Mosca Do Chifre e Berne

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Mosca do chifre Haematobia irritans Introdução É uma parasitose causada pela mosca hematófaga a Haematobia irritans , a qual está distribuída p Brasil. A mosca-dos-chifres é originária da Europa, onde foi identificada em 17 em 1886, através de bovinos importados. Daí não foi difícil chegar à América do Sul através do Caribe, alcançan 1973. Proveniente das Guianas, a mosca-dos-chifres entrou no Norte do Brasil, foi vista pela primeira vez. Multiplicou-se na região amazônica e devido às condições favoráveis ao se encontrava espalhada por todo o Território Brasileiro. A mosca-dos-chifres tem assumido um papel importantíssimo como entrave brasileira. A expoliação causada pelo parasitismo é muito grande, pois permanecem p por dia, sugando seu sangue e quando em infestações maciças geram desco constantes e doloridas. A irritação causada pela picada das moscas comprometem a alimentação e diminuindo a sua produtividade. Nas regiões onde estas moscas estão presentes têm sido mais difícil a a selecionados, como de cruzamentos industriais e raças mais puras, os qu das moscas. Atribui-se às mosca-dos-chifres, a condição de vetora de várias doenças as rickettsioses (anaplasmose) e a tripanossomose. Acredita-se que a mosca-dos-chifres seja vetora das larvas da Dermatobia hominis (berne). Etiologia

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Mosca do chifre Haematobia irritansIntroduo uma parasitose causada pela mosca hematfaga a Haematobia irritans, a qual est distribuda por todo o Brasil. A mosca-dos-chifres originria da Europa, onde foi identificada em 1758, chegando nos Estados Unidos em 1886, atravs de bovinos importados. Da no foi difcil chegar Amrica do Sul atravs do Caribe, alcanando a Venezuela e a Colmbia em 1973. Proveniente das Guianas, a mosca-dos-chifres entrou no Norte do Brasil, em Roraima, no ano de 1978, onde foi vista pela primeira vez. Multiplicou-se na regio amaznica e devido s condies favorveis ao seu desenvolvimento, j em 1990, se encontrava espalhada por todo o Territrio Brasileiro. A mosca-dos-chifres tem assumido um papel importantssimo como entrave no desenvolvimento da pecuria brasileira. A expoliao causada pelo parasitismo muito grande, pois permanecem parasitando os bovinos 24 horas por dia, sugando seu sangue e quando em infestaes macias geram desconforto devido as suas picadas constantes e doloridas. A irritao causada pela picada das moscas comprometem a alimentao e a digesto do animal parasitado, diminuindo a sua produtividade. Nas regies onde estas moscas esto presentes tm sido mais difcil a adaptao de animais zootecnicamente selecionados, como de cruzamentos industriais e raas mais puras, os quais so mais sensveis aos ataques das moscas. Atribui-se s mosca-dos-chifres, a condio de vetora de vrias doenas nos bovinos, como as bacterianas, as rickettsioses (anaplasmose) e a tripanossomose. Acredita-se que a mosca-dos-chifres seja vetora das larvas da Dermatobia hominis (berne). Etiologia

A mosca-dos-chifres um dptero hematfago, denominado Haematobia irritans. Alm de parasitar os bovinos, a mosca-dos-chifres pode parasitar esporadicamente outros animais, como eqinos, ovinos, sunos, bfalos, veados e eventualmente o homem (Metcalf e Flint, 1962). uma praga que ocorre em pocas do perodo das guas, em regies midas. So observados dois picos de populao de H. irritans:

No incio do perodo das guas No final do perodo das guas Nas pocas de seca ou nos perodos prolongados de chuvas a populao da mosca-dos-chifres decresce.

Ciclo Evolutivo A Haematobia irritans permanece sobre o animal dia e noite, picando-o viciosamente por cerca de 15 a 40 vezes, fazendo assim o seu repasto (alimentao). Durante o dia, se o calor muito intenso, descem para a parte inferior do animal, concentrando-se na regio do abdomen, onde protegem-se dos raios solares. Abandona o animal unicamente para ovipositar, colocando seus ovos sobre fezes frescas (10 a 20 minutos aps serem eliminadas pelos bovinos), cada fmea oviposita em torno de 300 a 400 ovos (mdia de 360), em posturas que variam de 15 a 20 ovos. Em boas condies de temperatura e umidade, no bolo fecal, as larvas eclodem em torno de 24 horas as quais se alimentam nas fezes e em 4-5 dias se transformam em pupas. Esta fase pode acontecer no bolo fecal ou no solo, dependendo do grau de umidade, de onde o adulto (imago) emerge ao redor de 6-8 dias. Na ausncia de animais as moscas podem voar por at 25 Km procura de hospedeiros e sobrevivem por cerca de 28 dias. A mosca-dos-chifres tem algumas particularidades, como a atrao por animais de pele escura e touros e a durao mdia do ciclo de vida de 2 a 4 semanas, dependendo das condies climticas.

Sintomas A mosca-dos-chifres tem a caracterstica de pousar com a cabea para baixo e tem a metade do tamanho da mosca-dos-estbulos, o que facilita de sobremaneira a sua idenficao. Alimenta-se de sangue, podendo levar animais jovens a um processo anmico e causar grande irritao ao picar. Ao repetir mais de 20 picadas por dia, a moscas deixam os animais inquietos e nervosos, com um aumento excessivo no balanar da cauda e do pescoo, procurando espant-las. Nas infestaes altas, a inquietao dos animais causada pela presena das moscas to intensa, que deixam de alimentar-se corretamente, perdem peso e diminuem a sua produtividade. Diagnstico O diagnstico feito pela presena das moscas no animal, pelo seu tamanho (menor que a mosca-dosestbulos), ficam de cabea para baixo e distncia pode perceber-se nas infestaes altas, a atitude de inquietao dos animais.

Profilaxia O controle profiltico da mosca-dos-chifres segue praticamente o mesmo programa para os carrapatos, porm alguns aspectos epidemiolgicos devem ser considerados, como o ciclo da Haematobia irritans e a sua capacidade de se deslocar a grandes distncias. Segundo Moya Borja, o Sistema de Manejo Integrado das moscas (pragas) hematfagas (MIP), procura combinar todas as tcnicas disponveis para diminuir as infestaes a nveis toleraveis por parte dos bovinos. Para tanto estimula o uso dos inimigos naturais e agentes patgenos, em conjunto com o uso racional dos inseticidas especficos, dentro de um marco fundamentalmente ecolgico. Apesar desta nova viso de controle das pragas estar sendo assimilada pela maioria dos tcnicos e pesquisadores, no caso especfico do controle da mosca-dos-chifres, na prtica, encontram-se algumas limitaes e grandes desafios. Para implantao de qualquer esquema profiltico para controle da mosca-dos-chifres, vrios aspectos de vital importncia, devem ser considerados, principalmente uma avaliao econmica e condies onde se ir implementar o programa. Na profilaxia, outros aspectos referente ao manejo devem ser observados e efetuados, tais como: o

Avaliao do nvel da infestao por mosca-dos-chifres Antes de iniciar-se qualquer programa com produtos, efetuar a contagem das moscas (reunindo o gado ou com binculo) em amostragem de 15 a 20% do rebanho, pelo menos por um ano, principalmente nas reas onde no se conhece a dinmica populacional das moscas Uso de inseticidas tecnicamente comprovados sob o ponto de vista de eficcia, tolerncia e sem resduos txicos, que possam prejudicar o homem e os animais, assim como a facilidade de seu manuseio em banhos de Pulverizao, Spray, Asperso, Uso Pour On, Polvilhamento, Injetvel e Oral Outras medidas profilticas tem auxiliado bastante no controle das infestaes por mosca-dos-chifres, como:

o o

o

o o o o

Controle natural atravs de fatores biticos e abiticos Tm mantido as populaes de Haematobia irritans em nveis tolerveis nos animais, por vrios meses, sem necessidade de tratamento qumico Biocontrole Pelo uso de microhimenpteros, parasitides que comumente parasitam as pupas,como Spalangia nigroaena e S. cameronipertencentes famlia Pteromalidae ePhaenopria (Diapriidae), alm dos colepteros coprfagos das espcies Dichotomius anaglipticus,Aphodius pseudolividus e outros Recentemente foi introduzido no Brasil o Digitontophagus gazella e um coleptero Scarabaeidae da famlia coprofago, conhecido como rola bosta, que compete com as larvas da H. irritans, por utilizarem a massa fecal dos bovinos, para sua sobrevivncia, embora em vrios estudos realizados nos Estados Unidos, os resultados foram insatisfatrios, no combate a H. irritans Portanto, a utilizao de parasitos e predadores em populaes elevadas de mosca-dos-chifres, no reduz as infestaes, entretanto, como conservadores, devemos preserv-los A captura das moscas sobre os animais, utilizando redes entomolgicas e o enterramento das fezes frescas, somente vivel em stios com plantel de reduzido nmero de animais Em fazendas grandes, os touros so os mais infestados e como no apresentam perda de peso por qualquer grau de infestao, no precisam ser tratados, o que possibilita a sua separao do rebanho A profilaxia da H. irritans, apesar de todas as alternativas encontradas, tm fracassado na maioria das vezes, pela falta de conhecimento das tcnicas de manejo e pelo mau uso de inseticidas, em perodos errados Conclui-se portanto que a profilaxia da H. irritans ainda depende da utilizao de um controle por produtos qumicos, pois o biolgico, feito por meio de inimigos naturais importados, tem fracassado no combate desta praga, devido ao clima, ao hiperparasitismo, depredao da fauna nativa e pela falta de hospedeiros alternativos (Stiling, 1993). Por essa razo, investigaes mais profundas devem ser realizadas antes de se integrar o controle biolgico, no manejo para reduo das moscas hematfagas que atacam os animais. O parasitismo, a depredao e a competio entre a entomofauna associada com o bolo fecal dos bovinos e o excesso de chuvas ou sua falta, tm um papel importantssimo na supresso das populaes da mosca-doschifres.

Tratamento O tratamento da mosca-dos-chifres recomendado quando a quantidade de mosca est irritando os animais. Isto pode ser facilmente reconhecido e identificado, pois os animais ficam irrequietos, apresentando movimentos freqentes e em demasia, da cauda e da cabea. Vrios mtodos de tratamento so recomendados, utilizando-se inseticidas de diversos grupos qumicos, os quais podem ser administrados sob a forma Pour On, Polvilhamento, banhos de imerso, pulverizao e asperso, oral (bolus) e injetveis. Os principais inseticidas so o o o o o

Piretrides Deltametrina Alfacipermetrina Cipermetrina Fosforados Triclorfon DDVP

o o o

Diazinon Endectocidas Ivermectina Abamectina. Dependendo das condies climticas, do manejo do gado, da utilizao correta da dosagem bem como da calda inseticida, os fosforados protegem os animais por uma ou duas semanas, enquanto os Piretrides durante 4 a 5 semanas. Os piretrides utilizados em autotratamentos, como o Polvilhamento com sacos autodosadores, proporcionam uma proteo contnua. Os endectocidas aplicados em injees pela via intramuscular ou subcutnea e/ou em uso Pour On, na dosagem de 200 ug/Kg de peso, inibem o desenvolvimento das larvas no bolo fecal, durante 3 a 4 semanas. Nas condies tropicais, como no Brasil, alm de estarem infestados por moscas e carrapatos, os bovinos tambm esto infestados por verminoses gastrintestinais e pulmonares, ou por um ou outro, apresentando portanto infestaes simultneas de endo e ectoparasitos ou em separado. Nessas situaes, na maioria das vezes, o sistema de tratamento pode variar, o que deve ser feito com produtos alternativos como por exemplo:

Se o parasitismo for por endo e ectoparasitos concomitantes, a recomendao de utilizao de produtos, o uso de Avermectinas Se o parasitismo for por ectoparasitos utilizar somente inseticidas ou carrapaticidas especficos, de acordo com o parasito presente Se o parasitismo for somente por endoparasitos, utilizar somente anti-helminticos Este sistema racional e especfico de tratamento das parasitoses, proporciona uma alternativa prtica e economicamente barata. No Brasil, dependendo da regio, os picos de populaes de moscas coincidem com os picos de outros ectoparasitos, o que facilita o controle, utilizando-se inseticidas de espectro amplo. Tem-se recomendado na prtica, tratamentos estratgicos pelo uso de inseticidas no ms de maio, o qual antecede o perodo seco e em seguida no final do perodos das guas e no correspondente ao seco, em setembro, antes do incio das guas. Nos perodos chuvosos, os tratamentos podem ser feitos, mediante uma monitorao das infestaes, tratando os rebanhos, somente quando as infestaes estiverem incomodando os animais. Outros tratamentos alternativos tm sido utilizados no controle da mosca-dos-chifres, como esporos e cristais de Bacillus thuringiensis, administrados com aditivos alimentcios, os quais inibem o desenvolvimento das larvas nas fezes dos bovinos (Gingrich,1965) ou pelo uso de bolus de liberao lenta base de metroprene, diflubenzuron e ivermectina (Miller e al.,1977; Miller e al.1981; Drummond e al., 1988). Soluo Intervet/Schering Plough Para controle da mosca-dos-chifres, a INTERVET/SCHERING PLOUGH ANIMAL HEALTH indica vrios produtos, com a escolha de cada produto ficando convenincia do criador, a critrio do Mdico Veterinrio e de acordo com o programa de controle que for instalado na propriedade. Os produtos INTERVET utilizados para controle das infestaes por mosca-dos-chifres, so divididos em quatro grupos, ou seja utilizados:

Produtos a base de Piretrides Linha BUTOX

BUTOX BUTOX P CE BUTOX POUR ON BUTOX FLY Linha CIPERTURBO CIPERTURBO PULVERIZAO CIPERTURBO POUR ON Produto a base de Piretride + Fosforado CIPERTHION BUTOX BERNE CIPERTURBO PLUS Produtos a base de Avermectinas (Endectocidas) IVOTAN L.A. AVOTAN L.A. AVOTAN POUR-ON Produto a base de Fosforado BERNIFON P

No 55, outubro de 1997 MOSCA-DOS-CHIFRES: Comportamento e danos em bovinos nelores Ivo Bianchin Rafael Geraldo de Oliveira Alves

A mosca-dos-chifres (Haematobia irritans) considerada uma praga em vrios pases. No Brasil este inseto foi identificado, pela primeira vez, em 1983, por Valrio & Guimares (1983). Entretanto, h relatos da sua presena, em Roraima, desde 1976, tendo aparecido na maioria dos estados brasileiros em 1991. Portanto, existe a necessidade de se estudar a epidemiologia e os danos que esta mosca causa nas diferentes regies fisiogrficas do Pas. Devido inexistncia de trabalhos cientficos nacionais, o Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Corte (CNPGC) da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria (EMBRAPA), com base na literatura estrangeira, tem sugerido um controle tentativo e racional (Honer et al.,1990; Bianchin et al., 1992a). Mas, para estabelecer a real importncia desta mosca e as melhores maneiras de combat-la, devemse ter dados prprios sobre sua epidemiologia e danos causados por ela, em diversas regies do Pas (Bianchin, 1996). O CNPGC realizou um experimento em quatro anos consecutivos (1991-1995). A cada ano, um rebanho de 120 vacas nelores, com bezerro ao p, foi dividido em dois grupos, levando-se em considerao as idades e os pesos das vacas e as idades dos bezerros. Durante a estao de monta (novembro a fevereiro), foram

mantidos trs touros, testados andrologicamente, em cada grupo. Em um dos grupos aplicaram-se inseticidas com intervalos que variavam com o princpio ativo utilizado, em cada vaca e touro. Os dois grupos foram mantidos em piquetes separados, formados de Brachiaria decumbens, rotacionados a cada catorze dias, com uma taxa de lotao de 1 UA/ha. As contagens da mosca nas vacas foram realizadas, tambm, a cada catorze dias. As vacas foram pesadas a cada dois meses e os bezerros somente na desmama (seis a nove meses de idade). Observou-se que a infestao nas vacas nunca ultrapassou a mdia de 80 moscas/animal, em todos os anos experimentais e, a mdia, durante todo o perodo experimental, foi de 44, 20, 31 e 24 moscas/vaca, respectivamente, para o primeiro, segundo, terceiro e quarto anos. O perodo experimental corresponde poca chuvosa na qual as condies so mais propcias para o desenvolvimento da mosca-dos-chifres. A infestao observada foi baixa quando se levou em considerao os valores verificados em outros pases. Trs fatores, no entanto, poderiam explicar essa diferena: a) raas bovinas envolvidas nos diferentes experimentos; b) presena de inimigos naturais, tais como o besouro africano Onthophagus gazella, o qual foi introduzido na regio h cerca de seis anos; c) quantidade acumulada e ou diria de chuva que antecede cada contagem da mosca (Bianchin et al., 1993; Bianchin et al., 1995). Apesar de o perodo experimental corresponder poca chuvosa, as contagens da mosca-dos-chifres foram maiores quando a soma de precipitao (catorze dias antes da contagem) foi menor (Fig. 1). Uma explicao para este fenmeno que, quando chove muito em poucos dias, ocorre destruio das massas fecais na pastagem, interrompendo o ciclo evolutivo da mosca.

FIG. 1. Nmero mdio de mosca-dos-chifres em vacas nelores sem proteo, com inseticida e precipitao (mm) acumulada entre as contagens, efetuadas a cada catorze dias, durante o perodo experimental de nov./1991 a abr./1992 (158 dias). Constatou-se, tambm, que a maioria das vacas, sem inseticida, apresentava poucas moscas, enquanto a minoria tinha maior quantidade. Na contagem de 1o de abril de 1992 (Fig. 2), por exemplo, de 60 vacas, 50 tinham at 75 moscas, seis tinham entre 100 e 150 e as quatro vacas restantes tinham 225, 400, 475 e 675 moscas, respectivamente.

FIG. 2. Distribuio das freqncias do nmero de mosca-dos-chifres em 60 vacas nelores sem o uso de inseticida, em 1o /abr./992. O nvel de infestao de moscas apresenta uma relao com o animal hospedeiro. Assim, vacas com maior nmero de moscas, no incio do estudo, foram aquelas com maior infestao durante todo o perodo experimental. Relaes semelhantes foram observadas para nmeros intermedirios e baixos (Figs. 3 e 4).

FIG. 3. Persistncia de nveis de infestao da mosca-dos-chifres em vacas nelores com seis a sete anos de idade. Vacas que, no incio do perodo experimental (16/dez.), tinham as seguintes infestaes: menor (no 7.639), mdia (no 7.674) e alta (no 7.426).

FIG. 4. Persistncia de nveis de infestao da mosca-dos-chifres em vacas nelores com quatro a cinco anos de idade. Vacas que, no incio do perodo experimental (16/dez.), tinham as seguintes infestaes: menor (no 9.994), mdia (no 9.537) e maior (no 8.970). Observa-se na Tabela 1 uma diferena, no significativa (P>0,05), em ganho de peso a favor das vacas tratadas com inseticida, de 7, 1, 2 e 3 kg, respectivamente, para o primeiro, segundo, terceiro e quarto anos; da mesma forma a favor do peso desmama de bezerros de vacas tratadas com inseticida, 3, 2, 1 e 2 kg, respectivamente, no primeiro, segundo, terceiro e quarto anos. A percentagem de prenhez foi maior nas vacas tratadas com inseticidas, 5%, 16%, 26% e 12%, respectivamente, para o primeiro, segundo, terceiro e quarto anos.

TABELA 1. Ganho mdio de peso (kg) e percentagem (%) de prenhez nas vacas com (CI) e sem (SI) inseticida, e os pesos mdios ao desmame (seis a nove meses) dos bezerros nesses grupos. Nmero de vacas e bezerros=60 por grupo em cada ano do experimento: ano 1 (nov./1991 a abr./1992), ano 2 (dez./1992 a jun./1993), ano 3 (nov./1993 a maio/1994) e ano 4 (nov./1994 a maio/1995).1 Vacas Ano Grupo Ganho (kg) 1 CI SI 74 a 67 a (%) de prenhez Lote 63 60 Diferena 5 Bezerro (kg) 168 a 165 a

2

CI SI

8a 7a

83 70

16

135 a 133 a

3

CI

16 a

54

26

125 a

SI

14 a

40

124 a

4

CI SI

39 a 36 a

83 73

12

152 a 150 a

1

Valores na mesma coluna e dentro do ano com a mesma letra no so significativamente diferentes (P>0,05).

Levando-se em considerao a baixa infestao por moscas e a inexistncia do efeito de tratamento no ganho de peso das vacas e bezerros, supe-se que a diferena no ndice de prenhez seja devida ao estresse dos touros que quase sempre apresentaram altas infestaes pela mosca-dos-chifres (acima de 500). Com a chegada da mosca no Brasil Central foram iniciados estudos para avaliar sua influncia sobre o ganho de peso de bovinos nelores infestados, com diferentes idades. O clima no Brasil Central caracteriza-se por apresentar uma estao seca (maio a setembro) e uma estao chuvosa (outubro a abril). O estudo foi realizado na estao chuvosa, poca de maior infestao da mosca nos animais, por quatro anos consecutivos. A cada ano foram utilizados 80 animais nelores, machos, sendo que, destes, 28 eram de um ano de idade e no-castrados; 20, de dois anos e castrados e 32, de trs anos e castrados. Os bovinos foram alocados por categoria de peso em quatro grupos de sete animais; quatro, de cinco, e oito, de quatro, cada um, para os respectivos animais de um, dois e trs anos de idade. Em metade dos animais dos grupos de qualquer idade, utilizou-se inseticida, a cada 28 dias, aproximadamente, de modo a mant-los livres da mosca; na outra metade (controle), no se utilizou nenhum produto. Os animais de cada grupo permaneceram em piquetes individuais, contguos, de quatro hectares, formados com Brachiaria brizantha, mantidos sob uma taxa de lotao de cerca de 1 UA/ha. No incio do experimento e, a partir da, a cada catorze dias, foram realizadas as contagens em animais imobilizados, no tronco, do nmero de moscas de um lado de cada animal, para cada grupo, e o resultado multiplicado por dois. A pesagem dos animais foi feita a cada 28 dias. Para a anlise estatstica, utilizou-se um modelo estatstico que inclua os efeitos da categoria de peso, de tratamento, idade e ano, bem como suas interaes. Observou-se que a mosca ataca com mais intensidade (P