Movimentacao_cargas_rev2008

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 Rogério Marques 1  Apontamentos de Movimentação de Cargas (Manual e Mecânica) Rogério Paulo Mendes Marques 1  [email protected] Revi st o e actualizado em Janeir o de 2008 1  Oficial da Marinha (Máquinas), Especialização em Sistemas de Gestão Ambiental e Auditorias Ambientais pelo ISCSS; Técnico Superior de SHT (nível 5 CE); Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Gestão Integrada de Sistemas – Inst. Piaget - e do Curso de Pós-graduação em Gestão da SST e Gestão Integrada de Sistemas da SGS-Portugal; Auditor Coordenador de Sistemas de Gestão Ambiental (ISO 14001), de Sistemas de Gestão da SST (OHSAS 18001) e de Sistemas de Gestão Integrados (QAS) para a SGS/ICS; Verificador ambiental EMAS e CELE para a SGS/ICS; Professor convidado da Univ. Açores (Mestrado de Ambiente e SST). Consultor.

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  • Rogrio Marques 1

    Apontamentos de

    Movimentao de Cargas (Manual e Mecnica)

    Rogrio Paulo Mendes Marques1

    [email protected]

    Revisto e actualizado em Janeiro de 2008

    1 Oficial da Marinha (Mquinas), Especializao em Sistemas de Gesto Ambiental e Auditorias Ambientais pelo ISCSS; Tcnico Superior de SHT (nvel 5 CE); Coordenao do Curso de Ps-Graduao em Gesto Integrada de Sistemas Inst. Piaget - e do Curso de Ps-graduao em Gesto da SST e Gesto Integrada de Sistemas da SGS-Portugal; Auditor Coordenador de Sistemas de Gesto Ambiental (ISO 14001), de Sistemas de Gesto da SST (OHSAS 18001) e de Sistemas de Gesto Integrados (QAS) para a SGS/ICS; Verificador ambiental EMAS e CELE para a SGS/ICS; Professor convidado da Univ. Aores (Mestrado de Ambiente e SST). Consultor.

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    NDICE

    NDICE 2

    1. INTRODUO. 4

    1.1 FINALIDADE E OBJECTIVOS. 5

    2. MOVIMENTAO MANUAL DE CARGAS 7

    2.1 GENERALIDADES 7

    2.2 SINISTRALIDADE NA MOVIMENTAO MANUAL DE CARGAS 7

    2.3 CRITRIOS LEGAIS E TCNICOS 8

    2.3.1 ELEMENTOS DE REFERNCIA NA AVALIAO DO RISCO 9 2.3.2 CONDICIONALISMOS LEGAIS PARA MULHERES E JOVENS 10 2.3.3 AVALIAO DO RISCO NA MOVIMENTAO DE CARGAS 11

    2.4 ESFORO E FADIGA 13

    2.5 ASPECTOS ANATMICOS E FISIOLGICOS 14

    2.6 TCNICAS DE ELEVAO. 18

    2.7 MEDIDAS DE PREVENO. 20

    2.7.1 MEDIDAS ORGANIZATIVAS. 20 2.7.2 PRECAUES ANTES DA OPERAO. 20 2.7.3 PRECAUES NA REALIZAO DA OPERAO. 21 2.7.4 A UTILIZAO DE EQUIPAMENTOS AUXILIARES. 23

    3. MOVIMENTAO MECNICA DE CARGAS. 26

    3.1 EQUIPAMENTOS DE FUNCIONAMENTO CONTNUO EM PERCURSO PR-ESTABELECIDO.26

    3.1.1 TRANSPORTADORES DE TELAS OU DE CORREIAS. 26 3.1.2 TRANSPORTADORES DE ROLOS 30 3.1.3 TRANSPORTADORES POR GRAVIDADE (OU DE PLANO INCLINADO) 31 3.1.4 TRANSPORTADORES POR ELEVADORES DE COPOS OU CESTOS 31 3.1.5 TRANSPORTADORES AREOS EM CADEIA 32 3.1.6 TRANSPORTADORES DE PARAFUSO SEM FIM 33

    3.2 EQUIPAMENTOS DE FUNCIONAMENTO DESCONTNUO DE MOVIMENTAO LIMITADA 33

    3.2.1 PRINCIPAIS RISCOS ASSOCIADOS E MEDIDAS DE PREVENO 33 3.2.2 CARACTERISTICAS DOS ACESSRIOS DE ELEVAO E LINGAGEM. 39 3.2.3 OUTROS EQUIPAMENTOS DE ELEVAO 43

    3.2 EQUIPAMENTOS MVEIS DE FUNCIONAMENTO DESCONTNUO 45

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    3.2.1 TIPOS DE EQUIPAMENTOS 45 3.3.2 RISCOS COMUNS E MEDIDAS DE PREVENO 46

    3.4 REGIME LEGAL DE MQUINAS E EQUIPAMENTOS DE TRABALHO 52

    RESPOSTAS S QUESTES DE AUTO-AVALIAO. 55

    BIBLIOGRAFIA 55

    ANEXO I - REVISES SOBRE TRIGONOMETRIA 56

    ANEXO II - DISTRIBUIO DO PESO POR DIVERSOS ESTROPOS QUE SUSPENDEM UMA CARGA 57

    ANEXO III - TABELAS DE CABOS E CORRENTES 59

    ANEXO IV CERTIFICADOS DE ACESSRIOS 62

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    1. INTRODUO.

    Estima-se que a movimentao de cargas representa, numa parte significativa dos ciclos de produo industrial, cerca de 60 a 85% do tempo de produo, atingindo a movimentao de materiais, em determinadas indstrias, cerca de 50 toneladas por cada tonelada de produto acabado.

    Por outro lado, no que se refere acidentalidade laboral, a movimentao de cargas apontada como responsvel por cerca de 30% dos acidentes, distribudos da seguinte forma:

    - 8.8% por queda de objectos.

    - 7.8% no levantamento de cargas (manual/mecnico).

    - 4.9% por entalamento entre objectos.

    - 4.25 resultantes de manobras com veculos.

    - 3.2% por choques com objectos.

    - 1.8% por outras causas.

    Deste modo, essencial ter em considerao a movimentao de materiais, quer para atenuar os tempos dos ciclos de fabricao e consequentemente os custos, mas particularmente na preveno e reduo da sinistralidade.

    Uma das medidas que deve estar sempre presente nas preocupaes dos responsveis a da substituio da movimentao manual de cargas pela movimentao mecnica. Contudo, esta soluo nem sempre vivel devido ao lay-out das instalaes existentes e outros condicionalismos.

    A formao peridica do pessoal na movimentao manual e mecnica de cargas, um factor essencial na preveno de acidentes nesta rea de actividade.

    Outros factores a ter em conta na resoluo dos aspectos anteriormente citados so :

    - Dispor de facilidades adequadas de recepo, armazenagem, distribuio e expedio de materiais.

    - A facilidade de acesso a mquinas e outros equipamentos de trabalho.

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    - A existncia de espaos adequados, de caminhos bem identificados e directos entre os locais de movimentao.

    - A existncia de equipamentos de movimentao adequados.

    1.1 FINALIDADE E OBJECTIVOS.

    Finalidade

    Este texto de apoio, tem por fim providenciar, aos participantes do Curso de Gesto da Segurana, Higiene e Sade no Trabalho, informao sobre a movimentao manual e mecnica de cargas na perspectiva dos riscos envolventes, dos equipamentos mais utilizados e das medidas de preveno a considerar, de forma a habilit-los com os conhecimentos necessrios, para no mbito das suas funes, promoverem a preveno e consequente reduo dos acidentes e das doenas profissionais caractersticas destas actividades.

    Objectivos

    No final do estudo deste tpico, os formandos ficaro aptos a :

    - Reconhecer a legislao sobre a movimentao manual de cargas.

    - Enunciar os principais riscos inerentes movimentao manual de cargas.

    - Identificar as leses, mais frequentes, resultantes das operaes de movimentao manual de cargas..

    - Descrever a tcnica correcta de movimentao manual de cargas.

    - Identificar os equipamentos mecnicos mais utilizados na movimentao de cargas.

    - Associar os riscos inerentes e as respectivas medidas de preveno a cada um dos equipamento mecnicos de movimentao de cargas.

    - Reconhecer a importncia da manuteno e das inspeces peridicas dos equipamentos mecnicos de movimentao mecnica de cargas na preveno da sinistralidade.

    - Reconhecer a legislao relativa aos equipamentos de movimentao mecnica de cargas.

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    Guia de estudo

    Ao longo do texto sero formuladas algumas Questes de Auto-Avaliao (QAA), a que os formandos devero responder, medida que vo aparecendo. Estas questes tm por fim estimular uma leitura atenta, contribuindo para que os objectivos anteriormente enunciados sejam alcanados.

    No final do texto, so fornecidas as respectivas respostas. Se do confronto da resposta escrita pelo formando, com a resposta dada, resultarem discrepncias acentuadas, o assunto (s) relacionado dever ser relido antes de se avanar para o seguinte.

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    2. MOVIMENTAO MANUAL DE CARGAS

    2.1 GENERALIDADES

    Desde sempre o homem tem lutado com o objectivo de aperfeioar o seu trabalho, de modo a obter melhores resultados com menores esforos.

    Desta aco observa-se que foram dados grandes passos na histria evolutiva do trabalho, mas constata-se, igualmente, que ainda h muito por fazer.

    Mesmo com os avanos tcnicos e tecnolgicos verificados, a movimentao manual de materiais ainda uma tarefa muito comum em vrios sectores da indstria, do comrcio e da agricultura.

    Esta actividade reconhecida como uma causa importante de doenas profissionais, dando origem a leses musculo-esquelticas, especialmente na zona lombar.

    A necessidade da movimentao manual de cargas deriva de vrios factores, de que se podem destacar as disponibilidades financeiras das empresas, a complexidade das operaes a realizar, o lay-out das instalaes, a facilidade de adaptao ao objecto a movimentar, a velocidade necessria nas operaes, etc.

    A actividade de movimentao manual de cargas, que engloba o puxar, empurrar, elevar, transportar e arriar cargas um trabalho que se pode classificar de penoso, tendo implcito elevados esforos estticos de que resulta o desgaste e deteriorao dos discos intervertebrais, para alm de possveis distenses musculares.

    2.2 SINISTRALIDADE NA MOVIMENTAO MANUAL DE CARGAS

    Os sobre esforos, as posturas incorrectas e a movimentao repetitiva so os principais factores de leses na coluna, tais como lombalgias, hrnias discais e citica. Esta resulta de entorse articular, normalmente em consequncia da hrnia discal.

    Outros riscos associados movimentao manual de cargas so ferimentos nos ps e extremidades inferiores por queda de objectos, por caminhar sobre ou chocar contra objectos cortantes e feridas e contuses nas mos, provocadas por objectos penetrantes ou contundentes.

    Estes riscos podem ser limitados pela utilizao de equipamentos de proteco individual (capacetes, luvas e calado de proteco), ou recorrendo a aparelhos auxiliares.

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    Contudo, a soluo est sempre que possvel, na mecanizao e automatizao da elevao e transporte de cargas.

    A sinistralidade resultante da movimentao manual de cargas, difcil de precisar e quantificar.

    Isto deve-se a apenas se considerarem as leses lombares ou discopatias, ou considerar igualmente outras distenses noutras partes do corpo (ombros, braos, etc.), ou ainda ter em conta as contuses, golpes, quedas e luxaes devidas ou tendo por causa o inadequado movimento dos materiais.

    Sendo difcil considerar todas as variveis, para a estatstica das consequncias de uma incorrecta manipulao de materiais, a maior parte dos estudos restringem-se s doenas lombares ou discopatias, de forma a obter dados minimamente fiveis.

    Dos diversos estudos internacionais, conhecidos, citam-se alguns dos mais significativos de modo a retractar um problema muitas vezes insuficientemente considerado na identificao de riscos nas nossas empresas.

    Um estudo efectuado por KRAMER, indica que, na populao considerada, as leses nos discos intervertebrais so causa de 20% do absentismo e de 50% das reformas antecipadas.

    O National Institute of Occupational Safety and Health (NIOSHA), apresentou num estudo nos EUA, os seguintes valores :

    Segundo as queixas dos trabalhadores o sobre esforo a causa de mais de 60% das dores na zona lombar.

    As leses por sobre esforo representam cerca de 25% de todas as doenas profissionais.

    De todas as leses por sobre esforo, cerca de 65% devem-se elevao de cargas e 20% a puxar e empurrar.

    Na UE, as estimativas indicam que as doenas devidas a sobre esforos, posturas incorrectas e micro traumatismos repetitivos, representam entre 20 e 25% do total dos acidentes de trabalho.

    2.3 CRITRIOS LEGAIS E TCNICOS

    A Directiva 90/269/CEE, de 29 de Maio, transposta para a legislao interna pelo Decreto Lei 330/93, de 25 de Setembro, estabelece as prescries mnimas de segurana e de sade na movimentao manual de cargas.

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    A Directiva define a movimentao manual de cargas como qualquer operao de transporte e sustentao de uma carga por um ou mais trabalhadores (incluindo o levantar, colocar, empurrar, puxar e transportar ou deslocar uma carga).

    Ao empregador atribuda a obrigatoriedade de adoptar medidas de organizao adequadas ou de utilizar os meios apropriados, nomeadamente equipamentos mecnicos de modo a evitar a movimentao manual de cargas pelos trabalhadores.

    2.3.1 ELEMENTOS DE REFERNCIA NA AVALIAO DO RISCO

    Indicam-se seguidamente alguns dos elementos de risco apontados na legislao citada. Na avaliao do risco da movimentao manual de cargas e das condies de segurana e de sade, o empregador deve considerar:

    As caractersticas da carga

    Existe risco, especialmente, dorso-lombar quando:

    - A carga demasiado pesada, se superior a 30Kg em operaes ocasionais e superior a 20Kg em operaes frequentes.

    - A carga muito volumosa ou difcil de agarrar.

    - A carga est em equilbrio instvel ou com um contedo sujeito a deslocaes.

    - A carga est colocada, de tal modo, que tem de ser manipulada ou mantida distncia do tronco, ou com flexo ou toro do tronco.

    O esforo fsico exigido

    Pode representar risco, quando :

    - Seja excessivo para o trabalhador.

    - Apenas possa ser realizado mediante um movimento de toro do tronco ou implicar um movimento brusco da carga.

    - Seja efectuado com o corpo em posio instvel.

    Caractersticas do local de trabalho

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    O risco poder ser maior, nomeadamente dorso-lombar, nas seguintes situaes:

    - O espao livre insuficiente, nomeadamente vertical, para a actividade em causa e/ou no permite a movimentao manual a uma altura segura ou numa postura correcta.

    - O pavimento irregular ou desnivelado, implicando risco de tropees ou de escorregadelas ou movimentao em diferentes nveis.

    - A temperatura, a humidade ou a circulao de ar inadequada.

    Exigncias da actividade

    Podem representar risco, quando:

    - Os esforos fsicos so muito frequentes ou prolongados, com solicitao da coluna vertebral e perodos de descanso e recuperao insuficientes.

    - A cadncia no possa ser controlada pelo trabalhador.

    - So grandes as distncias de elevao, abaixamento ou transporte.

    Factores individuais

    O trabalhador pode correr riscos por :

    - Inaptido fsica e/ou falta de formao/informao.

    - Inadequao de vesturio ou EPI.

    NOTA : Incumbe tambm ao empregador o fornecimento de informao sobre os riscos da incorrecta movimentao manual de cargas, do peso, e outras caractersticas da carga. O empregador deve igualmente providenciar formao e informao sobre a movimentao correcta de cargas.

    2.3.2 CONDICIONALISMOS LEGAIS PARA MULHERES E JOVENS

    Na movimentao manual de cargas, a legislao referente s mulheres estabelecida na Portaria 186/73, de 13 de Maro, que estabelece a carga mxima de 27Kg para operaes ocasionais e de 15Kg para operaes regulares.

    A mesma portaria estabelece, ainda, a carga mxima de 10Kg durante a gravidez e at trs meses aps o parto.

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    A Portaria 715/93, de 03 de Agosto, limita a 10kg o peso mximo na movimentao manual de cargas para jovens de 14/15 anos (m/f) e a 15Kg para jovens de 16/17 anos (m/f).

    2.3.3 AVALIAO DO RISCO NA MOVIMENTAO DE CARGAS

    Podem aplicar-se diversas metodologias para a avaliao dos riscos de leses provocadas pela movimentao manual de cargas. Uma delas, eventualmente a mais habitual, a difundida pela Health and Safety Executive e que consiste basicamente em avaliar os riscos, observando a tarefa, comparando-a com o diagrama abaixo. Este diagrama d indicaes dos valores mximos admissveis de peso para a elevao e abaixamento de cargas, em funo da posio em que se encontram relativamente ao corpo do trabalhador e em funo da distncia a que as mos tm de estar do tronco, para segurar a carga.

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    Nesta avaliao deve considerar-se a situao mais desfavorvel da tarefa em observao e considera-se a preenso do objecto com as duas mos em simultneo e a regularidade da superfcie de trabalho e do pavimento.

    Estes valores so considerados para tarefas pouco frequentes (menos de 30 operaes ou movimentos por hora). Se a frequncia das operaes for superior, devem considerar-se as seguintes correces:

    1 a 2 operaes por minuto reduo de 30% nestes valores 5 a 8 operaes por minuto reduo de 50% mais de 12 operaes por minuto reduo de 80%

    Por norma, no devem ser autorizadas tarefas que impliquem a movimentao de cargas que excedam o dobro da carga referida, sem que haja uma anlise aprofundada da situao.

    Altura do ombro

    HOMENS MULHERES

    Altura do ombro

    Altura do cotovelo

    Altura da anca

    Altura da canela

    Altura do cotovelo

    Altura da anca

    Altura da canela

    Distncia do tronco

    Distncia do tronco

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    2.4 ESFORO E FADIGA

    Durante o esforo muscular, os vasos sanguneos do tecido muscular so comprimidos, diminuindo o fluxo sanguneo e consequentemente o fornecimento de oxignio e de acar.

    Surge ento a fadiga, que tem consequncias gravosas, no s porque reduz a eficincia do trabalho, como favorece o aparecimento de acidentes. A frequncia destes acidentes geralmente elevada e aumenta para o fim do dia de trabalho.

    O sangue o veculo de transporte da glicose e do oxignio, elementos indispensveis a todo o trabalho muscular. O sangue evacua, tambm, os resduos da reaco de oxidao da glicose, que tem lugar durante o trabalho muscular.

    O fluxo sanguneo sofre um incremento durante o trabalho muscular, manifestando-se atravs do aumento da frequncia cardaca. A capacidade de irrigao sangunea dos msculos determina o limite da produo do trabalho muscular.

    Enquanto os nveis de sangue e oxignio se mantiverem em quantidades suficientes e no sejam excedidos pela produo de cido lctico, o trabalho pode ser mantido sem aparecer a fadiga muscular.

    Durante o trabalho muscular h uma diferena de circulao sangunea entre o trabalho dinmico e o trabalho esttico.

    No primeiro a sucesso de contraces e distenses dos msculos tm como resultado uma aco de bombagem do sangue, favorecendo a circulao, enquanto no segundo no se produz esta aco de bombeio e os msculos ficam com carncia de glicose e de oxignio, assim como com um excesso de resduos.

    Se a contraco for intensa e se mantiver durante algum tempo, os msculos recorrem s suas reservas e a reaces auxiliares como o aumento do ritmo respiratrio e da frequncia cardaca para poder aumentar a presso arterial e melhorar a circulao.

    A compresso dos vasos sanguneos aumenta com a quantidade de trabalho exigido aos msculos. Assim, existe uma relao inversa entre o tempo de permanncia da contraco muscular esttica e o esforo exigido.

    Em geral, admite-se que se a fora a exercer no ultrapassar 20% da fora mxima de um msculo, a contraco poder manter-se durante um certo tempo. (Fig.1).

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    Se esse limite for excedido, o tempo de aparecimento do esgotamento diminui rapidamente.

    Assim, quanto maior for o esforo esttico requerido, os perodos de repouso devem ser em maior nmero e mais longos.

    Fig.1

    2.5 ASPECTOS ANATMICOS E FISIOLGICOS

    Na movimentao manual de cargas, a coluna vertebral interessa de forma especial pela sua importncia na manuteno da postura.

    A coluna permite que o corpo se incline at cerca de 180 para a frente, rode 90 no pescoo e 30 na regio lombar, o que, considerando o movimento dos olhos, permite o acesso a um horizonte de 360.

    A coluna composta pelas vrtebras, que esto separadas por uma cartilagem fibrosa (os discos intervertebrais), que alm de permitir grande amplitude de movimentos do corpo, funciona como absorvente de choques.

    A zona lombar da coluna, formada por cinco vrtebras, as maiores das que constituem a coluna, tem grande capacidade para suportar cargas e grande mobilidade.

    O valor das cargas suportadas, dado pelo peso do corpo acima destas vrtebras e pelas foras que se criam nos esforos da movimentao de cargas ou de outras actividades durante o trabalho.

    Os discos intervertebrais so constitudos, na zona central, por um ncleo polposo de substncia gelatinosa com 88% de gua e, na zona perifrica, por um anel fibroso. A espessura do disco na zona lombar de cerca de 9mm.

    A elevao e transporte de cargas, com o tronco inclinado, submete os discos intervertebrais, no s a um esforo de compresso, mas tambm a um esforo de flexo, para os quais estes no esto preparados, o que provoca uma rpida degenerao do disco intervertebral inferior.

    0102030405060708090

    100

    0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

    Durao (m in)

    For

    a m

    xim

    a (%

    )

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    CONSIDERAES BIOMECNICAS:

    A Biomecnica tem como objectivo o estudo das foras que actuam sobre as estruturas anatmicas durante o movimento do corpo, em si, ou como resultado da interaco entre o homem e o meio fsico que o rodeia.

    Quando direito o corpo humano assenta sobre a planta dos ps. O centro de gravidade do corpo, na sua posio confortvel, situa-se em linha com a vertical da mediana entre os ps, a cerca de 55% da altura do corpo, coincidindo com a primeira vrtebra sacra (Fig.2).

    A movimentao manual de cargas, particularmente a elevao, representa um elevado esforo esttico numa srie de msculos com compresso dos vasos sanguneos e consequente dificuldade circulatria, que ter como resultado a fadiga e dores nos msculos dorsais, principalmente.

    Por outro lado, a coluna vertebral do homem constituda para estar em posio vertical e erecta e no para levantar cargas.

    Qualquer que seja a postura inicial para o levantamento, verifica-se, sempre, um deslocamento da linha de gravidade para a frente.

    O deslocamento da linha de gravidade mais acentuado quando se flecte o tronco em frente, podendo ir at aos 7 cm, verificando-se um aumento da actividade muscular, para contrabalanar o efeito do deslocamento para a frente.

    A flexo do tronco para a frente, implica, ainda, uma inverso da curvatura lombar normal (anulao da lordose lombar), determinando um aumento da presso interdiscal.

    A coluna, quando sujeita elevao de cargas, numa postura incorrecta, funciona segundo o principio da alavanca.

    Comparando, no trabalho de elevao de cargas, o corpo humano (na sua estrutura ssea) a uma grua torre (fig. 3), verifica-se que a relao entre os braos resistente e potente desfavorvel ao homem. No homem a relao entre a extenso das protuberncias vertebrais (5-6cm) e o comprimento da coluna muito maior do que na estrutura da grua (1/3 na grua, 1/8 no homem).

  • Rogrio Marques 16

    Aplicando o principio das alavancas no levantamento de uma carga de 20Kg, verifica-se que na grua:

    P*K=R*L; P= Kg603*20KL

    *20K

    L*R===

    Enquanto no homem :

    P*K=R*L; P= Kg1608*20KL

    *20K

    L*R===

    Do exemplo, verifica-se que do levantamento de um peso de 20Kg resulta um esforo de 160Kg para o homem.

    O esforo suportado pelos msculos erectores posteriores e pelos ligamentos que cobrem a parte posterior das vrtebras lombares.

    As consequncias deste esforo, alm de possveis distenses e rupturas de fibras musculares e de ligamentos, ocasiona uma compresso das vrtebras e um esmagamento dos discos intervertebrais.

    Este esmagamento afecta mais os discos da regio lombar, por ser a zona mais afastada da carga a levantar e consequentemente maior o brao de resistncia.

    Verifica-se, que o esforo sobre os discos intervertebrais depende do peso da carga e do ngulo de inclinao do tronco.

    O quadro da figura 4, mostra os valores encontrados para esforos estticos sobre os cinco discos lombares em funo do peso da carga (em Kg) e do ngulo de inclinao do tronco.

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    ngulo de inclinao do tronco

    Peso da carga

    0 50 100 150

    0 50 100 150 200

    30 150 350 600 850

    60 250 650 1 000 1 350

    90 300 700 1 100 1 500

    Fig. 4

    A observao do quadro permite concluir que a coluna vertebral deve ser utilizada como um suporte e nunca como uma articulao.

    Estudos relativos resistncia da coluna presso, frico e compresso indicam que, para homens entre os 20 e 36 anos no deveria ser excedido o valor de 30Kg/cm2, entre os 36 e 50 anos 25Kg/cm2 e com mais de 50 anos 20Kg/cm2.

    Esta diferena de valores deve-se a que com a idade os discos comeam em regresso, perdendo substncia liquida e elasticidade.

    As mulheres por possurem uma musculatura mais dbil que os homens, a sua capacidade fsica mxima cerca de dois teros da do homem, sendo claramente menos aptas para a movimentao de cargas.

    O grfico da figura 5 mostra a relao entre a capacidade de trabalho fsico do homem e da mulher, em percentagem, em funo da idade.

    A capacidade fsica varia obviamente com a idade, aumentando a partir da infncia e atingindo o valor mximo entre os 25 e os 30 anos.

    Fig.5

    A partir dessa altura os ossos comeam a ficar mais frgeis, os tecidos perdem elasticidade e os msculos enfraquecem, iniciando-se ento um processo de calcificao das paredes e dos vasos sanguneos.

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    QAA1 - Indique as causas do aparecimento da fadiga muscular ?

    QAA2 - Na posio de p, erecta, onde se localiza o centro de gravidade do corpo humano ?

    2.6 TCNICAS DE ELEVAO.

    O trabalhador deve efectuar a elevao de cargas com as costas direitas, servindo-se dos msculos das pernas e ndegas para a realizao do esforo.

    Como anteriormente referido, quando a carga levantada com as costas encurvadas, o esforo de compresso distribui-se de forma irregular sobre a superfcie das vrtebras e dos discos.

    Quando a carga levantada com as costas direitas, mtodo correcto, o esforo de compresso distribui-se sobre a superfcie total das vrtebras (Fig.6).

    Fig. 6- Mtodos (incorrecto esquerda e correcto direita) de elevao de uma carga.

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    Observando-se a figura 7 , que mostra os valores estticos ao levantar um peso de 50Kg com as costas encurvadas e direitas, verifica-se que as diferenas so significativas ao comparar-se as tenses marginais de compresso e traco.

    Estas tenses so cerca de duas vezes maiores com as costas curvas para o mesmo ngulo de inclinao e de trs vezes maiores para igual comprimento do brao da alavanca.

    POSTURAS E MOVIMENTOS PERIGOSOS.

    A curvatura das costas para diante ou para trs produz um desvio da

    coluna, submetendo os msculos e ligamentos do lado contrrio da concavidade a uma forte traco e as arestas das vrtebras e dos discos do lado cncavo a uma sobrepresso.

    Nestas situaes, ficam eliminadas as reservas elsticas da coluna, aumentando o risco de leso, ao receber qualquer esforo suplementar de forma brusca e repentina, como seja a perda de equilbrio, escorregadelas, levantamentos bruscos, etc.

    Durante o trabalho deve-se evitar a deformao da coluna para trs e para diante ou em redor do seu eixo e nunca torcer o tronco ao iar ou arriar as cargas (Fig. 8).

    Legenda : Z : Traco; D : Compresso; P: Carga total sobre o disco (Kg); R : Tenso marginal (Kg/cm2); Angulo de inclinao do tronco : 45

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    2.7 MEDIDAS DE PREVENO.

    2.7.1 MEDIDAS ORGANIZATIVAS.

    O melhor processo de reduzir o risco de leses originadas pelas operaes de movimentao manual de cargas , obviamente, a de substituir o homem por meios mecnicos.

    Uma vez que isso nem sempre possvel, dever implementar-se uma srie de medidas tendentes a minimizar os riscos do pessoal envolvido nas actividades de movimentao manual de cargas. Algumas das medidas so :

    A reduo das cargas, respeitando a legislao em vigor.

    A seleco, adequada, do pessoal para essas actividades.

    A formao sobre as tcnicas, correctas, de movimentao de cargas.

    Uso de EPI (vesturio, caado, luvas) apropriado.

    A utilizao de meios mecnicos auxiliares.

    A reorganizao do lay-out da rea de trabalho.

    2.7.2 PRECAUES ANTES DA OPERAO.

    Como foi referido anteriormente, as caractersticas da carga a movimentar podero contribuir para a ocorrncia de acidentes dos quais podero resultar ferimentos no trabalhador ou em terceiros.

    Assim, torna-se importante que nas aces de formao seja indicado aos trabalhadores que, antes de efectuarem qualquer operao de elevao e transporte de cargas, procedam a uma anlise prvia com vista reduo do risco de acidentes. Nesta anlise o trabalhador deve :

    Verificar quais os pontos mais apropriados para posicionar as mos;

    Verificar se existem partes salientes, arestas cortantes, superfcies rugosas ou escorregadias;

    Limpar todas as superfcies molhadas ou oleadas;

  • Rogrio Marques 21

    Manter as mos limpas e desengorduradas;

    Verificar o peso da carga.

    Caso a carga seja demasiado pesada, ou tenha dimenses que tornam difcil a realizao da operao por um s trabalhador, um ou mais trabalhadores devem ser designados mais para realizao da operao.

    2.7.3 PRECAUES NA REALIZAO DA OPERAO.

    A operao de elevao e transporte de cargas deve ser efectuada seguindo procedimentos que minimizem o risco de leses e de acidentes.

    No levantamento de cargas do solo, o trabalhador deve seguir as seguintes regras :

    Posicionar-se o mais perto possvel da carga, em posio estvel.

    Afastar os ps com o objectivo de equilibrar a distribuio do peso (Fig.9).

    Agarrar a carga firmemente, sempre que possvel com a mo completa e no apenas com os dedos.

    Flectir os joelhos mantendo as costas direitas (Fig.10).

    Elevar a carga suavemente sem puxes bruscos, mediante a extenso das pernas.

    Manter os braos e a carga o mais prximo possvel do corpo (Fig.11).

  • Rogrio Marques 22

    As principais regras a observar pelo trabalhador, no transporte de cargas, so :

    Transportar as cargas mantendo as costas direitas.

    Transportar as cargas simetricamente.

    Suportar a carga com o esqueleto corporal.

    Manter a carga prxima do corpo.

    Colocar os dedos afastados de locais onde possam ficar entalados durante a descida da carga.

    Baixar a carga suavemente.

  • Rogrio Marques 23

    2.7.4 A UTILIZAO DE EQUIPAMENTOS AUXILIARES.

    Determinados objectos tm caractersticas susceptveis de originar leses vrias nos trabalhadores encarregues da sua movimentao.

    H, no entanto, alguns aparelhos auxiliares que eliminam, ou reduzem, os riscos inerentes movimentao destes objectos.

    Alguns desses equipamentos, os mais vulgares, so a seguir referidos, salientando-se os riscos prprios de cada um.

    QAA3 - Qual a razo dos discos intervertebrais, da zona lombar, serem os mais afectados na movimentao manual de cargas?

    Carros de mo.

    Existem vrios tipos de carros de mo podendo ser de um ou dois eixos, com uma, duas, trs ou quatro rodas, sendo os de dois eixos os mais utilizados na actividade industrial.

    So usados no transporte de materiais e objectos mais ou menos volumosos ou pesados em distncias curtas.

    As pegas destes equipamentos devem possuir protectores de mo salientes para evitar entaladelas em portas, colunas, esquinas ou outros obstculos.

  • Rogrio Marques 24

    A carga deve ser distribuda uniformemente e de modo a manter o seu centro de gravidade o mais baixo possvel. A visibilidade do percurso uma condio de segurana importante.

    Os carros de mo de um eixo apresentam , em alguns tipos, riscos semelhantes ao do levantamento de cargas.

    Rolos

    So muito utilizados para deslocao de cargas pesadas, cuja superfcie inferior seja plana. A carga normalmente deslocada removendo um rolo da parte posterior da carga e colocao na parte anterior.

    Este mtodo de movimentao, pode originar leses ao nvel da coluna e entaladelas devido a um eventual desequilbrio da carga. Esta situao pode melhorar com a movimentao da carga sobre um tapete de rolos, mas, neste caso, apenas para cargas reduzidas.

    Patins

    Estes equipamentos so normalmente utilizados para o transporte de objectos muito pesados em distncias relativamente curtas, apresentando riscos semelhantes aos rolos.

    Ventosas

    As ventosas funcionam por vcuo, criando uma depresso no espao existente entre o objecto a segurar e o corpo da ventosa.

    Exigem assim, que o objecto tenha uma superfcie muito lisa e regular, sendo a sua capacidade de carga reduzida.

    So normalmente utilizadas no transporte e manuseamento de vidros.

    Pinas ou Garras

    Utilizadas para o transporte de material resistente e, normalmente, com arestas cortantes ou de elevado peso.

    Uma m aplicao destes equipamentos, ou a inadequao aos objectos transportados pode originar a queda destes. So utilizados no transporte de chapas, carris ou toros de madeira.

  • Rogrio Marques 25

    Tambm aqui, quando o transporte for efectuado por dois operrios, fundamental que sejam de estatura semelhante de forma a evitar desequilbrios.

    mans Utilizados no transporte de materiais ferrosos, pela atraco magntica que exercem sobre eles.

    Diferenciais Manuais

    Utilizados para elevao de componentes pesados (ex.: motores de automveis, componentes de mquinas, etc.) em oficinas e casas de mquinas, podendo estar suspensos num olhal ou num conjunto de roletes que deslizam numa calha, para deslocao do peso aps a sua elevao, ou para a recolocao no local.

    Os principais riscos de manuseamento so de entalamento de mos, principalmente para o operador que manobra as correntes de elevao, bem como de deslocao ou oscilao inesperada das cargas em situaes intermdias.

    Como se percebe, o estado de manuteno e conservao do aparelho bem como dos seus componentes e acessrios, fundamental sua utilizao em segurana

    H que fazer uma chamada de ateno para o facto de muitos acidentes ocorrerem por o diferencial ter sido suspenso em locais inadequados, quer quanto ao posicionamento relativamente carga, quer quanto ao peso a levantar. O mesmo se pode referir, relativamente a manilhas, cabos ou outros componentes utilizados com estes aparelhos.

  • Rogrio Marques 26

    3. MOVIMENTAO MECNICA DE CARGAS.

    O homem tem vindo a utilizar, ao longo do tempo, uma variedade de meios mecnicos para satisfao da necessidade de movimentar cargas de elevado peso ou volume, ou em percursos longos.

    Actualmente, existe uma grande oferta de meios de movimentao mecnica de cargas, permitindo encontrar solues ajustadas para cada problema de movimentao.

    No entanto, nem sempre as condies de instalao e de explorao permitem obter as melhores condies de segurana nos locais de trabalho.

    Dos diversos equipamentos utilizados na movimentao mecnica de cargas, usual classific-los em trs grupos, em funo da sua mobilidade, da continuidade de operao, dos riscos envolvidos e respectivas medidas de preveno.

    Muitas das medidas de preveno so comuns aos diversos tipos de equipamentos de movimentao mecnica de carga, outras sero especificas de cada tipo. Das comuns so exemplo:

    No ultrapassar a carga mxima de funcionamento dos equipamentos.

    No efectuar qualquer interveno no equipamento com este em funcionamento.

    Utilizao de EPI adequado, pelos trabalhadores.

    3.1 EQUIPAMENTOS DE FUNCIONAMENTO CONTNUO EM PERCURSO PR-ESTABELECIDO.

    Fazem parte deste grupo os equipamentos que permitem o fluxo permanente, ou quase permanente, de materiais atravs de um percurso preestabelecido e no possvel de modificar sem alteraes profundas.

    3.1.1 TRANSPORTADORES DE TELAS OU DE CORREIAS.

    So equipamentos instalados para o transporte de materiais a granel, objectos, caixas, etc. num trajecto pr-determinado com pontos fixos de carga e descarga.

    Constitudos, normalmente, por uma tela em borracha artificial (neopreno), accionada por um motor elctrico atravs de um tambor cilndrico e apoiada, ao longo da estrutura do transportador (Fig.12).

  • Rogrio Marques 27

    frequente estes transportadores estarem equipados com um sistema de tenso da tela por molas ou contrapeso.

    A dimenso destes transportadores pode atingir vrias centenas de metros e podem atingir velocidades de transporte da ordem dos 4 m/s.

    3.1.1.1 RISCOS ASSOCIADOS.

    Os riscos associados operao deste tipo de equipamentos apresenta alguns riscos de natureza mecnica, elctrica e inerentes sua operao.

    Riscos mecnicos.

    Estes equipamentos apresentam riscos de natureza mecnica, de que se salientam os seguintes:

    Arrastamento/entalamento dos trabalhadores pelas partes mveis, tais como correias, correntes, engrenagens, tambores, rolos e acoplamentos (Fig.13). Estes acidentes ocorrem, fundamentalmente, durante as operaes de limpeza ou de conservao/manuteno.

    Queda de materiais. Risco que se verifica, principalmente, quando as instalaes se situam em altura por cima de locais de passagem.

    Queda de contrapesos do sistema de tenso, quando a tenso da cinta feita por este processo.

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    Riscos elctricos.

    Muitos dos riscos elctricos verificam-se em instalaes mais antigas e devem-se principalmente a:

    - Quadros elctricos sem a devida proteco.

    - Falta de inspeco/manuteno dos motores e elctricos e cabos de alimentao.

    - Ausncia de proteco contra sobrecargas e contactos elctricos indirectos.

    Riscos resultantes do trabalho.

    Os riscos mais usuais so :

    A queda de trabalhadores, quando nas instalaes elevadas circulam ao lado dos transportadores e/ou ao subirem aos mesmos para aces de manuteno (lubrificao, substituio de peas, roletes, etc.)

    A queda trabalhadores em cima dos transportadores. Em instalaes junto ao pavimento quando passam de um lado para o outro.

    3.1.1.2 MEDIDAS DE PREVENO.

    Em relao aos riscos mecnicos

    Os mecanismos de accionamento e transmisso de movimento e, de uma forma geral, todos os rgos mveis, devem ser resguardados de modo a prevenir o risco de arrastamento e de esmagamento dos trabalhadores entre os rgos mveis e entre estes e os rgos fixos.

    Deve-se instalar mecanismos de limpeza dos tambores, para permitir executar esta operao sem os

  • Rogrio Marques 29

    trabalhadores acederem zona perigosa (Fig.13).

    Devem ser previstos sistemas de paragem de emergncia em intervalos que no excedam 8 metros.

    As polis nas extremidades das correias devem ser protegidas para impedir um eventual esmagamento dos dedos.

    Os transportadores instalados sobre locais onde existam postos de trabalho, devem possuir proteco inferior para reter os materiais susceptveis de cair do transportador.

    Quando existir contrapeso, colocar resguardos para circulao de pessoas por baixo ou um dispositivo mecnico que sustenha a queda do contrapeso.

    Em relao aos riscos elctricos.

    Dotar o quadro elctrico de proteco adequada se exposto s condies atmosfricas.

    As caixas de ligao devem ser estanques.

    Inspeccionar periodicamente (no mnimo trimestralmente) os cabos de alimentao para detectar possveis falhas de isolamento.

    Prover a instalao de proteco contra sobrecargas e contra contacto elctricos indirectos.

    Em relao aos riscos resultantes do trabalho.

    Os transportadores situados a alturas superiores a dois metros, devem estar providos de plataformas ou passadios, com guarda corpos, para preveno de quedas dos trabalhadores. As plataformas e passadios devem ser antiderrapantes e ranhuradas de forma a evitar a acumulao de poeiras, materiais e gua.

    Se o equipamento estiver instalado ao nvel do pavimento, devem existir passadios fixos ou amovveis, com guarda corpos, para circulao das pessoas entre os dois lados do equipamento.

    A entrada em funcionamento do equipamento deve ser precedida da emisso de um sinal sonoro facilmente audvel e identificvel.

  • Rogrio Marques 30

    Sinalizao de segurana. Deve existir uma delimitao clara da circulao de veculos e de pessoal.

    Sempre que haja aces de manuteno o interruptor principal de corrente deve ser bloqueado na posio de desligado e responsvel deve guardar a chave para evitar o funcionamento intempestivo.

    Os trabalhadores devem usar EPI adequado e vesturio ajustado.

    3.1.2 TRANSPORTADORES DE ROLOS

    Estes equipamentos esto instalados a reduzida altura do pavimento. Podem ter diversos comprimentos e so constitudos por um conjunto de rolos metlicos limitados por suportes laterais.

    Os rolos podero ser ou no revestidos por borracha e so normalmente accionados por correntes de transmisso.

    Se de comprimento reduzido e destinados ao transporte de cargas ligeiras, podem no ter accionamento mecnico fazendo-se a movimentao da carga por impulso manual.

    A sua utilizao muito frequente em linhas de produo, atravs da utilizao de carros automticos, colocados nos topos dos transportadores, como meio de ligao e distribuio entre vrias linhas de transportadores.

    O funcionamento correcto e seguro destes equipamentos depende muito da fiabilidade do sistema de controlo existente.

    RISCOS ASSOCIADOS E MEDIDAS DE PREVENO:

    O maior risco do funcionamento destes carros o de embate contra pessoas ou obstculos colocados no seu percurso.

    A translao dos carros automticos deve ser assinalada por um dispositivo rotativo luminoso e se possvel por um sinal sonoro contnuo ou intermitente.

    Os carros automticos devero estar equipados com sensores mecnicos ou elctricos que devero interromper o movimento de translao, em caso de deteco de obstculos.

  • Rogrio Marques 31

    3.1.3 TRANSPORTADORES POR GRAVIDADE (OU DE PLANO INCLINADO)

    Constitudos por um plano inclinado liso ou de rolos, o seu funcionamento depende exclusivamente da aco da gravidade sobre a carga a transportar (fig.14).

    RISCOS ASSOCIADOS E MEDIDAS DE PREVENO:

    O risco de acidente com estes transportadores essencialmente a possibilidade de leses por esmagamento dos operadores.

    Como medidas de preveno de acidentes cita-se: O transportador deve ter dispositivos mecnicos ou elctricos que impeam a

    introduo das mos do operador. Qualquer bloqueio no transportador nunca deve ser superado com o uso das

    mos, mas sim mediante o uso de varas especiais.

    3.1.4 TRANSPORTADORES POR ELEVADORES DE COPOS OU CESTOS

    Constitudos fundamentalmente por uma roda ou tambor, que tem no seu permetro exterior uma tela ou corrente, onde esto suspensos copos, baldes ou cestos para transporte das cargas.

    Estes equipamentos so bastante utilizados para a elevao de slidos de pequena dimenso.

    Esto normalmente encerrados em blindagens o que permite uma proteco eficaz, mas apresenta o inconveniente de se tornar necessrio desmontar a blindagem para efectuar intervenes de manuteno e limpeza.

    RISCOS ASSOCIADOS E MEDIDAS DE PREVENO:

    Quando utilizados para transporte de materiais pulverulentos, que constituam ambientes explosivos (ex : cereais), devem ser cuidadosamente controlados, nomeadamente : O controlo do escorregamento da tela nos tambores.

  • Rogrio Marques 32

    O desempoeiramento das proteces. A colocao de meios electromagnticos para recolha de elementos

    metlicos. O revestimento interno, de borracha, das proteces blindadas. A ligao do equipamento terra para eliminao da electricidade esttica.

    Em geral, nestes transportadores, devem ser observados os mesmos cuidados que nos transportadores de tela.

    3.1.5 TRANSPORTADORES AREOS EM CADEIA

    Normalmente utilizados em processamento contnuo de grandes quantidades de material semelhante, que deve permanecer suspenso ou quando interesse manter o pavimento desocupado para fcil circulao.

    Os materiais a movimentar so suspensos de suportes prprios para cada efeito pelo que a operao de engate e desengate da carga extremamente facilitada e rpida.

    Tm grande uso nas fbricas de automveis, onde os objectos transportados, em cadeia area ao longo de um cabo, so suspensos por uma srie de ganchos ligados a essa cadeia a intervalos regulares.

    RISCOS ASSOCIADOS E MEDIDAS DE PREVENO:

    Os riscos inerentes ao funcionamento destes equipamentos so:

    Possibilidade de queda do material em caso de ruptura dos suportes ou de engate deficiente

    Possibilidade de choque contra o material quando este circula a baixa altura

    Como preveno, os objectos devem circular a uma altura elevada para no atingirem pessoas no seu deslocamento.

  • Rogrio Marques 33

    3.1.6 TRANSPORTADORES DE PARAFUSO SEM FIM

    Constitudos por parafusos que provocam a movimentao da carga ao girarem em torno do seu eixo.

    So muitos utilizados no transporte de materiais granulosos ou lquidos, em pequenas distancias ou desnveis.

    RISCOS ASSOCIADOS E MEDIDAS DE PREVENO:

    Uma vez que estes parafusos so normalmente blindados no apresentam riscos de maior desde que exista a preocupao de manter as blindagens colocadas e de desligar o equipamento antes de qualquer interveno.

    As blindagens devem ser robustas e estar bem fixadas, sobretudo quando ficam ao nvel do solo.

    3.2 EQUIPAMENTOS DE FUNCIONAMENTO DESCONTNUO DE MOVIMENTAO LIMITADA

    Neste grupo situam-se os equipamentos de elevao e/ou transporte, que funcionam por ciclos desfasados no tempo (carga, transporte e descarga) e que possuem mobilidade segundo dois ou trs eixos num espao restrito.

    As cargas podem ser movimentadas de, e para qualquer ponto dentro do espao abrangido pelo equipamento.

    So equipamentos caractersticos deste grupo as gruas, guindastes, aparelhos diferenciais, pontes rolantes, prticos ,etc. Este tipo de equipamentos muito utilizado nos portos, na construo civil, na indstria metalomecnica e noutras actividades. Constituem, talvez, o grupo de equipamentos mais utilizados aps os empilhadores. O comando destes aparelhos pode ser por botoneira, em cabina de comando, ou por rdio-controlo.

    3.2.1 PRINCIPAIS RISCOS ASSOCIADOS E MEDIDAS DE PREVENO

    Os riscos inerentes operao com este tipo de equipamentos so muito diversos, podendo, contudo, sintetizarem-se :

    Na possibilidade de queda do material devido ruptura dos meios de suspenso (cabos, estropos, roldanas, ganchos, etc) ou da sua incorrecta colocao.

  • Rogrio Marques 34

    A possibilidade de choque do material quando movimentado a altura reduzida.

    Por outro lado, a origem dos acidentes com este tipo equipamentos podem, igualmente, resumir-se :

    falta de preparao e consciencializao, dos operadores e de todo o pessoal envolvido na operao, sobre os riscos em presena e respectivas medidas de preveno.

    falta de inspeces peridicas e de manuteno adequada.

    utilizao de meios de elevao no normalizados.

    Seguidamente sero referidos os riscos e as medidas de preveno associadas aos diversos rgos e/ou operaes com estes equipamentos.

    3.2.1.1 - ORGOS DE COMANDO.

    Accionamento por botoneira: Os factores de risco neste tipo de accionamento so:

    A no identificao ou a deficiente identificao dos botes de comando possibilitando o accionamento de operaes incorrectas.

    A falta de um local de recolha da botoneira, permitindo o seu embate em

    obstculos, originando operaes intempestivas. Como medida de preveno os botes das botoneiras devem estar

    perfeitamente identificados. As vias de circulao devem estar desimpedidas e sinalizadas.

    Accionamento por rdio:

    Riscos de acidentes resultantes da utilizao por pessoal no qualificado.

    Falta de controlo da carga por o operador ter tendncia a ficar parado, no acompanhando a sua deslocao.

    Medidas de preveno a observar:

    - Bloqueamento, pelo operador, do comando atravs da chave de segurana no final da utilizao ou durante paragens longas.

    - Instrues claras para o operador acompanhar a carga durante a movimentao desta.

  • Rogrio Marques 35

    Accionamento por cabina: As cabinas devem estar posicionadas de forma que o operador possa observar e dirigir todas as manobras sem necessidade de se assomar ao exterior ou mesmo colocar-se em posio de risco. As aberturas das cabinas nunca devem dar para o vazio, mas para plataformas. Riscos por os manpulos de comando e de controlo no estarem regulados

    para voltar automaticamente posio de paragem. Riscos de radiaes, por vidros inadequados nas janelas das cabinas. Riscos de leses nos ps e na coluna no acesso cabina. Medidas de preveno:

    - Os manpulos de comando e controlo devem estar providos de um

    dispositivo de homem morto de modo a voltarem posio de paragem quando se soltam.

    - Colocar vidros nas janelas adequados s radiaes presentes (fundies,

    fornos, etc).

    3.2.1.2 Ausncia ou falha dos dispositivos de fim de curso:

    Os equipamentos de elevao devem dispor de dispositivos de fim de curso. Os equipamentos de maior porte devem ter dispositivos elctricos e mecnicos, enquanto os de menor podem ter apenas mecnicos.

    Os limitadores de fim de curso mecnicos so complementares aos elctricos e devem permitir o movimento em sentido inverso depois de desencravados.

    Os fins de curso elctricos devero estar colocados e actuar de tal forma que, mesmo na velocidade mais elevada de translao, os equipamentos no embatam nos fins de curso mecnicos.

    Os fins de curso elctricos permitem tambm a reduo de velocidade na parte final do percurso, sempre que os equipamentos disponham de duas velocidades.

    Os equipamentos de elevao devem, igualmente, estar equipados com dispositivo limitador de carga.

  • Rogrio Marques 36

    Os riscos associados falha/ausncia de fins de curso podem ser sintetizados da seguinte forma :

    Golpes, por oscilao da carga , devido a choques contra os topos.

    Ruptura do sistema de elevao por sobrecarga e danos na estrutura do equipamento.

    Queda da carga por falta de manuteno adequada dos fins de curso.

    Medidas de preveno :

    - Montar dispositivos de fim de curso nos equipamentos que no possuem.

    - Efectuar inspeces peridicas e manuteno adequada.

    3.2.1.3 Manipulao defeituosa da carga

    Os riscos por manipulao defeituosa da carga, caracterizam-se essencialmente por :

    Desconhecimento das normas de segurana pelos operadores e demais trabalhadores.

    Lingada preparada e amarrada, deficientemente.

    No usar cdigos de sinais, normalizados.

    Circular com a carga sobre pessoal a trabalhar/passar no local.

    Efectuar reparaes provisrias debaixo de cargas suspensas.

    Permanncia de materiais em zonas de circulao

    Circulao da carga a altura inadequada.

    Iar ou transportar pessoal no gancho ou na carga.

  • Rogrio Marques 37

    Como medidas de preveno e segurana neste domnio, salientam-se :

    - A formao do pessoal na manipulao e transporte de cargas.

    - O operador deve manter permanentemente a ateno sobre a carga e o percurso que esta dever efectuar.

    - A existncia de um cdigo se sinais, conhecido por todos.

    - A existncia de um responsvel pela manobra, que ser o encarregado de transmitir os sinais ao operador (Fig.14).

    - Verificar da existncia de qualquer priso da carga ao pavimento antes da elevao/deslocao. Nunca forar.

    - Deslocar o gancho, sem carga, a uma altura que no haja risco de choque com pessoas ou objectos.

    - No deslocar a carga junto ao pavimento. Nunca arrastar as cargas.

    - Evitar, na operao normal, a actuao dos fins de curso.

    - Iar as cargas na perpendicular do gancho.

    - A carga deve ser transportada a altura reduzida ( 2 metros).

    - No depositar materiais em zonas de circulao nem a menos de 2 m dos carris.

    - Nunca permanecer debaixo de cargas suspensas (Fig.15).

    - Proibir a utilizao do gancho para subir pessoal para plataformas e/ou de seguir juntamente com a carga durante o transporte (Fig.16).

    - O pessoal envolvido na manobra de cargas deve usar EPI (capacete, luvas e botas de biqueira de ao).

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    3.2.1.4 Falha nos acessrios de elevao e lingagem.

    Os acessrios de elevao so os componentes, no ligados mquina, colocados entre a mquina e a carga, ou sobre a carga, para permitirem a sua preenso.

    Os acessrios de lingagem destinam-se confeco ou utilizao de lingadas, como estropos, ganchos com olhal, manilhas, anis, anis com haste, etc.

    Os riscos associados a estes componentes caracterizam-se pela queda das cargas devido a :

    Desprendimento da carga do gancho.

    Ruptura do cabo de suspenso e/ou dos estropos.

    Inadequada utilizao de grampos e manilhas.

    Das medidas de preveno a considerar, salienta-se :

    Os ganchos devem estar equipados com fecho de segurana com mola e sujeitos a inspeces peridicas.

    Os cabos de suspenso devem ser sujeitos, periodicamente, a inspeco para :

    - Detectar rupturas de arames, desgastes e/ou empalmes.

    - Verificar a existncia de corroses.

    - Verificar possveis enrolamentos defeituosos, que provoquem deformaes e desgastes.

    - Verificar da existncia de deformaes.

    - Verificar o dimetro do cabo.

  • Rogrio Marques 39

    - Verificar o dimetro dos arames exteriores

    - Verificar a ligao do cabo ao tambor

    A carga deve ser distribuda por todos os estropos.

    Os estropos no devem ser demasiado curtos. Provocam o aumento do ngulo da linga.

    Evitar raios de curvatura reduzidos nos estropos. Diminuem a sua resistncia.

    Proteger os estropos de arestas vivas, utilizando cantoneiras.

    Adquirir rgos de suspenso homologados.

    No soldar os elos dos estropos de corrente, porque a soldadura introduz uma variao do tratamento trmico e consequente perda de resistncia.

    Providenciar a inspeco, diria, dos estropos.

    Os estropos de cabo de ao com sete arames partidos, num cordo, ou desgaste nos arames exteriores superior a 1/3 do dimetro destes, devem ser substitudos.

    3.2.2 CARACTERISTICAS DOS ACESSRIOS DE ELEVAO E LINGAGEM.

    3.2.2.1 Cabos e estropos.

    A funo do cabo de ao que est enrolado no tambor a de iar, arriar e transportar a carga suspensa no gancho.

    Os cabos de ao so compostos por arames de ao entranados em cordes. Os arames tm a mesma composio qumica e propriedades fsicas.

    Os estropos so os elementos que servem para envolver e suspender as cargas. Os de cabo de ao so formados por um corpo longitudinal, com um olhal em cada extremo, protegido por guarda cabos para evitar a deteriorao do cabo.

    Os estropos classificam-se de acordo com o material de que so feitos, por :

  • Rogrio Marques 40

    Estropos de cabo de massa (fibras txteis) normalmente sintticas (nylon, poliester, etc).

    Estropos de cabo de ao

    Estropos de corrente.

    Cabos e estropos de correntes.

    Os cabos de elevao e estropos de corrente so mais sensveis ao choque do que os de cabo de ao, mas so mais resistentes ao calor e diferena de temperaturas. Tal como aqueles devem ser inspeccionados com periodicidade.

    Os pontos mais importantes a inspeccionar so o desgaste, o alargamento dos elos, as mossas, as fissuras, os empenos e tores.

    Inspeco visual peridica para mossas, fissuras, empenos e toro.

    Efectuar medio, anual, para deteco de desgastes e/ou alargamento dos elos.

    3.2.2.2 Resistncia de cabos e estropos.

    Entende-se por carga de trabalho (Ct) a carga mxima a que deve ser submetido o cabo ou estropo durante as operaes de movimentao de cargas. diferente da carga nominal porque depende do modo de utilizao.

    Carga de ruptura (Cr) e coeficiente de segurana (Cs).

    A carga de ruptura a carga capaz de provocar a ruptura do cabo ou estropo, enquanto o coeficiente de segurana a relao entre a carga de ruptura e a carga de trabalho (Ct).

    t

    rs C

    CC =

    O coeficiente de segurana indica a margem que o cabo ou estropo tem para resistir a esforos imprevistos. Os

  • Rogrio Marques 41

    coeficientes de segurana recomendados so :

    - Cabos e estropos de cabo de ao 5

    - Cabos e estropos de corrente 4

    - Cabos e estropos de massa (fibras txteis) 7

    3.2.2.3 Influncia do ngulo da linga no esforo dos estropos.

    Conforme se observa na figura 17, os estropos que constituem a linga formam um determinado ngulo.

    O valor deste ngulo tem grande influncia na grandeza da carga a suportar pelos estropos.

    Quanto maior for o ngulo, menor a carga que o estropo pode suportar.

    Linga de duas pernadas (com dois estropos).

    CosPCosP2P

    21 ==

    Cos1

    2P

    PP Como 21 ==

    Se calcularmos o coeficiente 1/cos, poderemos construir a seguinte tabela:

    ngulo 2 30 45 60 90 120 150 Coeficiente 1/Cos 1, 03 1,06 1,16 1, 42 2, 00 3, 86

    O ngulo entre as pernadas da linga (entre estropos) no deve ultrapassar 90. Se isto acontecer a distncia horizontal (H) entre os pontos de amarrao da linga menor do que 1,5

  • Rogrio Marques 42

    do comprimento (L) dos estropos (fig. 17), o que de evitar.

    H 1,5 L

    Linga com mais de dois estropos

    Quando a linga de trs pernadas considera-se o ngulo entre dois dos estropos, quando de quatro pernadas considera-se o ngulo formado pelos estropos opostos (fig.18). Assim, a carga total de trabalho pode ser calculada pela expresso :

    Cos1

    nP

    Quando da aquisio de cabos e estropos, deve-se ter em ateno que os catlogos comerciais, muitas vezes, apenas referem a carga de ruptura, pelo que se deve ter em ateno o coeficiente de segurana a adoptar.

    Neste caso pode-se utilizar a expresso :

    sCCos1

    nP

    Onde:

    P = Carga total a elevar

    n = Nmero de pernadas (estropos) da linga

    Cs = Coeficiente de segurana adoptado.

    3.2.2.4 Marcao de cabos e correntes.

    Cada corrente ou cabo de elevao deve ter uma marca, ou quando tal no for possvel , uma placa ou anel inamovvel com referncias sobre o fabricante e com a identificao do respectivo certificado. Este deve conter as indicaes mnimas seguintes:

    Nome do fabricante ou do seu mandatrio na UE.

    Endereo na UE do fabricante ou mandatrio, conforme o caso

  • Rogrio Marques 43

    Uma descrio do cabo ou corrente, incluindo:

    - As dimenses nominais - A sua construo - Material de fabrico - Qualquer tratamento metalrgico especial a que o material tenha sido

    submetido

    - Em caso de ensaio, a norma utilizada - A carga mxima a suportar em servio

    3.2.2.5 Ganchos.

    As formas e dimenses dos ganchos esto definidas em normas, tal como os aos a utilizar. Os ganchos so forjados numa s pea, no se admitindo soldaduras. So fornecidos galvanizados e devem ter marcada a carga de trabalho.

    O fornecimento dos ganchos devem ser acompanhados por um certificado, onde conste :

    A conformidade com a norma tcnica.

    Deformao no superior a 25% da abertura do gancho.

    Capacidade de manter uma carga sempre que esta no seja superior a duas vezes a carga de prova.

    3.2.3 OUTROS EQUIPAMENTOS DE ELEVAO

    Diferenciais elctricos:

    So destinados elevao de pequenas cargas e a sua mobilidade frequentemente restrita a um caminho de rolamento (monorail) pelo que a sua utilizao muito especfica.

    Monta-cargas:

    Utilizados principalmente na construo civil e em exploraes mineiras na movimentao vertical de cargas.

    H que ter ateno especial em evitar que a carga fique saliente em relao ao contorno da cabina.

  • Rogrio Marques 44

    Por outro lado, os meios de suspenso da cabina (cabos de ao) e os fechos das portas devem ser mantidos em correctas condies de funcionamento.

    Macacos mecnicos, hidrulicos e pneumticos:

    Muito utilizados em oficinas de reparaes mecnicas podendo, tambm, serem parte integrante de variados equipamentos.

    Na primeira funo, destinam-se essencialmente elevao temporria de componentes de equipamentos para facilitar a sua desmontagem ou garantir o acesso a outros componentes.

    Nesta funo, deve ser garantida uma boa base de apoio e o correcto alinhamento do macaco.

    particularmente importante garantir que o material aps ter sido levantado ou deslocado, seja convenientemente travado de forma a evitar o seu retorno acidental posio inicial.

    Enquanto parte integrante de outro equipamento, o seu funcionamento pode ser variado, mas consiste normalmente de um ciclo em duas fases :

    Avano com carga e retorno em vazio:

    essencial garantir as folgas necessrias para evitar o esmagamento contra rgos fixos nas imediaes, ou colocar proteces que impeam o acesso aos locais de risco.

    Quando tal no for possvel, dever ser instalado um sistema de sensores, mecnicos ou elctricos, os quais, na presena de um obstculo devero travar o equipamento na posio, ou, preferencialmente, iniciar automaticamente o curso inverso.

    QAA4 - Quais os riscos associados ao comando, por botoneira, dos equipamentos de elevao de cargas ?

    QAA5 - Estabelea a relao entre os fins de curso elctricos e mecnicos, nos equipamentos de elevao de cargas ?

  • Rogrio Marques 45

    3.2 EQUIPAMENTOS MVEIS DE FUNCIONAMENTO DESCONTNUO

    3.2.1 TIPOS DE EQUIPAMENTOS

    Equipamentos que, tambm, funcionam por ciclos, mas tm capacidade de manobra quase ilimitada e propulso prpria.

    O equipamento mais caracterstico deste grupo o empilhador, porventura dos equipamentos de movimentao mecnica de cargas mais utilizados, devido sua grande versatilidade e capacidade de carga (Fig.19).

    Denominam-se genericamente por empilhadores todas as mquinas autopropulsionadas, que se deslocam pelo solo e se destinam a transportar, empurrar, retirar ou iar cargas.

    So igualmente equipamentos deste grupo as ps carregadoras. Equipamentos de grande dimenso, normalmente, todo-o-terreno e de utilizao comum em construo e parques de armazenamento exteriores de areia, calcrio ou toros de madeira.

    Os tractores outros equipamentos deste grupo, essencialmente destinados a re-bocar atrelados e efectuar trabalhos agrcolas so de utilizao frequente em entrepostos de recepo de cereais situados em zonas agrcolas.

    H ainda outros equipamentos de escavao e transporte de materiais como os "dumpers", etc, pertencentes a este grupo. Contudo, neste texto, dar-se- particular relevncia aos empilhadores por serem os mais generalizados e causadores de maior nmero de acidentes.

    Sendo meios de movimentao com propulso autnoma, a maior parte pode atingir velocidades de circulao elevadas.

    Por outro lado, em alguns, o tipo de carga a movimentar poder dificultar a visibilidade do condutor o que poder originar acidentes graves quer pessoais quer materiais.

    Tambm a possibilidade de estes veculos efectuarem manobras com recurso marcha atrs pode originar acidentes. Alguns, nem sempre permitem um boa visibilidade para a retaguarda e, frequentemente, no esto equipados com os meios adequados para indicao da manobra em marcha invertida.

  • Rogrio Marques 46

    3.3.2 RISCOS COMUNS E MEDIDAS DE PREVENO

    Como requisitos para a preveno de acidentes, estes equipamentos devem estar equipados com :

    Buzina

    Espelhos retrovisores (dispensveis nos empilhadores uma vez que estes tm normalmente boa visibilidade para a retaguarda a partir do posto de conduo)

    Luzes e sinal sonoro de marcha-atrs

    As medidas de preveno comuns a este tipo de equipamentos podem ser sintetizadas da seguinte forma :

    Sensibilizar e dar formao adequada aos operadores destes veculos tendo em considerao os seguintes aspectos:

    No ultrapassar a carga mxima transportvel por cada veculo.

    Circulao em velocidade reduzida, principalmente, em locais de passa-gem habitual de pessoas.

    Assegurar a estabilidade da carga transportada.

    No circular com a carga elevada. 3.3.2.1 RISCOS E MEDIDAS DE PREVENO ASSOCIADOS OPERAO COM EMPILHADORES.

    Conforme indicado anteriormente, os empilhadores devido sua utilizao generalizada, so responsveis por um grande nmero de acidentes. Estes acidentes esto associados s seguintes situaes:

    Queda de materiais transportados ou armazenados.

    Queda do condutor.

    Viragem do empilhador lateralmente ou longitudinalmente.

    Colises ou choques contra obstculos, estruturas e veculos.

    Colises ou choques com pees.

  • Rogrio Marques 47

    Queda de pessoas transportadas ou elevadas.

    Outros riscos : Conduo por pessoal no qualificado, leses lombares, intoxicaes ou queimaduras, incndios e/ou exploses.

    Seguidamente sero indicadas as causas de cada um dos riscos de acidentes referidos e as medidas para a sua preveno.

    Riscos por queda de materiais:

    - Circulao com cargas mal estivadas.

    - Choques contra estantes.

    - Choques contra material armazenado.

    - Ruptura de estantes e palletes por excesso de carga.

    Medidas de preveno:

    - Assegurar que a carga est perfeitamente equilibrada / acondicionada.

    - Evitar rotaes bruscas.

    - Providenciar boa iluminao nas zonas de circulao e de armazenamento.

    - Dotar o empilhador com cobertura de proteco do condutor.

    - Colocar proteces nas estantes noutras zonas de armazenagem.

    - Indicar a carga mxima (e no exceder) das estantes.

    - Vistoriar periodicamente o estado das palletes.

    Riscos de queda do condutor:

    - No acesso ou abandono do empilhador

    - Por inclinao excessiva durante a marcha.

    Medidas de preveno:

    - Estribos correctamente colocados e antiderrapantes

  • Rogrio Marques 48

    - Evitar a inclinao para obter visibilidade durante a conduo

    Riscos de viragem do empilhador:

    - Excesso e/ou carga mal estivada

    - Velocidade inadequada ao local e carga elevada.

    - Circulao em pavimentos inclinados e desnivelados, sem as devidas precaues (Fig.20).

    Medidas de preveno:

    - Utilizar empilhadores adequados carga a movimentar.

    - No exceder a carga mxima transportvel por cada veculo.

    - Evitar mudanas bruscas de direco, rotaes com raio de girao pequeno e a grande velocidade.

    - A descida de rampas por empilhadores carregados deve ser efectuada em marcha-atrs.

    - Verificar a posio, a fixao e o estado dos apoios da carga.

    - No circular com a carga elevada. Faz subir o centro de gravidade do conjunto empilhador/carga diminuindo estabilidade do empilhador (Fig.21).

    - Assegurar o bom estado dos pavimentos.

    - Verificar o bloqueio dos veculos a carregar/descarregar ( camies, vages, etc), antes do empilhador entrar neles.

    Riscos de coliso e choques com obstculos, estruturas e veculos:

  • Rogrio Marques 49

    - Excesso de velocidade.

    - Pouca visibilidade das vias de circulao.

    - Conduo com pouca visibilidade devido carga.

    - Obstculos e vias de circulao no sinalizadas.

    - Circulao com a carga elevada.

    - Pisos escorregadios, sujos e com obstculos. Fig.21

    Medidas de preveno:

    - Limitar a velocidade. Sinalizar a velocidade mxima de circulao.

    - Dispor de iluminao adequada nas vias de circulao, principalmente nas zonas de mudana de direco.

    - Sinalizar os obstculos ou objectos nas vias de circulao, com faixas amarelas e pretas e lmpadas vermelhas durante a noite.

    - Circular de marcha a trs apenas quando a carga no permitir boa visibilidade

    - Circular com os garfos 15 cm acima do nvel do solo.

    - Manter as reas de trabalho e vias de circulao limpas e desimpedidas

    - Definir sentidos nicos.

    - Marcar as vias de circulao com dimenso adequada.

    - Usar a buzina e reduzir a velocidade nos cruzamentos.

    - Dispor de dispositivos pticos (espelhos) nos cruzamento/entroncamentos.

    - Limitar a velocidade de acordo com as condies do local.

    - No estacionar o empilhador em cruzamentos ou zonas de passagem

  • Rogrio Marques 50

    Risco de colises e choques com pees:

    - Atropelamentos por excesso de velocidade, falta de visibilidade, vias de circulao inadequadas, etc.

    - Pessoas e veculos usando as mesmas vias de circulao.

    Medidas de Preveno:

    - Circular em velocidade reduzida em locais de passagem de pessoas.

    - Equipar o empilhador com iluminao rotativa

    - Efectuar a aproximao a portas com precauo

    - Marcar no pavimento vias de circulao separadas para veculos e pessoas.

    - Naves com aberturas, separadas, para pessoas e para veculos (Fig.22 ).

    - Estacionar o empilhador com os garfos direitos sobre o pavimento.

    Fig. 22

    Risco de queda de pessoas:

    - Elevao de pessoas nos garfos ou em cima de palletes para acesso a estantes ou trabalhos de manuteno.

    - Queda de pessoas por transporte na cabine ou nos garfos

    Medidas de preveno:

    - Sinalizar e proibir a elevao e transporte de pessoas.

  • Rogrio Marques 51

    Outros riscos de operao e respectivas medidas de preveno:

    Conduo por pessoal no qualificado.

    - Sinalizar e proibir a utilizao dos empilhadores por pessoal no autorizado.

    - O condutor nunca deve deixar o empilhador, sem colocar os comandos na posio de paragem, travar o travo de mo e retirar a chave de ignio.

    Leses lombares.

    - Evitar a circulao de marcha a trs.

    - Utilizar pneus adequadas aos pisos de circulao.

    Incndios, queimaduras e intoxicaes.

    - Utilizar empilhador adequado (elctrico, trmico) ao local.

    - Efectuar o abastecimento de combustvel em local bem ventilado ou ao ar livre

    - Utilizar EPI adequado ao produto transportado ou quando o empilhador entra em locais de risco (fundies, fornos, cmaras frigorificas, etc.)

    - O carregamento de baterias deve ser efectuado em local adequado e bem ventilado.

    - Evitar fugas de combustvel.

    - Equipar o empilhador com um extintor.

    - Proibio de fumar se houver risco de incndio/exploso no local.

    Procedimentos do condutor ao iniciar um dia/turno de trabalho:

    Verificar o funcionamento da buzina.

    Verificar o funcionamento dos traves.

  • Rogrio Marques 52

    Verificar o funcionamento dos comandos hidrulicos.

    Verificar o estado e presso dos pneus.

    Verificar o abastecimento de combustvel/carga da bateria.

    Verificar o nvel da gua e do leo (se aplicvel).

    QAA6 - Relacione a carga elevada com a perda de estabilidade do empilhador ?

    QAA7 - Quais as medidas conducentes preveno de acidentes dos empilhadores com pees?

    3.4 REGIME LEGAL DE MQUINAS E EQUIPAMENTOS DE TRABALHO

    Existem alguns diplomas legais que pela sua importncia para as tarefas de

    elevao, movimentao e manuseamento de cargas, merecem registo, e que se

    resumem de seguida:

    O Decreto-Lei n. 320/2001

    O Decreto-Lei n. 320/2001 de 12 de Dezembro, estabelece as regras relativas

    colocao no mercado e entrada em servio das mquinas e dos componentes de

    segurana, transpondo para a ordem jurdica interna a Directiva n. 98/37/CE, do

    Parlamento Europeu e do Conselho, de 22 de Junho, habitualmente apelidada de

    Directiva Mquinas.

    Para os efeitos deste diploma, entende-se por:

    a) Mquina:

    - Um conjunto de peas ou de rgos ligados entre si, em que pelo menos um

    deles mvel e, se for caso disso, de accionadores, de circuitos de comando e de

    potncia, etc., reunidos de forma solidria com vista a uma aplicao definida,

    nomeadamente para a transformao, o tratamento, a deslocao e o

    acondicionamento de um material;

  • Rogrio Marques 53

    - Um conjunto de mquinas que, para a obteno de um mesmo resultado, esto

    dispostas e so comandadas de modo a serem solidrias no seu funcionamento;

    - Um equipamento intermutvel que altera a funo de uma mquina, colocado

    no mercado com o intuito de ser montado pelo prprio operador, quer numa

    mquina, quer numa srie de mquinas diferentes, quer ainda num tractor, desde

    que o referido equipamento no constitua uma pea sobresselente nem uma

    ferramenta;

    b) Componente de segurana: um componente que no seja um equipamento

    intermutvel, e que o fabricante ou o seu mandatrio estabelecido na

    Comunidade coloque no mercado com o objectivo de assegurar, atravs da sua

    utilizao, uma funo de segurana, e cuja avaria ou mau funcionamento ponha

    em causa a segurana ou a sade das pessoas expostas.

    O diploma enuncia exaustivamente um grande conjunto de equipamentos que no

    so abrangidos pelo diploma, sendo fundamental a consulta do artigo 2 quando se

    inicia a anlise duma determinada situao. As excepes abrangem por exemplo,

    os dispositivos mdicos, as armas de fogo, as caldeiras a vapor e recipientes sob

    presso, os reservatrios e condutas de combustveis derivados do petrleo, etc.

    As mquinas e os componentes de segurana a que se aplica o diploma s podem

    ser colocados no mercado e em servio se, quando utilizados para os fins a que se

    destinam e convenientemente instalados e mantidos, no comprometerem a

    segurana e a sade das pessoas devendo satisfazer as exigncias essenciais de

    segurana e sade que lhes so aplicveis, constantes do anexo I ao diploma

    (Exigncias essenciais de segurana e de sade relativas concepo e

    construo de mquinas e de componentes de segurana).

    Outros diplomas que se considera deverem ser referenciados:

    Decreto-Lei n. 330/93 de 25 de Setembro Transpe para a ordem jurdica interna a Directiva n. 90/269/CEE, do

    Conselho, de 29 de Maio, relativa s prescries mnimas de segurana e de

    sade na movimentao manual de cargas. Considera movimentao manual de

    cargas, qualquer operao de transporte e sustentao de uma carga, por um

  • Rogrio Marques 54

    ou mais trabalhadores, que, devido s suas caractersticas ou condies

    ergonmicas desfavorveis, comporte riscos para os mesmos, nomeadamente

    na regio dorso-lombar.

    Portaria 53/71, de 03 de Fevereiro. Esta portaria contempla o Regulamento Geral de Higiene e Segurana do

    Trabalho nos Estabelecimentos Industriais, referindo no Captulo IV, seces I,

    II, III e V preceitos aplicveis movimentao mecnica de cargas.

    Decreto-Lei n. 320/2002 de 28 de Dezembro. Estabelece o regime de manuteno e inspeco de ascensores, monta-cargas,

    escadas mecnicas e tapetes rolantes, aps a sua entrada em servio, bem

    como as condies de acesso s actividades de manuteno e de inspeco. As

    instalaes abrangidas pelo presente diploma ficam, obrigatoriamente, sujeitas

    a manuteno regular, a qual assegurada por uma Empresa de Manuteno de

    Ascensores (EMA), que assumir a responsabilidade, criminal e civil, pelos

    acidentes causados pela deficiente manuteno das instalaes ou pelo

    incumprimento das normas aplicveis. O proprietrio de uma instalao em

    servio obrigado a celebrar um contrato de manuteno com uma EMA.

  • Rogrio Marques 55

    RESPOSTAS S QUESTES DE AUTO-AVALIAO. QAA1 - A contraco muscular, necessria para a realizao do esforo, provoca a diminuio da

    irrigao sangunea e consequentemente de oxignio e de glicose, levando ao aparecimento da fadiga.

    QQA2 - A cerca de 50% da altura do corpo, na 1 vrtebra sacra.

    QAA3 - Porque a distncia maior, em relao carga, logo o esforo nessas vrtebras maior.

    QAA4 - Ausncia ou deficiente marcao dos botes, podendo originar manobras incorrectas. Abandono da botoneira, por falta de suporte, possibilitando o seu contacto acidental e operaes intempestivas.

    QAA5 - Os fins de curso elctricos devem actuar de forma a que, em qualquer situao, provoquem a paragem do equipamento sem embate nos fim de curso mecnicos.

    QAA6 - A carga provoca sempre a deslocao do centro de gravidade do empilhador na sua direco, dando origem a um novo centro de gravidade do conjunto empilhador /carga. A elevao da carga provoca a elevao do centro de gravidade do conjunto e consequentemente a diminuio da estabilidade.

    QAA7 - Circular com velocidade reduzida em locais de passagem de pessoas, equipar o empilhador com iluminao rotativa, efectuar a aproximao a portas com precauo, marcar no pavimento vias de circulao separadas para veculos e pessoas e providenciar aberturas separadas, nas naves, para pessoas e para veculos.

    BIBLIOGRAFIA

    - Manual de Seguridad en el Trabajo - Fundacin MAPFRE

    - Manual de Higiene e Segurana no Trabalho - Alberto Srgio Miguel, da PORTO EDITORA.

    - Arte Naval Moderna - Marinha de Guerra Portuguesa - Documentao do Curso de ps-graduao em SHST - ISTP.

    - Decreto-Lei n. 320/2001 de 12 de Dezembro - Decreto-Lei 50/2005 de 25 de Fevereiro - Decreto-Lei n. 330/93 de 25 de Setembro - Decreto-Lei n. 320/2002 de 28 de Dezembro

  • Rogrio Marques 56

    ANEXO I - REVISES SOBRE TRIGONOMETRIA As funes trigonomtricas aplicam-se a qualquer tringulo rectngulo e so dadas pelas relaes que a seguir se apresentam, relativamente aos seus dois ngulos agudos. Recorde-se que se chama hipotenusa ao maior lado do tringulo e que se considera lado adjacente dum ngulo aquele que forma o ngulo com a hipotenusa.

    Hipotenusaoposto.L

    sen = Hipotenusa

    adjacente.LCos =

    Assim, no tringulo da figura, sen = B/H e cos = A/H. Do mesmo modo, sen = A/H e cos = B/H. Tratando-se assim duma relao entre trs grandezas, sabendo quaisquer duas, consegue-se determinar a terceira. Os valores de sen e cos so dados, juntamente com outras funes trigonomtricas por Tabelas Trigonomtricas, donde se retiram os valores de ngulos mais utilizados:

    ngulo 30 45 60 90 120 150

    Sen 0,5 0,707 0,866 1 0,866 0,5

    Cos 0,866 0,707 0,5 0 -0,5 -0,866 de referir que, qualquer calculadora cientfica faz o clculo directo de qualquer destas funes para qualquer ngulo. Por outro lado, sabendo o valor do sen ou do cos, tambm possvel determinar qual o valor do ngulo em questo, atravs das funes arcsen (l-se arco cujo seno ...) e arcos (arco cujo cos ...), tambm existentes nas calculadoras. Existem ainda outras relaes a recordar:

    Sen2 + Cos2 = 1

    adjacente.Loposto.L

    Tg =

    cossen

    Tg =

    H

    A

    B

    Fig. 1

  • Rogrio Marques 57

    ANEXO II - DISTRIBUIO DO PESO POR DIVERSOS ESTROPOS QUE SUSPENDEM UMA CARGA

    prtica comum, quando tememos que um s cabo no suporte uma determinada carga, dobrar esse cabo, funcionando no fundo como dois cabos (ou estropos). Desde que os cabos sejam absolutamente do mesmo comprimento, cada um suportar o equivalente a metade da carga, desde que se mantenham paralelos (ngulo = 0) (ver fig.1). Na verdade, o peso ser igual soma aritmtica de P1 e P2, pois os dois vectores tm a mesma direco (e neste caso, tambm o mesmo sentido). Se os pontos de suspenso da carga exigirem que os cabos se afastem, eles comearo a fazer um ngulo entre si. Apesar do peso ser o mesmo, a componente desta fora que cada cabo vai suportar vai ser superior s anteriores. De facto, o peso ser a resultante dum sistema de duas foras que se desenvolvem segundo a direco que os cabos de suspenso definirem.

    A soma destas duas foras feita segundo a regra do paralelogramo, representado na fig.3. Como se pode observar, os dois estropos formam dois tringulos rectngulos. Assim, sabendo, o afastamento dos cabos sabemos o comprimento do lado oposto ao semi-ngulo formado pelas foras. O comprimento do cabo d-nos o comprimento da hipotenusa, pelo que poderemos resolver a relao do coseno, acima referida, permitindo assim saber o

    valor do ngulo (fig. 4) que como se pode observar, representa metade do ngulo feito pelos dois cabos. Conhecendo o valor do ngulo (e portanto do seu cos) conseguiremos determinar P1 ou P2, ou seja a fora que se vai exercer em cada um dos estropos, se considerarmos um novo tringulo rectngulo sobreposto ao anterior, em que a hipotenusa o P. Partindo assim duma situao em que P1=P2= P/2, quando o ngulo entre os cabos era 0, verificamos que P1 e P2 so afectados pelo ngulo que formam entre si, podendo ento obter-se a equao dos textos:

    P

    P1=P/2 P2=P/2

    Fig. 2

    P1 P2 +

    P

    Fig. 1

    P

    P1 P2

    P

    Fig. 2

  • Rogrio Marques 58

    CosP=CosP=2P

    21

    (a designao do ngulo refere-se fig. 4) Se utilizarmos os valores de cos da tabela anterior, poderemos fazer uma simulao: Imagine-se a suspeno dum peso de 100 Kg por dois estropos que, num caso fazem um ngulo de 90 e posteriormente foram acrescentados por forma a fazerem um ngulo de apenas 60. Para 90 (ngulo com a vertical = 45): P/2 = 100/2 = 50 Kg 50 = P1 x cos 45 50 / 0,707 = P1 P1 = 70,7 Kg Para 60 (ngulo com a vertical = 30): 50 = P1 x cos 30 50 / 0,866 = P1 P1 = 57,7 Kg Concluso: a reduo do ngulo levou, para um mesmo peso, reduo da fora suportada por cada um dos cabos, de 70,7 para 57,7 Kg.

    A

    H

    B

    Fig. 4

  • Rogrio Marques 59

    ANEXO III - TABELAS DE CABOS E CORRENTES

  • Rogrio Marques 60

  • Rogrio Marques 61

  • Rogrio Marques 62

    ANEXO IV CERTIFICADOS DE ACESSRIOS

  • Rogrio Marques 63