Monografia Pscicopedagogia Cicero Eriberto Da Silva
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FACETE - FACULDADE DE EDUCAÇÃO TEOLÓGICA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA
CÍCERO ERIBERTO DA SILVA
INDISCIPLINA: CONCEITOS, CAUSAS E CONSEQUENCIAS. UMA
REFLEXÃO SOBRE A TEMÁTICA DA INDISCIPLINA NA ESCOLA.
MOSSORÓ 2012
FACETE - FACULDADE DE EDUCAÇÃO TEOLÓGICA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA
CÍCERO ERIBERTO DA SILVA
INDISCIPLINA: CONCEITOS, CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS. UMA
REFLEXÃO SOBRE A TEMÁTICA DA INDISCIPLINA NA ESCOLA.
Monografia apresentada como exigência
do curso de Pós-Graduação em
Psicopedagogia da Faculdade de
Educação Teológica, FACETE, para
obtenção do Título de Especialista em
Psicopedagogia, sob orientação do
Professora Ms. Fernanda Suerda da
Rocha.
MOSSORÓ
2012
FICHA CATALOGRÁFICA
SILVA, Cícero Eriberto da
Indisciplina: Conceitos, Causas e Consequências. Uma
Reflexão Sobre a Temática da Indisciplina na Escola.
Mossoró. FACETE - Faculdade de Educação Teológica.
Orientação: Ms. Fernanda Suerda da Rocha.
Páginas: 45
Monografia apresentada como exigência do curso de Pós-
Graduação Lato Sensu para obtenção do título de
Especialista em Psicopedagogia Institucional.
1 – Indisciplina; 2 – Conceitos; 3 – Causas; 4 –
Consequências; 5 – Reflexão; 6 – Temática; 7 – Escola.
INDISCIPLINA: CONCEITOS, CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS. UMA
REFLEXÃO SOBRE A TEMÁTICA DA INDISCIPLINA NA ESCOLA.
CÍCERO ERIBERTO DA SILVA
APROVADA EM _____/_____/_________
BANCA EXAMINADORA
Prof. Ms. Marcizo Zemar COORDENADOR
Prof. Ms. Fernanda Suerda da Rocha PROFESSOR ORIENTADOR
EPÍGRAFE Educação é aquilo que resta quando nos esquecemos daquilo que nos foi ensinado. Michael Hammer
Eduque a criança no caminho em que deve andar, e até o fim da vida não se desviará dele. Corrige o teu filho, e te dará descanso, dará delícias à tua alma.
Salomão
AGRADECIMENTOS Agradeço ao meu Deus, a seu filho Jesus, e ao seu Santo Espírito pelo amor a
graça com os quais me presenteou.
Agradeço a minha família e a todos aqueles que me ajudaram e que tornou possível
o galgar de mais um passo nesta jornada.
Agradeço a Faculdade de Educação Teológica por ser o meio pelo qual alcanço
mais um alvo em minha vida.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu Senhor Deus e Pai, por seu amor e graça. Aos meus pais Cícero e Gecilda (in memoriam), aos meus irmãos que me deram força e apoio, e a minha amada esposa Inês, que é fonte de amor e compreensão; e minha pequena flor Rebeca.
RESUMO
A indisciplina no contexto escolar é algo que vem trazendo preocupação não só aos pais, bem como aos educadores; pois traz não só mal estar social com consequências para a vida dos que são autores, assim também como para aqueles que são vítimas. Mas o que seria a indisciplina, como conceituá-la? Quais seriam as suas manifestações? Como ela se apresenta? Veremos que há várias prováveis causas para a indisciplina, e que ela pode sair do contexto escolar e abranger a sociedade; o mal estar social é também um problema que surge com a indisciplina. O bullying é uma das facetas da indisciplina, bem como o ciberbullying que atua no mundo virtual e que no contexto social atual, torna-se uma forma de agressão que se utiliza de ferramentas aceita por muitos jovens para interagir socialmente, como o Orkut, o Facebook, Twiter e outras formas virtuais de relacionamento social. Palavras-chave: Indisciplina; Bullying; Ciberbullying.
ABSTRACT The indiscipline in the school context is something that is raising concerns not only to parents and educators, not only because it brings social unrest with consequences for the lives of those authors, and also for those who are victims. But what would be disruptive, as define it? What are its manifestations? As it presents itself? We will see that there are several likely causes for discipline, and that she can get out of school context and cover the company, the unrest is also a problem that arises with indiscipline. Bullying is one facet of indiscipline and the cyber bullying that operates in the virtual world and that the current social context, it becomes a form of aggression that uses tools accepted by many young people to interact socially, such as Orkut, Facebook Twiter and other virtual social networking. Keywords: Indiscipline; Bullying, cyber bullying.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 10
1- INDISCIPLINA, UM OLHAR REFLEXIVO ............................................................ 11
1.1 INDISCIPLINA, E SUA CONCEITUAÇÃO .......................................................... 11
2- INDISCIPLINA, E SUAS MANIFESTAÇÕES ....................................................... 17
3- INDISCIPLINA, E SUAS PROVÁVEIS CAUSAS ................................................. 20
3.1 A FAMÍLIA COMO CAUSA DA INDISCIPLINA ................................................... 21
3.2 O ALUNO COMO CAUSA DA INDISCIPLINA .................................................... 22
3.3 A SOCIEDADE COMO CAUSA DA INDISCIPLINA ............................................ 22
3.4 O AMBIENTE COMO CAUSA DA INDISCIPLINA .............................................. 23
3.5 OS ASPECTOS SÓCIO-EMOCIONAIS COMO CAUSA DA INDISCIPLINA ...... 24
3.6 ATITUDES DO PROFESSOR COMO CAUSA DA INDISCIPLINA ..................... 24
3.7 GRUPOS SOCIAIS COMO CAUSA DA INDISCIPLINA...................................... 25
4- INDISCIPLINA, E SUAS CONSEQÜÊNCIAS ...................................................... 29
4.1 MAL ESTAR SOCIAL COMO CONSEQÜÊNCIA DA INDISCIPLINA ................. 29
4.2 BAIXO DESEMPENHO ESCOLAR COMO CONSEQÜÊNCIA DA INDISCIPLINA .................................................................................................................................. 30
4.3 VIOLÊNCIA COMO CONSEQÜÊNCIA DA INDISCIPLINA ................................. 31
4.3.1 Bullying ........................................................................................................... 32
4.3.1.1 Ciberbullying .................................................................................................. 37
5- CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 40
6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 43
10
INTRODUÇÃO
A indiscip l ina não é fáci l de conceituar, neste art igo nos
ateremos ao contexto da indiscipl ina escolar; não se há uma def inição
clara e sim frações de um conceito, mas a indiscipl ina no contexto
escolar é algo que a muito tem preocupado não só pais, professores e
funcionários de inst i tuições de ensino, mas também a sociedade como
um todo, pois os atos de indiscipl ina dos jovens têm se mostrado
muito mais do que apenas “coisas de jovens”; no contexto escolar ,
preocupa por tratar-se um mal que não só gera mal estar social, entre
alunos e até mesmo entre prof issionais das inst i tuições de ensino,
como também um provedor do baixo desempenho escolar. Quanto ao
contexto social como um todo ; a indiscipl ina tem sido um ref lexo
daquilo que os jovens têm aprendido, ou deixado de aprender, quanto
aos valores socia is; valores estes que devem vir de sua “primeira
escola” que é a famíl ia. Princípios estes que norteiam o jovem quanto
as suas at i tudes e caminhos a seguir, sem estes princípios não se tem
como viver bem em sociedade.
Como podemos identif icar a indiscipl ina, através de que ela se
manifesta? O que podemos entender quanto a suas causas e o que a
indiscipl ina pode causar para os jovens que dela se ut i l izam, ou até
que ponto pode chegar os atos de indiscipl ina? Estas são algumas
questões que este estudo se propõe a responder, questões estas que
muitos pais e educadores têm-se questionado, buscando com certeza
uma compreensão mais apurada quanto à questão da indiscipl ina no
contexto escolar .
11
1. INDICIPLINA, UM OLHAR REFLEXIVO.
A indiscipl ina é algo que tem sido observado como uma
constante nos meios de comunicação seja por notícias sobre
agressões sofridas por professores e funcionários de escolas,
principalmente nas escolas públicas, ou também por prát icas
maldosas como o Bullying, entre os próprios alunos; tal prát ica tem se
tornado algo comum nas escolas. O que pode ser a causa de tal
at i tude? Ou o que isso pode trazer para nossos jovens como
consequência para suas vidas?
1.1 INDISCIPLINA, E SUA CONCEITUAÇÃO .
A tarefa de conceituar a indiscip l ina não é algo de somenos, pois
devemos considerar a indiscipl ina como algo além de apenas um mau
comportamento de uma criança, ou uma má criação.
A busca da compreensão do termo indiscipl ina observou-se que
sua origem vem do termo discipl ina que por sua vez tem a mesma
etimologia da palavra “discípulo”, que signif ica “aquele que segue”;
discipl ina é uma derivação do termo discípulo e ambas têm sua origem
no termo lat ino para pupilo, que tem o signif icado de instruir, educar,
treinar; dando uma idéia de caráter moldável. Portanto a discipl ina é
usada em educação como o termo que def ine a disposição dos
“discípulos” em seguir os ensinamentos e as regras de comportamento
def inidas por seus “mestres”.
Em um estudo pioneiro real izado por Farias, real izado no
ano de 1979; observou-se que muitos professores definiam seus
alunos como “disciplinados” ou “indisciplinados” mesmo que não
houvesse claras definições para tais categorias. Farias diz: “se
não há uma definição formal, oficial , para o que venha a ser
objetivamente chamado de indisciplina, parece haver um
consenso entre professores e alunos sobre seu signif icado.”
12
(FARIAS, 1979, p. 27). Sem uma definição clara sobre o que seria
a indisciplina, Farias expõe diferentes definições sobre a
disciplina.
Discip l ina vem do latim “disciplina” que significava
“ensino” ou “material ensinada” [ . . .] O termo deriva do
verbo “discere” – aprender –que se opõe a “docere” –
fazer aprender, ensinar . Há, porém, um segundo
significado [ . . .] “Disciplina” quer dizer um conjunto de
regras de conduta impostas aos membros de uma
coletividade, especialmente escolar ou mili tar, ou que
alguém impõe a si próprio. [ . . . ] O termo significa a boa
ordem na sala de aula, bem como seu treino promovido
nas crianças através do preceito, exemplo , regras e
sistemas de recompensa e punição. [ . . . ] Um processo que
procura conseguir o domínio que cada um deve ter de si
próprio e do ambiente circundante [ . . . ] A disciplina não
seria um conjunto de proibições, regras e regulamentos,
“embora tornem -se necessárias algumas ‘regras de base’
funcionais que definam um campo para a l iberdade […]”
O indivíduo discipl inado seria aquele que domina a si
próprio e ao meio ambiente. Não é aquele submisso,
psicologicamente subjugado ou coagido. [ . . . ] O
significado antigo da palavra – “ser ensinado” ou
“submeter -se às exigências da aprendizagem” [ . . .] O
termo significava uma escolaridade formal , uma
aprendizagem, uma atividade organizada. (FARIAS,
1979, p. 27 – 29).
Podemos ver a conceituação da indiscipl ina no dicionár io,
obtendo o seguinte resultado.
1.Fazer perder a disciplina; tornar indisciplinado;
sublevar, revoltar , subverter: O novo aluno indisciplinou
a classe. 2.Relaxar, afrouxar; desmoralizar. Verbo
pronominal. 3 .Perder a disciplina; sublevar -se.
Procedimento, ato ou dito contrário à disciplina;
desobediência; desordem; rebelião. (AURÉLIO, 2010)
Tiba (1996, p.117)
def ine discipl ina como:
(O) conjunto de regras éticas para se atingir um objetivo.
A ética é entendida, aqui, como o cri tér io quali tat ivo do
comportamento humano envolvendo e preservando o
respei to ao bem estar biopsicossocial .
Segundo FERREIRA (1999, p. 102):
13
O termo “indiscipl ina” é relacionado intimamente ao
conceito de “disciplina” e tende a ser definido pela
negação ou privação desta, ou pela desordem proveniente
da quebra de regras estabelecidas. Indisciplina refere -se,
portanto, ao “procedimento, ato ou dito, contrário à
disciplina”. Sendo assim, indisciplinado é aquele que se
“insurge contra a disciplina; rebelde; que não tem
disciplina”.
A def inição que melhor se apresenta, é fornecida por Yves de La
Tail le1 que esclarece:
Se entendermos por disciplina comportamentos regidos
por um conjunto de normas, a indisciplina poderá se
traduzir de duas formas: 1) a revolta contra estas normas;
2) o desconhecimento delas. No primeiro caso, a
indisciplina traduz-se por uma forma de desobediência
insolente; no segundo, pelo caos dos comportamentos,
pela desorganização das relações.
Ao nível do contexto escolar, segundo VEIGA (1992, p. 3), a
violação das regras é denominada “disrupção escolar”. O autor def ine
então disrupção escolar como o “conjunto dos comportamentos
escolares disruptivos, sendo estes def inidos como a transgressão das
normas escolares, prejudicando as condições de aprendizagem, o
ambiente de ensino, ou o relacionamento das pessoas na escola”.
VEIGA (1995, p. 12),
A indiscipl ina é vista inicialmente como sendo um a perda da
discipl ina que segundo Aurélio a discipl ina trata-se:
1.Regime de ordem imposta ou l ivremente consentida.
2.Ordem que convém ao funcionamento regular duma
organização (mili tar, escolar, etc .). 3.Relações de
subordinação do aluno ao mestre ou ao instrutor.
4.Observância de preceitos ou normas. 5 .Submissão a um
regulamento. 6 .Qualquer ramo do conhecimento
(art íst ico, c ientífico, histórico, etc.) . 7.Ensino, instrução,
educação. 8.Conjunto de conhecimentos em cada cadeira
dum estabelecimento de ensino; matéria de ensino.
(AURÉLIO, 2010, p. 689).
1 TAILLE, Ives de La. Op. cit., p. 21.
14
GOTZÉNS (2003, p. 26) af irma que:
Disciplina refere-se ao conjunto de proced imentos,
normas e regras mediante os quais se mantêm a ordem na
escola, e cujo valor é basicamente favorecer a
consecução dos objetivos propostos ao longo do processo
de ensino-aprendizagem do aluno.
Para Vasconcelos a discip l ina é vista como a capacidade de
alguém em comandar a si mesmo, ter uma regra de vida; o que pode
ser mais bem compreendido através de suas próprias palavras.
A disciplina significa a capacidade de comandar a si
mesmo aos caprichos individuais, às veleidades
desordenadas, signif ica, enfim, uma regra de vida . Além
disso, significa a consciência da necessidade l ivremente
aceita, na medida em que é reconhecida como necessária
para que um organismo social qualquer atinja o fim
proposto (VASCONCELOS, 1995 , p. 40).
A discipl ina é algo a ser compreendida como sendo uma regra
fundamental para o bom andamento de uma escola, par a que haja o
ambiente propício à aprendizagem. De acordo com Tiba
compreendemos a discipl ina escolar como:
A disciplina escolar é conjunto de regras que devem ser
obedecidas para êxito do aprendizado escolar. Portanto,
ela é uma qualidade de relacionamento humano entre o
corpo docente e os alunos em uma sala de aula e
consequentemente , na escola (TIBA, 1996 , p. 99).
Sendo a indiscipl ina uma ação contrária a prát ica da discipl ina,
então quais atos podem ser considerados como sendo tidos como atos
de indiscipl ina? Podemos compreender que atos como desordem,
ofensas, grosserias e a falta de respeito por seu semelhante são
considerados pelo consenso popular como ações i ndiscipl inadas, ou
podemos até dizer que são at i tudes incivi l izadas. Bernard Charlot,
teórico f rancês, def ine este t ipo de comportamento indiscipl inado
como sendo incivi l idade. Conforme a caracterização proposta por
15
Charlot (2002, p. 437), a incivi l idade refere-se às condutas que se
opõem às regras da boa convivência em sociedade.
Quando se procura conhecer um pouco sobre incivi l idade, termo
tão pouco ut i l izado, encontra -se que:
Por incivil idade se entende uma grande gama de fatos
indo de indelicadeza, má c riação das crianças ao
vandalismo, passando pela presença de vagabundos,
grupos juvenis. As incivil idades mais inofensivas
parecem ameaças contra a ordem estabelecida
transgredindo códigos elementares da vida em sociedade,
o de código de boas maneiras. Ela s podem ser do
barulho, sujeira, impolidez, tudo que causa
desordem.. .(DEBARBIEUX, apud LATTERMAN, 2000,
p. 37).
Garcia (2006, p. 4) nos diz que:
As incivil idades englobam comportamentos desafiantes
que rompem regras e esquemas da vida social , sejam
táci tos ou explici tados contratos sociais. Mas as
chamadas incivil idades não rompem, necessariamente,
com acordos, regras e esquemas pedagógicos. Antes ,
rompem com expectativas do que pode estar tacitamente
esperado como boa conduta social . Destaca -se entre as
incivil idades reportadas nas queixas usuais dos
professores, a “falta de respeito”. Essa alegação, em
particular, sugere a ocorrência em sala de aula, de
práticas de incivil idade na forma de insensibil idade aos
direitos de cada um de ser respeitado como p essoa.
Essas incivi l idades são ações que perturbam o bom convívio em
sociedade, portanto são agentes que dif icultam o surgimento de
relações saudáveis entre os membros de uma comunidade, entenda
comunidade como um grupo envolvido em um ambiente de troca de
saberes, impedindo o l ivre f luxo de saberes, que no contexto da
educação é a mola mestre da formação do conhecimento.
As incivi l idades apresentadas por Garcia são também geradoras
de conf l i tos que podem desenvolver -se para at i tudes mais agudas, no
que se refere ao ferir os direitos das pessoas de serem respeitadas.
Podemos citar a prát ica do Bullying, que posteriormente será
abordada neste art igo.
16
A conceituação do termo indiscipl ina não é estát ica, conforme
Rego (1996, p. 84) “o próprio conceito de in discipl ina não é estát ico,
uniforme, nem tão pouco universal”. O mesmo autor demonstra que o
conceito está relacionado com diversos aspectos no decorrer da
história, variando dentro de diferentes sociedades, classes sociais,
culturas, inst i tuições de ensino e também de forma diferente por cada
indivíduo conforme o contexto no qual o mesmo está inserido.
Carvalho (1996, p. 130) diz que a discipl ina e a indiscipl ina
“assim como várias outras expressões de uso corrente por parte dos
agentes inst i tucionais da educação, têm profundas raízes históricas e
múlt iplos usos igualmente legít imos”. Mas mesmo que o conceito, a
noção de indiscipl ina esteja l igada a tantos aspectos diferentes
podemos sintet izar os conceitos encontrados nas l i teraturas
ut i l izadas, part indo das idéias et imológicas que surgem da
compreensão do termo discipl ina.
17
2. INDICIPLINA, E SUAS MANIFESTAÇÕES.
A indiscipl ina tem inúmeras facetas, pode -se até dizer que é
prat icamente impossível enumerar as formas pelas quais a indiscipl ina
pode se apresentar , pois em quase todos os desvios de
comportamento ditos padrões podem ser considerados indiscipl ina,
isto no senso comum, pois como observado no capítulo anterior, à
indiscipl ina por muitos foi compreendida com disparidade, o que torna
sua def inição relat iva à que foco se está tomando; quanto a suas
manifestações podemos ut i l izar um método de classif icação para
tornar a função de enumerá-las mais ef iciente; pode-se considerar que
a indiscipl ina em suas formas mais elementares é cotidianamente
observada por professores em suas salas de aulas. Classif icando -se
em duas vertentes temos: As manifestações da indiscipl in a,
f reqüentes e as excepcionais (FONTES, 2010 p. 2).
As f reqüentes são aquelas que rot ineiramente acontecem e sem
tanto prejuízo, aparentemente, para o convívio social no ambiente
escolar; proporcionam desconforto social, mas não chega tornar
impraticável o ato de ensinar.
Frequentes:
Apatia do grupo.
Cochicho.
Troca de mensagens e de papelinhos.
Intervalos cada vez maiores.
Exib icionismo.
Perguntas que colocam em causa o professor, ou a
desvalor ização do conteúdo da aula.
Discussão freqüente entre grupos na aula, de modo a
provocarem uma agitação em sala.
Comentários despropositados.
Si lêncios ostensivos.
Entradas e saídas “just i f icadas”.
18
O que estas formas de manifestações têm em comum, é o fato
de estarem interl igadas com a falta de interesse do indivíduo em
processo de formação, em compreender que a educação é a base para
a mudança sócio-econômica de um país, e que isto def inirá seu futuro
como cidadão e membro at ivo da economia mundial. Tal at i tude
demonstra uma história de péssima carga educacional deste indivíduo,
que tem como um de seus fatos geradores as precárias condições
sociais e da incapacidade atual da máquina administ rat iva pública em
proporcionar educação digna para a população.
Existem também as manifestações da indiscipl ina que ocorrem
com menor incidência, mas que estas manifestações em nossos dias
tem-se tornado cada vez mais f reqüentes, estas são denominadas as
Manifestações Excepcionais:
Excepcionais:
Agressões a colegas.
Agressões a professores e funcionários.
Roubos.
Provocações de apelo sexual.
Demonstrações de preconceito com outros alunos
ditos diferentes.
At i tudes racistas, étnicas, machistas e homofóbicas.
Não é raro observarmos nos telejornais manchetes que
evidenciam a crescente onda de violência que tem atingido as escolas
de nosso país, bem como também no mundo; isto tem se tornado
banal, o fato de não só os alunos estarem agredindo -se verbalmente,
também f isicamente e com casos de assassinatos dentro de escolas
ou em suas redondezas; como também as agressões para com os
professores e funcionários das inst i tuições de ensino querem privadas
querem públicas. Tudo isso são manifestações da indiscipl ina em s ua
forma mais medonha, quando deixa de ser apenas algo que mina a
oportunidade de um indivíduo dispor de um meio de manipular seu
futuro e passa a ser um ato que modif ica, transtorna e destrói
famíl ias, pois quando um jovem é agredido ele passa a agir de f orma a
19
evitar seus agressores, com isso evitando o convívio social, ou
perdendo o desejo de estudar. Quando não há perdas maiores, como
vidas.
20
3. INDICIPLINA, E SUAS PROVÁVEIS CAUSAS.
A indiscipl ina não deve ser vista como sendo de uma única
fonte, ou como um fato isolado, é algo com uma inumerável raiz de
causa, que deve ser vista sim como um sintoma de uma causa a ser
compreendida, que pode ter origem no ser, ou no ambiente.
Amado e Freire (apud PEREIRA, 2005, p. 196) apontam qu e a
indiscipl ina pode indicar a manifestação de um contrapoder do
estudante — quando este contesta o docente e sua metodologia em
sala de aula, assim como o relacionamento professor -aluno — ou,
ainda, pode ser f ruto de um problema de relacionamento entre c olegas
de classe.
De acordo com GARCIA (1999, p. 104) a indiscipl ina:
A indisciplina escolar não apresenta uma causa única, ou
mesmo principal . Eventos de indisciplina, mesmo
envolvendo um sujeito único, costumam ter origem em
um conjunto de causas diversas, e muito comumente
reflete uma combinação complexa de causas. Esta
complexidade é parte do perfi l da indisciplina e deve ser
considerada, se desejamos compreendê -la e estabelecer
soluções efetivas.
As inúmeras causas da indiscipl ina podem ser reunida s em dois
grupos gerais, conforme GARCIA (1999, p. 104):
Para fins de sistematização, as diversas causas da
indisciplina escolar podem ser reunidas em dois grupos
gerais: as causas externas e as causas internas. Entre as
primeiras vamos encontrar , por exem plo, a influência
hoje exercida pelos meios de comunicação, a violência
social e o ambiente familiar. As causas encontradas no
interior da escola, por sua vez, incluem o ambiente
escolar e as condições de ensino -aprendizagem, os modos
de relacionamento humano, o perfi l dos alunos e sua
capacidade de se adaptar aos esquemas da escola. Assim,
na própria relação entre professores e alunos habitam
motivos para a indisciplina, e as formas de intervenção
disciplinar que os professores praticam podem reforçar
ou mesmo gerar modos de indisciplina. Assim, na própria
relação entre professores e alunos habitam motivos para a
indisciplina, e as formas de intervenção disciplinar que
os professores praticam podem reforçar ou mesmo gerar
modos de indisciplina.
21
As causas da indiscipl ina para Fontes (2010, p. 3) tem 11
origens, sendo classif icadas assim: Famíl ia, a lunos, grupos e turmas,
ministério da educação, escola, programas, regulamentos
discipl inares, professores, sociedade, grupos sociais problemáticos e
ideologias. Quanto à causa famil iar, neste mesmo art igo relata que é
na famíl ia que os alunos adquirem os modelos de comportamento que
exter iorizam nas aulas; e relaciona estes comportamentos com fatos
de ordem social, tais como pobreza, violência doméstica, ausência de
valores, permissividade e alcoolismo para demonstrar a possível raiz
da indiscipl ina (FONTES, 2010, p. 3). Ainda no âmbito da famíl ia como
fonte da indiscipl ina Fontes destaca a part icipação direta dos pais na
questão da violência nas escolas, pois impo tentes para l idarem com a
violência dos próprios f i lhos, apontam para os professores como
sendo incapazes de “domesticar” seus f i lhos; e que ainda alguns pais
vão mais longe e agridem professores e funcionários.
3.1 A FAMÍLIA COMO CAUSA DA INDISCIPLINA.
A famíl ia tem um papel fundamental na formação do padrão
moral de uma criança, que surge no período do desenvolvimento
emocional; e que lhe irá nortear suas at i tudes no decorrer de sua vida
(Anônimo, modulo 03, p. 14).
Quanto à gênese da consciência moral podemos entender
que a criança passa por uma internalização das regras dos pais e da
sociedade.
A formação de ati tudes implica, entre outras coisas, na
internalização de proibições e normas socialmente
sancionadas. O indivíduo não passa a vida inteira
considerando as regras disciplinares como algo imposto
de fora. Embora inicialmente elas sejam impostas à
criança pelos pais e outros agentes socializadores, elas
passam posteriormente a serem guias internos de
conduta. Em outras palavras, o controle externo é
22
substi tuído pelo autocontrole. (Anônimo, modulo 03, p .
15).
3.2 O ALUNO COMO CAUSA DA INDISCIPLINA.
Outra origem da indiscipl ina conforme Fontes (2010 p. 3-6) é o
próprio aluno, que pode ser portador de alguma enfermidade mental,
ou ainda que sua at i tude de indiscipl ina possa ser a reação negativa
contra aquilo que lhe parece ser imposto pela famíl ia ou sociedade, a
escola. Estes alunos podem ser nominados como:
Obrigados-satisfeitos, que são uma minoria que se
conforma com as exigências que a escol a lhe impõe.
Obrigados-resignados, que representam a maioria que se
adapta ao sistema procurando t i rar part ido da si tuação,
atingindo dois objetivos supremos: “gozar a vida” e
“passar de ano”. Obrigados-revoltados: uma minoria
inconformados (ou maioria conforme as ci rcunstâncias
sócio-económicas do meio). Da família à escola e desta à
sociedade colocam tudo em causa: valores, normas
estabelecidas, autoridade, etc. (Fontes , 2010, p. 3).
Não é fáci l explicar as razões que levam uns a assumirem -se
como "conformistas" e outros como "revoltados". A "falta de afeto" ou
a "vontade de poder" são, por exemplo, duas destas motivações. Há
quem aponte também as tendências próprias de cada idade que
transforma uns em "revoltados" e outros em "conformistas ".
3.3 A SOCIEDADE COMO CAUSA DA INDISCIPLINA.
A sociedade, por sua vez como fonte da indiscipl ina é vista como
sendo ela mesma indiscipl inada.
Há séculos que se apontam uma série de nefastas
influências sociais para explicar certos comportamentos
violentos dos jovens. As práticas de diversão estão em
geral à cabeça neste inventário das fontes de uma cultura
da violência. No passado referiam -se os combates e as
23
touradas, hoje aponta-se o cinema, mas sobretudo a
televisão e certos grupos e gêneros musicais. Mas o
problema ult rapassa a diversão. As nossas cidades são
particularmente violentas. A única forma de sobreviver é
assumir esta cultura de violência. O discurso é
conhecido. A tudo isto, junta -se um outro elemento de
peso: o individualismo hedonista. Obter o máximo prazer
no mais curto espaço de tempo, não importa os
meios. (Fontes, 2010, p. 6) .
3.4 O AMBIENTE COMO CAUSA DA INDISCIPLINA.
O ambiente f ísico também pode colaborar para o surgimento da
indiscipl ina, fomentada pela inquietude ou por condições ambientai s
adversas:
O ambiente também interfere na disciplina. Classes muito
barulhentas, onde ninguém ouve ninguém, salas em que
faça calor intenso, alagadas ou sem condições de
acomodar todos os estudantes são locais pouco prováveis
para se conseguir boa discipl ina. (TIBA, 1996, p.101).
Estudos na área da administração de empresas, no início do
século xx, mas precisamente no ano de 1933, realizada por Elton
Mayo, Mayo (1933), que visava observar o quanto as condições
de i luminação deficiente influenciava no desempenho das
atividades dos empregados na produção da fábrica, resultou em
não só identif icar que as interações sociais também influenciavam
grandemente nos níveis de produção, bem como no
comportamental dos funcionários.
A ambientação é fundamental, não só para reduzir as chances
de a indiscipl ina atuar, como também para promover uma
aprendizagem mais saudável, não só f isicamente, mas psico -
socialmente.
24
3.5 OS ASPECTOS SÓCIO-EMOCIONAIS COMO CAUSA DA
INDISCIPLINA.
Conforme Dantas (2009, p. 24) os aspectos sócio-emocionais
têm grande inf luência na questão da indiscipl ina:
Os aspectos sócio -emocionais têm também sua grande
importância na disciplina. Esses aspectos referem -se aos
vínculos afetivos e às normas e exigências que o aluno
precisa seguir . O professor, dentro da sala de aula, deve
manter uma certa autoridade para poder desenvolver as
atividade e manter a disciplina. Porém, esta autoridade
não deve tolher a l iberdade e autonomia dos alunos.
3.6 ATITUDES DO PROFESSOR COMO CAUSA DA
INDISCIPLINA.
A atuação do professor também pode contribuir para o
aparecimento da indiscipl ina na escola:
A indiscipl ina na sala de aula depende da atuação do
prof issional, de sua dedicação, segurança em relação aos conteúdos,
sensibi l idade e senso de just iça. Através da motivação dos alunos,
induzida pelo professor, a indiscipl ina será amenizada e a
aprendizagem terá melhores resultados.
Há também professores que promovem a indiscipl ina na sala de
aula, sendo ele o pivô do conf l i to, muitas vezes sem perceber; isso
pode ocorrer de várias formas, Fontes (2010, p. 5) nos fala de quatro
razões que pode ter como consequência a indiscipl ina dos alunos :
- Falta de capacidade para motivarem os alunos,
nomeadamente uti l izando métodos e técnicas adequadas.
- Impreparação para l idarem com situações de confli to.
- A forma agressiva como tratam os alunos estimulando
reacções violentas.
- A estigmatização e a rotulagem dos alunos.
25
Em muitas situações os prof issionais da educação queixam -se
de ter que recorrer à imposição de autorida de, porém não se sentem
confortáveis com tal at i tude; conforme Dantas (2009, p. 25) “será que,
caso se tenha mais r ig idez, consegue-se uma discipl ina melhor? como
reprimir at i tudes inaceitáveis sem desencadear uma cr ise entre
professor e aluno?”
Alguns educadores fazem a opção de impor a discipl ina,
recorrendo a instrumentos de coerção, como penalidades; muitas
vezes ut i l izando as notas baixas como forma de coibir a indiscipl ina
em sala de aula; outros , porém f icam inertes diante dos alunos
“ indomesticados” deixando o barco seguir com a correnteza, em uma
verdadeira at i tude que evidencia o abandono da responsabil idade de
educar. A indiscipl ina às vezes é um recado dos alunos contra a
autoridade autoritária ou autoritarista do professor, ou com de sua
falta de autoridade.
3.7 GRUPOS SOCIAIS COMO CAUSA DA INDISCIPLINA.
Outro fato a considerar é a inf luência que os grupos, ou tr ibos,
aos quais os jovens pertencem têm sobre seu comportamento. Não é
raro ouvirmos que jovens se envolvem em encrencas por causa dos
grupos que pertencem; nestes últ imos dias do mês de novembro do
ano corrente, houve um caso em que jovens de classe média da
sociedade paulista tem atacado outros jovens em plena Avenida
Paulista, apenas para demonstrarem ao grupo que pertencem que são
dignos de aceitação; o grupo em questão é de jovens de classe média
que mantêm comunidades em um site de re lacionamento denominado
“Orkut” que promovem a violência contra homossexuais.
O canal de notícias na internet do Grupo Bandeirantes de
Jornalismo, Primeiro Jornal postou um reportagem que fala deste
grupo de jovens agressores:
Câmeras de segurança de um dos estabelecimentos
localizados na avenida Paulista, em São Paulo, captaram
26
imagens da agressão feita por jovens no domingo
passado. As imagens mostram que um dos jovens foi
agredido pela lâmpada fluorescente quando caminhava
com amigos pela Avenida Paulista. Denunciados por um
radialista, de 34 anos, que presenciou as agressões na
altura do número 700 da avenida, próximo à TV Gazeta,
cinco pessoas foram detidas, sendo que apenas uma era
maior de idade. Todos os envolvidos i rão responder em
liberdade.2
Outra fonte relata com mais detalhes o acontecimento:
HOMOFOBIA NA AVENIDA PAULISTA: Cinco
adolescentes agrediram três gays na Av. Paulista na
manhã de domingo, 14. Dos agressores, quatro são
menores de idade, entre 16 e 17 anos, e um de 19 anos. A
primeira agressão do grupo de amigos homofóbicos
aconteceu contra os dois rapazes na altura da estação
Brigadeiro do metrô, por volta das 7h.
Conforme informou o R7, os dois jovens foram feridos
com socos e pontapés. Um deles conseguiu fugir para a
estação do metrô. O outro foi bastante ferido e
encaminhado para o Hospital Oswaldo Cruz, no bairro
Vergueiro.
Conforme os agredidos e testemunhas, os agressores
gr i taram durante o ataque: “Suas bichas, vocês são
namorados. Vocês estão juntos". Já o terceiro agredido
foi o estudante de jornalismo Luis Alberto, 23.
Segundo ele, um dos agressores o chamou e, quando ele
se virou, foi at ingido por uma lâmpada florescent e, que
estava em uma lixeira próxima ao local . A polícia foi
chamada por um radialista de 34 anos, que passava pelo
local . Presos, os agressores foram encaminhados ao 5º
Distri to Policial , no bairro da Aclimação. Segundo o
delegado Alfredo Jang, a motivação parece ter sido
mesmo a homofobia. “Foi uma violência gratuita, covarde
e sem possibil idade de defesa”, disse Jang.
Familiares dos agressores estavam na delegacia. Apenas
a mãe de um deles comentou o caso. Trata -se da
publicitária Soraia Costa, 37. Segundo ela, os agressores
– inclusive seu fi lho – estudam em uma escola do bairro
Itaim Bibi, área nobre paulistana. Para justificar a ação
violenta do fi lho de 16 anos e dos demais jovens ela
disse: “Todos são crianças. Estão chorando. Foi uma
ati tude infanti l . A palavra para descrever o que sinto não
2 http://www.band.com.br/primeirojornal/conteudo.asp?ID=100000369818
27
é vergonha, mas estou sensibil izada porque os meninos
estão machucados”, disse a mãe do adolescente
homofóbico.
Os menores agressores foram encaminhados para a
Fundação Casa. O maior de idade foi indiciado por lesão
corporal gravíssima e formação de quadrilha. De acordo
com o delegado os jovens não fazem parte de grupo de
skinheads. “São brancos, saudáveis , usam roupas normais
e não têm tatuagens”, disse o delegado Jang.
Para justi ficar a agressão gratuita, os jovenzinhos
homofóbicos e fi lhos de papai e mamãe, disseram que
agrediram os gays porque foram "cantados". O pai de um
dos agressores mostra a postura dos fi lhos diante do que
declarou. Segundo afirmou, cogita a possibil idade de
processar o gay que teria dado a "cantada" no seu fi lho
por aliciamento de menores.
No entanto, se eximiu das suas responsabil idades do que
prega o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que
pune pais que deixam os fi lhos menores de idade na rua
após às 22h. Os advogados dos burguesinhos
homofóbicos vão dar entrada de um pedido na Vara da
Infância e Juventude que não entre com o pedido de
custódia, ou seja, de prisão dos adolescentes. 3
As atitudes destes jovens é uma clara demonstração do poder
que um grupo social tem em inf luenciar o comportamento de seus
membros.
Apesar de a vio lência acontecer em todas as camadas sociais, e
em qualquer lugar; em escolas quer públicas quer pr ivadas, é mais
comum o relato nas escolas públicas, pelo menos é o que mais se tem
visto nos meios de comunicação, não tendo por base aqui pesquisa
científ ica sobre em qual destas escolas há maior incidência de
violência. Fontes (2010) faz uma alusão a maior f reqüência da
violência na escola pública:
As escolas públicas são hoje frequentadas por populaçõ es
escolares muito heterogéneas, contando no seu seio com
um crescente número de alunos que provém de grupos
sociais onde subsistem frequentemente graves problemas
de integração social (ciganos, negros, etc. ). Apesar da
especificidade dos problemas destes alunos, a escola
3 http://onixdance.blogspot.com/2010/11/homofobia-na-avenida-paulista.html
28
recusa-se, por uma questão ideológica a tratá -los de um
modo diferenciado. A democraticidade do tratamento não
elimina os problemas de socialização. Resultado: os
problemas são t ransportados para dentro da sala de aula.
Muitos dos jovens envolvidos em confusões na escola que
estudam, são membros de grupos ou tr ibos, que para serem aceitos
promovem ações como vandalismo, agressões f ísicas e/ou morais que
são nada mais nada menos que manifestações da indiscipl ina, tal
comportamento é visto pelos outros membros do grupo como sendo
provas de ingresso ou demonstrações do padrão de comportamento
que os l íderes do grupo impõem sobre seus membros.
29
4. INDICIPLINA, E SUAS CONSEQUÊNCIAS
Vários são os males da indiscipl ina, não só p ara o indivíduo
como para com os grupos sociais nos quais está inserido, podemos
citar desde o baixo desempenho escolar, o desconforto social, e a
perda de valores básicos socialmente aceitos como o respeito, a
cordial idade; até prát icas inaceitáveis como a violência f ísica e moral
para com o seu semelhante.
4.1 MAL ESTAR SOCIAL COMO CONSEUÊNCIA DA
INDISCIPLINA
Tanto para as famíl ias que são freqüentemente convocada s a
comparecer na escola para “resolver” o problema de indiscipl ina de
seus f i lhos, como para os professores, diretores, e os demais
funcionários da escola, e a comunidade na qual este aluno está
inserido; o fato da indiscipl ina na escola é um incômod o, um
transtorno social, haja vista as inf indas discussões entre professores
e diretores com os pais para tentarem identif icar o real motivo do ato
indiscipl inado do aluno; de um lado os pais que procuram na escola o
motivo das ações de seus f i lhos, af irmando que o f i lho foi injust içado,
ou “perseguido” por um determinado professor, bem como que não foi
seu f i lho, pois o mesmo não tem costume de fazer tal coisa. Do outro
lado está a escola que aponta para os pais a responsabil idade de
educar seus f i lhos nos padrões morais e ét icos, pois sua função
quanto escola e/ou educador é de ensinar conhecimentos estri tamente
curriculares.
Atualmente, a família tem passado para a escola a
responsabil idade de instruir e educar seus fi lhos e espera
que os professores t ransmitam valores morais, princípios
éticos e padrões de comportamento, desde boas maneiras
até hábitos de higiene pessoal. (Anônimo, modulo 07, p.
15).
30
A sociedade também sofre com a indiscipl ina, não só pelo fato
de que geralmente a indiscipl ina escolar desenvolve -se para
depredação do patrimônio e para atos de vandalismo, que
freqüentemente vão além dos murros da escola. Outra forma também
que a sociedade sofre é através de jovens que serão parcialmente
improdutivos no aspecto econômico, pois a educação é uma ponte
para o desenvolvimento pessoal e f inanceiro; estes jovens dif ici lmente
seguirão com seus estudos, e pouco contribuirão para a sociedade,
muitos serão futuros marginais, que assolarão o ambiente social com
seus atos.
4.2 BAIXO DESEMPENHO ESCOLAR COMO
CONSEQÜÊNCIA DA INDISCIPLINA.
A questão do desempenho do aluno em relação à indiscipl ina é
um paradoxo, pois f ica dif íci l determinar quem veio primeiro, existe
um dilema de “o ovo ou a galinha” , pois podemos dizer que a
indiscipl ina é geradora do baixo desempenho escolar devido à falta de
vontade do aluno em aprender, prestar atenção, respeita r regras e
normas. Mas também podemos relacionar a indiscipl ina como sendo
gerada pelo baixo desempenho, pois muitos alunos recorrem a formas
de agressão quando se sentem pressionados ou int imidados por
professores ou mesmo outros alunos devido a sua dif ic uldade de
aprendizagem; que como sabemos pode haver inúmeras causas, mas
não iremos abordar os problemas de aprendizagem e suas causas
neste art igo; mas não desassociamos da questão indiscipl ina.
A indiscipl ina como fato gerador da questão do baixo
desempenho escolar, pode ser vista como sendo um ref lexo da má
orientação do jovem, bem como da falta de compreensão de que a
educação é a porta de mudança da vida do aluno; muitos não têm tal
consciência devido o contexto social que os rodeia, jovens que vem de
famíl ia na qual a educação não é est imada, ou que não se vê na
famíl ia exemplos de dedicação nos estudos ou ainda que não haja
31
estímulo ao jovem para seguir seus estudos; em muitos casos vemos
o inverso, famil iares que orientam seus jovens a deixar a escol a para
trabalhar e auxil iar no sustento da famíl ia .
O baixo desempenho pode estar ref let indo a at i tude do aluno em
relação ao professor; a indiscipl ina vivenciada por alguns docentes
pode ser a evidência de que algo está errado em sala de aula, seja
pela postura de alunos que não fazem si lêncio durante as aulas, seja
pela não-part icipação deles nas at ividades. Para Vasconcellos (2004,
p. 95) a indiscipl ina que tem conseqüência o baixo desempenho pode
ter duas formas, pode ser at iva, na qual o aluno faz bagu nça, ou
passiva: quando o professor até consegue si lêncio, mas não a
interação com seus alunos.
4.3 VIOLÊNCIA COMO CONSEQÜÊNCIA DA INDISCIPLINA
Entre todas as evidências da indiscipl ina escolar, nenhuma é tão
polêmica quanto à violência, seja esta f ísica ou moral; este termo
“violência escolar” foi muito evitado, pois os casos eram l igados
apenas a desentendimentos normais de jovens, mas nos últ imos anos
tanto a incidência quanto a intensidade dos atos violentos vem
aumentando quase que exponencialmente.
Segundo TIGRE (2007):
Percebemos que a uti l ização do termo “violência ” nos
t rabalhos mais recentes (CANDAU, 1999;
NASCIMENTO, 1999; PERALVA, 1997; CARDIA, 1997;
GUIMARÃES, 1996), passa a ser empregado sem nenhum
receio em ser considerado pesado demais p ara os
confli tos que a escola vem enfrentando.
Atualmente o conceito de indiscipl ina está sendo diretamente
l igado ao conceito da violência. Outros termos são também
empregados como a incivi l idade e o bullying.
Quanto ao conceito de violência, podemos ci tar CHAUI (2002):
A violência é o uso da força física e do constrangimento
psíquico para obrigar alguém a agir de modo contrário à
32
sua natureza e ao seu ser. A violência é violação da
integridade física e psíquica, da dignidade humana de
alguém.
A violação da qual se refere CHAUI (2002) é o que sente
inúmeros jovens que são vít imas das “brincadeiras” por parte de
alunos mais velhos ou veteranos na escola; não são poucos os
casos em que alunos que sofreram com a violência na escola
ficam traumatizados e querem abandonar os estudos ou até
mesmo o convívio social externo ao ambiente famil iar.
4.3.1 Bullying
Esta é a forma de violência escolar que está em voga,
devido a inúmeros casos que estão indo a público devido aos
flagras de agressões nas escolas por professores e demais
funcionários; como também por causa da sensação de
impunidade que sentem os praticantes do bullying, que se
uti l izam do veículo de informação mundial, a internet, para
divulgar os vídeos fei tos pelos agressores ou por seus co -
part icipantes, que não temem aparecer espancando outro aluno
ou professor em nível mundial.
De acordo com MARTINS (2010) “As primeiras investigações
sobre 'bullying' foram realizadas na Suécia nos anos 1970, e a
part ir daí o interesse se generalizou para os outros países
escandinavos e outras regiões da Europa e Estados Unidos.”
Quanto ao bullying no Brasi l, MARTINS (2010) nos fala que:
No Brasil , os estudos enfocando o 'bullying' são mais
recentes e datam da década de 1990. A Associação
Brasilei ra Multiprofissional de Proteção à Infância e à
Adolescência [Abrapia] e pesquisadores como Cleodelice
Fante [2003] têm se dedicado ao estudo dessa temática.
33
Quanto à definição da expressão bullying , MARTINS (2010)
nos esclarece que:
Bullying- é um termo de origem ingl esa uti l izado para
descrever atos de violencia física ou psicológica,
intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo
[bully] ou grupo de indivíduos com o objetivo de
intimidar ou agredir outro indivíduo [ou grupo de
indivíduos] incapaz/es de se defender.
Bully que é a palavra da língua inglesa da qual deriva a
expressão bul lying signif ica “valentão”, ou seja, aquele que se
uti l iza da força ou grupo de amigos para violentar física ou
psiquicamente outro. Então bul lying é a ação de usar de violência
para contra outrem, tanto indivíduos como contra grupos, no
sentido físico ou psíquico; isto em um contexto escolar, haja vista
que em outros contextos isto pode ser nomeado diferentemente,
como no contexto profissional o “bullying” psíquico é denominado
“Assédio Moral”.
A definição de 'bullying' que, segundo a Wikipédia, é um
termo em inglês para descrever atos de violência física ou
psicológicas, intencionais e repetidos, para int imidar ou agredir
outro indivíduo, incapaz de se defender.
Quando ocorre o bullying, há vários personagens envolvidos,
sejam as vít imas ou alvos, os alvos/agressores, os autores, e as
testemunhas. Isso pode ser melhor entendido conforme MARTINS
(2010):
- alvos de Bullying - são os alunos que só sofrem
BULLYING [vit ima];
- alvos/autores de Bullying - são os alunos que ora
sofrem, ora praticam BULLYING;
- autores de Bullying - são os alunos que só praticam
BULLYING [agressor] ;
- testemunhas de Bullying - são os alunos que não sofrem
nem praticam Bullying, mas convivem em um ambiente
onde isso ocorre.
34
É compreendido que pessoas que sofrem algum tipo de
violência na infância, tende a repetir ou repassar essa violência a
outros; isso pode ser visto em crianças que são vít imas de
agressões na família, que repassam o comportamento agressi vo
em outros ambientes. Há também casos de pessoas que são
abusados sexualmente na infância por pedófi los e quando
crescem repetem os abusos. Mas aqui não tem a pretensão de
definir possíveis causas ou conseqüências das agressões e
abusos nesta l inha de raciocínio, mas apenas de refletir sobre a
violência relacionada com o bullying.
Um dos fatores que proporcionam o aumento da freqüência
dos atos com características do bullying é a sensação de
impunidade e de poder que os jovens de nossa época vêm
experimentando. Alimentados com toda sorte de mimos, as
crianças são “mal criadas” por seus pais que tentam compensar
sua “presença” com presentes, e “sins” para tudo que a criança
deseja; muitas vezes estes pais estão mais preocupados com o
andar de suas carreiras profissionais do que a educação de seus
fi lhos; ou muitas vezes tem tentado dar aos fi lhos confortos que
não t iveram na infância, mas com a responsabi l idade requerida
para tanto, pois ao dar aos seus fi lhos bens e confortos sem
dosar os momentos, as situações e acima de tudo os porquês. As
crianças de nosso contexto social estão crescendo com uma
sensação de que seus pais são extremamente ricos, no sentido
financeiro, e que não lhes priva de nada, isso gera uma sensação
de poder, pois tudo que “eu” que ro “eu” tenho, muitas vezes ao
chegar a momentos nos quais os pais não terão condições de
proporcionar aqui lo que o jovem quer, este jovens irá voltar -se
para os pais com agressividade, seja verbal ou física, exigindo o
que lhe é pedido. Outro fato também que deve ser fr isado é que
estamos vivenciando um momento que o social/coletivo está
35
perdendo o valor, pais muitas vezes sem perceber estão
ensinando seus fi lhos a serem mesquinhos e egoístas, pois
quando dizem para seus fi lhos “não dê seu brinquedo a ninguém”
ou que “não brinque com aquela criança” isso está gerando na
criança um certo individual ismo que mais tarde refletirá em seu
comportamento.
O “Não negar nada os fi lhos” é a f i losofia de vida de muitas
famílias; isto está criando uma geração de jovens
inconseqüentes, irresponsáveis, donos do mundo; que não fazem
nada que não lhes proporcionem algo em troca. Alguns podem até
ver algo de bom neste tipo de educação, mas não percebem que
o verdadeiro amor que os pais podem dar a seus f i lhos é a
educação para a vida em sociedade, onde estes irão ter um bom
convívio, sucesso profissional e até amoroso, pois esta educação
para a vida é fundamental para o viver social; pessoas que vivem
de uma forma sociopata podem até conseguir algo na vida, mas a
troco de destruir ou transtornar a vida de outros. Os jovens que
estão frustrados com a falta de amor, atenção ou até mesmo de
carinho de seus pais/famil iares tendem a ref letir isso através de
comportamentos agressivos; uma destes reflexos podemos dizer
que é o bul lying. Mart ins (2010, p. 2) nos fala sobre esta relação
falta de afet ividade famil iar/comportamento agressivo :
Em geral são crianças e jovens vindos de famílias em que
a relação afetiva é muito pobre; não existe um bom
relacionamento entre pais e fi lhos. Deste mo do, os alunos
entram na escola sem ter habil idade ou capacidade para
estabelecer um vínculo afetivo melhor com os colegas,
estabelecendo, assim, uma relação de confli to e agressão.
Ainda temos crianças e jovens cujos pais uti l izam a
violência física ou o gri to como formas de impor
autoridade e, com isso, acabam reproduzindo essa forma
de se impor na escola, diante do grupo, usando a
violência também.
36
Owelus apud MARTINS (2010) define o bullying em três
termos essenciais:
1. o comportamento é agressivo e ne gativo;
2. o comportamento é executado repetidamente;
3. o comportamento ocorre num relacionamento onde há
um desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas.
MARTINS (2010) define então o bullying como sendo:
“.. . todas as formas de ati tudes agressivas , intencionais e
repetidas , que ocorrem sem motivação evidente, adotadas
por um ou mais estudantes contra outro(s), causando dor
e angústia, e executadas dentro de uma relação desigual
de poder.”
Os atos freqüentes dos autores e o desequilíbrio de poder
são a base para a intimidação das vít imas; que podem ser atos de
ironia, colocar apelidos, humilhar, ofender, fazem chantagens,
discriminar, excluir socialmente, perseguir, assediar, amedrontar,
agredir, bater, roubar ou quebrar pertences da vít ima, entre
outras formas. (Martins, 2010, p. 2)
O bullying pode ser dividido em duas categorias de acordo
com MARTINS (2010). O bullying direto e o bul lying indireto ou
agressão social. Sendo o bul lying direto freqüentemente praticado
por agressores do sexo masculino; é aquele que é reconhecido
abertamente, são as agressões físicas, os xingamentos, as
ameaças, as depredações dos bens da vít ima, dentre outras mais
conhecidas.
Já a agressão social ou o bullying indireto é mais
característico dos agressores do sexo feminino, ou de crianças
pequenas, tratando-se da tentativa de forçar o isolamento social
da vít ima; tal isolamento é conseguido através de diversas
técnicas, dentre elas podemos destacar: Espalhar comentários,
recusa de associação com a vít ima, intimidação daqueles que
querem socializar com a vít ima, crit icar a vít ima quanto ao seu
37
modo de vestir , raça, etnia, religião, incapacidades, etc.
(MARTINS, 2010, P. 2).
4.3.1.1 Ciberbullying
Com o advento da internet e das redes sociais, como Orkut,
facebook, twiter entre outras; milhões ou até bilhões de jovens no
mundo todo teve acesso a social ização mundial; mas como o
bullying é uma mazela da sociedade e por causa disso não ficaria
de fora do mundo virtual, surge então o ciberbullying, que seria a
forma “melhorada do bullying” na qual os agressores partem para
uma nova modalidade de agressão, a agressão virtual, que nada
mais é do que as velhas práticas do bullying agora aplicados no
mundo digital . Este tipo de agressão pode ter várias facetas,
pode vir através de calúnias espalhadas na internet, ou através
de perfis di famatórios em sites de relacionamentos, ou ainda
através de manipulação de imagens das vít imas para constrangê -
las ou difamarem.
JÚNIOR (2010) relata algumas praticas do ciberbullying:
. . .criação de perfis difamadores ou caluniadores em sites
de relacionamento, possivelmente com dados obtidos
mediante hackeamento ou não; injúrias e ameaças
explícitas ou implícitas por e -mail; exposição de dados
íntimos das mais diversas formas; dis torção de fotos,
sons e vídeos; propagação de boatos e publicações falsas
em correntes de e-mails perseguindo determinada pessoa
ou grupo; ameaças diretas e continuadas também em
mensagens de fóruns ou de si tes de relacionamentos, ou
invasões ao computador da vít ima para dest ruí -lo, apagar
arquivos, ou minar a conexão dessa vít ima com a
internet.
O ciberbullying pode muitas vezes ser até mais danoso do
que o bullying tradicional, pois as informações divulgadas na rede
mundial de computadores são prat icamente impossíveis de s erem
deletadas, pois por mais que alguém tente ret irar algum conteúdo
38
da mesma, outros usuários que o tenham baixado, podem
real imentá-la e assim continuar com a publ icação da informação
danosa. Empresas responsáveis por dados de usuários em sites
de relacionamentos tentam lutar contra tais atos, mas quase que
em vão; pois as informações contidas na internet não têm donos,
e podem ser editadas ou divulgadas por qualquer um que tenha
um mínimo de conhecimento de informática, e que tenha intenção
para fazê-lo.
JÚNIOR (2010) propõe uma forma de prevenção contra o
ciberbullying:
Uma saída preventiva é um comportamento mais discreto
na internet, sobretudo nos si tes de relacionamento,
através do não uso de fotos de parentes ou de animais de
estimação, e de se ev itar a exposição de informações
íntimas, documentos, ou fotos comprometedoras em
celulares, que são passíveis de furto. Outra saída, ainda
no campo da prevenção, está na maior responsabil ização
de empresas donas de determinados espaços virtuais
quanto ao seu próprio conteúdo.
No caso específico dos si tes de relacionamento, como
Orkut, Facebook, Myspace e outros, obviamente não se
devem adicionar qualquer um, e, mesmo adicionando
conhecidos, é preciso medir se é possível deixar à
disposição fotos e vídeos pessoais, bem como outras
funcionalidades que possam revelar algum tipo de
intimidade, além de evitar part icipação em comunidades
suspeitas. E, periodicamente - acrescentemos -, deve-se
mudar a senha antes que façam isso por você.
Outros fatores de risco vêm com as salas de bate -papo,
fóruns, MSN e si tes congêneres, que também exigem um
cuidado com tudo o que se vai escrever e publicar. Em
caso de menores , é fundamental a observação dos pais ou
responsáveis, para evitar ciberbull ies [dentre eles,
pedófilos ou sequestradores em potencial] .
O ciberbullying assim como o bullying tradicional são atos
de vandalismo social, em que jovens ou até adultos minam a
sociabi l idade de outro, seja denegrindo, agredindo ou mesmo
proporcionando as vít imas uma vida de solidão , descriminação e
39
ódio; o que lhes é penoso não só para o seu convívio social, mas
até para sua saúde física e psíquica.
40
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nas pesquisas realizadas em diversos autores para
elaboração deste trabalho pudemos entender que a indisciplina,
não pode ser conceituada de uma forma simples, ou direta, sem
compreender que sua origem tem uma relação direta com a
palavra disciplina que vem do latim “discere” que signif ica
“ensino” que também tem outro signif icado que é “discipl ina” e
que a sua negação através do prefixo lat ino “ in” torna a
expressão “ indisciplina” algo compreensível em nosso contexto,
há também vertentes que defendem que a indisciplina é um
conjunto de regras impostas pela sociedade em vários contextos,
sendo estes culturais, temporais, etc. VEIGA (1992 , p. 3), diz que
a indiscipl ina nada mais é do que uma “disrupção escolar” que é
a violação das regras impostas pela escola .
A indisciplina pode revelar -se através de inúmeras facetas,
podem ser freqüentes, e simples como apatia da turma ao assist ir
a aula, ou cochichos, ou troca de mensagens por papeizinhos, ou
ainda exibicionismos, intervalos prolongados pelos próprios
alunos, etc. há também as manifestações excepcionais que são
aquelas que ocorrem com menor freqüência, mas tem maior
intensidade, são mais graves como: agressões a colegas,
professores ou funcionários; roubos, preconceito contra outros
alunos no contexto social, racismo ou rel igioso e homofóbicos.
Quanto às causas da indisciplina percebemos que são de fontes
diversas; que podem ser de origem interna ou externa; as
internas são relacionadas aquelas que acontecem por motivos
diretamente l igados ao ambiente escolar, como: colegas de
classe, fal ta de estrutura, ati tudes dos professores, etc. Ou
também pode ser de origem externa, como a influência dos meios
de comunicação. Podem ter como fontes geradoras as famílias,
41
quando se omitem no f ixar nos primeiros anos de vida os padrões
morais saudáveis que a vida em sociedade exige, seja por fal ta
destes padrões pelos próprios pais ou por serem adeptos da
f i losofia do “não negar nada aos fi lhos”; outra fonte da
indisciplina pode ser o próprio aluno em não aceitar ou
conformar-se com a obrigação de adequar-se aos padrões da
sociedade; sendo classif icados como “obrigados-satisfeitos” que
são aqueles que conformam com os padrões que a
escola/sociedade impõe; os “obrigados -resignados” que procuram
t irar partido da si tuação visando, gozar a vida e passar de ano. E
os “obrigados-revoltados” que lutam contra os pad rões impostos
pela escola/sociedade, estes sendo a minoria. A sociedade
também pode ser uma fonte da indisciplina , assim como o
ambiente no qual o jovem está inserido, e os aspectos sócio -
emocionais que são os vínculos afetivos entre aluno e professor;
as atitudes do professor podem contribuir para os atos de
indisciplina dos alunos, pois professores que não dominam o
conteúdo, ou que tem ações muito autori tárias podem
desencadear nos alunos atos de indisciplina, que podem ser
simples como sair da aula ou a té agressões. Os grupos ou tribos
que os alunos freqüentam são também fontes geradoras da
indisciplina, pois através de sua inf luência os grupos podem
manipular os jovens a desacatar ou burlar regras apenas para se
sentirem aceitos.
Ações indisciplinadas geram conseqüências não só para os
que sofrem com tais atos, mas também para seus atores; o mal
estar social é um exemplo de sofrimento mútuo, pois tanto
famílias como educadores sofrem com a indisciplina dos jovens.
Os jovens indisciplinados também perdem com isso, o baixo
desempenho escolar é uma conseqüência direta da indiscipl ina.
Mas a mais grave conseqüência da indisciplina é quando esta se
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converte em violência; ai todos sofrem, seja famíl ia, seja escola
seja até mesmo o jovem que prat ica tal ato; poi s isto pode ser
reflexo de uma carga emocional frustrada, uma vida de ausência
afet iva que resulta em agressões física ou psíquica. Uma das
facetas da indisciplina em sua mais horrenda forma é o bullying,
que está sendo tão visado em nosso contexto, trazen do a tona
prat icas que existem a tempos imemoráveis; mas que tem se
apresentado cada vez mais destrutiva; isto pela fal ta de
compreensão de seus prat icantes de que a vida humana tem seus
valores, valores estes impagáveis. O ciberbullying também tem
surgido neste contexto uti l izando-se de meios vir tuais bastante
popular entre os jovens, que são tanto vít imas como autores do
ciberbullying, que nada mais é do que o bul lying “melhorado” as
mesmas práticas em uma roupagem nova.
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