Monografia_FATCH_2007

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  6 INTRODUÇÃO Esse trabalho tem como objetivo tornar possível uma avaliação da forma como tem sido administrada a Escola Bíblica Dominical de forma a conduzir as ações, visando a atingir o seu propósito. Está muito próxima a segunda volta de Jesus Cristo para buscar a sua noiva. Por isso todo o esforço do cristão deve ser na busca da unificação da igreja em busca de um desejável retorno à sã doutrina, tão desvirtuada ao longo da existência da igreja. Desde a igreja primitiva, fundada pelos apóstolos, onde ocorreram as primeiras manifestações do desejo de cumprir o mandamento de Jesus Cristo escrito no Evangelho de Mateus, capítulo 28, versículos 19 e 20, a igreja tem tomado rumos divergentes, afastando-se francamente dos ensinamentos e estatutos estabelecidos por Deus nas Escrituras Sagradas. O problema central tratado nesse trabalho é a eficiência da administração das Escolas Bíblicas Dominicais na formulação e aplicação de estratégias adequadas, viáveis e exeqüíveis na administração da EBD, com vistas a minimizar o efeito da diminuição do interesse dos membros das igrejas pelo estudo sistemático da Bíblia nas classes da EBD e a ação da liderança na condução das atividades da organização, principalmente no que diz respeito à motivação dos liderados (obreiros e professores) para o comprometimento

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INTRODUO

Esse trabalho tem como objetivo tornar possvel uma avaliao da forma como tem sido administrada a Escola Bblica Dominical de forma a conduzir as aes, visando a atingir o seu propsito. Est muito prxima a segunda volta de Jesus Cristo para buscar a sua noiva. Por isso todo o esforo do cristo deve ser na busca da unificao da igreja em busca de um desejvel retorno s doutrina, to desvirtuada ao longo da existncia da igreja. Desde a igreja primitiva, fundada pelos apstolos, onde ocorreram as primeiras manifestaes do desejo de cumprir o mandamento de Jesus Cristo escrito no Evangelho de Mateus, captulo 28, versculos 19 e 20, a igreja tem tomado rumos divergentes, afastando-se francamente dos ensinamentos e estatutos estabelecidos por Deus nas Escrituras Sagradas.

O problema central tratado nesse trabalho a eficincia da administrao das Escolas Bblicas Dominicais na formulao e aplicao de estratgias adequadas, viveis e exeqveis na administrao da EBD, com vistas a minimizar o efeito da diminuio do interesse dos membros das igrejas pelo estudo sistemtico da Bblia nas classes da EBD e a ao da liderana na conduo das atividades da organizao, principalmente no que diz respeito motivao dos liderados (obreiros e professores) para o comprometimento

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verdadeiro com o ministrio de ensino da igreja, com o objetivo de atender s necessidades de evangelizar e discipular.

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CAPTULO I O PROBLEMA: A ESCOLA BBLICA DOMINICAL NA IGREJA ATUAL

A realidade nas igrejas atualmente preocupante, uma vez que a freqncia mdia de alunos nas classes da Escola Bblica Dominical oscila em torno de 50%, um forte indcio de que apenas a metade da igreja do Senhor est verdadeiramente imbuda do propsito de aplicar seu corao ao estudo da Palavra da Verdade, na busca da capacitao para cumprir o Ide! A diminuio da quantidade de membros das igrejas matriculados e da freqncia nas classes na Escola Bblica Dominical acarreta a reduo do entendimento do cristo quanto s questes relacionadas com a pregao do Evangelho, o sustento de missionrios, a prtica da mordomia e a forma de culto. necessria a busca de respostas que conduzam formulao de solues coerentes com as necessidades da igreja.

notrio fato de que a EBD se ressente da falta de preparo adequado dos obreiros escolhidos para a liderana do ministrio de ensino e de vrios outros fatores que transcendem a competncia do lder da EBD, principalmente a falta de uma atuao efetiva do lder da igreja: o Pastor.

A eficincia da Escola Dominical decorre decisivamente da atuao da liderana da igreja e da direo do Departamento de Educao Religiosa, tanto8

na esfera espiritual quanto na esfera administrativa, atravs da orao, da intercesso ou, em segunda instncia, da capacidade de despertar na membresia o interesse pelo estudo da Palavra de forma sistemtica e coletiva. mister a participao do pastor e da liderana de organizaes da igreja nas atividades da Escola Bblica Dominical, um requisito fundamental para que haja a conscientizao da membresia para a necessidade de freqentar uma das classes.

Naturalmente, que o aluno espera da EBD a aquisio do aprendizado e o esclarecimento. a grande oportunidade que encontra para dirimir suas dvidas, assim como, maior empenho dos professores, que devem possuir capacidade, conhecimento e, sobretudo, pacincia e habilidade no trato com os alunos.

Muitos grandes servos do Senhor so crias da EBD, o Pr. Antonio Gilberto, autor do Manual da Escola Dominical, e outras obras sobre o tema, por exemplo afirma que os meus professores de EBD eram cheios do Esprito e conhecedores profundos da Bblia. Quando cheguei ao Rio, o meu professor era o missionrio Orlando Boyer, um dos maiores conhecedores da Bblia. Quando ele foi de licena para os Estados Unidos, me convidou para substitu-lo na classe, o que foi para mim um desafio. Ento, eu sou cria da EBD. Ela moldou meu carter cristo. O que eu sou devo a Deus e, depois, EBD. por isso que vibro pela EBD e a amo. Sua influncia em minha vida foi fundamental.

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Muitos cristos, ainda hoje nas igrejas, no sabem o que a Escola Bblica Dominical representa, mas, graas infinita graa e misericrdia do Senhor dos Exrcitos, muitos obreiros tm se levantado para se colocar disposio de Sua causa, atuando nos Departamentos de Educao Religiosa de cada igreja para esclarecer, mediante a uno do Esprito Santo, que essa organizao constitui o motor do crescimento espiritual de cada crente e o alicerce teolgico e doutrinrio do cristo no que concerne ao conhecimento da Palavra da Verdade. Os momentos passados nas classes da Escola Bblica Dominical so cruciais para a vida do cristo, pois so os momento onde ele adquire maior sustentao espiritual. o momento de aprender e crescer sob a luz na Palavra de Deus. Sem essa sustentao o cristo corre srio risco de mostrar-se desprovido da necessria base espiritual e sem estrutura para prosseguir na vida crist, sempre permeada por provaes e tentaes do inimigo, sempre em busca de quem tragar. O esforo dos obreiros frente da Escola Bblica Dominical resulta em que muitos crentes chegam a se acostumar com a idia de manter uma regularidade na sua freqncia nas classes, mas ainda existe uma frao do povo de Deus que oscila, demonstrando a falta de conscincia quanto ao respaldo que os ensinamentos ministrados na EBD lhes d. Para esses, a Escola Bblica Dominical nada significa.

A EBD representa para a igreja um papel fundamental, na medida em que os estudos realizados nas suas classes proporcionam ao aluno a consistncia10

necessria para uma vida crist sadia. O cristo que freqenta a EBD e se aplica ao estudo sistemtico das doutrinas e postulados distribudos fartamente nas pginas da Bblia Sagrada, sua nica regra de f e prtica, produzir bons frutos na obra do Senhor. A igreja local, para cumprir a sua misso de agncia propagadora do Evangelho deve ter como objetivo a formao de crentes que "procuram apresentar-se a Deus aprovado, que no tem de que se envergonhar e maneja bem a Palavra da verdade (2Tm 2.15), inconcebvel que ainda haja cristos que no dominam com propriedade os ensinamentos que devem transmitir aos que esto no mundo como, porm invocaro aqueles que no creram? E como crero naquele de quem no ouviram?e como ouviro, se no houver quem pregue? (Rm 10.15), pois a misso de cada crente em Jesus Cristo de ir e pregar o Evangelho a toda criatura, batizando em nome do Pai, do Filho e do Esprito Santo, ensinando-os a observar todas as coisas que Jesus tem mandado(Mt 28.19,20). Esta , pois, a funo principal da Escola Bblica Dominical no contexto da igreja local: formar crentes-sacerdotes que evangelizam e discipulam.

A Escola Bblica Dominical o mais importante trabalho de discipulado para a integrao dos novos convertidos e para o ensino de doutrina visando o amadurecimento dos crentes. Os estudos nas classes da EBD constituem o apoio doutrinrio que fornece lies tiradas da Bblia, tanto para novos convertidos quanto para adultos na f. Sem esse estudo no h crescimento do cristo no11

conhecimento da Palavra e, como conseqncia, no haveria tampouco o crescimento do reino de Deus, que depende visceralmente da aplicao desses conhecimentos para a pregao do Evangelho toda a criatura, num mundo que jaz, impunemente na malignidade, decorrente do desconhecimento dos decretos divinos, embora a Palavra de Deus deixe claro no Evangelho de Lucas 19.40 E respondendo ele disse-lhes: digo-vos que, se estes se calarem, as prprias pedras clamaro. No justo que o cristo negligencie a sua obrigao, no se dispondo a testemunhar das misericrdias do Senhor para os perdidos.

Outro aspecto da Escola Bblica Dominical que deve ser destacado que esta, alm de constituir uma tima oportunidade para aprender a Palavra de Deus, d ao cristo a chance de compartilhar suas experincias e promover o crescimento espiritual de si prprio e dos irmos na f atravs do testemunho pessoal. o principal componente que garantir o futuro da igreja. o caminho pelo qual o cristo vai atingir estado espiritual ideal para o arrebatamento da igreja.

A Escola Bblica Dominical surgiu da iniciativa do Jornalista cristo Robert Raikes, com o objetivo de ensinar as crianas que andavam toa pelas ruas da cidade Gloucester, os fundamentos propeduticos e, ao mesmo tempo, aplicar a s doutrina encontrada nas Sagradas Escrituras. Nos dias atuais, muitas igrejas tem abandonado o estudo da Palavra, fugindo a um dos princpios12

fundamentais da Grande Comisso, o ensino. Ensinar a Palavra da Verdade constitui uma das etapas da formao do verdadeiro cristo. Evangelizar, ganhar almas para Cristo, discipular, consolidar a converso e preparar o crente para servir nos campos que j esto brancos para a ceifa, so etapas do processo de formao do verdadeiro cristo sal da terra e luz do mundo. Como pois, relegar as atividades da Escola Bblica Dominical ao plano secundrio, negando a sua importncia?

Sem a pretenso de esgotar o assunto, oportuno traar uma anlise, ainda que no muito profunda, da situao e propor, com base nas informaes contidas no seu escopo, um elenco de solues aplicveis a curto, mdio e longo prazo para promover aes de incentivo ao retorno EBD, dos membros matriculados ausentes e ao despertamento do interesse de membros no matriculados.

A causa eficiente da educao a comunicao entre o discente e docente, isto , participao plena e contnua entre ambos. A Escola Bblica Dominical tem uma importncia fundamental no crescimento da Igreja. evidente que o estudo da Palavra juntamente com a orao dos membros da igreja, individual e coletivamente, contribuem de forma decisiva na busca de seu desenvolvimento espiritual e comunho com Deus. relevante ressaltar a importncia do estudo sistemtico da Bblia para a descoberta, em seu arcabouo, de narrativas que13

exemplificam a experincia de homens e mulheres cujas vidas e aes foram influenciadas pela presena marcante de Deus. O ministrio do ensino da Palavra nas igrejas tem sido desprezado. Algumas igrejas, enfatizando o louvor e a adorao em forma de msica, em seus cultos, tm abandonado o saudvel hbito do estudo da Palavra. importante diagnosticar a situao nas diversas igrejas, visando a identificar experincias bem sucedidas na administrao da EBD, bem como ressaltar a importncia do envolvimento da igreja, como um todo, no planejamento e execuo de projetos voltados conduo adequada das atividades do setor de Educao Religiosa e, seu corolrio, a promoo do crescimento do interesse de alunos, professores e lderes para o processo ensinoaprendizagem.

importante realizar uma anlise histrica da igreja, abordando a sua origem e sua funo dentro do Plano de Salvao. O crescimento do nmero de membros de uma igreja e o amadurecimento espiritual dessa membresia depende fundamentalmente desse estudo sistemtico da Palavra. Nesse contexto, a participao do ministrio do ensino tem uma importncia decisiva. A Escola Bblica Dominical atende, quando administrada eficientemente e sua liderana se conduz de forma fiel no exerccio de suas atribuies, no propsito de promover o ensino bblico como base para o evangelismo e o discipulado. A atuao da liderana da Escola Bblica Dominical na conduo das atividades de ensino deve ser eficiente, assim como a atividade administrativa deve ser14

baseada em uma estrutura organizacional adequada e na aplicao da metodologia de ensino e conduo dos trabalhos compatveis com o ambiente da igreja local. O exerccio de uma liderana eficiente demanda a aplicao de tcnicas de convencimento, visando a obter a cooperao dos elementos envolvidos na busca do atendimento dos objetivos da organizao.

A literatura disponvel sobre o assunto Escola Bblica Dominical traa o quadro da organizao ao longo de sua existncia e prope solues para o aperfeioamento da organizao. Leonardo Sanderson, em seu livro

Evangelismo Atravs da Escola Dominical, apresenta uma srie de medidas visando a promoo da obra de propagao das Boas Novas de salvao a partir do aprendizado conseguido na Escola Bblica. No entanto, o que se verifica diante da leitura de outros autores, que a EBD uma organizao em

acelerado processo de falncia. Mas, a Palavra de Deus nos tranqiliza quando afirma que as portas do inferno no prevalecero sobre a sua igreja. A ao do Esprito Santo vem conduzindo a maior escola do mundo at que haja o despertamento do povo de Deus para a necessidade de crescer no conhecimento da Palavra. O Pastor Lcio Dornas, em seu livro Vencendo os Inimigos da Escola Dominical, aponta diversos caminhos a ser seguidos pela liderana da EBD na busca pela revitalizao de suas atividades. Em paralelo, outras obras consultadas trazem conceitos e definies de Administrao e Liderana, orientando o obreiro sobre a maneira adequada de planejar e executar as aes15

de forma a atingir as metas estabelecidas no planejamento estratgico da organizao. O Manual da Escola Dominical e o Manual do Superintendente da Escola Dominical, ambos de autoria do Pastor Antonio Gilberto, trazem um conjunto de conceitos, definies e instrues de como os obreiros da Escola Dominical devem conduzir suas atividades. So duas obras respeitadas e consagradas pelo uso, mas que, apesar da evidente e valiosa inteno do autor de promover ajustes e a padronizao desejada dos procedimentos, tornaram-se incuas. Semelhante a um medicamento de uso continuado que, ao longo do perodo de uso, perde o seu efeito, assim uma obra de referncia ao longo de sua existncia. A evoluo do pensamento e a mudana na estrutura scio-cultural influenciam fortemente at mesmo a igreja do Senhor. Assim, a literatura perde a sua aplicabilidade e passa a carecer de reviso e correes peridicas a fim de que possa surtir o efeito desejado no contexto em que ser utilizada. Mas, do conjunto de referncias bibliogrficas consultadas, destaca-se uma cujas verdades so irrefutveis e irrepreensveis: A Bblia Sagrada, nica regra de f e prtica do cristo. Nela est o fundamento da f que, conforme est escrito no Segundo livro de Crnicas 7.14 E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, ento eu ouvirei dos cus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra. Se, ainda, esse povo buscar o perfeito entendimento do contedo de suas pginas, rios de sabedoria correro nos coraes e a Escola Bblica Dominical, assim como toda a obra do Senhor ,16

autor e consumador da f que sustenta o cristo, atingir a sua meta de promover o crescimento do Reino de Deus.

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CAPTULO II A MISSO DA IGREJA

A misso da igreja obedecer ao mandamento do Senhor, citado em Mt. 28:19,20; Portanto ide, fazei discpulos de todas as naes, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Esprito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, at a consumao dos sculos. Amm. Para o contexto da Escola Bblica Dominical importante ressaltar que Jesus deixa claro a tarefa de ensinar. A igreja local portanto deve enfatizar na sua organizao a educao religiosa.

No livro de Atos dos Apstolos 2.41-47, encontramos a seguinte narrativa:De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram se quase trs mil almas, e perseveravam na doutrina dos apstolos, e na comunho, e no partir do po, e nas oraes. e em toda a alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apstolos. E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister. E, perseverando unnimes todos os dias no templo, e partindo o po em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de corao, Louvando a Deus, e caindo na graa de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor igreja aqueles que se haviam de salvar.

O constante crescimento da igreja, com a adeso de novos membros gera a necessidade de um departamento de educao religiosa bem estruturado, com procedimentos definidos para a recepo dos recm-chegados, visando a

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fornecer aos novos crentes o alimento espiritual advindo do conhecimento da Palavra de Deus, a exemplo do que ocorreu na igreja primitiva.

O apstolo Paulo declara na Carta Igreja de feso (4.11-16), sobre a autonomia do Senhor em atribuir a cada cristo uma tarefa dentro do Corpo de Cristo.E ele mesmo deu uns para apstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeioamento dos santos, para a obra do ministrio, para edificao do corpo de Cristo at que todos cheguemos unidade da f, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, medida da estatura completa de Cristo, para que no sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astcia enganam fraudulosamente. Antes, seguindo a verdade em amor, cresamos em tudo naquele que a cabea, Cristo,do qual todo o corpo, bem ajustado, e ligado pelo auxlio de todas as juntas, segundo a justa operao de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificao em amor.

A capacitao para o exerccio de qualquer ministrio, depende visceralmente da educao religiosa. A participao na Escola Bblica Dominical proporciona ao cristo a consistncia necessria para o seu viver cristo e o desenvolvimento de seus dons espirituais, de forma que atinja o grau de aperfeioamento que lhe permita resistir e refutar as falsas doutrinas.

2.1 - EVANGELISMO

A igreja tem a responsabilidade de salvaguardar a verdadeira e original doutrina bblica que se acha nas Escrituras e transmiti-las aos fiis sem19

transigncia nem corrupo. Fica subtendido, assim, a necessidade do ensino bblico na igreja, principalmente para dar sustentao a duas atividades fundamentais para a igreja: o evangelismo e o discipulado, uma vez que o ensino bblico busca motivar os estudantes atravs das verdades eternas do evangelho, a dedicar-se sem reservas evangelizao dos perdidos e pregao do evangelho a todas as naes no poder do Esprito Santo (Mt. 28.19,20; Mc. 16.15-20); e preparar os estudantes para fortalecer outros crentes e lev-los maturidade espiritual de modo que juntos possam refletir a imagem de Cristo no lar, na igreja local e no Corpo de Cristo (Ef. 4.11-16).

2.2 - DISCIPULADO

Em paralelo ao evangelismo segue o discipulado, atividade que consiste no relacionamento interpessoal baseado no modelo de Cristo e seus discpulos, no qual, segundo Keith Phillips, o mestre (discipulador facilitador) reproduz to bem no discpulo a plenitude da vida que tem em Cristo, que o discpulo capaz de treinar outros para ensinarem a outros. (Keith Phillips)

Discpulo aquele que estuda; aprendiz; aluno receptivo a ensinamento; seguidor disposto a dar prosseguimento ao trabalho (de seu mestre); seguidor devotado (das idias, conselhos ou exemplos de outro), seguidor convicto de uma idia, uma virtude, um ideal, etc. Segundo o Novo Dicionrio da Bblia, de John Davis, Discpulo (do grego mathats, discpulo, aprendiz) a palavra em20

portugus vem do latim discpulos, alunos, aprendiz. No Novo Testamento, o termo usado por mais de 25 vezes. o nome que se d ao que recebe ensino do mestre No o discpulo mais do que o mestre, nem o servo mais do que o seu senhor(Mt 10.24); especialmente daqueles mestres que exercem funes pblicas, como Joo Batista, E ouviu isto o rei Herodes (porque o nome de Jesus se tornara notrio), e disse: Joo, o que batizava, ressuscitou dos mortos, e por isso estas maravilhas operam nele.(Mc 6.14). O Senhor outorga esse nome queles que aprendem Dele, Liga o testemunho, sela a lei entre os meus discpulos (Is. 8.16). Tambm se d esse nome a todos, que em qualquer tempo, recebem os ensinos do Mestre divino, e dos seus apstolos.

O discipulado atualmente tem sido desprestigiado nas igrejas, ocorrendo de forma dissociada do ensino e do evangelismo. O envolvimento da igreja com o discipulado, no raro, est restrito a um pequeno grupo de obreiros que demonstram o seu amor pelas almas, acompanhando um grupo ainda menor de discpulos. H uma grande luta para despertar e manter o interesse de novos convertidos na busca pelo crescimento cristo atravs do ensinamento do discipulador e maior ainda pelo convencimento de cristos j antigos na f que no percebem a necessidade de buscar junto ao grupo de discipuladores a orientao para a retomada do rumo de sua vida crist.

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A atividade do discipulado deve estar intrinsecamente associada ao ensino e ao evangelismo para a consecuo de melhores resultados.

Richard O. Lawrence afirma que o sistema formal de escola, assim como est na mente de professores e alunos em nossa cultura, no estimula nem permite desenvolver o tipo de relacionamento que a educao crist exige.

A educao crist no pode ser encarada como parte do ministrio da igreja que cabe ao departamento de educao religiosa. Em lugar disto preciso comear a compreender que toda a vida da Igreja, todo o relacionamento dos crentes parte do ministrio da igreja em termos de educao (discipulado). A educao crist como matria teolgica exige a compreenso de como se d o crescimento, e que sejam desenvolvidas estratgias e sistemas do ministrio que de fato facilitem o processo de transformao.

2.3 EDUCAO RELIGIOSA

2.3.1 Educao Religiosa no Antigo Testamento

Nas Escrituras hebraica, a principal palavra que significa ensinar ou educar Torah interessante observar que esta palavra tambm significa ler. Deriva-se de um verbo que significa apontar, mostrar e orientar. Um novo verbo, mais recente, significa disciplinar, corrigir, admoestar. Outros22

termos atribudos educao, no Antigo Testamento, expressam idias de discernimento, sabedoria, conhecimento, iluminao, viso, inspirao e nutrio.

2.3.2 Educao Religiosa no Novo Testamento

O Novo Testamento rene os acontecimentos do Antigo Testamento e gera novos acontecimentos objetivando a educao. Toda teologia do Neotestamentria direcionada para a educao. Essa a constante meta de Deus. Em um sentido bem real, a educao veterotestamentria preparou o caminho para o programa didtico do Novo Testamento. Jesus o destaque, o Mestre por excelncia. Tanto atravs de exemplos como por mandamentos, Jesus enfatiza a importncia do ministrio da educao. Ele prprio era fundamentalmente um Mestre, vindo de Deus, conforme reconheceu Nicodemos: Este foi ter de noite com Jesus e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que s mestre vidno de Deus, porque ningum pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus no for com ele.(Jo 3.2). Durante sua misso terrena, era chamado de Mestre com mais freqncia que qualquer outra designao. Esse princpio de Educao Religiosa continua em todo Novo Testamento. H uma convocao do prprio Cristo na chamada grande comisso em Mt 28.19,20. Em Atos 2.42, vemos que a Igreja primitiva cumpria sua misso de ensinar E pereserveravam

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na doutrina dos apstolos, e na comunho, e no partir do po, e nas oraes. O ensino era to profundo que em cada alma havia temor (At 2.43a).

A Escola Bblica Dominical encontra o seu objetivo no propsito para o qual existe a igreja. Jesus disse: edificarei a minha igreja (Mt 16.18); Qualquer organizao que ajude a construir a igreja se justificar plenamente. Interessante que as organizaes destitudas dessa relao tem tido vida curta. A promessa de Jesus de que todas as portas do inferno no prevalecero contra sua igreja se aplica a todas as funes necessrias igreja. A Escola Bblica Dominical tem por muito tempo demonstrado a sua razo de ser. To sinnimos so os crescimentos da Escola Bblica Dominical e da igreja, que pessoas informadas, ao inquirirem o nmero de membros de uma igreja, freqentemente no perguntam: Quantos membros tem a sua igreja?, mas: Qual a freqncia mdia de sua Escola Bblica Dominical?. A resposta a essa pergunta, no momento atual, tem sido decepcionante.

A Escola Bblica Dominical parte da obra da igreja neotestamentria. A necessidade da Escola Bblica decorre do propsito bsico da igreja.

Os crentes e nossas igrejas desejam ganhar almas. Qualquer pessoa que, atendendo o apelo do pregador numa igreja, vai frente declarar sua f em Cristo, sente o profundo desejo de levar outros a conhec-lo como Salvador. Uma das razes por que muitos crentes nunca se revelam ganhadores de almas24

acha-se em que nunca foram instrudos e treinados. Nunca uma mensagem tem melhor receptividade do que quando o orador fala na conquista de almas. Os crentes reagem diante do apelo missionrio porque sentem a oportunidade de realizar atravs de outros aquilo por que seus coraes anseiam.

De qualquer ponto de vista humano, os obreiros so a chave no trabalho da Escola Dominical. Se forem ardentes evangelizadores, a Escola o ser; se no forem, a Escola no o ser igualmente.

Os obreiros da Escola Bblica Dominical no se encontram ss na realizao de sua obra. verdade que, ao se aperceberem da imensa responsabilidade que lhes pesa sobre os ombros, sentem-se confusos pela humana impossibilidade de cumpri-la. Entretanto, encorajador saber que Deus nunca os deixar ss na obra. Da mesma forma como o Cristo ressurreto se aproximou e ia com eles (Lc 24.15) quando os dois discpulos seguiam o caminho para Emas, aps a crucificao e o sepultamento, da mesma forma Ele se aproxima e vai com seus servos ansiosos por conquistar os perdidos.

O Esprito Santo est presente nos coraes para proporcionar a orientao e poder espiritual necessrio para a obra de evangelizao atravs da Escola Bblica Dominical.

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O Esprito Santo guia o evangelista. Isso significa que ele orienta com segurana o obreiro cristo que se empenha em levar almas ao conhecimento de Jesus Cristo. Evangelista qualquer pessoa que conduz outrem a Cristo.

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CAPTULO III A ESCOLA BBLICA DOMINICALJesus dedicou um tero do seu ministrio ao ensino (Mt 4.23 e a Igreja no poder seguir outra rota. Ensinar a verdade, ministrar a Palavra, revelar os mistrios, repartir o tesouro, eis a tarefa da ED. Para essa misso, esto sendo convocados todos os homens de ideal e cheios do Esprito Santo. (Tlio Barros Ferreira)

A educao crist um ministrio dinmico do Esprito Santo; um ministrio em que Ele se desincumbe de sua tarefa, que transformar os crentes atravs de processos que Deus inseriu na natureza humana e na natureza da Igreja.

A educao crist um ministrio distinto do que se convencionou chamar de educao. Ela no produz simplesmente homens e mulheres que sabem, mas homens e mulheres e uma comunidade - que esto se tornando semelhantes a Jesus neste mundo.

A Escola Bblica Dominical no uma atividade opcional, uma atividade essencial. Ela se confunde com a prpria essncia da igreja

3.1 ORIGEM DA ESCOLA BBLICA DOMINICAL

3.1.1 Na AntigidadeE leu nela, diante da praa, que est diante da Porta das guas, desde a alva at o meio-dia, perante homens, e mulheres, e entendidos; e os ouvidos de 27

todo o povo estavam atentos ao Livro da Lei. (Ed 8.2)

Mais ou menos entre o exlio babilnico e o sculo IV a.C., comeou a surgir um outro tipo de escola. Alguns acreditam que essas instituies tenham sido criadas pelo mesmo grupo religioso que mais tarde daria origem ao farisasmo. A lngua hebraica estava sendo substituda pelo aramaico, e o ponto central da religio estava deixando de ser o templo para ser a lei. Ento possvel que tais lderes religiosos tenham fundado essas escolas, que provavelmente eram semelhantes s nossas escolas dominicais, por temer que no cativeiro os filhos perdessem as tradies de f e da histria israelitas.

Sabe-se que Esdras preparou escribas para exercerem a funo de mestres (Ed 7.6). provvel que eles tivessem aulas regulares para ensinar a lei de Deus aos levitas. E esses, por sua vez, a ensinavam a outros grupos (Ne 8.2-8).

3.1.2 Na Era Moderna

A Escola Bblica dominical nasceu da coragem e desprendimento de algum que sentiu o chamado de Deus para iniciar uma grande obra, o jornalista Robert Raikes.

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Sentado a sua mesa de trabalho num domingo em outubro de 1780, o dedicado jornalista, Raikes procurava concentrar-se sobre o editorial que escrevia para o jornal de Gloucester, de propriedade de seu pai. Incomodado pelos gritos e palavres das crianas que brincavam na rua, debaixo da sua janela, que teimavam em interromper os seus pensamentos.

Em determinado momento, ele levantou seus olhos e comeou a pensar sobre o destino das crianas de rua; pequeninos sendo criados sem qualquer estudo que pudesse lhes dar um futuro diferente daquele dos seus pais. Se continuassem dessa maneira, muitos certamente entrariam no caminho do vcio, da violncia e do crime.

A cidade de Gloucester, no Centro-Oeste da Inglaterra, era um plo industrial com grandes fbricas de txteis. Raikes sabia que as crianas trabalhavam nas fbricas ao lado dos seus pais, de sol a sol, seis dias por semana. Enquanto os pais descansavam no domingo, do trabalho rduo da semana, as crianas ficavam abandonadas nas ruas buscando seus prprios interesses. Tomavam conta das ruas e praas, brincando, brigando, perturbando o silncio do sagrado domingo com seu barulho. Naquele tempo no havia escolas pblicas na Inglaterra, apenas escolas particulares, privilgio das classes mais abastadas que podiam pagar os custos altos. Assim, as crianas pobres

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ficaram sem estudar; trabalhando todos os dias nas fbricas, menos aos domingos.

Raikes sentiu-se atribulado no seu esprito ao ver tantas crianas desafortunadas crescendo desta maneira; sem dvida, ao atingir a maioridade, muitas delas cairiam no mundo do crime. O que ele poderia fazer?

Ele resolveu fazer algo para as crianas pobres, que pudesse mudar seu viver, e garantir-lhes um futuro melhor! comeou a escrever sobre as crianas pobres que trabalhavam nas fbricas, sem oportunidade para estudar e se preparar para uma vida melhor. No primeiro editorial que escreveu sobre o tema, Raikes procurou chamar ateno condio deplorvel dos pequeninos, e no prximo ele apresentaria uma soluo que estava tomando forma na sua mente, era um plano de comear aulas de alfabetizao, linguagem, gramtica, matemtica, e religio para as crianas, durante algumas horas de domingo. Fez um apelo atravs do jornal, para mulheres com preparo intelectual e dispostas a ajudar-lhes neste projeto, dando aulas nos seus lares.

O entusiasmo das crianas era comovente e contagiante. Algumas no aceitaram trocar a sua liberdade de domingo, por ficar sentadas na sala de aula, mas eventualmente todos estavam aprendendo a ler, escrever e fazer as somas de Aritmtica. As histrias e lies bblicas eram os momentos mais esperados e gostosos de todo o currculo. Em pouco tempo, as crianas aprenderam no30

somente da Bblia, mas lies de moral, tica, e educao religiosa. Era uma verdadeira educao crist.

Robert Raikes fez campanhas atravs de seu jornal para angariar doaes de material escolar, agasalhos, roupas, sapatos para as crianas pobres, bem como mantimentos para preparar-lhes um bom almoo aos domingos. Ele foi visto freqentemente acompanhado de seu fiel servo, andando sob a neve, com sua lanterna nas noites frias de inverno. Raikes fazia isto nos redutos mais pobres da cidade para levar agasalho e alimento para crianas de rua que morreriam de frio se ningum cuidasse delas; conduzindo-as para sua casa, at encontrar um lar para elas.

As crianas se reuniam nas praas, ruas e em casas particulares. Robert Raikes pagava um pequeno salrio s professoras que necessitavam, outras pagavam suas despesas do seu prprio bolso. Havia, tambm, algumas pessoas altrustas da cidade, que contribuam para este nobre esforo.

No comeo Raikes encontrou resistncia ao seu trabalho, entre aqueles que ele menos esperava os lderes das igrejas. Achavam que ele estava profanando o domingo sagrado, e profanando as suas igrejas com as crianas ainda no comportadas. Havia quela altura, algumas igrejas que estavam abrindo as suas portas para classes bblicas dominicais, vendo o efeito salutar que estas tinham sobre as crianas e jovens da cidade. Grandes homens da31

igreja, tais como Joo Wesley, o fundador do metodismo, logo ingressaram entusiasticamente na obra de Raikes, julgando-a ser um dos trabalhos mais eficientes para o ensino da Bblia.

As classes bblicas comearam a se propagar rapidamente por cidades vizinhas e, finalmente, para todo o pas. Quatro anos aps a fundao, a Escola Dominical j tinha mais de 250 mil alunos, e quando Robert Raikes faleceu em 1811, j havia na Escola Dominical 400 mil alunos matriculados.

A primeira Associao da Escola Dominical foi fundada na Inglaterra em 1785, e no mesmo ano, a Unio das Escolas Dominicais foi fundada nos Estados Unidos. Embora o trabalho tivesse comeado em 1780, a organizao da Escola Dominical em carter permanente, data de 1782. No dia 3 de novembro de 1783 celebrada a data de fundao da Escola Dominical. Entre as igrejas protestantes, a Metodista se destaca como a pioneira da obra de educao religiosa. Em grande parte, esta viso se deve ao seu dinmico fundador Joo Wesley, que viu o potencial espiritual da Escola Dominical, e logo a incorporou ao grande movimento sob sua liderana.

A Escola Bblica Dominical surgiu no Brasil em 1855, em Petrpolis (RJ). O jovem casal de missionrios escoceses, Robert e Sarah Kalley, chegou ao Brasil naquele ano, e logo instalou uma escola para ensinar a Bblia para as crianas e jovens daquela regio. A primeira aula foi realizada no domingo, 1932

de agosto de 1855. Somente cinco participaram, mas Sarah, contente com pequenos comeos contou a histria de Jonas, mais com gestos, do que palavras, porque estava s comeando a aprender o portugus. Mas, ela viu tantas crianas pelas ruas, e seu corao almejava ganh-las para Jesus. A semente do Evangelho foi plantada em solo frtil.

Com o passar do tempo aumentou tanto o nmero de pessoas estudando a Bblia, que o missionrio Kalley iniciou aulas para jovens e adultos. Vendo o crescimento, os Kalleys resolveram mudar para o Rio de Janeiro, para dar uma continuidade melhor ao trabalho e aumentar o alcance do mesmo. Este humilde comeo de aulas bblicas dominicais deu incio Igreja Evanglica Congregacional no Brasil

3.2 - SITUAO DA ESCOLA BBLICA DOMINICAL

Vivemos uma poca em que so evidentes os sinais da segunda volta de Jesus Cristo. Nesse tempo muitos sero escandalizados, e trair-se-o uns aos outros, e uns aos outros se odiaro. E surgiro muitos falsos profetas, e enganaro a muitos. E, por se multiplicar a iniqidade, o amor de muitos esfriar.(Mt. 24:10-12). Muitas igrejas tm deixado de investir na estrutura fsica e pedaggica da EBD, sob a alegao de que no h recursos financeiros suficientes. Da mesma forma que se procura ter recursos para construir o templo e promover a obra missionria, deve-se investir em instalaes fsicas para EBD33

e na capacitao de professores e obreiros. O investimento na estrutura fsica de uma escola trar como resultado a salvao de vidas, um benefcio que durar eternidade. A EBD no exercer a devida atrao para jovens e adolescentes, que na escola secular encontram tudo atualizado, enfeitado, bancos apropriados, computadores, e, quando chegam EBD, parecem que regrediram cem anos. No basta dizer V orar e ser cheio do Esprito. A igreja pode ser cheia do Esprito e falhar nesse ponto. No captulo oito de Jeremias, Deus disse ao profeta que pegasse um tijolo e escrevesse nele o mapa de Jerusalm. Deus no poderia simplesmente falar ao corao? Deus, com todo o seu poder, disse para lanar mo de um recurso secular para falar ao povo.

A EBD sofre com a evaso de alunos, entre outros motivos, porque o aluno no aceita comparecer a uma classe para ouvir o que pode aprender sozinho. Grande parte da evaso tambm devido falta de recepo, falta de sociabilidade, do fazer se sentirem vontade. Seres humanos preferem conviver em ambientes em que sua presena notada e h sempre algum procurando cativar sua ateno. preciso que haja dentro da organizao da EBD pessoas dedicadas a recepcionar os novos alunos e visitantes, apresentando-lhes as boas vindas, registrando-os e encaminhando-os para as suas classes e, em um momento posterior, manter contato para aferir o seu grau de satisfao e incentiva-lo a retornar.

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As classes com maior e menor ndice de freqncia registrado ao longo do ano so as de senhoras e de jovens e adolescentes, respectivamente.

A identificao dos motivos para o sucesso ou fracasso dessas classes difcil. Porm alguns aspectos podem ser analisados a partir de opinies de obreiros e membros envolvidos com a Escola Bblica Dominical de algumas igrejas:

As causas principais para o sucesso ou fracasso das classes com maior e menor freqncia so difceis de identificar, mas, no incorre em erro quem afirma que a grande motivao para a reduo ou aumento da freqncia de membros da igreja s classes da Escola Bblica Dominical est no preparo do professor, seja na forma ou no contedo de suas aulas. A indisposio para se deslocar de sua residncia para a igreja, nas manhs de domingo potencializada no aluno quando h a constatao de que, ao chegar classe da EBD no encontrar novidades, pois a aula ministrada de uma forma extremamente conservadora e o contedo da lio apresentado de maneira descuidada.

Alguns fatores podem ser apontados como determinantes para o sucesso de algumas classes, a saber: o melhor preparo dos professores, que se esforam para, dentro de suas limitaes, para suprir a ausncia de obreiros que abandonaram o cajado e enterraram os seus talentos, proporcionando aulas35

mais dinmicas, com linguagem adequada ao pblico-alvo, aliadas ao interesse natural demonstrado pelos alunos. O fracasso se deve justamente pela ausncia dessas qualidades, somada falta de estrutura adequada s atividades de ensino.

A falta de disciplina e compromisso individual um dos principais motivos para a ausncia dos jovens e adolescentes. Indivduos nessa faixa etria tm dificuldade natural para a submisso, no momento em que vive um perodo de transio entre a total dependncia dos pais e a pretensa liberdade adquirida na passagem para a fase adulta. Por isso carecem de maior ateno.

Esta situao da EBD tambm reflete a postura de acomodao de muitos crentes que, por diversos motivos, se afastam das atividades rotineiras da igreja, limitando-se, quando muito, a freqentar o culto dominical. A longa histria de vida crist leva o crente ao cansao, ao desnimo e, como conseqncia, ao abandono das suas atividades na igreja. Para esses necessrio apresentar novos atrativos a cada dia. A EBD Tem contra si a concorrncia da indstria do entretenimento e, em menor escala da alucinante rotina de trabalho secular, que leva o cristo a trocar os momentos de estudos da Palavra na EBD, pelo sono prolongado nas manhs de domingo, para compensar o cansao acumulado durante as atividades dirias, como preparao para a nova semana de trabalho. comum a cena de membros que s chegam igreja minutos antes do encerramento das aulas da Escola Bblica Dominical, numa clara demonstrao36

de desprezo pela EBD e desinteresse por estar na casa do Senhor. Membros antigos, obreiros, levitas e, lamentavelmente, jovens que, em sua tenra idade e notria imaturidade crist, no reconhecem o carter fundamental do estudo realizado nessa escola. preciso reconhecer que a prtica da mordomia crist necessita de sacrifcios. O cristo precisa apresentar a Deus sua vida como sacrifcio vivo, e isso envolve um custo. Porm o rei disse a Arana: No, mas por preo justo to comprarei, porque no oferecerei ao SENHOR meu Deus holocaustos que no me custem nada. (2Sm 22.24a)

O conformismo e o esfriamento da f, somados ao fato de que a EBD tem dificuldades em acompanhar a evoluo tecnolgica das demais atividades seculares, inclusive do ensino, gera a motivao para que a EBD sofra um esvaziamento. Em outras palavras: se o que a Internet, TV, e outras formas de lazer tm a oferecer so mais interessantes que EBD, o que o (ex) aluno vai fazer na igreja?

A deficincia na formao dos novos crentes e na manuteno dessa formao ao longo da caminhada espiritual, que leva o cristo a esquecer que o servo deve retribuir, proporcionalmente, ao seu Senhor todo o amor que foi declarado na cruz do calvrio, tambm contribui em larga escala para a evaso de alunos da EBD. Para muitos crentes, basta estar no culto domingo noite. No se deve desprezar, no entanto, a possibilidade das causas dos problemas da37

Escola Bblica residir na existncia do pecado oculto envolvendo a liderana da igreja.

O funcionamento da EBD sofre tambm as influncias dos fatores scioculturais. Em igrejas localizadas fora dos grandes centros urbanos, fcil encontrar alguns argumentos peculiares para explicar o esvaziamento da EBD. Em algumas regies as mulheres, cujos cnjuges no so crentes, so impedidas de participar da EBD pela necessidade de seguir ao costume local de almoar s 11 horas. A necessidade de contribuir com a preservao da unidade familiar leva as mulheres crentes a deixarem de ir igreja no horrio da EBD ou retornarem para casa em tempo de preparar a refeio.

A experincia trazida da convivncia com a EBD em algumas igrejas, leva constatao de que a evaso de alunos um fato recorrente que vem se agravando ao longo dos anos. As razes so as mesmas. Algumas igrejas adotam estratgias inovadoras que se mostram eficazes, mas que no se perpetuam. So medidas sazonais cujo poder de seduo se esgota em curto ou mdio prazo.

Ao despreparo de alguns, seno da maior parte, dos obreiros, se junta a discriminao no trato do assunto ensino, quase sempre relegado a plano secundrio (um exemplo clssico o esquecimento das salas de aula por ocasio do projeto arquitetnico da grande maioria das igrejas). Isso se deve, tambm, ao baixo nvel escolar da maioria do pastorado em muitas igrejas.38

Existem, tambm, lamentavelmente, acessos de cime de alguns lderes que no so muito amigos das letras em relao aos crentes que se dedicam ao ministrio do ensino, seminaristas, telogos, etc.

A soluo reside na incessante busca por mtodos para melhorar e para criar o interesse dos membros da igreja em estar na EBD, claro que toda metodologia tem que vir acompanhada do manifesto interesse dos alunos. Buscar a motivao desses alunos para estar na EBD. A responsabilidade do Educador Religioso, quando disponvel na igreja.

Alguns aspectos da EBD podem ser destacados positivamente, como a dedicao de alguns professores que demonstram um efetivo interesse na pesquisa e na elaborao e aplicao de seus planos de aula; a disponibilidade, em algumas igrejas de um nmero considervel de salas de aula que, mesmo no contando com recursos instrucionais mais modernos, atendem necessidade de acomodao dos alunos dentro de suas respectivas faixas etrias. A realizao de trabalho social, atravs da distribuio de caf da manh e almoo a crianas em regies mais carentes, promovendo a aproximao de crianas, inclusive as no crentes, igreja, contribuindo para a incluso social dessas crianas. Entre as prticas mais comuns em muitas igrejas a realizao do caf da comunho (ou caf fraterno) em ocasies programadas em seus calendrios anuais. Essas iniciativas, assim como a oferta de cursos de capacitao de obreiros e39

professores, a diviso de classes por faixa etria e por nveis de conhecimento bblico, trazem grande satisfao aos obreiros da EBD quando se constata a firmeza de alunos que adquirem o hbito salutar de freqentar a EBD, em comparao com o desinteresse de muitos Saiba que aquele que fizer converter do erro do seu caminho um pecador, salvar da morte uma alma, e cobrir uma multido de pecados (Tg 5.20).

Os aspectos negativos, que podem ser destacados numa anlise da situao da EBD so: a falta de compromisso de alguns professores, que colocam seus interesses adiante da obra do Senhor, e, por isso, muitas vezes cedem os seus lugares frente das classes a outros membros, enquanto tratam de assuntos pessoais, nem sempre relevantes, na hora em que deveria estar na EBD, como se a ministrao de uma aula na classe da Escola Bblica Dominical no merecesse uma dedicao especial. O formato da literatura utilizada um problema a ser analisado em algumas igrejas. O apego tradio leva a liderana de muitas igrejas a instituir como modelo obrigatrio de literatura utilizada na EBD, a literatura produzida pelas editoras vinculadas s denominaes, inibindo, ainda que de maneira velada, a busca por novas frmulas de estudo e material que venham a motivar a membresia para a participao nas atividades da EBD. Existe hoje uma vasta gama de produtos editoriais disposio das igrejas que compem um diversificado acervo de literatura para uso na EBD, porm esse aspecto, em que pese a sua relevncia,40

deve ser minimizado, tendo em vista que existem igrejas que sequer possuem recursos suficientes para a aquisio de literatura para os alunos da EBD, utilizando material usado por outras igrejas ou sabiamente, utilizando a Bblia como referncia de estudo. A exigidade de tempo para explicao dos assuntos e para dirimir as dvidas dos alunos e o demasiado senso crtico de alguns alunos cuja falta de amadurecimento cristo e discernimento espiritual os leva a comparecer s aulas to somente para desafiar o professor de sua classe, muitas vezes causando-lhe constrangimento somado falta de estrutura em muitas igrejas e a falta de pessoas comprometidas e capacitadas para dirigir classes, so aspectos negativos da Escola Bblica Dominical que merecem ateno especial da liderana da igreja.

3.2.1 - O Professor da Escola Bblica Dominical

O Pastor Antonio Gilberto afirma que a situao atual de professores de EBD, nas igrejas de sua denominao, melhorou. Segundo ele, Deus tem feito as igrejas das diversas denominaes progredirem, logo se faz necessria a multiplicao, de professores com maior preparo, porque o povo evolui culturalmente e as igrejas no so mais as mesmas de pocas passadas. Precisase de professores espirituais, porque um professor no espiritual no vai longe. Quem faz prosperar Deus. Paulo disse: Eu plantei, Apolo regou, mas Deus deu o crescimento. No entanto, apesar dessa melhoria, preciso tomar cuidado41

e investir na qualidade do ensino e da capacitao do professor, porque o despreparo dos docentes e dificuldades na comunicao, devido, principalmente, ao baixo nvel escolar de muitos alunos, que no conseguem entender, interpretar, debater e argumentar construes de textos pouco acima da mdia coloquial, dificulta o seu desenvolvimento. Esses cristos que mal lem a Bblia, no estudam a revista e ficam passivamente a ouvir o monlogo do professor!

Cristo era chamado de rabi e Senhor, o que indica que o povo o respeitava como mestre. provvel que a maioria das pessoas o visse mais como professor do que como o Messias, pois questionavam suas afirmaes de que era o Cristo. O fato que as multides reconheciam sua grande habilidade para ensinar e comunicar.

Um aspecto muito importante do ensino de Jesus era que ele, ao contrrio dos escribas, falava com autoridade E aconteceu que, concluindo Jesus este discurso, a multido se admirou da sua doutrina, porquanto os ensinava com autoridade e no como os escribas(Mt 7.28,29). possvel que muitos considerassem os escribas por demais mesquinhos e indiscretos, e vissem que Jesus focalizava questes realmente importantes, baseadas nos interesses de Deus. Talvez tenham percebido que ele compreendia melhor as situaes, era mais brando e seguro de si, o que constitua um grande contraste com a prtica religiosa dos outros, onde havia muita preocupao com ninharias.42

Mas fossem quais fossem as virtudes que viam nele, a verdade que se percebia uma notvel diferena entre Jesus e os lderes religiosos de seu tempo. E ele no apenas era diferente dos escribas, mas superava a todos os homens, pois algumas pessoas chegaram a afirmar que jamais algum falou como este homem (Jo 7.46).

Cristo empregou diversos mtodos de ensino. Uma de suas principais caractersticas foi a sua grande habilidade como narrador. Suas parbolas so exemplos disso. Ele contava histrias interessantes para aclarar bem a mensagem.

Outro ponto alto de seu mtodo era o emprego de lies objetivas. Suas mensagens eram cheias de ilustraes tiradas da natureza, de fatos que ele citava ou mostrava. Suas inmeras referncias a pastores e ovelhas so um bom exemplo de atividade da qual se pode tirar muitas lies. Outras ilustraes memorveis foram a da figueira amaldioada, e da moeda encontrada na boca do peixe.

Algumas vezes Jesus pregava; em outras, fazia perguntas aos seus seguidores, ou provocava perguntas neles. Alm disso, ensinou tambm pela prtica. Dizia aos discpulos para fazerem determinadas coisas, e ao faz-las eles aprendiam a lio.

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Mas nem todo mundo apreciava os ensinamentos de Jesus; e nem todos entendiam suas palavras. Houve momentos em que ele percebeu que seus ouvintes no estavam preparados para ouvir o que ele tinha a dizer, ou no estavam dispostos a ouvi-lo Quem tem ouvido para ouvir oua(Mt 11.15) E Jesus, conhecendo isso, disse-lhes: Para que arrazoais, que no tende po? No considerastes, nem compreendestes ainda? Tendes o vosso corao

endurecido?...E ele lhes disse: Como no entendeis ainda? (Mc 8.17,21).

As tarefas e os mtodos que o mestre da vida usava eram dificlimos de ser concretizados. Ele teria de convencer as pessoas a investir num projeto invisvel. Ele discursava sobre um reino de paz, justia, alegria. Mas esse reino era intangvel, no palpvel, era um reino nos cus. E ele o fez com incomparvel habilidade.

Para o ingresso no trabalho da Escola Dominical, o professor deve ser acima de tudo, uma pessoa salva de modo completo, membro da Igreja, de vida crist correta, e s na f o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiis, que sejam idneos para tambm ensinarem os outros. (2Tm 2.2)

A posio de professor da Escola Bblica Dominical uma posio de honra e, sobretudo, de responsabilidade Se eu disser ao mpio: mpio, certamente morrers e tu no falares, para desviar o mpio de seu caminho,44

morrer esse mpio na sua iniqidade, mas o seu sangue eu o demandarei da tua mo. Mas, quando tu tiveres falado para desviar o mpio do seu caminha, para que se converta dele, e ele se no converter do seu caminha, ele morrer na sua iniqidade, mas tu livraste a tua alma.(Ez 33.8,9).

Em seu ministrio o professor cristo tem de saber por que ensina. O ensino na classe da EBD por amor e gratido a Deus; por que o Senhor assim ordenou, (Mt 28.19,20).

necessrio que o professor conhea qual o seu propsito no ensino: ganhar almas para Jesus, desenvolver a espiritualidade dos alunos, treinar os alunos para o servio do Mestre.

Uma vez identificado o porqu e o propsito da atividade de ensino, o professor tem que saber o que ensinar. A resposta a esse quesito simples, a professor calcar o seu ensino na nica regra de f e prtica do cristo, a Bblia.

A forma como o professor ensinar baseada no conhecimento de Cristo como Salvador e Rei; da Bblia, como regra de f e prtica, buscando levar o aluno condio de obreiro aprovado, que no tem de que se envergonhar, e que maneja bem a Palavra da Verdade. No h sequer um obreiro de destaque, de projeo, de ministrio abundante, de frutos permanentes, que no tenha sido

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um apaixonado e contnuo estudante da Palavra! Este conhecimento da Bblia ter que ser sistemtico e organizado.

O conhecimento de matrias auxiliares e afins fundamental para o professor da Escola Bblica Dominical. A cultura geral do professor um tesouro inestimvel no seu relacionamento com o aluno. Este ltimo constitui o elemento crucial sem o qual a Escola Bblica Dominical no existiria. Persiste em ler, exortar e ensinar, at que eu v. Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvars, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem (1Tm 4.13,16).

Conhecer o aluno, isto , a psicologia de cada grupo de idade e a pedagogia so necessidades que complementam o perfil do professor da Escola Bblica Dominical.

Em linhas gerais, o professor para ter xito e manter-se eficiente precisa ser um crente fiel, espiritual e seguro conhecedor das doutrinas bblicas, alm de ter comprovada capacidade para ensinar.

O professor deve ter responsabilidade para com a Escola Dominical, esta se traduz pelo conhecimento da organizao e funcionamento da Escola, pela disposio de trabalhar em harmonia e cooperao com os demais obreiros, Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em46

honra uns aos outros. (Rm 12.10); observando a orientao do apstolo Paulo quanto ao objetivo de suas aes e a forma de relacionar-se com os demais. Nada faais por contendas ou por vangloria, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo (...) Julguei, contudo, necessrio mandar-vos Epafrodito, meu irmo, e cooperador, e companheiro nos combates, e vosso enviado para prover s minhas necessidades (Fp 2.3,25). Alm disso, deve ter responsabilidade para com a classe, promovendo a edificao e crescimento da classe. fundamental que, para isso, o professor conhea cada aluno pessoalmente, pelo nome, visite-os, ore pelos alunos individualmente e procure a converso e edificao espiritual de cada aluno.

importante que o professor tenha em mente que o trabalho do Senhor merece a sua maior abnegao e esforo, pontualidade e responsabilidade. Sabendo que todos so passveis de se envolver com situaes de emergncia e que por vezes necessrio permanecer ausente de uma atividade programada, o professor deve estar ciente de que, em caso de necessidade, deve avisar com antecedncia ao seu substituto, o seu impedimento, com o cuidado de avisar tambm ao Diretor da Escola.

Segundo o Pastor Marcos Tuler, o educador cristo deve ser dedicado ao ministrio de ensino, muitos so freqentemente colocados frente de uma classe por seus lderes, mas no recebeu de Deus a confirmao de sua chamada.47

Os chamados, enquanto ensinam, sentem seus coraes inflamarem pela atuao poderosa do Esprito Santo. Eles amam intensamente sua misso. Ainda, segundo Marcos Tuler, a melhor maneira de unirmos as funes de professor e educador seguirmos o exemplo de Jesus. Ele foi, em seu ministrio terreno, o maior professor e pedagogo de todos os tempos.

A escolha dos professores da EBD ao fim de cada ano eclesistico um processo traumtico, cansativo e decepcionante. A comisso de indicao realiza levantamento junto aos membros, buscando encontrar novos entusiastas pela atividade de ensino e a manuteno daqueles professores com desempenho comprovadamente positivo, recebendo muitas respostas negativas. O resultado previsvel, a priori, e visvel no decorrer do ano eclesistico. Professores que se dispuseram a assumir as classes vo abandonando os trabalhos por diversas razes, que nem sempre so justificativas plausveis. O incio do ano eclesistico, no ms de maro, com incio de trimestre no ms de abril mais um fator que desestimula os professores recm eleitos e, esse fato se repete no ltimo trimestre do ano e nos primeiros meses do ano seguinte, quando aps um crescimento discreto nos ndices de freqncia, o nmero de alunos presentes s classes sofre uma acentuada reduo, em grande parte pelo fraco desempenho dos professores ou pelas constantes substituies, nem sempre por professores habilitados.

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Basicamente, so escolhidos mediante critrio emprico: Entre os alunos mais assduos, e que, normalmente, preenchem alguns requisitos, tais como possuir algum tempo de crente, demonstrar interesse e conhecimento bblico e secular um pouco acima da mdia (a qual, infelizmente, quase sempre baixa ou crtica). Em suma: so selecionados luz do triste axioma em terra de cego quem tem um olho rei!

Em algumas igrejas so criadas comisses que realizam o processo de seleo e apresenta igreja. Esta, em sesso extraordinria, toma a deciso, ratificando ou no.

Muitas igrejas tm deixado de investir na capacitao do seu corpo docente. Nos ltimos anos a igreja no tem investido na formao de pessoal em Educao Religiosa, no CIEM ou em qualquer rea correlata, em outra instituio.

Outras freqentemente promovem a participao de seus obreiros em cursos e seminrios. A soluo para suprir a falta de pessoal capacitado na rea de educao religiosa o concurso de membros com formao em pedagogia e magistrio em instituies seculares. No entanto, muitos desses membros esto afastados das atividades do Departamento de Educao Religiosa da igreja.

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Os motivos do afastamento dos membros habilitados em na rea de Educao Religiosa das atividades da EBD so difceis de ser identificados, no entanto possvel afirmar que a impresso que existe um grande desinteresse pela causa do Senhor. semelhana de outros setores da igreja, a Escola Bblica Dominical tem em seu quadro sempre os mesmos obreiros, no havendo a prtica salutar de revezamento para renovao do nimo de cada um, e tambm a criao de oportunidades de introduo de novas tcnicas de ensino. Os motivos alegados para essa ausncia dos profissionais de educao das atividades da Escola Bblica Dominical que no so comissionados e devidamente incentivados pela liderana, causando-lhes desnimo e declnio no seu interesse em participar das atividades da organizao; e existem divergncias quanto aos mtodos administrativos aplicados pela liderana da igreja. Sem contar a ocorrncia de sada, por carta de transferncia ou envolvimento em outro ministrio da igreja.

3.2.2 - O Aluno da Escola Bblica Dominical

O membro que freqenta a EBD acredita que uma oportunidade para aprender a palavra de Deus e compartilhar experincias com outros irmos, mas, em geral, julgam que a Igreja (leia-se liderana) nos tempo de hoje precisa dinamizar mais as atividade. Existe uma tendncia natural de o aluno assduo tornar-se um professor da classe de sua faixa etria, devido maior interao50

com o grupo e evoluir no ministrio do ensino, passando por outras classes. Essa capacitao vem do interesse em aprender de Deus em outro ambiente, fora do culto. Essa a crena: que o cristo deve sempre buscar aprendizado, a troca de experincias e o conhecimento bblico atravs do estudo conduzido nas classes da EBD, porque preciso crescer na graa e no conhecimento, conhecer mais de Deus.

Em plena era da informao e das novas tecnologias introduzidas no processo de educao, cresce a necessidade de que o ensino sobre a bblia envolva atividades interativas. Em artigo publicado no jornal Estado de Minas, em 14/10/06, a professora Maria Ilse Rodrigues Gonalves doutora em Cincias da Educao pela Universidade de Educao a Distncia de Madri, afirma:Muito se fala da necessidade de melhoria da qualidade do ensino. Os alunos carecem de motivao, no suportam a educao tradicional, cansativa e improdutiva, que poucos avanos vm apresentando nas ltimas dcadas. imperioso rever os agentes centrais da aprendizagem: os educandos e os educadores. Nesse novo paradigma educacional, decorrente da sociedade da informao, os docentes deixam de ser transmissores e detentores de conhecimentos e passam a ser orientadores do processo ensino-aprendizagem, aprendizes na construo do conhecimento de sua prpria aprendizagem, em parceria com os demais. Nessa comunidade emergente do aprendizado cooperativo, todos aprendem: discentes e docentes. Assim, para esse novo desempenho profissional, o professor precisa ser preparado. Nesse contexto, o educando tambm apresenta perfil especfico. Precisa pesquisar e refletir com mais profundidade sobre seu foco de interesse, munir-se de auto-disciplina e perseverana. importante tambm desenvolver a habilidade de auto-aprendizegem 51

para atingir seus objetivos(...) Impe-se uma reflexo crtica que impulsiono a mudana do sistema de ensino, seja ele presencial ou virtual, necessariamente voltada para a educao mediada pela tecnologia, pois, caso contrrio, o sistema educacional estar fadado a permanecer na contramo da histria.

Esse artigo trata do uso da tecnologia no processo de ensinoaprendizagem na escola secular, mas esta no deixa de ser uma alternativa interessante para o ensino bblico nas igrejas. A EBD a maior escola do mundo. a nica Escola em que aprendemos contedos gerais e espirituais. Nela o aluno espera aprender muito alm do que pode concluir atravs da sua leitura solitria da Bblia, ou seja, as reunies nas classes da EBD no podem ser apenas para ler a passagem e coment-la, isso exige professores dedicados e se possvel preparados com conhecimento teolgico, mas acima de tudo que sejam verdadeiramente cheios do Esprito Santo. Enfim, o que se espera da Escola Bblica Dominical que seja o lugar onde crente e no-crente encontrem o caminho do crescimento espiritual nas coisas de Deus. Que cumpra o seu papel de ensinar com o propsito de levar vidas a Jesus; que tenha o primado pelo ensino da Palavra de Deus, como responsvel pelo crescimento intelectualreligioso de todos que dela participam; que primeiro promova o aprendizado e esclarecimento de dvidas, que haja maior empenho dos professores que devem possuir capacidade, conhecimento, pacincia e disposio para ensinar.

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3.2.3 - Avaliao de Resultados na Escola Bblica Dominical

O instrumento que a igreja utiliza para avaliar os resultados da EBD a caderneta de classe, considerando o aspecto quantitativo como principal fator de mensurao do desempenho da organizao. Algumas tentativas de realizar enqute entre os alunos para efetuar um diagnstico da situao da Escola Bblica Dominical foram frustradas, pelos mesmos motivos que os levam a no freqentar as classes: o desinteresse. Durante a realizao das pesquisas para a elaborao desse trabalho, foram enviadas mensagens por correio eletrnico para aproximadamente 70 endereos, tendo sido recebido cerca de 10% de retorno. Outra iniciativa frustrada foi a de distribuir um questionrio de avaliao para o pastor da igreja, diretor de Educao Religiosa, obreiros e professores da Escola Bblica Dominical, com retorno de apenas 4 questionrios preenchidos, de um total de 18.

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CAPTULO IV LIDERANA NA IGREJA LOCAL

4.1 - NOES DE LIDERANA

A primeira coisa que caracteriza a liderana o trabalho. O alicerce da liderana eficaz criar a misso, defini-la, estabelec-la de forma clara e visvel. O lder estabelece metas, define prioridades, determina padres e os mantm. claro que o lder faz acordos. Mas antes de se comprometer, o lder eficaz pensa muito bem se aquilo certo e desejvel. A primeira tarefa do lder ser a trombeta que toca de modo claro. O que distingue o verdadeiro lder de um fracasso so suas metas. Ele verifica se os compromissos que assume so compatveis com sua misso e metas ou o levam a desviar-se delas. O que determina se um lder tem seguidores ou apenas pelegos hipcritas se ele mantm-se firme em alguns princpios bsicos e os demonstra por sua conduta.

A segunda exigncia que o lder enxergue a liderana como uma responsabilidade e no como um cargo ou privilgio. E quando as coisas no do certo, o verdadeiro lder no culpa outros. Lderes eficazes no temem associados e subordinados fortes, no enxerga o fortalecimento deles como uma ameaa, mas como seu prprio triunfo.

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Finalmente, exige-se de um lder eficaz que conquiste confiana. Do contrrio, ele no ter seguidores e a nica definio de um lder algum que tem seguidores. Para se confiar em um lder no necessrio gostar dele. Nem necessrio concordar com ele. Confiana a convico de que o lder exatamente aquilo que ele diz. Trata-se de uma crena em uma coisa que est muito fora de moda, chamada "integridade". As aes de um lder e aquilo em que ele acredita devem ser congruentes ou pelo menos compatveis. A liderana eficaz, e mais uma vez apelo para a sabedoria comum, no est baseada em ser esperto, mas em ser consistente.

Lderes despontam dentro de grupos e eles podem conduzir o grupo visando torn-lo em equipe ou podem criar as conhecidas "panelinhas" que nada so do que tentativas de formao de equipes visando o equilbrio de foras entre os lderes positivos e os lderes negativos.

Tanto os grupos como as equipes precisam de lderes, e os diferentes estgios de desempenho de cada um depende deles. Grupos no precisam necessariamente ser transformados em equipes, mas demandam,

determinantemente, de lderes positivos ou negativos, para que tenham nveis superiores de desempenho e de produtividade, ou seja, que sejam eficazes e eficientes.

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A liderana efetiva precisa ser transformadora ou no conseguir causar impacto no desenvolvimento da equipe. Esse o lder positivo, aquele que traz movimentos ascendentes apoiando os membros, direcionando-os em suas atividades e exercendo acompanhamento nas tarefas.

O lder negativo aquele que no causa impacto, mas mantm o nvel de execuo das tarefas dentro de um patamar de eficincia e eficcia necessrias manuteno da equipe, ou seja, consegue justificar sua existncia.

Cabe ressaltar que a denominao lder positivo ou negativo no tem relao alguma entre aquele ser o esperado e este o que precisa ser descartado. Uma mesma pessoa pode atuar como lder positivo em uma equipe e como lder negativo em outra conseguindo sucesso em ambas.

Nas equipes muito grandes se faz necessrio que em determinadas situaes sejam formados grupos com lderes positivos que promovam a busca de novas solues aos problemas. Por outro lado, h tambm de lderes negativos, que precisam manter os elementos da equipe concentrados em procedimentos existentes, mais rgidos e que requeiram controle muito rigoroso de resultados.

Os lderes so a chave para edificar o Corpo, at ele ser uma comunidade que funciona e serve. Mas antes temos de compreender, e entregar-nos idia de56

que o corpo local um grupo unido que ministra. Temos de nos dedicar completamente ao ensino bblico de que NO h "leigos": cada crente um sacerdote.

A partir dessa compreenso de que cada crente deve ser discipulado e tambm discipular, ser servido e tambm servir, entende-se qual o papel da liderana na igreja. E somente quando se atinge esse entendimento do papel da liderana que se pode comear a estruturar congregaes locais como comunidades de f que educam.

Um estudo sobre liderana e seu papel na igreja com tem seu ponto de partida na instruo que Jesus deu aos seus discpulos em Mateus 20. importante basear o conceito de liderana na igreja em conceitos tirados do Novo Testamento. No por rejeio ao Velho Testamento. Ou porque nele no h compreenso da natureza da liderana. porque o Novo Testamento define como os princpios de liderana so aplicados no Corpo.

Por exemplo: pode-se definir "Liderana" em termos gerais. Mas quando se escreve um manual sobre liderana para o exrcito, certamente ele ser diferente de um manual sobre liderana para executivos, ou para pais, em casa. H situaes diferentes, em que os princpios de liderana so aplicados de maneiras diferentes. E na igreja de Jesus Cristo os princpios de liderana so

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aplicados de maneira nica. Isto se deve maneira pela qual o Corpo estruturado e funciona.

importante verificar em Mateus 20 o ensino que resultou de uma m compreenso de liderana, da parte de Tiago e Joo, quando a me destes dois. Irmos desejosos de ter posio e poder, se aproximou de Jesus e pediu que Jesus lhes concedesse posies direita e esquerda em seu reino vindouro. Eles queriam ser os dois homens mais poderosos! Ao ouvir isto os outros discpulos de Jesus ficaram agitados e com raiva. Usando a situao real para ensinar um princpio, Jesus chamou todos os discpulos e lhes disse:"Sabeis que os governadores dos povos os dominam e que os maiorais exercem autoridade sobre eles. No assim entre vs; pelo contrrio, quem quiser tornar-se grande entre vs, ser vosso servo; tal como o Filho do homem, que no veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos" (Mt 20-25-28).

A primeira coisa que observamos que h dois modelos de liderana em conflito aqui. O modelo do governante secular retrata lderes como homens que exercem autoridade sobre outros. No h nada de errado com este modelo de liderana no mundo secular. Jesus no est dizendo que este tipo de liderana mal em si. Mas ele est dizendo que ele errado na igreja. "No assim entre vs" ele diz aos discpulos.

Depois Jesus apresenta um contra-modelo. Por estranho que parea, o seu tipo de lder, que ser grande entre os discpulos, apresentado como Servo.58

Entre discpulos no corpo de Cristo os lderes no esto acima, mas entre, no governantes, mas escravos, no so pessoas que recebem, mas que do. Se quisermos compreender a natureza e a funo da liderana na igreja, precisamos levar o modelo do servo integralmente a srio.

Ser til reunir alguns lderes de igrejas locais e apresentar estes modelos contrastantes, e pedir-lhes que tirem concluses. Cada grupo com que essa experincia foi feita tirou muitas. No entanto, trs reas so de importncia especial: a) O relacionamento servil O servo uma pessoa que est entre, no acima daqueles que ele lidera. b) A tarefa do servo Um servo entre os discpulos deve gastar sua vida pelos outros, como Jesus fez. c) O lder cristo O obreiro chamado para servir como Jesus serviu, faz parte desse propsito de transformar, e se gasta para fazer novos discpulos Seu objetivo e servio principais so a edificao do Corpo e dos seus membros. Na nossa cultura os "lderes" sempre orientam. Sua obrigao mandar. Um servo no pode mandar. Quem servo no "senhor sobre" outros. De alguma maneira o modo de o dirigente secular exercer a autoridade eliminado da igreja pelas palavras de Jesus "no assim entre vs".

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Ento, como o servo lidera? Como o servo exerce sua autoridade? (E. nunca devemos cometer o erro de achar que os lderes cristos so homens fracos que nem lideram nem tm autoridade!). Em primeiro lugar encontramos a resposta no papel do servo: um servo no ordena, ele faz. Um servo no dirige outros, ele d o exemplo.

Pedro fala deste assunto em sua primeira carta. Ele escreve a outros ancios dizendo-lhes que devem ser "pastores do rebanho de Deus que h entre vs", e Pedro tambm diz como: "no como dominadores dos que foram confiados, antes vos tornando modelos do rebanho" (1 Pe 5:1-5).

O mtodo de liderana de um servo dar o exemplo, e o exemplo que d lhe confere uma autoridade poderosa. Deus usa os lderes como modelos, para motivar outros a ser como eles.

Nos primeiros captulos do livro Teologia da Educao Crist, Lawrence O. Richards analisa os princpios da eclesiologia que nos orienta para compreendermos os princpios distintos de educao (discipulado) sobre os quais a educao crist deve se basear. Por estranho que parea, o que se v que liderana anda junto com estes princpios e conceitos.

Se pudermos aceitar o conceito bblico de que o crente um sacerdote e que a igreja uma comunidade que serve, ento podemos comear a60

compreender o papel o e propsito - e o mtodo - da liderana da igreja local. Ento, tambm, podemos comear a compreender como organizar a igreja para o discipulado atravs de toda a comunidade. Deve-se considerar alguns princpios essenciais no exerccio da liderana: Cada crente um ministro, um crente-sacerdote, que tem um papel de servio ativo no corpo (no passivo, de ser servido); no h diferena essencial entre um "ministrio" de um pastor ou de outro lder da igreja e o ministrio (servio) executado por um crentesacerdote; cada um usa seu dom espiritual, recebido de Deus, para edificar outros no corpo; e que a tarefa especfica do lder "servir" os membros do corpo, e equipar outros para o ministrio atravs do seu servio querendo o aperfeioamento dos santos, para a obra do ministrio, para edificao do corpo de Cristo (Ef 4:12). A liderana espiritual deve funcionar de maneira diferente no corpo do que a liderana secular exercida na sociedade. H diferena entre o corpo como organismo vivo e a sociedade como associao de indivduos.

Os lderes espirituais, servindo "entre" o corpo, do um exemplo, que o Esprito Santo usa (atravs dos processos de educao - identificar e imitar) para ajudar outros crentes-sacerdotes a ficar mais e mais parecidos com eles. Ministrando assim estes no precisam se preocupar com sua "autoridade". Deus abrir coraes no corpo que os sigam Semelhantemente vs, jovens, sede

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sujeitos aos ancios; e sede sujeitos uns aos outros e revesti-vos de humildde, porque Deus resiste aos soberbos, mas d graa aos humildes.(1Pe 5:5)

Se a orientao do raciocnio sobre liderana e organizao do corpo no se der a partir destes conceitos e princpios, com certeza no ser possvel edificar a igreja para formar uma comunidade que educa, ministra e discipula.

importante, ento, livrar-se da imagem de lderes de igreja com uma funo principalmente administrativa. A principal responsabilidade da liderana de uma igreja local desenvolver um relacionamento "de corpo" dentro dela mesma, para que possam exemplificar para a congregao o que ser corpo. Tambm importante que o pastor seja encarado como parte, e no parte desta equipe leiga. Ele pode ser sustentado em tempo integral, ter responsabilidades especiais, mas sempre um membro da equipe. Na verdade o desenvolvimento dos lderes da igreja em direo a uma equipe de liderana uma das tarefas mais importantes a que um pastor pode se propor.

As reunies de diretoria, assim, deixam de ser reunies "administrativas" para se transformar em horas de servir, compartilhar, discipular-se, crescer como indivduos e como grupo. Este tipo de crescimento em conjunto custa tempo e dedicao. Os encontros devem ser semanais. Dedicao mtua, fator vital no funcionamento do corpo como um todo, tem de ser demonstrada pela liderana da igreja. Se os lderes da igreja no gastam tempo para crescer juntos,62

formando uma unidade vital, ento h poucas probabilidades de que a unidade um dia caracterizar a igreja local. Ns reproduziremos o que somos. O servo lidera pelo exemplo... o exemplo que ele d que ser imitado.

O contedo da Bblia no s importante por ser a Verdade; o valor advm tambm do povo de Deus reunido. Ouvi-lo em conjunto ajuda a atrair a ateno de cada indivduo a esta dimenso do relacionamento vertical que os crentes tm com Ele. Por isso, mesmo quando destacamos a importncia do compartilhar, como est ilustrado no movimento corpo vivo, no queremos eliminar ou reduzir a ateno da comunidade Palavra. Ouvir a Palavra de Deus juntos ir "representar" de maneira vvida e significativa nossa entrega a Deus como Senhor de nossa vida e guia de nosso caminho.

A liderana possui um paradoxo em seu mago voc no pode arrebatla diretamente, ela um presente que s pode ser dado pelos outros. Ela chega quando eles reconhecem voc, porque ser um lder no tem qualquer sentido sem outros que optem por viajar com voc. Trs reas se destacam na liderana: 1. Auto-desenvolvimento 2. Habilidades de comunicao e influncia 3. Pensamento Sistmico O candidato a lder precisa ser forte e ter recursos para fazer a jornada. Precisa influenciar e inspirar os outros para juntar-se a voc, de outro modo63

corre-se o risco de se tornar um viajante solitrio e no um lder. preciso dispor de um mapa, pois mesmo sendo forte o lder pode se perder em um sistema complexo.

Em primeiro lugar, ser um lder significa desenvolver-se a si mesmo. A medida que se torna um lder, encontra-se recursos em si mesmo que no sabia que tinha. O lder se torna mais lder, porque a maior influncia de um lder vem de quem ele , do que ele faz e do exemplo que ele d.

Em segundo lugar, o lder inspira outros para juntar-se a ele na estrada, ento liderana envolve habilidades de comunicar e influenciar.

Em terceiro lugar, um lder precisa olhar para frente, bem como prestar ateno onde ele esteve e onde ele est agora. O lder v alm da situao imediata. Ele v o contexto da jornada inteira. Isso significa que ele precisa compreender o sistema do qual faz parte, ver alm do bvio, sentir como os eventos se conectam a padres mais profundos, enquanto outros apenas vem acontecimentos isolados. Liderana uma combinao de quem o lder , habilidades e talentos que ele tem e a sua compreenso da situao ou do contexto em que est. Embora esses elementos sejam universais, o lder poder juntar as peas de uma maneira nica.

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A palavra gerenciar tem uma histria interessante. Ela deriva da palavra italiana maneggio que significa treinar um cavalo. Existe uma necessidade de liderana nos negcios, ao mesmo tempo existe um vazio sobre o que isso significa na prtica e como fazer mudanas.

Liderana se baseia em propsito, viso e valores. No uma qualidade que possa ser racionada ou controlada. O propsito estabelece o destino. A viso para ver onde voc est indo e os valores para gui-lo em direo a um futuro de sucesso sustentvel em longo prazo. Os lderes so necessrios para guiar a organizao e desenvolver outros lderes.

4.2 - O PAPEL DA LIDERANA DA ESCOLA DOMINICAL

A avaliao da forma como esto sendo conduzidas as atividades da Escola Bblica Dominical positiva, no entanto, a opinio corrente de que deve haver o constante interesse em melhorar, pois o maior objetivo da EBD prestar o melhor servio causa do Senhor.

A melhoria do desempenho da Escola Bblica Dominical passa por solues simples como o investimento na capacitao do corpo docente, mediante a realizao de cursos, a promoo de eventos como o caf fraterno, como uma das preferncias do corpo discente; a realizao de palestras no horrio das aulas, como forma de quebrar a rotina. O contato com os alunos65

afastados por telefone e visitas aconselhvel, porm, dedicar maior ateno aos membros que freqentam regularmente a EBD, uma forma de incentivo. A sensao de bem-estar vai levar o aluno assduo a testemunhar do seu contentamento para os membros ausentes, causando neles o desejo de tambm tornar-se assduo.

4.3 - ATRIBUIES DA LIDERANA DA ESCOLA BBLICA DOMINICAL

O exerccio do cargo frente da Escola Bblica Dominical j um grande desafio para um membro com mais experincia de vida crist. Para um nefito essa experincia representa um grau de dificuldade mais acentuado, uma vez que no domina o conhecimento da Palavra e da lida com os aspectos da Educao crist. Certamente que a convivncia com professores e obreiros vo atribuir-lhe o necessrio embasamento para o exerccio de outras funes dentro do ministrio da igreja. Essa falta de vivncia no pode e no deve, no entanto ser empecilho para o desenvolvimento de novos projetos, inspirados pela criatividade e atuao do Esprito Santo, adquirida pela comunho com Deus atravs de uma vida de orao.

Essa experincia positiva, pois constitui um novo desafio, exige que o obreiro assuma u compromisso de orao, estreitando o seu relacionamento com Deus. Esta uma exigncia para quem est frente de um trabalho como esse.66

At mesmo porque, muitas vezes o lder da EBD obrigado a liderar lderes, uma misso muito difcil, pois na EBD tem professores que so lderes de outras organizaes dentro da igreja e se recusam a submeter-se sua condio de subordinado ao diretor da EBD. Esse o motivo pelo qual o obreiro da EBD tem de ter uma vida de orao.

O diretor da Escola Bblica Dominical deve ter em mente as suas atribuies, das quais se destaca o planejamento, ou seja, definir o alvo que a organizao deve alcanar, verificar a que distncia est deste ideal e decidir o que se vai fazer para encurtar esta distncia. Sem equacionar esse problema inicial, o diretor da EBD vai enfrentar dificuldades e acumular aborrecimentos.

A funo de lder da EBD desgastante, pois medida que existe o envolvimento surgem as inmeras e inevitveis decepes.

O lder da EBD aquele que coordena, orienta e zela pela doutrina e pela organizao da EBD, exercendo de modo eficaz a liderana que lhe foi outorgada pelo Pastor. Tem como funes principais: o Estabelecer objetivos: dizer aos seus liderados aonde se quer chegar, como e quais os meios que sero utilizados; o Motivar: estimular e incentivar os liderados na consecuo dos objetivos;67

o Administrar: o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar os recursos, sejam humanos, materiais ou financeiros, a fim de atingir os objetivos estabelecidos; o Orientar e coordenar as atividades do departamento da Escola Dominical; o Orientar, acompanhar, assessorar a diretoria pedaggica na elaborao do contedo programtico, proporcionar treinamento em instituies de ensino secular ou teolgico; o Estar permanentemente alerta cuidando para que as doutrinas e os princpios bblicos sejam preservados de acordo com o credo da igreja; o Incentivar, entusiasmar e proporcionar o crescimento na f; o Coordenar e reunir regularmente o corpo docente e os administrativos da escola dominical para avaliar, receber sugestes e programar aes que dem mais qualidade EBD; o Prover recursos materiais e tcnicos para o bom desempenho da escola dominical; o Estar atento para prover substituies para as ausncias de professores; o Zelar pelo bom funcionamento da escola dominical privilegiando o tempo de estudo em classe; o Supervisionar o funcionamento da escola dominical dentro de suas atribuies administrativas e espirituais; o Manter a disciplina;68

o Proporcionar um clima de fraternidade crist; o Promover a escola dominical; Conhecer e aplicar o sistema de avaliao do corpo docente, discente e da organizao administrativa. 4.4 - PERFIL IDEAL DO LDER DA ESCOLA BBLICA DOMINICAL

Com base na noo de que os atributos do lder deve estar em perfeita sintonia com os objetivos do grupo, podemos traar o perfil ideal do lder da Escola Bblica Dominical a partir das opinies dos elementos mais importantes da organizao: os alunos e obreiros, segundo as quais:

- O lder da Escola Bblica Dominical deve ser um servo comprometido com Evangelho, buscando fazer a vontade do Pai e que carece das oraes e apoio dos demais membros da igreja.

- Deve ser algum que seja realmente dedicado ao ensino e que, ao mesmo tempo, jamais deixe de querer aprender! No aquele que mais sabe; o mais aprende!

- Tem que ser dinmico. Sempre ver o que est errado e procurar melhorar, buscar mtodos para despertar o interesse constante do aluno, avaliao constante do que tem sido a EBD.69

- Sua ao deve ter carter voluntrio, com submisso, comprometimento e plenitude do Esprito Santo.

- Deve, em primeiro lugar, ter compromisso e gostar daquilo que faz. Um dos pontos principais no perfil do lder ter compromisso e gostar de fazer o que est fazendo de lidar com estudo, muitas vezes voc aceita o convite para ser professor e no gosta do que est fazendo. O lder deve ter amor pelo que est fazendo. Quando no h dedicao e amor pelo que faz, a EBD cresce, pois haver o interesse do lder pelo aluno que est desanimado. O lder vai desejar visitar aquele aluno, se preocupar com o aluno, fazer uma reciclagem domingo de manh, mostrar amor pelo aluno, olhar para cada rosto da EBD e, quando acabar a aula conversar com ele, de forma que ele perceba a sua preocupao em dar-lhe ateno e, at mesmo orar com ele.

O lder da EBD deve, em ltima anlise, ser um cristo compromissado e envolvido com a obra, capacitado intelectualmente, incansvel na busca pela qualidade do ensino.

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CAPTULO V ADMINISTRAO DA ESCOLA BBLICA DOMINICAL

A administrao da EBD nas igrejas necessita de grandes mudanas. Talvez uma adequao de suas prticas ao contexto da atualidade, tornando-a mais atrativa, sem que seja necessrio, adotar prticas anti-bblicas. necessria a implementao de campanhas para promover a EBD e o direcionamento do estudo Bblico, com o intercmbio saudvel de idias e opinies e a busca da edificao uns dos outros. A administrao s ser eficiente se houver organizao. Organizao lembra ordem, mtodo de trabalho, estrutura, conformao, planejamento, preparo, definio de objetivos.

Um aspecto que deve ser enfatizado diz respeito participao da liderana da igreja nessa organizao, a Escola Bblica Dominical no uma organizao isolada, um ministrio parte da igreja, mas a prpria igreja, envolvida no desenvolvimento do aprendizado das Escrituras. A liderana precisa da sabedoria que vem do alto para administrar problemas herdados de outras gestes, que foram se cristalizando como vcios, com a ajuda da orao, orientao pastoral e colaborao do corpo docente e lderes de outras organizaes que amam o trabalho da EBD, a fim de restaurar a credibilidade da organizao.

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5.1 - NOES DE ADMINISTRAO

A palavra administrao vem do latim ad (direo, tendncia para) e minister (subordinao ou obedincia). Vrios autores definem de diversas maneiras a administrao. Uma definio bem moderna: Administrao o ato de trabalhar com e atravs de pessoas para realizar os objetivos tanto da organizao quanto de seus membros. Existem trs aspectos chaves que devem ser apontados nesta definio:

D maior nfase ao elemento humano na organizao.

Focaliza a ateno nos resultados a serem alcanados, isto , nos objetivos em vez de nas atividades.

Incluiu o conceito de que a realizao dos objetivos pessoais de seus membros deve ser integrada realizao dos objetivos organizacionais.

Como administrador o indivduo se deslocar dos trabalhos operacionais para o campo da ao. Sair das habilidades prticas de saber fazer certas coisas corretamente para atividades administrativas, voltadas para o campo do diagnstico e da deciso, onde utilizar as habilidades conceituais de diagnosticar situaes, definir e estabelecer estratgias de ao adequadas.

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Cresce ento a necessidade de se fundamentar em conceitos, valores e teorias que lhe permitam o balizamento adequado de seu comportamento.

A administrao o processo de tomar e colocar em prtica decises sobre objetivos e utilizao de recursos objetivos.

O que diferencia o administrador de um simples executor exatamente o fato de que, enquanto o segundo sabe fazer certas coisas que aprendeu mecanicamente (planos, organogramas, mapas, registros, lanamentos etc.), o primeiro sabe analisar e resolver situaes problemticas variadas e complexas, pois aprendeu a pensar, a avaliar e a ponderar em termos abstratos, estratgicos, conceituais e tericos. O segundo um mero agente de execuo e operao.

O primeiro um agente de mudana e inovao, pois adquire habilidade de entender e diagnosticar situaes.

O principal motivo para a existncia das organizaes o fato de que certos objetivos s podem ser alcanados por meio da ao coordenada de grupos de pessoas.

A administrao praticada desde que existem os primeiros agrupamentos humanos. A moderna teoria geral da administrao, que se estuda hoje formada por conceitos que surgiram e vm-se aprimorando h muito73

tempo, desde que os administradores do passado enfrentaram problemas prticos e precisaram de tcnicas para resolv-los. Por exemplo, a Bblia relata que Moiss estava passando o dia cuidando de pequenas causas que o povo lhe trazia. Ento Jetro recomendou: procure homens capazes para serem lderes de 10, 100 e 1.000. Este conselho foi dado a Moiss cerca de 3.500 anos. to antigo e continua atual.

5.2 - MODELOS DE ADMINISTRAO EM USO NAS ESCOLAS DOMINICAIS

A EBD resultou de uma iniciativa de cunho evangelstico. Mas, ao longo da existncia da EBD, tem havido um afastamento desse propsito. O modelo de escola proposto pelo fundador da EBD atendia ao propsito da evangelizao. Ainda hoje existem cristos que se decidiram pela vida crist a partir dos estudos bblicos iniciados nos lares e continuados nas classes da EBD. Mas, esse ndice insignificante se comparado com a eficiente obra promovida por Robert Haikes nos Estados Unidos. O modelo de escola com foco evangelstico sucumbiu ao formalismo, a Escola Bblica Dominical passou a ser uma escola s para crentes, e o evangelismo e discipulado foram segregados, perdendo o vnculo com a EBD - "Ide. Pregai... ENSINANDO".

A atividade de ensino no est dissociada da prtica da exposio do Plano de Salvao para os mpios, antes serve como espao onde se opera a74

preparao para o cumprimento do IDE. Grandes evangelistas no se formam, necessariamente, nas classes de EBD, mas inegvel a importncia da escola na capacitao do cristo para realizar a obra de um evangelista.

Em muitas igrejas a EBD s uma reunio domingueira. Tem o nome de EBD, mas no h diviso de classes nem ensino. s vezes, nem a lio usada ou citada. Assim, o alimento espiritual s para um grupo. No se d a uma criana recm-nascida o alimento dado a um adulto. O alimento pode ser nutritivo, mas tem que ser apropriado criana. Talvez por causa da incipincia dos dirigentes, numa reunio onde se deveria repartir o po conforme o estmago de cada um, no raro vermos crianas dormindo sentadas em bancos de adultos. Por estarem na igreja, so abenoadas, mas no entendem nada da mensagem, pois no transmitida ao nvel do conhecimento delas. Isso mau uso.

Muitas igrejas aliaram ao propsito evangelstico, o propsito doutrinrio. De doutrinao dos membros da igreja. A EBD passou a se constituir um apoio ao culto de doutrina, cujo tempo insuficiente, ou seja, a igreja conta com a Escola Bblica Dominical para atingir a meta principal alicerar para o crescimento e o avivamento dentro das quatro paredes. Mas, o preo dessa mudana de foco a perda da oportunidade de evangelizar, mormente, atravs

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das classes para no crentes que, deveriam estar cheias se prevalecesse o propsito original de Robert Raikes.

O Regimento da Escola Dominical da Igreja Metodista estabelece a Escola Dominical como a agncia responsvel por reunir os membros da