Motores sincronos de imã permanente
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UNIVERSIDADE PAULISTA
CONCEPÇÃO DE UM MOTOR SÍNCRONO DE IMÃ PERMANENTE
ACOPLADO NO CUBO DA RODA TRASEIRA DE UMA SCOOTER
Projeto apresentado ao
Instituto de Ciências Exatas e
Tecnologia - ICET da
Universidade Paulista –
UNIP para obtenção da
Graduação no Curso de
Engenharia Elétrica.
Eduardo Takeshi Kokubo 947057-3 EE0P01
Rui Gonzaga de Almeida 904715-8 EN0P01
Thiago Araujo de Oliveira 263910-6 EN0P01
Towmas Maycow Fernandes 263570-4 EN0P01
SÃO PAULO
2011
UNIVERSIDADE PAULISTA
CONCEPÇÃO DE UM MOTOR SÍNCRONO DE IMÃ PERMANENTE
ACOPLADO NO CUBO DA RODA TRASEIRA DE UMA SCOOTER
Projeto apresentado ao
Instituto de Ciências Exatas e
Tecnologia - ICET da
Universidade Paulista –
UNIP para obtenção da
Graduação no Curso de
Engenharia Elétrica.
Orientador: Prof. MSc. Luiz
Vasco Puglia
Eduardo Takeshi Kokubo 947057-3 EE0P01
Rui Gonzaga de Almeida 904715-8 EN0P01
Thiago Araujo de Oliveira 263910-6 EN0P01
Towmas Maycow Fernandes 263570-4 EN0P01
SÃO PAULO
2011
Concepção de um motor síncrono de imã permanente acoplado no cubo da
roda traseira de uma Scooter. / Kokubo, Eduardo Takeshi...[et al]. - São
Paulo, 2011.
81 f. : il. color.
Trabalho (graduação) – Apresentado ao Instituto de Ciências Exatas e
Tecnologia da Universidade Paulista, São Paulo, 2011.
Área de Concentração: Máquinas elétricas.
“Orientação: Prof. MSc. Luiz Vasco Puglia”
1. Brushless DC. 2. Motocicleta elétrica. 3. Máquinas elétricas. I. Almeida,
Rui Gonzaga. II. Oliveira, Thiago Araujo de. III. Santos, Towmas Maycow
Fernandes dos. IV. Título.
DEDICATÓRIA
A Deus por tudo que proporciona na vida.
Às famílias, que nos momentos de ausência dedicados ao estudo superior, sempre
acreditam no futuro, construído a partir da constante dedicação no presente.
AGRADECIMENTOS
A Deus em primeiro lugar por nos ter guiado a cada decisão tomada.
Ao competente amigo Orientador Professor Luiz Vasco Puglia, que com toda paciência
e dedicação acompanhou esta jornada.
Aos Professores Álvaro Martins, Edval Delbone e Orlando Del Bianco Filho pela ajuda
e compreensão.
Às famílias por todo o apoio dado incondicionalmente.
A General Wings em especial ao Sr. Ricardo De Féo pela assessoria.
Ao Sr. Fabio Macena pelo auxílio com o controlador.
Ao Sr. Marcos Hideki pela elaboração das figuras e imagens deste trabalho.
“Se fui capaz de ver mais longe é porque me apoiei em ombros de gigantes.”
“O que sabemos é uma gota, o que não sabemos é um oceano.”
Isaac Newton
I
Resumo
A utilização de um motor elétrico integrado internamente ao cubo da roda é
uma alternativa atraente em veículos como a Scooter. Tanto o controle quanto a não
utilização de sistemas mecânicos de transmissão, usualmente grandes fontes de perda
de carga, são algumas de suas vantagens. Este trabalho apresenta aspectos da
concepção de um motor síncrono de imã permanente integrado ao cubo da roda (hub
motor) traseira de uma Scooter. O modelo analítico para o projeto de um motor
comercial de imãs permanentes é abordado aqui. A validação será efetuada por meio
de engenharia reversa que comparará os valores obtidos no modelo analítico com os
obtidos nos ensaios do produto importado. Para validar o modelo analítico proposto,
devido à indisponibilidade deste tipo de produto no mercado nacional, importou-se
um motor de fabricação chinesa. Em princípio serão abordados os conceitos
fundamentais dos motores síncronos de imã permanente, o acionamento e os tipos de
imãs utilizados. Em seguida são definidos os parâmetros da máquina através do
modelo analítico. São abordados os ensaios para determinação das indutâncias e por
fim, são realizados os ensaios e as comparações que são apresentados na forma de
curvas de desempenho, tabelas e gráficos.
Palavras chaves: Máquina síncrona de imã permanente, Brushless DC, máquinas
elétricas, motocicleta elétrica.
II
Abstract
The use of an electric motor integrated inside the wheel hub is an attractive
alternative for vehicles like the scooter. Both the control and the lack of mechanical
transmission systems, usually great sources of losses, are some of its advantages.
This paper presents design aspects of a permanent magnet synchronous motor
integrated into the hub of the back wheel (hub motor) of a scooter. The analytical
model for the design of a commercial permanent magnet motor is discussed here.
The validation is performed by means of reverse engineering that will compare the
values obtained in the analytical model with those obtained in the tests of the
imported product. To validate the analytical model proposed due to the
unavailability of this type of product in the domestic market, a Chinese manufactured
engine was bought. In principle, it will be addressed the focus on fundamental
concepts of permanent magnet synchronous motors, including the drive and the types
of magnets used. Then, it will define the parameters of the machine through the
analytical model. It will discuss about the tests for determining the inductances and
finally, it will show the tests and comparisons made which are presented in the form
of performance curves, tables and graphs.
Keywords: permanent magnet synchronous machine, Brushless DC, electric
machines, electric motorcycle.
III
Listas de símbolos, subscritos e abreviações:
SÍMBOLOS
a Número de ligações em paralelo
bso Largura da abertura da ranhura mm
b Número de camadas
bss1 Largura do topo da ranhura mm
bss2 Largura da base da ranhura mm
bst Largura do dente mm
c Tipo de ligação (Y ou Δ)
cd Coeficiente de arrasto
Kf Fator de Carter
cd Coeficiente de arrasto
crr Coeficiente de resistência ao rolamento
f Frequência de entrada Hz
fcog Frequência Cogging Torque Hz
fd Função
IV
fq Função
fw Fator fundamental de enrolamento
fs Fator de enchimento da ranhura
g Aceleração da gravidade m/s2
hm Altura do imã mm
hr Coeficiente de radiação de transferência de calor
hry Altura da coroa do rotor mm
hss Altura da ranhura do estator mm
hsy Altura da coroa do estator mm
I Corrente A
k Constante
l Comprimento axial do imã mm
mst Peso dos dentes do estator kg
msy Peso da coroa do estor kg
mv Peso do veículo kg
mw Peso da roda kg
n Velocidade do rotor mecânico rpm
nr Velocidade nominal do rotor mecânico rpm
V
ns Número de espiras por ranhura
nsl Inclinação em números de ranhuras
p Número de pólos
q Numero de ranhuras por pólo e por fase
rin Raio interno do estator mm
rout Raio externo do rotor mm
rδ Raio do entreferro mm
t Tempo s
u Tensão de pico V
v Velocidade m/s
w Largura do seguimento de imã mm
ysp Comprimento de passo em numero de ranhuras
Af Área frontal do veículo m
B Densidade de fluxo magnético T
Br Densidade remanente de fluxo magnético T
Bsy Densidade de fluxo magnético na coroa do estator T
Bδ Densidade máxima de fluxo magnético no entreferro T
Din Diâmetro interno do estator mm
VI
Ê Tensão Induzida de pico de fase V
F Fator de visão
Fd Força Motriz N
Frr Força de atrito ao rolamento N
Fw Força de atrito de vento N
Gr Número de Grashof
H Intensidade de campo magnético
Hc Força de campo coercitiva
Hci Coercividade intrínseca
J Densidade de corrente máxima A/mm2
L Comprimento ativo do estator mm
Lleak Indutância de dispersão H
Ls Indutância síncrona H
Nu Número de Nusselt
Nz Número de seguimentos axial por pólo
P Perda de potencia W
Pr Numero de Prandt
Q Número de ranhuras
VII
R Raio da roda
Re Numero de Reynolds
Rs Resistência do estator
S Corrente de pico a plena carga A
T Temperatura K
Te Torque eletromecânico N
Tr Torque Nominal N
Temperatura ambiente K
Ângulo mecânico coberto por um imã
Ângulo elétrico coberto por um imã
Constante de Steinmet
Comprimento do entreferro mm
Permissividade magnética para o vácuo
Ângulo mecânico
Ângulo elétrico do rotor
Ângulo de inclinação mecânica
K Condutividade térmica
VIII
Permeabilidade magnética
Permeabilidade magnética para o vácuo
Permeabilidade magnética relativa
Viscosidade cinemática
Resistividade ôhmica
Resistividade ôhmica do cobre
Densidade magnética do imã
Densidade magnética do aço
Constante de Stephan Boltzmann
Mudança de fase angular
Fluxo concatenado
Fluxo magnético concatenado
Velocidade angular rad/s
SUBSCRITOS
a Componente da fase a
b Componente da fase b
IX
c Componente da fase c
d Componente do eixo direto
hist. Histerese
max Valor máximo
mean Valor médio
min Valor mínimo
nom Valor nominal
q Componente do eixo em quadratura
ref Valor de referência
surf Superfície
rms Valor eficaz
ABREVIAÇÕES
AC Corrente Alternada
BLDC Brushless dc
DC Corrente contínua
ef Valor Eficaz
X
fund. Fundamental
IGBT Transistor Bipolar de Porta Isolada
máx. Máximo
mín. Mínimo
MOSFET Transistor de Efeito de Campo de Semicondutor de Óxido
Metálico
hist. Histerese
ref. Referência
sat. Saturado
espec. Especificação
CW Bobinagem Concentrada
DW Bobinagem Distribuída
FEM Força Eletromotriz
FMM Força Magnetomotriz
MEF Método dos Elementos Finitos
MSIP Motor Síncrono de Ímãs Permanentes
PMSM Permanent Magnet Syncronous Machine
PWM Modulação por largura de banda
XI
TBJ
VRLA
Transistor Bipolar de Junção
Bateria chumbo ácida regulada por válvula
TF Tensão de Flutuação
XII
Lista de Figuras
Figura 3.1 - Máquina síncrona de imãs permanentes na superfície e fluxo radial com
rotor no interior (Hendershot e Miller, 1994) ..................................................... pág. 04
Figura 3.2 - Máquina síncrona de imã permanente na superfície e fluxo radial com
rotor no exterior (Hendershot e Miller, 1994) ..................................................... pág. 05
Figura 3.3 - Seção Transversal de uma máquina DC elementar (Hendershot e Miller,
1994) ................................................................................................................... pág. 06
Figura 3.4 - Forma de onda produzida em máquina elementar DC (Hendershot e
Miller, 1994) ....................................................................................................... pág. 08
Figura 3.5 - Laço de Histerese (Teixeira, 2006) ................................................. pág. 14
Figura 3.6 - Curva de magnetização para ímãs permanentes (Fitzgerald,
2006).............. ..................................................................................................... pág. 15
Figura 4.1 – Efeito Hall (http://sensorwiki.org/doku.php/sensors/hall_effect)....pág.19
Figura 4.2 - Princípio de construção e funcionamento do sensor Hall
(http://sensorwiki.org/doku.php/sensors/hall_effect) .......................................... pág. 21
Figura 4.3 – Detalhe da instalação dos sensores de efeito Hall .......................... pág. 22
Figura 4.4 – Diagrama do sistema de controle de velocidade (Leonard
N.Elevich,2005). ................................................................................................. pág. 23
Figura 4.5 – Controle de Velocidade e Torque (Leonard N. Elevich,2005) ....... pág. 25
XIII
Figura 4.6 – PWM. Disponível em (http://www.screenlightandgrip.com
/html/emailnewsletter generators.html)............................................................... pág. 26
Figura 4.7 – Histerese da corrente de resposta (Hendershot e Miller, 1994). ..... pág. 28
Figura 4.8 – Circuito trifásico full-bridge com conexão em estrela, os enrolamentos
do estator são designadas pelos números 1,2 e 3. As tensões de linha são nomeadas
A, B e C. (Hendershot e Miller, 1994). ............................................................... pág. 29
Figura 4.9 – Correntes nos enrolamentos (Hendershot e Miller, 1994). ............. pág. 30
Figura 5.1 Diagrama circular dos fasores das tensões de MSIP em condições ideais
(Meier, 2002)....................................................................................................... pág. 34
Figura 5.2 - Fluxograma das etapas de projeto de uma máquina síncrona de imãs
permanentes (Perez, 2011) .................................................................................. pág. 35
Figura 5.3 - Parâmetros geométricos (Perez, 2011) ............................................ pág. 42
Figura 5.4 - Detalhe da ranhura (Meier, 2002) ................................................... pág. 44
Figura 5.5 - Máquina síncrona de imã permanente 52 pólos, 156 ranhuras com
enrolado distribuído e número de ranhuras por pólo e por fase q = 1 (cortesia Tesla
do Brasil Eletromotores) ..................................................................................... pág. 47
Figura 5.6 – Máquina síncrona de imã permanente 46 pólos, 51 ranhuras
com enrolamento de ranhura fracionário e número de ranhuras por pólo e por fase
q = 0,370 (detalhe do enrolamento da máquina em estudo) ............................... pág. 48
XIV
Figura 5.7 - Forma de onda da FMM produzida por enrolamento de MSIP de 22
pólos com q = 2, q = 1 e q = 0,364. No instante em que as correntes de fase do estator
são: i1 = 1 e i2 = i3 = -1/2 (Salminen, 2004) ...................................................... pág. 49
Figura 5.8 – Determinação do lay-out para bobinagem com Qs = 51 e
p = 46............... ................................................................................................... pág. 53
Figura 5.9 - Colocação das bobinas nas ranhuras para Qs = 51 e p = 46 ............ pág. 54
Figura 5.10 - Esquema de bobinagem de MSIP com Qs = 51 e p = 46 enrolamento
concentrado não sobreposto e camada dupla (q = 0,370) .................................. pág. 55
Figura 5.11 - Forma de onda da densidade de fluxo no entreferro acima dos imãs
(Meier, 2002)....................................................................................................... pág. 56
Figura 5.12 - Diagrama de fasores para máquinas não salientes (β = π/90) e salientes
(β > π/90) (Libert, 2004) ..................................................................................... pág. 59
Figura 5.13 - Fluxograma para obtenção do número de espiras por ranhuras ns de
acordo com o valor de β ...................................................................................... pág. 62
Figura 5.14 - Circuito equivalente d-q ................................................................ pág. 67
Figura 5.15 – Circuito equivalente d-q com as perdas no cobre e ferro ............. pág. 69
Figura 5.16 - Resistência de perdas no ferro: Riron............................................ pág. 69
Figura 5.17 - Fator de correção kq e kc (Meier, 2002) ....................................... pág. 71
Figura 6.1 - Configuração para o ensaio de rotor bloqueado para determinação dos
valores de indutâncias (Meier, 2008). ................................................................. pág. 79
XV
Figura 7.1 – Curva de ensaio a vazio tensão e rotação ....................................... pág. 85
Figura 7.2 – Curva de ensaio a vazio tensão e freqüência .................................. pág. 86
Figura 7.3 - Detalhe do acoplamento entre o pneu e a rondada do motor de corrente
contínua que fornece energia mecânica para a MSIP em operação como
Gerador............. ................................................................................................... pág. 87
Figura 7.4 - Forma de onda da tensão induzida: Senoidal .................................. pág. 87
Figura 7.5 – Curva dos resultados experimentais de tensão ............................... pág. 88
Figura 7.6 - Motocicleta Scooter com o motor síncrono de imã permanente acoplado
ao cubo da roda ................................................................................................... pág. 89
Figura 7.7 - Bateria de chumbo acido VRLA 12V/9Ah. Disponível em:
http://www.atmpower.com.br/. Acesso em 28 de Nov 2011 .............................. pág. 90
Figura 7.8 – Diagrama unifilar de ligação do conjunto de 16 baterias ............... pág. 90
Figura 7.9 – Detalhe de fixação do conjunto de 16 baterias ............................... pág. 91
Figura 7.10 – Modulo de controle BAC-0282. Disponível em:
<http://www.gondenmotor.com>.Acesso em 28 de Nov 2011 ........................... pág. 92
Figura 7.11 – Diagrama de ligação do modulo de controle BAC-0282. Disponível
em: <http://www.gondenmotor.com/.>Acesso em 28 de Nov 2011.................. pág. 93
Figura 7.12 - Motocicleta Scooter com o motor síncrono de imã permanente
acoplado ao cubo da roda. ................................................................................... pág. 94
XVI
Figura 7.13 – Curva de descarga do conjunto das baterias Utilizadas. .............. Pág. 95
Figura A1 – Definição do torque eletromagnético Tem atuando sobre o rotor.
(Pyrhönen et al., 2008). ..................................................................................... pág. 102
Figura B.1 – Maquina síncrona ideal (Fitzgerald, 2006) .................................. pág. 104
Figura C1 - Curva de ensaio fornecida pelo fabricante Figura 2.1 - Máquina síncrona
de imãs permanentes na superfície e fluxo radial com rotor no interior (Hendershot e
Miller, 1994) ..................................................................................................... pág. 106
Figura E1 - Cronograma.................................................................................... pág. 108
XVII
Lista de tabelas
Tabela 5.1 - Dados requeridos ............................................................................ pág. 36
Tabela 5.2 - Constantes magnéticas (Meier, 2002) ............................................. pág. 36
Tabela 5.3 - Limites de indução magnética (Perez, 2011) .................................. pág. 37
Tabela 5.4 - Propriedades do aço silício ............................................................. pág. 37
Tabela 5.5 - Propriedades do cobre ..................................................................... pág. 37
Tabela 5.6 - Parâmetros de enrolamento selecionados no projeto ...................... pág. 39
Tabela 5.7a - Fator de enrolamento fw1 (Libert, 2004) ...................................... pág. 41
Tabela 5.7b - Fator de enrolamento fw1 (Libert, 2004) ...................................... pág. 41
Tabela 5.8 - Parâmetros geométricos .................................................................. pág. 43
Tabela 5.9 - Fator de dispersão entre duas ranhuras (Libert, 2004) .................... pág. 44
Tabela 5.10 - Fator de correção kcor (Libert, 2004) ........................................... pág. 60
Tabela 5.11 - Fator para cabeça da bobina kcoil e fator de enchimento fs (Libert,
2004)......... .......................................................................................................... pág. 67
Tabela 5.12 – Parâmetros obtidos no modelo analítico para a MSIP ................. pág. 75
Tabela 7.1 – Comparação entre ensaio e modelo analítico para resistência
ôhmica ................................................................................................................ pág. 83
Tabela 7.2 - Valores obtidos do ensaio a vazio ................................................... pág. 84
XVIII
Tabela 7.3 – Comparação entre ensaio e modelo Analítico para tensão
induzida E............................................................................................................ pág. 88
Tabela 7.4 – Características de descarga da bateria 12V-9Ah. Disponível em:
<http://www.atmpower.com.br/> Acesso em 28 de Nov 2011. .......................... pág. 91
Tabela 7.5 – tabela de teste realizado na Scooter................................................ pág. 95
XIX
Sumário
Resumo ......................................................................................................................... 1
Abstract ........................................................................................................................ 2
Listas de símbolos, subscritos e abreviações: .............................................................. 3
SÍMBOLOS .............................................................................................................. 3
SUBSCRITOS .......................................................................................................... 8
ABREVIAÇÕES ...................................................................................................... 9
Lista de Figuras .......................................................................................................... 12
Lista de tabelas ........................................................................................................... 17
1. Introdução ................................................................................................................ 1
2. Objetivo .................................................................................................................... 2
3. Revisão Bibliográfica ............................................................................................... 2
3.1 Tipos de motores brushless ................................................................................ 2
3.1.1 Máquinas síncronas de imãs permanentes com rotor no interior................. 4
3.1.2 Máquinas síncronas de imãs permanentes com rotor no exterior ................ 5
3.2 - Princípio de funcionamento ............................................................................. 6
3.3 Relações básicas da máquina síncrona nas variáveis dq0 .................................. 9
3.4 Ímãs Permanentes ............................................................................................. 13
4. Fundamentação Teórica ......................................................................................... 17
4.1 Dispositivos Semicondutores de Potência ........................................................ 17
4.2 Sensor Hall ....................................................................................................... 18
XX
4.3 Controle de Velocidade .................................................................................... 22
4.4 Controle de Torque e Velocidade ..................................................................... 24
4.5 Tensão PWM e regulação de corrente .............................................................. 25
4.6 Circuito Trifásico FULL-BRIDGE com conexão em Estrela ........................... 28
5. Modelo Analítico ................................................................................................... 33
5.1 Parâmetros do Projeto....................................................................................... 36
5.2 Parâmetros Geométricos ................................................................................... 41
5.3 Enrolamento distribuído & enrolamento concentrado não sobreposto ............ 45
5.3.1.Enrolamento distribuído ............................................................................ 46
5.3.2. Enrolamento concentrado não sobreposto ................................................ 47
5.3.3 Força magnetomotriz produzida pelos enrolamentos ................................ 48
5.3.4 Esquema de bobinagem ............................................................................. 49
5.4 Projeto Magnético: ........................................................................................... 56
5.5 Propriedades Elétricas ...................................................................................... 58
5.5.1 Determinação das indutâncias ................................................................... 61
5.5.2 Determinação do ângulo β ......................................................................... 62
5.5.3 Número de Espiras por ranhuras para máquinas não salientes .................. 64
5.5.4 Número de espiras por fase ........................................................................ 65
5.5.5 Determinação do valor da corrente de pico I ............................................. 66
5.5.6 Determinação da seção nominal do condutor ............................................ 66
5.5.7 Determinação da tensão induzida E ........................................................... 66
XXI
5.5.8 Determinação da resistência por fase......................................................... 66
5.5.9 Tensão terminal.......................................................................................... 67
5.5.10 Fator de potência ...................................................................................... 68
5.5.11 Potência de saída ...................................................................................... 68
5.6 Modelo de perdas ............................................................................................. 68
5.7 Reação de armadura e proteção magnética ...................................................... 73
5.8 Resultados dos valores obtidos no modelo analítico ........................................ 74
6. Metodos de ensaios para determinação da Indutância ........................................... 76
6.1 Medições de indutância em um MSIP sem sensor de posição ......................... 76
6.2 Paralisação Métodos AC .................................................................................. 77
6.3 Indutâncias calculadas a partir do fluxo concatenado (Método I) .................... 78
6.3.1 Vantagens e Desvantagens......................................................................... 80
6.4 Indutâncias calculadas a partir da potência reativa (Método II)....................... 81
6.4.1 Vantagens e Desvantagens......................................................................... 81
7. Comprovação Experimental ................................................................................... 83
7.1 Ensaio de resistência ôhmica ............................................................................ 83
7.2 Ensaio a Vazio .................................................................................................. 83
7.3 Ensaio da tensão induzida ................................................................................ 86
8. Conclusão ............................................................................................................... 96
9. Referências bibliográficas ...................................................................................... 98
APENDICE .............................................................................................................. 102
XXII
B Transformada de Park ....................................................................................... 103
B.1 Transformada de Park ................................................................................ 103
B.2 Transformação para variáveis de eixo direto em quadratura ..................... 103
C – Curva de ensaio fornecida pelo fabricante ........................................................ 106
D – Disciplinas relacionadas .................................................................................... 107
E – Cronograma ....................................................................................................... 108
1
1. Introdução
O aumento da população e a crescente emissão de poluentes nos grandes
centros demográficos e seus efeitos negativos ao meio ambiente têm inspirados
inúmeros estudos que visam à melhoria da qualidade de vida de seus habitantes. Uma
das alternativas para a melhoria da qualidade de vida é a adoção de veículos elétricos
como meio padrão de transporte.
Em todos os últimos eventos do setor automobilístico os veículos elétricos e
híbridos têm posição de destaque. A cada evento são apresentados veículos mais
eficientes, silenciosos, confortáveis, duráveis e com maior autonomia.
Devido a sua atrativa relação custo/benefício as motocicletas tiveram suas
vendas aumentadas nos últimos anos no Brasil, o que provocou aumento
significativo deste tipo de transporte. Este trabalho apresenta a determinação do
modelo analítico de um motor brushless de corrente contínua (BLDC) comercial por
meio de engenharia reversa e a posterior constatação deste modelo através de
ensaios.
2
2. Objetivo
Este trabalho consiste no desenvolvimento de um modelo analítico de
motores síncronos de ímãs permanentes, validado por meio de engenharia reversa.
Adicionalmente, um protótipo de Scooter elétrica será apresentado para um estudo de
caso e validação de alguns parâmetros gerados pelo modelo analítico.
3. Revisão Bibliográfica
3.1 Tipos de motores brushless
O motor síncrono de imã permanente é conhecido comercialmente pelo termo
em inglês brushless DC (Teixeira, 2006). Como o nome sugere, é um motor sem
escovas, anéis deslizantes ou comutador mecânico como os necessários em motores
de corrente contínua, em máquinas síncronas e de indução com enrolamento no rotor
(Hendershot e Miller, 1994).
O motor síncrono de ímã permanente é constituído por um estator composto
por bobinas e por um rotor com ímãs permanentes. (Teixeira, 2006).
O brushless DC usa realimentação direta da posição angular do rotor de modo
que a corrente de armadura seja comutada entre as fases do motor, em sincronismo
exato com a posição do rotor. Este conceito é conhecido como sincronização
autocontrolada, ou comutação eletrônica. (Gieras e Wing, 2002 apud Monteiro,
2006). Diversas técnicas podem ser usadas para sensorear a posição do eixo, a saber,
dispositivos de efeito Hall, diodos emissores de luz (LEDs), foto transístores
3
combinados com roda dentada e sensores indutivos (Fitzgerald, 2006). Esta
abordagem será feita no Capítulo 3.
Perez, (2006), abordou as vantagens e desvantagens das máquinas síncronas
de imãs permanentes.
Vantagens:
Como não há energia elétrica absorvida pelo sistema de excitação, não
há perdas associadas à excitação o que resulta no aumento
subsequente da eficiência;
Maior torque e/ou potência de saída por volume;
Melhor desempenho dinâmico devido a maior densidade de fluxo
magnético no entreferro;
Simplificação de construção e manutenção.
Desvantagens:
O elevado preço dos imãs;
A sensibilidade do imã a temperatura o torna suscetível à
desmagnetização;
A necessidade de um sensor de posicionamento do rotor.
As máquinas síncronas de imã permanente (MSIP) podem ser classificadas
em três tipos de acordo a direção de magnetização de seus imãs: fluxo radial; fluxo
axial e fluxo transversal. Somente a topologia de fluxo radial é abordada neste
trabalho.
4
De acordo com a posição de montagem dos imãs as MSIP de fluxo radial
podem ser classificadas em três categorias: imãs montados na superfície; imã interno
transversal e imã interno longitudinal. Neste trabalho é abordado a MSIP na
superfície.
E por fim, a MSIP na superfície difere-se em relação à posição relativa do
rotor em relação ao estator: rotor no exterior e rotor no interior.
3.1.1 Máquinas síncronas de imãs permanentes com rotor no interior
A Figura 3.1 mostra uma MSIP com rotor no interior.
Figura 3.1 - Máquina síncrona de imãs permanentes na superfície e fluxo radial com rotor no
interior (Hendershot e Miller, 1994)
Esse tipo de rotor é seguramente o mais utilizado em aplicações práticas, devido à
sua simplicidade construtiva em relação aos demais. A máquina que apresenta o rotor
como esse tipo pode empregar no estator várias possibilidades de enrolamento, de tal
forma que possa apresentar uma forma de onda de tensão induzida senoidal ou então
5
formas de onda não senoidais variadas. Com a disposição de ímãs da maneira como
se vê na Figura 3.1, o fluxo de entreferro é radial. Esse tipo de máquina também vai
apresentar um entreferro relativamente grande e consequentemente pequena variação
de relutância em função da posição rotórica (Monteiro, 2006).
3.1.2 Máquinas síncronas de imãs permanentes com rotor no exterior
A Figura 3.2 mostra uma máquina síncrona com rotor no exterior.
Figura 3.2 - Máquina síncrona de imã permanente na superfície e fluxo radial com rotor no
exterior (Hendershot e Miller, 1994)
Na Figura 3.2, o ímã permanente também está na superfície. A diferença,
relativamente ao motor da Figura 3.1, está na disposição física do rotor e estator.
Neste caso o rotor está na parte externa do motor e o estator na região central. Esta
construção é a considerada no desenvolvimento do projeto objeto deste estudo.
6
3.2 - Princípio de funcionamento
Pelo princípio de funcionamento, os motores que empregam esse tipo de rotor
na superfície podem ser classificados de duas maneiras: em máquinas senoidais ou
em máquinas não senoidais (Hendershot e Miller, 1994). As não senoidais também
podem ser chamadas de máquinas retangulares, quadradas ou trapezoidais. Os
motores brushless de onda senoidal, com ímã permanente no rotor, se diferenciam
dos não senoidais pelos enrolamentos do estator. A distribuição de fluxo magnético e
a tensão induzida são senoidais ou quase senoidal, ou seja, apresentam encurtamento
de passo e enrolamentos concêntricos ou distribuídos. Este tipo de máquina é
referido como motor brushless de corrente alternada síncrono com imã permanente
no rotor (Maria, 2009).
Já os motores brushless de onda não senoidal apresentam fluxo magnético
não senoidal no entreferro e, em alguns casos, são aproximadamente retangular ou
trapezoidal. Quando acionados de maneira convencional, ou seja, com forma de onda
de tensão retangular, apresentam forma de onda de corrente retangular no estator. Os
enrolamentos desse tipo de motor são dispostos de maneira mais simples que os
brushless senoidais: são concentrados nas ranhuras do estator. Também são
conhecidos como motores brushless DC ou ainda pelo termo em inglês BLDC
(Teixeira, 2006).
7
Figura 3.3 - Seção transversal de uma máquina DC elementar (Hendershot e Miller, 1994)
Seja uma bobina imersa em uma densidade de campo magnético constante
fornecido pelos imãs, conforme Figura 3.3. A bobina está representada com um
deslocamento ϴ em relação ao eixo de referência. Quando ϴ é igual à zero ou 1800
nenhum fluxo do rotor atravessa os ímãs do estator, portanto o fluxo concatenado ϕ
nestes instantes é zero.
De acordo com a análise da Figura 3.4a, quando ϴ varia desde zero até 600
o
fluxo aumenta até atingir seu valor máximo. Permanece constante até ϴ igual a 1200.
A partir deste ponto decresce até zero em ϴ igual a 1800. Ocorre a inversão do
campo magnético em função da magnetização dos imãs.
8
Pela Lei de Faraday para o caso de um fluxo constante no tempo e de um
percurso fechado com N espira que se desloca imersa nesse campo magnético, a
força eletromotriz (FEM) é a derivada do fluxo concatenado no tempo (Haygt, 1994).
(3.1)
Onde é definido como a velocidade angular do rotor. Através da Equação
(3.1) determina-se a forma de onda de e1 vista na Figura 3.4b. O valor máximo da
FEM é obtido nos trechos desde zero a 600
e nos trechos desde 3000
a 3600. A partir
de 600
a 1200 e de 240
0 a 300
0 como o fluxo concatenado é constante a derivada é
zero, portanto a tensão induzida nos terminais da máquina é nula. A partir de 1200 até
2400 tem valor máximo com polaridade invertida.
A corrente i1 está em fase com a FEM induzida nas bobinas.
Por meio das relações de input-output, escreve-se:
(3.2)
A análise da Figura 3.4d mostra a forma de onda do torque produzido pelo
produto da tensão e corrente em função da velocidade angular. Pode-se notar a
defasagem de 1200 entre T1, T2 e T3. Na curva da Figura 3.4g visualiza-se o torque
produzido em um ciclo, sem considerar os efeitos das ondulações do torque.
9
Figura 3.4 - Formas de ondas produzidas em uma máquina elementar DC (Hendershot e
Miller, 1994)
3.3 Relações básicas da máquina síncrona nas variáveis dq0
Quando os fluxos concatenados (λa, λb, λc) das fases de armadura a, b, c e do
enrolamento de campo f são expressos em termos de indutâncias e correntes como
segue,
(3.3)
então as tensões induzidas podem ser obtidas da Lei de Faraday. Esta análise inclui
os efeitos das saliências do rotor que faz com que as indutâncias própria e mútua de
estator variem com a posição do rotor.
Para o propósito desta análise, admite-se que a máquina síncrona ideal da
Figura B1 satisfaz duas condições (1) a permeância de entreferro tem uma
componente constante e uma de menor valor que varia co-senoidalmente com o
10
ângulo de rotor medido desde o eixo direto e (2) os efeitos das harmônicas espaciais
no fluxo de entreferro podem ser ignorados.
As várias indutâncias de máquina podem então ser escritas em termos do
ângulo elétrico θme de rotor (entre o eixo direto de rotor e o eixo da fase a de estator)
Para as indutâncias próprias do estator,
(3.4)
(3.5)
(3.6)
Para as indutâncias mútuas entre estator e estator,
(3.7)
(3.8)
(3.9)
Para a indutância própria do enrolamento de campo,
(3.10)
e, para as indutâncias mútuas entre estator e rotor,
(3.11)
(3.12)
(3.13)
Os efeitos das saliências do rotor aparecem apenas nos termos de indutância
própria e mútua do estator, como termos de indutância que variam em função de
2θme. Essa variação de duplo ângulo pode ser entendida com base na Figura B1, em
que é possível que uma rotação de 180o
do rotor reproduz a geometria original do
circuito magnético. A indutância própria de cada fase de estator é máxima quando o
11
eixo direto do rotor está alinhado com o eixo daquela fase e que a indutância mutua
entre fases é máxima quando o eixo direto do rotor está alinhado a meio caminho
entre duas fases. Esse é o resultado esperado porque o eixo direto é o caminho de
relutância mínima (permeância máxima) do fluxo de entreferro.
As expressões de fluxo concatenado da Equação (3.3) podem ser expressas em
termos de variáveis dq0. A Transformada de Parker é detalhada no Apêndice B. Os
resultados são apresentados abaixo:
(3.14)
(3.15)
(3.16)
(3.17)
Nessas equações aparecem novos termos de indutância:
(3.18)
(3.19)
(3.20)
As grandezas Ld e Lq são, respectivamente, as indutâncias síncronas de eixo
direto e de eixo em quadratura, e correspondem diretamente às reatâncias síncronas
de eixo direto e em quadratura. A indutância L0 é a indutância de sequência zero.
Observa-se que as relações transformadas entre correntes e fluxos concatenados,
expressas pelas equações (3.14 a 3.17) deixaram de conter indutâncias que
dependiam da posição do rotor. Essa característica é a responsável pela utilidade da
transformação dq0.
12
A transformação das equações de tensão,
(3.21)
(3.22)
(3.23)
(3.24)
resulta em
(3.25)
(3.26)
(3.27)
(3.28)
em que ωme = dθme/dt é a velocidade angular elétrica do rotor.
As expressões para a potência e o conjugado são descritas abaixo. A potência
instantânea que entra no estator trifásico é:
(3.29)
Ao reesecrevê-la em termos das grandezas dq0,
(3.30)
13
Finalmente, o conjugado eletromagnético é escrito nos termos das grandezas
dq0 conforme a Equação (3.31):
(3.31)
3.4 Ímãs Permanentes
Os ímãs permanentes são formados por materiais ferromagnéticos que
possuem propriedades magnéticas naturais.
Os materiais ferromagnéticos mais comuns são compostos de ferro e ligas de
ferro com cobalto, tungstênio, níquel, alumínio e outros metais. Estes materiais são
formados por um grande número de domínios, isto é, regiões nas quais os momentos
magnéticos de todos os átomos estão em paralelo, o que resulta num momento
magnético naquele domínio (Fitzgerald, 2006).
Quando uma força magnetizante externa é aplicada a esse material, os
momentos dos domínios magnéticos tendem a se alinhar com o campo magnético
aplicado. Na ausência de uma força magnetizante externa aplicada, os momentos
magnéticos tendem a se alinhar naturalmente de acordo com certas direções
associadas à estrutura cristalina do material dos domínios, conhecidas como eixos de
fácil magnetização, ou seja, os momentos dos domínios magnéticos relaxam-se nas
direções de mais fácil magnetização próximas da direção do campo aplicado.
Quando o campo aplicado é reduzido ao zero os momentos dos dipolos magnéticos,
embora tendem a se relaxar e a assumirem suas orientações iniciais, não são mais
totalmente aleatórios em suas orientações. Eles agora possuem uma componente de
14
magnetização líquida na direção do campo aplicado. Esse fenômeno é conhecido
como histerese magnética. Devido a este efeito a relação entre B (densidade de fluxo
magnético) e H (intensidade de campo magnético) não é linear e plurívoca
(Fitzgerald, 2006). Estas relações são representadas em gráficos constituídos por
curvas determinadas empiricamente, através de ensaios. A curva mais comum para
descrever um material magnético é chamada de curva B-H ou laço de histerese
(Fitzgerald, 2006).
Figura 3.5 - Laço de Histerese (Teixeira, 2006)
A magnetização remanescente Br corresponde a densidade de fluxo que atua
em uma estrutura fechada do material magnético, quando a intensidade de campo
magnético for igual a zero. O significado da magnetização remanescente é que ela
pode produzir fluxo magnético em um circuito magnético na ausência de uma
excitação externa (Fitzgerald, 2006).
15
O ponto de coercividade Hc, corresponde a intensidade de campo magnético
necessária para reduzir a densidade de fluxo magnético do material a zero. Indica se
o ímã é de baixa ou alta energia. (Teixeira, 2006)
As regiões de trabalho do ímã no motor correspondem ao segundo quadrante
do gráfico.
A Figura 3.6 mostra as características de magnetização de alguns tipos de ímãs
permanentes comuns.
Figura 3.6 - Curva de magnetização para ímãs permanentes (Fitzgerald, 2006).
Pode-se observar que o ímã Alnico 5 apresenta uma densidade de fluxo
elevada, porém uma baixa coercividade, ou seja, é um material de fácil
desmagnetização em relação aos outros. Já o Alnico 8 possui uma coercividade
maior e uma densidade de fluxo residual menor que o Alnico 5, porém é menos
sujeito a desmagnetização. As desvantagens dos materiais do tipo Alnico são a baixa
coercividade e a fragilidade mecânica (Fitzgerald, 2006).
16
Os ímãs permanentes de cerâmica também são conhecidos como ímãs de
ferrite, são feitos de pós de óxido de ferro e carbonato de bário ou estrôncio e tem
densidades de fluxo residual inferiores às dos materiais do tipo Alnico, mas suas
coercividades são significativamente maiores, ou seja, menos propensos a
desmagnetização. Os ímãs de cerâmica possuem boas características mecânicas e sua
fabricação é de baixo custo, sendo assim são bastante utilizados (Fitzgerald, 2006).
O samário-cobalto e o neodímio-ferro-boro são também conhecidos como
imãs de terras raras sendo bastante eficientes, possuem uma densidade de fluxo
residual elevada e alta coercividade, no entanto, os custos no processo de fabricação
os tornam mais caro (Fitzgerald, 2006).
17
4. Fundamentação Teórica
4.1 Dispositivos Semicondutores de Potência
No controle de transferência de potência entre fonte e carga, é usual a aplicação de
conceitos de funcionamento conhecidos como Linear e Chaveado. Fontes lineares
dividem a tensão disponibilizada para carga, com um regulador série, o que
caracterizaria um bom controle, porém com baixo rendimento. Fontes chaveadas que
utilizam os elementos de transferência apenas nas condições de corte e saturação.
Usualmente apresentam alto rendimento nesta operação de transferência de energia.
A operação de transistores de potência, apenas nos estados ligado e desligado,
permite minimizar as perdas por condução. Tais perdas dependem do produto da
tensão e corrente do dispositivo. Quando o transistor está na região de condução, a
tensão no dispositivo é nula e quando o dispositivo está em corte, a corrente é
próxima a zero. Consequentemente o produto da tensão pela corrente é próxima de
zero quase todo o tempo exceto durante a transição de estados ligado/desligado e
desligado/ligado. As perdas durante as transições de estado são proporcionais a
frequência de troca (switching) e aos tempos de transição (ligado e desligado)
(Hendershot e Miller, 1994). Durante a escolha dos tipos de dispositivos de controle
(TBJ – Transistor Bipolar de Junção, IGBT - Transistor Bipolar de Porta Isolada ou
MOSFET - Transistor de Efeito de Campo de Semicondutor de Óxido Metálico)
deve-se ter em mente os menores tempos de transição, as menores perdas e a
potência utilizada.
A regulação de corrente em motores BLDC só é possível por meio de dispositivos
semicondutores que se desligam assim como se ligam preferencialmente a
18
frequências de 10 a 20 [kHz], fato que fez com que o desenvolvimento de tais
motores só fossem efetuados na pratica a partir da década de 70 quando surgem
comercialmente os MOSFETs e IGBTs. Apesar dos transistores MOSFET
permitirem frequências de comutação mais altas, suas perdas de condução são
consideravelmente altas. Os IGBTs são mais recomendados para altas potências,
apesar de propiciarem freqüência menores de operação, sua perda de condução é
sensivelmente melhor que a dos MOSFETs, o que resulta em melhor rendimento
(Hendershot e Miller, 1994).
A maior limitação para a adoção ampla de motor BLDC é a custo do controlador
eletrônico e seus sensores (corrente e posição), especialmente quando comparados
com o baixo custo dos comutadores AC controlados por TRIAC, como os utilizados
em lava-roupas (Hendershot e Miller, 1994).
4.2 Sensor Hall
Esta seção foi obtida de <http://sensorwiki.org/doku.php/sensors/hall_effect>. O
efeito Hall foi descoberto em 1879 por E.H. Hall, que submeteu um condutor
elétrico a um campo magnético perpendicular à direção da corrente elétrica. Hall
verificou que uma diferença de potencial elétrico aparecia nas laterais deste condutor
na presença do campo magnético.
19
.
Figura 4.1 – Efeito Hall. Disponível em
<http://sensorwiki.org/doku.php/sensors/hall_effect>. Acesso em: 10 nov. 2011.
Este efeito é o resultado da Força de Lorentz no movimento de elétrons sujeitos a um
campo magnético.
Quando se tem um fluxo de corrente em um material que não está exposto a um
campo magnético, as linhas equipotenciais que cruzam perpendicularmente este
fluxo, são linhas retas.
A Força de Lorentz no movimento de elétrons no material é dada por:
(4.1)
20
onde:
q: carga do elétron
B: campo magnético
O produto externo indica que a força tem uma direção mutuamente perpendicular ao
fluxo de corrente e ao campo magnético.
Quando se tem um fluxo de corrente em um material sujeito a um campo magnético
perpendicular, o ângulo através do qual o fluxo de corrente é mudado pelo campo
magnético é conhecido como ângulo Hall e é um parâmetro dependente do material, .
É determinado pela mobilidade de elétron que também determina o coeficiente de
Hall . Neste caso, as linhas equipotenciais ao longo do comprimento do material
são inclinadas, e isso nos leva a tensão de Hall medida ao longo do material. Ou seja,
tem-se uma tensão proporcional ao campo magnético aplicado.
O efeito Hall está presente em todos os materiais, mas sua aplicação é eficaz somente
onde a mobilidade do elétron é relativamente alta, como por exemplo, no arseneto de
gálio (GaAs).
Em termos construtivos, resumidamente, considere um determinado material (Figura
4.2) com espessura d, percorrido por uma corrente i ao longo de seu comprimento e
sujeito a um campo magnético B aplicado perpendicularmente à direção de sua
espessura. O resultado destas condições é a geração de tensão conhecida como tensão
de Hall, , cuja magnitude é dada por:
21
(4.2)
onde é a constante Hall do material.
Figura 4.2 - Princípio de construção e funcionamento do sensor Hall. Disponível em
http://sensorwiki.org/doku.php/sensors/hall_effect. Acesso em: 10 nov. 2011.
Atualmente, existem inúmeras aplicações destes sensores, desde a aplicação
em servo motores em vídeos cassetes, sensores de catracas para controle de acesso,
sensores de velocidade, sistema de injeção em motores automotivos, medição de
corrente, potência e campo magnético, controle de motores BLDC, sensores de
proximidade, controle de rotação, controle de posição, etc. Este trabalho descreve
esta última aplicação, no desenvolvimento de Posicionadores Inteligentes.
Este projeto utilizou um motor BLDC com três sensores Hall defasados 120°
elétricos, conforme Figura 4.3 e com MOSFETs em seu módulo controlador.
22
Figura 4.3 – Detalhe da instalação dos sensores de efeito Hall.
4.3 Controle de Velocidade
A comutação se encarrega da rotação apropriada do motor BLDC, enquanto
que a velocidade do motor depende apenas da amplitude da tensão aplicada. Esta
tensão pode ser ajustada por meio da modulação da largura de pulso, ou PWM.
A modulação por largura de pulso é uma forma de controle de tensão por
recorte onde os transistores de potência são ligados ou desligados de modo a obter na
saída o valor de tensão desejada.
O controlador de velocidade consiste basicamente num controlador
Proporcional-Integral (PI) em malha fechada. A entrada do controlador PI é a
diferença entre a velocidade atual e a desejada, com esta informação o controlador PI
conFigura o ciclo de trabalho (duty cycle) dos pulsos PWM que correspondem a
amplitude de tensão necessária para manter a velocidade desejada (Leonard N.
Elevich,2005).
23
A Figura 4.4 mostra um diagrama do controlador de velocidade simplificado,
nota-se que as entradas do controlador consistem na velocidade atual (ωactual) e
velocidade desejada (ωdesired) (Leonard N. Elevich,2005).
Figura 4.4 – Diagrama do sistema de controle de velocidade (Leonard N. Elevich,2005).
O controlador de velocidade calcula um algoritmo Proporcional-Integral de
acordo com as seguintes equações (Leonard N. Elevich,2005).:
(4.3)
A transformação para o domínio de tempo discreto através de uma
aproximação integral reversa do método de Euler gera as seguintes equações para o
cálculo numérico do controlador PI (Leonard N. Elevich,2005):
24
(4.4)
(4.5)
(4.6)
Onde:
4.4 Controle de Torque e Velocidade
Para aplicações nas quais o motor opere com um valor de torque específico
independente da velocidade, um controlador de corrente pode ser utilizado, desde
que o torque seja diretamente proporcional a corrente. Neste modo a velocidade será
mantida pelo valor de velocidade de referência do controlador até o ponto no qual a
25
corrente total da armadura será necessária. Se a carga de torque aumenta além do
valor pré-estabelecido, a velocidade diminui pois a corrente do loop (laço) não
permite que se drene mais corrente da armadura. Inversamente, se a carga tenta
forçar a velocidade para um valor superior ao pré-estabelecido, a corrente do motor
será invertida automaticamente, ou seja o motor atua como um freio e regenera a
potência em seus terminais. O controlador de corrente pode ser implementado com
um controlador PI convencional. A saída do controlador de velocidade será uma
entrada ao controlador de corrente, juntamente com as correntes medidas do sistema.
A saída do controlador de corrente controla o ciclo de trabalho (duty cycle) do pulsos
PWM. A combinação destes dois controladores de velocidade e torque é mostrada na
Figura 4.5 (Leonard N. Elevich,2005).
Figura 4.5 – Controle de Velocidade e Torque (Leonard N. Elevich,2005).
4.5 Tensão PWM e regulação de corrente
A modulação por largura de pulso PWM, (do inglês, pulse width modulation),
é mostrada na Figura 4.6.
26
Figura 4.6 – PWM. Disponível em
<http://www.screenlightandgrip.com/html/emailnewsletter_generators.html>. Acesso em: 29
nov. 2011.
Os transistores de potência são comutados entre os estados ligado e desligado,
usualmente a uma frequência fixa fs. Durante o tempo em que o transistor se encontra
no estado ligado (tON) a tensão aplicada a carga é Vs. Durante o estado desligado
(tOFF), a tensão aplicada na carga é –Vs
O ciclo de trabalho (duty cycle) d é definido como:
(4.7)
Se a fonte é fixa e o ciclo de trabalho é fixo também, a tensão média aplicada na
carga é dada por:
27
(4.8)
O ciclo de trabalho pode ser modulado ou variado, senoidalmente, de maneira
que a corrente na carga seja senoidal. Se a modulação possui uma frequência fs é
preferível que a tensão de comutação seja muito maior, usualmente 10 vezes maior,
de modo que a indutância da carga reduza o ripple da frequência de comutação na
corrente da carga. Dessa maneira conseguem-se formas de onda mais suaves.
A forma mais simples de regulação da corrente pode ser vista na Figura 4.7.
A corrente regulada passa pelo transdutor de corrente que deve possuir a largura
suficiente para seguir variações rápidas de corrente. A corrente de resposta
(feedback) é comparada com uma corrente referência ou set point num comparador
que possui uma pequena quantidade de histerese. Quando a corrente de carga
ultrapassa o valor de , o transistor drive é colocado no estado desligado e a
corrente cai, o que ocasiona a queda nos valores da força contra eletromotriz e da
resistência no circuito. Quando a corrente atinge valores inferiores de o transistor
é ligado novamente. A corrente persegue a banda de histerese ( ), com uma
frequência de ripple e amplitude que dependem da indutância da carga, tensões do
circuito e da largura de banda do circuito de regulação de corrente (Hendershot e
Miller, 1994).
28
Figura 4.7 – Histerese da corrente de resposta (Hendershot e Miller, 1994).
A comutação do transistor de potência não é instantânea quando a corrente
está além da banda de histerese, portanto a forma da corrente pode ultrapassar os
limites da banda. Por quanto essa ultrapassagem é feita depende da velocidade de
resposta do circuito controlador. Mais ainda, os instantes da comutação não ocorrem
a uma frequência fixa, necessita-se a implementação da proteção dos circuitos
adjacentes, um trabalho difícil por causa da variação da frequência (Hendershot e
Miller, 1994).
4.6 Circuito Trifásico FULL-BRIDGE com conexão em Estrela
De acordo com Hendershot e Miller, (1994) a maioria dos motores BLDC
possui uma topologia com enrolamentos trifásicos com conexão em estrela.
O circuito trifásico full-bridge com conexão em estrela está ilustrado na
Figura 4.8.
29
Figura 4.8 – Circuito trifásico full-bridge com conexão em estrela, os enrolamentos do
estator são designadas pelos números 1,2 e 3. As tensões de linha são nomeadas A, B e C
(Hendershot e Miller, 1994).
30
No caso do controlador para o motor BLDC deste trabalho, as correntes de
saída do controlador são senoidais, seu comportamento é visualizado no na Figura
4.9.
Figura 4.9 – Correntes nos enrolamentos (Hendershot e Miller, 1994).
O comportamento dos transistores pode ser visto de maneira que as setas
indicam quais são as linhas que conduzem e em qual direção, num determinado
momento. Os ângulos no topo representam a posição do rotor em graus elétricos.
As correntes são essencialmente senoidais, embora haja um componente
ripple devido a operação dos transistores (chopping). Normalmente estas correntes
não são nulas, a não ser quando passam por zero. Consequentemente há 3 transistores
ligados a qualquer momento, seja 1 na parte superior e 2 na parte inferior ou 2 na
parte superior e 1 na parte inferior.
A chave para a comutação das bobinas baseia-se na determinação da posição
do rotor para então energizar as fases que produzirão a maior quantidade de torque.
31
A trilha correta no estator é ativada quando o estator está 120° defasada com
o campo magnético do respectivo estator e então desativada quando o estator estiver
60° defasado com a posição de alinhamento.
A maneira mais fácil para se saber o momento correto para se comutar as
correntes dos enrolamentos é por meio de sensores de posição. Muitos fabricantes de
motores BLDC já fornecem sensores Hall de 3 elementos. Cada sensor possui uma
saída alta para 180° elétricos de rotação e uma saída baixa para os outros 180°
elétricos de rotação. Os 3 sensores estão posicionados com cerca de 120° elétricos
entre si, o que possibilita que cada um dos sensores se alinhe com um dos circuitos
magnéticos.
Quando a estratégia de controle utilizada é a tensão PWM, é uma prática
comum o uso de um único sensor de corrente na fonte CC, que por sua vez pode ser
utilizado para a proteção de sobrecorrente e para o laço de controle torque.
Se a tensão fosse aplicada a um motor ideal por uma fonte de tensão ideal, o
motor drenaria uma quantia infinita de corrente e aceleraria instantaneamente para a
velocidade ditada pela tensão e por Kv. Como nenhum motor é ideal, a corrente seria
limitada por resistências e indutâncias parasitas nos enrolamentos, assim como a
capacidade de corrente da fonte de tensão. Há basicamente dois efeitos indesejáveis
que são o torque e corrente excessivos. O torque excessivo pode causar danos as
engrenagens, escorregamentos e outros problemas mecânicos. A corrente excessiva
pode danificar os drives MOSFETs e os circuitos adjacentes durante a operação.
Os efeitos da corrente excessiva podem ser facilmente minimizados com a
limitação da corrente inicial (start-up) por meio do PWM. Para esta implementação é
32
útil considerar as perdas nos transistores MOSFETs por chaveamento e o efeito da
frequência do PWM sobre o funcionamento do motor. Altas freqüências de PWM
significam perdas maiores por chaveamento e frequências muito baixas de PWM
podem significar uma série de pulsos de alta corrente ao invés de uma tensão média
como forma de onda.
33
5. Modelo Analítico
Neste capítulo é apresentado o modelo analítico para o projeto da MSIP. São
definidas as constantes dos materiais empregados na construção da máquina. Após a
definição dos dados requeridos da máquina (tais como: torque, frequência, rotação e
tensão) são definidos os parâmetros geométricos. São discutidas as características de
saturação para a densidade de fluxo ao longo do circuito magnético de acordo com a
curva de magnetização do aço silício e do imã utilizado. Após a determinação dos
parâmetros de bobinagem são definidos os parâmetros do circuito equivalente.
Considerações adicionais das perdas por correntes de efeito eddy e histerese são
avaliadas e discutidas bem como a reação de armadura e proteção dos imãs.
Este projeto aplica-se a máquinas com enrolamento concentrado ou
distribuído, de camada simples ou dupla, com imãs na superfície magnetizados
radialmente, com rotor no exterior ou no interior. No entanto deve-se atentar para o
fator de enrolamento fw1, para o qual são apresentadas as Tabelas (5.7a) e (5.7b). Na
seção 5.3.4 é apresentada uma metodologia para a determinação do fator de
enrolamento com base na disposição das bobinas ao longo das ranhuras.
Na Figura 5.1 é apresentado o diagrama circular dos fasores das tensões para
os três pontos de operação da máquina síncrona: a) abaixo da rotação nominal, b) em
rotação nominal e c) acima da rotação nominal.
34
Figura 5.1 Diagrama circular dos fasores das tensões de MSIP em condições ideais (Meier,
2002)
Este trabalho centra-se no estudo da máquina em regime nominal. De acordo
com a análise da Figura 5.1b a tensão de base Ub deve ser determinada e seu valor
será igual ao valor da tensão de terminal U da máquina. A Figura 5.1c mostra a
região de operação da máquina em regime de enfraquecimento de campo. Para esta
região pode-se ver através do diagrama circular que a tensão induzida E é maior que
o valor da tensão de base. Este elevado valor de tensão induzida é obtido com a
variação da frequência e tensão constante. A máquina apresenta um torque constante
até a rotação nominal, acima desta o torque declina. Por outro lado a potência
mecânica disponível no eixo é uma reta crescente até a rotação nominal, acima desta
a potência torna-se constante até o limite de operação da máquina.
A Figura 5.2 apresenta na forma de um organograma as etapas de um projeto
para a concepção de uma MSIP.
35
Figura 5.2 - Fluxograma das etapas de projeto de uma máquina síncrona de imã permanente
(Perez, 2011)
Dados requeridos
Variáveis de projeto
Densidade de fluxo no dente e coroa do estator e coroa do
rotor
Corrente de carga
Densidade de corrente
Número de espiras
Perdas
Desmagnetização
Verificação com MEF
Ideal?
Torque, rotação, tensão
Número de pólos, diâmetro externo do estator, comprimento do estator, entreferro e número
de ranhuras.
Seção 5.2
Seção 5.4
Seção 5.4
Seção 5.5
Seção 5.5
Seção 5.5.3
Seção 5.7
Parâmetros
geométricos
Densidade máxima de fluxo no entreferro
Parâmetros do circuito equivalente
SIM
Seção 5.6
NÃO
Seção 5.1
36
5.1 Parâmetros do Projeto
Os dados requeridos de projeto são definidos de acordo com a sua aplicação.
Neste projeto, basicamente as relações de especificações são delimitadas em função
do veículo, das limitações das baterias e das constantes físicas (Perez, 2011). Os
dados para este projeto foram obtidos a partir da análise da curva de ensaio realizada
pelo fabricante disponível no Apêndice C, Tabela C1. Os dados requeridos são
apresentados na Tabela 5.1.
Torque nominal Tn 21,4 [Nm]
Rotação nominal nr 850 [rpm]
Tensão nominal de fase Vpico 30 [V]
Máximo diâmetro externo Dout 224 [mm]
Número de fases m 3
Temperatura de operação T 100° [oC]
Tabela 5.1 - Dados requeridos
Os valores magnéticos são fixados para o projeto de MSIP. Para o imã de
NdFeB, os valores são obtidos da curva de magnetização apresentada no Capítulo 3 e
descritos na Tabela 5.2.
Densidade de Fluxo Remanente Br 1,1 [T]
Densidade de Fluxo de Desmagnetização Bd -0,2 [T]
Permeabilidade Relativa µr 1,05 [T]
Tabela 5.2 - Constantes magnéticas (Meier, 2002)
De acordo com Perez (2011), um bom projeto deve apresentar os valores
máximos de indução abaixo da curva de saturação do aço silício, estes valores são
apresentados na Tabela 5.3.
37
Densidade de fluxo fundamental no gap Bδ 0,85~0,95 [T]
Densidade de fluxo fundamental na coroa do rotor Bry 1,6 [T]
Densidade de fluxo fundamental na coroa do estator Bsy 1,6 [T]
Densidade de fluxo fundamental no dente do estator Bst 1,8 [T]
Tabela 5.3 - Limites de indução magnética (Perez, 2011)
Os valores fixados para a estrutura ferromagnética são apresentados na
Tabela 5.4 e serão discutidos ao longo deste trabalho. Maiores detalhes são obtidos
em Perez (2011).
Densidade do aço ρs 7700 [kg/m3]
Constante de Perda Eddy keddy 0,07
Constante de Perda Histerética khyst 50
Constante de Steinmetz β 2
Fator de empilhamento kj 1
Tabela 5.4 - Propriedades do aço silício (Perez, 2011)
A Tabela 5.5 apresenta as constantes referentes ao cobre
Densidade do cobre ρcu 8930 [kg/m3]
Resistividade do cobre rcu 2,40E-08 [Ωm]
Permissividade do cobre pcu 4,17E07 [1/Ωm]
Densidade de corrente máxima J 7 [A/mm2]
Tabela 5.5 - Propriedades do cobre (Meier, 2002).
Para prever problemas de temperatura elevada e possíveis falhas na isolação
das ranhuras do estator, a máxima densidade de corrente J deve ser de 7 [A/mm2].
Este valor é relevante para uma máquina sem ventilação forçada. De acordo com o
tipo de ventilação forçada empregada na máquina, é possível adotar valores
superiores de densidade de corrente (Meier, 2002).
38
Os parâmetros descritos na Tabela 5.6 são definidos no projeto da máquina de
imã permanente. O projeto foi concebido para entregar um torque nominal de 21,4
[Nm] à rotação nominal de 850 [rpm]. A expressão que relaciona essas grandezas é
apresentada abaixo, trata-se de uma variação da Equação (3.2):
(5.1)
Onde Pmec é a potência mecânica disponível no eixo e ωmec é a velocidade
angular e depende da frequência.
Uma potência mecânica de 1900 [W] numa velocidade angular de 89 [rad/s]
produz um torque de 21,4 [Nm].
A relação torque & potência apresenta um elevado torque para uma potência
relativamente baixa. Para este projeto, será demonstrado que a frequência elétrica
necessária para que a máquina desenvolva uma rotação de 850 [rpm] é de 325,8 [Hz].
De acordo com a Equação (5.2) são necessários 46 pólos para produzir uma rotação
de 850 [rpm].
(5.2)
Para este projeto foi selecionado um estator com 51 ranhuras (Ns). Os demais
parâmetros estão descritos na Tabela (5.6) e foram obtidos da análise da máquina
importada.
39
Número de pólos p 46
Número de ranhuras do estator Ns 51
Fator de enchimento da ranhura fs 0,5
Espessura da isolação da ranhura fi 0,18 [mm]
Constante de correção
kcor 0,94
Constante para a cabeça da bobina kcoil 0,93
Numero de ligações em paralelo a 1
Numero de camadas b 2
Tipo de ligação (Y ou Δ) c Y
Fator de enrolamento fw1 0,944
Tabela 5.6 - Parâmetros de enrolamento selecionados no projeto
O fator de enchimento fs varia em torno de 0,4 a 0,6.
A espessura da isolação fi é determinada para atender a classe de isolação F e
suportar a compressão exercida pelo cobre nas paredes das ranhuras, além de isolar
eletricamente o enrolamento da estrutura eletromagnética. Há uma relação entre a
espessura do material isolante e a transferência do calor gerado pelas perdas de efeito
Joule, no entanto esta abordagem não será apresentada neste trabalho, considerações
a respeito são encontradas na obra de Boldea e Nasar (2002).
A constante de correção kcor é apresentada em Libert, (2004) e justificada
como um fator de correção para o cálculo analítico. De acordo com o autor, foi
determinada em comparação com os valores obtidos a partir dos projetos que
utilizam a técnica de resolução por simulação através do Método dos Elementos
Finitos (MEF). Representa as perdas devido ao fluxo de dispersão na ranhura. A
Tabela 5.11 apresenta os valores típicos para esta constante.
40
A constante para a cabeça da bobina kcoil será empregada no cálculo da
resistência ôhmica.
O número de ligações em paralelo a foi determinado a partir da análise da
máquina importada. Foi adotada ligação em série, portanto o número de ligações em
paralelo é igual à unidade.
Foi adotado um enrolamento de camada dupla e concentrado.
O tipo de ligação em estrela (Y) foi verificado na análise da máquina no
entanto o neutro da estrela não está acessível por meio dos cabos de alimentação.
O fator de enrolamento fw1 de uma máquina elétrica é proporcional ao torque
eletromagnético gerado. Assim, o fator fundamental de enrolamento da máquina
deve ser alto e seus sub e super-harmônicos tão baixo quanto possível. O fator de
enrolamento pode ser definido através de um gráfico de vetor de tensão ou pode ser
resolvido a partir das equações analíticas. Quando os fatores de enrolamento de uma
máquina particular são resolvidos analiticamente, deve-se lembrar que isso deve ser
feito com precisão, porque há diferentes equações a serem aplicadas para os
diferentes tipos de enrolamento (Salminen, 2004).
As Tabelas (5.7a) e (5.7b) apresentam o fator de enrolamento para diversas
configurações de máquinas síncronas. Este trabalho aborda a determinação do fator
de enrolamento através do gráfico de vetor de tensão conforme o respectivo item
deste trabalho (5.3.4).
41
Tabela 5.7a – Fator de enrolamento fw1 (Libert, 2004)
Tabela 5.7b – Fator de enrolamento fw1 (Libert, 2004)
5.2 Parâmetros Geométricos
A Figura 5.3 apresenta o estator, o rotor e os imãs. Pode-se notar a existência
do entreferro (δ), bem como todas as dimensões envolvidas para a construção de uma
MSIP com rotor no exterior.
42
Figura 5.3 - Parâmetros geométricos (Perez, 2011)
As relações entre os diferentes parâmetros geométricos são apresentadas a
seguir (Perez, 2011):
(5.3)
(5.4)
(5.5)
(5.6)
(5.7)
A Tabela 5.8 apresenta os parâmetros geométricos obtidos a partir da MSIP
em análise. O diâmetro externo (Dout) é limitado pelo diâmetro do cubo da roda
traseira da Scooter. Os demais parâmetros são obtidos com base nas Equações (5.3) a
(5.7).
43
Espessura do entreferro δ 1 [mm]
Diâmetro externo do estator Dout 200 [mm]
Diâmetro interno do estator Din 158 [mm]
Largura do dente do estator bst 6 [mm]
Profundidade da ranhura do estator hss 15 [mm]
Altura da coroa do estator hsy 5 [mm]
Abertura da ranhura da estator bso 0,6 [mm]
Largura da ranhura do estator superfície bss1 5 [mm]
Largura da ranhura do estator profundidade bss2 4 [mm]
Largura da cunha do dente do estator hsw 2 [mm]
Largura da coroa do rotor hry 8 [mm]
Altura do imã hm 3 [mm]
Comprimento do estator L 40 [mm]
Largura do imã ωm 14 [mm]
Quantidade de ranhuras Qs 51 [mm]
Tabela 5.8 - Parâmetros geométricos de acordo com o desenho da Figura 5.3
A relação entre a velocidade angular elétrica ωme e a velocidade angular
mecânica é expressa por:
(5.8)
O fator de abertura da ranhura é definido como o quociente entre bso e bss1,
conforme Figura 5.4. A expressão para este fator está relacionada abaixo:
(5.9)
O passo polar τs é definido e mostrado na Figura 5.4 e representa o
espaçamento entre duas ranhuras separadas por um dente. (Meier, 2002).
44
(5.10)
Figura 5.4 - Detalhe da ranhura (Meier, 2002)
O fator que leva em consideração o fluxo de dispersão entre duas ranhuras
vizinhas (kleak) é obtido desde que o entreferro seja considerado linear (Libert, 2004).
Trata-se de uma Equação empírica e depende da construção do rotor. A Tabela 5.9
apresenta as equações em função da topologia do rotor.
Para MSIP com rotor no interior
Para MSIP com rotor no exterior
Para MSIP inseridos
Tabela 5.9 – Fator de dispersão entre duas ranhuras vizinhas (Libert, 2004)
Portanto para MSIP com rotor no exterior e imãs na superfície a expressão
que define kleak segundo a Tabela 5.9 é:
(5.11)
45
O Fator de Carter é expresso de acordo com a Equação abaixo (Meier, 2002):
(5.12)
O Fator de Carter é utilizado para corrigir o comprimento do entreferro. O
valor do comprimento ajustado é expresso pelo produto do Fator de Carter e o
comprimento δ do entreferro:
(5.13)
5.3 Enrolamento distribuído & enrolamento concentrado não sobreposto
Um importante parâmetro a ser definido é o número de ranhuras por pólo e
por fase q, obtido pela Equação (5.14)
(5.14)
Segundo Meier (2008) se q não é um número inteiro o enrolamento é
denominado enrolamento concentrado não sobreposto (do inglês, Non-Overlapping
Concentrated Winding). Na Equação (5.14), Qs representa o número de ranhuras, m
número de fases e p o número de pólos. A solução da Equação para a máquina em
estudo revela que o número de ranhuras por pólo e por fase é igual a 0,370 trata-se
portanto de uma MSIP com enrolamento concentrado não sobreposto. Ainda
segundo o autor, para os enrolamentos nos quais q é um número inteiro, estes são
denominados enrolamentos distribuídos (do inglês distributed winding). O
enrolamento concentrado não sobreposto é construído com as bobinas enroladas em
torno do dente e por isso alguns autores o denominam de enrolamento de ranhura
46
fracionário (do inglês, fractional slot winding) como é o caso de Salminen (2008).
Este trabalho adota o termo enrolamento concentrado não sobreposto.
A Figura 5.5 mostra a imagem de uma MSIP com rotor no interior e
enrolamento distribuído, com passo de ranhura de 1 a 3 e quantidade de ranhuras por
pólo e por fase q = 1. A Figura 5.6 ilustra uma MSIP com rotor no exterior e
enrolamento concentrado não sobreposto, esta imagem foi obtida da máquina
síncrona em estudo.
5.3.1.Enrolamento distribuído
Quando o número de pólos é elevado o número de ranhuras por pólo e por
fase q é escolhido igual a 1, afim de limitar o número de ranhuras. O fator
fundamental de enrolamento fw1 é igual a 1, assim como os harmônicos ímpares do
fator de enrolamento, o que implica em um ripple de torque (cogging torque) elevado
(cerca de 10%) para máquinas com q = 1. Para minimizar as ondulações de torque
utiliza-se o recurso de inclinação das ranhuras. Os enrolamentos são sobrepostos o
que implica em maior comprimento da cabeça da bobina, o que gera o aumento das
perdas resistivas. Para minimizar o peso ativo, o diâmetro deve ser tão grande quanto
possível e o comprimento ativo tão curto quanto possível (Meier, 2008).
47
Figura 5.5 - Máquina síncrona de imã permanente 52 pólos, 156 ranhuras com enrolamento
distribuído e número de ranhuras por pólo e por fase q = 1 (cortesia Tesla do Brasil
Eletromotores)
5.3.2. Enrolamento concentrado não sobreposto
Esta concepção de enrolamento visa diminuir ainda mais o número de
ranhuras da máquina comparativamente ao enrolamento distribuído. O fato do
enrolamento concentrado não sobreposto ser constituído por diversas bobinas que
envolvem o dente da ranhura, sem sobreporem uma as outras implica em menor
comprimento da cabeça de bobina o que diminui as perdas resistivas. Esta
configuração de enrolamento apresenta cerca de 3% de cogging torque. O menor
custo de produção do estator e a fácil montagem do enrolamento são fatores
relevantes na escolha deste enrolamento. Por outro lado, apresenta um fator de
enrolamento fw1 baixo e por isso a força magnetomotriz (FMM) tem um grande
conteúdo harmônico o que provoca perdas no rotor, imãs e ferro (Meier, 2008).
48
Figura 5.6 – Máquina síncrona de imã permanente 46 pólos, 51 ranhuras com enrolamento
concentrado não sobreposto e número de ranhuras por pólo e por fase q = 0,370 (detalhe do
enrolamento da máquina em estudo)
5.3.3 Força magnetomotriz produzida pelos enrolamentos
Quanto maior for o valor de q mais senoidal será a forma de onda da FMM
produzida pelo enrolamento (Perez, 2011).
A curva da Figura 5.7 mostra a FMM produzida para um motor de 22 pólos
com enrolamento distribuído para q = 1 e q = 2 e para um enrolamento concentrado
não sobreposto com q = 0,364.
49
Figura 5.7 - Forma de onda da FMM produzida por enrolamento de MSIP de 22 pólos com
q = 2, q = 1 e q = 0,364. No instante em que as correntes de fase do estator são:
i1 = 1 e i2 = i3 = -1/2 (Salminen, 2004).
5.3.4 Esquema de bobinagem
O enrolamento de camada dupla foi adotado neste projeto devido as seguintes
vantagens:
Menor cabeça de bobina e portanto menos cobre e menor perda resistiva;
A onda da FMM é mais senoidal em comparação ao enrolamento de camada
única.
O método a seguir descreve como obter o lay-out do enrolamento, ou seja à
disposição das bobinas ao longo das ranhuras que dará o maior fator de enrolamento
fw1 para um determinado número de ranhuras Qs e número de pólos p. O fator de
enrolamento é obtido através do gráfico de vetor de tensão.
50
O método é baseado na decomposição do número de ranhuras por pólo e por
fase q. É semelhante ao utilizado em máquinas síncronas de grande porte com
número de ranhuras por pólo e por fase fracionário. Este método é apresentado em
Libert, (2004), Salminen, (2004), Meier, (2008) e Pyrhönen et al, (2008).
Neste trabalho, o método é apresentado através de sua implementação na
máquina em estudo cujas características são: Qs = 51 e p = 46.
a) Em princípio reduz-se o q a menor fração, e determina-se o numerador (n) e o
denominador (d):
b) Em seguida determina-se o número de “zeros” e “uns” e distribuem-se essa
sequência na forma mais regular possível:
(5.15)
Uma forma regular para essa distribuição é apresentada a seguir:
1 00 1 00 1 0 1 00 1 00 1 0 1 00 1 00 1 0 1 00 1 00 1 0 1 00 1 00 1 0 1 00 1 00
c) Determina-se a quantidade de repetições:
(5.16)
A distribuição acima deve ser repetida 3 vezes.
A Figura 5.8 mostra a distribuição dos números 0 e 1. Em seguida identifica-
se cada número (0 e 1) com uma letra (A,C e B) respectivamente.
51
As letras abaixo dos números “1” indicam que estas serão inseridas nas
ranhuras, constituindo a primeira camada.
Identificam-se as letras “A” com sinal (+), de forma intercalada. Em seguida
identificam-se as bobinas de letra “B” com sinal positivo de forma intercalada. Por
fim identificam-se as bobinas de letra “C” com sinal positivo de forma intercalada,
conforme Figura 5.8.
O outro lado da bobina envolve o dente da ranhura e deve ser identificado da
forma descrita na Figura 5.9 e de acordo com o seguinte critério:
Quando houver um lado da bobina com sinal A+, então o outro lado
da mesma bobina será identificado como A-, ou simplesmente “A”
(omissão do sinal);
Por outro lado, quando houver um lado da bobina com sinal A, então
o outro lado da bobina será identificado como A+;
E assim sucessivamente até todas as ranhuras serem preenchidas;
O vetor S é escrito para determinar o lay-out da fase “A”. É
identificado através do número da ranhura ao qual é inserida uma
bobina da fase “A”. Quando houver em uma mesma ranhura duas
bobinas de mesma fase, então o vetor S deverá ser repetido, conforme
a seguinte convenção: positivo para as bobinas com sinal positivo
(A+) e negativo para as bobinas sem o sinal;
S = [1 1 -2 -2 3 3 -4 10 -11 -11 12 12 -13 21 -22 -22 23 23 -24 30 -31 -31 32
32 -33 41 -42 -42 43 43 -44 50 -51 -51]
52
O fator de enrolamento fw1 é calculado através dos fasores da força
eletromotriz (FEM), ou vetor de tensão. O correspondente fasor da FEM
do condutor i é:
(5.17)
O fator de enrolamento fundamental pode ser calculado como:
(5.18)
Onde i é o elemento de S e b é o número de camadas (b = 2)
Para o exemplo da máquina em estudo com Qs = 51 e p = 46 a soma dos
fasores da FEM é:
O resultado é um fator de enrolamento fw1 = 0,944. Este valor é idêntico ao
descrito na Tabela 5.7b.
53
Figura 5.8 – Determinação do lay-out para bobinagem com Qs = 51 e p = 46
10
01
00
10
10
01
00
10
10
01
00
10
10
01
00
10
10
01
00
10
10
01
00
A+
CB+
AC+
BA
+C
B+A
C+B
A+
CB+
AC+
BA
+C
B+A
C+B
A+
CB+
AC+
BA
+C
B+A
C+B
A+
CB+
AC+
BA
+C
B+A
Qs=
12
34
56
78
910
1112
1314
1516
17
10
01
00
10
10
01
00
10
10
01
00
10
10
01
00
10
10
01
00
10
10
01
00
C+B
A+
CB+
AC+
BA
+C
B+A
C+B
A+
CB+
AC+
BA
+C
B+A
C+B
A+
CB+
AC+
BA
+C
B+A
C+B
A+
CB+
AC+
BA
+C
Qs=
1819
2021
2223
2425
2627
2829
3031
3233
34
10
01
00
10
10
01
00
10
10
01
00
10
10
01
00
10
10
01
00
10
10
01
00
B+A
C+B
A+
CB+
AC+
BA
+C
B+A
C+B
A+
CB+
AC+
BA
+C
B+A
C+B
A+
CB+
AC+
BA
+C
B+A
C+B
A+
CB+
AC+
B
Qs=
3536
3738
3940
4142
4344
4546
4748
4950
51
Fig
ura
4.7
- D
eter
min
ação
do
lay-
out
par
a bobi
nage
m Q
s=
51
e p
= 4
6
54
Figura 5.9 - Colocação das bobinas nas ranhuras para Qs = 51 e p = 46
A+
A+
AA
A+
A+
AB+
BB
B+B+
BC+
CC
C+C+
CA
+A
AA
+A
+A
B+B
BB+
B+B
C+C
C
12
34
56
78
910
1112
1314
1516
17
C+C+
CC
C+C+
CA
+A
AA
+A
+A
B+B
BB+
B+B
C+C
CC+
C+C
A+
AA
A+
A+
AB+
BB
1819
2021
2223
2425
2627
2829
3031
3233
34
B+B+
BB
B+B+
BC+
CC
C+C+
CA
+A
AA
+A
+A
B+B
BB+
B+B
C+C
CC+
C+C
A+
AA
3536
3738
3940
4142
4344
4546
4748
4950
51
Fig
ura
4.8
- C
olo
caçã
o d
as b
obin
as n
as r
anhu
ras
Qs
=51 e
p=
46
55
Figura 5.10 - Esquema de bobinagem de MSIP com Qs = 51 e p = 46 enrolamento
concentrado não sobreposto e camada dupla (q = 0,370)
56
5.4 Projeto Magnético:
Este modelo de projeto magnético é descrito em Meier (2002). Esta seção
descreve a densidade de fluxo magnético com base na curva de magnetização do aço
e do ímã.
O valor máximo da densidade de fluxo no entreferro acima dos imãs (Bm) é
dado pela Equação (5.19). Supõem-se os imãs magnetizados radialmente. A
curvatura dos imãs e a temperatura não são consideradas nesta expressão.
(5.19)
Como a máquina possui um rotor cilíndrico e imãs na superfície o entreferro é
constante em todo o perímetro, a densidade de fluxo no entreferro acima dos imãs
(Bm) tem a forma retangular da Figura 5.11.
Figura 5.11 - Forma de onda da densidade de fluxo no entreferro acima dos imãs
(Meier, 2002)
A análise da curva mostra que a distribuição das ranhuras e do número de
espiras nas ranhuras deve ser feita de forma programada de tal modo que a cada
ranhura encontrada num percurso de Θ = 0 até Θ = passo polar, a FMM produzida
57
por pólo cresce em degraus, com contorno senoidal (Falcone, 1979). A expressão
senoidal da densidade de fluxo fundamental no entreferro é mostrada abaixo:
(5.20)
Onde α é o ângulo polar definido em graus elétricos:
(5.21)
A porcentagem do imã que cobre o rotor em relação à circunferência do rotor
é descrita como:
(5.22)
A expressão para o cálculo do fluxo magnético acima dos imãs, sem
considerar a dispersão de fluxo, é apresentada na Equação (5.23).
(5.23)
A seguir verifica-se a densidade de fluxo máximo na coroa do estator:
(5.24)
A densidade de fluxo máximo no dente do estator é dada pela expressão:
(5.25)
58
A densidade de fluxo máximo na coroa do rotor é verificada abaixo:
(5.26)
Se não houver saturação nas partes analisadas nas equações (5.24), (5.25) e
(5.26) procede-se com o cálculo da área da ranhura:
(5.27)
A área de cobre por ranhura depende da área da ranhura e do fator de
enchimento (fs). A expressão é descrita em (5.28):
(5.28)
5.5 Propriedades Elétricas
As propriedades elétricas descritas nesta seção foram obtidas em Libert,
(2004). O diagrama de fasores para máquinas não salientes e máquinas salientes em
rotação nominal é apresentado na Figura 5.12. A Transformada de Park é detalhada
no Apêndice B .
59
Figura 5.12 - Diagrama de fasores para máquinas não salientes (β = π/90)
e salientes (β > π/90) (Libert, 2004)
A partir da análise do diagrama de fasores da Figura 5.12, o objetivo é determinar
as seguintes grandezas:
O valor de pico da corrente de carga S;
O ampere-espiras, nsI;
A densidade de corrente J;
A indutância de eixo direto e eixo quadratura (Ld e Lq);
O ângulo β entre o fluxo do imã permanente e a corrente I;
O número de espiras por ranhuras, ns;
A tensão de terminal, V ou tensão de base Ubase;
A tensão induzida E;
O valor da corrente de pico I;
A resistência ôhmica por fase R;
A seção nominal dos condutores, Acond.
60
Inicialmente determina-se o valor de pico da corrente de carga S do estator. Esta
depende do torque nominal requerido T (o torque nominal de 21,4 [Nm] é requerido
para a condição de rotação nominal de 850 [rpm]), da densidade de fluxo
fundamental do entreferro (Bδ), do quadrado do diâmetro do rotor (D - δ)2, do
comprimento (L) e do fator de enrolamento fw1. A partir da Equação (A2) para o
torque eletromagnético T deduzido no Apêndice A, isola-se o termo em S, obtém-se a
Equação (5.29).
(5.29)
Onde β é o ângulo entre o fluxo magnético ϕm e a corrente I. Para máquinas
de pólos não salientes , este termo será abordado na seção (5.5.2).
O fator de correção kcor é utilizado para compensar as perdas devido ao fluxo
de dispersão através das ranhuras, que não são calculados no modelo analítico
(Libert, 2004). A Tabela 5.10 mostra que para MSIP de rotor no exterior, o valor de
kcor é 0,94.
Motor MSIP rotor
interior
MSIP rotor no
exterior
MSIP
inseridos
Tangencialmente
Magnetizados
kcor 0,95 0,94 1 0,99
Tabela 5.10 - Fator de correção kcor (Libert, 2004)
O resultado entre o produto do passo polar τs obtido na Equação (5.10) e o
valor de pico da corrente de carga S definido na Equação (5.29) determina o valor
dos ampere-espiras, como segue:
(5.30)
61
O valor da densidade de corrente é obtido através da divisão dos ampere-
espiras pela área de cobre por ranhura, e deve ser menor que o valor máximo fixado
na Tabela 5.5:
(5.31)
5.5.1 Determinação das indutâncias
O modelo proposto para determinação das indutâncias foi obtido das obras de
Meier, (2008) e Libert, (2004). As indutâncias de eixo direto e eixo em quadratura
são iguais para máquinas de pólos lisos.
(5.32)
A Indutância de magnetização de eixo direto Lmd é obtida na Equação (5.33):
(5.33)
A indutância de dispersão Lleak é obtida a partir da Equação (5.34):
(5.34)
Onde λ1 é o coeficiente de permeância da abertura da ranhura e depende da
geometria da ranhura, sua Equação é apresentada abaixo:
(5.35)
62
A Indutância Síncrona Ls:
=
2
) (5.36)
5.5.2 Determinação do ângulo β
Figura 5.13 - Fluxograma para obtenção do número de espiras por ranhuras ns de acordo com
o valor de β
Para máquinas salientes a corrente do eixo-d gera um torque de relutância que
se soma ao torque produzido pelos imãs permanentes. A expressão do torque
eletromagnético (Tem) foi deduzida no Capítulo 3 sendo novamente apresentada aqui
por conveniência:
(5.37)
63
A contribuição do torque de relutância ao torque total pode ser ajustada pelo
ângulo β. Na verdade a corrente de eixo d-q depende de β.
(5.38)
(5.39)
Para máquinas não salientes a corrente de eixo direto não contribui para o
torque, pois .
Para máquinas salientes o ângulo β é escolhido de forma que ele dá o máximo
torque para uma determinada corrente:
(5.40)
Através das equações (5.37), (5.38) e (5.39) substituídas na Equação (5.40),
obtêm-se uma Equação de segunda ordem:
(5.41)
Nesta Equação as indutâncias dependem do quadrado do número de espiras
por ranhura. Estes valores são desconhecidos como também é desconhecido o valor
da corrente I. No entanto o valor do ampere-espiras é conhecido e foi obtido na
Equação (5.30). A Equação de segunda ordem (5.41) pode ser transformada na
Equação (5.42) e ser resolvida para β.
(5.42)
64
Onde L’d, L’q e Φm são independentes do número de condutores por ranhura e
dependem somente das dimensões:
(5.43)
(5.44)
A determinação do ângulo β necessita de um processo recursivo já que a
carga atual depende dele conforme a Equação (5.29). A recursividade é descrita na
Figura 5.13. Diferentes valores de β são testados no processo recursivo afim de obter
a mínima corrente que juntamente com o ângulo β forneça o torque necessário.
Conhecido o ângulo β e as correntes de eixo d-q pode-se calcular o número de
condutores por ranhura através do diagrama fasorial da Figura 5.12 na velocidade
nominal.
5.5.3 Número de Espiras por ranhuras para máquinas não salientes
As Equações (5.33), (5.34) e (5.57) mostram que as indutâncias e a
resistência dependem do quadrado do número de espiras por ranhura, ao passo que a
tensão induzida E (Equação 5.56) é linearmente dependente do número de espiras
por ranhura.
(5.45)
(5.46)
(5.47)
(5.48)
65
Para máquinas não salientes, da análise do diagrama de fasores da Figura
5.12, obtém-se a seguinte Equação:
(5.49)
Através do método de cálculo de β e pela substituição das Equações (5.45) e
(5.47) na Equação (5.49), escreve-se:
(5.50)
(5.51)
Finalmente, , o número de condutores por ranhuras
pode ser calculado como:
(5.52)
5.5.4 Número de espiras por fase
A partir do número de espiras por ranhuras obtém-se o número de espiras por
fase N:
(5.53)
66
5.5.5 Determinação do valor da corrente de pico I
Com base na Equação (5.30), e de posse do valor das espiras, obtêm-se a
corrente de pico I:
(5.54)
5.5.6 Determinação da seção nominal do condutor
Finalmente a área dos condutores é obtida através do quociente:
(5.55)
5.5.7 Determinação da tensão induzida E
A tensão induzida E é calculada conforme abaixo:
(5.56)
5.5.8 Determinação da resistência por fase
Como todas as espiras por fase estão fechadas em série a resistência por fase
pode ser calculada conforme exposto em Meier, (2008) através da Equação (5.57).
(5.57)
Onde kcoil representa uma constante da cabeça da bobina definida na
Tabela 5.11 .
67
Enrolamento
Distribuído
Enrolamento concentrado
camada única
Enrolamento concentrado
camada dupla
kcoil 1,46 0,93
fs 0,45 0,6 0,6
Tabela 5.11 - Fator para cabeça da bobina kcoil e fator de enchimento fs (Libert, 2004)
5.5.9 Tensão terminal
A tensão de terminal U é calculada a partir do circuito equivalente d-q
apresentado na Figura 5.14. As perdas no cobre não estão inclusas no circuito
equivalente.
Figura 5.14 - Circuito equivalente d-q(Meier, 2002)
Tensão do eixo q, Uq:
(5.58)
Tensão do eixo d, Ud:
(5.59)
Tensão de base: Ubase
(5.60)
68
5.5.10 Fator de potência
Fator de potência: cosϕ
(5.61)
5.5.11 Potência de saída
A potência de saída Pout é obtida para Id = Iq, conforme expressão abaixo:
(5.62)
5.6 Modelo de perdas
Em MSIP a parcela correspondente às perdas no cobre corresponde a maior
parte das perdas totais, isto é devido à baixa perda no rotor e a forma quadrática de
onda da distribuição da densidade de fluxo no entreferro. Nesta seção são
apresentadas as perdas resistivas do cobre e as perdas no ferro. As perdas adicionais
devido ao atrito não são incluídas, maiores detalhes são obtidos em Meier, (2002).
As perdas no cobre Pcu dependem da resistência ôhmica por fase obtida da
Equação (5.57) e do quadrado da corrente I obtido da Equação (5.54).
(5.63)
No circuito equivalente d-q a componente de perda no ferro Riron é
representada como um resistor em paralelo com a tensão induzida E. As perdas no
cobre do enrolamento são representadas por um resistor em série Rcu. A reatância de
69
dispersão do estator Lkeak é integrada ao circuito d-q em série com Rcu. A Figura 5.15
mostra o circuito equivalente com as perdas no ferro.
Figura 5.15 – Circuito equivalente d-q com as perdas no cobre e ferro (Meier, 2002)
A resistência de perdas no ferro pode ser modelada como duas resistências
em paralelo para corrente de efeito Eddy e a perdas por Histerese (Reddy e Rhyst,
respectivamente), como mostra a Figura 5.16.
Figura 5.16 - Resistência de perdas no ferro: Riron (Meier, 2002)
A corrente de Eddy e a resistência de Histerese podem ser calculadas para a
condição sem carga (corrente nula) como:
(5.64)
(5.65)
70
Como a tensão induzida E é proporcional a frequência elétrica f, (vide
Equação 5.56) e as perdas devido a corrente Eddy são proporcionais ao quadrado da
frequência elétrica (Peddy~f2), a corrente de resistência Eddy não depende da
frequência, Equação (5.66). Ao contrário, as perdas por histerese são apenas
proporcionais à frequência elétrica (Physt~f). A resistência de histerese Rhyst portanto
depende da frequência e pode ser calculada inclusive para a região de
enfraquecimento de campo como apresentado na Equação (5.67).
(5.66)
(5.67)
As perdas no ferro dependem do aço selecionado para o projeto sem
considerar as perdas no rotor. A soma algébrica das perdas por histerese e corrente de
eddy no dente do estator multiplicada pelo volume ferromagnético do dente
compõem uma parcela das perdas no ferro. A outra parcela é devido às perdas na
coroa do estator e pode ser calculada por meio da mesma propriedade da parcela das
perdas no dente. A expressão que representa as perdas totais no ferro é apresentada
na Equação (5.68).
) (5.68)
A seguir cada membro da Equação (5.68) é separadamente analisado. As
perdas de corrente eddy no dente e na coroa do estator são descritas nas Equações
(5.69) e (5.70) respectivamente. Onde βst é a constante de Steinmetz. As demais
constantes dependem da laminação do material. Valores típicos para os aços silícios
laminados estão descritos na Tabela 5.4.
71
(5.69)
(5.70)
Figura 5.17 - Fator de correção kq e kc (Meier, 2002)
Para a determinação das perdas por correntes de efeito eddy no dente do
estator recorre-se aos gráficos da Figura 5.17, no qual são apresentados os valores de
0,6
0,7
0,8
0,9
1
1,1
1,2
1,3
1,4
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Fato
r d
e co
rreç
ão k
q
Campo da ranhura / relação entreferro(τS/δ)
Fator de correção kq
hm∫δ=1,5
hm∫δ=3,0
hm∫δ=4,5
hm∫δ=6,0
1
1,1
1,2
1,3
1,4
1,5
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6
Fato
r d
e co
rreç
ão k
c
Fechamento da ranhura relativa (1/(2-kopen/2)
Fator de correção kc
τs∫δ=32,6
τs∫δ=16,8
τs∫δ=11,2
τs∫δ=8,4
τs∫δ=6,7
72
kq e kc. Estes valores dependem fundamentalmente da geometria do estator e foram
considerados: kq = 0,93 e kc = 1,38.
As Equações (5.67) e (5.68) representam as perdas por corrente eddy no dente
e na coroa respectivamente.
(5.71)
) (5.72)
Finalmente o rendimento da MSIP é expresso como o quociente entre a
potência de saída Pout e a soma de Pout, Pcu e Piron.
(5.73)
Abaixo, está representado nas Equações (5.74) e (5.75) uma proposta para
determinação do volume de aço ferromagnético do dente e da coroa do estator
respectivamente. Na Equação (5.76) é calculada a massa total de aço silício utilizado
na construção do estator (Boldea e Nasar, 2002).
Determinação do volume do dente: Vt
(5.74)
Determinação do volume da coroa: Vy
73
(5.75)
Determinação da massa do estator: mestator
(5.76)
5.7 Reação de armadura e proteção magnética
A densidade de fluxo no entreferro não depende somente do fluxo produzido
pelos imãs, mas também da reação de armadura que distorce a densidade de fluxo no
entreferro. Caso a corrente que atravessa as espiras do estator produza uma densidade
de fluxo senoidal, o valor de pico da reação de armadura Bδ,arm, no entreferro é:
(5.77)
A permeabilidade relativa do aço é assumida como infinito. A Equação (4.73)
mostra que a reação de armadura diminui com o aumento do entreferro δe (entreferro
ajustado pelo fator de Carter). Assim a reação de armadura para MSIP é
relativamente baixa pois o entreferro de motores de imãs permanentes é
relativamente grande comparativamente aos motores de indução.
Para que não haja a desmagnetização dos imãs a densidade de fluxo da reação
de armadura deve ser menor ou igual à diferença entre a densidade de fluxo no
entreferro acima dos imãs (Bm) e a densidade de fluxo de desmagnetização Bd
descrita na Tabela 5.2. A expressão para o exposto acima é apresentada abaixo:
74
(5.78)
A máxima corrente do estator para que não ocorra desmagnetização dos imãs
é determinada através da Equação (5.79):
(5.79)
5.8 Resultados dos valores obtidos no modelo analítico
Nesta seção são apresentados os resultados dos valores obtidos no modelo
analítico. Para alguns parâmetros a tabela compara os valores obtidos no modelo
analítico com os valores extraídos da maquina importada.
Parâmetros Magnéticos
Modelo
analítico
Máquina
importada
75
Densidade de fluxo no entreferro Bδ 0,976 [T]
Densidade de fluxo na coroa do estator Bsy 1,07 [T]
Densidade de fluxo no dente do estator Bst 1,56 [T]
Densidade de fluxo na coroa do rotor Bry 0,67 [T]
Parâmetros Elétricos
Área dos condutores Acond 4,175 4,169 [mm2]
Valor de pico da corrente de carga do
estator S 17534
[A/m]
Densidade de corrente J 7,35 7,20 [A/mm2]
Número de espiras por ranhura ns 5 5 [espiras]
Corrente de fase eficaz Ifase 30,67 30 [A]
Resistência ôhmica entre fases R 0,0184 0,018 [mΩ]
Indutância do eixo direto Ld 0,0893 [mH]
Indutância do eixo quadratura Lq 0,0893 [mH]
Indutância de dispersão Lleak 0,0819 [mH]
Indutância de magnetização Lm 0,0074 [mH]
Parâmetros de saída
Potência de saída Pout 1723,2 1693 [W]
Potência de entrada Pin 1866,9 1932 [W]
Rendimento η 0,923 0,876
Fator de potência cosϕ 0,963
Tabela 5.12 – Parâmetros obtidos no modelo analítico para a MSIP
76
6. Metodos de ensaios para determinação da Indutância
6.1 Medições de indutância em um MSIP sem sensor de posição
Os Métodos de ensaios apresentados neste capítulo foram baseados em Meier,
(2008). O controle de um MSIP requer o conhecimento de suas indutâncias. Além
disso, a determinação da capacidade de velocidade da máquina em operação na
região de enfraquecimento de campo depende fortemente do valor da indutância de
eixo. Uma estimativa precisa das indutâncias é fundamental para um controle
eficiente da máquina.
No entanto, esta estimativa é às vezes difícil, os valores das indutâncias d-q
dependem de fenômenos diferentes, tais como a saturação do ferro ou acoplamento
entre os dois eixos. Assim, os cálculos analíticos das indutâncias
podem ser imprecisos.
As simulações que utilizam MEF permitem a obtenção desses fenômenos
mais facilmente. Vários métodos estão disponíveis para estimar as indutâncias
através do MEF. Um método simples é calcular as indutâncias em uma simulação
estática de computação através da energia magnética armazenada. No entanto, as
influências do acoplamento do eixo d-q e a articulação de fluxo magnético não são
levados em consideração. Outra possibilidade é linearizar o problema através da
fixação da permeabilidade do material ferromagnético obtido a partir de uma
primeira simulação e calcular o problema novamente. As indutâncias podem então
ser calculadas a partir da co-energia que utiliza o método de perturbação de energia,
ou do fluxo concatenado. Alternativamente, com programas MEF e que permitem
acoplar um circuito para a geometria de malha, é possível calcular as indutâncias
77
reproduzidas com os métodos utilizados para as medições, com o método de rotor
bloqueado.
As indutâncias podem ser medidas por meio de métodos diferentes. Um
primeiro método comum é um teste em condições de paralisação com o rotor
bloqueado. Os enrolamentos são alimentados com tensão AC e as indutâncias são
indiretamente calculadas a partir da medição da potência reativa. As indutâncias são
calculadas pela integral das tensões e correntes medidas. As indutâncias de
acoplamento cruzado para todos os d-q-eixos e correntes podem ser definidas. Este
método requer uma configuração experimental complicada com um inversor de
controle de fonte de tensão. Outro método comum é o de analisar as medidas de
tensão e corrente com o motor em carga. Este método requer o conhecimento da
ligação do fluxo magnético e do ângulo de carga ou do ângulo entre fasor de corrente
e o eixo em quadratura.
Neste trabalho serão apresentados dois métodos com a paralisação AC, ou
seja com rotor bloqueado. Os métodos propostos requerem uma simples
configuração experimental, sem a necessidade de um sensor de posição. No primeiro
método de teste AC as indutâncias são calculadas a partir do fluxo concatenado.
Com a mesma configuração experimental, as indutâncias também podem ser
calculadas a partir da medição da potência reativa. Os métodos propostos podem ser
facilmente reproduzidos por meio do MEF.
6.2 Paralisação Métodos AC
Testes de paralisação são comumente usados para medir as indutâncias.
Existem diferentes maneiras de analisar os dados medidos obtidos a partir de um
78
teste de paralisação AC e então calcular as indutâncias. O primeiro método proposto,
conhecido como Método I, é baseado em medida indireta da ligação de fluxo. O
segundo método, Método II, é baseado na medição da potência reativa.
6.3 Indutâncias calculadas a partir do fluxo concatenado (Método I)
Neste método é utilizada uma fonte de tensão senoidal que alimenta as
bobinas. Sem qualquer sensor de posição a configuração experimental é ainda mais
simplificada. O neutro dos enrolamentos do motor testado não é acessível, duas fases
dos enrolamentos são conectadas em paralelo, como mostrado na Figura 6.1. As
indutâncias Ld e Lq, são calculadas a partir das tensões (ua, ub e uc) medidas e das
correntes (ia, ib e ic) medidas em cada fase dos enrolamentos, com o rotor bloqueado
em duas posições diferentes. A posição, chamado d-eixo, corresponde a um
alinhamento de fase com o eixo d, encontra-se a indutância Ld. A posição em
quadratura, a posição do eixo q, encontra-se a indutância Lq. A posição d-eixo é
encontrada pelo fornecimento de uma corrente DC aos enrolamentos quando o rotor
é desbloqueado.
79
Figura 6.1 - Configuração para o ensaio de rotor bloqueado para determinação dos valores de
indutâncias (Meier, 2008).
A fase de tensões ua, ub, uc são transformados nas suas componentes ud, uq
a partir da Transformação de Park :
(6.1)
Onde θ é a posição do rotor em radianos elétricos.
Desde que ub = uc, o d-q-eixos de tensões podem ser expressos como:
(6.2)
O ud e uq são diretamente proporcionais à tensão medida u, a posição
θ é constante desde que o rotor esteje bloqueado. As correntes, id e iq,
são calculadas a partir da Transformação de Park das correntes (ia, ib, ic) medidas.
Finalmente os fluxos ψd e ψq, podem ser calculados a partir da integral das tensões
(Equações 6.3 e 6.4):
80
(6.3)
(6.4)
Onde Ψm é a ligação de fluxo magnético independente do tempo desde que o
rotor esteje bloqueado. Os Ψdi e Ψqi são as ligações de fluxo criadas pelas correntes
em dq, respectivamente. O R é a resistência de fase. As constantes de integração são
calculadas para o fluxo de ligações Ψdi e Ψqi a zero , quando a corrente é zero.
Quando o rotor está na posição d-eixo, a indutância Ld pode ser calculada
a partir da Equação (6.3), neste instante q-eixo é posicionado de forma que seu valor
seja nulo. Da mesma forma, a indutância Lq pode ser calculada a partir da Equação
(6.4) para o qual d- eixo é posicionado no valor nulo. Em qualquer posição do rotor é
possível medir o efeito da cruz de acoplamento entre os eixos. No entanto este
método pode dar uma idéia da influência da cruz de acoplamento entre os eixos sobre
as indutâncias. Alguns valores das indutâncias de acoplamento cruzado podem ser
calculados para valores particulares das correntes. No entanto, sem o uso de um
sensor de posição é difícil encontrar uma exata posição diferente dos eixos d-q.
6.3.1 Vantagens e Desvantagens
Este método apresenta as seguintes vantagens:
Não há necessidade de acessar o ponto neutro do enrolamento;
A saturação do ferro é levada em conta;
As indutâncias podem ser medidas em função dos eixos d-q;
O método é fácil de implementar com um programa de MEF;
81
A indutância Ld pode ser encontrada sem saber da ligação de fluxo
magnético Ψm.
As desvantagens são:
Quando o motor possui muitos pólos, é difícil posicionar o rotor com
precisão quando não há sensor de posição;
É necessário um osciloscópio;
Há o perigo de desmagnetizar os imãs.
6.4 Indutâncias calculadas a partir da potência reativa (Método II)
A configuração para este ensaio é a mesma utilizada no Método I, o rotor é
bloqueado e duas fases são ligados em paralelo, como mostra na Figura 6.1. As
indutâncias Ld e Lq são calculadas a partir das medições da potência reativa eficaz e
frequência.
(6.5)
(6.6)
O valor da corrente eficaz é variado até o valor da corrente nominal.
6.4.1 Vantagens e Desvantagens
Este método apresenta algumas vantagens:
Apenas um equipamento de medição é necessário;
É simples obter os valores de corrente e potência por meio de um
instrumento de medição.
82
As desvantagens são:
Não é possível encontrar a indutância de acoplamento cruzado;
Há o perigo de desmagnetizar os imãs.
83
7. Comprovação Experimental
Serão apresentados aqui os resultados de ensaios realizados com a máquina
síncrona de imã permanente para verificação da consistência dos modelos e equações
apresentadas no Capítulo 5. Foram realizados os ensaios de resistência ôhmica,
ensaio a vazio e tensão induzida com a máquina em modo gerador. O ensaio a rotor
bloqueado para determinação da indutância da máquina não foi realizado devido às
limitações do controlador BAC 282 o qual não seria capaz de fornecer à máquina
corrente nominal. Tal premissa implicaria em resultados não confiáveis para o
parâmetro em questão.
7.1 Ensaio de resistência ôhmica
Resistência Ôhmica entre fases [mΩ] Ensaio 0,018
Modelo Analítico 0,0184
Tabela 7.1 - Comparação entre ensaio e modelo analítico para resistência ôhmica
7.2 Ensaio a Vazio
Os equipamentos utilizados nesta montagem foram:
Máquina de corrente contínua: Marca Weg, potência 1,0 kW; rotação
1800 rpm, armadura, 230V – 5,5 A; campo, 190V – 1,15 A, excitação
independente;
84
Variador de tensão do tipo de escovas (“Variac”), marca Varivolt, tipo
bancada, núcleo toroidal, potência 5 kVA, tensão de entrada 220V 3~
60Hz, tensão de saída 0 a 240V;
Variador de tensão do tipo de escovas (“Variac”), marca Ault, tipo
bancada, núcleo toroidal, potência 2,3 kW, tensão de entrada 220V
3~ 60Hz, tensão de saída 0 a 240V;
Osciloscópio digital, marca DMA, modelo DMA Scope – tensão
máxima de pico 600V;
Alicate Wattímetro, marca Minipa, modelo ET-4080;
Tacômetro Digital, marca Instrutherm, modelo TD-704.
A Tabela 7.2 mostra os valores obtidos do ensaio a vazio.
Rotação
[RPM]
f
[Hz]
Tensão
Linha
[V]
Corrente
Linha
[A]
FP
Potência
Ativa
[W]
Potência
Aparente
[VA]
Potência
Reativa
[VAR]
814 312,4 34,7 3,4 0,789 160 200 120
596 226,3 25,6 2,7 0,969 130 130 30
394 151,2 17,2 2,6 0,706 60 80 60
212 81 9,4 1,8 0,962 30 30 10
111 42,4 5,5 1,2 0,345 - 10 10
Tabela 7.2 – Valores obtidos do ensaio a vazio
Na Figura 7.1 é apresentada a curva da rotação em função da tensão para o
ensaio a vazio.
85
Figura 7.1 – Curva de ensaio a vazio tensão e rotação
Na Figura 7.2 é apresentada a curva da frequência em função da tensão para o
ensaio a vazio.
0
5
10
15
20
25
0 200 400 600 800 1000
Tensão de fase [Vef]
n [rpm]
Ensaio a vazio Tensão e rotação
Tensão e rotação
86
Figura 7.2 – Curva de ensaio a vazio tensão e frequência
7.3 Ensaio da tensão induzida
Montagem do experimento:
O objetivo deste ensaio é determinar a tensão induzida nos terminais da
máquina quando esta opera como gerador. Este valor é fundamental para validação
do modelo proposto. Para este ensaio foi desenvolvido um suporte para fixação da
MSIP em uma base. A disposição foi tal que o atrito entre o pneu e a roldana fixa ao
eixo da máquina CC permitisse a transferência de rotação.
A Figura 7.1 mostra a montagem do dispositivo e o acoplamento utilizado no
ensaio.
0
5
10
15
20
25
0 100 200 300 400
Vfase [Vef ]
f [Hz]
Ensaio a vazio Tensão e frequência
Tensão e frequência
87
Figura 7.3 - Detalhe do acoplamento entre o pneu e a roldada do motor de corrente contínua
que fornece energia mecânica para a MSIP em operação como gerador.
A Figura 7.4 mostra os valores obtidos através do osciloscópio, observa-se a
forma de onda senoidal da máquina síncrona de imãs permanentes.
Figura 7.4 - Forma de onda da tensão induzida: Senoidal.
88
Os resultados são apresentados na Tabela 7.3, a qual compara com os valores
obtidos no modelo analítico.
Rotação
[RPM]
f
[Hz]
Tensão
Linha
[V]
Tensão
Fase
[V]
Ensaio 852,9 325,7 34,8 20,1
Modelo Analítico 850 325,2 36,8 21,2
Tabela 7.3 – Comparação entre ensaio e modelo analítico para tensão induzida E
A Figura 7.5 apresenta os resultados experimentais comparados ao modelo
analítico para a tensão nos terminais da máquina.
Figura 7.5 – Curva dos resultados experimentais de tensão.
O valor da tensão nos terminais da máquina em modo gerador foi medido
através do alicate Wattímetro e osciloscópio. O osciloscópio mostra que a forma de
onda da tensão induzida é senoidal e tem valor eficaz de 20,28 [V] entre fases, para a
frequência de 325,68 [Hz] conforme a Figura 7.2.
O valor da tensão de linha é portanto 35,12 [V]. O valor de pico da tensão de
fase é 28,68 [V].
-30,00
-20,00
-10,00
0,00
10,00
20,00
30,00
-0,001 0,000 0,001 0,001 0,002 0,002 0,003 0,003 0,004
Vfase [V]
t [seg]
Modelo analítico x Ensaio
Modelo analítico Ensaio
89
O modelo analítico foi baseado em uma tensão de pico de 29,39 [V] numa
frequência de 325 [Hz].
7.4 Implementação do motor em uma Scooter
Esta seção trata da implementação do motor importado em uma Scooter. O
motor de combustão interna foi retirado assim como todos os componentes
relacionados ao sistema de transmissão. A Figura 7.6 apresenta o motor síncrono
acoplado ao cubo da roda traseira de uma Scooter que foi fixado ao quadro principal
da motocicleta através de um quadro elástico adaptado.
Figura 7.6 – MSIP no cubo montado em uma Scooter.
Para esta aplicação foram utilizadas baterias de chumbo ácido regulada por válvula
(VRLA) 12V/9Ah a imagem de uma bateria pode ser vista na Figura 7.7. A
associação em série de quatro baterias fornece uma tensão de 48[V]. Para este
protótipo foram utilizados quatro bancos de 48[V] ligados em paralelo, conforme
mostra a Figura 7.8.
90
Figura 7.7 - Bateria de chumbo acido VRLA 12V/9Ah. Disponível em:
http://www.atmpower.com.br/. Acesso em 28 de Nov 2011.
Figura 7.8 – Diagrama unifilar de ligação do conjunto de 16 baterias
91
Figura 7.9 – Detalhe de fixação do conjunto de 16 baterias
Na Tabela 7.4 são mostradas as características de descarga em Watts por
monobloco de bateria, e na Figura 7.13 tem-se a curva de descarga do conjunto com
as 16 baterias utilizadas.
Tabela 7.4 – Características de descarga da bateria 12V-9Ah. Disponível em:
<http://www.atmpower.com.br/> Acesso em 28 de Nov 2011.
92
A Figura 7.10 mostra o controlador importado utilizado nesta aplicação.
Trata-se do módulo de controle BAC-0282 com tensão de alimentação 48[V] e
corrente máxima de 30[A].
Figura 7.10 – Modulo de controle BAC-0282. Disponível em:
<http://www.gondenmotor.com>.Acesso em 28 de Nov 2011.
O diagrama de ligação para este controlador é apresentado na Figura 7.11.
93
Figura 7.11 – Diagrama de ligação do modulo de controle BAC-0282. Disponível em:
<http://www.gondenmotor.com/.>Acesso em 28 de Nov 2011.
A Figura 7.12 mostra o resultado da implementação do motor na motocicleta
e ilustra o protótipo da Scooter 100% elétrica finalizada.
94
Figura 7.12 - Motocicleta Scooter com o motor síncrono de imã permanente acoplado ao
cubo da roda.
Era previsto uma velocidade final de 60 [km/h] devido a rotação de 850 [rpm]
e pelo diâmetro do pneu. No entanto a velocidade limite atingida foi 40 [km/h].
Provavelmente porque o conversor é limitado a fornecer uma corrente máxima de 30
[A], quando seria necessário uma corrente de 50 [A].
7.5 Testes e Consumo
A Figura 7.13 indica a descarga das baterias em relação potência consumida.
95
Figura 7.13 – Curva de descarga do conjunto das baterias utilizadas.
A Tabela 7.5 indica teste realizado na Scooter no dia 02/12/2011 para verificar
autonomia e consumo.
TESTE EM 02/12/2011
LOCAL Pit Stop Kart – Via Prudente - São Paulo
CLIMA Frio / Garoa / 16°C
PISTA 340 metros
DESNIVEL MÁXIMO 3 metros
TOTAL DE VOLTAS 41 voltas
PERCURSO 14km
TEMPO 45 minutos
VELOCIDADE MAXIMA 35km/h
CUSTO POR km R$ 0,012
Tabela 7.5 – Tabela de teste realizado na Scooter
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
5 10 15 30 60 120
Po
tên
cia
(W
)
Tempo (min.)
CURVA DE DESCARGA PARA 16 BATERIAS
96
8. Conclusão
A proposição deste trabalho é o projeto de um motor BLDC, com
características de potência, rotação e torque especificadas. Para tanto o modelo
analítico e procedimentos de projeto apresentados aqui atendem a premissa inicial e
permitem o projeto e construção deste tipo de máquina elétrica.
O motor utilizado como modelo e adquirido no mercado externo (China) foi
justificado, pois este tipo de máquina não é ainda disponível no mercado interno. A
partir dos dados de referência obtidos da máquina em estudo, a reengenharia conduz
ao projeto que resulta em uma máquina bastante semelhante, o que mostra na teoria a
confiabilidade do método exposto neste trabalho.
Experimentos práticos de aquisição de dados referentes à rotação, frequência,
tensão induzida e resistência ôhmica indicam valores muito próximos dos valores
projetados. Embora o ensaio de rotor bloqueado não tenha sido efetuado, os demais
parâmetros obtidos neste trabalho apontam para um modelo analítico confiável do
ponto de vista do Projeto da MSIP. O ensaio de rotor bloqueado pode ser uma
alternativa de trabalhos futuros.
A aplicação deste tipo de máquina (MSIP) na Scooter montada para esta
finalidade satisfaz o objetivo proposto.
A motorização da Scooter resulta em um desempenho satisfatório a partir dos
resultados obtidos com o motor adquirido para o protótipo.
Ainda sobre a aplicação proposta, observou-se a possibilidade de regeneração
de energia durante a desaceleração da Scooter, o que resultaria em maior autonomia
para o protótipo. Porém, como não foi possível essa comprovação durante a
97
execução do protótipo, devido a limitação de tempo e recursos, é uma alternativa
para trabalhos futuros.
Propõe-se a continuidade deste trabalho com o aumento da autonomia da
Scooter para torná-la comercialmente viável através de melhorias na forma de
armazenamento de energia com baterias de maior eficiência para a aplicação
proposta. Sugere-se, ainda, o aumento da abrangência em um novo projeto e
construção de motores que possam substituir as rodas de um automóvel
convencional. E por fim, uma análise computacional da máquina em estudo através
do MEF com a inclusão de uma análise térmica e a determinação dos parâmetros da
máquina e sua comparação com os obtidos no modelo analítico.
98
9. Referências bibliográficas
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and Electronic Enginnering. Baiona, Spain September, 2005.
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Permanente Utilizando o Método dos Elementos Finitos. 2007. 115 f. Dissertação
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1994.
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[22] WANDERLEY, Marcelo Mortensen. Hall Effect. Disponível em:
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56800/E Digital Signal Controllers. Disponível em:
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2011.
102
APENDICE
A – Definição do Torque Eletromagnético
Figura A1 – Definição do torque eletromagnético Tem atuando sobre o rotor. O torque é
definido com um elemento de força periférica dF exercido sobre um elemento linear de
densidade de corrente IdL, (Pyrhönen et al., 2008).
Desde que a força periférica seja tangencial em todos os lugares, a soma
vetorial ao redor do rotor é zero, ainda que possam ser empregados no cálculo do
torque. A força periférica de uma máquina é resolvido integrando a linha dF em
torno da superficie do rotor ao longo de um ângulo de 0 a 2πp. Ao mesmo tempo,
obtém-se o torque eletromagnético da máquina multiplicando-se os valores obtidos
por força do diâmetro do raio do rotor (r ≈ D / 2).
(A.1)
A solução da integral é a expressão do torque eletromagnético:
(A.2)
103
B Transformada de Park
B.1 Transformada de Park
A transformação matemática formal das grandezas trifásicas de estator em
suas componentes de eixo direto e em quadratura (transformação linear de variáveis)
é apresentada. Em seguida, essas transformações são usadas para expressar as
equações que governam uma máquina síncrona em termos de grandezas dq0
(Fitzgerald, 2006).
B.2 Transformação para variáveis de eixo direto em quadratura
Para fins de análise, a distribuição senoidal das grandezas de armadura pode
ser decomposta em tantas distribuições senoidais quantas queiramos. Em particular,
pode-se decompô-la em duas distribuições ortogonais: uma alinhada com o eixo do
enrolamento de campo, a componente do eixo direto, e a outra em quadratura com o
eixo do enrolamento de campo, a componente de eixo em quadratura (Jordão, 1980).
Está transformação é útil do ponto de vista da análise da interação das ondas de fluxo
e FMM de rotor e estator, independente de se há ou não efeitos devidos às saliências
presentes. Quando as grandezas de estator são transformadas em grandezas
equivalentes que giram em sincronismo com o rotor, então, essas interações tornam-
se, em regime permanente, as que existem entre ondas constantes de FMM e de
fluxo, separadas por um ângulo espacial constante. Esse é o ponto de vista que
corresponde ao de um observador postado no sistema de referência do rotor.
(Fitzgerald, 2006).
104
Figura B.1 – Maquina síncrona ideal (Fitzgerald, 2006)
Se S representar uma grandeza de estator que deve ser transformada (corrente,
tensão ou fluxo), então a transformação em forma matricial pode ser escrita da
seguinte forma:
(B.1)
E a transformação inversa como:
(B.2)
Aqui a letra S refere-se à grandeza que deve ser transformada e os índices d e
q representam o eixo direto e o eixo em quadratura, respectivamente. Uma terceira
componente, a componente de sequência zero, também está inclusa. Está
105
componente é necessária para que se obtenha uma transformação única das três
grandezas de fase do estator. Ela corresponde às componentes da corrente de
armadura que produzem fluxo líquido nulo de entreferro e, portanto, nenhum fluxo
líquido que concatene os circuitos do rotor.
Uma máquina síncrona de dois pólos está conduzindo correntes trifásicas
equilibradas de armadura.
(B.3)
(B.4)
(B.5)
O rotor está girando na velocidade síncrona e o eixo direto do rotor está
alinhado com o eixo da fase a do estator, no tempo t=0. (Fitzgerald, 2006).
Solução:
Transformada,
=
.K.( . )+ . .
)+ . .
)) (B.6)
=
.K.( . )+ . .
)+ . .
)) (B.7)
Transformada Inversa,
=
.( . )+ . . )) (B.8)
=
.( . .
)+ . .
)) (B.9)
=
.( . .
)+ . .
(B.10)
106
C – Curva de ensaio fornecida pelo fabricante
Figura C1 - Curva de ensaio fornecida pelo fabricante
107
D – Disciplinas relacionadas
CÁLCULOS
MECÂNICA DOS SÓLIDOS
DINÂMICA DOS SÓLIDOS
ELETRICIDADE BÁSICA
DESENHO TÉCNICO
METODOLOGIA DO TRABALHO ACADÊMICO
MÉTODOS DE PESQUISA
ELETRÔNICA BÁSICA
MATERIAIS ELÉTRICOS
CIRCUITOS ELÉTRICOS
CIRCUITOS ELÉTRICOS APLICADOS
ELETROMAGNETISMO
LINHAS DE TRANSMISSÃO
GERADORES E MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA
MÁQUINAS ELÉTRICAS
COMPLEMENTO DE MÁQUINAS ELÉTRICAS
ELETRÔNICA DE POTÊNCIA
108
E – Cronograma
Figura E1 – Cronograma.