Monografia Yoga - Dorilany

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MONOGRAFIACURSO DE FORMAO PARA INSTRUTOR DE YOGAProf: Adriana Braga Padmi Ncleo de Yoga & Arte Belo HorizonteMG Aluna: Dorilany Rocha de MatosPRANAYAMAS E A EXPANSO DA CONSCINCIA Durante o Curso de Formao para Instrutores de Yoga, deparei-me com o tema Pranayamas e, encantada, bebi das palavras e ensinamentos da filosofia milenar a respeito do assunto, transformando o ato de respirar, para mim, num delicioso aprendizado de como possuir um elixir da sade e equilbrio fsico, mental e espiritual. Querendo entender cada vez mais a profundidade desse conhecimento, tento nesse trabalho registrar os pontos importantes da relao entre Pranayamas e expanso da conscincia, juntamente com o corpo fisiolgico e o corpo sutil. Respirar , do ponto de vista fisiolgico, o ato de inalar e exalar o ar atravs da boca ou das cavidades nasais para se processarem as trocas gasosas ao nvel dos pulmes. A respirao o processo pelo qual um organismo vivo troca oxignio e dixido de carbono com o seu meio ambiente. Para isso, faz-se necessrio que o ar fresco entre pelas narinas, onde aquecido nas cavidades nasais, limpo e umedecido, a seguir percorra a traqueia (um tubo que passa pela garganta, mantido aberto por anis de cartilagem) e chegue aos pulmes. Como o ar que respiramos normalmente poludo, ao passar pelas narinas ele filtrado nos pelos e pelo muco do nariz e, ao longo de toda a traqueia, por outra camada de muco e clios na parte interna que tem a mesma funo de filtragem, empurrando o muco para a garganta para ser engolido, deixando livre o caminho do ar para os pulmes. Quando inspiramos, o diafragma se contrai e desce, abrindo espao para o trax se expandir e o ar entrar nos pulmes. Ao expirarmos ocorre o inverso desse movimento para a expulso do ar. RESPIRAO COMPLETA Esvazie os pulmes. Inspire, sentindo o ar fresco entrar pelas narinas indo em direo ao abdome, que se projeta para cima; sinta as costelas se expandirem e a parte alta do trax se encher de ar, abrindo o peito movimentando os ombros para cima. Expire descendo ombros e relaxando as costas, o peito, voltando com as costelas e levando o umbigo para dentro, recolhendo o abdome e expelindo todo o ar dos pulmes.1

Para o Yoga a respirao Pranayama alm de ser um processo fisiolgico que envolve o pulmo por inteiro, inspirando e expirando o ar atravs das narinas , significa um ato bem mais sutil, um movimento consciente de inspirar Prana (energia vital, alento, pensamentos e emoes positivas) e reter e dominar (Ayama), numa pausa nfima, porm repleta de aprofundamento para a evoluo e expanso da conscincia. Para o Yoga, Pranayamas constituem-se de tcnicas para captar, dominar e reter em seu ntimo o alento vital, distribu-lo pelo corpo, purificando-o e desobstruindo canais energticos que levam gradativa expanso da conscincia, at se atingir a iluminao. VILOMA PRANAYAMA RELAXANTE Inspire e expire com todo o pulmo e relaxe. Esse o primeiro passo. Relaxe, deite-se confortavelmente numa esteira, alinhe as vrtebras da coluna, deixe os joelhos flexionados e unidos, os ps separados apoiados no solo. Esvazie os pulmes. Inspire projetando o abdome para fora, dilatando as costelas e abrindo o peito levantando um pouco as clavculas, recebendo o prana. Observe ento uma sutil pausa na respirao, como que preenchendo todo seu corpo com esse prana. Solte o ar soprando-o suavemente pela boca, eliminando toxinas, impurezas dos pulmes e pensamentos negativos da mente. Desa os ombros relaxando as clavculas, voltando as costelas e recolhendo o abdome, retirando todo o ar dos pulmes. Ao final da expirao observe uma nova e sutil pausa natural, para outra vez inspirar e absorver um maior fluxo de oxignio e prana. Efeitos teraputicos: pranayama relaxante (principalmente visualizando que ao soltar o ar ocorre a eliminao das toxinas corporais e mentais) que purifica o corpo e a mente e alivia a presso nos hipertensos. Na prtica de Yoga, a respirao tem 3 fases, deve ser feita com conscincia e os pulmes estarem sempre vazios para comear.A inspirao, cuja denominao Puraka; a exalao ou Rechaka , um processo passivo, natural, suave, e a pausa, reteno do ar ou Kumbhaka, o ponto neutro, o instante de um encontro primordial do qual trataremos mais adiante. . O homem moderno no quer saber de pausas na sua concepo, perda de tempo e dinheiro. Corre daqui para ali buscando a felicidade nos bens materiais, no acmulo de posses e prestgio social. a era das aparncias, da poluio visual e da mente, do excesso de estmulos sensoriais, materiais, a era do tudo fast, pra ontem, se possvel. Isso gera um estresse constante e ininterrupto, que por sua vez gera poluio e confuso mental, respostas rpidas e automticas do corpo e da mente, como se fosse uma luta, uma guerra, competio para chegar reta final mais rpido e primeiro. Para isso, o corpo tem que estar esperto e atento, eltrico e defensivo, a mente completamente ocupada por estratgias da batalha diria de sobrevivncia, por iluses da vida material e densa, sempre olhando frente, a respirao rpida como os batimentos cardacos e, quantas vezes, sufocante. Ao final, quando esse homem alcana tais bens, prestgio, poder e chega onde ele supe ser o topo, descobre por sua vez e na maioria das vezes um grande vazio na alma. Est rico, poderoso e sozinho,

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doente, estressado e ainda preocupado como guardio desses bens, escravo do seu destino, iluses e histria. Mas, como relaxar, se relaxar desarmar, entregar e entregar-se, usufruir do alento e enxergar o agora presente, mandar um aviso ao corpo de que ele pode renovar-se, refrescar, aliviar-se das respostas rpidas e contnuas, dizer mente que descanse dos pensamentos automticos turbinados e dos turbilhes de ideias e estmulos, convidar o esprito a mergulhar numa viagem de autoconhecimento, descobrir na vida muito mais que bens materiais e luta por sobrevivncia e que possvel ser feliz com simplicidade, poder respirar com todo o pulmo, com ritmo, por inteiro, vivendo sade em todas as clulas do corpo? E, no final, olhar para trs e sorrir satisfeito por saber que se viveu plenamente. E o mais importante: nessa entrega de si, na busca do seu eu e do sentido da vida, saber que se pode viver inserido na sociedade realizando suas aes, trabalho, comportamento e atitudes, com a diferena de estar consciente de si, de quem , de seus limites, equilibrando trabalho e descanso, rapidez e calma, qualidades e defeitos, sabendo lapidar as virtudes, aceitar as falhas minimizando-as e no lhes dando nfase, estar centrado e feliz independente do sol escaldante, do trnsito moroso, do atraso do cliente, da vida e seus inmeros pequenos e grandes obstculos. E tudo comea no ato de saber respirar! Sem a respirao o ser humano no vive; exercitando Pranayamas viver muito melhor. J lemos muito a respeito da importncia da respirao na vida do ser humano. Sabemos que ela funciona como um barmetro de energia da vida, sendo a medida mais consistente de vitalidade medida que o ser humano envelhece. Mas o que muitos no sabem que a respirao, na sua caracterstica de ser involuntria como funo prioritria para a nossa vida, tambm voluntria ou consciente, e que podemos portanto, regul-la a nosso favor. Para isso, realizamos e praticamos Pranayamas. Respirao e vida emocional andam juntas.Se observarmos a respirao de uma pessoa diante de uma situao de estresse ou relaxada deitada na grama de um parque, fica claro o estado mental e psquico em que ela se encontra e tambm a relao que h entre sistema nervoso e respirao. Pare um instante e observe a sua respirao agora. Qual parte do corpo se movimenta mais? O baixo-ventre, o abdome? Ou o peito que sobe e desce levantando os ombros? Se a sua respirao est se dando mais no peito, observe seus pensamentos e seu estado emocional no momento. Est agitado, nervoso, inquieto, angustiado, ansioso ou confuso? Sente-se sufocado pelas responsabilidades do dia a dia? Permita-se uma pausa. Comece a inspirar com o pulmo todo, projetando o abdome, expandindo costelas e enchendo o peito por ltimo, e solte o ar soprando pela boca, devagar, suavemente, num movimento inverso at que os pulmes se esvaziem totalmente no recolhimento do abdome. Repita o Viloma Pranayama Relaxante algumas vezes e observe a mudana de estado mental. Valeu a pausa? Quando aprende a regular a respirao voluntariamente o ser humano estar praticando Pranayama, regulando ao mesmo tempo sua sade orgnica, psquica, mental e espiritual, tomando conscincia do seu corpo, cuidando de seu bem-estar como um todo, sentindo a plenitude de ser quem , tomando o controle de sua vida em3

todos os aspectos, aprofundando um encontro definitivo consigo mesmo, com sua essncia pura, na harmonia de ser dentro do ritmo universal, escalando os degraus da expanso da conscincia csmica. No livro Elementos formais do Hatha-Yoga, Antnio Blay diz que a fora nervosa, a vitalidade, a irradiao magntica do indivduo so expresses do Prana, sendo seu capital energtico retirado do sol, alimentos, ar, universo. Dentro da filosofia indiana Prana se constitui de 5 ares vitais, vays, circulando por todo o corpo com funes especficas em reas diferentes .Os principais so prana e apana. Prana, energia que atrai, integra, absorve atravs do ar inalado. Apana, energia que expele, expulsa, ao propulsora. Sendo assim, entendemos como prana e apana tm funo homloga inspirao (Puraka) e expirao (Rechaka), e o ponto que une ou separa ambas a reteno do ar, o Kumbhaka, ponto neutro, pausa. De acordo com Patanjali, a respirao considerada a forma mais elevada de ascese, por purificar as impurezas e acender a chama do conhecimento profundo. Os Pranayamas, por ajudarem a mente a se concentrar, so uma perfeita preparao para a meditao. Em meditao o ser humano capaz de reformatar seus padres mentais, seu estado psquico, sua personalidade. Vamos ento entender como se d essa purificao atravs dos Pranayamas e como se relaciona o sistema energtico do corpo sutil com os sistemas do corpo fsico, trabalhando em conjunto para a expanso da conscincia. Podemos comparar o sistema energtico do corpo sutil com o sistema nervoso central que passa pela coluna vertebral e divide-se em sistema nervoso perifrico e vegetativo ou autnomo. O sistema vegetativo ou autnomo ainda divide-se em parassimptico e simptico. O parassimptico, altamente complexo, forma uma sofisticada rede de comunicao atravs de impulsos de energia eltrica e qumica, carregando e operando o motor das funes corporais, relaxando, descontraindo, retraindo (levando ao corpo as respostas de relaxamento), em oposio ou em combinao com o sistema nervoso simptico, que reage a estmulos recebidos pelos sentidos, contraindo, expelindo, acelerando (dando ao corpo respostas de fuga ou preparao para luta). O equilbrio do sistema nervoso a combinao dos sistemas simptico e parassimptico, ou seja, h momentos em que o corpo e a mente precisam estar alertas, dando respostas de fuga ou de luta, e outros momentos em que precisam de relaxamento e descanso. Tal qual o ciclo da vida, onde se alternam e se complementam os opostos: frio e calor, alegria e tristeza, retrair e expandir, o negativo e o positivo, o passivo e o ativo, inspirar e expirar, subir e descer, esquerdo e direito. Os sistema nervosos simptico e parassimptico so considerados extenses dos canais energticos do corpo sutil, os Nadis, passando pelo lado esquerdo da coluna o Nadi Ida e, do lado direito, o Nadi Pingala, que se originam na base da mesma e sobem at o alto da cabea entrelaando se por ela.. Por esses Nadis laterais fluem foras de passividade, relaxamento, calma (Nadi Ida) e foras de impulsividade, vitalidade e energia (Nadi Pingala). Os Nadis, por sua vez, esto ligados a um canal central Sushumna, que seria a extenso do sistema nervoso central , e tambm ligados aos Chakras, que so os canais de armazenamento de energia vital, Prana, situados em pontos especficos ao longo da coluna, funcionando como extenso das glndulas endcrinas e plexos nervosos. Desobstruindo, equilibrando e purificando os canais energticos: 1- Nadi Sodhana Pranayama (purificao de Ida e Pingala)4

Inspire por uma das narinas, enquanto bloqueia a outra. Retenha o ar com os pulmes cheios (Antara Kumbhaka) pelo tempo que conseguir, levando o queixo ao peito (Jalandhara). Depois, volte com a cabea, expire pela outra narina e bloqueie a primeira. Inspire agora pela narina que acabou de expirar, retenha o ar, queixo no peito, e expire pela narina oposta. Termine o pranayama expirando pela narina que comeou o exerccio. 2- Anuloma Pranayama (desbloqueio de Sushumna) Inpirao completa e profunda pelas narinas, reteno do ar com os pulmes cheios (Antara Kumbhaka), expirao por uma das narinas. Nova inspirao e, aps reteno do ar, expirao pela narina oposta. Com o tempo pode-se bloquear parcialmente a narina que est expirando a fim de tornar a exalao mais lenta, potencializando o exerccio. Esse pranayama areja os pulmes, tranquiliza o sistema nervoso, melhora a digesto e aumenta a fora de vontade. Essa maravilhosa rede de canais e centros energticos sutis, invisvel aos olhos humanos, juntamente com a rede nervosa fisiolgica rege a vida orgnica, mental e espiritual do homem. O que leva os humanos a pensar, refletir, reagir, amar, conscientizar-se, no est a olhos nus. Est alm disso, mais sutil, permeia seu corpo fsico, seu crebro: seu sopro de vida, seu alento, Prana. Quando se vai, no ltimo suspiro, vai sua prpria vida. Como disse anteriormente, o homem moderno est com a mente poluda, em consequncia de um corpo poludo, um sistema respiratrio tambm poludo por uma respirao estressada no corre-corre da vida. Por isso, torna-se necessrio purificar o corpo, seus canais sutis e energticos. preciso que o organismo adquira uma grande capacidade de absorver oxignio que, em forma de Prana, energia vital, ir circular por todo o corpo, fluindo, indo e vindo por Ida e Pingala e, purificados, subir por Sushumna, nesse caminho desenvolvendo os Chakras plenos de energia depositada, os quais vo girando e desbloqueando. Todo o passeio de Prana pelo interior do homem necessita de sua conscincia para atuar corretamente nesses desbloqueios e purificaes, para que atinja o objetivo de proporcionar a sade fsica e mental, a unio, a integrao do ser. Pranayama para ativar o crebro, poder de concentrao e fora mental: 1- Kapala Pranayama (respirao com movimento e ao mental) Visualizar um tringulo dourado no centro da testa, a morada da conscincia, a luz da sabedoria e da vida. Inspire canalizando mentalmente o ar vital para este tringulo; depois solte o ar, imaginando o tringulo se expandir, iluminando todo o crebro e transbordando para todo o corpo.

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Acima, desenho da rede de Chakras (circulares), Ida e Pingala se entrelaando ao lado da coluna por onde passa Sushumna, o canal central.

Medo, ansiedade e estresse podem causar baixas por distrbios na energia dinmica de equilbrio dos Chakras. Uma obstruo efetivamente uma rea onde a energia est parando de fluir, causada por energias opostas, produzidas por traumas ou energias negativas que entram. Tais obstrues em qualquer parte da energia fluente podem resultar num mal funcionamento da glndula endcrina e, consequentemente, desequilibrar a atividade hormonal. Os Chakras refletem a atitude individual para a vida. Queiramos ou no, a nfase dirigida largamente atravs de pensamentos materialistas e atividades terrenas, existindo um comprometimento da realidade de pensamentos espirituais. Idealmente eles podem ser todos amplamente desenvolvidos e estar em completo equilbrio dinmico. Cada Chakra tem uma funo particular mas, em termos gerais, aqueles abaixo do diafragma tratam das energias das atividades mundanas da existncia fsica, que podem ser chamadas de funes de sobrevivncia, enquanto as energias acima do diafragma, a partir do Chakra Anahatha, o cardaco, so relacionadas com o desapego, o amor universal, a compaixo, conscincia, sabedoria, criatividade, expresso. Os 7 Chakras so: Muladhara, na base da coluna; Swadhisthana, lado esquerdo do umbigo; Manipura, na boca do estmago; Anahatha, cardaco, no corao; Vishudna, na garganta; Ajna, no centro da testa entre os olhos e Sahashara, no alto da cabea. importante saber que o Chakra Muladhara, de polaridade negativa, na base extrema da coluna e Chakra Sahashara, de polaridade positiva, no alto da cabea, abrigam duas energias respectivamente: Shakti (ligada Kundalini, energia da matria) e Shiva (energia espiritual), estabelecendo entre eles um campo energtico dentro do qual acontecem os fenmenos da conscincia humana, dependendo do grau de maior ou menor materialismo ou maior e menor espiritualidade do indivduo. O Prana, controlado e dominado, sendo energia vital que se desloca incessantemente pelos canais energticos, ser responsvel por deslocar essas energias, fazendo com que a fora de Shiva, do amor, entrega e desapego cheguem ao Muladhara, transmutando e equilibrando as foras da matria para equilbrio do ser. O despertar6

de Kundalini impulsionada pela energia da conscincia e vontade sobe at Sahashara levando mudana no estado de conscincia, podendo chegar a iluminao. As pessoas interessadas e comprometidas em outros ideais alm de s perseguir desenvolvimento material, usam mais seu potencial fsico e funes espirituais, expandindo seus Chakras e tornando-os mais ativos. Isto acontecendo, uma expanso de conscincia toma lugar, provendo o indivduo com discernimento at outros reinos de existncia e dentro de si prprio. Equilibrar as energias j citadas , se faz dominando o Prana, praticando Pranayamas ,o que significa fazer a mudanas no ritmo respiratrio. Logo, equilibrar Prana e Apana atravs dos Pranayamas o caminho mais eficaz e seguro para isso. Na prtica, o ritmo depender do objetivo do Pranayama especificamente. Ora poder ser forte e rpido, trabalhando regies especficas por onde passam os vayus, ora poder ser profundo, suave, natural. Ora se far com Kumbhaka de pulmes cheios ou ento com pulmes vazios. Tambm poder ser com respirao em contnuo movimento ou em pausas gradativas de acordo com as fases da mesma. E ainda Pranayamas com atitude mental, visualizaes de luz. O ponto crucial que, qualquer que seja a tcnica, a conscincia tem de estar presente para o Prana seguir corretamente pelo corpo. Pranayama para potencializar a energia no sistema nervoso, purificar canais energticos, revitalizar o corpo e a mente, aprofundar a conscincia: 1- Bhstrika respirao do fole Esvazie os pulmes. Inspire de maneira vigorosa pelo abdome, expirando tambm de maneira vigorosa pelas narinas e contraia o abdome. Continue inspirando e expirando de maneira rpida e vigorosa, acelerando cada vez mais o ritmo. Aps dez execues, respire livremente. Faa a inspirao completa, leve o queixo no peito e retenha o ar com os pulmes cheios; quando quiser, volte com a cabea e solte o ar. Inicie novo ciclo e mais um aps esse. Esse pranayama faz aumentar a circulao sangunea, tonifica o sistema nervoso, renova e purifica todo o corpo, produz uma potencializao de energia nos sistemas nervoso, muscular e respiratrio e tambm um aprofundamento notvel da conscincia. Obs: pessoas com histrico de hipertenso ou problema cardaco podem fazer o Bhstrika com menos vigor e rapidez e sem retenes de ar. Atenhamo-nos agora um pouco sobre Kumbhaka. um instante de suma importncia e profundidade, pois nesse momento estanque em que se processam os fenmenos da conscincia, o refreamento de ondas desordenadas, agitadas, instveis que atrapalham e embaam a viso interior clara e plena de si mesmo. Aps a serenidade mental, vem a unio do eu profundo com o eu superficial, consciente com inconsciente, e o despertar de Kudalini de encontro ao Chakra Sahashar, j que por ocasio dos movimentos respiratrios a energia de Kundalini se deslocaria pelos nadis Ida e Pingala. No Pranayama no momento de Kumbhaka que ir se processar a mudana de ritmo interno, esse aquietamento da mente, com o cessar da dualidade da existncia humana sempre em conflito com os opostos, dando lugar a outro estado da

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conscincia, mais equilibrado e se expandindo cada vez mais. V-se portanto, a importncia do Kumbhaka para o Yoga. A mente se acalma tambm por exalar e por reter a respirao I.34-Yoga Sutras de Patanjali Kumbhaka Bandha Pranayama: - Aps a expirao, inspire levando a cabea para trs retendo o ar com os pulmes cheios (Antarya Kumbhaka), enquanto massageia com a lngua o palato mole do cu da boca (Khekari Mudr). Depois expire, levando o queixo ao peito (Jalandhara), realizando a trplice contrao (Bandha Trya): contraia o abdome (Udhiyana Bandha) e os esfncteres inferiores do nus e uretra (Mula Bandha), retendo o ar com os pulmes vazios (Sunyaka Kumbhaka). Esse pranayama tem forte atuao nos rgos internos, glndulas endcrinas e plexos nervosos, alm de liberar correntes de energia (Vayus) do corpo, promovendo a vitalidade e o equilbrio orgnico e mental. Veremos no texto abaixo uma bela descrio do processo pelo qual a prtica de Pranayamas expande a conscincia individual, levando-a a uma integrao com a conscincia universal e csmica: Em 1 lugar, da respirao ritmada vem a tendncia para todas as molculas do corpo se moverem em uma direo. Quando a mente se transforma em vontade, as correntes nervosas so transformadas em movimento similar eletricidade. Os nervos mostram a polaridade sob ao das correntes eltricas, mostrando, por sua vez, que quando a vontade transformadora, as correntes nervosas so transmutadas em algo parecido com eletricidade. Sendo assim, quando todas as molculas de um corpo se tornam perfeitamente rtmicas, o corpo torna-se uma bateria gigantesca de vontade. Os pranayamas trazem uma ao rtmica para dentro do corpo e ajudam o centro respiratrio a controlar os outros centros. interessante saber que na base da coluna se localiza o NICO espao do corpo onde todos os sistemas nervosos se unem num lugar comum de encontro. Os nervos simptico, o vago e crebro-espinhais, todos se unem por anastomose na base da coluna, que no corpo sutil corresponde ao centro energtico ou chakra Muladhara, e de onde partem Ida e Pingala, os nadis que se entrecruzam pela coluna vertebral, por onde passa Sushumna (nadi central). O objetivo do pranayama (prtica respiratria) aqui o de ascender o poder espiralado no Muladhara, chamado Kundalini. Ida e Pingala so os principais canais atravs dos quais essas correntes passam. O Sushumna, nas pessoas comuns, est fechado na extremidade inferior; nenhuma ao se processa atravs dele. O iogue prope uma prtica pela qual ele pode ser aberto e as correntes nervosas serem levadas a transitar atravs dele. Quando uma sensao levada at um centro, o centro reage. Agora o centro no qual todas as sensaes residuais ficam acumuladas o Muladhara, o receptculo da base, e a energia espiralada a Kundalini, conforme mencionado acima. Se essa energia espiralada for despertada e ativada e conscientemente levada a viajar at o Sushumna, ela atua sobre centro aps centro (chakra aps chakra) e uma tremenda reao ser desencadeada. Quando chega na metrpole de tudo, no crebro, no alto da cabea, Chakra Sahashara, a rea inteira reage e causa uma enorme labareda de iluminao, a percepo do Ser. Conforme a fora da Kundalini percorre desde um8

centro para o outro, a mente como era abre-se e o universo percebido pelo iogue pela forma sutil causal. Texto extrado do livro do Dr. Quantz Crawford Methods of Psychic Development (em traduo livre, Mtodos de Desenvolvimento Psiquico) Ed. Samuel Weiser EUA. O sistema da unio do organismo psquico e sutil com o corpo fsico duplo: o Prana que circula pelos Nadis verte-se ao longo do sistema nervoso, e o Prana estacionado nos Chakras vitaliza as glndulas de secreo interna atravs dos plexos nervosos. E, psiquicamente, quando o eu superficial consciente se aprofunda, encontra o eu profundo inconsciente e o traz conscincia, proporcionando o equilbrio da personalidade e, em consequncia, uma paz, tranquilidade do ser que finalmente encontra a si mesmo e sua essncia, a verdadeira felicidade. Pranayamas com ao mental trazem paz, tranquilidade mente, levando o praticante a vivenciar atitudes e visualizaes positivas: - Pranamaskrya Inspire, visualizando uma luz azul claro subindo pela coluna at o alto da cabea; ao expirar, a luz se transforma num chafariz, jorrando bnos de paz, harmonia, sade e equilbrio pelo seu corpo. Precisamos nos conscientizar cada vez mais da nossa respirao, dos cuidados em relao ao Kumbhaka (reteno do ar), de no forar a respirao, mas deixar que ela flua suave, natural e completa e praticar tambm cada vez mais os Pranayamas, mesmo no tendo a finalidade elevada de chegar ao estado de Samadhi ou Iluminao, o que pode acontecer com muita prtica, determinao, entrega. Como diz o professor Hermgenes Andrade, os Pranayamas constituem uma espcie de farmcia e, como no caso de uma farmcia, devemos tomar a srio a necessidade de usar sabiamente aquilo de que precisamos para que no tomemos veneno pensando que se trata de remdio. Devemos sempre lembrar que para se realizar Pranayamas necessria a orientao de um professor experiente. Os Pranayamas exigem tcnica, cuidado nas retenes, nos ritmos fortes; porm, realizar e praticar a respirao completa, aquela em que todos os nveis da personalidade participam, desde os mais profundos aos mais superficiais, exige apenas observao e conscincia corporal do praticante, e isso qualquer pessoa pode fazer, j sendo um grande passo para a melhoria do seu estado mental geral. Aqui necessrio atentar para algumas questes de enorme importncia no processo correto da respirao: a respirao correta sempre nasal. Inspirao pela boca prejudicial ao bom funcionamento do sistema respiratrio (salvo em casos especficos de prtica de pranayamas); com exceo de Pranayamas especficos e bem orientados, a inspirao, expirao e reteno devem ser feitas de forma suave e natural, sem esforo; pessoas com histrico de presso alta e problemas cardacos no devem prolongar a reteno de ar, Kumbhaka.

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Seria bom que todos os dias dedicssemos uns minutos para nos observar respirando e assim nos conhecermos melhor. Ao flagrar nossas emoes nas ondas da respirao podemos reverter o ritmo descompassado , irregular, afinando o com o ritmo da natureza, da vida , do universo abrindo um novo caminho na mente centrada e apaziguada dos turbilhes e estmulos externos, deixando que o si mesmo, a nossa essncia pura aflore por estar no seu espao de paz e assim promova um encontro maior e superior no imenso espao chamado cosmos. FIM

A voc, Adriana, querida mestra nesse caminho sem volta do Yoga. Obrigada pelas palavras sempre inspiradas que encontraram solo receptivo em minha mente, me conduzindo a trilhar caminhos e descaminhos em busca da direo correta que levam a mim mesma, inteira. Obrigada pela possibilidade do encontro com pessoas como Dinor, outra querida professora e exemplo de vida, com meus colegas de curso, cada um a seu modo formando naquela aconchegante sala uma corrente de boas vibraes, impulsionando todos para a evoluo. Obrigada por abrir os livros da sabedoria milenar e compartilhar conosco a sua j to vasta experincia e vivncia nesse campo. Ainda tenho muitssimo o que saber, aprender, vivenciar na senda do Yoga, mas saiba que seu carto de visitas foi fundamental. Namast!

Belo Horizonte, 6 de maro de 2009.

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REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS Textos

Antnio Blay em Fundamento e prtica de Hatha Yoga. Apostila de Adriana Braga. Carmen Jensen Ehrhardt em Yoga para o sistema respiratrio. Pedro Kupfer em Fora vital, respirao e conscincia, extrado do livro Guia da Meditao. Jos Hermgenes de Andrade Filho em Pranayama Respirao. Professora Adriana Braga em Pranayamas, apostila mdulo II Curso de Formao para Instrutores de Yoga

A voc, Adriana, querida mestra nesse caminho sem volta do Yoga. Obrigada pelas palavras sempre inspiradas que encontraram solo receptivo em minha mente, me conduzindo a trilhar caminhos e descaminhos em busca da direo correta que levam a mim mesma, inteira. Obrigada pela possibilidade do encontro com pessoas como Dinor, outra querida professora e exemplo de vida, com meus colegas de curso, cada um a seu modo formando naquela aconchegante sala uma corrente de boas vibraes, impulsionando todos para a evoluo. Obrigada por abrir os livros da sabedoria milenar e compartilhar conosco a sua j to vasta experincia e vivncia nesse campo. Ainda tenho muitssimo o que saber, aprender, vivenciar na senda do Yoga, mas saiba que seu carto de visitas foi fundamental. Namast!

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Belo Horizonte, 6 de maro de 2009.

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