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MÚSICA E PRODUÇÃO DE PODCASTS NA AULA DE LÍNGUA INGLESA
Simone Aparecida Pinto Stelmach¹ Orientadora: Ms. Eunice Pereira Guimarães²
RESUMO:
Este artigo visa apresentar os resultados da implementação pedagógica intitulada “O podcast e o gênero textual música no ensino de inglês” para o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, para os anos de 2016 e 2017. Nosso objetivo foi por meio da ferramenta tecnológica podcasts aliada ao trabalho com o gênero textual música, promover práticas de oralidade e de escuta dinâmicas, interativas e significativas e levar os alunos a produzir seus próprios podcasts. Nosso trabalho fundamentou-se em sequências didáticas e capacidades de linguagem (SCHNEUWLY; DOLZ, 2004; CRISTOVAO & STUTZ, 2011), música na sala de aula (SOUZA, 2014) e podcasts (GOMES et al., 2011). As músicas escolhidas para nossa sequência didática foram Heal the World e Somewhere over the Rainbow. Nossos resultados demonstraram que quando incentivados a praticar a oralidade por meio de músicas e gravações de podcasts, os educandos sentem-se motivados e participativos diante das atividades propostas. Decorrente dessa motivação, após o término deste projeto de intervenção, os alunos passaram a produzir podcasts, com sugestões de pronúncia, dicas de língua inglesa e vocabulários estudados em sala de aula e têm publicado semanalmente na Rádio Escola, o que demonstra que nosso trabalho realmente e promoveu motivação para o aprendizado de inglês bem como despertou o engajamento para a participação na comunidade escolar, por meio de outra tecnologia
(não menos importante) a Rádio Escola. Este artigo também apresenta breves
considerações sobre nosso Grupo de Trabalho em Rede (GTR) bem como a disseminação do projeto, realizada no evento científico V SIEPE/UNICENTRO, 2017. Palavras-chaves: gênero textual música; podcasts; ensino de inglês.
INTRODUÇÃO
Este artigo apresenta os resultados de um Projeto de Intervenção
Pedagógica PDE- 2016/2017, cujo foco é o trabalho com músicas em podcasts. O
projeto denomina-se “Música e produção de podcasts na aula de língua inglesa”, e
foi desenvolvido no ano de 2017, entre março e junho, no Colégio Estadual Santa
Catarina do Município de Coronel Domingos Soares-Paraná, em uma turma de 1°
1ano do Ensino Médio. Desta feita, nosso objetivo é relatar os resultados obtidos
com o desenvolvimento desse projeto.
1 Professora da rede pública de ensino do Estado do Paraná. Graduada em Letras – Inglês pela Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras – FAFI, com especialização em Metodologias de Ensino de Língua Inglesa pelo IFPR. ²UNICENTRO – Guarapuava. Mestre em Letras – interfaces em Língua e Literatura. E-mail: [email protected].
É de conhecimento comum que um dos problemas enfrentados pelos
professores é despertar o interesse dos alunos em atividades em sala de aula,
realidade semelhante também compartilhamos em nosso contexto escolar. Diante
disso, buscamos considerar que a utilização da música e a produção de podcasts
são ferramentas que podem desenvolver a oralidade dos alunos de forma
dinâmica, interacional e integrativa, pois cantar e ouvir música faz parte da
identidade cultural dos adolescentes. Ademais, a utilização da tecnologia como
ferramenta de aprendizagem, além de aproximar professor e aluno, também
proporciona um ambiente interativo onde o aluno pode tornar-se mais ativo e
participativo das atividades, explorando diversos tipos de conhecimento.
Nesse sentido, Piza (2012, p.79) reforça que “podcast é uma evolução
tecnológica que pode servir para alavancar e apoiar as antigas e/ou tradicionais
formas de educação, mas também a ela, está reservada a possibilidade de
transformação da aprendizagem.” Para a autora, o aprendizado em inglês pode
tornar-se mais prazeroso e lúdico, uma vez que o uso de podcasts permite que os
alunos façam pequenas gravações de áudio, tornando a atividade de falar e ouvir
mais significativa e contextualizada. Paralelamente ao recurso do podcast, a
música é um método de aprendizagem bastante significativo. Trabalhar com
atividades musicais nas aulas de Inglês podem desenvolver a compreensão
auditiva e a oralidade, ao mesmo tempo em que proporciona um espaço para que o
aluno seja capaz de vincular o que é estudado na escola com o que o vivencia fora
do espaço escolar (SOUZA, 2014; GOBBI, 2001).
Dado o exposto, buscamos, por meio da ferramenta tecnológica podcasts,
aliada ao trabalho com o gênero textual música, promover práticas de oralidade e
de escuta dinâmicas, interativas e significativas para uma turma do 1° ano do
Ensino Médio do Colégio Estadual Santa Catarina do Município de Coronel
Domingos Soares-Paraná. Nossos objetivos específicos foram os seguintes:
1)desenvolver a acuidade auditiva dos alunos por meio de músicas apresentadas
em sala de aula; 2) conduzir análises das marcas de língua oral das músicas;
3)trabalhar a significação do vocabulário das músicas apresentadas; 4) trabalhar a
gramática das músicas apresentadas; 5) levar os alunos a compreender e
interpretar as músicas apresentadas, buscando estabelecer relações com a
identidade cultural dos alunos; 7) desenvolver atividades para treinar e aperfeiçoar
a pronúncia e entonação do vocabulário presente nas músicas; 8)orientar na
escuta e na revisão de pronúncia e entonação do material gravado para a produção
final de podcasts; 9) levar os alunos a produzir podcasts com refrão das músicas
trabalhadas em sala de aula.
Este artigo está organizado em quatro partes. A primeira parte apresenta os
fundamentos teóricos que alicerçaram nosso trabalho. A segunda trata das
questões metodológicas enquanto a terceira parte focaliza na descrição e análise
de nossa aplicação em sala de aula. E, finalizamos com as considerações sobre os
resultados de nossa implementação.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
GÊNEROS TEXTUAIS
Cristóvão e Cabral (2013, p.191) colocam que “a atividade de linguagem se
realiza concretamente sob a forma de textos, que são unidades semióticas e
comunicativas contextualizadas”. Esses textos são estrutura e semioticamente
organizados e, assim, designados de gêneros textuais que nos possibilitam atuar
nas mais diversas situações de comunicação em nossa vida diária. Para Lousada
(2007, p.199):
Ensinarmos gêneros de textos para nossos alunos é instrumentalizá-los com ferramentas de que precisam para agirem no mundo em que vivem. Muito se fala hoje em construção da cidadania; o ensino de gêneros é uma forma concreta de possibilitar a formação desse cidadão no contexto escolar.
Para o ensino formal de gêneros textuais, seguindo a perspectiva genebrina,
tem-se a necessidade de produzir e aplicar sequência didática de gêneros, que são
explicadas como “um conjunto de atividades escolares organizadas
sistematicamente em torno de um gênero textual oral ou escrito” (SCHNEUWLY E
DOLZ, 2004). Dessa forma, entendemos a sequência didática como um conjunto
de atividades progressivas, interligadas entre si, que instigam os alunos a
apropriarem-se de um determinado conhecimento para atuarem/agirem
socialmente com esse gênero. Esse agir é possibilitado por meio das capacidades
de linguagens que os alunos devem desenvolver apropriadamente. As capacidades
de linguagem de gênero textual que devem ser trabalhadas/desenvolvidas são
(BRONCKART, 2006; CRISTOVAO & STUTZ, 2011; CRISTÓVÃO; CABRAL,
2013):
- Capacidade de Significação: foco na construção/entendimento de práticas sociais
que o envolvem o gênero em foco;
- Capacidade de Ação: foco na construção e representação sobre o contexto sócio
histórico do gênero;
- Capacidade Discursiva: visa representações e conhecimentos do nível
organizacional do texto;
- Capacidade Linguístico-Discursiva: refere-se aos aspectos léxicos-gramaticais,
coesão verbal e nominal.
USO DA TECNOLOGIA COM FINS EDUCACIONAIS PARA O ENSINO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS
Hoje, as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICS) têm influenciado
nosso meio social e na escola isso não é diferente. O uso das tecnologias e da
Internet com fins educacionais oferece uma diversidade de recursos que
aproximam os alunos de situações reais de uso da língua. “O uso de tecnologias no
âmbito educacional é uma realidade constante para muitos professores e
instituições de ensino, os quais visualizam novas possibilidades de ensinar frente a
uma gama de recursos da Internet” (DUTRA et al 2014, s.p.).
Para que ocorra a apropriação de uma língua estrangeira, é necessário que
se crie um ambiente agradável e colaborativo em sala de aula. Os recursos
tecnológicos são grandes incentivadores para o aprendizado, pois possibilitam ao
aluno desenvolver as habilidades da língua – listening, reading, writing e speaking
– utilizando ferramentas tecnológicas que fazem parte de seu cotidiano. Prensky
(2001 apud DUTRA et al 2014, s. p.) afirma que:
Os jovens e adolescentes de hoje pertencem à geração digital, eles são “nativos digitais”. Nasceram rodeados pelas tecnologias digitais, pelos jogos de computadores, tablets, entre outros. Eles passam a maior parte do dia online, vivenciando as verdadeiras potencialidades do conectivismo.
GÊNERO MÚSICA
Toda música carrega uma bagagem cultural e ideológica que contribui para
ampliação do conhecimento de mundo trazido pelos alunos. A música torna-se um
gênero textual significativo para ser trabalhado em sala de aula, além de ser lúdico
e dinâmico, é um gênero que circula em diversos ambientes do cotidiano de nossos
alunos.
O trabalho com o gênero textual música apresenta uma vantagem que é a
motivação para a prática da oralidade, já que na maioria das vezes as músicas
possuem refrões repetitivos que facilitam a fixação de expressões, vocabulário e
pronúncia, deixando os alunos mais seguros no uso real da fala. Segundo Krashen
(1982, p.31 apud SOUZA, 2014, p.24):
existe o filtro afetivo e este filtro deve ser mantido baixo, isto é, se os alunos passam por situações que os desmotivam em sala de aula, tendem a ter o filtro afetivo alto, e se, o filtro afetivo está alto “mesmo que entendam a mensagem, o insumo não alcançará a parte do cérebro responsável pela aquisição da língua, ou o dispositivo da aquisição da língua. Assim, o professor deve manter o filtro afetivo do aluno baixo, para que desta forma ele esteja mais apto a aprender, e a música nesta situação é um excelente meio para deixar o aluno mais à vontade para aprender a língua (nosso grifo).
O uso da música pode ser mais bem trabalhado em sala de aula, além de
explorar letra e melodia é possível desenvolver atividades que analisam
criticamente os objetivos do autor, a época, a situação social que compõe a música
como um todo. Para SOUZA (2014, p.26)
É preciso também considerar como ela foi produzida, em que época, como ela está distribuída (...). Para um trabalho mais efetivo, é necessário não apenas ouvi-la, traduzi-la, mas também explorar sua mensagem, interpretar o significado dos sons em conjunto com a letra, interpretar a melodia. É importante não perder o lado artístico da música, pois assim pode-se desenvolver o senso artístico dos alunos. (nosso grifo)
A música é um gênero textual que apresenta características próprias,
carregada com palavras em sentido conotativo, rimas, estrofes, refrões e também
elementos formais, que são: densidade, timbre, intensidade, altura, duração,
harmonia, melodia e ritmo. Esses elementos dão forma à música, tornando-a
agradável e harmoniosa aos nossos ouvidos. De acordo com FREITAS (2013), a
música tem como característica:
Texto escrito na forma de poema, em geral com a intenção de acompanhar
uma melodia, com um ritmo específico;
Estruturação do conteúdo em versos, com recursos de rima e métrica;
Uso de figuras de linguagem como metáfora, metonímia, hipérbole,
aliteração, sinestesia;
É comum o uso da linguagem coloquial, com a presença de repetições,
contrações, jogos sonoros, onomatopeias, etc.
PODCAST
O podcast surgiu como o acrônimo das palavras public on demand” e
broadcast, tratando-se inicialmente de áudios que podem ser executados em
qualquer reprodutor executável. Assim, os materiais necessários para sua
realização são de fácil acesso e podem ser utilizados de forma relevante no
aprendizado de língua estrangeira (DUTRA, 2014).
Segundo Carvalho (2009), essa ferramenta tecnológica é de grande valia para
o trabalho em sala de aula. Por meio dela é possível promover discussão,
atividades colaborativas e produção de material didático por parte dos alunos, que
deixam o papel de espectadores para agentes ativos na construção do
aprendizado. Encontramos as mais diversas possibilidades para a utilização de
podcasts, que podem servir para informar, motivar, incentivar, orientar, questionar
e/ou sensibilizar. Para SANTOS (2014, p.22):
Num mundo globalizado onde o tempo é escasso, o podcast surge como uma tecnologia alternativa extremamente potente para ser utilizada a serviço do processo de ensino e aprendizagem tanto na modalidade a distancia (e-learning) ou como no complemento ao ensino presencial (b-learning).
São várias as vantagens de se trazer podcasts para sala de aula, dentre elas
podemos ressaltar (DUTRA, 2014; GOMES et al., 2011; SANTOS, 2014):
a utilização dessa ferramenta tecnológica favorece o interesse dos
alunos na aprendizagem dos conteúdos;
a gravação pode ser feita inúmeras vezes, possibilitando aos alunos ouvir
e avaliar o próprio trabalho até considerá-lo satisfatório;
a possibilidade de ser produzido em outros ambientes que não seja sala
de aula;
a segurança sentida pelos alunos nessa forma de praticar oralidade, pois
predomina a formação de grupos entre eles e o trabalho colaborativo.
Para GOMES et al. (2011, p.6), os podcasts possuem seis características:
tipo, formato, duração, autor, estilo e finalidade. Com base nessas características,
podemos classificá-los como:
Tabela 1: Classificação de podcasts (GOMES et al., 2011, p.6).
Tipo Características
Expositivo/Informativo Apresentação de um conteúdo,
síntese da matéria, resumo de uma
obra, artigo ou teoria; uma analise;
poema; explicação de conceitos, entre
outros.
Feedback/Comentários Comentários crítico sobre trabalhos
ou tarefas realizadas pelos alunos,
efetivado pelo docente ou pares,
devendo ser sempre construtivo,
salientando aspectos positivos afim
de melhorar propondo alternativas.
Instruções/Orientações Indicações ou instruções para
realização de trabalhos práticos;
orientação de estudo;
recomendações, etc.
Materiais autênticos Feitos para o público, não
especificamente para estudantes,
como entrevistas na rádio, excertos
de telejornais e sketches publicitários.
METODOLOGIA
A sequência didática de gênero textual música associada à utilização de
podcasts teve como objetivo o desenvolvimento da oralidade e da compreensão
oral em inglês e também a produção de podcasts pelos alunos. Conforme já
colocado, o trabalho foi desenvolvido com alunos do 1º ano do ensino médio, do
Colégio Estadual Santa Catarina, no primeiro semestre de 2017. Nossa
sequência didática foi composta de 6 (seis) módulos. As músicas trabalhadas na
sequência didática foram Heal the World e Somewhere over the Rainbow.
Apresentamos a seguir os procedimentos desenvolvidos na realização de
nosso trabalho em 2016 e 2017:
Procedimento 1: aplicação de uma avaliação diagnóstica na turma escolhida, no
primeiro semestre do ano de 2016, para identificarmos qual a preferência dos
alunos em relação ao estilo musical, grupos musicais e cantores/cantoras;
Procedimento 2: a produção da sequência didática, no segundo semestre do ano
de 2016, visando o desenvolvimento da oralidade e escuta dos alunos por meio de
músicas para a produção final de podcasts pelos alunos. O planejamento de
atividades envolveu as quatro capacidades de linguagem necessárias para
apropriação de um gênero textual, sendo elas: capacidade de ação, capacidade
discursiva, capacidade linguístico-discursiva e capacidade de significação
(SCHNEUWLY; DOLZ, 2004; CRISTOVAO & STUTZ, 2011). Também, na
sequência foram elaborada atividades para ensinar o manuseio do suporte digital
podcasts, para que ao final da sequência, os alunos pudessem produzir seus
próprios podcasts com as músicas trabalhadas ao longo da sequência didática;
Procedimento 3: aplicação dos módulos da sequência didática para o 1º ano do
ensino médio, no primeiro semestre do ano de 2017, com intuito de que ao término
da mesma, os alunos produzissem seus próprios podcasts, utilizando as músicas e
os ensinamentos aprendidos durante as atividades trabalhadas.
Procedimento 4: socialização em ambiente escolar, dos resultados da aplicação
da sequência didática, elaborada por mim, através da divulgação na Rádio Escola,
durante o segundo semestre do ano de 2017.
ANÁLISE DE DADOS / RESULTADOS
Apresentamos nesta seção os resultados pertinentes à fase 3, de nossa
implementação, cujas atividades foram a aplicação da sequência didática composta
de seis módulos aqui relatados sequencialmente.
Iniciamos o primeiro módulo em março, onde no primeiro encontro, dia 02,
expusemos os objetivos do projeto e apresentamos aos alunos o que é Podcast e
suas características. Também acordamos sobre o uso do celular nas atividades
propostas em sala de aula, e eles aproveitaram para pesquisar sobre Podcast e
ouviram os mais acessados. No segundo encontro, dia 14, com o intuito de
estimular a acuidade auditiva, assistimos ao vídeo clipe da música Heal the World,
onde os alunos associaram as imagens ao áudio, identificando várias palavras que
já conheciam. Os alunos questionaram se teriam que cantar e demonstraram
insegurança e vergonha em relação a prática oral na língua inglesa. Dia 21,
iniciamos o terceiro encontro, trabalhando as atividades com o vocabulário da
música. Em seguida, assistimos ao vídeo clipe da música, mas dessa vez com
legenda onde puderam conferir as atividades que realizaram. Alguns tentaram
acompanhar e cantar, mas a maioria apresentou resistência na oralidade. No
quarto encontro, dia 28, os alunos trabalharam em grupos, escrevendo o que a
música Heal the World representa no contexto histórico atual e, pesquisaram, em
seus celulares, imagens que representam a música, além da que foi apresentada
na Sequência Didática. Os alunos sugeriram a personalização da pasta entregue a
eles, com todas as atividades a serem realizadas durante a implementação.
Sequencialmente, no quinto encontro, dia 4/04, iniciamos o módulo 2, onde
focamos o trabalho no vocabulário apresentado na música, na pronúncia correta e
palavras cognatas. No dia 14/04, sexto encontro, conhecendo o vocabulário mais
detalhado, os alunos apontaram pontos positivos relatados na música. Tentamos
ouvir novamente, mas houve um problema com o cabo da caixa de som. Para
tirarem as dúvidas sobre a pronúncia das palavras, baixamos o aplicativo
Dictionary nos celulares e, em grupos, os alunos ouviram a pronúncia das palavras
que tinham dúvidas. O sétimo encontro, no dia 18/04, ouvimos a música e os
alunos identificaram as partes que tinham facilidade para cantar e praticaram a
pronúncia. No oitavo encontro, dia 25, trabalhamos com as características do
gênero textual música e as identificamos na letra da música Heal the World.
Iniciamos o terceiro módulo, no nono encontro, dia 02/05, onde os alunos,
em grupos, utilizaram seus celulares para pesquisarem sobre a biografia do cantor
Michael Jackson. Após a pesquisa, apresentaram aos colegas os tópicos que mais
chamaram atenção. No dia 09/05, décimo encontro, pesquisaram informações
sobre a música Heal the World, em que época fez sucesso e o que a torna atual.
Houve uma discussão relevante sobre guerras, ataques terroristas e atitudes que
podem melhorar o dia a dia da comunidade em que vivemos. No décimo primeiro
encontro, dia 16/05, trabalhamos com os Direitos Humanos, apresentando um
breve histórico e assistindo vídeos que contemplam os dez primeiros artigos.
Nessa atividade, os alunos relataram dificuldade na compreensão auditiva nos
vídeos, sendo necessário ouvir mais vezes para conseguirem acompanhar as
legendas e responderem as atividades propostas. Também demonstraram
interesse em saber quais eram os outros artigos existentes na Declaração
Universal dos Direitos Humanos, quando tivemos o auxílio da professora da
disciplina de Sociologia, que trabalhou simultaneamente os 30 artigos que fazem
parte desse documento. Dia 30/05, décimo segundo encontro, em grupos, os
alunos escolheram e ilustraram parte da música onde consideraram representar os
direitos humanos. Observamos que durante a realização dessa atividade, eles
cantavam e pronunciavam as palavras, e até mesmo corrigiam uns aos outros. Os
trabalhos foram expostos no saguão do colégio.
Sequencialmente, iniciamos o quarto módulo, no décimo terceiro encontro,
dia 06/06, com a leitura da biografia do cantor Israel “IZ” Kamakawiwo’ole. Nesse
dia, as atividades foram interrompidas para que os alunos participassem das
Olimpíadas de Matemática. Dia 13/06, décimo quarto encontro, revimos a biografia
do cantor IZ e alguns adjetivos. Surgiram questionamentos e reflexões sobre
bullying. Dia 14/06, décimo quinto encontro, assistimos ao vídeo clipe da música
Somewhere over the Rainbow e, com base nas imagens e melodia, os alunos
fizeram inferência sobre o tema da música. Surgiram novamente questionamentos
sobre a aparência física do cantor, os adjetivos que haviam relembrado (fat, ugly,
beautiful, kind, polite, etc.) e bullying. No décimo sexto encontro, dia 20/06, com a
letra da música Somewhere over the Rainbow, em mãos, os alunos identificaram
palavras que estavam faltando na música. Relataram que tiveram mais dificuldade
de entender devido a voz do cantor e manifestaram preferência pela primeira
música trabalhada.
O quinto módulo foi iniciado dia 21/06, décimo sétimo encontro, onde
trabalhamos com o vocabulário apresentado na música Somewhere over the
Rainbow, as características do gênero textual nela apresentada, e adjetivos. Os
alunos também explanaram sobre seus projetos e sonhos para o futuro.
Dando inicio ao sexto módulo, no dia 27/06, décimo oitavo encontro, no
laboratório de informática do Colégio, conhecemos o programa Audacity, assistindo
vídeos e testando gravações de áudios, pois utilizamos esse programa para fazer
as gravações. Dia 28/06, décimo nono encontro, dividimos turma em quatro
grupos, onde três escolheram gravar partes da música Heal the World , e o quarto
grupo escolheu a música Somewhere over the Rainbow. Após as escolhas feitas,
eles praticaram a pronúncia correta e ensaiaram para a gravação. Dia 04/07,
vigésimo encontro, iniciamos as gravações. Foram necessárias várias repetições e,
por esse motivo, gravamos somente com dois grupos. Percebi que os alunos
ficaram receosos quando precisaram gravar. No dia, 05/07, vigésimo primeiro
encontro, finalizamos as gravações. Sendo que o grupo que escolheu a música
Somewhere over the Rainbow, preferiu fazer somente a leitura da letra da música.
Finalizando a implementação da unidade didática, no dia 11/07, vigésimo
primeiro encontro, ouvimos as gravações e os alunos sugeriram que não fossem
socializadas na Rádio Escola, mas gostariam de gravar outros áudios que
contemplassem pronúncias de palavras e dicas da língua inglesa para que eles
pudessem socializar semanalmente na Rádio Escola. Afirmaram que se sentem
mais à vontade na leitura de textos do que cantar em outra língua.
INTERAÇÕES E REFLEXÕES NO GTR
Concomitantemente à implementação da sequência didática, ocorreu a
realização do Grupo de Trabalho em Rede (GTR), onde os professores
participantes contribuíram com sugestões e apontamentos relacionados ao material
estudado. O GTR foi realizado no período de abril à junho de 2017, tendo nove
professores concluintes.
Houve algumas desistências de professores no decorrer do curso, alguns
deles relataram como motivo a perda do período limite para a realização das
atividades, assim como as dificuldades encontradas para finalizá-las.
No entanto, os cursistas que finalizaram o trabalho, demonstraram interesse
em utilizar o Podcast como ferramenta pedagógica em suas aulas. O relato de
atividades realizadas durante o curso, utilizando a sequência didática apresentada,
enriqueceu significativamente o trabalho, assegurando o benefício que o uso de
novas tecnologias trás às nossas práticas pedagógicas.
DISSEMINAÇÃO DO PROJETO EM EVENTO CIENTÍFICO
A disseminação de resultados de projetos, atividades e/ou pesquisas, etc. são
fundamentais para dar visibilidade ao conhecimento gerado para que outros
profissionais da área tenham acesso e a oportunidade de utilizá-los e, assim,
produzir novos conhecimentos. Diante do exposto, participamos do evento
científico V SIEPE, Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão, promovido pela
UNICENTRO, de 23 a 27 de outubro de 2017, para disseminar nosso trabalho em
uma comunicação oral, denominada “ALUNOS-PODCASTERS NA AULA DE
INGLÊS”. O resumo expandido da apresentação oral pode ser acessado nos anais
eletrônicos do evento, no seguinte endereço:
STELMACH, Simone Aparecida Pinto; BIAZI, Terezinha Marcondes Diniz; GUIMARÃES, Eunice Pereira. ALUNOS-PODCASTERS NA AULA DE INGLÊS. V SIEPE, Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão, UNICENTRO/ 2017. (ISSN 2236-7098). Disponível em: <https://evento.unicentro.br/files/Submissaoxarquivos/car_submissao/31_08_2017_
car_submissao_1853015792.pdf >. Acesso: 26 Nov. 2017.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O principal objetivo do nosso trabalho foi levar os educandos a participar de
atividades orais em língua estrangeira, inglês, por meio da gravação de Podcasts.
Ao concluir o trabalho, afirmamos que o uso dessa ferramenta tecnológica nos
possibilitou alcançar os objetivos almejados ao longo das atividades propostas.
As ferramentas tecnológicas nos cercam e hoje, faz-se necessário
utilizarmos com fins pedagógicos para que o ambiente escolar torne-se agradável e
interessante aos nossos adolescentes. Trabalhar com tecnologia em sala de aula
proporcionou maior engajamento dos educandos nas atividades orais, que foram o
foco do nosso trabalho.
O ambiente escolar ainda não está totalmente adaptado para uso da
tecnologia, tive dificuldades em relação ao acesso à internet. Muitas vezes,
utilizamos dados móveis dos celulares para podermos ter acesso aos vídeos e
tutoriais necessários para a realização das atividades.
Após o trabalho com a sequência didática, fizemos as gravações escolhidas,
sendo que três grupos de alunos produziram seus podcasts, cantando trechos da
música Heal the World e um quarto grupo optou em produzir um podcast com a
leitura da letra da música Somewhere over the Rainbow. Analisamos os resultados
e apesar de ter sido um momento de descontração e auto avaliação com resultado
positivo, os alunos solicitaram que essas gravações não fossem socializadas na
Rádio Escola, e sugeriram a gravação semanal de dicas e pronúncias de palavras
na língua inglesa.
O trabalho com gravações de Podcast foi surpreendente. A facilidade,
própria dos adolescentes, em utilizar ferramentas tecnológicas como celulares e
softwares, tornou os podcasters (alunos) independentes em suas pesquisas e
produções.
Desde o término desse projeto de intervenção, os alunos, semanalmente,
têm gravado áudios para veicular na Rádio Escola, que é um sistema de som que
abrange todos os ambientes do colégio. Os podcasts contém sugestões de
pronúncia, dicas de língua inglesa e vocabulários estudados em sala de aula. Esse
programa de podcasts recebeu o nome de Solta a Língua, e tem participação de
outras turmas da escola, que também demonstraram interesse em gravar os
podcasts. Portanto, registro, orgulhosamente, que nosso trabalho com podcasts foi
e tem sido uma experiência que trouxe motivação para os alunos para o
aprendizado de inglês bem como despertou o engajamento destes para a
participação na comunidade escolar, por meio de outra tecnologia (não menos
importante) a Rádio Escola. Parabéns a nós todos produtores desse projeto que
promove cidadania !!!!!!
REFERÊNCIAS
CASTRO, Laura Helena Pinto de. CONDE, Ivo Batista. PAIXÃO, Germana Costa.
Podcasts exploratórios e colaborativos: oralizando conhecimentos em um
curso de graduação a distância. Revista Tecnologias na Educação-Ano 6 –
número 11- Dezembro de 2014. Disponível em:
<http://tecnologiasnaeducacao.pro.br > . Acesso em 05/06/16
CRISTOVAO, Vera; STUTZ, Lídia. Sequências Didáticas: semelhanças e especificidades no contexto francófono como L1 e no contexto brasileiro como LE. In: SZUNDY, P. T.C. et al. (Org.). Linguística Aplicada e Sociedade: ensino e aprendizagem de línguas no contexto brasileiro. Campinas: Pontes Editores, 2011, v. 1, p. 17-40.
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características nas produções de professores em formação continuada. Rev. Est. Ling., Belo Horizonte, 21, n. 1, p. 189-222, jan/jun. 2013. DUTRA, Alessandra; SANTOS, Givan José; BELL’AVER; Jéssica Eluan Martinelli. Podcast e Videocast: uma possibilidade de trabalho nas aulas de Língua Inglesa. Revista Tecnologias na Educação – Ano 6 – número 11 – Dezembro 2014. Disponível em:< http://tecnologiasnaeducacao.pro.br/>. Acesso em 05/05/16. FREITAS, Anderson. Gênero textual letra de Música. Disponível em:<
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