, que permite o uso
de aplicativos que ampliam as possibilidades do site.
Além disso, o Twitter não só permite atualizações instantâneas pela Internet, como
também através de dispositivos móveis. Seus usuários podem enviar e receber mensagens
SMS de seus aparelhos para o microblog de onde quer que estejam.
Um novo mundo de possibilidades é aberto para quem tuita pelo celular,
porque mesmo a mobilidade do laptop não se compara ao que você pode
fazer quando carrega a internet no bolso. Ele traz contexto para as trocas de
informação: você está no bar, no shopping, no aeroporto e pode compartilhar
pequenas jóias do cotidiano, uma frase solta e mesmo uma imagem ou um
vídeo quando o equipamento tiver câmera (SPYER, 2009, p. 34).
O poder dessa associação com o sistema SMS é demonstrado por Comm (2009, p. 29):
Em abril de 2008, James Buck (twitter.com/jamesbuck), um estudante de
jornalismo da Universidade da Califórnia em Berkeley, foi preso com seu
intérprete, Mohammed Maree, enquanto fotografava uma manifestação
contra o governo do Egito. Sentado no carro da polícia, Buck conseguiu
usar seu celular para mandar uma única palavra de mensagem – “preso” –
para seus seguidores no Twitter. Imediatamente, eles alertaram a embaixada
norte-americana e sua faculdade, que sem demora conseguiu um advogado
para ele. James continuou a fazer atualização sobre sua prisão, por meio do
Twitter, e foi solto no dia seguinte quando anunciou no Twitter, com a
palavra “livre”.
Pode-se pensar que o limite de 140 caracteres por postagem impostos pelo Twitter tem
o objetivo de diversificar, aguçar a criatividade, porém essa regra só vale porque as
operadoras de celulares fixam o limite máximo de 160 caracteres para os SMS. E essa
limitação caiu no gosto do público: “Os leitores esperam que o conteúdo no Twitter seja
pequeno. Esperam poder ler e absorver tudo de uma só mordida: o conteúdo é de um lanche, e
não refeições de três pratos com café” (COMM, 2009, p. 109).
Segundo monitoramento divulgado pela StatCounter, em abril de 2010, o Twitter é a
mídia social mais acessada no Brasil, com 55,84% (conforme gráfico abaixo). No mesmo
período do ano passado, o Orkut liderava em número de acessos. A nível mundial, o Twitter
aparece na terceira posição entre as ferramentas mais acessadas, com 7,15%. A metodologia
27
Festivais de cinema e música que acontece no Texas, EUA. O evento inclui lançamento de ferramentas ligadas
à tecnologia.
33
empregada pelo StatCounter para medir o tráfego nas redes sociais baseia-se em um código
instalado em mais de três milhões de sites no mundo inteiro. Esse código é capaz de
identificar se um usuário passou pela rede social e seu país de origem, a partir do IP.
Figura 01 – Estatísticas de acesso a redes sociais no Brasil
A proposta do Twitter é de uma ferramenta de comunicação, um canal onde o usuário
pode informar outras pessoas sobre sua vida e seu trabalho (COMM, 2009). Sua estrutura é
constituída de seguidores (followers) e pessoas a seguir (following). Cada usuário escolhe
quem deseja seguir e pode ser seguido por outros: “[...] é um pouco como um reallity show da
TV, no qual você pode escolher dentre milhões de vidas para seguir, em vez dos indivíduos
estranhos que os produtores enfiam na casa do Big Brother” (COMM, 2009, p.124).
Os usuários geralmente personalizam suas páginas no Twitter, com inserção de plano
de fundo, imagem e definição da “bio”, que é a descrição de quem você é e faz. O conceito de
“seguir” constitui-se, aqui, em receber as frases públicas de 140 caracteres postadas pelos
usuários a quem se segue. A essas mensagens chama-se tweets. Mas o Twitter não se constitui
apenas um mural de postagens. O site abre outras possibilidades, tais como a comunicação
com os seguidores, através do envio de mensagens particulares e de referência a uma pessoa
ao usar @ antes do nome, sendo que todos os seus seguidores poderão ver essa citação. Ao
34
responder a um seguidor ou contatá-lo, é necessário usar o botão “reply”28
. Há ainda a
possibilidade de retransmitir tweets de outros usuários, através da opção “retweet”29
.
Uma das coisas que faz o Twitter ser uma ferramenta tão poderosa é o fato
de que uma informação colocada no site pode rapidamente se espalhar como
um vírus. Quando uma pessoa assinala um bom tweet, pode passar essa
mensagem para seus próprios seguidores, e logo estará se espalhando por
todo o Twitterverso e além (COMM, 2009, p. 107).
Para Comm (2009), existem dois tipos de tweets: os de conversações, que foram
concebidos para disseminar discussões; e os de transmissão, que servem para levar aos
seguidores informações cotidianas. Dentro dessas duas linhas, existem outras categorias:
tweets com o objetivo de divulgar links ou fotos, de publicar pensamentos ou ações recém
realizadas, tweets com uma pergunta ou solicitação de ajuda, e tweets de diversão, que
promovem a distração dos seguidores.
O Twitter têm ainda uma função que permite o conhecimento sobre os termos mais
citados a nível mundial. Trata-se da lista Trending topics, que aparece no canto direito da
página inicial do microblog, após o login. Nesta lista, aparecem as hash tags, palavras-chaves
destacadas pelo símbolo # mais mencionadas pelos usuários naquele momento.
Os tweets foram concebidos para que se descreva o que se está fazendo no momento.
Originalmente criado a partir da pergunta “What are you doing?”, que remetia a trivialidades
do cotidiano, a ferramenta foi além dessa proposta e foi apropriado por seus usuários, tanto
para fins de conversação, marketing e até para troca de informações de relevância jornalística.
(CARVALHO; BARRICHELLO, 2009; RECUERO, 2009; ZAGO, 2008a), tanto que a
pergunta original foi alterada para “What’s happening?”, ou seja, “O que está acontecendo?”.
Processo semelhante ao que ocorreu com os blogs, na medida em que pessoas comuns
criaram seus blogs inicialmente como diários virtuais e muitas vezes chamam a atenção pelo
conteúdo informativo que produzem. Surgiram, com isso, especialistas blogueiros em
diversas áreas que passaram a atuar como influenciadores na rede. Da mesma forma, no
Twitter, usuários mais participativos passaram a se destacar:
[..] a capacidade de obter boas respostas no Twitter é uma de suas maiores
vantagens. Todo o site age como um fórum gigantesco, no qual especialistas
em toda sorte de assunto estão dispostos a oferece seus conselhos a
praticamente qualquer um que os solicite (COMM, 2009, p. 86).
Além do caráter jornalístico, que será detalhado adiante, o uso do microblog vem
sendo apropriado também para a autopromoção. De acordo com Primo (2009) vivemos em
28
Replicar, responder. 29
Retransmitir, repassar.
35
uma sociedade narcisista, que busca alcançar fama e celebridade. Atualmente, a esfera digital
tem contribuído para essa busca pelo status, as pessoas usam a Internet como forma de
alcançar o reconhecimento pela mídia. No Brasil, um dos casos mais conhecidos é o da
curitibana Tessália Serighelli, que mantinha a personagem @twittess. Em pouco tempo, ela
atingiu mais de 40 mil seguidores, conseguindo levar essa popularidade à outros veículos, já
que foi entrevistada por revistas de renome como Playboy e Vip, e ainda foi uma das
selecionadas para participar do reality show mais conhecido do Brasil, o Big Brother Brasil,
na décima edição em 2010. Esse caso pode ser relacionado à afirmação de Primo (2009, p.12-
13), a respeito da fama instantânea obtida na Internet:
Cabe agora comentar a clara presença de posturas narcísicas na blogosfera e
o desejo pela fama. Apesar do potencial oferecido pelas mídias sociais para a
produção de conteúdos diferentes do que oferece a mídia de massa, com
facilidade encontram-se produções que buscam justamente reproduzir na
internet o padrão da grande mídia [...]. Sendo os blogs e o Twitter meios de
comunicação, poder-se-ia esperar que logo apareceriam celebridades da
blogosfera e da twittosfera.
A produção colaborativa de conteúdo através do Twitter se dá também nos momentos
marcados por tragédias. Nesse sentido, pode-se citar o tremor ocorrido em São Paulo, em
abril de 2008, e as enchentes que atingiram Santa Catarina, no final do mesmo ano. Os
usuários dessas regiões recorreram ao microblog para divulgar suas impressões, em tempo
real, sobre o caso.
Outro episódio nesta linha é citado por Comm (2009) e refere-se ao ataque terrorista
ocorrido em Mumbai, na Índia, em novembro de 2008, quando as primeiras fotos e manchetes
sobre o assunto não vieram de veículos jornalísticos, mas sim do Twitter, postadas por
pessoas comuns que estavam no local. O fato rendeu, inclusive, uma matéria na CNN,
intitulada “Twittando o terror: como a mídia social reagiu a Mumbai”.
[...] nada melhor do que isso para demonstrar como a tecnologia mudou a
maneira como nos comunicamos e interagimos. [...] Vivemos uma época em
que simples cidadãos têm o poder de conduzir informações para as massas
como nunca antes. As maiores redes de mídia não conseguem noticiar tão
rapidamente ou com tamanha precisão como aqueles que estão na cena em
que se desenrolam os acontecimentos (COMM, 2009, p. 22).
Outra vertente é o uso do microblog como ferramenta de marketing, para difundir
marcas e promover a publicidade de determinados produtos. Comm (2009) não só afirma o
poder do Twitter como instrumento de marketing, como também apresenta um manual
detalhado de como divulgar o negócio pelo microblog, que inclui a construção do perfil de
modo a atrair seguidores, o tipo de pessoa a quem seguir e como postar mensagens atrativas.
36
Afinal, segundo o autor, “seguidores são potenciais compradores”. Atualmente, já existem
postagens no Twitter que se constituem em verdadeiras promoções, sendo oferecidos códigos
de desconto, de duração limitada. Spyer (2009) também ressalta essa tendência do uso do
Twitter pelas empresas como um canal direto com o consumidor:
a idéia de seguir uma pizzaria pelo Twitter só soa estranha até você descobrir
que essa é a pizzaria na esquina da sua casa. O estabelecimento poderá,
obviamente, receber pedidos, mesmo quando você estiver saindo do trabalho
ou no trânsito, para não precisar esperar pela comida, e não só isso. Aqueles
anúncios de promoções que dependiam de panfletos impressos dão lugar a
tuitadas, podendo informar mudanças nas horas de funcionamento, ofertas,
produtos novos e eventos. Da mesma maneira, empresas internacionais, com
presença em centenas de cidades, terão a oportunidade de promover a
comunicação dentro de mercados locais (SPYER, 2009, p. 49).
Além do empresarial, o meio político também já percebeu o potencial do microblog no
que se refere à audiência. Nesse sentido, cabe destacar a campanha do então candidato à
presidência dos Estados Unidos Barack Obama, que dedicou estratégia específica para a web,
em 2008, em especial para as redes sociais, como o Twitter. A iniciativa rendeu a mobilização
de muitos eleitores militantes na esfera online e Obama conseguiu montar uma rede de
influência muito maior do que seu adversário republicano, o senador John McCain, a quem
derrotou nas urnas.
4. Política e Twitter: campanha em 140 caracteres
A presença de Obama no Twitter e em outras redes sociais e sua posterior chegada à
presidência dos Estados Unidos marcou o início do que pode ser chamado de período 2.0 das
campanhas eleitorais. Graeff (2009) destaca o fato de que essa evolução não tem a ver com a
mera utilização das redes sociais pelos políticos, mas sim com o uso participativo dessas
novas mídias pelos cidadãos. Ao invés de apenas receberem conteúdo, os usuários de redes
sociais opinam e alguns se engajam na defesa de seus políticos e partidos. Esse é o grande
diferencial das redes sociais: substituir a simples recepção por ações que se desdobram.
O que poucas pessoas sabem é que existe um exemplo de uso bem sucedido da
Internet em campanhas eleitorais anterior ao de Barack Obama. Nas eleições de 2004, o pré-
candidato democrata, Howard Dean, foi o “primeiro candidato em uma corrida presidencial a
conseguir de fato usar a internet como mais que uma ferramenta de comunicação de mão
única” (GRAEFF, 2009, p. 07). Durante as eleições internas (chamadas prévias) que definem
37
o candidato que concorrerá nas eleições, Dean usou a internet para mobilizar simpatizantes e
levantar fundos. Ele usou o serviço online Meetup, onde os usuários criam grupos de acordo
com a localidade e com os interesses, que se reúnem esporadicamente. Dentro do site, já havia
alguns grupos que se reuniam para conversar sobre a candidatura de Dean. Aproveitando o
fato, a campanha incluiu na página do site do candidato um link para a sua página no Meetup,
fazendo com que o número de participantes nos encontros disparasse de 2.700 para 8 mil
pessoas, chegando a 190 mil durante a campanha. Por problemas na organização da
campanha, Dean perdeu algumas das eleições primárias e desistiu da disputa em fevereiro de
2004. Talvez por não ter resultado em vitória, como no caso de Obama, sua experiência não é
amplamente relembrada.
Nos Estados Unidos, em razão de o voto não ser obrigatório, o candidato precisa antes
de tudo convencer as pessoas a se registrarem para votar e comparecer para confirmar o voto
no dia da eleição. O que Barack Obama fez foi focar sua campanha nos jovens, e sua arma
para isso foram justamente as redes sociais. A campanha mostrou uma juventude com desejo
de participar da política, a seu modo: com o uso de Facebook, Twitter e compartilhando
vídeos no YouTube.
No Brasil, um dos primeiros exemplos de uso das redes sociais em campanhas ocorreu
em 2002, quando a equipe de José Serra, que concorria à presidência, criou o Pelotão 45,
formado por um grupo de voluntários internautas.
A partir de um monitoramento da cobertura noticiosa, de críticas e sugestões,
o comando de campanha enviava ao pelotão missões para serem executadas
online: votar na enquête de um site de determinada maneira, rebater
acusações em um fórum de discussão etc. (GRAEFF, 2009, p. 35).
Mas os políticos brasileiros ainda apresentam pouca familiaridade com a Internet,
explicada por Graeff (2009) pelo fato de que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) impunha
muitas restrições ao uso da web antes da Lei 5498/09, aprovada para as campanhas de 2010.
O domínio das mídias sociais pelos políticos brasileiros deve se potencializar a partir
das eleições de 2010, frente à liberação da propaganda política na web. A presença de
candidatos já pode ser percebida no microblog Twitter. Motivados pelo bem sucedido
exemplo de Obama, os candidatos fazem sua campanha particular reduzida ao espaço de 140
caracteres. Entre eles estão os candidatos à presidência, José Serra (twitter.com/joseserra_),
Dilma Rousseff (twitter.com/dilmabr) e Marina Silva (twitter.com/silva_marina), entre outros.
A presença deles no microblog será analisada adiante.
38
A importância do Twitter enquanto canal de comunicação com o eleitor reside no fato
de que “o candidato pode levar dados em primeira mão que ajudem o eleitor a formar sua
opinião e também motivem os participantes da rede a repassar essa informação” (SPYER,
2009, p. 69). Além disso, o microblog permite que o candidato se mostre ao eleitor como
alguém além da figura pública, na medida em que pode expressar pensamentos, emoções e
atividades do dia a dia.
Cabe citar três episódios do campo político que repercutiram no Brasil e tiveram o
Twitter como cenário. O primeiro deles aconteceu em junho de 2009, quando os brasileiros
comandaram um movimento no microblog que pedia a renúncia de José Sarney, por seu
envolvimento em várias denúncias de corrupção. Para isso, os usuários postavam mensagens
de protesto acompanhadas da tag #ForaSarney. Para mobilizar também internautas de outros
países, os brasileiros escreveram na ferramenta What the trend, disponibilizada pelo Twitter
para que seus usuários entendam o motivo de uma tag estar na lista das mais citadas. Em
inglês, os brasileiros justificaram que o político era um ex-presidente do país, na época
senador do Amapá e que havia se envolvido em escândalos de nepotismo. Explicaram ainda
que o termo “fora” estava ligado à exigência de renúncia pela população. A estratégia
funcionou e twitteiros de todo o mundo passaram a retransmitir as mensagens, mantendo a
manifestação na lista dos Trending Topics.
O segundo episódio diz respeito a uma mensagem postada pelo senador Aluísio
Mercadante, do Partido dos Trabalhadores, em agosto de 2009. Pelo Twitter, ele anunciou em
primeira mão sua saída da liderança do partido em “caráter irrevogável". Mercadante
condenava a postura do Partido dos Trabalhadores (PT) em apoiar o arquivamento das
denúncias de corrupção contra José Sarney (então presidente do Senado), no Conselho de
Ética. A repercussão da mensagem foi imediata, tanto entre os usuários do microblog quanto
entre os veículos de comunicação. Mais tarde, Mercadante escreveu outra mensagem, dizendo
ter sido chamado pelo presidente Lula para uma conversa antes de sua renúncia oficial. Após
essa conversa, Mercadante decidiu permanecer no cargo e reconheceu o erro em outra
mensagem no Twitter, sendo criticado por twitteiros, outros políticos e pela mídia. O que
interessa destacar neste caso é a repercussão que um tweet postado no calor dos fatos
adquiriu, tendo provocado inclusive uma resposta imediata do presidente Lula, que convocou
Mercadante.
Outro episódio, talvez o caso mais relevante no que se refere ao uso do Twitter nas
campanhas eleitorais de 2010, foi protagonizado pelo presidente do Partido Trabalhista
39
Brasileiro (PTB), Roberto Jefferson, que divulgou no microblog, em junho deste ano, que o
vice-candidato à presidência na chapa de José Serra seria Álvaro Dias (Partido da Social
Democracia Brasileira PSDB-PR). A declaração causou desconforto no mundo político, pois
o partido Democratas (DEM), aliado na chapa de Serra, não havia sido consultado. Mais
tarde, após desistência de Álvaro Dias, o nome de Indio da Costa, filiado ao DEM, foi
anunciado. Assim, a declaração precipitada de Jefferson no Twitter provocou alterações no
cenário político.
São esses tipos de informações postadas por políticos no Twitter que o trabalho se
propõe a analisar, na medida em que elas são acompanhadas pelos repórteres que, ao notarem
relevância, têm a possibilidade de checar os fatos até que se chegue efetivamente a uma
notícia. Mais do que isso, o Twitter permite que o jornalista visualize até mesmo a reação dos
usuários aos textos postados pelos políticos; é uma espécie de termômetro. Isso sem contar
que a ferramenta permite a conversação aberta e em tempo real entre candidatos de posições
opostas, dando margem a debates.
Como se vê, o Twitter vem sendo utilizado para múltiplos fins não só na política, no
ambiente corporativo e pelo marketing, mas também por jornalistas e seus meios de
comunicação, aspecto a ser detalhado na seção seguinte.
5. As apropriações jornalísticas do Twitter
Com a web 2.0 e o surgimento de novas tecnologias, as práticas colaborativas de
produção de conteúdo se proliferaram, facilitadas por recursos como câmeras acopladas a
celulares, possibilidade de edição e publicação de áudio e vídeo na Internet. O público, que
antes apenas recebia um conteúdo pronto, passa a participar na produção de informação, já
que os recursos agora podem ser utilizados por amadores. Isso ocorre também nos sites de
redes sociais e, no caso do Twitter, tanto os usuários podem receber atualizações feitas por
veículos jornalísticos que possuem perfil no microblog quanto o próprio conteúdo enviado
pelos seguidores comuns pode apresentar informações de caráter jornalístico.
Embora não se caracterize jornalismo propriamente dito, o uso do Twitter para a
divulgação de informações de interesse público por pessoas comuns pode servir ao jornalismo
enquanto ferramenta para complementar a produção tradicional:
[...] quando alguém compartilha informações sobre um determinado
acontecimento com seus contatos em uma rede social, esse indivíduo pode
não estar necessariamente praticando um ato de jornalismo de modo
40
consciente, embora sua atualização possa vir a ter caráter jornalístico, na
medida em que o conteúdo possa vir a ser de interesse para muitos
(ZAGO,2009a, p. 04-05).
Esse aspecto se relaciona ao conceito de jornalismo cidadão, expressão criada pelo
jornalista norte-americano Dan Gillmor para designar as pessoas que não possuem formação
jornalística, mas, uma vez que acessam as ferramentas de produção, podem produzir conteúdo
para um espaço pessoal ou colaborar com um veículo (CASTILHO; FIALHO, 2009).
Segundo os autores, esse movimento foi iniciado pelos blogs que, ao focarem em questões
comunitárias nas postagens, fizeram com que a mídia redefinisse o espaço que dava às
notícias locais.
[...] A grande diferença da era digital em relação à era analógica é que a
captura do conhecimento tácito não é mais feita exclusivamente pelos
chamados especialistas, entre eles os jornalistas. Os equipamentos digitais e
a Internet colocaram nas mãos de pessoas sem formação acadêmica as
ferramentas necessárias para também executar essa função, criando
simultaneamente a necessidade de colaboração, quase uma alquimia, entre as
multidões que conhecem pouco e os poucos que conhecem muito
(CASTILHO; FIALHO, 2009, p. 139).
Exemplo dessa prática no Twitter aconteceu nas eleições do Irã em 2009, quando boa
parte da mídia local e internacional não pôde divulgar os acontecimentos por conta da censura
ditatorial do governo, então a população fez sua parte e, em tempo real pelo microblog,
informou ao resto do mundo sobre o que acontecia. Outro episódio nesta linha aconteceu na
China em maio de 2008, país onde as notícias precisam ser aprovadas pelo governo antes de
serem distribuídas pelas agências internacionais. Na ocasião, os usuários do Twitter
anunciaram em tempo real a ocorrência de um terremoto, “furando a Grande Muralha da
Internet na China e também os principais veículos de comunicação do mundo” (SPYER,
2009, p. 57).
Casos assim ilustram um novo sentido dado ao jornalismo, na medida em que se
destaca o jornalismo participativo/colaborativo, quando o público passa a ser fornecedor de
informações e referência para a elaboração de pautas. O jornalismo pode se basear nesses
conteúdos para iniciar um processo de checagem e até produzir notícias com base neles. É o
que afirmam Carvalho e Barrichello (2009, p. 12): “[...] a mídia não é mais um território
delimitado. No Twitter todos estão fazendo mídia, comentando o que diz a mídia, interagindo
e, mais do que isso, participando da produção dos conteúdos”. Ao divulgarem informações
relevantes no microblog, os cidadãos estão chamando a atenção da mídia, tornando a
ferramenta indispensável aos veículos de comunicação:
41
[...] as apropriações que se faz do Twitter revelam as potencialidades de uso
do site como um agregador de informações, especialmente no que diz
respeito àquelas jornalisticamente relevantes. Tanto o usuário da ferramenta
de microblog pode escolher quem irá seguir no site, para assim “filtrar” e
direcionar sua navegação na web, quanto os demais meios de comunicação
podem se utilizar do serviço para incrementar suas coberturas ou mesmo
acessar fontes de informações (BARRICHELLO; CARVALHO, 2009, p.
11).
Um outro aspecto também presente no Twitter são situações próximas do chamado
jornalismo hiperlocal, descrito por Shaw e Wagstaff (2007 apud ZAGO, 2009b), que consiste
na divulgação de acontecimentos de um bairro, um quarteirão, uma comunidade e até mesmo
de uma rua. Ocorre que os próprios moradores vêm divulgando esses fatos no microblog,
contando os últimos acontecimentos que podem mudar o curso do dia, de forma participativa.
Portanto, os repórteres podem ser pautados por informações divulgadas por perfis de
interesse no Twitter. A atenção a esses tweets constitui, portanto, uma forma de apoio à
produção jornalística, desde que a apuração não seja descartada.
42
CAPÍTULO III - AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS E POLÍTICA: UMA
RELAÇÃO HISTÓRICA
As agências de notícias surgiram em meio a um cenário de evolução tecnológica, no
século XIX, representado pela invenção do telégrafo. Em razão disso, sua produção sempre
esteve ligada ao emprego de novas tecnologias que possibilitaram velocidade na difusão das
informações. Em pleno século XXI, marcado pela popularização da Internet e pela era da
informação, os veículos de mídia recorrem cada vez mais ao conteúdo produzido pelas
agências de notícias.
Historicamente ligadas ao desenvolvimento tecnológico, as agências, assim como os
meios de comunicação em geral, não podem ignorar o fenômeno das redes sociais, tais como
o Twitter. A partir dele, já é possível observar uma nova forma de se produzir informação
jornalística, tendo como fonte as mensagens divulgadas por determinadas personalidades
presentes no microblog. Essa tendência já é realidade também na produção das agências de
notícias, neste estudo representadas pela Agência Estado. Antes de aprofundar essa questão
no capítulo seguinte, cabem algumas considerações conceituais e históricas sobre o
jornalismo de agências.
Fornecedoras de conteúdo noticioso para seus clientes, que podem ser órgãos de
imprensa, instituições governamentais e privadas, as agências de notícias abastecem grande
parte das empresas jornalísticas, em especial veículos da pequena imprensa e websites de
notícias, que não possuem estrutura para deslocar repórteres aos grandes centros do poder
econômico e político nacional – São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília –, e tampouco para
enviar correspondentes para a cobertura internacional, como destaca Ferrari (2004, p. 19): “A
43
partir de 2001, o conteúdo jornalístico presente nos portais da internet diminui, passando a ser
originário de um grupo restrito de fontes, como por exemplo, agências de notícias”.
De acordo com Pinho (2003, p. 117), “as agências de notícias são empresas
especializadas de informação que elaboram e distribuem, regularmente e de forma
ininterrupta, noticiário geral ou especializado, fotografias e features, destinados
exclusivamente aos seus assinantes”.
Uma classificação de Erbolato (2002 apud SILVA JUNIOR, 2006a), determina que as
agências de notícias são meios indiretos de informação, já que teoricamente seu material não é
distribuído diretamente ao leitor, mas aos veículos de comunicação, como rádio, televisão,
jornal impresso e sites noticiosos, que se encarregam de fazê-lo chegar aos receptores. O autor
ressalva que essa classificação serve para uma categorização teórica, já que:
[...] graças à diversidade de alternativas e serviços pelos quais as agências de
notícias distribuem conteúdo nos dias atuais, uma mesma notícia da agência
pode estar sendo recebida por um jornal, que pode retrabalhá-la; diretamente
a um cliente; ou ainda, estar presente no site da agência e estar sendo
acessada de forma aberta por um internauta. Todavia, a categorização é
válida para contextualizar o caráter de descentralização da produção dos
jornais posto pela relação com as agências, ainda no século XIX (SILVA
JUNIOR, 2006a, p. 70).
Com o desenvolvimento tecnológico e o fortalecimento do capitalismo no século XIX,
as primeiras agências de notícias surgiram, impulsionadas pelo crescimento dos jornais
impressos. Face ao cenário em que nasceram, a lógica da produção jornalística que orienta o
sistema das agências se insere no modo de produção capitalista e de mercado (MARQUES,
2005).
Um passeio pela história das agências é também uma forma de acompanhar
o surgimento de novas tecnologias de comunicação – o que inclui as
descobertas na área de transportes, que resultaram na redução de distância e
melhoria das trocas de informações e mercadorias em um tempo cada vez
mais curto (MARQUES, 2005, p. 26).
O banqueiro francês Charles-Louis Havas foi o fundador da primeira agência de
notícias de quem se tem relato, Agence de Feuilles Politiques et Correspondance Générale,
mais tarde rebatizada com seu próprio nome. A agência começou a funcionar no ano de 1835,
embora desde o ano de 1832, Havas mantinha um escritório de tradução, que a princípio
prestava serviços informativos financeiros para clientes e capitalistas franceses, como
cotações de mercadorias e matérias-primas, previsões de colheita, decisões políticas e
questões tributárias. Em 1835, Havas transformou seus informantes em repórteres,
44
distribuindo conteúdo sobre diplomacia, finanças e política para a imprensa (MARQUES,
2005).
Com a invenção do telégrafo, no século XIX, as agências puderam aumentar suas
redes de atuação, expandindo a cobertura internacional e estreitando a ligação com o
jornalismo.
Ao mesmo tempo em que fornecem a ferramenta que alimenta o jornal com
notícias mais imediatas de centros urbanos mais distantes, as agências de
notícias criam a rede pela qual seus serviços poderão ser obtidos. A
crescente interdependência dos centros urbanos de então fornecia e era, ao
mesmo tempo para o mercado de notícias, a sede e a água por informações
(SILVA JUNIOR, 2006a, p. 60).
Em 1848, surgiu nos Estados Unidos a Associated Press (AP), que nasceu em forma
de uma cooperativa, quando representantes de seis jornais usaram um único telégrafo para
unificar o noticiário vindo de fora da região, já que a tecnologia era considerada cara (PINHO,
2003). Hoje, a AP é uma das cinco maiores agências mundiais.
A partir de Havas, outras agências começam a aparecer, quando ex-colaboradores da
empresa passaram a se aventurar no negócio por volta de 1850, criando seus empreendimentos
na Inglaterra (Reuters, fundada por Paul Julius Reuter) e na Alemanha (Wolff, fundada
por Bernhard Wolff). O mundo passa a ser dividido em áreas de exploração de notícias:
Em 1859, em parceria com a Havas, a Reuters, inglesa, e a Wolff, alemã,
fazem acordo de troca de serviços. Em 1880, as três agências,
juntas, controlam a produção de notícias na Europa Ocidental (Portugal,
Espanha, Itália, Países Baixos e Bélgica), mais colônias francesas e
britânicas, Império Otomano e América do Sul. Este cartel, ou monopólio,
de agências fornece o essencial da informação aos jornais, ministérios,
bancos, agências de câmbio (MARQUES, 2005, p. 18). Foram as agências surgidas entre 1830 e 1860 que mais se engajaram na defesa do
chamado “new jornalism30
”, que deveria reportar apenas fatos e excluir completamente o
caráter opinativo que predominava até então, principalmente no noticiário político, com teor
propagandístico (TRAQUINA, 2004).
Silva Junior (2008, p. 06) atesta a importância das agências na ação de circular
notícias e afirma ser necessário o estudo da vinculação destes organismos como modelos que
interagem com o jornalismo. O autor sustenta que as agências:
a) interagem com a produção de notícias para o jornalismo há, pelo menos, 160 anos;
b) sua estruturação como modelos de negócios e geração de notícias se deu em rede;
30
Novo jornalismo.
45
c) fornecem grandes parcelas de conteúdos que circulam nos jornais, sites de notícias
e agentes do mercado.
No século XX, as agências têm novamente suas rotinas alteradas com a evolução
tecnológica no campo da comunicação, quando o rádio e a televisão se solidificam, a
informática permite o armazenamento de textos e surge a Internet. Marques (2005, p. 26)
atesta as principais inovações com que contavam as agências nas décadas de 1970 e 80:
sistemas a cabo, serviços telefônicos e de teletipo, circuitos de rádio e transmissão via satélite.
Tudo isso fortaleceu a relação já existente entre estas empresas e as tecnologias para a
produção e difusão de informações.
1. Agências de notícias brasileiras
As principais agências de notícias brasileiras surgiram entre os anos 1960 e 1970 e
possuem caráter diferenciado em relação às agências internacionais. Ao invés de abastecerem
o noticiário nacional com informações colhidas por correspondentes ao redor do mundo, as
agências brasileiras estão ligadas aos conglomerados de comunicação já existentes. Todo o
conteúdo internacional é obtido por meio de parcerias com agências estrangeiras, que visa a
troca de notícias, de fotografias e serviços (MARQUES, 2005). Assim, acabam se
constituindo em meras “reprodutoras” de conteúdo de seus jornais impressos ou fornecedoras,
já que produzem notícias para abastecer inclusive os veículos pertencentes ao grupo.
[...] não só nunca houve uma agência brasileira de atuação global,
preocupada em cobrir os fatos do exterior para alimentar o noticiário
internacional da imprensa doméstica, como tampouco as agências que
existiram se importaram em informar sobre o Brasil para fora (AGUIAR,
2009, p. 13).
Mesmo de considerável importância, a bibliografia brasileira sobre o assunto é
extremamente escassa. Segundo Pedro Aguiar (2009), as agências do país falam do Brasil
para o Brasil e o baixo interesse pela pesquisa acadêmica neste ramo reflete o mercado de
trabalho que, por sua vez, é pequeno.
Graças a isso, aliado à manutenção das agências como campo de mercado
diminuto para jornalistas (embora de maior remuneração média, segundo
dados de 1999 do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de
São Paulo), não há livros nacionais sobre jornalismo de agências, não
se ensina essa especialização nas faculdades de jornalismo e pouco se
lembra da importância destas empresas para as condições de produção da
notícia, para a conformação do discurso jornalístico, para a construção
cotidiana das „visões de mundo‟ da opinião pública e para a manutenção de
hegemonias (AGUIAR, 2009, p. 03).
46
No Brasil, a primeira agência de notícias surgiu na área governamental na década de
1930, quando foi criada a Agência Nacional no período da ditadura militar do governo de
Getúlio Vargas. A AN surgiu a partir do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) e
enviava para os diversos jornais e rádios do país notícias relacionadas às atividades do
presidente. A partir de 1979, no governo de João Figueiredo, sua nomenclatura foi mudada
para Empresa Brasileira de Notícias (EBN), passando a cobrir também os ministérios, o
Banco Central, o Congresso Nacional, o Poder Judiciário e órgãos da administração federal.
Até 1985, a EBN existia em paralelo com a Radiobrás, que respondia pela distribuição de
material radiofônico e televisivo (SILVA JUNIOR, 2006b).
Nessa época, a sede da EBN ficava situada em Brasília, mas já possuía sucursais em
outras capitais, como Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, Belém e Recife. Em 1985, no
governo de José Sarney, a EBN se fundiu com a Radiobrás, tornando-se a Empresa Brasileira
de Comunicação (EBC). Somente após esse momento é que os serviços da EBN foram
transformados na Agência Brasil, atuante até então.
Hoje, a Agência Brasil é um departamento da Radiobrás e faz cobertura regular do
governo em Brasília. Segundo Silva Junior (2006b), a agência prepara materiais que são
distribuídos para a mídia comercial e para uso interno da Radiobrás. Oferece 11 serviços que
são disponibilizados na Internet, tais como: Brasil Agora, Economia, Política, Nacional,
Agenda do Presidente da República, Brasilian News, Fotografia, Radioagência Nacional, TV
Brasil.
Outras duas agências de notícias brasileiras surgiram após a Agência Nacional. Em
1931, Assis Chateaubriand fundou a Agência Meridional para distribuir os conteúdos dos
jornais de seu grupo Diários Associados, que era mantido através de contribuições de seus
próprios donos. Em 1966, foi fundada a AJB, para revender as notícias do Jornal do Brasil.
Marques (2005, p. 21) assinala que a AJB “foi a primeira a colocar na rede, em 1995, um
serviço de notícias em tempo real no país, com edições diárias na Internet, e o primeiro
sistema eletrônico de transmissão de fotos”.
As maiores agências brasileiras são fontes de negócios para os já existentes grupos de
comunicação nacionais, quase sempre familiares. A Agência Estado está ligada ao Grupo
Estado, responsável também pela edição de O Estado de S. Paulo, foi fundada em 1970 e
ocupa o lugar de mais importante agência do país. Por ser a empresa escolhida para testar as
hipóteses deste estudo, será melhor detalhada adiante. Sua maior concorrente, a Agência O
Globo, foi fundada em 1974, sendo ligada às Organizações Globo, pertencente à família
47
Marinho. A agência comercializa o conteúdo dos jornais O Globo, Extra e Diário de S. Paulo,
e O Globo On-Line (MARQUES, 2005). A Folhapress foi criada em 1994 e está ligada ao
Grupo Folha da Manhã, pertencente à família Frias. Não possui um caráter de agência
noticiosa, mas de reprodutora de notícias dos jornais impressos do grupo, porém foi pioneira
na disponibilização de um banco de imagens online de fotojornalismo.
No Brasil, existem ainda “pequenas” agências de notícias, que possuem um serviço
especializado e alternativo. Entre elas está a Agência de Notícias dos Direitos da Infância
(ANDI), criada em 1993, com a missão de contribuir para a promoção dos direitos da criança
e do adolescente através dos meios de comunicação. Há ainda a Agência Lance Press,
pertencente ao jornal Lance!, e a BRpress, criada em 1997, que fornece material noticioso
para a Internet e é mais focada em colunas e artigos. A Carta Maior, fundada em 2001, é uma
agência de notícias que publica material para veículos informativos de entidades e
organizações sociais e acadêmicas.
Existem ainda agências especializadas em meio ambiente como a ECOpress, Amazon
Press e a Envolverde; e especializadas em análise econômica e em políticas públicas, como a
Agência Dinheiro Vivo. Além dessas, é possível citar ainda a Agência Câmara, a Agência
Senado, Agência FAPESP, a Agência Migrantes, a Agência de Notícias da AIDS e a Agência
de Notícias do Cooperativismo (ANC). Ao contrário das grandes agências, que também
abastecem com conteúdo os veículos do próprio grupo ao qual pertencem, essas se preocupam
exclusivamente com a venda e a circulação da informação a clientes genéricos.
1.1. A experiência da Agência Estado
A Agência Estado (AE) foi fundada no ano de 1970, com o propósito de auxiliar as
outras mídias do Grupo Estado, que pertence à família Mesquita e abrange o jornal O Estado
de S. Paulo (1875), a Rádio Eldorado (1958) e o Jornal da Tarde (1966). Mais tarde, a AE
passou a fornecer notícias e imagens para pequenos e médios jornais e emissoras de rádio,
passando a lidar com clientes externos (SILVA JUNIOR, 2006b).
48
A empresa começou a ganhar autonomia no final dos anos 1980, quando foi
transformada em uma unidade de negócios e “conectou-se ao mundo produzindo e
distribuindo informações através de fax, satélite, FM, pagers e linhas dedicadas”
(MARQUES, 2005, p. 21-22).
De acordo com Saad (2003 apud MARQUES, 2005, p. 22), a Agência Estado abastece
os mercados de mídia e de new mídia:
No primeiro, estão incluídos o mercado interno, formado pelas empresas do
grupo - jornais Estado de S. Paulo, Jornal da Tarde, Rádio Eldorado - e o
mercado externo, constituído pelos jornais e emissoras de rádio e de TV
assinantes. A new mídia inclui o tempo real – notícias em tempo real – e
notícias de tempo diferido – material produzido para ser publicado na mídia
eletrônica sem a pressa do tempo real (MARQUES, 2005, p. 22).
A modernização da redação da AE foi iniciada também no final dos anos 1980 e, no
início da década seguinte, a empresa já possuía as tecnologias necessárias para atuar em redes
digitais. O investimento em tecnologias informacionais tinha o objetivo de emplacar o
mercado financeiro do Brasil, com o fornecimento de serviços de informação específicos para
o setor.
Com o reaparelhamento tecnológico e gerencial do grupo, a Agência
Estado concentra-se no desenvolvimento e fornecimento de sistemas
direcionados ao horizonte de mercado de diversos setores da economia
brasileira. Esse posicionamento, além de gerar uma gama de serviços de
informação para setores não-mídia, agregava a massa de conteúdos
jornalísticos, criando um modelo de negócios para a agência, formado no
mix de clientes dos setores da mídia e não-mídia, bem como de conteúdos
e informações das duas naturezas (SILVA JÚNIOR, 2006, p. 20).
Em 1995, a Agência Estado coloca seu site no ar, marcando presença como “a
primeira agência de notícias brasileira na web, antes mesmo da entrada da Internet comercial
no Brasil” (SILVA JUNIOR, 2006b, p. 21). Segundo o autor, o site da Agência Estado na
Internet não funciona como um portal dos serviços da empresa, mas sim como um site de
destino, que apresenta parcelas do conteúdo da empresa.
A AE tem uma trajetória estreitamente ligada à Internet. Já a partir de 1995, lançou na
web o primeiro serviço informativo sobre a economia do país em inglês, o Brazil Financial
Wire (SILVA JUNIOR, 2006b). Sobre essa priorização da rapidez, Elisabeth Lopes31
, chefe
31
Entrevista concedida na Agência Estado, em São Paulo, em 14/05/2010.
49
da reportagem de política da AE, lembra do faxpaper, um serviço de informação que era
enviado à empresários:
[...] a filosofia da Agência Estado já era muito de vanguarda, antes do
advento da Internet, a direção da Agência reconheceu que era necessário a
informação chegar mais rápido para as pessoas. Não tinha internet,
mandava-se a matéria por fax [...] tanto é que hoje é referência, todo mundo
fala, a Agência Estado é líder muito por conta disso.
1.2. Produtos e serviços da Agência Estado
A partir de seu ingresso na web, os serviços da Agência Estado não pararam de
crescer. Eles estão distribuídos entre os mercados financeiro, corporativo, agronegócio e de
mídia, classificados por Silva Junior (2006b, p. 25-26) como núcleos de atuação, da seguinte
forma:
a) financeiro. Os produtos são destinados a corretoras e instituições
financeiras, gestores de fundos, operadores da bolsa, analistas de
investimentos, executivos financeiros, dirigentes da área pública,
investidores, executivos e analistas de recursos de informação;
b) corporativo. Gera conteúdos para empresas e entidades públicas, analistas
e executivos das áreas de marketing, comunicação, produtos, vendas e novos
negócios, pesquisa, business intelligence (informações estratégicas de
mercado), finanças, tecnologia da informação, recursos humanos, operações
e relações públicas;
c) agronegócios. Envolve a preparação de informação para o setor de
agricultura, pecuária e mercados vinculados. É direcionado a executivos e
analistas da agroindústria, cooperativas, produtores agrícolas, corretoras do
mercado físico, corretoras do mercado de futuros e dirigentes da área
pública;
d) mídia. Gera conteúdos para serem distribuídos para jornais, revistas,
rádios, TVs, sites, portais, intranets e sistemas digitais (SMS, wi-fi, PDAs).
Dentro desses núcleos, os produtos são distribuídos em serviços diferenciados,
podendo ser usados em mais de um dos serviços abaixo:
I) AE Broadcast: No ano de 1991, a Agência Estado adquiriu a empresa de
soluções para a transmissão de cotações das bolsas nacionais e internacionais, a
Broadcast. Segundo Silva Júnior (2006), a marca Broadcast foi mantida, ao
passo que se desenvolveram aplicações para a plataforma, ampliando a
capacidade de fluxo da informação. Foi o primeiro investimento da agência em
disponibilizar o conteúdo nos computadores dos clientes (MARQUES, 2005).
Sobre o AE Broadcast, Silva Junior (2006b, p. 28) explica ainda que: “o
sistema abriga um conjunto de serviços de informação centrado em torno de
análises, índices, cotações, estudos de gráficos, commodities, juros, câmbio,
além de relatórios de consultorias de mercado”.
50
II) II) AE Broadcast Investidor Pessoal: É a versão do AE Broadcast para pessoas
físicas. Apresenta o acompanhamento de indicadores mundiais e uma ampla
variedade de notícias da economia, política e finanças importantes para
investidores32
.
III) AE Móvel Broker: Permite o acompanhamento de cotações econômicas e outros
indicadores, em tempo real, pelo celular.
IV) AE Conteúdo: Lançado em 2000, o serviço é voltado para veículos da Internet e
fornece conteúdo de modo personalizado (SILVA JUNIOR, 2006b). São
informações especializadas em diversos segmentos, como economia, negócios,
agrícola, finanças, cotações nacionais e internacionais, geral, política,
internacional, saúde, turismo, esportes, meteorologia, entretenimento, etc33
.
V) AE Mídia: Fornece conteúdo para jornais, revistas e emissoras de rádio, TV‟s e
portais. Segundo Silva Junior (2006b), o serviço é organizado em torno
do fornecimento de cinco núcleos de informação: Noticiários (Nacional -
política, geral, economia, esportes e variedades; Internacional; Econômico -
economia, agronegócios, finanças e negócios; Noticiário Compacto; e Empresas
e Setores), Fotografias (Imagens do Dia, Fotos Internacionais, Infográficos,
Suplementos, Pacotes Especiais para eventos de relevância na mídia, e
Arquivo), Colunas (Economia, Política, Educação, Cultura, Esporte, Internet,
Grade de Programação da TV e Variedades), e Suplementos (Reportagens
Especiais, Pacote TV, Pacote Semanal, Agrícola, Jornal do Carro, Sua Vida e
Turismo).
VI) AE Investimentos: Voltado para o público de investidores iniciantes, o serviço
oferece informações e orientações sobre oportunidades de mercado34
.
32
Informação contida no site da Agência Estado, acessada em 15/09/2010:
<http://www.ae.com.br/institucional/pag_ae_broadcast_investidor_pessoal.php> 33
Informação contida no site da Agência Estado, acessada em 15/09/2010:
<http://www.ae.com.br/institucional/pag_ae_conteudo.php> 34
Informação contida no site da Agência Estado, acessada em 15/09/2010:
<http://www.ae.com.br/institucional/pag_ae_investimentos.php>
51
VII) AE Sistema de Informação: Dirigido ao mercado profissional ligado à economia,
finanças, política, agronegócios, empresas e setores. “São serviços similares aos da
Broadcast, porém, sendo uma alternativa de custo mais barato, e sem a atualização
das informações na mesma velocidade. O tempo é diferido, ou seja, os informes
são alimentados depois de estarem disponíveis para o Broadcast” (SILVA
JUNIOR, 2006b, p. 30).
VIII) Dow Jones Factiva: Fonte de dados alimentada pelas principais fontes de
negócios do mundo. O serviço permite o acesso a informações de jornais, revistas,
boletins, análises de países, relatórios sobre empresas, publicações setoriais, etc35
.
IX) AE Newspaper: Em forma de boletim, pode ser impresso pela internet e é
direcionado a eventos corporativos, congressos e assinantes (SILVA JUNIOR,
2006b). Possui duas edições diárias36
.
X) AE Data: De acesso exclusivo aos assinantes, reúne séries históricas de
informações financeiras e econômicas37
.
XI) AE Comunicação Empresarial: Possibilita a divulgação de releases pelas
assessorias de imprensa. A Agência Estado recebe o material dos assinantes e
distribui gratuitamente aos veículos de comunicação38
.
A Agência Estado possui sede em São Paulo e sucursais em Brasília, Belo Horizonte e
Rio de Janeiro, além de correspondentes fixos em diversas capitais do país e do mundo. Tanto
a geração quanto a distribuição de informações pela AE está estreitamente baseada no
desenvolvimento de soluções tecnológicas, representadas pela migração para as plataformas
digitais, adoção de alternativas digitais para a circulação de informação, alimentação dos
bancos de informações digitais do Grupo Estado e de agências estrangeiras, com as quais tem
convênio (SILVA JUNOR, 2006).
35
Informação contida no site da Agência Estado, acessada em 15/09/2010:
<http://www.ae.com.br/institucional/pag_djfactiva.php> 36
Informação contida no site da Agência Estado, acessada em 15/09/2010:
<http://www.ae.com.br/institucional/pag_outros_produtos.php> 37
Informação contida no site da Agência Estado, acessada em 15/09/2010:
<http://www.ae.com.br/institucional/pag_outros_produtos.php> 38
Informação contida no site da Agência Estado, acessada em 15/09/2010:
<http://www.ae.com.br/institucional/pag_outros_produtos.php>
52
Todo o aparato tecnológico que foi desenvolvido pela Agência Estado desde os anos 1990 aproxima a empresa do ambiente digital e sua importância enquanto a maior agência do
país faz com que o conteúdo que produz seja acessado e utilizado por milhões de usuários,
entre empresários, executivos, instituições governamentais e empresas de mídia tradicional.
No que se refere ao campo político, a atenção ao conteúdo das agências pelos veículos de
mídia é ainda maior, já que o jornalismo mantém um elo histórico com este campo e as
agências de notícias têm papel importante nesta relação.
2. Cobertura política e a relação com as agências de notícias
Como já mencionado, a aproximação entre o jornalismo político e as agências de
notícias deve-se ao fato de que muitos veículos de mídia se abastecem das informações
coletadas por elas, recebendo serviços informativos em grande volume sem precisar
despender repórteres para acompanhar os acontecimentos nos principais eixos econômicos e
políticos do país, entre eles, Brasília.
As agências de notícias são justamente um dos modelos que criam o binômio
da informação disponível e serviço prestado dentro da cadeia de atualidade
exigida pelo jornalismo para o alcance de notícias que estejam além da
capacidade de obtenção de um órgão especifico (AGUIAR, 2006, p. 66).
Como ressalta Martins (2005), a cobertura política precisa estar focada no
acompanhamento da rotina do Congresso Nacional e do Planalto. É fato que todas as
estâncias do campo político (partidos, escândalos, troca de mandatos) só chegam ao cidadão
através dos meios de comunicação. Em face disso, é possível afirmar que o conteúdo
produzido pela Agência Estado, a maior do ramo, reflete diretamente na opinião pública, já
que é divulgado por inúmeros veículos, entre impressos e digitais.
Isso pode ser explicado ainda pela reflexão de Aguiar (2009), que afirma já haver uma
relação de dependência entre as redações e o serviço oferecido pelas agências. Este “vício”
parece tomar conta também do noticiário disseminado na Internet, especialmente porque a
mídia online não encontrou seu modelo de negócios e, sem condições de manter uma grande
equipe voltada para a produção multimídia, os websites jornalísticos acabam recondicionando
as matérias que adquirem das agências. Outro fator que incide sobre isso é o “fechamento que
nunca acaba” (FERRARI, 2004), que limita ainda mais o trabalho de produção e de apuração
53
das reduzidas equipes online, geralmente com um modo de produção jornalística que quase
não inclui a saída das redações.
Antes de aprofundar a relação das agências de notícias com o campo político, cabe
destacar que estas antes de tudo são uma modalidade de produção jornalística, sendo
importante compreender os mecanismos que historicamente aproximam o jornalismo da
política. A relação entre ambos é bilateral, uma vez que qualquer forma de poder necessita de
visibilidade (MOTTA, 2002) e, por outro lado, a imprensa é tida como o “quarto poder”, na
medida em que fiscaliza, em teoria, o poder público:
[...] a imprensa seria o instrumento de desconfiança e de cobrança pública,
pois impede que a política seja apenas uma ação em defesa de interesses
particulares, contrários aos interesses gerais da sociedade, principalmente
nas complexas sociedades contemporâneas, onde as pessoas comuns se
sentem distantes e impotentes para exercer os seus direitos de cidadãos. Se
ela de fato exerce democraticamente esse quarto poder, representando todos
os grupos sociais, é uma questão que só o exame de cada circunstância pode
responder (MOTTA, 2002, p. 14-15).
Essa relação também possui caráter histórico e existe desde a invenção da imprensa, no século XV:
Não há poder sem imprensa, nem imprensa sem poder. Ambos estão
historicamente relacionados. Desde 1440, quando Gutemberg inventou a
tipografia e permitiu a impressão em massa, a imprensa vem sendo utilizada
como instrumento da luta pelo poder. A invenção da imprensa, de fato,
coincide com a criação das nações e do Estado moderno e com o exercício
do poder não apenas de forma coercitiva, pelo uso da força, mas por meio de
formas mais sutis de coerção e de persuasão. A partir de então, a imprensa
esteve sempre ligada à luta política (MOTTA, 2002, p. 13).
Nessa mesma linha, Seabra (2002, p. 34), refere-se ao século XIX como um momento
“em que a imprensa ainda não era vista como empresa capitalista, mas, antes, como
instrumento de luta política ou de embate entre ideais estéticos”. No Brasil, a aproximação
entre poder e jornalismo pode ser simbolizada pelo fato de que “a maioria dos donos dos
jornais ou jornalistas eram também políticos oficiais (deputados, senadores, ministros) ou
líderes de movimentos emancipatórios (abolicionistas e republicanos) ou conservadores
(monarquistas)” (SEABRA, 2002, p. 34).
Detalhado o grau de interrelação entre o jornalismo e a política, é possível partir para o
entendimento da ligação entre esta última e as agências de notícias, que no terceiro mundo
tem intrínseco um aspecto histórico. A maior parte das agências estavam ligadas ao Estado e
eram, portanto, uma questão de política nacional, garantindo exclusividade sobre a assinatura
e a redistribuição interna do conteúdo das agências internacionais (AGUIAR, 2009).
54
Graças a esta estratégia, as agências nacionais do mundo em
desenvolvimento exerciam o filtro primaz sobre o que se passava e dizia no
exterior – particularmente o que fosse publicado a respeito do próprio país
em questão. A agência era a mão do Estado fechando e abrindo a porteira do
gatekeeping diretamente, numa época em que não existia um Google à
disposição para mapear, buscar ou encontrar outras fontes de informação
(AGUIAR, 2009, p. 12).
Outra questão é que, conforme descrito, as agências se tornaram no século XIX
grandes defensoras do modelo de novo jornalismo, que pregava a objetividade em detrimento
da subjetividade. Esse modo de produção, que destacou a notícia como mercadoria, se refletiu
na cobertura política:
[...] a comercialização da imprensa torna o jornalismo mais independente dos
laços políticos e transforma a atividade também numa indústria onde um
novo produto – as notícias como informação – é vendido com o objetivo de
conseguir lucros. A nova ideologia pregava que os jornais deveriam servir os
leitores e não os políticos, pregava que traziam informação útil e interessante
aos cidadãos, em vez de argumentos tendenciosos em nome de interesses
partidários, pregava fatos e não opiniões (TRAQUINA, 2004, p. 50).
No Brasil, essa mudança também foi sentida, embora tardiamente. Segundo Martins
(2005), o jornalismo político no país sofreu profundas mudanças nas últimas décadas, sendo a
mais expressiva o fato de que sua intenção hoje é informar e não mais fazer propaganda
partidária. Em 1950, as bandeiras políticas levantadas pelos donos das empresas de
comunicação ficavam bastante nítidas já nas primeiras páginas dos jornais.
O autor explica ainda que essa mudança é fruto de dois processos de transformação: a
profissionalização e a modernização dos meios de comunicação fizeram com que muitos
jornais não resistissem aos novos tempos e quebrassem. Depois disso, os jornais precisaram
rever o seu público: “Em vez de cativar o leitor partidarizado, como no passado, a estratégia
passou a ser atrair um público plural, composto por leitores com as mais variadas simpatias
políticas e as mais diferentes visões de mundo” (MARTINS, 2005, p. 19).
Portanto, as agências de notícias possuem historicamente um papel importante até
mesmo no que se refere ao afrouxamento dos laços entre a imprensa e os grupos políticos.
Hoje, sua importância está relacionada ao modelo de empacotamento da notícia adotado pela
maioria dos veículos de comunicação e que envolve também o noticiário político, campo de
atenção deste estudo.
Na sociedade contemporânea, o papel da imprensa de mediar os acontecimentos
políticos é ainda mais marcante, uma vez que “há muito as interações pessoais e os
testemunhos presenciais dos fatos foram substituídos por uma intermediação de meios
55
eletrônicos, entre os quais a própria imprensa” (MOTTA, 2002, p. 16).
Como já assinalado, as agências de notícias encontram papel fundamental nessa
mediação. Para a análise da maneira como uma informação postada no Twitter, em especial
no período eleitoral, se replica no noticiário online, observa-se que grande parte do conteúdo
jornalístico divulgado relacionado à corrida presidencial provém de agências de notícias.
Essa presença marcante se deve também ao fato de que as agências trabalham com
base na multiplataforma, ou seja, produzem conteúdos que podem ser encaixados em
diversos suportes midiáticos. A Agência Estado, a mais importante agência de notícias do
modelo brasileiro, que possui uma equipe de repórteres voltada para a cobertura política em
São Paulo e em Brasília, está entre as fontes mais utilizadas pelos veículos durante as
campanhas eleitorais. A relação do conteúdo informativo dessa agência com as informações
divulgadas por políticos no Twitter durante a campanha eleitoral será demonstrada a seguir.
56
CAPÍTULO IV – IMPACTOS DO TWITTER NA COBERTURA
JORNALÍSTICA DA CAMPANHA ELEITORAL 2010: ANÁLISE DE
CONTEÚDO DA AGÊNCIA ESTADO
Muitas são as formas de uso do Twitter direcionadas pelos próprios usuários ao
desempenharem o papel de produtores de conteúdo, que, muitas vezes, interessa a jornalistas.
Este é o caso dos tweets publicados por personalidades políticas, que se constituem o objeto
deste estudo.
O Twitter se apresenta também como espaço para as celebridades afirmarem sua fama;
para as empresas manterem contato com seus clientes e fornecedores; para os políticos
conversarem com seus eleitores; para os órgãos públicos publicarem informações aos
cidadãos e para as pessoas comuns se manterem em contato com todo esse universo de
informação (SILVA, 2009, p. 80).
Em 2010, a propaganda política no Brasil entrou de uma vez na web, já que o
Congresso Nacional aprovou seu uso em campanhas, em setembro de 2009, através do
Projeto de Lei 5498/09, sancionado pelo presidente Lula. A manifestação de pensamento
pelos candidatos na Internet está liberada e o Twitter é uma das ferramentas adotadas, atraindo
a atenção de blogueiros e jornalistas políticos.
Assim, os candidatos à presidência nas eleições de 2010 utilizam a ferramenta como
um instrumento de propaganda pessoal, emplacando sua campanha particular reduzida ao
espaço de 140 caracteres e destinada aos seguidores, em geral eleitores simpatizantes e
jornalistas políticos. Entre eles estão José Serra (twitter.com/joseserra_), Dilma Rousseff
(twitter.com/dilmabr) e Marina Silva (twitter.com/silva_marina), os três melhores colocados
57
em todas as pesquisas de opinião divulgadas entre maio e setembro deste ano39
, mês que
antecede a votação nacional e período em que se inicia e se encerra a análise proposta por esta
pesquisa, respectivamente. Eles estão de olho no poder do Twitter enquanto instrumento de
marketing. Para se ter uma ideia, a candidata do PT, Dilma Rousseff, trouxe para sua
campanha o militante do software livre Marcelo Branco, além de Scott Goodstein, Joe
Raspars e Andrew Paryze, que trabalharam para Barack Obama, presidente norte-americano
que fez uso intensivo da Internet em sua campanha em 2008.
Com o intuito de delimitar as pesquisas feitas por este trabalho, o estudo se baseia em
notícias produzidas pela Agência Estado e se propõe a analisar de que forma as declarações
dos candidatos no Twitter vêm sendo usadas para a produção de conteúdo jornalístico. A
escolha da Agência Estado como empresa jornalística cujas produções testarão a hipótese do
trabalho, deve-se ao fato de que a organização mantém forte relação com a web e, mesmo
antes da popularização da Internet, já reconhecia a necessidade de enviar informação de
rápido acesso a seus clientes. Além disso, possui editoria de política definida e seus repórteres
são usuários do Twitter, conforme será demonstrado na análise.
A investigação que se segue foi baseada na observação de dois fatos polêmicos que
ocorreram durante o período que antecedeu a campanha e no decorrer dela. Os fatos
selecionados ilustram a apropriação do Twitter para a propaganda eleitoral e para o debate,
fazendo dele uma ferramenta importante para o jornalista político. A análise foi construída a
partir da coleta de dados distintas:
I) A Internet como fonte principal: observação de 184 tweets divulgados pelos
três principais candidatos à corrida presidencial e 164 por seus respectivos
líderes de partido no período em que foram noticiados os fatos;
monitoramento de 259 tweets divulgados por três jornalistas da Agência
Estado – sucursal São Paulo – no mesmo período; e análise de nove
matérias produzidas pela Agência Estado e publicadas em portais da
Internet. Todo esse conteúdo foi cruzado entre si no mesmo período para que
39
De acordo com uma Pesquisa Datafolha, realizada entre 20 e 21 de maio de 2010, a então pré-candidata do PT,
Dilma Rousseff, estaria empatada com José Serra, então pré-candidato do PSDB, nas intenções de voto. Ambos
aparecem com 37%. Marina Silva, então pré-candidata do PV, aparece com 12%. Foram feitas 2.600 entrevistas.
Na Pesquisa Ibope de intenção de voto para presidente da República, realizada entre 31 de maio e 03 de junho de
2010, junto a 2.002 eleitores em 141 cidades do país, Dilma Rousseff e José Serra aparecem novamente
empatados, com 37% das preferências. Já Marina Silva, aparece com 9%. Em Pesquisa Datafolha, realizada
entre 02 e 03 de setembro, Dilma Rousseff tem vantagem e aparece com 50% das intenções de voto, José Serra
fica com 28% e Marina Silva tem 10% das intenções de voto.
58
se chegasse a uma reflexão acerca da influência do Twitter na cobertura das
eleições 2010.
II) Entrevistas como fonte complementar: coleta de informações junto a dois
profissionais da editoria de política da Agência Estado envolvidos com o
processo de produção das notícias (Elisabeth Lopes, chefe de reportagem; e
Gustavo Uribe, estagiário de jornalismo). O objetivo foi obter a versão
desses jornalistas sobre a forma como usam as informações do Twitter para a
composição de matérias e, posteriormente, cruzar essas versões com as
conclusões tiradas da observação das notícias. As entrevistas foram
realizadas em dois momentos: antes e depois do confronto entre tweets e
matérias. Quanto à sua natureza, optou-se pela entrevista em profundidade
semi-aberta. Recurso metodológico baseado em suposições definidas pelo
investigador, a entrevista em profundidade busca “recolher respostas a partir da
experiência subjetiva de uma fonte, selecionada por deter informações que se
deseja conhecer” (J. DUARTE, 2005, p. 62). Por ser realizada com base em
um roteiro de questões pré-estabelecido, mas que ofereceu possibilidade
para novos direcionamentos, a entrevista enquadra-se no modelo semi-
aberto ou semi-estruturado.
A observação dos tweets envolveu procedimentos qualitativos (classificação do
conteúdo das mensagens) e quantitativos (contagem em cada categoria). Pelo caráter de
múltipla coleta de dados e de fontes de consulta e pela natureza do objeto de estudo, o
presente trabalho está inserido no método de estudo de caso, definido por Yin (2001, p. 19)
como:
[...] a estratégia preferida quando se colocam questões do tipo “como” e “por
que”, quando o pesquisador tem pouco controle sobre os eventos e quando o
foco se encontra em fenômenos contemporâneos inseridos em algum
contexto da vida real.
Ainda no que se refere ao monitoramento dos tweets nos períodos estabelecidos, a
observação realizada teve o intuito de coletar evidências reais que representassem o fenômeno
em estudo, técnica que está de acordo com a explanação de Lopes (1990, p. 123), quando se
refere à “reconstrução empírica da realidade”. Já a amostra de dados coletada teve caráter
intencional, uma vez que episódios do mundo político foram selecionados com base na
59
hipótese de que teriam repercussão no Twitter e com o objetivo de observar os efeitos dos tweets no jornalismo.
A prática de analisar a presença de tweets em conteúdo noticioso utilizada pelo
presente trabalho assemelha-se ao procedimento metodológico adotado por Zago (2010), que
identifica nas matérias dos sites Folha Online e Zero Hora.com, a presença de referências ao
Twitter e citações de tweets.
A opção pela seleção de casos específicos e de matérias jornalísticas encontradas
através da busca pela Internet se deu em razão da inviabilidade da ideia inicial, que era basear
a análise em recortes temporais e separação de material diretamente do sistema da Agência
Estado. Esse procedimento se mostrou extremamente complexo e inviável para o tempo
destinado ao desenvolvimento deste trabalho, já que ficou constatado o imenso volume de
material produzido diariamente pela agência. Por outro lado, a pesquisa por informação
através de sistemas de busca online vem se tornando a principal forma utilizada por quem
busca atualização na web, o que torna o procedimento adotado adequado às novas formas de
difusão e busca de informações jornalísticas na web, salientado por Adghirni & Moraes
(2008, p. 240):
A possibilidade de se consultar arquivos recapitulativos, cronologias,
biografias, bibliografias, etc. hoje possíveis graças ao espaço infinito
disponibilizado pela rede, significa a ausência de limites físicos (paginação
na mídia impressa, tempo cronometrado no rádio e televisão).
Para o monitoramento dos tweets, escolheu-se, em momentos distintos, dois fatos da
cena política que tiveram repercussão nacional e que, intuiu-se, levariam a possibilidade de
exposição de ideias pelos políticos no Twitter. O primeiro deles veio a público em junho de
2010, e refere-se a suposta elaboração pelo PT de um dossiê que reúne dados contra José
Serra. O segundo fato aconteceu em julho e envolve também o candidato à vice-presidência
na chapa de José Serra (PSDB), o deputado federal Indio da Costa (DEM-RJ), que, durante
uma entrevista para o site da campanha de Serra, acusa o PT de ligações com as Forças
Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). O detalhamento dos episódios selecionados
será feito adiante.
Antes da apresentação dos dados obtidos, é necessário apresentar duas ressalvas
relacionadas ao material encontrado na Internet:
a) Em todas as combinações de palavras-chave realizadas, houve retorno de notícias que
não foram originadas de tweets. Isso porque a palavra “Twitter” era correspondente a
tags publicitárias sobre o microblog, que acompanhavam as matérias. Portanto, foi
60
necessário fazer uma separação, sendo que essas notícias foram quantificadas, mas
descartadas para a comparação com tweets.
b) A mesma situação ocorreu com relação aos termos “Agência Estado” e “AE”. Nem
sempre as matérias encontradas eram provenientes da empresa. Isso porque o termo
estava destacado em algum outro ponto da página na qual estava hospedada a notícia
relacionada ao caso, ou mesmo estava relacionado a crédito dado a fotografias do
banco de imagens da agência. Também as matérias que não foram produzidas pela
Agência Estado foram desconsideradas para esta análise.
A tabela 01 traz a relação dos perfis observados neste trabalho, categorias a que
pertencem e seus respectivos endereços no Twitter. Uma cópia de cada perfil selecionado para
as análises está presente nos anexos desta pesquisa, com todos os tweets dos períodos
analisados.
Tabela 01 – Twitters analisados na pesquisa
Categoria Nome Endereços no Twitter Descrição
Político Dilma Rousseff
http://twitter.com/dilmabr Candidata à presidência (PT)
Político José Serra http://twitter.com/joseserra_ Candidato à presidência (PSDB)
Político Marina Silva
http://twitter.com/silva_marina Candidata à presidência (PV)
Político
José Eduardo
Dutra
http://twitter.com/zedutra13 Presidente Nacional do PT
Político Sérgio Guerra
http://twitter.com/Sergio_Guerra Presidente Nacional do PSDB
Político José Luiz Penna
http://twitter.com/vereadorpenna Presidente Nacional do PV
Jornalista
Elisabeth Lopes
http://twitter.com/Bethlopes_ Chefe de reportagem Política AE
Jornalista Carolina Freitas
http://twitter.com/ca_freitas Repórter de Política da AE
Jornalista Gustavo Uribe
http://twitter.com/gustavouribe Repórter de Política da AE
A iniciativa de observar também o Twitter de José Eduardo Dutra (PT), Sérgio Guerra
(PSDB) e José Luiz Penna (Partido Verde - PV), presidentes nacionais dos respectivos
partidos se deu por dois motivos. Em primeiro lugar, porque, ao longo do trabalho, constatou-
se que os três principais candidatos à presidência pouco se posicionavam de maneira crítica
no microblog, assumindo um tom propagandístico, ao passo que os representantes dos seus
61
partidos se mostraram muito menos cautelosos, até por estarem numa posição de menor risco
frente à opinião pública. Dessa forma, os fatos passíveis de serem classificados como
polêmicos e, consequentemente, de interesse jornalístico, foram, em muitos momentos,
lançados por esses últimos no Twitter.
Nos três casos estudados foi feita uma categorização dos tweets de acordo com a
semelhança temática, com o objetivo de tornar o volume de dados compreensível. Foram
considerados os seguintes critérios:
a) Tweets relacionadas à agenda: Referem-se à divulgação de eventos, viagens, visitas
feitas pelos candidatos/partidos, seja as que já se realizaram ou que ainda irão
acontecer. No caso dos jornalistas, refere-se à agenda profissional, seja a cobertura de
eventos políticos (e tweets divulgados durante eles) ou a mensagens relacionados à
rotina de trabalho dentro da redação.
Figura 02 – Tweet relacionado à agenda do político/partido
62
Figura 03 – Tweet relacionado à agenda do jornalista
b) Tweets que equivalem a marketing político: Frases postadas com a intenção de
promover o candidato/partido, mesmo que de forma velada. Também entram nesta
categoria as mensagens que criticam a oposição com vistas a promover o próprio
partido.
Figura 04 – Tweet de marketing político
c) Relacionados a fatos da política: Tweets que comentam sobre fatos da política sem,
entretanto, ter relação com os casos estudados e que também não têm natureza
propagandística. Esse tipo de comentário aparece principalmente nas mensagens
divulgadas pelos jornalistas cujos perfis foram monitorados.
63
Figura 05 – Tweet relacionado a outros fatos da política
d) Tweets que equivalem à divulgação profissional pelos jornalistas: Postagens de
links ou chamadas para matérias produzidas.
Figura 06 – Tweet de divulgação profissional
e) Replies: São respostas a outros usuários do microblog, reconhecidos pelo símbolo @
antes do nome da pessoa a quem se destina a mensagem. Algumas vezes, os usuários
retransmitem a pergunta na mesma mensagem em que respondem, para contextualizar
e, neste caso, aparece também o símbolo RT (Retweet). Optou-se por não classificar o
conteúdo desses replies, portanto, independente do assunto abordado, qualquer
64
resposta ou pergunta a outros usuários, foi classificada como reply, exceto as se
relacionam aos três casos estudados.
Figura 07 – Reply no Twitter
f) Retweet: Quando o usuário retransmite um post que foi publicado por outro usuário.
Essa situação é reconhecida pelo símbolo RT antes do nome de usuário da pessoa que
postou a mensagem original. Também neste caso, optou-se por não classificar o
conteúdo desses retweets e nem o motivo pelo qual foram retransmitidos, portanto,
independente do assunto abordado, qualquer mensagem redirecionada foi classificada
como retweet, exceto as que se relacionam aos três casos estudados.
Figura 08 – Retweet no Twitter
65
g) Variados: Foram considerados tweets sobre assuntos pessoais, banalidades, sem
qualquer relação com a política.
Figura 09 – Tweet variado
h) Relacionados aos casos estudados: Tweets que abordam diretamente ou
indiretamente o dossiê supostamente preparado pelo PT contra José Serra e às
acusações de Indio da Costa (candidato à vice-presidência – DEM/PSDB) de que o PT
tem ligações com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). Qualquer
menção a esses fatos foi estudada nesta categoria, mesmo que se constituísse um
retweet ou reply.
Figura 10 – Tweet relacionado ao dossiê
66
A seguir, é feita a análise detalhada de cada caso escolhido, observando os
desdobramentos desses tweets na cobertura política da Agência Estado.
1 Análise do Caso 1: A polêmica do dossiê contra José Serra
O primeiro fato escolhido para a análise envolveu principalmente os dois políticos
mais bem colocados nas pesquisas eleitorais: Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), na
ocasião ainda pré-candidatos à presidência. Trata-se da acusação levantada de um suposto
dossiê elaborado contra Serra pela campanha do PT. Em entrevista à Revista Veja, edição
2167, de 02 de junho de 2010, o delegado aposentado da Polícia Federal Onézimo Souza diz
ter recebido uma proposta do então integrante da campanha da presidenciável Dilma
Rousseff, o jornalista e consultor Luiz Lanzetta, para que elaborasse um dossiê reunindo
dados contra José Serra. De um lado, o comando do PT afirma não ter participação no
episódio, atribuindo a negociação apenas ao jornalista. Lanzetta se defende alegando que
recebeu a oferta do delegado, mas recusou. No dia 05 de junho, Lanzetta pediu afastamento
da campanha da petista. De outro lado, O PSDB acusa Dilma pela montagem do suposto
dossiê contra Serra. Em razão desse posicionamento, o PT interpelou Serra judicialmente por
ter responsabilizado a pré-candidata. Essa decisão foi postada pelo presidente nacional do PT
via Twitter.
Assim, optou-se por monitorar os tweets entre o período de 02 de junho de 2010,
início da polêmica, e 05 de junho de 2010, totalizando quatro dias. Conforme descrito no
início do capítulo, houve uma categorização dos tweets divulgados em cada um dos três casos.
No exemplo relacionado ao dossiê, a classificação foi a seguinte:
Tabela 02 – Conteúdo dos tweets de Dilma Rousseff
Tweets no
período
Agenda
Marketing
Político
Replies
Retweets
Variados
Outros
fatos da
política
Relacionados
ao dossiê
11 01 05 03 0 02 0 0
Tabela 03 – Conteúdo dos tweets de José Serra Tweets no
período
Agenda
Marketing
Político
Replies
Retweets
Variados
Outros
fatos da
política
Relacionados
ao dossiê
29 01 02 10 08 04 04 0
67
Tabela 04 – Conteúdo dos tweets de Marina Silva
Tweets
no
período
Agenda
Marketing
Político
Replies
Retweets
Variados
Outros
fatos da
política
Relacionados
ao dossiê
11 05 04 0 01 01 0 0
A análise mostrou que os pré-candidatos se mostraram cautelosos quanto a comentar a
polêmica do dossiê no microblog. Não houve nenhuma postagem relacionada ao assunto,
apesar de Serra e Dilma se manifestarem em público sobre o caso. Em compensação, foi
expressiva a aparição de tweets que promoviam a agenda dos candidatos ou mesmo se
relacionavam a marketing explícito. Isso mostra uma tendência de uso do microblog muito
mais como uma ferramenta de promoção do que de debate. Tal como a divulgação de um
produto ou marca, essa estratégia faz uso da publicidade para conquistar também o voto dos
usuários do microblog. “As conexões resultantes das redes sociais podem trazer ganhos
significativos para o mundo dos negócios. Uma marca ou produto quando bem divulgado
nesse meio leva a uma relação de fidelidade importante” (COMM, 2009, p. 03).
Tabela 05 – Conteúdo dos tweets de José Eduardo Dutra
Tweets
no
período
Agenda
Marketing
Político
Replies
Retweets
Variados
Outros
fatos da
política
Relacionados
ao dossiê
56 03 01 20 03 12 0 17
Tabela 06 – Conteúdo dos tweets de Sérgio Guerra
Tweets
no
período
Agenda
Marketing
Político
Replies
Retweets
Variados
Outros
fatos da
política
Relacionados
ao dossiê
14 0 0 0 0 0 0 14
Tabela 07 – Conteúdo dos tweets de José Luiz Penna
Por outro lado, a observação dos tweets dos presidentes dos partidos envolvidos no
caso mostra que os mesmos travaram uma discussão virtual em torno do suposto dossiê.
Tweets
no
período
Agenda
Marketing
Político
Replies
Retweets
Variados
Outros
fatos da
política
Relacionados
ao dossiê
05 04 0 0 0 01 0 0
68
Menos cautelosos do que os presidenciáveis, os dois políticos trocaram farpas e
acusações publicamente, através do microblog. Os tweets de Sérgio Guerra analisados
falavam exclusivamente sobre o suposto dossiê, entre pedido de esclarecimentos e críticas a
Dilma e réplicas a José Dutra. José Luiz Penna, presidente do PV, se mostrou neutro nas
declarações, até porque o caso não envolveu a então pré-candidata do partido, Marina Silva.
Em campanhas eleitorais, é comum que, enquanto os candidatos são preservados, o
embate seja travado pelos aliados. Mais do que isso, o fato de um responder ao outro,
virtualmente, colaborou para que a discussão se prolongasse. Nessa linha, Martins (2005, p.
47), refere-se à facilidade que tem o jornalismo político de obter versões junto a fontes
opositoras: “[...] elas têm interesses conflitantes e brigam entre si. Estão interessadas em falar
ou podem se interessar em falar se souberem que outros já andaram dando suas versões sobre
os fatos”.
O grau de exagero em nome da competição eleitoral também marca esse tipo de
discussão da qual participaram Dutra e Guerra:
Todos os políticos, sem exceção, têm interesses e objetivos, lealdades e
inimizades, ambições e ressentimentos, cacoetes e vaidades, que
inevitavelmente filtram, apimentam e marcam seus relatos. Mais: como são
pessoas treinadas na arte de convencer os outros, costumam ser ótimos
contadores de histórias. Sabem reproduzir um episódio saboroso, recriar um
bate-boca esquentado, aprimorar uma frase espirituosa – e com isso tornam o
peixe que vendem muito atraente aos olhos do freguês (MARTINS, 2005, p.
48).
Há ainda a possibilidade de que os internautas se sintam mais livres na web. Comm
(2009) afirma que o Twitter às vezes pode dar a impressão de ser um espaço privado, uma
forma de passar o tempo. Essa sensação de liberdade acaba colaborando para que os embates
políticos se desenrolem ali mesmo, na página do microblog.
Foi feita também a categorização dos tweets divulgados pelos jornalistas da Agência
Estado no período analisado. Quanto à escolha dos jornalistas, justifica-se que os selecionados
compõem o quadro de repórteres da editoria de política da Agência Estado, sucursal São
Paulo, que, pela proximidade, permitiu que a pesquisa fosse enriquecida inclusive com
entrevistas realizadas junto a eles na própria agência.
Tabela 08 – Conteúdo dos tweets de Elisabeth Lopes
Tweets
no
período
Agenda
Divulgação
Profissional
Replies
Retweets
Variados
Relacionados à
política
Relacionados
ao dossiê
35 03 0 22 02 05 0 03
69
Tabela 09 – Conteúdo dos tweets de Carolina Freitas
Tweets
no
período
Agenda
Divulgação
Profissional
Replies
Retweets
Variados
Relacionados à
política
Relacionados
ao dossiê
48 11 01 03 0 29 03 01
Tabela 10 – Conteúdo dos tweets de Gustavo Uribe
Tweets
no
período
Agenda
Divulgação
Profissional
Replies
Retweets
Variados
Relacionados à
política
Relacionados
ao dossiê
09 02 0 02 01 02 02 01
A observação desse caso isolado mostrou a princípio que os jornalistas postaram no
Twitter comentários sobre o desenrolar do suposto dossiê, mas sem que essas postagens
tivessem relação com as matérias produzidas. A repórter Carolina Freitas chegou a divulgar
no microblog matéria que produziu sobre o fato de José Serra responsabilizar Dilma pelo
suposto dossiê. Porém, os dados para esta matéria foram coletados ao realizar a cobertura
jornalística de um evento da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), onde esteve o
presidenciável.
Assim, embora o Twitter sirva aos jornalistas em alguns momentos como ferramenta
para coleta de informações disparadas pelos políticos, nem sempre esses jornalistas deixam
explícito em seus perfis essa forma de interação.
A relação entre os jornalistas da AE e o Twitter fica mais explícita na fala de Elisabeth
Lopes40
, chefe da reportagem de política, que atua na agência há 10 anos, e afirma que o uso
do microblog na redação melhorou muito o trabalho dos repórteres: “Da redação, eu vejo o
Serra dizer onde vai almoçar. Melhorou muito. A própria agenda desse pessoal era difícil de
conseguir, hoje ela está lá”. O estagiário de jornalismo Gustavo Uribe41
compartilha dessa
opinião: “Uma coisa que melhorou bastante é no sentido de pauta. O político divulga
informações [no Twitter], principalmente relacionadas à agenda, que muitas vezes nem a
assessoria sabe”.
O fato de o Twitter já ter entrado na rotina da redação da agência também é exposto
por Uribe42
, que atua na AE desde dezembro de 2008. Ele explica que existe um repórter
específico para a cobertura de cada um dos três principais candidatos à presidência, sendo que
40
Entrevista concedida na Agência Estado, em São Paulo, em 14 de maio de 2010. 41
Entrevista concedida na Agência Estado, em São Paulo, em 14 de maio de 2010. 42 Entrevista concedida na Agência Estado, em São Paulo, em 14 de maio de 2010.
70
a responsabilidade pelas notícias dos demais candidatos cabe a ele. Nesse processo, uma das
ferramentas utilizadas é o microblog: “[...] virou rotina. Pela manhã, abrimos os sites do TSE,
Ministério Público e aí a gente dá uma olhadinha sempre no Twitter”.
Nesta pesquisa, o que cabe destacar é que as afirmações manifestadas pelos tweets que
formaram a discussão entre os políticos, por si só, renderam a produção de material
jornalístico por profissionais da Agência Estado. É o que veremos a seguir.
1.1. A repercussão dos tweets sobre o dossiê no material jornalístico da
Agência Estado
No mesmo período em que o Twitter dos políticos e jornalistas citados foi monitorado
(02 a 06 de junho de 2010) também foi feita uma busca na Internet por matérias que
pudessem ter alguma relação com esses tweets. A metodologia utilizada neste caso foi uma
pesquisa no mecanismo de busca43
Google, usando quatro combinações de palavras-chave,
que envolveram os seguintes termos: dossiê, Serra (já que o suposto documento seria
elaborado contra esse político), Twitter e Agência Estado ou AE (sigla da organização). Para
que fossem apresentados resultados cujo texto apresentasse a presença de todos esses termos,
foram usados os operadores (+) e (“”), que pelo protocolo do Google definem que todas as
palavras digitadas na busca devem estar presentes no documento a ser recuperado, em
qualquer ordem.
Tabela 11 - Pesquisa de notícias no Google – primeira combinação
Palavras-chave: “Dossiê +Twitter + Agência Estado”
Resultados
Título
Data
Publicado por
Total de
notícias
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Marina lamenta suposto dossiê
petista contra o PSDB e diz que
acusações devem ser "bem
fundamentadas"
3/6/2010
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Dossiê contra Serra vai parar na Justiça
3/6/2010
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Dilma diz que história de dossiê contra Serra é falsa
2/6/2010
MSN Notícias
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Marina espera que dossiê não
prejudique campanha
3/6/2010
Gazeta do
Povo.com.br
43
Os mecanismos de busca indexam grande volume de documentos da Internet e, quando solicitados, recuperam
e apresentam resultados com base em critérios de relevância.
71
Tabela 12 - Pesquisa de notícias no Google – segunda combinação
Palavras-chave: “Dossiê +Twitter + AE”
Resultados
Título
Data
Publicado por
Total de
notícias
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do PT de interpelar Serra
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Dilma: dossiê contra Serra é a falsidade
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Jornal da Cidade.net
Dossiê petista deve parar na Justiça
4/6/2010
Diário do Pará.com.br
Guerra critica pelo Twitter ação
petista
4/6/2010
O Hoje
Segundo Dilma, dossiê contra tucano é 'falsidade, ignomínia'
5/6/2010
Diário Grande ABC
Não
relacionados
a tweets
Araponga teria montado dossiê para campanha de Dilma
5/6/2010
Abril.com
1
Tabela 13 - Pesquisa de notícias no Google – terceira combinação
Palavras-chave: “Dossiê+Serra+Twitter+Agência Estado”
Resultados
Título
Data
Publicado por
Total de
notícias Relacionados a
tweets
Serra diz que Dilma tem
responsabilidade em suposto
dossiê
2/6/2010
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3 Dossiê contra Serra vai parar na Justiça
3/6/2010
Nominuto.com
Suposto dossiê petista deve parar na Justiça
4/6/2010
Diário da Manhã
Não
relacionados a
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Dilma diz que história de dossiê contra Serra é falsa
2/6/2010
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Dilma diz que história de dossiê contra Serra é falsa
2/6/2010
R7 Notícias
Oposição cobra explicações
sobre suposto dossiê contra
Serra
2/6/2010
Abril.com
Acusação de Serra sobre dossiê
é "desespero", diz presidente do
PT
2/6/2010
Abril.com
Serra: responsabilidade por
suposto dossiê é da Dilma
2/6/2010
Estadao.com.br
72
Tabela 14 - Pesquisa de notícias no Google – quarta combinação
Palavras-chave: “Dossiê +Serra+Twitter + AE”
Resultados
Título
Data
Publicado por
Total de
notícias
Relacionados a
tweets
0
Não
relacionados a
tweets
Serra culpa adversária petista
por dossiê
3/6/2010
Diário do Grande
ABC
2
PT quer interpelar Serra por
declarações contra Dilma
4/6/2010
Tribuna do Norte
Foram encontradas dez matérias relacionadas a tweets considerando todas
as combinações de palavras-chave. A análise mostrou que essas matérias podem ser
divididas em cinco grupos, considerando o assunto que abordam: declaração de José Serra,
declaração de Marina Silva, declaração de Dilma Rousseff, decisão do PT de
interpelar Serra judicialmente e críticas de Sérgio Guerra a esta decisão. As dez matérias
se repetem dentro desses grupos, já que o conteúdo da agência é multiplicado por seus
clientes de mídia, com algumas alterações. Por isso, optou-se por realizar a análise
com cinco notícias, que apresentam conteúdo diferenciado entre si. O resultado será
demonstrado a seguir, com uma associação entre as matérias encontradas e os tweets que as
originaram.
I) Análise da matéria 1 – Serra diz que Dilma tem responsabilidade em suposto
dossiê (02/06/2010)44
A notícia dada no dia 02 de junho repercute as declarações dadas por José Serra,
no mesmo dia, durante evento na Associação Comercial de São Paulo. Ele afirma que
Dilma Rousseff e o PT deviam explicações sobre o suposto dossiê preparado contra ele,
e que a responsabilidade pelo documento seria da candidata do PT.
Em uma sub-retranca construída por meio de uma afirmação feita no Twitter,
a matéria contextualiza as discussões em torno do dossiê:
44
Serra diz que Dilma tem responsabilidade em suposto dossiê, Agência Estado, 02 jun. 2010. Disponível em
<http://g1.globo.com/especiais/eleicoes-2010/noticia/2010/06/serra-diz-que-dilma-tem-responsabilidade-em-
suposto-dossie.html>. Acesso em 06 jun. 2010.
73
[...] Pelo Twitter, o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, rebateu
as acusações dos tucanos. „Acabo de ver uma entrevista do Sergio Guerra
(presidente nacional do PSDB), cobrando explicação da Dilma sobre o tal
dossiê. Só há uma definição para isso: PATIFARIA‟, escreveu em seu perfil
no serviço de microblogs. [...] „Nós nunca responsabilizamos o Serra sobre
as baixarias que aparecem na internet, contra a Dilma. Seria absurdo se o
fizéssemos‟, disse. „E o Sergio Guerra ainda disse num debate comigo no
Estadão que queria uma campanha de alto nível‟, ironizou (AE, 2010).
A aproximação desses pontos da matéria aos tweets do político confirmam que trechos
postados são usados na íntegra como se fossem afirmações dadas em entrevistas:
Figura 11 – Tweet de José Dutra dossiê (02/06 12h21)
Figura 12 – Tweet de José Dutra dossiê (01/06 20h23)
74
II) Análise da matéria 2 - Marina lamenta suposto dossiê petista contra o PSDB e diz
que acusações devem ser "bem fundamentadas" (03/06/2010)45
Publicada em 03 de junho de 2010, trata da posição da então pré-candidata do PV,
Marina Silva, sobre o episódio do suposto dossiê contra José Serra, que envolve PT e PSDB.
Ela lamentou as denúncias e preferiu não se pronunciar de forma mais crítica, alegando não
ter tido tempo de analisar a questão devidamente.
De forma a contextualizar os fatos, mais uma vez, a notícia da Agência Estado, cita o
debate ocorrido no microblog: “[...] A tensão envolvendo o PT e o PSDB em torno do suposto
dossiê contra o pré-candidato à presidência gerou uma intensa troca de acusações entre
tucanos e petistas pelo Twitter (serviço de microblog), nesta quinta” (AE, 2010).
Provando que as discussões que acontecem no Twitter são acompanhadas pelos
jornalistas, em especial as que tratam de embates políticos, a matéria se refere à troca de
acusações entre Sérgio Guerra e José Dutra pelo microblog, situação ilustrada a seguir:
Figura 13 – Tweet de Sérgio Guerra dossiê (03/06 16h06)
45
Marina lamenta suposto dossiê petista contra o PSDB e diz que acusações devem ser "bem fundamentadas",
Agência Estado com R7, 03 jun. 2010, acesso em 06 jun. 2010.
75
Figura 14 – Tweet de José Dutra dossiê (03/06 18h21)
III) Análise da matéria 3 - Sérgio Guerra critica intenção do PT de interpelar Serra
(03/06/2010)46
Inteiramente baseada em declarações via tweets, a matéria publicada em 03 de junho,
informa sobre as críticas feitas pelo senador Sérgio Guerra, presidente do PSDB, ao
presidente do PT, José Eduardo Dutra, sobre sua decisão de processar o PSDB pelas
declarações em que José Serra atribui a Dilma Rousseff a elaboração de um suposto dossiê
que reuniria denúncias contra ele:
[...] O senador Sérgio Guerra (PE), presidente nacional do PSDB, criticou
hoje à tarde em sua página na rede de microblogs Twitter a intenção do PT
de interpelar na Justiça o presidenciável tucano José Serra pelas declarações
em que o ex-governador atribui ao PT e à pré-candidata Dilma Rousseff a
elaboração de um suposto dossiê que reuniria denúncias contra ele. „(José
Eduardo) Dutra deveria partir pra cima dos aloprados dele. Por que não o
faz? Talvez porque não possa!‟, escreveu o senador no microblog. E
continuou: „Não faz sentido a agressão de Dutra contra mim. Não é este o
meu estilo. Não faço a mesma coisa‟ (AE, 2010).
Todas as afirmações reproduzidas são postagens feitas por Guerra no Twitter. O
microblog é, inclusive, citado na matéria como fonte primária47
das informações. As
afirmações são usadas tais como as que geralmente são feitas em eventos, coletivas ou
pronunciamentos. Abaixo, confirmam-se os trechos usados na matéria:
46
CONCEIÇÃO, Ana. Sérgio Guerra critica intenção do PT de interpelar Serra, Agência Estado, 03 jun. 2010.
Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,sergio-guerra-critica-intencao-do-pt-de- interpelar-
serra,561260,0.htm>. Acesso em 06 jun. 2010. 47
Fontes primárias fornecem ao jornalista as informações essenciais para compor a matéria.
76
Figura 15 – Tweet de Sérgio Guerra sobre Dutra (03/06 11h12)
Figura 16 – Tweet de Sérgio Guerra sobre Dutra (03/06 11h10)
A notícia destaca ainda o comentário do deputado federal José Eduardo Cardozo, um
dos coordenadores da campanha petista, que teria dito pelo microblog48
que os adversários do
partido estariam perdidos e desesperados:
[...] Um dos coordenadores da campanha petista, o deputado federal José
Eduardo Cardozo (PT-SP) também comentou o caso do dossiê pelo Twitter,
dizendo que as declarações de Serra ontem denotam a preocupação da
oposição com a candidatura petista. „Declarações do candidato tucano
imputando à Dilma responsabilidade sobre o dossiê que sequer existe mostra
histeria e falta de orientação política‟, disse Cardozo. „É muito ruim para um
48
O monitoramento do Twitter do deputado federal José Eduardo Cardozo não foi feito, tendo em conta as
opções metodológicas feitas nesta pesquisa.
77
candidato agir dessa forma. Mostra que nossos adversários políticos estão
perdidos e desesperados.‟ (AE, 2010). IV) Análise da matéria 4 - Dilma: dossiê contra Serra é falsidade (03/06/2010)
49
Traz a reação da então pré-candidata do PT à presidência da República, Dilma
Rousseff, sobre a acusação do tucano José Serra de que o PT teria articulado o suposto dossiê
contra ele. Segundo a matéria publicada em 03 de junho de 2010, Dilma classifica a afirmação
de Serra como uma falsidade. Cautelosa, as declarações de Dilma pararam por aí. Coube a
José Eduardo Dutra responder de forma mais incisiva. Ele afirmou que a oposição está em
desespero. Para ilustrar a sequência dos fatos, a notícia tem menção ao debate ocorrido no
Twitter: “[...] Mais cedo, em seu twitter, Dutra considerou uma „patifaria‟ as declarações
dadas anteontem pelo presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), sobre o
episódio.” (AE, 2010).
Nota-se que as declarações dadas pelo microblog são recordadas pela imprensa até nos
trechos produzidos como suítes50
. O ponto de vista de José Dutra a que se refere à notícia está
ilustrado abaixo:
Figura 17 – Tweet de José Dutra dossiê (02/06 12h21)
49
Dilma: dossiê contra Serra é falsidade, Agência Estado, 03 jun. 2010. Disponível em:
<http://www.jornaldacidade.net/2008/noticia.php?id=66889>. Acesso 06 jun. 2010. 50
Matéria ou retranca que contextualiza, dá sequência a uma notícia relacionada.
78
V) Análise da matéria 5 - Suposto dossiê petista deve parar na Justiça (04/06/2010)51
Divulgada em 04 de junho de 2010, a notícia informa sobre uma importante decisão de
José Eduardo Dutra, que anunciou que o partido pretendia interpelar judicialmente Serra por
responsabilizar a adversária Dilma Rousseff pelo suposto dossiê. Cabe destacar que a fonte
para que essa decisão viesse a público foi justamente o Twitter:
[...] Ontem, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, anunciou que o partido
vai interpelar Serra por responsabilizar a adversária Dilma Rousseff pela
fabricação do tal documento. „Decidimos interpelar o Serra judicialmente,
por suas acusações a Dilma e ao PT, sobre o tal dossiê. Quem não deve não
teme‟, disse Dutra em sua página no Twitter (rede de microblogs) (AE,
2010).
Mais uma vez, nota-se que as declarações dadas pelo microblog, são reproduzidas pela
imprensa, na íntegra:
Figura 18 – Tweet de José Dutra dossiê (03/06 15h06)
O fato de uma informação de caráter relevante como essa seja postada no Twitter
comprova a importância do microblog na disseminação de conteúdos, dado o papel de usuário
colaborador que caracteriza a web 2.0.
A matéria tenta mostrar ainda o outro lado e há nova menção a tweets ao apresentar os
argumentos de Sérgio Guerra:
51
Suposto dossiê petista deve parar na Justiça, Agência Estado, 04 jun. 2010. Disponível em:
<http://site.dm.com.br/noticias/politica-e-justica/suposto-dossie-petista-deve-parar-na-jus>. Acesso em 06 jun.
2010.
79
[...] Guerra disse à reportagem que o anúncio de interpelação contra Serra
visa „salvar Dilma da trapalhada porque ela nunca sabe de nada‟. Ele
também reagiu no Twitter à declaração de Dutra, que na véspera classificara
como „patifaria‟ a relação feita pelos tucanos entre Dilma e o suposto dossiê.
„Não faz sentido a agressão de Dutra contra mim. Não é esse o meu estilo.
Não faço a mesma coisa‟, afirmou Guerra [...] Por outro lado, Dutra cobrou
de Guerra o compromisso fechado no debate feito pelo jornal O Estado de S.
Paulo entre os dois, no dia 10 de maio, de evitar baixarias na campanha.
„Sérgio Guerra ainda disse num debate comigo no Estadão que queria uma
campanha de alto nível‟ (AE, 2010).
A primeira declaração mencionada está ilustrada na figura 15. A segunda, novamente,
destacada na íntegra pela reportagem, abaixo:
Figura 19 – Tweet de José Dutra sobre Guerra (01/06 20h25)
Um balanço das cinco matérias analisadas resulta na seguinte tabela, que define três
níveis de uso de informações do Twitter no texto:
Tabela 15 – Grau de aparição do Twitter nas matérias analisadas
Tweets e
entrevistas
Apenas tweets Apenas entrevistas com
menção ao Twitter
03 01 01
2. Análise do Caso 2: PT é acusado de ligação com as Farc
No segundo recorte escolhido, foi selecionado o episódio em que o candidato à vice-
presidência na chapa de José Serra (PSDB), o deputado federal Indio da Costa (DEM-RJ)
80
afirma, durante uma entrevista para o site da campanha de Serra, no dia 16 de julho de 2010,
que o PT tem ligações com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).
Posteriormente, Indio vai ainda mais longe, afirmando que o narcotráfico que financia as Farc
está ligado também ao Comando Vermelho52
e é responsável pela situação de violência que o
Brasil vive hoje.
Para demonstrar que esse episódio teve repercussão no Twitter e que isso se desdobrou
na cobertura jornalística, são observados os elementos padrão deste trabalho (tweets
divulgados pelos três principais candidatos à corrida presidencial e seus respectivos líderes de
partido; tweets divulgados por três jornalistas da Agência Estado, sucursal São Paulo; e
análise de material jornalístico produzido na Agência Estado e publicado em portais da
Internet). Porém, em razão do envolvimento direto de Indio da Costa, optou-se por incluir a
observação dos tweets dos candidatos à vice-presidência nas chapas do PT e PSDB,
excetuando Guilherme Peirão Leal, candidato à vice na chapa do PV apenas porque este não
possuía perfil no microblog, até o momento desta análise. A Tabela a seguir registra a
inclusão dos perfis:
Tabela 16 – Twitters incluídos na pesquisa
Categoria Nome Endereço no Twitter Descrição
Político Michel Temer
http://twitter.com/MichelTemer http://twitter.com/TemerPMDB
Candidato à vice-presidência (PMDB-PT)
Político Indio da Costa
http://twitter.com/indio Candidato à vice-presidência (DEM-PSDB)
O período escolhido para que as postagens fossem monitoradas foi do dia 16 a 22 de
julho, seis dias após o início da polêmica lançada por Indio. Seguindo a metodologia adotada
no primeiro caso selecionado, houve uma categorização dos tweets divulgados neste período.
Tabela 17 – Conteúdo dos tweets de Dilma Rousseff
Tweets
no
período
Agenda
Marketing
Político
Replies
Retweets
Variados
Outros
fatos da
política
Relacionados
ao PTxFarcs
10 04 01 03 01 01 0 0
52
Organização criminosa do Brasil que, durante a década de 1990, foi uma das mais poderosas do Rio de
Janeiro. Atualmente, a maioria de seus líderes estão presos ou mortos.
81
Tabela 18 – Conteúdo dos tweets de José Serra
Tweets
no
período
Agenda
Marketing
Político
Replies
Retweets
Variados
Outros
fatos da
política
Relacionados
ao PTxFarcs
33 12 02 07 03 05 04 0
Tabela 19 – Conteúdo dos tweets de Marina Silva
Assim como no caso anterior analisado, houve cautela por parte dos presidenciáveis
envolvidos na polêmica de que o PT estaria ligado às Farc. Serra e Dilma não comentaram
pelo Twitter as declarações de Indio, confirmando-se também as observações sobre o caso
anterior em relação ao uso da ferramenta pelos candidatos.
Já no Twitter de Marina Silva, houve uma alusão indireta ao caso, que, quando
confrontada com as matérias jornalísticas encontradas para esta análise, mostra que está
relacionada a uma declaração da candidata para jornalistas durante um evento em São Paulo,
o 13º Festival do Japão, realizado no dia 18 de julho. A postagem no Twitter, feita no mesmo
dia do evento, traz um link que leva à matéria sobre isso em seu site oficial53
,
contextualizando as críticas de Marina às declarações dadas por Indio.
Figura 20 – Tweet de Marina Silva sobre Indio da Costa (18/07 21h07)
53
Marina critica Indio da Costa por acusações contra o PT, Blog da Marina, 18 jul. 2010. Disponível em:
<http://www.minhamarina.org.br/blog/2010/07/marina-critica-indio-da-costa-por-declaracoes-contra-pt/>.
Acesso em 23 jul. 2010.
Tweets
no
período
Agenda
Marketing
Político
Replies
Retweets
Variados
Outros
fatos da
política
Relacionados
ao PTxFarcs
90 15 15 36 18 02 03 01
82
Figura 21 – Site oficial Minha Marina
A forma com que a mensagem foi postada no microblog sugere que assessores da
candidata podem ter sido responsáveis, aproveitando a fala de Marina durante o evento. De
qualquer modo, o fato de a candidata autorizar menção ao caso no Twitter, ao contrário dos
seus adversários, pode ser justificado por esta não ter relação direta com a polêmica.
Mais do que observar o caráter das declarações dadas pelos políticos no Twitter, essa
análise objetiva relacioná-las ao conteúdo jornalístico que vem sendo produzido durante a
campanha eleitoral. Ao observar os tweets de Marina Silva no período selecionado para o
caso que envolve o PT e as Farc, houve a ocorrência de uma interação entre a candidata e o
jornalismo importante para este estudo. Trata-se de uma pergunta feita a ela pelo perfil Terra
Eleições, ligado ao portal Terra. Tal como em uma entrevista, a candidata responde à questão
em uma série de tweets, em parte representados nas figuras a seguir.
83
Figura 22 – Tweet de Marina Silva – 1ª interação com conta de portal jornalístico
Figura 23 – Tweet de Marina Silva - 2ª interação com conta de portal jornalístico
Apesar de alheia ao caso analisado e ao próprio recorte do trabalho, que optou pela
Agência Estado para realizar a pesquisa, tal interação também contribui para comprovar a
hipótese desta monografia, sendo mais um exemplo de que o Twitter vem sendo usado pelos
jornalistas para a coleta de informações durante a cobertura da campanha eleitoral.
Tabela 20 – Conteúdo dos tweets de José Dutra
Tweets
no
período
Agenda
Marketing
Político
Replies
Retweets
Variados
Outros
fatos da
política
Relacionados
ao PTxFarcs
79 08 15 28 01 17 04 06
84
Tabela 21 – Conteúdo dos tweets de Sérgio Guerra
Tabela 22 – Conteúdo dos tweets de José Luiz Penna
A análise dos tweets dos presidentes dos partidos mostrou relevância apenas nas
postagens de José Dutra, que rebateu as acusações de Indio da Costa, seja por afirmações
próprias ou por retweets com críticas ao vice de Serra. Sérgio Guerra (PSDB), que teve
poucas atualizações no período, evitou comentar o assunto até pelo caráter delicado das
declarações de Indio.
Tabela 23 – Conteúdo dos tweets de Michel Temer
Tabela 24 – Conteúdo dos tweets de Indio da Costa
Mesmo monitorando os dois perfis de Michel Temer no Twitter, nenhum deles
apresentou tweets no período analisado para este caso, o que impossibilita qualquer
observação. Por sua vez, Indio da Costa, pivô da polêmica sobre a ligação do PT com as Farc
reiterou as acusações no microblog diversas vezes. O vice de Serra faz uso da Internet e da
possibilidade que o Twitter oferece de remeter a outros sites para tentar justificar suas
declarações. Ele posta várias matérias externas na tentativa de comprovar sua afirmação.
Assim, o Twitter é usado por ele como um canal para embasar o que foi dito antes.
Tweets
no
período
Agenda
Marketing
Político
Replies
Retweets
Variados
Outros
fatos da
política
Relacionados
ao PTxFarcs
05 02 03 0 0 0 0 0
Tweets
no
período
Agenda
Marketing
Político
Replies
Retweets
Variados
Outros
fatos da
política
Relacionados
ao PTxFarcs
05 04 01 0 0 0 0 0
Tweets
no
período
Agenda
Marketing
Político
Replies
Retweets
Variados
Outros
fatos da
política
Relacionados
ao PTxFarcs
0 0 0 0 0 0 0 0
Tweets
no
período
Agenda
Marketing
Político
Replies
Retweets
Variados
Outros
fatos da
política
Relacionados
ao PTxFarcs
33 05 06 15 02 01 0 04
85
Tabela 25 – Conteúdo dos tweets de Elisabeth Lopes
Tweets
no
período
Agenda
Divulgação
Profissional
Replies
Retweets
Variados
Relacionados à
política
Relacionados
ao PT-Farcs
47 02 0 29 0 16 0 0
Tabela 26 – Conteúdo dos tweets de Carolina Freitas
Tweets
no
período
Agenda
Divulgação
Profissional
Replies
Retweets
Variados
Relacionados à
política
Relacionados
ao PT-Farcs
96 01 02 29 05 44 14 01
Tabela 27 – Conteúdo dos tweets de Gustavo Uribe
Tweets
no
período
Agenda
Divulgação
Profissional
Replies
Retweets
Variados
Relacionados à
política
Relacionados
ao PT-Farcs
24 01 01 05 01 10 04 02
Assim como no primeiro caso analisado, os comentários dos jornalistas sobre as
declarações de Indio são muito mais de cunho pessoal do que profissional. Elas não ilustram
qualquer tentativa de contato com os políticos pelo Twitter, mas sim o sentimento dos
jornalistas de que o comportamento de Indio foi precipitado.
2.1 A repercussão dos tweets sobre a suposta ligação entre PT e Farc no
material jornalístico da Agência Estado
Com o propósito de envolver as datas de 16 a 22 de julho de 2010, período em que o
Twitter dos políticos e jornalistas citados foi monitorado, no dia 23 de julho foi feita uma
busca na Internet por matérias ligadas aos tweets. Novamente, a metodologia utilizada foi
uma pesquisa no site de busca Google, usando duas combinações de palavras-chave, que
envolverem os seguintes termos: Indio da Costa, Twitter, Farc e Agência Estado ou AE.
Como já mencionado, foram desconsiderados os resultados irrelevantes, que se referem a
citações em blogs amadores e matérias que não foram produzidas pela Agência Estado.
86
Tabela 28 - Pesquisa de notícias no Google – quinta combinação
Palavras-chave: “Indio da Costa + Twitter + Farc + Agência Estado”
Resultados
Título
Data
Publicado por
Total de
notícias
Relacionados
a tweets
PT quer processar Indio da
Costa por declarações
18/07/2010
Veja.com
5
PT entra com duas ações contra Indio da Costa
20/07/2010
Gazeta do Povo
PT pode processar Indio da Costa por declarações contra Dilma
18/07/2010
ClicRBS
Vice de Serra ganha apoio
de aliados por acusar PT de
ligações com narcotráfico
19/07/2010
R7 Notícias
Indio volta a falar sobre ligação do PT com as Farc
21/07/2010
IstoÉDinheiro
Não
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Bernardo: Indio da Costa 'se comporta como um idiota'
19/07/2010
Estadão.com
2 Marina critica 'baixaria' e
ironiza Indio da Costa
18/07/2010
Último segundo
Tabela 29 - Pesquisa de notícias no Google – sexta combinação
Palavras-chave: “Indio da Costa + Twitter + Farc + AE”
Resultados
Título
Data
Publicado por
Total de
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PT pode processar Indio da
Costa por declarações contra
Dilma
18/07/2010
ClicRBS
2
Indio volta a falar sobre ligação do PT com as Farc
21/07/2010
Limão.com
Não
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Serra diz que PT tem ligação com as Farc
19/07/2010
Isto É Online
2 Indio volta a falar sobre ligações
do PT com as Farc
22/07/2010
Diário do grande ABC
No total, 11 matérias retornaram da busca com as duas combinações de palavras-
chave. Desse número, sete estão relacionadas a comentários feitos no microblog, sendo que
três delas aparecem mais de uma vez. Assim, a análise considera quatro notícias diferenciadas
para a comparação com os tweets, que será demonstrada a seguir.
87
I) Análise da matéria 1 - PT quer processar Indio da Costa por declarações
(18/07/2010)54
A matéria do dia 18 de julho trata de uma reunião que seria realizada pelos dirigentes
do PT para avaliar a possibilidade de processar Indio da Costa por ter ligado o partido às
Farc e ao narcotráfico. Sem citar que se trata de uma afirmação dada no Twitter, a
notícia menciona que o presidente do PT, José Eduardo Dutra, reagiu pela Internet aos
comentários de Indio: “Pela internet, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, reagiu às
declarações de Indio da Costa. „Esse Indio desqualificado quer ser processado. O problema é
que ele não vale o custo do papel necessário para a petição‟, afirmou Dutra” (AE, 2010).
Trata-se de uma mensagem escrita por Dutra no Twitter no dia 17 de julho:
Figura 24 – Tweet de José Dutra sobre Indio da Costa (17/07 14h45)
Em outro ponto da matéria, novamente um tweet de José Dutra aparece em evidência
para informar que ele se reuniria com o secretário geral do PT, José Eduardo Cardozo, para
decidir que providências tomariam:
No final da tarde deste domingo, o presidente do PT informou que vai se
reunir com o secretário geral do partido, José Eduardo Cardozo, para discutir o
assunto. E adotou a ironia para tratar do caso: “Amanhã, eu e o Cardozo
vamos discutir a questão do Indio. Adianto, que não concordo em chamar o
General Custer" (AE, 2010).
54
PT quer processar Indio da Costa por declarações, Agência Estado, 18 jul. 2010. Disponível em:
<http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/pt-quer-processar-indio-da-costa-por-declaracoes>. Acesso em 23 jul. 2010.
88
Figura 25 – Tweet de José Dutra sobre Indio da Costa (18/07 18h46)
Tentando apresentar os dois lados no caso, a notícia novamente recorre a um tweet:
Apesar disso, o líder do DEM na Câmara, deputado Paulo Bornhausen (SC),
saiu em defesa do companheiro de partido. "O vice Indio falou o que todos
já sabem. O PT tem ligações umbilicais com as Farc, que, por sua vez,
vivem do narcotráfico. O que falta é a Justiça agir!", postou o deputado no
seu twitter (AE, 2010).
A análise desta notícia comprova, portanto, a consulta feita por jornalistas ao Twitter como recurso para extrair declarações dos políticos. II) Análise da matéria 2 - Vice de Serra ganha apoio de aliados por acusar PT de
ligações com narcotráfico (19/07/2010)55
A matéria publicada em 19 de julho é inteiramente baseada em afirmações dadas pelo
Twitter. Ela trata do apoio manifestado por Roberto Jefferson (PTB) e Paulo Bornhausen,
líder do DEM, às acusações de Indio. Os políticos usaram o microblog para endossar o
colega:
Bornhausen apoiou o colega de partido e republicou uma mensagem de outro
internauta que classifica as denúncias como “fatos”, também completou
dizendo que falta apenas a “Justiça agir”
- [Indio da Costa] Falou o que todos já sabem: o PT tem ligações umbilicais
com as Farc, que por sua vez vive do narcotráfico. O que falta é a Justiça
agir. (AE, com R7, 2010)
55
Vice de Serra ganha apoio de aliados por acusar PT de ligações com narcotráfico, Agência Estado com
R7, 19 jul. 2010. Acesso em 23 jul 2010.
89
A notícia vai além dos exemplos até aqui encontrados, uma vez que não só utiliza
trechos postados no Twitter, como também ilustra os fatos com o print-screen56
das
mensagens de Jefferson e Bornhausen. Cabe destacar que esses políticos não tiveram os perfis
monitorados por esta pesquisa, mas aparecem na análise por serem citados pela matéria.
Figura 26 – Reprodução do Twitter sendo usada como ilustração na matéria
Foto: Reprodução Twitter Aliados fazem coro às declarações de Índio da Costa no Twitter
Mais uma vez, nota-se que o Twitter vem sendo usado como um espaço aberto de
discussão entre os políticos e que esses debates são acompanhados pelos jornalistas, que
inclusive redigem matérias baseadas neles.
56
Captura de imagens da tela do computador, por meio de uma das teclas do teclado.
90
III) Análise da matéria 3 - PT entra com duas ações contra Indio da Costa (20/07/2010)57
A notícia do dia 20 de julho informa que o PT entrou como duas representações
judiciais contra Indio da Costa: uma delas junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), sob a
alegação de injúria, calúnia e difamação; e a outra na Procuradoria-Geral da República (PGR),
pedindo a abertura de um processo contra o vice de Serra por danos morais. Além disso, o PT
pediu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) direito de resposta no site do PSDB.
Baseada principalmente em entrevistas à imprensa dadas por José Dutra, José Eduardo
Cardozo e José Serra, a matéria cita também a versão do tucano em relação à polêmica, dada
durante a inauguração de um comitê em Belo Horizonte. Serra, que não se pronuncia em
nenhum momento sobre o assunto no Twitter, é questionado e afirma ser pública a ligação do
PT com as Farc, embora não associe o partido ao narcotráfico.
Apenas na última retranca da notícia aparece uma menção ao Twitter: “Após a
repercussão de sua declaração de que o PT tem ligação com o tráfico e com os guerrilheiros
das Farc, Indio da Costa voltou a comentar o assunto ontem no Twitter. „PT não faz
narcotráfico. As Farc, sim‟, disse Indio” (AE, 2010). O trecho refere-se à seguinte mensagem:
Figura 27 – Tweet de Indio da Costa PT-Farc (19/07 12h45)
57
PT entra com duas ações contra Indio da Costa, Agência Estado, 20 jul. 2010. Disponível em:
<http://www.gazetadopovo.com.br/vidapublica/conteudo.phtml?tl=1&id=1026861&tit=PT-entra-com-2-acoes-
contra-Indio-da-Costa>. Acesso em 23 jul. 2010.
91
IV) Análise da matéria 4 - Indio volta a falar sobre ligação do PT com as Farc
(21/07/2010)58
Produzida após cobertura de um evento da campanha de Serra no Rio de Janeiro, a
matéria foca nas declarações dadas por Indio da Costa na ocasião, que cobra um
posicionamento de Dilma Rousseff sobre o caso. Cita ainda uma fala de Indio durante
apresentação do Comitê Olímpico Brasileiro sobre a organização dos Jogos Olímpicos de
2016, no mesmo dia: “[...] Indio afirmou que „o PT que está nervoso‟, e que já havia enviado
documentos que comprovariam as relações do partido com as Farc para mais de um milhão e
meio de pessoas, via Twitter”.
Desta vez, a menção ao microblog não é feita pela reportagem, mas pelo próprio Indio,
referindo-se aos seguintes tweets publicados por ele para justificar suas afirmações:
Figura 28 – Tweet de Indio da Costa PT-Farc (23/07 7h42)
58
JUNQUEIRA, Alfredo. Indio volta a falar sobre ligação do PT com as Farc, Agència Estado, 21 jul.
2010. Disponível em:
<http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/29091_INDIO+VOLTA+A+FALAR+SOBRE+LIGACAO+DO+PT+
COM+AS+FARC>. Acesso em 23 jul 2010.
92
Figura 29 – Tweet de Indio da Costa PT-Farc (19/07 14h52)
Figura 30 – Tweet de Indio da Costa PT-Farc (19/07 15h40)
Figura 31 – Tweet de Indio da Costa PT-Farc (19/07 16h24)
93
De modo geral, as quatro matérias analisadas envolvendo a acusação de Indio da Costa
ilustram uma tendência ao uso do Twitter para a complementação de informações pelos
jornalistas, que se aproveitam do fato de que casos polêmicos vêm sendo debatidos no
microblog pelos políticos, em especial durante a campanha eleitoral. Mais do que isso,
notícias vem sendo construídas exclusivamente com base em tweets, seguindo uma tendência
do meio de priorizar o jornalismo “declaratório” em detrimento do investigativo, processo que
se potencializa na Internet, devido ao caráter de imediatismo.
A tabela abaixo apresenta um balanço no que se refere ao uso de informações dos Twitter nas matérias:
Tabela 30 – Grau de aparição do Twitter nas matérias analisadas
Tweets e
entrevistas
Apenas tweets Apenas entrevistas com
menção ao Twitter
02 01 01
3. Uso de tweets em matérias jornalísticas: avaliações
Uma análise preliminar dos dados apresentados, levando em conta a avaliação dos
dois episódios escolhidos, sua divulgação no Twitter e a influência desta divulgação no
material jornalístico produzido pela Agência Estado permite as seguintes inferências:
a) O Twitter vem sendo usado pelos políticos como uma importante ferramenta de
marketing. Mais do que se posicionarem verdadeiramente sobre assuntos polêmicos,
existe uma grande preocupação em divulgar tweets que promovem a agenda do
candidato ou mesmo se relacionam a marketing explícito. Isso mostra que o microblog
vem sendo usado muito mais como uma ferramenta de promoção do que de debate.
Essa tendência de que a política seja movida pelo marketing não está presente apenas
no Twitter, como sinaliza Motta (2002, p. 17):
[...] a política mistura-se com a performance, as eleições são disputas de
marketing, políticos são mais atores que ideólogos, todos desempenhando
papéis cujo fim é o espetáculo em si. A ação política é valorizada não pelo
conteúdo das discussões, mas pelas habilidades teatrais e comunicativas dos
atores, ou melhor, dos marqueteiros que “interpretam” a política. Nessa
atmosfera mercadológica, a notícia é curta, rápida, fragmentada; tende ao
entretenimento, esvaziada que é no seu conteúdo político.
94
Nesse mesmo sentido, em entrevista concedida à pesquisadora, Elisabeth
Lopes59
, da Agência Estado, é enfática:
[...] O Twitter continua sendo o palanque deles. Eles [os políticos] fazem o
Twitter de palanque, não dá pra esperar outra coisa. É um palanque
eletrônico [...]. Então, não espere nada além, mesmo em outras campanhas, é
o político no palanque. Só que é o palanque do Twitter. Pra mim isso é
normal, porque só mudou a plataforma.
b) Em momentos mais críticos, o uso de redes sociais pelos candidatos para a
manifestação do pensamento ainda é tímida. Ao contrário, os dados indicam que, em
momentos de crise os políticos que concorrem em eleições costumam preservar sua
privacidade, evitando a exposição e consequente reação pública. A estratégia é evitar o
risco de ter os cidadãos se posicionando contra determinada afirmação dada. Por seu
caráter de instantaneidade, é possível afirmar que, frente a um posicionamento
polêmico dos candidatos, os usuários do Twitter rapidamente iniciariam um debate,
que poderia acarretar em mensagens negativas para ambos os partidos. Seriam pessoas
comuns falando para pessoas comuns, conectadas, e isso tem um peso enorme. Outro
fator de peso é o fato de que o microblog é composto por muitos especialistas,
blogueiros, formadores de opinião, que constituem uma massa crítica poderosa. Neste
aspecto, Comm (2009) afirma que seu sucesso se dá porque além de sua proposta ser
simples, o microblog também conseguiu formar uma massa crítica ativa, que alimenta
os debates dentro do site.
c) Contrapondo os tweets dos candidatos a de seus aliados, é possível afirmar que existe
uma tendência de que os primeiros se omitam diante de episódios polêmicos, ao passo
que o segundo grupo não hesita em divulgar acusações. A conclusão é que os
candidatos são preservados e se preservam, de modo a não serem pressionados pela
opinião pública por aquilo que eventualmente twittarem a respeito.
Menos visados pela opinião pública, os políticos que atuam nos bastidores das
campanhas, representados neste estudo por José Dutra, Sérgio Guerra e Indio da
Costa, demonstram sentir a liberdade que é característica dos usuários da web, em
especial de redes sociais. Numa sensação de que se fala para um grupo específico, as
mensagens se apresentam mais despojadas, livres de qualquer hesitação e guiadas pela
emoção de um embate travado virtualmente. Essa suposta liberdade apresentada por
59
Entrevista concedida na Agência Estado, em São Paulo, em 21 de setembro de 2010.
95
alguns políticos menos comprometidos com a opinião pública é lembrada pelos
jornalistas da Agência Estado durante entrevista concedida para este trabalho.
Elisabeth Lopes afirma60
que existem fatos que os repórteres estão esperando o
político anunciar e que vêm sendo declarados pelo Twitter. A constatação é reiterada
por Gustavo Uribe: “[...] como no Twitter é tudo rápido e você pode acessar a qualquer
hora, muitas vezes o político não calcula o que vai ser falado e vai muito no calor dos
fatos”61
.
d) No caso dos jornalistas da Agência Estado constatou-se que não houve, nos casos
analisados, qualquer tentativa de contato via Twitter com os políticos. É possível
afirmar ainda que o microblog vem sendo usado por eles para postagens de assuntos
relacionados à vida pessoal, seguidos por tweets que se referem à divulgação de
materiais noticiosos produzidos. Quanto à repercussão dos episódios selecionados,
observou-se que as mensagens ficaram na linha de comentar os fatos, assim como
ocorre em qualquer outro perfil de um usuário que esteja informado.
e) As declarações mais consistentes relacionadas aos casos analisados foram aquelas
dadas ao repórter durante a cobertura da agenda do político. São afirmações que não
foram feitas pelo microblog em nenhum momento. José Serra, por exemplo, no evento
da Associação Comercial de São Paulo, declarou aos jornalistas ser de
responsabilidade de Dilma a elaboração do dossiê contra ele. Em compensação, por
mais que tenha mantido o seu Twitter ativo, não fez qualquer menção ao caso em suas
postagens.
f) O Twitter já se constitui uma importante fonte de informação para seus usuários,
considerando que pessoas-chave precisam ser seguidas. No caso do debate entre Dutra
e Guerra, por exemplo, quem segue os políticos no microblog acompanhou
instantaneamente a discussão entre eles, antes mesmo que as notícias começassem a
repercutir essas postagens. Sobre essa mudança na forma de receber informações,
Comm (2009) descreve como algo do passado o tempo em que a informação chegava
ao público de cima para baixo. O processo de produção de meios impressos é para ele
uma forma de os redatores, editores e produtores, escolherem os assuntos e oferecer ao
60
Entrevista concedida na Agência Estado, em São Paulo, em 14 de maio de 2010. 61
Entrevista concedida na Agência Estado, em São Paulo, em 14 de maio de 2010.
96
leitor. O autor afirma que isso mudou: “Criar um conteúdo e torná-lo disponível a
todos pode ter custo zero, o que significa que não importa se ele não é lido por
milhões. [...] A isso chama-se cauda longa, e a internet faz dela um uso fantástico”
(COMM, 2009, p. 01-02).
g) As matérias aliaram declarações que correspondem às postagens feitas pelos políticos
no Twitter às declarações feitas publicamente. Portanto, os tweets já são uma forma de
representar o posicionamento das fontes do mesmo modo que uma declaração feita ao
repórter; trechos postados são usados na íntegra como fontes primárias, ou seja, como
se fossem afirmações dadas em entrevistas. Mais do que isso, uma das matérias
analisadas já apontou a tendência de que o texto seja ilustrado por print-screens
contendo a mensagem original no microblog.
h) Ficou subentendido na análise que quando as declarações apresentadas no Twitter são
feitas de forma explícita e diretamente dos perfis oficiais não parece haver por parte
dos jornalistas uma preocupação em checar ou complementar essa informação junto
aos políticos, já que as mensagens aparecem transcritas muitas vezes integralmente na
matéria. Mais do que isso, este estudo se arrisca a alinhar o uso de tweets nas notícias
a uma tendência do meio de priorizar o jornalismo “declaratório” em detrimento do
investigativo, processo que se potencializa na Internet, devido ao caráter de
imediatismo. Esta constatação, porém, está baseada nos dois casos estudados e não
pode ser generalizada. Sobre essa tendência, Gustavo Uribe62
frisa que a problemática
vai muito além do uso do Twitter:
[...] se a gente for pensar, é como se você estivesse numa coletiva de
imprensa, você pega aspas daqui e de lá e escreve a matéria. Eu não acho
que seja um pecado você fazer uma matéria só baseada no Twitter se você
tem a certeza que foi o candidato que escreveu. É a mesma coisa de você
pegar na rua um candidato, que falou uma coisa e o outro falou outra. O que
se pode questionar é o seguinte: é o jornalismo declaratório, mas o
jornalismo declaratório sim deve ser criticado, é um problema do jornalismo
declaratório, eu não acho que seja um problema do Twitter.
Ao assinalar a preocupação com um futuro em que os cidadãos navegarão na
web sem recorrem ao filtro do jornalismo, Marcondes (2000 apud CUNHA, 2004, p.
67) critica o mesmo tipo de prática observada por este estudo nas matérias produzidas
a partir de tweets:
62
Entrevista concedida na Agência Estado, em São Paulo, em 21 de setembro de 2010.
97
Marcondes não apenas desconfia do futuro dessa recepção ativa, mas errante
e desorientada, como ainda alerta que ela é fortalecida pela predominância,
na imprensa, de certo tipo de jornalismo passivo que se especializa em
“copiar e colar” releases, repassar informações, reproduzir declarações de
autoridades; enfim, um jornalismo mais ocupado em “comunicar” do que
propriamente “informar”. Marcondes alerta que essa postura passiva já está
disseminada nos veículos tradicionais da mídia impressa e eletrônica, e tende
a ganhar ainda mais espaço no webjornalismo, que comumente opera “sob o
princípio da rapidez, da redução e racionalização lingüística, da
volaticidade”, deixando pouco tempo e espaço para procedimentos
imprescindíveis como pesquisa, investigação, apuração, seleção, edição.
De outro lado, em entrevista concedida à pesquisadora, Elisabeth Lopes
defende que há na Agência Estado uma preocupação com a checagem do conteúdo
divulgado no Twitter:
[...] tem muita bobeira e fofoca no Twitter. Para aquilo virar uma pauta,
virar notícia, você vai ver que é preciso checar. Esses 140 caracteres, você
pega como referência, você precisa explicitar. Você não manda uma matéria
se não conseguiu checar, a não ser que seja uma coisa assim... que é uma
notícia que não vá gerar margem de interpretação. O problema é quando se
fica na dúvida [...]. [O Twitter] É uma ferramenta para você ir atrás da
informação, pra você checar, saber em primeira mão. [...] O Serra twitou ali,
mas qual o contexto em que ele quis dizer aquilo? É uma ferramenta pra
você ir atrás, eu acho uma bela ferramenta, muito usual, mas é ferramenta,
no meu ponto de vista.63
i) Devido à aparição de matérias inteiramente construídas a partir da citação de tweets,
deduziu-se ainda que a produção de matérias baseadas em tweets segue a tendência de
que o jornalista colha as informações do texto de dentro da redação, em detrimento da
atividade de apuração no local dos fatos. Uma prática não rara mesmo no jornalismo
impresso e já iniciada com a chegada do telefone às redações, que se acentua devido a
facilidade de obter informações e de interagir com fontes na Internet.
j) O fato de terem seus tweets transformados em matérias pode impactar ainda mais na
forma como os políticos utilizam a ferramenta, uma vez que estes passariam a escrever
não mais de forma natural no microblog, mas de modo a direcionar o que será
divulgado pela mídia, de modo que lhes favoreça. Essa possibilidade também é
abordada por Zago (2010, p. 12), em relação às celebridades: “Sabendo que possuem
seus perfis no Twitter vigiados, daria para se questionar se os famosos não
63
Entrevista concedida na Agência Estado, em São Paulo, em 21 de setembro de 2010.
98
escolheriam cuidadosamente suas falas na ferramenta, já pensando na possibilidade de
vir a se tornar fonte de notícias”.
k) Assim como existem tweets que pautam o jornalismo político, devido à ênfase nas
campanhas eleitorais, também o conteúdo divulgado pela mídia se converte em tweets,
pois há uma repercussão desses assuntos no microblog, já que ele se constitui um
fórum instantâneo que reflete a própria opinião pública. Essa relação está associada ao
conceito de agenda setting, mencionado nos anos 70 pelos pesquisadores McCombs e
Shaw. De acordo com essa teoria, os assuntos divulgados pela mídia são um recorte
dos acontecimentos e dirigem as discussões que são estabelecidas entre os cidadãos:
“A idéia básica do paradigma, para os dois autores, era representada pela capacidade
que a mídia possui de influenciar a projeção dos acontecimentos na cena pública”
(SOUSA, 2008, p. 06). Relacionando um dos casos analisados a essa constatação,
observa-se que sendo a polêmica do dossiê contra Serra revelada pela mídia (Revista
Veja – edição 2167 02/06/2010), imediatamente se repercutiu no Twitter, um dos
espaços de discussão da Internet. O debate travado em torno do assunto pelos aliados
no microblog, por sua vez, voltou a se repercutir na imprensa. Dessa forma, o Twitter
se converteu em um novo espaço público que gera debate e que, em razão disso,
constitui-se também em uma ferramenta usada para a informação.
Nesta mesma linha de agenda-setting, é comum que os políticos utilizem a
imprensa para se informar sobre acontecimentos dos ministérios e do Palácio do
Planalto, conforme ilustra Rodrigues (2002, p. 109):
Um exemplo foi a briga entre os partidos PSDB e PFL, durante os meses de
maio e junho de 1996. Os líderes dos partidos atacavam-se via jornal
impresso e, o mais importante, cada ataque se baseava no que o líder tinha
lido sobre o que o outro havia dito sobre ele no jornal.
Quase 15 anos depois, é possível constatar que esse tipo de debate antes
baseado apenas no que a imprensa publica, hoje também pode ser visualizado no
Twitter, já que os políticos passam a trocar farpas com base no que leem na página do
adversário no microblog. Essa situação foi ilustrada pela troca de acusações entre
José Dutra e Sérgio Guerra, que se desenvolveu na forma de tweets e repercutiu nas
matérias. Não significa que a mídia deixou de agendar as declarações entre os
políticos, mas sim que o Twitter tem se transformado em um novo espaço de
referência para essas pessoas se informarem sobre o cenário do qual participam. Por
99
sua vez, os meios de comunicação têm se agendado por essas informações que
circulam no Twitter.
Os dados analisados indicam, portanto, que o Twitter se constitui mais um instrumento
de apoio ao trabalho jornalístico no ambiente da web e que ganha ainda mais força na
cobertura da campanha eleitoral 2010, haja vista a adesão dos políticos ao microblog. Seu
atrativo está no fato de que os usuários podem postar informações relevantes, muitas vezes
inéditas, levados pela facilidade da Internet e pelo calor de um embate com o adversário. A
partir de situações deste tipo, exemplificadas pelo embate entre Guerra e Dutra sobre o
suposto dossiê contra Serra e pelas afirmações de Indio da Costa que ligam o PT às Farc,
estão surgindo matérias produzidas por repórteres, fato comprovado a partir da Agência
Estado. Assim, o Twitter se constitui mais uma das ferramentas usadas por eles para cobrir a
campanha eleitoral. Porém, o material coletado no microblog serve como primeiro passo para
um processo que não dispensa a checagem da informação junto à fonte e o confronto de
opiniões entre todos os envolvidos.
100
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desde que a Internet surgiu em 1969, muitas revoluções digitais se seguiram,
começando pela criação das primordiais redes de trocas de arquivos até chegar à World Wide
Web, navegadores, sites de buscas, chats. Tudo isso contribuiu para o surgimento e evolução
do webjornalismo (FERRARI, 2004). Da fase de transposição de seu conteúdo para a Internet
até a descoberta de um caminho de fato acertado para essa plataforma, o jornalismo cometeu
muitos erros, enraizado no modelo impresso. Mas o verdadeiro desafio pelo qual passou o
jornalismo online foi ocasionado pela consolidação da web 2.0, plataforma aberta marcada
pelo compartilhamento de conteúdos e pela interação. Neste contexto, os jornalistas se
deparam com conteúdos de todos os tipos produzidos por cidadãos comuns, desde artigos até
fotografias e vídeos. Esse conteúdo colaborativo em alguns casos possui caráter jornalístico
(ZAGO, 2009a), fato que altera a forma de se produzir e consumir informação.
Depois de cair no gosto de especialistas, blogueiros e celebridades, o Twitter vem se
mostrando uma ferramenta múltipla, utilizada por seus usuários para fins de conversação,
marketing e até para troca de informações de relevância jornalística (CARVALHO;
BARRICHELLO, 2009). O sucesso do microblog é mantido pela massa crítica que formou,
pessoas que impulsionam os debates e a troca de informação colaborativa. A forma como o
jornalismo lida com a ferramenta Twitter ainda é prematura, mas alguns caminhos já podem
ser visualizados.
A avaliação das relações entre o microblog e o jornalismo implica em analisar
efetivamente situações em que estas se estabelecem, e as eleições presidenciais se constituem
espaço profícuo para isso, pois são eventos que provocam grande repercussão na agenda do
101
jornalismo político. Na campanha eleitoral deste ano, em especial, a Internet vem exercendo
papel histórico e fundamental. Interessados no possível retorno que a presença na Internet
pode trazer às campanhas, os três candidatos mais bem colocados nas últimas pesquisas, José
Serra, Dilma Rousseff e Marina Silva, investiram na criação de blogs, redes sociais,
divulgação pela web e apostaram no microblog Twitter como forma de conquistar seguidores
e se promoverem.
Os dados levantados por esta pesquisa confirmam a influência da Agência Estado
sobre o conteúdo informativo divulgado no país, pois a presença de material produzido por
ela durante o período eleitoral em outros veículos é marcante, já que muitas redações não
apresentam estrutura e pessoal para a cobertura da agenda dos candidatos a nível nacional.
Apenas com base nos casos analisados (que considerou curtos períodos), por exemplo, as
notícias selecionadas aparecem publicadas em 19 páginas diferentes, hospedadas em portais e
sites de informação, de vários estados do país.
Os resultados desta pesquisa também comprovaram a hipótese de que o Twitter vem
impactando na produção jornalística da editoria de política da Agência Estado. Isso porque o
microblog vem sendo usado pelos políticos para divulgar informações de interesse dos
jornalistas, o que gera a produção de notícias baseadas em tweets. A maneira como esse
processo se dá mostrou que os tweets vêm sendo citados nas matérias de fato como
declarações dadas por fontes, aparecendo entre aspas, na maioria das vezes na íntegra.
Observou-se a produção de matérias inteiramente baseadas em falas ditas por políticos
em seus perfis no microblog, sem que houvesse qualquer outra forma de entrevista. Essa
constatação responde a outra hipótese do trabalho, no que se refere à checagem das
informações, mostrando que aparentemente não há preocupação em checar junto ao político a
afirmação dada via Twitter. Por outro lado, profissionais da Agência Estado entrevistados
confirmam o uso do Twitter na redação, mas afirmam que o processo de checagem
das informações é rigoroso. No que se refere a uma possível tentativa de contato com os
políticos via Twitter, hipótese que chegou a ser trabalhada na etapa preliminar desse estudo,
também não houve por parte dos jornalistas essa intenção nas situações analisadas.
A partir dessas observações e de modo restritivo aos dois casos analisados, é possível
alinhar o uso de tweets nas notícias a uma tendência do meio de priorizar o jornalismo
“declaratório” em detrimento do investigativo, carregando as matérias com versões ao invés
de informações novas. Essa constatação também foi mencionada por Zago (2010, p. 13),
quando fala sobre notícias que são produzidas sem que o jornalista saia da redação: “De fato,
a mera observação do que é dito por políticos e famosos no Twitter pode bastar para que se
102
obtenha um fluxo contínuo de frases e citações que possam ser transformadas em notícias”.
Outra aproximação entre o jornalismo e o Twitter constatada neste estudo é a de que
os assuntos divulgados pela mídia dirigem as discussões que são estabelecidas entre os
cidadãos (SOUSA, 2008), agora não só nas rodas de conversa, mas também nas mensagens
instantâneas do Twitter. Portanto, essa relação pode ser associada à teoria da agenda setting,
pois da mesma forma que os tweets pautam o jornalismo político, também o conteúdo
divulgado pela mídia se converte em discussões pelos usuários do microblog.
De modo complementar ao estudo, foi possível elencar ainda algumas considerações
acerca do uso do Twitter pelos políticos. A análise mostrou que existe a tendência de que o
microblog seja usado pelos presidenciáveis preferencialmente para fins de marketing, já que
não houve posicionamento por parte dos candidatos em relação a assuntos polêmicos que
pudessem comprometê-los. Depreende-se que isso se deve à tendência de preservação frente à
opinião pública e que se acentua no Twitter devido à presença de uma massa crítica disposta a
participar das discussões.
Por outro lado, os dirigentes partidários, políticos que não têm a imagem diretamente
ligada à opinião pública por figurarem em esferas de menor impacto, enxergam a ferramenta
como de fato a maioria das pessoas: um ambiente que, pelo caráter de instantaneidade, leva a
sensação de liberdade de expressão. São desses políticos os tweets intrinsecamente ligados às
polêmicas e são eles as fontes usadas pelos jornalistas da Agência Estado para produzir
notícias relacionadas.
É oportuno também mencionar que existem inúmeras possibilidades de se estudar a
ferramenta Twitter que não foram abordadas neste estudo, já que a intenção foi visualizá-lo no
campo jornalístico. O microblog vem sendo muito utilizado por corporações para fins de
publicidade e propaganda. Analisar as formas com que esse processo se dá seria outra
estratégia de estudo importante. Além disso, o site é formado por um grupo de especialistas
formadores de opinião (blogueiros, marqueteiros, jornalistas, tecnomaníacos). A influência
destas pessoas sobre seus seguidores também se constituiria uma rica linha de pesquisa.
Analisar esse fenômeno da rede ainda incluiria outras possibilidades: estudo de sua
apropriação para a conversação, já que vem sendo usado como um grande fórum de perguntas
e respostas; estudo da forma como os grandes portais vêm utilizando a ferramenta para
direcionar os usuários para a leitura de seu conteúdo, etc.
A principal dificuldade para a realização deste trabalho ficou por conta da construção
da metodologia de pesquisa, pois os temas abordados e o próprio objeto de estudo são
103
fenômenos muito recentes, que não apresentam ainda na bibliografia modelos de
procedimentos de análise consagrados e que pudessem ser adotados como referência segura.
Além disso, o trabalho se deparou com a escassez de bibliografia nacional em relação ao
jornalismo de agências.
Sua contribuição principal reside no aprofundamento da compreensão acerca do
fenômeno que engloba Internet, jornalismo e redes sociais, já que foi possível confrontar
conceitos teóricos à experimentação realizada no estudo de caso. Além disso, após a análise
dos dados, houve uma desmistificação da ideia inicial desta pesquisa sobre o uso do Twitter
pelo jornalismo. Isso porque, apesar de estar impactando na produção de notícias, o microblog
tem sido uma mera ferramenta para a coleta de frases divulgadas pelas fontes (no caso, os
políticos), não tendo suas possibilidades de interação e discussão potencialmente exploradas
pelos jornalistas, que parecem cada vez mais preferir a atividade passiva. Não há, por
exemplo, uma preocupação em utilizar a agilidade do Twitter para a transmissão de coberturas
em tempo real.
Portanto, o resultado de uma matéria produzida a partir de tweets não tem sido muito
diferente das já consolidadas formas de captação de fontes, tal qual assinala Zago (2010, p.
12): “a mera utilização do Twitter como fonte não assegura que o produto resultante seja
diferente do que se obteria a partir da utilização de fontes tradicionais de notícias”. Mais do
que isso, a análise das notícias baseadas em tweets mostrou que a grande maioria não
apresenta qualquer novidade para quem já acompanhou as declarações dos políticos no
Twitter. Ou seja, ao basear sua produção apenas em mera compilação de mensagens postadas,
o jornalismo acaba sendo ultrapassado pelo próprio microblog, que proporcionou aos
seguidores dos políticos acompanharem o debate sobre os fatos em tempo real.
104
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108
ANEXOS
109
Anexo A – Transcrição das entrevistas realizadas junto a jornalistas da
Agência Estado
São Paulo, 14 de maio de 2010
Elisabeth Lopes
Chefe da reportagem de política da Agência Estado
Entrevista concedida pessoalmente na sede da Agência Estado, em São Paulo
Você considera que o Twitter pode ser uma fonte para o jornalista? Ou é uma
ferramenta?
É uma ferramenta. É uma ferramenta para você ir atrás da informação, pra você checar, saber
em primeira mão. Mas como fonte é muito arriscado, não é não, é uma ferramenta. A fonte o
que é? Tem muita fonte disponível no Twitter, mas por exemplo: O Serra twitou ali, mas qual
o contexto em que ele quis dizer aquilo? É uma ferramenta pra você ir atrás, eu acho uma bela
ferramenta, muito usual, mas é ferramenta, no meu ponto de vista, chefiando aqui, vendo o
que sai, os repórteres passam sempre, mas sempre temos o cuidado. Eu sou escolada, nem
assessoria mandando, às vezes eles erram, o ser humano é falível. E mesmo assim tem muito
tiroteio, em tratando-se de política, todo o cuidado é pouco. É melhor esperar meia hora
porque tem essa coisa do imediatismo. Eu acho que o Twitter tem muito essa coisa do furo,
mas sem checar não é nada. Você só dá quando for um escândalo, como a história do Sarney,
um belíssimo furo. Mas aí o repórter ficou tempos trabalhando, isso sim é furo. Então, essa
coisa imediatista, deu aqui em um minuto já está todo mundo repicando, todo mundo indo
atrás, ou dando a matéria que a agência distribui ou outras agências deram e você checa e dá.
A gente não embarca em nada só porque todo mundo deu. Então, é uma ferramenta, é uma
belíssima ferramenta. Vai mudar, acho que ainda é cedo pra gente dizer o quanto ele vai
revolucionar ou não, mas vai mudar muito a maneira de você acompanhar, de você cobrir,
isso sim. Tem tudo ali agora, as agendas todas estão no Twitter agora.
Alguns jornalistas estão colocando no Twitter a pauta da matéria, pedindo sugestões de
perguntas, por exemplo. O que você acha disso, já é realizado aqui na Agência?
Olha, quem faz isso é o Noblat, no Blog do Noblat. Ele está fazendo entrevistas pelo Twitter, ele pede “mandem perguntas”, vou entrevistar o presidente do PSDB. Porque é um colunista,
quando você pega um cara como ele, um jornalista que já tem status, credenciado, é bárbaro,
todo mundo colabora [...] Aqui na Agência não fazemos isso porque usamos mais como
ferramenta, a gente posta, coloca alguma coisa. O Noblat é um cara que tem o blog dele, ele
vive só pra isso, entendeu? Então ele está se dedicando. Mas de repente pode até ter. O
Estadão já coloca ali, o repórter coloca o link da matéria depois que já saiu. É um modelo
legal para colunistas, para quem já tem uma grife no mercado, um colunista, uma Miriam
Leitão, um Noblat. E é legal porque a pessoa tem muitos seguidores e ele vai fazer uma
triagem daquilo que as pessoas mandam, é como essas transmissões em que os internautas
mandam a pergunta. No fundo é a mesma coisa.
Você já chegou a pegar alguma pauta pelo Twitter?
Olha, só o que pego é informação. Como já estou há muito tempo na área, então o pessoal das
campanhas me ligam pra me dar muita informação. Agora mesmo estava conversando com
110
um dos coordenadores da campanha do Serra. Tenho fontes em Brasília, ontem estava com
candidatos do Senado, então eles me abastecem muito. Mas vira e mexe o Twitter sempre me
dá uma direção.
Há quanto tempo está na Agência Estado?
Há 10 anos. Esta é a minha segunda passagem pelo Grupo. Entrei no Grupo Estado em 1985
quando não tinha internet e nem celular, era a boa e velha maquina de escrever. Eu comecei a
trabalhar em Brasília, fui repórter de economia, cobri Constituinte, cobri muito a área de
escândalo. No governo Collor, era setorista do Banco Central. Então peguei uma boa
bagagem. Voltei pra São Paulo em 1991, aí sim para a Agência Estado, que estava começando
no núcleo online, com o faxpaper, os empresários tinham que ter informação... quer dizer, a
filosofia da Agência Estado já era muito de vanguarda, antes do advento da Internet, a direção
da Agência reconheceu que era necessário a informação chegar mais rápido para as pessoas.
Não tinha internet, mandava a matéria por fax. Então aí depois, veio a Internet, tanto é que
hoje é referência, todo mundo fala, a Agência Estado é líder muito por conta disso.
Aí depois eu fui pro jornal Estadão em 1992, fiquei na empresa até 1997 e fui morar em
Londres. Aí fui ser editora chefe de um jornal para a comunidade brasileira lá, era freela do
Estadão, mandava matéria. Quando eu voltei em 1999, fiquei fazendo freela, não queria mais
voltar pra grande imprensa. Em 2000, o pessoal da Agência me ligou porque estavam no
boom da internet e me chamaram. Aí vim aqui para matar a saudade dos amigos e o pessoal
falou que eu já estava contratada. Aí fiquei, peguei o portal do Estadão, fui da primeira equipe
do portal. Antes o portal era ligado à agência, agora é ligado ao jornal. Comecei como
repórter e hoje estou na chefia da reportagem. O Grupo é uma ótima casa para se trabalhar,
você tem ótimos profissionais, as coisas funcionam. Então é bom você trabalhar num local em
que te dão as ferramentas.
O Twitter facilitou ou piorou a produção jornalística? Por quê?
Melhora muito. É fantástico. Da redação, eu vejo o Serra dizer onde vai almoçar. Melhorou
muito. A própria agenda desse pessoal era difícil de conseguir, hoje ela tá lá.
Vocês escolheram um tema novo. A Agência não sabe ainda o que vai ser disso, existe uma
grande interrogação. Serve de pauta, serve pra dar um norte pra gente. Mas em compensação,
é aquela coisa que você tem que ficar muito mais atento. Apesar de ser uma ferramenta a
mais, uma ferramenta útil que você pode contar com isso pra se pautar, pra gerar notícias,
você tem que tomar cuidado justamente por essa questão, se é muito instantâneo, realmente é
verdade? Então a gente não perde, isso é interessante, e não é só aqui não, em qualquer
redação. Porque tem muita bobeira e fofoca no Twitter. Para aquilo virar uma pauta, virar
notícia, você vai ver que é preciso checar. Seria interessante alguém fazer uma triagem sobre
o que sai, pegar o Twitter do Serra, da Dilma, o que vira notícia e o que não vira? É
interessante até pra ver que realmente é uma responsabilidade.
Houve algum fato importante na política que levou a AE a dar mais atenção ao Twitter?
Olha, existem coisas que você está esperando o político falar e eles se sentem mais à vontade
de falar coisas pessoais no Twitter, algum desabafo. Falaram que o Serra iria anunciar a pré-
candidatura dele pelo Twitter, todo mundo sabia que ele era candidato, ele foi no Ratinho, no
Datena, disse que ia anunciar pelo Twitter, mas não anunciou. Eu sei que no esporte tem
algumas coisas que o pessoal ficou sabendo pelo Twitter. Em política na verdade, que eu me
lembre, não teve nada assim de extraordinário ainda. Mas é bom ficar atento. De repente um
vice aí da Dilma ou do Serra pode ser anunciado pelo Twitter. É bom ficar atento. Mas
sempre lembrar que é preciso checar. Às vezes é melhor esperar cinco, dez minutos para dar a
informação. Porque você dá uma informação, e a informação vai repicando.
111
Essa é a primeira campanha em que a Internet tem sido usada em potencial pelos
candidatos?
Pela Internet não tanto, porque tinha blog. Na outra campanha, já tinha. Tinha Internet, blog.
Usava-se muito Orkut, Facebook. Agora essa coisa do Twitter especificamente, aí sim,
estourou nessa campanha, e é bem mais movimentada. A dinâmica dessa campanha está
sendo diferente. Eles se atacam pelo Twitter.
Como vocês avaliam a confiabilidade de uma informação postada no Twitter? Como é a
realizada a checagem das informações? Quais perfis vocês consideram mais confiáveis?
Esses 140 caracteres, você pega como referência, você precisa explicitar. Você não manda
uma matéria se não conseguiu checar, a não ser que seja uma coisa assim... que é uma notícia
que não vá gerar margem de interpretação. O problema é quando se fica na dúvida [...] então,
tem o bom senso também, mas a gente não dá nada que gere dúvida, até pela questão da ética.
Uma agência de notícias como a Agência Estado, você dá uma notícia aqui, está repicando no
mundo todo. Sai em rádios, tv, jornais, portais, portais concorrentes. Então, a gente tem que
ter a responsabilidade de saber que o que vai sair daqui é justamente aquilo, entendeu? Tem
que ouvir os dois lados, é a regra básica do jornalismo. Principalmente matéria de política,
hum... tem que ver com lupa. Porque sempre interessa a alguém, lógico. É fácil falar “fulano
roubou”, e aí? Você toma processo por calúnia. É sempre o bom senso. Para isso, existe a
chefia. Cubro política há mais de 20 anos. É preciso ter cuidado, ver o outro lado, está falando
de quem? Mesmo sendo tua fonte, o cara opera em cima de você. Dependendo do veiculo que
você trabalha, o cara quer jogar uma informação em você para repercutir. A premissa básica é
responsabilidade, checar, ter critério. Não é brincadeira mexer com honra de ninguém, se você
não provar... Então, tem que ter muito cuidado. Esse é o ponto básico, principalmente para
quem faz política. É um querendo detonar o outro.
Como você enxerga a falta de bibliografia em relação às agências de notícias no Brasil?
Olha, nós aqui produzimos muito material. Sai da agência vai para empresas, para mídia, para
jornais do Brasil inteiro, inclusive jornais internacionais. Hoje, quase todos os portais assinam
a Agência Estado: G1, que é da Globo, UOL, ligado à Folha, R7, da Record, alguns nem dão
crédito. Então, a coisa acaba diluindo. Acho que a aparente falta de controle do conteúdo da
agência talvez barre as pesquisas. Acho que as pessoas pensam então no volume de trabalho.
112
São Paulo, 14 de maio de 2010
Gustavo Uribe, 21 anos
Estagiário da reportagem de política da Agência Estado desde dezembro de 2008 e
estudante de jornalismo da Cásper Líbero
Entrevista concedida pessoalmente na sede da Agência Estado, em São Paulo
Como é feito o monitoramento do Twitter na redação?
Virou rotina. Pela manhã, abrimos os sites do TSE, Ministério Público e aí a gente dá uma
olhadinha sempre no Twitter. Tem uma dica muito boa, um site chamado Politweets, não sei
se você já viu. Lá tem o Twitter de todos os políticos, que depois a gente checa se é do
político mesmo ou não, se é assessor que abastece o Twitter, se for assessor a gente nem
coloca. Porque não é a pessoa, entendeu? E depois a responsabilidade é nossa. Porque às
vezes é uma pessoa que escreveu e não é a palavra do político, agora se o assessor disse que
conversou com ele e ele pediu para twittar aquilo, aí sim. Temos que ter certeza de que é o
político. Então, eles colocam o perfil de deputados federais, vereadores, deputados estaduais,
senadores, prefeitos e governadores. É claro que depois disso tudo a gente ainda checa, nunca
a gente segue só por isso.
Como é o trabalho de acompanhar os tweets então?
Aqui existe uma divisão muito grande por candidato em eleições. Então, a Ana Conceição é
responsável por cobrir a Dilma e a Marina Silva, a Carolina Freitas pelo Serra e eu acabo
ficando responsável por cobrir os demais candidatos. Mas no caso do Twitter, todo mundo
monitora. Dependendo do candidato, é muito difícil marcar uma entrevista pessoalmente, a
assessoria não deixa. Então, a Carolina Freitas, por exemplo, conversa com o Serra para
marcar uma entrevista pelo Twitter. O Serra responde a muita gente. Ele tem um movimento
chamado Os Indormíveis, e ele responde a todo mundo que conversa com ele de madrugada.
Houve algum fato importante na política que levou a AE a dar mais atenção ao Twitter?
Uma das grandes coisas pelo Twitter envolveu o Mercadante naquela questão do
“irrevogável”. Foi pelo Twitter. Quando ele ia sair da presidência da bancada do PT e aí ele
disse pelo Twitter que era irrevogável a saída dele. Depois, teve uma reunião com o Lula, o
Lula demoveu o Mercadante da decisão e aí ele foi ao plenário e disse que não ia sair.
E outra coisa que existe é que como no Twitter é tudo rápido e você pode acessar a qualquer
hora, muitas vezes o político não calcula o que vai ser falado e vai muito no calor dos fatos.
Houve também uma coisa que teve muita repercussão sobre o Alckmin. A Folha deu uma
matéria, uma declaração dada por ele no Twitter e o Alckmin não tinha Twitter. E eles
tiveram que publicar uma errata.
Alguns jornalistas estão colocando no Twitter a pauta da matéria, pedindo sugestões de
perguntas, por exemplo. O que você acha disso?
Sobre isso, o Sérgio Guerra fez um videochat. Ele pegou a câmera, as pessoas mandavam as
perguntas pelo Twitter e ele respondia.
Vocês divulgam pauta, matéria pelo Twitter antes de publicar?
Então, aqui a gente não tem Twitter da Agência Estado. Quem tem é o Estadão. O que
acontece é que os repórteres às vezes colocam alguma coisa. Um exemplo foi que o Grupo
Estado deu antes no Twitter a notícia de que presidente da Câmara de São Paulo foi cassado.
O repórter do Estadão colocou primeiro no Twitter e depois colocou a reportagem mesmo,
porque ele nem tava na redação.
113
Na sua opinião, o Twitter facilitou ou piorou a produção jornalística? Por quê?
Uma coisa que melhorou bastante é no sentido de pauta. O político divulga informações, principalmente relacionadas à agenda, que muitas vezes nem a assessoria sabe. Ele dá antes
da assessoria saber. Com o Serra acontece muito. Você sabe antes da assessoria.
114
São Paulo, 21 de setembro de 2010
Elisabeth Lopes
Chefe da reportagem de política da Agência Estado
Entrevista concedida pessoalmente na sede da Agência Estado, em São Paulo
Essa foi a primeira campanha presidencial em que o Twitter foi explorado no Brasil. O
que você acha que vai mudar/evoluir a partir dessa campanha em termos de uso do
microblog pelo jornalismo?
Acho que o Twitter tem muito a ser explorado, todas essas ferramentas tem. A gente acha que
já viu de tudo e já sabe de tudo, mas sempre estão aparecendo coisas novas. Resta saber o que
vai aparecer mais. Mas eu acho que só vai poder comparar na outra campanha. Como essa foi
a primeira não tem o histórico da outra. Então nas próximas eu acho que vai dar para
realmente fazer um comparativo. Acho que é muito cedo, ainda estamos todos testando,
experimentando, mas é válido.
O Twitter vem sendo usado pelos políticos claramente com objetivos de promoção,
muito mais do que para a troca de ideias isentas. É possível esperar que isso se reverta e
que haja um debate de propostas real entre eles no microblog?
Eu acho que isso não vai acontecer. Sabe porque? O Twitter continua sendo o palanque deles.
Eles fazem o Twitter de palanque, não dá pra esperar outra coisa. É um palanque eletrônico.
Para mim, o Twitter é um palanque eletrônico. Porque se ele se expor ali, ali tem muita gente,
o Serra tem muitos seguidores, Dilma também, então eles estão falando com o público ali,
mas é um palanque eletrônico. Então, não espere mesmo em outras campanhas, eu conheço
muito essa área, é o político no palanque. Só que é o palanque do Twitter. Pra mim isso é
normal, porque só mudou a plataforma.
Já é possível identificar matérias inteiramente baseadas em tweets, compostas pela fala
de um político e a réplica da oposição no microblog. Qual é a colaboração disso,
jornalisticamente falando?
O Twitter trouxe mais rapidez e transparência. Porque antigamente as fontes ligavam. Por
exemplo, essa história do Jefferson, que ele colocou no Twitter o vice do Serra e “bombou”.
Ele ia ligar, o repórter ia dar. Mas ele colocou no Twitter, ficou mais fácil, é como o Plínio de
Arruda Sampaio, é outra questão que achei interessante, ele não foi convidado para o debate
na TV e fez o debate dele ali no Twitter. Se não fosse o Twitter ele não teria sido chamado
para todos os outros. Então, acho que às vezes a gente espera muito de uma ferramenta como
se ela fosse capaz de... não, é uma ferramenta que você vai usar mas nos mesmos moldes, o
político no palanque, isso continua igual. Em termos de matéria, o cara antigamente ligava,
pra dar uma dica, uma informação, agora você vê no Twitter. Então, é questão de tirar um
pouco essa coisa mítica. O Twitter é bárbaro, é fantástico, revolucionou, só que é mais uma
ferramenta que veio agregar, isso é interessante. Agora eu acho que daqui pra frente, como
ele ser utilizado e tal, acho que é um campo de pesquisa que realmente revolucionou, mas
agora é uma ferramenta. Não espere mudanças de atitude, mudanças na apuração de matérias.
Continua tudo igual, só que é uma ferramenta que permite a transparência, isso é muito legal.
Você tem muito mais elementos. Você teria que dar 10 telefonemas para saber o que você
clica em dois minutos.
Como vocês lidam com o fato de que o político pode estar postando informações
deliberadamente no Twitter sabendo que pode virar matéria?
Checar. Ligar ou para ele ou pra assessoria e continua o trabalho igual porque político vai
115
sempre falar o que interessa pra ele. O que interessa pra campanha, para o marketing dele.
Olha, eu acho assim, uma coisa legal disso é que você vê que a maneira da gente trabalhar é a
mesma. Por mais que se criem revoluções, o trabalho é o mesmo. A gente vai ter que extrair a
informação, é como garimpar, você tem o cascalho, pedra, pra pegar uma pepita pequenina. O
processo é o mesmo. Só que você tem muito mais ferramentas, se por um lado tem muito
mais informações, do outro o trabalho de checar é maior. Então, acaba empatando, mas é
transparência, acho que isso é o principal.
116
São Paulo, 21 de setembro de 2010
Gustavo Uribe, 21 anos
Estagiário da reportagem de política da Agência Estado desde dezembro de 2008 e
estudante de jornalismo da Cásper Líbero
Entrevista concedida pessoalmente na sede da Agência Estado, em São Paulo
Quais foram os fatos mais relevantes postados no Twitter no campo político, que
impactaram na produção de notícias da agência?
O caso mais relevante no Twitter foi a questão do vice do Serra. Foi divulgada uma
informação verdadeira, só que essa divulgação acabou causando um rebuliço no mundo
político, que fez com que o nome mudasse.
O que aconteceu foi o seguinte. O PSDB estava reunido com os aliados para decidir o vice,
tinha uma lista de nomes. Quem ia definir o nome era o Serra. Então existia a Patrícia
Amorim, que é a presidente do Flamengo, existia o nome do Álvaro Dias, que era o mais
forte. Isso foi falado para o Roberto Jefferson, que divulgou no Twitter. Quando ele divulgou
no Twitter, o Partido Democratas não tinha sido informado e ficou irritado por não ter sido
informado. Ele é um parceiro, é um aliado e tinha que ter sido consultado. Aí o Democratas
fez um rebuliço, ameaçou sair da chapa do PSDB. E aí deu um novo nome para o PSDB, uma
lista com outros nomes. E aí o Serra escolheu alguém do DEM, que foi o Indio da Costa.
É a mesma coisa que aconteceu no caso do Mercadante. O Mercadante publicou uma coisa,
por causa dessa declaração do Mercadante foi feita uma reunião para o Mercadante mudar de
ideia. Depois daquela frase “irrevogável” publicada no Twitter, o presidente Lula chamou o
Mercadante para conversar antes da reunião, e aí o Mercadante mudou de ideia e continuou
como líder da bancada. Então, o Twitter antecedeu fatos políticos. Existiram fatos políticos
que o Twitter antecedeu e criou mudanças no universo da política.
O que é mais relevante nesses dois episódios é que uma mensagem do Twitter modificou o
cenário político.
Essa é a primeira campanha presidencial em que o Twitter foi explorado no Brasil. O
que você acha que vai mudar/evoluir a partir dessa campanha em termos de uso do
microblog pelo jornalismo?
Como cobertura, eu acho que deve continuar, mas a gente viu nessa campanha que não se
pode confiar em qualquer coisa. Eu acho que foi experimental, a gente publicou muita coisa.
A gente que eu falo são os jornalistas e não o Grupo Estado. Se tem o cuidado hoje dos
veículos de comunicação de não publicar qualquer coisa, de checar se é o candidato, esse
cuidado vai ser intensificado porque já houve barrigadas, então tem que ser intensificado. Vai
ser intensificado. A cobertura vai continuar usando o Twitter, deve ser intensificado seu uso
se os candidatos também intensificarem o uso do Twitter. Então, acho que tudo depende dos
candidatos. A cobertura vai se intensificar pelo Twitter se os candidatos intensificarem mais o
uso do Twitter. E esse é um movimento que vem se observando, cada vez mais os políticos
estão no Twitter, vão continuar dizendo coisas no Twitter, vão pregar novas ideias e a gente
vai ter que acompanhar esse movimento. Acho que houve poucos erros cometidos pelos
jornalistas em relação ao Twitter porque houve esse cuidado de só se publicar o que se tem
certeza, então acho que esse cuidado deve continuar e se os políticos intensificaram a sua
aparição nas mensagens, vai se intensificar o nosso trabalho na checagem.
Já é possível identificar matérias inteiramente baseadas em tweets. Como é esse
processo? Realmente tudo é checado, tem matéria que sai sem checar?
Então, aqui no Grupo Estado não existe. Tudo que é publicado, é checado. Qualquer coisa
117
colocada no Twitter, a gente liga para a equipe de campanha e pergunta se é isso mesmo. Se
não consegue falar com o candidato, a gente conversa com a equipe de campanha. Isso é um
requisito colocado pela chefia. Quando surgiu o fenômeno Twitter, os chefes das redações
colocaram essa questão de checar. Cheque, liga, tenha certeza que é o Twitter do político. Às
vezes pode acontecer de um candidato escrever alguma coisa e não foi ele, está no Twitter
dele, mas não foi ele, foi um assessor. Então, sempre checar todas as informações. Mesmo
que a gente se atrase em relação aos outros veículos de comunicação, é melhor dar uma coisa
certa do que dar uma barrigada.
Indo ainda mais além: a informação está checada, foi o político que postou. Mas aí a
matéria sai baseada apenas nessas declarações, compostas pela fala de um político e a
réplica da oposição no microblog. Qual é a contribuição disso jornalisticamente falando?
Então, aí depende muito. Esse tipo de informação vai entrar no tempo real. Se você faz um
jornal em revista é diferente, você faz uma apuração além disso. Por outro lado, se a gente for
pensar, é como se você estivesse numa coletiva de imprensa, você pega aspas daqui e de lá e
escreve a matéria. Eu não acho que seja um pecado você fazer uma matéria só baseada no
Twitter se você tem a certeza que foi o candidato que escreveu. É a mesma coisa de você
pegar na rua um candidato, que falou uma coisa e o outro falou outra. O que se pode
questionar é o seguinte: é o jornalismo declaratório, mas o jornalismo declaratório sim deve
ser criticado, é um problema do jornalismo declaratório, eu não acho que seja um problema
do Twitter.
118
Anexo B - Notícias relacionadas ao dossiê produzidas pela Agência Estado e
analisadas na pesquisa
02/06/2010 12h28 - Atualizado em 02/06/2010 13h16
Serra diz que Dilma tem responsabilidade em suposto dossiê
Tucano participou de evento da Associação Comercial de São Paulo. Presidente do PT rebate
e diz que acusações são 'patifaria'.
Do G1, com informações da Reuters e da Agência Estado
O pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB, José Serra, disse nesta quarta-feira
(2) que a pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, e o partido do governo devem explicações
sobre um suposto dossiê preparado contra opositores. "O PT tem uma longa tradição nesta
matéria", disse Serra a jornalistas durante evento na Associação Comercial de São Paulo.
Reportagem publicada na última edição da revista Veja relata que um grupo dentro da
campanha teria ensaiado a produção de um suposto dossiê, cujo alvo principal seria a filha de
Serra, Verônica.
"A principal responsabilidade por esse novo dossiê é da candidata Dilma Rousseff. Disso eu
não tenho dúvida", acrescentou o ex-governador. Ele acusou ainda o senador Aloizio
Mercadante de ter sido responsável por um dossiê da campanha de 2006 em que ambos
disputavam o governo do Estado. Mercadante concorre novamente ao mesmo posto na eleição
deste ano.
Serra acusou ainda o ex-presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini, por relatórios similares
na eleição de 2002. "Então caberá a eles explicarem o que aconteceu", disse Serra.
O pré-candidato também acusou o governo federal de usar materiais escolares para fazer
propaganda. Sem detalhar a denúncia, Serra diz ter visto chegar às escolas estaduais de São
Paulo "um calhamaço de propaganda pura". Segundo o tucano, a confecção do material seria
paga com verbas da educação. "É do governo federal. Suponho que nenhum município de
xiririca vai imprimir uma propaganda do governo federal."
PT diz que é patifaria
Pelo Twitter, o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, rebateu as acusações dos tucanos. “Acabo de ver uma entrevista do Sergio Guerra (presidente nacional do PSDB),
cobrando explicação da Dilma sobre o tal dossiê. Só há uma definição para isso:
PATIFARIA”, escreveu em seu perfil no serviço de microblogs.
“Nós nunca responsabilizamos o Serra sobre as baixarias que aparecem na internet, contra a
Dilma. Seria absurdo se o fizéssemos”, disse. “E o Sergio Guerra ainda disse num debate
comigo no Estadão que queria uma campanha de alto nível”, ironizou.
Fonte: Portal G1
Disponível em: <http://g1.globo.com/especiais/eleicoes-2010/noticia/2010/06/serra-diz-
que- dilma-tem-responsabilidade-em-suposto-dossie.html>
Acesso: 06 jun. 2010
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Publicado em 03/06/2010 às 17h21
Marina lamenta suposto dossiê petista contra o PSDB e diz que acusações devem ser
"bem fundamentadas"
Petistas ligados a campanha de Dilma teriam elaborado dossiê contra pré-candidato tucano
Com R7
A pré-candidata do PV à Presidência da República, senadora Marina Silva, afirmou que
espera que o episódio envolvendo um suposto dossiê petista contra o pré-candidato José Serra
(PSDB) não prejudique as campanhas eleitorais. Em entrevista nesta quinta-feira (3), a
presidenciável lamentou as denúncias, que chamou de "episódio de triste memória".
- Espero que a campanha não resvale para os episódios de triste memória que já tivemos, com
dossiês que depois se mostraram, enfim, bastante complicados.
Segundo ela, sobretudo em época de campanha eleitoral, é preciso que qualquer denúncia seja
"bem fundamentada".
- Em uma campanha, qualquer crítica que se faça do adversário precisa estar bem
fundamentada sobre dados da realidade.
Segundo Marina, ex-ministra do Meio Ambiente do governo Lula, a experiência passada
sobre a elaboração de dossiês mostra que isso é algo "bastante complicado". Apesar do
comentário, a pré-candidata preferiu não se pronunciar de maneira mais crítica sobre o
assunto.
- Não gostaria de manifestar sobre algo que não tive tempo de analisar. Pretendo me
manifestar quando tiver como analisar melhor o que está acontecendo.
A tensão envolvendo o PT e o PSDB em torno do suposto dossiê contra o pré-candidato à
presidência gerou uma intensa troca de acusações entre tucanos e petistas pelo twitter (serviço
de microblog), nesta quinta. Segundo Marina, embora o caso tenha sido manchete dos
principais veículos de comunicação hoje, ela não teve oportunidade de se informar sobre o
caso, pois se preparava para apresentar suas propostas para áreas sociais, em evento
promovido nesta quinta em São Paulo.
- A única coisa que li no jornal foi a carta de Dom Moacyr (Grehci) porque colocaram na
minha frente, o que, aliás, me deixou bastante alegre, afirmou Marina, em referência à carta
publicada na Folha de S.Paulo de autoria do arcebispo de Porto Velho (RO), com elogios à
ela.
Fonte: R7 Notícias
Acesso: 06 jun. 2010
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Enviado em 03 de junho de 2010, às 19h34min Dossiê contra Serra vai parar na Justiça
Da Agência Estado
O episódio do suposto dossiê petista contra o pré-candidato do PSDB à Presidência, José
Serra, deve parar na Justiça. Hoje, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, anunciou que o
partido vai interpelar Serra por responsabilizar a adversária Dilma Rousseff pela fabricação
do tal documento.
"Decidimos interpelar o Serra judicialmente, por suas acusações a Dilma e ao PT, sobre o tal
dossiê. Quem não deve não teme", disse Dutra em sua página no twitter (rede de microblogs).
A declaração do petista é mais um capítulo em torno da polêmica sobre o suposto dossiê que,
segundo a revista Veja, teria denúncias contra Serra. Na quarta-feira, a temperatura política
subiu após o pré-candidato do PSDB acusar Dilma de ligação com o caso. "A principal
responsabilidade por esse novo dossiê é da candidata Dilma Rousseff. Disso eu não tenho
dúvida", disse Serra. A reportagem de Veja, que serviu para desencadear a reação dos
tucanos, relatou que Dilma interveio para abortar a produção do suposto dossiê e desaprovou
sua eventual confecção.
Em nota, o presidente do PT explicou que o objetivo da interpelação judicial será o
"esclarecimento" por parte de Serra sobre essas declarações. "O PT reafirma que nunca sua
direção nacional nem a coordenação da campanha de Dilma Rousseff determinaram a
elaboração de qualquer dossiê a respeito. As especulações acerca do suposto dossiê estão
sendo alimentadas pela oposição numa tentativa desesperada de buscar reverter um quadro
eleitoral adverso", disse Dutra.
O advogado José Gerardo Grossi reforçará a equipe jurídica da campanha do PT, que tem
ainda como consultor o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos.
Hoje o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), se pronunciou sobre o caso. Ele
chegou a chamar os integrantes do PT de "essa gente sem vergonha que não respeita nada".
"Toda essa manifestação do Dutra ou de gente como ele tem um objetivo: esconder Dilma.
Trata-se de uma inversão ética completa", afirmou. Guerra disse à reportagem que o anúncio
de interpelação contra Serra visa "salvar Dilma da trapalhada porque ela nunca sabe de nada".
Ele também reagiu no twitter à declaração de Dutra, que na véspera classificara como
"patifaria" a relação feita pelos tucanos entre Dilma e o suposto dossiê. "Não faz sentido a
agressão de Dutra contra mim. Não é esse o meu estilo. Não faço a mesma coisa", afirmou
Guerra.
Por outro lado, Dutra cobrou de Guerra o compromisso fechado no debate feito pelo jornal O
Estado de S. Paulo entre os dois, no dia 10 de maio, de evitar baixarias na campanha. "Sérgio
Guerra ainda disse num debate comigo no Estadão que queria uma campanha de alto nível."
Segundo Veja, um "grupo de inteligência" teria sido montado pelo jornalista Luiz Lanzetta,
dono da Lanza Comunicação, contratada pelo PT, para levantar denúncias contra Serra.
Fonte: Nominuto.com
Disponível em: <http://www.nominuto.com/blog/brasilia-urgente/dossie-contra-serra-
vai- parar-na-justica/17553/>
Acesso: 06 jun. 2010
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Sérgio Guerra critica intenção do PT de interpelar Serra 03 de junho de 2010 | 17h 23
ANA CONCEIÇÃO - Agência Estado
O senador Sérgio Guerra (PE), presidente nacional do PSDB, criticou hoje à tarde em sua
página na rede de microblogs Twitter a intenção do PT de interpelar na Justiça o
presidenciável tucano José Serra pelas declarações em que o ex-governador atribui ao PT e à
pré-candidata Dilma Rousseff a elaboração de um suposto dossiê que reuniria denúncias
contra ele.
"(José Eduardo) Dutra deveria partir pra cima dos aloprados dele. Por que não o faz? Talvez
porque não possa!", escreveu o senador no microblog. E continuou: "Não faz sentido a
agressão de Dutra contra mim. Não é este o meu estilo. Não faço a mesma coisa."
Um dos coordenadores da campanha petista, o deputado federal José Eduardo Cardozo (PT-
SP) também comentou o caso do dossiê pelo Twitter, dizendo que as declarações de Serra
ontem denotam a preocupação da oposição com a candidatura petista. "Declarações do
candidato tucano imputando à Dilma responsabilidade sobre o dossiê que sequer existe mostra
histeria e falta de orientação política", disse Cardozo. "É muito ruim para um candidato agir
dessa forma. Mostra que nossos adversários políticos estão perdidos e desesperados."
Fonte: Estadao.com.br
Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,sergio-guerra-critica-
intencao- do-pt-de-interpelar-serra,561260,0.htm>
Acesso: 06 jun. 2010
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Dilma: dossiê contra Serra é a falsidade
Publicada: 03/06/2010
GOIÂNIA, (AE) - A pré-candidata do PT à presidência da República, Dilma Rousseff, foi
sucinta ontem ao reagir à acusação do tucano José Serra, que a responsabilizou pela confecção
de um suposto dossiê contra ele. “Isso é uma falsidade e eu não vou ficar batendo boca sobre
isso”, afirmou a petista.
Durante todo o dia, o comando da campanha de Dilma procurou blindá-la, evitando o seu
contato direto com a imprensa. Coube ao presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra,
responder com ênfase ao tucano. “Baixaria é comigo”, ironizou Dutra, momentos antes de
começar a entrevista. “Posso atribuir a um grau de estresse acima do suportável. Talvez efeito
de pesquisite aguda”, disse. “O nome disso só pode ser desespero”, completou o petista.
Ao lado de Dilma, Dutra passou o dia em Goiânia em encontros com políticos e empresários
locais. “Consideramos a acusação contra ela absurda e, por isso, achamos melhor ela não
falar”, justificou o presidente do PT. Mais cedo, em seu twitter, Dutra considerou uma
“patifaria” as declarações dadas anteontem pelo presidente nacional do PSDB, senador Sérgio
Guerra (PE), sobre o episódio.
A denúncia
Segundo denúncia da revista “Veja”, um grupo dentro da campanha de Dilma teria articulado
a produção de um dossiê para atingir José Serra. Esse “grupo de inteligência” teria sido
montado pelo jornalista e consultor Luiz Lanzetta, que é proprietário da empresa Lanza
Comunicação, contratada pelo PT. Dutra disse ontem que Lanzetta não trabalha na campanha
de Dilma Rousseff. Afirmou ainda que todos os jornalistas que estão na campanha são
coordenados por Rui Falcão, que comanda a comunicação da candidata.
“A empresa do Lanzetta foi contratada apenas para fazer locação de mão de obra para a
campanha. O Lanzetta não trabalha na campanha”, garantiu Dutra. “As pessoas são
coordenadas e prestam contas ao Rui Falcão e não a ele (Lanzetta)”, disse o presidente do PT.
“Repelimos essa acusação. Não há nenhuma ação por parte do PT no sentido de qualquer
autorização na formação de dossiês”, afirmou. Fonte: Jornal da Cidade.net
Disponível em: <http://www.jornaldacidade.net/2008/noticia.php?id=66889>
Acesso: 06 jun 2010
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Enviado em 03 de junho de 2010, às 19h34min
Dossiê contra Serra vai parar na Justiça
Da Agência Estado
O episódio do suposto dossiê petista contra o pré-candidato do PSDB à Presidência, José
Serra, deve parar na Justiça. Hoje, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, anunciou que o
partido vai interpelar Serra por responsabilizar a adversária Dilma Rousseff pela fabricação
do tal documento.
"Decidimos interpelar o Serra judicialmente, por suas acusações a Dilma e ao PT, sobre o tal
dossiê. Quem não deve não teme", disse Dutra em sua página no twitter (rede de microblogs).
A declaração do petista é mais um capítulo em torno da polêmica sobre o suposto dossiê que,
segundo a revista Veja, teria denúncias contra Serra. Na quarta-feira, a temperatura política
subiu após o pré-candidato do PSDB acusar Dilma de ligação com o caso. "A principal
responsabilidade por esse novo dossiê é da candidata Dilma Rousseff. Disso eu não tenho
dúvida", disse Serra. A reportagem de Veja, que serviu para desencadear a reação dos
tucanos, relatou que Dilma interveio para abortar a produção do suposto dossiê e desaprovou
sua eventual confecção.
Em nota, o presidente do PT explicou que o objetivo da interpelação judicial será o
"esclarecimento" por parte de Serra sobre essas declarações. "O PT reafirma que nunca sua
direção nacional nem a coordenação da campanha de Dilma Rousseff determinaram a
elaboração de qualquer dossiê a respeito. As especulações acerca do suposto dossiê estão
sendo alimentadas pela oposição numa tentativa desesperada de buscar reverter um quadro
eleitoral adverso", disse Dutra.
O advogado José Gerardo Grossi reforçará a equipe jurídica da campanha do PT, que tem
ainda como consultor o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos.
Hoje o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), se pronunciou sobre o caso. Ele
chegou a chamar os integrantes do PT de "essa gente sem vergonha que não respeita nada".
"Toda essa manifestação do Dutra ou de gente como ele tem um objetivo: esconder Dilma.
Trata-se de uma inversão ética completa", afirmou. Guerra disse à reportagem que o anúncio
de interpelação contra Serra visa "salvar Dilma da trapalhada porque ela nunca sabe de nada".
Ele também reagiu no twitter à declaração de Dutra, que na véspera classificara como
"patifaria" a relação feita pelos tucanos entre Dilma e o suposto dossiê. "Não faz sentido a
agressão de Dutra contra mim. Não é esse o meu estilo. Não faço a mesma coisa", afirmou
Guerra. Por outro lado, Dutra cobrou de Guerra o compromisso fechado no debate feito pelo jornal O
Estado de S. Paulo entre os dois, no dia 10 de maio, de evitar baixarias na campanha. "Sérgio
Guerra ainda disse num debate comigo no Estadão que queria uma campanha de alto nível."
Segundo Veja, um "grupo de inteligência" teria sido montado pelo jornalista Luiz Lanzetta,
dono da Lanza Comunicação, contratada pelo PT, para levantar denúncias contra Serra.
Fonte: Nominuto.com
Disponível em: <http://www.nominuto.com/blog/brasilia-urgente/dossie-contra-serra-
vai- parar-na-justica/17553/>
Acesso: 06 jun. 2010
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Sexta-feira, 04/06/2010, 07h15
Dossiê petista deve parar na Justiça
O episódio do suposto dossiê petista contra o pré-candidato do PSDB à Presidência, José
Serra, deve parar na Justiça. Ontem, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, anunciou que o
partido vai interpelar Serra por responsabilizar a adversária Dilma Rousseff pela fabricação
do tal documento.
"Decidimos interpelar o Serra judicialmente, por suas acusações a Dilma e ao PT, sobre o tal
dossiê. Quem não deve não teme", disse Dutra em sua página no Twitter (rede de
microblogs).
A declaração do petista é mais um capítulo em torno da polêmica sobre o suposto dossiê que,
segundo a revista Veja, teria denúncias contra Serra. Na quarta-feira, a temperatura política
subiu após o pré-candidato do PSDB acusar Dilma de ligação com o caso. "A principal
responsabilidade por esse novo dossiê é da candidata Dilma Rousseff. Disso eu não tenho
dúvida", disse Serra. A reportagem de Veja, que serviu para desencadear a reação dos
tucanos, relatou que Dilma interveio para abortar a produção do suposto dossiê e desaprovou
sua eventual confecção.
Em nota, o presidente do PT explicou que o objetivo da interpelação judicial será o
"esclarecimento" por parte de Serra sobre essas declarações. "O PT reafirma que nunca sua
direção nacional nem a coordenação da campanha de Dilma Rousseff determinaram a
elaboração de qualquer dossiê a respeito. As especulações acerca do suposto dossiê estão
sendo alimentadas pela oposição numa tentativa desesperada de buscar reverter um quadro
eleitoral adverso", disse Dutra.
O advogado José Gerardo Grossi reforçará a equipe jurídica da campanha do PT, que tem
ainda como consultor o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos.
O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), se pronunciou sobre o caso. Ele chegou a
chamar os integrantes do PT de "essa gente sem vergonha que não respeita nada". "Toda essa
manifestação do Dutra ou de gente como ele tem um objetivo: esconder Dilma. Trata-se de
uma inversão ética completa", afirmou.
Guerra disse à reportagem que o anúncio de interpelação contra Serra visa "salvar Dilma da
trapalhada porque ela nunca sabe de nada".
Ele também reagiu no Twitter à declaração de Dutra, que na véspera classificara como
"patifaria" a relação feita pelos tucanos entre Dilma e o suposto dossiê. "Não faz sentido a
agressão de Dutra contra mim. Não é esse o meu estilo”. (AE)
Fonte: Diário do Pará.com.br
Disponível em: <http://www.diariodopara.com.br/N-93085-
+DOSSIE+PETISTA+DEVE+PARAR+NA+JUSTICA.html>
Acesso: 06 jun. 2010
125
sexta-feira, 04 de junho de 2010, 01:16
Guerra critica pelo Twitter ação petista
O senador Sérgio Guerra (PE), presidente nacional do PSDB, criticou ontem à tarde em sua
página na rede de microblogs twitter a intenção do PT de interpelar na Justiça o
presidenciável tucano José Serra pelas declarações em que o ex-governador atribui ao PT e à
pré-candidata Dilma Rousseff a elaboração de um suposto dossiê que reuniria denúncias
contra ele.
“(José Eduardo) Dutra deveria partir pra cima dos aloprados dele. Por que não o faz? Talvez
porque não possa!”, escreveu o senador no microblog. E continuou: “Não faz sentido a
agressão de Dutra contra mim. Não é este o meu estilo. Não faço a mesma coisa.”
Um dos coordenadores da campanha petista, o deputado federal José Eduardo Cardozo (PT-
SP), também comentou o caso do dossiê pelo twitter, dizendo que as declarações de Serra na
quarta-feira denotam a preocupação da oposição com a candidatura petista. “Declarações do
candidato tucano imputando à Dilma responsabilidade sobre o dossiê que sequer existe mostra
histeria e falta de orientação política”, disse Cardozo. “É muito ruim para um candidato agir
dessa forma. Mostra que nossos adversários políticos estão perdidos e desesperados.” (AE) Fonte: O Hoje
Disponível em: <http://www.ohoje.com.br/politica/04-06-2010-guerra-critica-pelo-
twitter- acao-petista/>
Acesso: 06 jun. 2010
126
Suposto dossiê petista deve parar na Justiça
Dirigentes do PT ameaçam processar Serra por danos morais. Sérgio Guerra reage e chama
rivais de “sem-vergonhas”
04 de Junho de 2010
Da Agência Estado, de Brasília
O episódio do suposto dossiê petista contra o pré-candidato do PSDB à Presidência, José
Serra, deve parar na Justiça. Ontem, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, anunciou que o
partido vai interpelar Serra por responsabilizar a adversária Dilma Rousseff pela fabricação
do tal documento. “Decidimos interpelar o Serra judicialmente, por suas acusaçõdes a Dilma
e ao PT, sobre o tal dossiê. Quem não deve não teme”, disse Dutra em sua página no Twitter
(rede de microblogs).
Caso Serra reafirme as declarações, ele será processado por danos morais. “Um candidato à
Presidência não pode ficar fazendo acusações ao léu. Se Serra reafirmar o que disse,
entraremos com uma ação por danos morais. Ele terá de provar o que falou. Essa declaração é
uma lesão à imagem de Dilma”, disse o secretário-geral do PT, José Eduardo Cardozo.
A declaração do petista é mais um capítulo em torno da polêmica sobre o suposto dossiê que,
segundo a revista Veja, teria denúncias contra Serra. Na quarta-feira, a temperatura política
subiu após o pré-candidato do PSDB acusar Dilma de ligação com o caso. “A principal
responsabilidade por esse novo dossiê é da candidata Dilma Rousseff. Disso eu não tenho
dúvida”, disse Serra. A reportagem de Veja, que serviu para desencadear a reação dos
tucanos, relatou que Dilma interveio para abortar a produção do suposto dossiê e desaprovou
sua eventual confecção.
Em nota, o presidente do PT explicou que o objetivo da interpelação judicial será o
“esclarecimento” por parte de Serra sobre essas declarações. “O PT reafirma que nunca sua
direção nacional nem a coordenação da campanha de Dilma Rousseff determinaram a
elaboração de qualquer dossiê a respeito. As especulações acerca do suposto dossiê estão
sendo alimentadas pela oposição numa tentativa desesperada de buscar reverter um quadro
eleitoral adverso”, disse Dutra.
O advogado José Gerardo Grossi reforçará a equipe jurídica da campanha do PT, que tem
ainda como consultor o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos.
Estilo
Ontem, o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), se pronunciou sobre o caso. Ele
chegou a chamar os integrantes do PT de “essa gente sem-vergonha, que não respeita nada”.
“Toda essa manifestação do Dutra ou de gente como ele tem um objetivo: esconder Dilma.
Trata-se de uma inversão ética completa.”
Guerra disse à reportagem que o anúncio de interpelação contra Serra visa “salvar Dilma da
trapalhada porque ela nunca sabe de nada”. Ele também reagiu no Twitter à declaração de
Dutra, que na véspera classificara como “patifaria” a relação feita pelos tucanos entre Dilma e
o suposto dossiê. “Não faz sentido a agressão de Dutra contra mim. Não é esse o meu estilo.
Não faço a mesma coisa”, afirmou Guerra.
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Por outro lado, Dutra cobrou de Guerra o compromisso fechado no debate feito pelo jornal O
Estado de S. Paulo entre os dois, no dia 10 de maio, de evitar baixarias na campanha. “Sérgio
Guerra ainda disse num debate comigo no Estadão que queria uma campanha de alto nível.”
Segundo Veja, um “grupo de inteligência” teria sido montado pelo jornalista Luiz Lanzetta,
dono da Lanza Comunicação, contratada pelo PT, para levantar denúncias contra Serra. Fonte: Diário da Manhã
Disponível em: <http://site.dm.com.br/noticias/politica-e-justica/suposto-dossie-petista-
deve- parar-na-jus>
Acesso: 06 jun. 2010
128
sábado, 5 de junho de 2010 8:26
Segundo Dilma, dossiê contra tucano é 'falsidade, ignomínia'
Da AE
A pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, voltou a dizer que considera "falsidade,
uma ignomínia" a história sobre o suposto dossiê que estaria sendo feito contra o pré-
candidato tucano José Serra a mando da direção o comando de campanha da petista.
"Estou sendo claramente injustiçada. Estou disposta a fazer debate de alto nível e não ficar
respondendo esse tipo de acusação infundada", disse Dilma, ao chegar na 2ª Plenária Nacional
da FUP (Federação Única dos Petroleiros).
Sobre as acusações feitas por Serra de que ela seria a responsável pelo dossiê, a ex-ministra
lembrou que o presidente do PT, José Eduardo Dutra, já tomou as providências cabíveis neste
assunto. Ela disse ainda que lamenta tudo isso.
Dutra, também presente ao evento, disse que vai entrar segunda-feira com interpelação na
Justiça contra José Serra por causa das declarações sobre o suposto dossiê. A intenção era
ingressar com a interpelação ontem, mas em São Paulo é feriado forense, o que adiou a ação
para depois de amanhã.
GUERRA - O senador Sérgio Guerra (PE), presidente nacional do PSDB, criticou em sua
página na rede de microblogs Twitter a intenção do PT de interpelar na Justiça o
presidenciável tucano José Serra. "Dutra deveria partir pra cima dos aloprados dele. Por que
não o faz? Talvez porque não possa!", escreveu o senador no microblog. E continuou: "Não
faz sentido a agressão de Dutra contra mim. Não é este o meu estilo. Não faço a mesma
coisa."
Um dos coordenadores da campanha petista, o deputado federal José Eduardo Cardozo (PT-
SP) também comentou o caso pelo Twitter, dizendo que as declarações de Serra denotam a
preocupação da oposição com a candidatura petista.
Fonte: Diário do Grande ABC
Disponível em: <http://www.dgabc.com.br/News/5814371/segundo-dilma-dossie-
contra- tucano-e-falsidade-ignominia-.aspx>
Acesso: 06 jun. 2010
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Anexo C – Notícias relacionadas à acusação de ligação do PT com as Farc
produzidas pela Agência Estado e analisadas na pesquisa
18/07/2010 - 20:12
PT quer processar Indio da Costa por declarações
Vice de Serra disse que partido é ligado às Farc e ao narcotráfico
"Amanhã, eu e o Cardozo vamos discutir a questão do Indio. Adianto, que não concordo em
chamar o General Custer", ironizou José Eduardo Dutra.
A cúpula do PT se reúne amanhã para avaliar a possibilidade de processar o candidato a vice-
presidente na chapa de José Serra (PSDB), Indio da Costa (DEM). Em entrevista concedida
ao portal que integra a campanha tucana, ele ligou o PT às Forças Revolucionárias Armadas
da Colômbia (Farc), ao narcotráfico e chamou a candidata do PT, Dilma Rousseff, de ateia e
"esfinge do pau oco".
"Todo mundo sabe que o PT é ligado às Farc, ligado ao narcotráfico, ligado ao que há de pior.
Não tenho dúvida nenhuma disso", afirmou. Depois, respondendo a uma provocação feita por
Dilma em comício no Rio de Janeiro - ela disse que seu vice, Michel Temer (PMDB), não foi
improvisado -, Indio chamou a candidata petista de ateia e "esfinge do pau oco".
Pela internet, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, reagiu às declarações de Indio da
Costa. "Esse Indio desqualificado quer ser processado. O problema é que ele não vale o custo
do papel necessário para a petição", afirmou Dutra.
General Custer - No final da tarde deste domingo, o presidente do PT informou que vai se
reunir com o secretário geral do partido, José Eduardo Cardozo, para discutir o assunto. E
adotou a ironia para tratar do caso: "Amanhã, eu e o Cardozo vamos discutir a questão do
Indio. Adianto, que não concordo em chamar o General Custer". O secretário nacional de
Comunicação do PT, deputado André Vargas (RS), também ironizou: "O Indio do Serra
deveria continuar mostrando como conhece a política nacional. É o vice dos nossos sonhos.
Tá ajudando muito mesmo".
Mesmo aliados da campanha do PSDB admitem que Índio da Costa errou nos ataques feitos
ao PT e à Dilma. O presidente do PSDB, Sérgio Guerra, preferiu se esquivar do assunto.
Disse que preferia se manifestar depois de conversar com o vice de Serra. "Já ouvi falar
muitas vezes de ligação do PT com as Farc, mas não tenho elementos para dizer que há
ligações do partido com as Farc", afirmou.
Apesar disso, o líder do DEM na Câmara, deputado Paulo Bornhausen (SC), saiu em defesa
do companheiro de partido. "O vice Indio falou o que todos já sabem. O PT tem ligações
umbilicais com as Farc, que, por sua vez, vivem do narcotráfico. O que falta é a Justiça agir!",
postou o deputado no seu twitter.
Com Agência Estado
Publicada por: Veja.com Disponível em: <http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/pt-quer-processar-indio-da-costa-
por- declaracoes>
Acesso: 23 jul. 2010
130
publicado em 19/07/2010 às 11h57 Vice de Serra ganha apoio de aliados por acusar PT de ligações com narcotráfico
Roberto Jefferson (PTB) e líder do DEM usam Twitter para fazer coro às declarações
Do R7, com informações da Agência Estado Foto: Reprodução Twitter
Aliados fazem coro às declarações de Índio da Costa no Twitter
Depois de acusar o PT de manter ligações com as Farc (Forças Revolucionárias Armadas da
Colômbia) e com o narcotráfico, em entrevista a um dos sites do PSDB, o vice de José Serra
na disputa pela Presidência, o deputado Indio da Costa (DEM), ganhou apoio de dois aliados
que reforçaram as acusações tucanas pelo Twitter.
Roberto Jefferson, presidente do PTB, e Paulo Bornhausen, líder do DEM na Câmara dos
Deputados, utilizaram o microblog para defender o democrata e repetir o discurso.
Em entrevista ao site Mobiliza, criado pelo PSDB para fomentar debates em redes sociais,
Costa disse ter certeza da parceria entre PT e o narcotráfico e chamou a presidenciável do PT
de "esfinge do pau oco" e ateia. O vídeo da conversa já foi retirado do endereço eletrônico.
- Todo mundo sabe que o PT é ligado às Farc, ligado ao narcotráfico, ligado ao que há de
pior. Não tenho dúvida nenhuma disso.
Bornhausen apoiou o colega de partido e republicou uma mensagem de outro internauta que
classifica as denúncias como “fatos”, também completou dizendo que falta apenas a “Justiça
agir”.
- [Indio da Costa] Falou o que todos já sabem: o PT tem ligações umbilicais com as Farc, que
por sua vez vive do narcotráfico. O que falta é a Justiça agir.
131
O presidente petebista, Roberto Jefferson, também aproveitou a polêmica e reforçou.
- O PT quer processar Indio, vice do Serra, que tuitou que o PT é ligado as Farc. E
não é?
Processo
A cúpula do Partido dos Trabalhadores vai se reunir nesta segunda-feira (19) para
analisar a possibilidade de processar o candidato a vice-presidente de José Serra
(PSDB) pelas declarações.
Também pela internet, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, reagiu às declarações.
- Esse Índio desqualificado quer ser processado. O problema é que ele não vale o
custo de papel necessário para a petição.
Twitter Esta não é a primeira vez que Roberto Jefferson utiliza o Twitter para polemizar. No
mês passado, o presidente do PTB tentou antecipar a escolha do candidato a vice-
presidente na chapa de José Serra.
Poucos dias após oficializar aliança com os tucanos para as Eleições 2010, Jefferson
disse que recebeu a informação do próprio presidente do PSDB, Sérgio Guerra. Ele
afirmou que o vice seria o senador Álvaro Dias (PSDB-PR). Publicada por: R7 Notícias
Acesso: 23 jul. 2010
132
JUSTIÇA
PT entra com 2 ações contra Indio da Costa
Vice de José Serra acusou os petistas de terem ligação com o narcotráfico e as Farc.
Partido entrou com representação no STF contra o democrata
Publicado em 20/07/2010 | AGÊNCIA ESTADO
O PT entrou com duas representações contra Indio da Costa (DEM-RJ), candidato a
vice- presidente na chapa do tucano José Serra. No Tribunal Superior Eleitoral (TSE),
o partido pediu direito de resposta no site do PSDB. Na semana passada, em entrevista
ao site Mobiliza PSDB, Indio disse que o PT está ligado ao narcotráfico, às Forças
Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e "ao que há de pior" na política.
Uma das representações criminais contra Indio da Costa foi impetrada no Supremo
Tribunal Federal (STF), sob a alegação de injúria, calúnia e difamação. A segunda
representação, que deu entrada na Procuradoria-Geral da República (PGR), pede a
abertura de um processo contra o vice de Serra por danos morais.
"Se depender de nós, não haverá uma batalha judicial, mas todas as vezes em que
formos acusamos e ofendidos vamos recorrer ao Judiciário", afirmou o presidente
do PT, José Eduardo Dutra, que coordena a campanha de Dilma Rousseff à sucessão
do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "As declarações do candidato a vice de
Serra são mentirosas, inaceitáveis e gravíssimas."
A cúpula petista avalia, porém, que as estocadas de Indio não são aleatórias. "Fazem
parte da estratégia que a oposição escolheu para fazer a campanha", insistiu Dutra,
fazendo críticas a Serra. "Temos visto, inclusive, manifestações do próprio candidato
do PSDB que procuram desqualificar Dilma."
A ação criminal contra Indio será impetrada no Supremo Tribunal Federal (STF),
sob a alegação de injúria, calúnia e difamação. O PT moverá, ainda, ação civil contra
o vice de Serra por danos morais e outra eleitoral, com a solicitação de direito de
resposta no site tucano.
Embora considerem que a ofensiva de Indio faça parte da estratégia da oposição para
atacar Dilma, Dutra e o secretário-geral do PT, José Eduardo Cardozo, disseram que
aguardarão até hoje à tarde uma manifestação oficial do PSDB sobre as declarações
do deputado. Caso o PSDB não discorde publicamente de Indio, o PT também
ingressará na Justiça contra o partido de Serra. "Antes que o PSDB vire réu, vamos
dar o direito da dúvida ao partido", afirmou o presidente do PT. "Se o PSDB não
se pronunciar, entenderemos que há conivência", emendou Cardozo, um dos
coordenadores do comitê jurídico da campanha petista.
Apoio
Mas em declaração à imprensa durante a inauguração de um comitê em Belo Horizonte,
Serra afirmou ontem que "todo mundo sabe" da ligação do PT com as Farc, mas
salientou que isso não significa que o partido tenha vínculos com o narcotráfico.
Apesar de dizer que os esclarecimentos cabem a Indio, o candidato tucano endossou o
vice no que se refere às ligações das Farc com o Partido dos Trabalhadores. "A ligação
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do PT com as forças armadas revolucionárias colombianas, isso todo mundo sabe, tem
muitas reportagens, tem muita coisa. Apenas isso. Agora, as Farc são uma força ligada
ao narcotráfico. Isso não significa que o PT faça o narcotráfico."
A princípio, Serra procurou minimizar as declarações de Indio - afirmando que se
trata de uma opinião. "Os esclarecimentos do que disse, do que não disse, o próprio
Indio da Costa o fará. Agora, de toda maneira, aí nós estamos discutindo opiniões.
Alguns podem gostar, outros não gostar", declarou Serra.
O tucano preferiu atacar o PT e manteve a estratégia de evitar críticas diretas a Lula.
"O PT faz uma coisa sempre interessante. Quando pratica algo ilegal com alguém, a
vítima passa a ser a culpada. Quando é condenado pela Justiça, a Justiça passa a ser
culpada. Realmente é uma capacidade de metamorfose sensacional, mas que tem
muito pouca credibilidade. Francamente, eu nunca tinha ouvido isso."
Declaração
Após a repercussão de sua declaração de que o PT tem ligação com o tráfico e com
os guerrilheiros das Farc , Indio da Costa voltou a comentar o assunto ontem no Twitter.
"PT não faz narcotráfico. As Farc, sim'', disse Indio.
O democrata fez os ataques ao partido em entrevista concedida sexta-feira ao portal
Mobiliza PSDB', que integra o aparato da campanha tucana na internet. "Todo mundo
sabe que o PT é ligado às Farc, ligado ao narcotráfico, ligado ao que há de pior. Não
tenho dúvida nenhuma disso'', afirmou Indio na ocasião.
Em texto publicado na madrugada de sábado no Twitter, Indio chamou Dilma de
ateia e "esfinge do pau oco''. Ele fez o ataque após a petista afirmar, em comício na
sexta-feira no Rio, que seu vice "não caiu do céu''. Publicada por: Gazeta do Povo
Disponível em:
<http://www.gazetadopovo.com.br/vidapublica/conteudo.phtml?tl=1&id=1026861&tit=P
T- entra-com-2-acoes-contra-Indio-da-Costa>
Acesso: 23 jul. 2010
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| POLÍTICA | 21.JUL - 19:52
Indio volta a falar sobre ligação do PT com as Farc
Por Alfredo Junqueira
O candidato a vice-presidente na chapa liderada por José Serra (PSDB), deputado
federal Indio da Costa (DEM), voltou a afirmar hoje, durante , que o PT tem ligações
com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Pressionado por críticas, ameaçado de processo por dirigentes petistas, o parlamentar
foi ainda mais longe. Afirmou que o narcotráfico que financia as Farc é o mesmo que
banca o Comando Vermelho e a situação de "guerrilha urbana" que, segundo ele,
vive o Estado atualmente.
Indio cobrou um posicionamento de Dilma Rousseff, candidata petista à Presidência.
"Acho que não fui respondido pela Dilma se o PT tem ou não tem ligação com as Farc,
e se as Farc têm ou não têm ligação com o narcotráfico", disse. "Estou
esperando uma resposta", acrescentou, durante corpo a corpo realizado no bairro da
Taquara, na zona oeste do Rio. "É o narcotráfico que tem a ver com essa guerrilha
urbana, que a gente vive no Rio, em São Paulo, Belo Horizonte e pelo Brasil afora".
Indio demonstrava nervosismo ao falar sobre o assunto. Durante toda a entrevista
aos jornalistas preferiu cobrar de Dilma respostas sobre o assunto a falar sobre as
ameaças de processo, e a repercussão de suas declarações. Confuso, respondeu a
apenas duas perguntas sobre o tema, e virou as costas quando foi perguntado mais sobre
o assunto.
Em meio às acusações das supostas ligações do PT com as Farc, Indio ainda
questionou a pressão que o Partido dos Trabalhadores estaria exercendo sobre a vice-
procuradora-geral eleitoral, Sandra Cureau, e o vazamento de dados do sigilo fiscal do
vice-presidente nacional do PSDB, Eduardo Jorge, por auditores da Receita Federal.
As declarações do candidato a vice foram feitas a poucos metros de distância de onde
Serra cumprimentava eleitores.
Processo
Sobre a intenção do PT de processá-lo por conta dessas declarações, o parlamentar
disse considerar a ameaça "ridícula". Hoje, pela manhã, logo após participar da
apresentação pelo Comitê Olímpico Brasileiro sobre a organização dos Jogos Olímpicos
de 2016, Indio afirmou que "o PT que está nervoso", e que já havia enviado
documentos que comprovariam as relações do partido com as Farc para mais de um
milhão e meio de pessoas, via Twitter. Questionado se o comando nacional do PSDB havia pedido para ele diminuir as críticas,
Indio disse que com ele ninguém falou nada. O candidato a vice ainda informou que foi
procurado por uma revista colombiana para falar sobre as suas acusações. Ele falou
sobre o assunto pela primeira vez na sexta-feira, 16, em uma entrevista para o site da
campanha de Serra.
Copyright © 2010 Agência Estado. Todos os direitos reservados.
Publicado por: IstoÉDinheiro
Disponível em:
<http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/29091_INDIO+VOLTA+A+FALAR+SOBR
E+LI GACAO+DO+PT+COM+AS+FARC>
Acesso: 23 jul. 2010
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ANEXO D - Relação integral dos tweets divulgados por políticos
no período analisado – caso dossiê
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ANEXO E - Relação integral dos tweets divulgados por
jornalistas no período analisado – caso dossiê
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ANEXO F - Relação integral dos tweets divulgados por políticos
no período analisado – caso PT-Farc
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ANEXO G - Relação integral dos tweets divulgados por
jornalistas no período analisado – caso PT-Farc
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SILVA, Ângela C. P. Impactos do Twitter na cobertura da
campanha eleitoral 2010: o caso da Agência Estado. 192 f.
Monografia (Bacharelado em Comunicação Social – Habilitação
em Jornalismo) – Universidade Metodista de Piracicaba
(UNIMEP), Piracicaba, SP.