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CENTRO UNIVERSITÁRIO BARÃO DE MAUÁ
MARCIA KISTER SOARES
O LUGAR DO DESEJO
NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM
RIO DE JANEIRO – RJ
2012
MARCIA KISTER SOARES
O LUGAR DO DESEJO
NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM
Monografia de conclusão do Curso de Pós-Graduação em Educação Infantil no Centro Universitário Barão de Mauá.
Orientador : Prof. Dr. Sílvio Reinod Costa
RIO DE JANEIRO - RJ
2012
S655lSoares , Márcia Kister
O lugar do desejo no processo ensino-aprendizagem / Márcia Kister Soares – Rio de Janeiro, 2012.
33p.
Trabalho de conclusão do curso de Pós Graduação em Educação Infantil do Centro Universitário Barão de Mauá.
Orientador: Prof. Dr. Silvio Reinod Costa
1. Aprendizagem 2. Desejo 3. Desenvolvimento 4. Educação 5. Linguagem 6. Pensamento 7. Afetividade I. Costa, Silvio Reinod II. Título
CDU 37.015.3:159.942
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi refletir sobre o desejo e a afetividade no processo de
ensino-aprendizagem e o papel do professor como mediador. Trata-se de um trabalho de
cunho teórico, de levantamento entre autores que tratam dos temas pertinentes ao objetivo
proposto. Objetivando a construção de um sujeito crítico, livre; que, mediado pelo professor,
interprete suas experiências de vida e atue no processo ensino-aprendizagem.A Psicanálise
entende o sujeito como submetido e constituído pela linguagem; um sujeito estruturado pelo
desejo.Esse discurso universal tem como elemento o significante, que pode ser entendido
como a palavra gravada no inconsciente, que representa o sujeito, estruturando o seu desejo
e seu gozo, ou seja, a sua satisfação inconsciente. O desejo na Psicanálise trata de uma falta a
ser realizada. Somos seres faltantes, e podemos levar a vida tentando saciar o nosso desejo.
Nesta busca de respostas e caminhos a seguir, poderemos descobrir que nossas demandas
continuarão existindo; pois em todas as escolhas que fazemos, revelamos um novo desejo. Na
escola, lugar de construção do conhecimento, é necessário lançar mão de memórias que são a
própria história do sujeito agente de sua aprendizagem. Não existe objetividade em criar um
ambiente totalmente desvinculado da realidade vivida pelo aluno. Segundo Vygotsky, a
passagem das funções psicológicas elementares para as superiores ocorre pela mediação
proporcionada pela linguagem, que intervém no desenvolvimento intelectual da criança desde
o momento de seu nascimento. O processo de internalização, com todas as suas
particularidades, caracteriza-se como uma aquisição social onde, partindo do socialmente
dado, a criança processa opções que são feitas de acordo com suas vivências e possibilidades
de troca e interação. O desenvolvimento vai além das aparentes capacidades apresentadas. A
teoria de Wallon considera o desenvolvimento da pessoa completa integrada ao meio em que
está imersa, com os seus aspectos afetivo, cognitivo e motor também integrados. Assim, a
ênfase é para a integração – entre organismo e meio e entre as dimensões: cognitiva, afetiva e
motora na constituição da pessoa. A escuta torna-se importante para pensar e direcionar o
planejamento. A escuta é disponibilidade ao outro e a tudo quanto ele tem a dizer. O aluno
poderá aprender também com os colegas mais experientes ou que tiveram vivências
diferenciadas. O desenvolvimento se constitui na interação de diferentes sujeitos e realidades.
Cada um tem o seu lugar neste processo.
PALAVRAS-CHAVES: aprendizagem; desejo; desenvolvimento; educação;
linguagem; pensamento; afetividade.
SUMÁRIO
Introdução.................................................................................................................6
Capítulo 1 – UMA BREVE HISTÓRIA DA ESCOLA NO BRASIL..................8
Capítulo 2 – O DESEJO E A PSICANÁLISE.....................................................10
Capítulo 3 – A ESCOLA........................................................................................13
Capítulo 4 – O DESENVOLVIMENTO EM VYGOTSKY...............................16
Capítulo 5 – O DESENVOLVIMENTO EM WALLON....................................19
Capítulo 6 – A INTERAÇÃO PROFESSOR x ALUNO....................................21
Capítulo 7 – A CONSTRUÇÃO DO PLANEJAMENTO..................................25
Conclusão ...............................................................................................................28
Bibliografia .............................................................................................................30
AGRADECIMENTOS
Ao meu amor, Mauro. Sua dedicação como motivador, responsável, suporte, parceiro
e amigo foi fundamental para a realização deste trabalho.
À minha orientadora e irmã Marta. Suas palavras de encorajamento e suas pegadas
firmes e claras me guiaram vários passos nesta estrada.
À minha irmã Candida que me apresentou à Educação Infantil, mostrando-me, com
toda paciência, suas implicações, dificuldades e que delícia é.
À professora Leonor, que, voluntariamente, fez comentários e deu dicas bibliográficas
bastante pertinentes.
A Elias e Adelina (meus pais) que possibilitaram meu encontro com a Educação em
todos os sentidos.
À minha irmã Alcinéa, que, contra a estatística, abriu-nos (às suas irmãs) o caminho
do conhecimento institucionalizado, acessível a uma minoria em nosso país.
Às minhas filhas lindas, Samara e Maíza, que muitas vezes me encantam com o
enorme desejo de saber percebido nelas por qualquer pessoa que as observe.
À minha Orientadora Pedagógica Bruna, por suas dicas e orientações carinhosamente
meticulosas.
Ao professor Ricardo por sua atenção, encorajamento e observações construtivas.
Aos meus alunos, meus parceiros que, diariamente, me permitem viver momentos de
prazer, crises, desafios, emoções, construções, constatações, gargalhadas, carinho,
aprendizagem...
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INTRODUÇÃO
Este trabalho tem o objetivo de nos levar, profissionais da Educação, a uma reflexão
sobre nossa prática pedagógica, nossa colaboração, responsabilidade e lugar no processo
ensino-aprendizagem.
Segundo Vygotsky vivemos uma dialética que, de crise em crise, transforma e
reorganiza o pensamento, possibilitando o surgimento de novas características, perdas de
algumas e reorganização de outras.
Queremos pensar quais são os agentes nessa construção; que elementos podem ser
decisivos para que o processo ensino-aprendizagem se efetue, ou não; se existe algo no sujeito
que o impulsiona a encontrar outros saberes, além dos que já possui. Queremos encontrar um
caminho que busque valorizar o sujeito e acompanhá-lo, como um parceiro, rumo à satisfação
de seu suposto desejo de aprender.
Sendo seres faltantes ou receosos de vir a ser, como aponta Freud; desejantes como
acredita Lacan; históricos, sociais e culturais como nos diz Vygotsky e completos, na visão de
Wallon; como nos valermos destas propriedades para que a construção do saber se efetive?
Foram lidos autores como Freud, Lacan, Vygotsky e Wallon os quais nos ajudam a
resignificar o processo ensino-aprendizagem.
Nesse caminho da Educação, por vezes nos deparamos experimentando algo bom,
uma energia positiva (um gozo mesmo!) em meio àquela atmosfera inquietante da sala de
aula... Seria coincidência este sentimento surgir ligado a uma nova construção no grupo, um
novo saber acontecendo, uma história de vida sendo entendida e modificada? Será que o
desejo de aprender estaria no seu momento de saciar-se? Será que o saber estaria se fazendo?
Seria o “ser aprendente”, que também ensina, como aponta Paulo Freire, assumindo seu lugar
de agente do próprio saber?
Será que o saber envolve conhecimento e gozo? O saber é o conhecimento amarrado a
alguma satisfação? Há um verdadeiro desejo de saber? O professor pode trabalhar visando
novas possibilidades de gozo dos alunos? Onde é que o desejo se apresenta? A falta, de fato,
existe?
O tema que abordaremos coloca-se-nos como um desafio a ser enfrentado, tanto em
nível teórico quanto das práticas pedagógicas na relação ensinar-aprender.
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Consideramos o desejo e sua possível vinculação com o processo de aprendizagem.
Será a aprendizagem um processo exclusivamente consciente e produto da inteligência? Qual
a importância dos fatores relacional e afetivo no ato de ensinar-aprender?
Propomo-nos a analisar e a discutir a relação ensino-aprendizagem a partir de uma
visão integradora do ser humano.
Será que a transmissão e apropriação do conhecimento ocorre numa relação sujeito a
sujeito? Existe o ato de ensinar-aprender sem a mediação da interação? Existirá processo
ensino-aprendizagem sem que haja interação entre inteligência, afetividade e desejo?
O que podemos entender por ensino, aprendizagem, conhecimento, afetividade e
desejo? Qual o lugar do desejo no processo ensino-aprendizagem? Ele é fundamental? O que
se busca quando se quer aprender algo? Tendo em vista a subjetividade das nossas
representações do mundo, qual a melhor maneira de agir com nossos alunos, para que o
processo ensino-aprendizagem se efetive? Como construir o planejamento e quais
caracterísicas ele deverá apresentar para que nossos alunos se tornem participantes ativos do
próprio processo ensino-aprendizagem?
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CAPÍTULO 1
UMA BREVE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL
No Brasil, a escola passou a ser uma instituição organizada apenas no final do séc.
XIX. O objetivo era entrar no mundo novo – novo modo de pensar, sentir, querer e agir.
Tratava-se do início de uma instituição que surgia a partir do objetivo da sociedade de ter
cidadãos capazes de enfrentar a concorrência do mercado de trabalho.
Nesta época iniciava-se o ensino da leitura com as “cartas de ABC” e, depois, liam-se
e copiavam-se documentos manuscritos. Era dada muita importância à caligrafia. Parece que a
visão era de que, escrever era grafar de maneira correta. Até mesmo quando se fazia um
“ditado”, o que se esperava era que o sujeito tivesse na memória a forma correta da escrita das
palavras (Era dada a lista das palavras antecipadamente para que os alunos “estudassem”).
Ignorava-se que ter escrito umas palavras ortograficamente corretas poderia ter sido apenas
um exercício de memória e não uma escrita, onde o escritor pensa, avalia e considera o
conjunto e a posição das letras que precisará reunir para construir seu texto.
Poucos tinham a oportunidade de refletir e criar, utilizando a escrita como forma de
registro. O questionamento dos valores e ideais não tinha espaço na escola. O aluno
trabalhava com textos padronizados, escolarizados e repetitivos.
Os métodos foram surgindo: a soletração partia do nome das letras; o fônico partia do
som das letras e a silabação emitia o som a partir das sílabas.
O aluno era concebido como alguém que não sabia nada. O sistema da leitura e escrita
era apresentado aos poucos.
A escrita se resumia em copiar e fazer exercícios repetidos de ortografia e de
concordância.
Não existia o entendimento da importância de se considerar a realidade dos alunos,
seus saberes e suas vivências; de se construir no ambiente escolar, cidadãos críticos, autores
de suas idéias e opiniões, mas sim, ótimos de memória que podiam repetir as idéias e
conceitos que as instituições e cartilhas julgavam importantes. Até mesmo as redações criadas
por solicitação do professor obedeciam a padrões rígidos pré-estabelecidos.
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As primeiras cartilhas brasileiras foram elaboradas por professores do Rio de Janeiro e
de São Paulo.
As cartilhas desempenharam um importante papel na trajetória da alfabetização. Ainda
resistem ao tempo e guardam a memória histórica da escola. Elas norteavam o trabalho dos
professores formados e dos leigos que se empenhavam, mesmo sem orientação, a alfabetizar
em lugares improvisados ou na escola oficial carente de seus bons préstimos.
As imposições metodológicas obrigaram os educadores a buscarem formas de adaptar
o método ao seu fazer pedagógico. Muitos foram, naturalmente, construindo um “ecletismo
processual e conceitual em alfabetização”, segundo Mortatti(2007).
As cartilhas passaram a utilizar métodos mistos ou ecléticos, elaborando manuais para
professores. Predominava a idéia de que o aluno precisava passar pelo período preparatório
com exercícios para poder chegar à alfabetização.
Chegamos à década de 1980. Introduziu-se no Brasil o pensamento construtivista. Os
embates eram grandes. Quem não se convertia ao construtivismo era discriminado e sofria a
acusação de ser tradicional limitado e arcaico. Algumas interpretações equivocadas levaram
os educadores a rejeitarem os livros didáticos e os planejamentos das aulas, passando a ser
vistos pelo grupo conservador como descuidados e sem planejamento.
Hoje, o alvo é a construção de um sujeito crítico, livre, que, mediado pelo professor,
interprete suas experiências de vida e atue no processo ensino-aprendizagem.
Educadores têm percebido que a sala de aula ganhou uma dimensão tão ampla que os
métodos foram superados pela necessidade do educando de ter uma aula significativa, na qual
seus desejos e seus saberes sejam respeitados.
Nossa percepção tem sido de que a aprendizagem pode ultrapassar as cartilhas e se
servir de tudo o que aparece em torno da criança. Seu próprio nome será instrumento de
alfabetização, bem como a música de ninar, a reportagem sobre a Dengue e o Futebol, a lista
de guloseimas que serão servidas na festa junina, as regras do jogo, as fotos de um álbum; até
mesmo um lindo mascote levado à sala de aula que encantou a turma, sem deixar a aula
seguir como planejada.
Podemos adaptar aquele interesse do momento e utilizá-lo como instrumento
significativo à disposição da atenção dos aprendizes nas variadas situações dentro do espaço
pedagógico.
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CAPÍTULO 2
O DESEJO E A PSICANÁLISE
“A natureza instalou em nossas mentes um desejo insaciável de ver a verdade.”
(Cícero)
A partir de Freud (1929), podemos observar a existência de uma fala involuntária e
excêntrica, que irrompe muitas vezes em meio a um discurso consciente sem ter sido
provocada pelo eu e que se apresenta, por exemplo, nos sonhos, nos atos falhos, nos chistes,
nos esquecimentos involuntários etc. Baseado no estudo dos sonhos, Freud postulou que esse
tipo de discurso se origina de outro lugar psicológico, de outra instância, que foi chamada de
inconsciente.
Freud enfatizou que tais pensamentos e falas involuntárias, visíveis nos sonhos, nos
sintomas e nas demais formações inconscientes, partilham de uma estrutura comum de
funcionamento, que é uma estrutura de linguagem.
Lacan (1988), expressa essa hipótese através da fórmula: ”O inconsciente é
estruturado como uma linguagem”, o que o levará à idéia do grande Outro. Para Lacan, o
inconsciente é considerado como discurso do Outro, no sentido de que o inconsciente é
constituído por palavras que surgem de um outro lugar, de um discurso universal no qual
estamos imersos, que antecede ao nosso nascimento e no qual o sujeito já nasce inscrito.
O outro, entretanto, não existe como uma entidade abstrata, mas se materializa na
nossa vida através dos outros, dos semelhantes com quem convivemos. Inicialmente podem
ser nossos pais, depois os nossos professores, os nossos mestres ou ídolos ou qualquer
autoridade. Cada um desses indivíduos assume periodicamente a função do grande Outro, de
modo que seu discurso e desejo fluem para nós através desses indivíduos. É o outro, portanto,
materializado nos outros com quem convivemos, que é responsável pela criação da construção
imaginária que designamos por “eu”, bem como pelo chamado auto-conceito.
Nascidos na e pela linguagem tornamo-nos habitantes desse universo de palavras, do
Outro da linguagem, que poderia ser representado como o conjunto de todas as palavras e
expressões de uma língua, o qual nos foi legado por séculos de tradição. Esse discurso
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universal tem como elemento o significante, que pode ser entendido como a palavra gravada
no inconsciente, que representa o sujeito, estruturando o seu desejo e seu gozo, ou seja, a sua
satisfação inconsciente.
A Psicanálise entende o sujeito como submetido e constituído pela linguagem; um
sujeito estruturado pelo desejo.
O desejo nasce da frustração. Contudo, ultrapassa a resposta que esteja ao nível da
satisfação e, nesta contradição, surge a dificuldade de se formular um desejo. O desejo de ser,
recalcado em prol do desejo de ter, impõe à criança que engaje a partir de então, seu desejo no
terreno dos objetos substitutivos do objeto perdido. Para tanto, o desejo irá fazer-se palavra. O
desejo permanece, portanto, sempre insatisfeito, pela necessidade de se fazer linguagem.
Durante o nosso desenvolvimento, o desejo de ser o centro das atenções, o desejo de
ser amado e desejado começa a ser ameaçado; e essa ameaça nos segue nas nossas relações
com o Outro.
Lacan conclui que “... o mundo freudiano não é um mundo das coisas, não é um
mundo do ser, mas um mundo do desejo como tal” (Lacan, 1985:280).
Mas, o que é o desejo?
Para a psicanálise é preciso distinguir entre necessidade, demanda e desejo. A
necessidade é biológica e diz respeito ao corpo, como a necessidade de água, de ar ou de
alimento. É instintual e animal e tem sempre um objeto que a satisfaz. Já a demanda pede por
um objeto específico, por exemplo, demanda de amor, ajuda, reconhecimento; e é dirigida
sempre a um outro, pois o mundo humano impõe que o homem tenha que demandar a seu
semelhante para poder sobreviver.
Enquanto na demanda o sujeito se dirige ao outro e pede “me dá isso”, o desejo é uma
busca autônoma: “eu quero isso”. Ou seja, enquanto a realização da demanda depende do
outro, o desenvolvimento do desejo, o querer, depende fundamentalmente do sujeito. O desejo
é a busca constante por algo mais, para o qual não existe nenhum objeto capaz de satisfazê-lo
ou extingui-lo. O desejo se sustenta em uma permanente insatisfação, que remete a uma busca
por uma falta inicial, a um objeto perdido, o qual seria a causa do desejo.
O desejo é “Justamente a busca, a procura daquele objeto suposto da primeira
experiência fictícia de satisfação, que nunca existiu, mas é um postulado necessário a Freud
para constituir o objeto como faltante e sua consequente busca da parte do sujeito.” (Quinet,
2000:88).
O desejo na Psicanálise trata de uma falta a ser realizada.
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Para Lacan o desejo aponta uma relação intrínseca com a ordem biológica das
necessidades. Desejo é uma palavra que nos remete ao sentido sexual. É interior, por assim
dizer. O “eu quero” independe do discurso do outro como na demanda. E a demanda denota
um querer do outro, aquele que pede algo a alguém e, para isso utiliza a fala para informar ao
outro o que deseja.
É o desejo que move o aparelho psíquico; que nos faz sonhar, dormir e acordar. O
homem é um ser desejante. Freud acredita que o desejo coloca nosso aparelho mental em
ação. Podemos questionar então, se a satisfação do desejo acontece na realidade.
Apesar do nosso discurso sempre direcionado a evocar a “satisfação” ou a
“insatisfação” do desejo, ela se dá a nível psíquico. É a pulsão que encontra (ou não) um
objeto de satisfação na realidade.
O desejo é sustentado pela falta, de tal forma que este vazio constitui-se tanto como o
que causa o desejo, como aquilo a que ele visa.
Há uma diferença radical entre a satisfação de um desejo e a corrida em busca do acabamento do desejo – o desejo é essencialmente uma negatividade, introduzida num momento que não é especialmente original, mas que é crucial de virada. O desejo é aprendido inicialmente no outro, e da maneira mais confusa. A relatividade do desejo humano em relação ao desejo do outro, nós a conhecemos em toda relação em que há rivalidade, concorrência, e até em todo o desenvolvimento da civilização atual. (LACAN, 1979, p.172).”
Somos seres faltantes, e podemos levar a vida tentando saciar o nosso desejo. Nesta
busca de respostas e caminhos a seguir, poderemos descobrir que nossas demandas
continuarão existindo; pois em todas as escolhas que fazemos revelamos um novo desejo.
No mundo da linguagem lidamos com palavras, com imagens e com símbolos que
deslizam continuamente. Aquilo que poderia nos satisfazer, nos escapa. O sujeito vive um
processo contínuo de escuta do desejo.
O desejo é subjetivante, referindo-se à estrutura simbólica, ao nível inconsciente. O
desejo tende à individualidade, tornando cada ser humano único em relação ao outro.
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CAPÍTULO 3
A ESCOLA
Muito antes de ser capaz de ler, no sentido convencional do termo, a criança tenta
interpretar os diversos textos que encontra a seu redor (livros, embalagens, comerciais,
cartazes de rua, títulos, anúncios de televisão, histórias em quadrinhos, etc.). Ao chegar à
escola, a criança leva seus saberes para associar ao que será desenvolvido neste espaço
privilegiado de construção do conhecimento. É um espaço novo, que gera expectativas
naquele ser aprendente, porém ensinante, como nos diz Paulo Freire. É bom que a escola seja
vista como um espaço onde se trocam saberes, num crescimento, tanto dos educadores como
dos educandos.
Na escola, lugar de construção do conhecimento, é necessário lançar mão de memórias
que são a própria história do sujeito agente de sua aprendizagem. Não existe objetividade em
criar um ambiente totalmente desvinculado da realidade vivida pelo aluno.
A comunidade também pode ter seu lugar na construção do currículo. Pode-se, com
esta parceria, montar estratégias dentro da escola para receber os responsáveis, representantes
de associações, voluntários, comerciantes locais e outros que tenham alguma contribuição na
construção de uma escola de qualidade. Com este olhar, a direção da escola e sua equipe
pedagógica caminham no sentido de construir meios que facilitem esta parceria; registrando
os encontros e tornando acessíveis estes registros; confeccionando relatórios, prestações de
contas, agendas das atividades da escola, etc.
Quando, numa escola, nos deparamos com produções de textos e trabalhos nos murais,
tanto de alunos da pré-escola como de pais, responsáveis, professores, funcionários, etc.;
alunos que pesquisam com liberdade, fazendo homenagens às mães, participando de
campanhas como o combate à Dengue, a preservação do meio ambiente, o perigo de soltar
balões, dentre outras; com educadores em constante formação, buscando livros, participando
de encontros, pesquisando, refletindo sobre sua prática; podemos notar uma escola
caminhando no seu objetivo de formar cidadãos conscientes, críticos, que buscam
compreender e transformar a realidade. Neste ambiente as pessoas sentem-se seguras para
acertar e para errar, pois percebem o erro como parte da construção do conhecimento.
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Nosso cérebro tem muitas peculiaridades que estão sendo descobertas. A partir destas
descobertas, estratégias de ensino podem ser criadas. Esta dinâmica de estudos e pesquisas
tem seu lugar principal na escola.
Quando a família, por algum motivo, diminui sua colaboração na formação do aluno, a
escola continua sendo escola, e poderá trabalhar com essa ajuda, por mínima que seja. A
escola, nesta situação, terá a seu favor a formação continuada de sua equipe de professores,
suas novas descobertas, e o que mais tiver de relevante nas pesquisas dos teóricos e nas
próprias interações construídas na comunidade escolar.
Assim, o aluno poderá perceber que a escola faz parte do mundo; que ele não precisa
esquecer sua vida quando entra em suas dependências, pois esta instituição se coloca na busca
por preencher a falta do saber que é sentida por ele. O educador, por sua vez, coloca-se como
acompanhante e parceiro na construção do conhecimento que, imagina-se, irá preencher esta
falta.
Tendo a visão de que o aluno já chega com seus conhecimentos prévios, sua história,
sua cultura, a escola se torna um espaço onde o sujeito vai “aprender a aprender mais” na
interação entre os elementos da ação educativa.
A escola é um espaço de criação e expressão cultural das crianças, das famílias e da
comunidade; onde essas diversas habilidades e capacidades se desenvolverão. Por isso
mesmo é bom que a escola possibilite a participação dos alunos em comemorações e festas
tradicionais da cultura brasileira, visitas a locais significativos de nossa cidade: a parques, a
museus, ao jardim zoológico, a exposições, a padaria, a uma oficina, a praça, ao corpo de
bombeiros, etc.
De acordo com a teoria piagetiana da equilibração, a criança, ao se confrontar com
conflitos, para resolvê-los, cria estratégias a partir de esquemas que já dispõe. Neste caso suas
experiências anteriores são psicomotoras. Os conceitos básicos da aprendizagem (dentro/fora,
em cima/em baixo, escuro/claro, mole/duro, cheio/vazio, grande/pequeno, direita/esquerda,
entre outros), por exemplo, são experimentados, primeiramente no corpo do sujeito para que
depois possam ser representados.
Podemos avaliar, com isso, a importância da escola organizar-se de forma a
possibilitar o movimento na Educação Infantil: o correr, o pular e saltar em espaços amplos, o
desenvolvimento da força, a agilidade e equilíbrio físico, as atividades realizadas em espaços
livres, a oportunidade de explorar novos ambientes e interagir com outras crianças e adultos,
os espaços livres cobertos para atividades físicas em dias de chuva, as brincadeiras de roda,
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ocasiões de atividades ao ar livre com as famílias, o parquinho, os teatros onde elas assistam e
atuem, as competições, as atividades de contato com a natureza, as modelagens com argila, o
contato com areia, pedrinhas, gravetos e elementos de pinturas, os encaixes, as atividades com
música e ritmo etc.
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CAPÍTULO 4
O DESENVOLVIMENTO EM VYGOTSKY
Segundo Vygotsky, a passagem das funções psicológicas elementares para as
superiores ocorre pela mediação proporcionada pela linguagem, que intervém no
desenvolvimento intelectual da criança desde o momento de seu nascimento. A criança se
apropria qualitativa e quantitativamente dos conhecimentos desejáveis por meio de interações
com os elementos mais experientes do seu grupo social.
A linguagem do meio ambiente aponta o modo pelo qual a criança apreende as
circunstâncias em que vive, cumprindo uma dupla função: de um lado, permite a
comunicação, organiza e media a conduta; de outro, expressa o pensamento e ressalta a
importância reguladora dos fatores culturais existentes nas relações sociais.
Quando nos referimos à negociação, estamos valorizando as trocas entre os parceiros
em sala de aula, pois é nas interações que tanto o conceito científico pode ser mais detalhado
pelo professor, pois passa a ser mais discutido em um processo descendente, quanto os
conceitos mais cotidianos dos alunos passam a ser enriquecidos e tomam um caminho mais
ascendente, pois são ampliados pelo conhecimento científico, elaborado historicamente.
Quando a linguagem se dirige aos outros, o pensamento torna-se passível de partilha.
Essa acessibilidade do pensamento manifesta-se, pois, na e pela linguagem, expressando, ao
mesmo tempo, muitos outros aspectos da personalidade do sujeito.
A fala, uma das formas de linguagem através da qual os significados sociais são
compreendidos e acordados, encontra-se permeada por expressões afetivas que se tornam
igualmente alvo das interações: preferências, antagonismos, concordâncias, simpatias e
antipatias. A ação e a fala unem-se na coordenação de várias habilidades, entre elas o
pensamento discursivo.
Vygotsky faz do significado das palavras a unidade de análise de suas pesquisas sobre
a atividade instrumental, onde o principal instrumento simbólico é a linguagem. Para ele, a
palavra, sendo um microcosmo da consciência, contém em seu significado a possibilidade de
analisar as relações entre pensamento e linguagem.
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A unidade mínima do pensamento e da linguagem é o significado da palavra, ou seja,
é no significado que o pensamento e a fala se unem, criando condições para o
desenvolvimento do pensamento lingüístico e da fala intelectual.
Adultos e crianças, professores e alunos podem conferir às palavras significado e
sentido diferentes. Desta forma, os sujeitos mais experientes, ao interagirem com as crianças,
estimulam-nas não só na apropriação da linguagem, como também na sua expansão,
possibilitando, assim, a elaboração de sentidos particularizados, que dependem da vivência
infantil e da obtenção de significados mais objetivos e abrangentes.
As interações sociais na perspectiva sócio-histórica permitem pensar um ser humano
em constante construção e transformação que, mediante as interações sociais, conquista e
confere novos significados e olhares para a vida em sociedade e os acordos grupais.
Vygotsky dá atenção especial à interação de membros mais experientes com menos
experientes de uma dada cultura. É ao longo do processo interativo que as crianças aprendem
como abordar e resolver problemas variados. É por meio do processo de internalização que
começam a desempenhar suas atividades sob orientação de outros e, paulatinamente,
aprendem a realizá-las de forma independente.
A criança participa ativamente da interação e nela há a internalização do conhecimento
e, com ela, um processo de reconstrução mental.
O processo de internalização, com todas as suas particularidades, caracteriza-se como
uma aquisição social onde, partindo do socialmente dado, a criança processa opções que são
feitas de acordo com suas vivências e possibilidades de troca e interação.
“Desde os primeiros dias do desenvolvimento da criança, suas atividades adquirem um significado próprio num sistema de comportamento social, e sendo dirigidas a objetivos definidos, são refratadas através do Prisma do ambiente da criança. O caminho do objeto até a criança e desta até o objeto passa através de outra pessoa. Essa estrutura humana complexa é o produto de um processo de desenvolvimento profundamente enraizado nas ligações entre história individual e história social." (VYGOTSKY, L. (1984/96)
Para Vygotsky, o professor deve colocar–se no papel de mediador das relações de
aprendizagem, ou seja, aquele que liga o aprendiz à aprendizagem, o vínculo entre os alunos e
os conteúdos.
Por intermédio do brinquedo, a criança passa a lidar com diferentes percepções e
significados relacionados com objetos, ações e conceitos, que ela ainda não domina, mas já
fazem parte do conhecimento de seus outros sociais. “Uma criança não se comporta de forma
puramente simbólica no brinquedo; ao invés disso, ela quer e realiza seus desejos, permitindo
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que as categorias básicas da realidade passem através de sua experiência” (Vygotsky, 1987, p.
114). As situações apreciadas do mundo adulto são realizadas em sonhos e fantasias.
A construção dessa consciência pessoal de origem social tem relevância para Lev
Vygotsky, pois, para ele, social e individual são indissociáveis e necessários para
compreensão do funcionamento psíquico. O desenvolvimento da criança é marcado e
caracterizado por crises. Para ele, todo fenômeno psicológico tem, na própria história do
sujeito, no seu contexto social e cultural, o alicerce para suas transformações.
Vygotsky fala da Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP). Nesse sentido, a
mudança de um discurso se dá de forma gradual, passando do saber intermediário para o saber
proximal, que pode ser construído previamente pelo próprio sujeito ou estar sendo evocado e
ampliado pelo professor na sua intervenção. Para Vygotsky, a Zona de Desenvolvimento
Proximal fornece subsídios para reforçar o papel de desafiador que o professor deve exercer
em seu trabalho com os alunos.
A interação dos diferentes membros de uma cultura favorece a criação da ZDP. Esses
membros podem ser adultos ou crianças de mesma idade ou de idades próximas, mas com
capacidades e habilidades sociais diferentes. Ao estar em contato com outros parceiros, a
criança não só desenvolve sentimentos, posturas corporais e sociais, como transforma o nível
de desenvolvimento potencial em nível de desenvolvimento atual (ou real).
A construção teórica de Vygotsky visa compreender como o processo de
desenvolvimento se dá de um momento presente para outro futuro.
O desenvolvimento vai além das aparentes capacidades apresentadas.
Na ZDP, o nível de desenvolvimento atual é encarado como fonte de possibilidades
para o surgimento de diversas habilidades e capacidades.
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CAPÍTULO 5
O DESENVOLVIMENTO EM WALLON
A teoria de Wallon considera o desenvolvimento da pessoa completa integrada ao
meio em que está imersa, com os seus aspectos afetivo, cognitivo e motor também integrados.
Assim, a ênfase é para a integração entre organismo e meio e entre as dimensões:
cognitiva, afetiva e motora na constituição da pessoa. A pessoa é vista como o conjunto
funcional resultante da integração de suas dimensões, cujo desenvolvimento se dá na
integração de seu aparato orgânico com o meio, predominantemente social.
A fórmula para entender o processo de desenvolvimento está em nos voltarmos à
totalidade das relações das quais a criança faz parte e as quais modifica. Para Wallon, a
criança é um ser biológico geneticamente social, ou seja, nasce num meio envolvente, com
sua cultura e linguagem próprias, do qual depende inteiramente para a satisfação de suas
necessidades e a solução de seus desconfortos.
O desenvolvimento se dá num processo de avanços consecutivos resultantes da
dialética entre afetividade e inteligência, emoção e razão, que se influenciam mutuamente, em
composição e oposição e são afetadas constantemente por fatores tanto biológicos quanto
sociais.
Wallon pode ser considerado um interacionista, pois reconhece as bases biológicas,
ambientais e sociais do desenvolvimento. A criança é um ser de interações, de
relacionamento; é um conjunto dos movimentos afetivos, cognitivos e motores. Pessoas são
totalidade a cada instante.
Não temos a questão da imaturidade. Cada momento da criança é um conjunto de
valores. É esse conjunto dos elementos motores, afetivos, cognitivos, que faz a pessoa ser
pessoa exatamente num dado instante. Desta forma, cada momento da vida do sujeito é uma
totalidade; representa um conjunto de fatores apreendidos, incorporados passíveis de
demonstração pela criança por aquilo que ela tem naquele momento.
Tanto o desenvolvimento biológico como o social estão marcados pelo contexto
histórico que se faz presente nesta situação. A aprendizagem torna-se um processo aberto,
contínuo, que não se acaba.
20
No método comparativo de Wallon não há lugar para dicotomia, ou seja, estar bem ou
estar mal, estar certo, estar errado. Ele considera o que é certo no errado e o que é errado no
certo. Compara as semelhanças nas diferenças e as diferenças nas semelhanças, observando os
comportamentos do orgânico e do social dentro desta dinâmica.
O fator orgânico seria a primeira condição para o desenvolvimento do pensamento,
tendo influências sociais também. Um estágio não suprime os comportamentos anteriores,
mas os integra, resultando em um comportamento que é a acumulação das partes.
A emoção é a primeira manifestação psicogenética da afetividade e o elo entre o bebê
e seu outro social e precede à cognição. O outro tem participação na formação da consciência
de si do bebê; inicialmente visceral e depois afetiva.
A preponderância inicial da função motora e emocional, presente logo no início da
vida da criança, propicia o desenvolvimento das funções intelectuais que aparecem por meio
da emergência da fala, surgindo o domínio do universo simbólico, permitindo a referência a
objetos e pessoas não presentes, sobre os quais a criança será capaz de pensar e agir.
O desenvolvimento tem seu início na relação do organismo do bebê recém-nascido,
(essencialmente reflexos e movimentos impulsivos, também chamados descargas motoras),
com o meio humano que a interpreta. Nesta fase, distingue-se apenas estados de bem-estar ou
desconforto. São as reações do ambiente humano, representado pela mãe, motivadas pela
interpretação da mímica do bebê que permitem distinguir as emoções básicas. Essa mímica
não é casual, mas um recurso biológico da espécie, essencialmente social, que faz do bebê um
ser capaz de produzir, no ambiente humano, ainda representado pela mãe, um efeito
mobilizador para sobreviver.
Desta forma é a dimensão motora que dá a condição inicial ao organismo para o
desenvolvimento da dimensão afetiva.
Wallon relaciona o movimento ao afeto, à emoção, ao meio ambiente e aos hábitos do
indivíduo. Quando a criança age com o conhecimento do seu próprio corpo, ela é capaz de
interagir consigo e com o mundo externo. Primeiramente percebe as coisas a partir de si
mesma; logo após, pelo que a cerca. Gradativamente, com a possibilidade da ação direta
sobre o mundo físico e social, a criança começa a se interessar mais pelas coisas além de seu
meio inicial (pai, mãe e outros familiares).
21
CAPÍTULO 6
A INTERAÇÃO PROFESSOR X ALUNO
O processo ensino-aprendizagem é construído na interseção entre o professor e o aluno
quando há uma relação de gostar de estar deste com aquele e vice-versa. Quando o professor
tem uma relação prazerosa com seu aluno torna-se mais fácil ensinar e aprender.
Considerando que, segundo Vygotsky, na brincadeira espontânea a criança utiliza de
maneira prazerosa sua capacidade de separar o significado do objeto, sem dar-se conta do que
está fazendo o professor poderá planejar a sala de aula de forma a facilitar brincadeiras
espontâneas e interativas, com brinquedos disponibilizados em locais de livre acesso às
crianças. Irá orientar as famílias sobre a importância das brincadeiras para o desenvolvimento
infantil; ajudará seus alunos a aprender a guardar os brinquedos nos lugares apropriados; a
usar novos brinquedos.
O brinquedo serve como referência dos valores das gerações anteriores que o
produziram, tendo lugar na construção da realidade da criança.
Mediada pelo brinquedo, a criança apreende e age no mundo social, construindo sua
própria história de vida e de conhecimento.
Cada criança tem representações distintas. Conhecendo um pouco da história pessoal
de cada aluno, poderemos perceber essas representações e lidar com elas oportunizando uma
relação de compreensão, aceitação e afetividade.
Piaget aponta que é bom afetar o aluno de forma positiva e que a afetividade pode ser
usada como um estímulo para a aprendizagem.
O professor, tomando o lugar de pesquisador, pode fazer descobertas enriquecedoras,
pois o objeto de pesquisa se encontra acessível diariamente em seu ambiente de trabalho. O
conhecimento teórico, aliado aos saberes de seus alunos, às experiências individuais deles e às
experiências do grupo em sala de aula não só possibilita aprendizagem ao educando como
também ao educador.
O processo ensino-aprendizagem acontece a partir das relações sociais em diversos
contextos sociais. A escola é o lugar onde ocorre a sistematização deste conhecimento e o
professor exerce o papel de mediador dessa construção, tendo em mente que a aprendizagem
22
começa com a criança, no que ela traz consigo em sua bagagem de esquemas interpretativos
construídos antes de iniciar o processo de escolarização.
Na construção do conhecimento pelo aluno, cada atividade deve ter um objetivo
pedagógico colocado. Com este olhar, aluno e professor considerarão o erro um elemento da
aprendizagem.
O professor mediador da aprendizagem, que valoriza os conhecimentos prévios de
seus alunos, seus contextos sociais e histórias, constrói oportunidades para que os alunos
possam interpretar suas experiências de vida, tornando-se cidadãos críticos livres.
As catástrofes naturais, o aquecimento global, a falta de alimentos, a descoberta de
cura para doenças, tragédias em escolas etc. muitas vezes chegam ao conhecimento dos
alunos, antes destes chegarem à escola, através da televisão, internet, rádio, jornais impressos.
Assim, a “Roda de Conversa”, algumas vezes, por exemplo, poderá ter a leitura planejada do
livro, adiada para que a situação do momento seja compartilhada, e que se façam reflexões
sobre ela e, até mesmo, pesquisas. O grupo está inserido num contexto social, devendo
participar das vitórias e também das dificuldades da comunidade.
O professor, como mediador, desafia o potencial de cada aluno, buscando uma
articulação significativa entre os conceitos construídos pelo sujeito e formas mais elaboradas
de compreensão da realidade.
Estudos comprovam que todos são capazes de aprender.
Quando estamos atentos ou temos interesse por aquilo que estamos aprendendo,
conseguimos reter na memória. Caso contrário fica difícil guardar a informação.
Para que a construção da aprendizagem se realize torna-se importante o vínculo que se
estabelece entre professor e aluno; uma relação que, primeiramente foi dirigida ao pai. Esse
vínculo seria a transferência, que não se dirige à pessoa, mas ao “lugar” que ela ocupa ou ao
que ela representa no discurso. O professor pode tornar-se a figura a quem serão endereçados
os interesses dos alunos. Ele coloca-se na função de orientar, questionar, relacionar, incentivar
e construir junto o processo de aprendizagem, sem tirar a autonomia do sujeito. Com isso,
tomará o cuidado de não ser o Outro do Saber como o aluno tende a lhe considerar. Tendo
consciência de que o saber é sempre suposto e que se dá a partir da relação transferencial.
A transferência se produz quando o desejo de saber do aluno se liga à pessoa do
professor, que buscará despertar esse desejo no seu aluno. E esse desejo do saber tem sua base
na infância.
23
Para Freud a constatação de que falta algo às mulheres, e que pode vir a faltar nos
homens, produz uma angústia na criança, que ele chamou de castração. É esta angústia que a
faz querer saber.
O professor herda os sentimentos que a criança dirigia ao pai na ocasião do Complexo
de Édipo e se beneficiará dessa influência. O nível simbólico da transferência aparece, então,
quando o professor, em vez de ocupar o lugar do sujeito-suposto-saber que o aluno lhe
atribui, ocupa o lugar do Outro.
Lacan acredita que ensinar é gerar transferência de trabalho. Ensinar é pôr os alunos a
trabalhar, fazendo-os ir em busca do que eles não sabem.
A visão psicanalítica nos leva a pensar que a ação não é oriunda de uma necessidade
ou um afeto, mas do desejo. A vida consistiria nessa incessante busca por “tapar” a falta
inicial, o que pode acontecer, sempre provisoriamente, de diversas maneiras. Uma delas é a
busca pelo conhecimento, que poderíamos chamar de desejo pelo saber. O saber pode ser
orientado de acordo com o desejo do sujeito que é a sua maior motivação. Do ponto de vista
da aprendizagem, nos interessaria despertar no aluno esse desejo, ou pelo menos, mudar a sua
relação com o conhecimento, tal que este fosse visto com interesse e que perseguir a sua
compreensão pudesse valer a pena.
O sujeito é responsável pela sua aprendizagem. É o sujeito quem decide (inconsciente)
querer saber e estar aprisionado por um discurso em um circuito de gozo; o que gera uma
conduta repetitiva por parte dele em função da satisfação envolvida. De alguma forma aquele
discurso o satisfaz, preenchendo momentaneamente a falta, permitindo que por ali circule o
desejo.
Resgatar os conhecimentos prévios, saber com os alunos o que eles já sabem sobre o
assunto que vamos trabalhar, rever com os alunos o que eles já aprenderam, fazer junto com
eles, ligação entre os conteúdos, construir com a turma um caminho de respeito à nossa
pluralidade cultural, valorizar o trabalho em grupo, a cooperação... Todos esses podem ser os
primeiros passos para que professores e alunos se tornem sujeitos agentes no processo ensino-
aprendizagem.
Ao passar de um discurso a outro, ou seja, na separação de um e na aceitação de outro
é que o desejo se apresenta; demonstrando, por um lado, que a falta, de fato ainda existe e, por
outro, que o novo discurso oferece a possibilidade de outro gozo. O novo conhecimento deve
estar ancorado a uma nova satisfação, que é o que faz o sujeito investir na sua compreensão.
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Para que alguém aprenda de maneira marcante alguma coisa, é preciso que esse novo
conhecimento esteja investido de algum gozo, precisa trazer alguma satisfação para o sujeito.
A relação afetiva entre os sujeitos envolvidos no processo ensino-aprendizagem, o
exercício do diálogo, o fazer compartilhado, o respeito pelo outro, o estar aberto, o saber
escutar e dizer; tornam-se como elementos participantes da aprendizagem.
Da mesma forma que o aluno, o professor também traz consigo construções que o
fazem único: alegrias, frustrações, questionamentos sobre o seu saber, cônjuge, filhos, pais,
irmãos, enfim, seu mundo, suas vivências. Encontram-se inseridos em um mesmo contexto –
escola – onde passam a se relacionar com o objetivo de ensinar/aprender. Serão os
construtores do processo: duas pessoas com objetivos comuns: desejo de ensinar e desejo de
aprender. Nosso aluno também pode nos ensinar. Muitas vezes experimentamos o gosto da
frustração por não conseguirmos atingir as metas que havíamos proposto. Poderemos pensar
então, que para nosso aluno aprender, precisaremos sempre desejar saber e saber desejar.
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CAPÍTULO 7
A CONSTRUÇÃO DO PLANEJAMENTO
“Se um homem começar com certezas, terminará com dúvidas; mas se ele se contentar em começar com dúvidas, terminará com certezas.” (Francis Bacon)
O planejamento educativo pode ser assumido como um processo de reflexão, pois
envolve todas as ações e situações do educador no seu trabalho pedagógico. Planejar seria
traçar, projetar, programar, elaborar um roteiro de conhecimento, de interação, de
experiências múltiplas e significativas para com o grupo.
A elaboração de um planejamento depende da visão de mundo, de criança, de
educação, de processo educativo que temos e que queremos: ao selecionar um conteúdo, uma
atividade, uma música, na forma de encaminhar o trabalho. Envolve escolha: o que incluir, o
que deixar de fora, onde e quando realizar isso ou aquilo.
No processo de elaboração do planejamento o educador vai aprendendo e exercitando
sua capacidade de perceber as necessidades do grupo, aprendendo a caracterizar problemas e
a tomar decisões para superá-los.
O ato de planejar pressupõe o olhar atento à realidade.
O planejamento revela uma preocupação com os aspectos que englobam o
desenvolvimento.
Elaborar planejamento pode nos levar a entrar na relação com as crianças, mergulhar
na aventura em busca do desconhecido, construir a identidade de grupo junto com as crianças.
Assim, mais do que conteúdos da Matemática, da Língua Portuguesa e das Ciências, o
planejamento é linguagem, formas de expressão e leitura do mundo que nos rodeia e que nos
causa espanto e paixão por desvendá-lo, formulando perguntas e convivendo com as dúvidas.
A escuta torna-se importante para pensar e direcionar o planejamento. A escuta
implica disponibilidade ao outro e a tudo quanto ele tem a dizer.
Planejar inclui escutar a criança para, a partir desta escuta, propor ações que ampliem
suas possibilidades de produzir significados. Com isso o professor desejará se questionar:
como ela aprende; quais são as suas conquistas; como organizar o trabalho para desafiá-la a ir
adiante; que perguntas e intervenções formular para provocar reflexões e avanços no seu
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desenvolvimento; como organizar o tempo e o espaço escolar para ampliar as possibilidades
socializadoras e criativas das crianças...
O professor, no lugar de um sujeito mais experiente, vai conhecendo e acompanhando
os processos das crianças, percebendo como cada uma está aprendendo e se desenvolvendo; e
com isso, planejando ações que ampliem as experiências dos alunos.
O planejamento permite: prever, fazer, registrar e avaliar, para então seguir
planejando-replanejando de acordo com o movimento, os desejos e as necessidades do grupo.
O planejamento compreende a atitude crítica de cada educador diante de sua prática,
exercitando o olhar atento, o escutar comprometido dos desejos e necessidades do grupo
revelados em seus gestos, falas, expressões, em suas linguagens.
É bom que o planejamento tenha como objetivo a organização do trabalho docente
para o sucesso do processo de ensino e aprendizagem.
O ato de planejar faz parte da realidade humana. Na educação não é diferente. Para
uma atividade sistemática, para uma organização da situação de aprendizagem, necessitamos
de um planejamento, que poderá começar com avaliação diagnóstica que permita ao professor
identificar eventuais problemas de aprendizagens e suas possiveis causas, numa tentativa de,
também identificar a zona de desenvolvimento proximal que, segundo Vygotsky, seria a
distância entre o desenvolvimento real de uma criança e aquilo que ela tem o potencial de
aprender.
Para Vygotsky, a aprendizagem se dá através da interação com o meio, na zona de
desenvolvimento proximal. Cabe ao professor mediar a aprendizagem, construindo com o
grupo um planejamento que possibilite esta interação.
Planejamento é um instrumento de trabalho do professor na busca de educar.
Contudo, planejamento por melhor que seja não garantirá por si a aprendizagem, mas será um
guia que organizará, direcionará, e articulará a atividade.
O planejamento deve ser flexivel a ponto de poder ser mudado de acordo com a
realidade da turma ou de cada aluno.
Os valores que chegam à escola através dos alunos, responsáveis, funcionários e
comunidade devem ser respeitados, trabalhados e considerados no planejamento.
O planejamento poderá proporcionar uma sala de aula envolvida com acontecimentos
atuais em várias áreas: preservação do meio ambiente, descobertas científicas, prevenção de
doenças, manifestações culturais, esporte... São os diferentes tipos de linguagem fazendo
parte do ambiente alfabetizador significativo.
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Na sala de aula temos acesso a uma grande diversidade de culturas. Entrando em
contato com este bem cultural, o aluno sente-se com autoridade para aprender, para ensinar,
construir o conhecimento significativo e compartilhar com todos que vivem a sua volta. Este
ambiente de troca de saberes e valorização da diversidade facilita a construção de um
planejamento coletivo, descentralizado do professor, interdisciplinar e de responsabilidade de
todos.
O professor se coloca no lugar de alguém que também está em busca de novos
conhecimentos, que estimula a curiosidade e a criatividade do grupo e vê o aluno como
alguém que tem sua história, que participa ativamente do mundo, construindo e reconstruindo
a cultura da qual faz parte.
Quando os alunos participam da construção do planejamento, tornam-se motivados a
fazerem escolhas, negociarem, anteverem o que irão fazer... Sentem-se autorizados a opinar;
e, assim, tornam-se co-autores do trabalho interessados na sua realização.
Registros realizados durante o planejamento em forma de texto coletivo no quadro, e
durante a realização, através de fotos, álbuns e pequenas anotações, servem de material de
avaliação e reflexão para o professor sobre os trabalhos desenvolvidos, que poderá avaliar o
que está sendo desenvolvido, estudar, reorientar e replanejar situações criativas, desafiadoras
e abertas, que os levem (professor e alunos) a novos avanços.
A afetividade está relacionada às vivências de adultos e crianças, desejo de professores
e alunos e à prática educativa já desde o planejamento.
Conhecer o desenvolvimento cognitivo e afetivo da criança possibilita ao professor
melhorar ainda mais suas intervenções no sentido de ampliá-las por meio do diálogo.
Quando priorizamos a afetividade na construção do planejamento, os relacionamentos
no espaço pedagógico e fora dele, relações com os sentimentos e emoções, damos um salto
qualitativo no processo ensino-aprendizagem.
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CONCLUSÃO
“Quase parece como se a análise fosse a terceira daquelas profissões impossíveis quanto as quais de antemão se pode estar seguro de chegar a resultados insatisfatórios. As outras duas, conhecidas há muito tempo, são a educação e governo.” (Freud, 1937, p.282)
Ao chegar a essa parte do trabalho, a sensação que se experimenta é a de que falta
algo. Algum conhecimento, alguma teoria a mais poderia ter-nos ajudado nesta construção...
Parece-nos infinito esse caminho!
Houve muitos momentos de gozo, que logo deram lugar a novas construções, novas
questões, novas crises, reorganizações, gozos... Há, juntamente com a falta, o prazer de buscar
saciá-la.
Se o desejo tem a possibilidade de ser realizado, o caminho nos parece
desafiadoramente interminável!
Podemos pensar nosso planejamento refletindo a importância das trocas entre os
parceiros, criando condições para que os alunos se tornem cidadãos que pensam por si
mesmos; pessoas livres que possuam capacidade de pensar e examinar criticamente as idéias
que lhes são apresentadas e a realidade social que partilham.
Quando imaginamos uma sala de aula em um processo interativo, estamos acreditando
que todos terão possibilidade de falar, levantar suas hipóteses e, nas negociações, chegar a
conclusões que ajudem a perceber o processo dinâmico de construção.
Referimo-nos a uma sala de aula onde todos se tornam parceiros de uma grande
construção; pois, ao valorizarmos as parcerias estamos possibilitando o pensamento conjunto.
O aluno poderá aprender também com os colegas mais experientes ou que tiveram vivências
diferenciadas.
O desenvolvimento se constitui na interação de diferentes sujeitos e realidades. Cada
um tem o seu lugar neste processo.
Vygotsky e Wallon consideram que o desenvolvimento se dá no todo, dando um
enfoque qualitativo e dinâmico ao psiquismo humano. Valorizam a pluralidade da forma de
ser das pessoas. Concebem pensamento e afeto como interdependentes; tendo a visão de que
os processos afetivos, intelectuais e socioculturais formam uma unidade. Convidam-nos a
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pensar a relação entre desenvolvimento intelectual, cognitivo, desenvolvimento afetivo e
subjetividade.
Está presente nos dois autores a afirmação de que os processos afetivos, intelectuais e
socioculturais formam uma unidade que se modifica garantindo o desenvolvimento psíquico
da criança.
Podemos pensar nossos alunos como sujeitos únicos, que sofrem a ação do meio, mas,
ao mesmo tempo, agem nele, como sujeitos dessa mesma história.
A interseção no sujeito do organismo, corpo, inteligência e desejo permite a
construção da aprendizagem
Lacan aponta na linguagem a estruturação do desejo, a falta a ser realizada. Nosso
fazer diário pode ter no discurso do aluno um aliado. A escuta deste discurso nos possibilita
fazer intervenções que instiguem nosso aluno a opinar e a se implicar como agente ativo do
seu processo de aprendizagem..
No discurso do nosso aluno pode estar presente o seu desejo. A fala encontra-se
permeada por expressões afetivas. Mediadores das relações de aprendizagem, estaremos
atentos ao discurso do aluno, objetivando uma relação de ensino-aprendizagem onde está
presente o exercício do diálogo, o fazer compartilhado, o respeito pelo outro, o saber escutar e
falar. Poderemos perceber, com isso que o prazer da busca, continuará se fazendo a cada
novo discurso adquirido, pois esse servirá de base para outros novos serem desejados,
alcançados...
30
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