MTB 1 Manual Tecnico Bombeiro

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  • Coletnea de ManuaisTcnicos de Bombeiros

    MANUAL DE FUNDAMENTOS DOCORPO DE BOMBEIROS

  • COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS

    MANUAL DE FUDAMENTOS DO CORPO DE BOMBEIROS

    2 Edio 2006

    Volume 00

    MFCB

    PMESP CCB

    Os direitos autorais da presente obra pertencem ao Corpo de Bombeiros da Polcia Militar do Estado de So Paulo. Permitida a reproduo parcial ou total desde que citada a fonte.

  • PREFCIO - MTB

    No incio do sculo XXI, adentrando por um novo milnio, o Corpo de Bombeiros

    da Polcia Militar do Estado de So Paulo vem confirmar sua vocao de bem servir, por

    meio da busca incessante do conhecimento e das tcnicas mais modernas e atualizadas

    empregadas nos servios de bombeiros nos vrios pases do mundo.

    As atividades de bombeiros sempre se notabilizaram por oferecer uma

    diversificada gama de variveis, tanto no que diz respeito natureza singular de cada uma

    das ocorrncias que desafiam diariamente a habilidade e competncia dos nossos

    profissionais, como relativamente aos avanos dos equipamentos e materiais especializados

    empregados nos atendimentos.

    Nosso Corpo de Bombeiros, bem por isso, jamais descuidou de contemplar a

    preocupao com um dos elementos bsicos e fundamentais para a existncia dos servios,

    qual seja: o homem preparado, instrudo e treinado.

    Objetivando consolidar os conhecimentos tcnicos de bombeiros, reunindo, dessa

    forma, um espectro bastante amplo de informaes que se encontravam esparsas, o

    Comando do Corpo de Bombeiros determinou ao Departamento de Operaes, a tarefa de

    gerenciar o desenvolvimento e a elaborao dos novos Manuais Tcnicos de Bombeiros.

    Assim, todos os antigos manuais foram atualizados, novos temas foram

    pesquisados e desenvolvidos. Mais de 400 Oficiais e Praas do Corpo de Bombeiros,

    distribudos e organizados em comisses, trabalharam na elaborao dos novos Manuais

    Tcnicos de Bombeiros - MTB e deram sua contribuio dentro das respectivas

    especialidades, o que resultou em 48 ttulos, todos ricos em informaes e com excelente

    qualidade de sistematizao das matrias abordadas.

    Na verdade, os Manuais Tcnicos de Bombeiros passaram a ser contemplados na

    continuao de outro exaustivo mister que foi a elaborao e compilao das Normas do

    Sistema Operacional de Bombeiros (NORSOB), num grande esforo no sentido de evitar a

    perpetuao da transmisso da cultura operacional apenas pela forma verbal, registrando e

    consolidando esse conhecimento em compndios atualizados, de fcil acesso e consulta, de

    forma a permitir e facilitar a padronizao e aperfeioamento dos procedimentos.

  • O Corpo de Bombeiros continua a escrever brilhantes linhas no livro de sua

    histria. Desta feita fica consignado mais uma vez o esprito de profissionalismo e

    dedicao causa pblica, manifesto no valor dos que de forma abnegada desenvolveram e

    contriburam para a concretizao de mais essa realizao de nossa Organizao.

    Os novos Manuais Tcnicos de Bombeiros - MTB so ferramentas

    importantssimas que vm juntar-se ao acervo de cada um dos Policiais Militares que

    servem no Corpo de Bombeiros.

    Estudados e aplicados aos treinamentos, podero proporcionar inestimvel

    ganho de qualidade nos servios prestados populao, permitindo o emprego das

    melhores tcnicas, com menor risco para vtimas e para os prprios Bombeiros, alcanando

    a excelncia em todas as atividades desenvolvidas e o cumprimento da nossa misso de

    proteo vida, ao meio ambiente e ao patrimnio.

    Parabns ao Corpo de Bombeiros e a todos os seus integrantes pelos seus novos

    Manuais Tcnicos e, porque no dizer, populao de So Paulo, que poder continuar

    contando com seus Bombeiros cada vez mais especializados e preparados.

    So Paulo, 02 de Julho de 2006.

    Coronel PM ANTONIO DOS SANTOS ANTONIO

    Comandante do Corpo de Bombeiros da Polcia Militar do Estado de So Paulo

  • SUMRIO

    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS

    1. INTRODUO 1

    2. EXTINTORES DE INCNDIO 58

    3. CABOS, VOLTAS E NS 81

    4. ENTRADAS FORADAS 95

    5. MANGUEIRA DE INCNDIO 137

    6. FONTES DE ABASTECIMENTO DE GUA 167

    7. JATOS DGUA E DE ESPUMA 196

    8. CAUSAS DE INCNDIOS 219

    9. SALVATAGEM 227

    10. SISTEMAS DE PREVENO DE INCNDIO 248

    11. COMUNICAES 259

    12. VENTILAO 282

    13. PROTEO RESPIRATRIA 303

    14. TCNICA DE EXTINO DE INCNDIO 326

    15. PRIMEIROS SOCORROS 303

    16. INSPEO EM EDIFICAES 406

    17. ESCADAS DE BOMBEIROS 414

    18. SALVAMENTO 448

    19. ACIDENTES ENVOLVENDO PRODUTOS PERIGOSOS 497

  • 1MFCB

    INTRODUO

  • MF MANUAL DE FUNDAMENTOS 1

    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 1

    OBJETIVOS

    Explicar o processo de combusto conforme a teoria do tetraedro do fogo. Explicar a teoria de uma exploso tipo backdraft. Definir as seguintes fases do fogo: fase inicial/queima livre/flashover/queima lenta. Definir os trs mtodos de transferncia de calor. Definir os trs pontos de temperatura. Demonstrar os mtodos de extino de incndios. Definir as formas de combusto.

    INTRODUCO

    O efetivo controle e extino de um incndio requerem um entendimento da natureza qumica e fsica do fogo. Isso inclui informaes sobre fontes de calor, composio e caractersticas dos combustveis e as condies necessrias para a combusto. Combusto uma reao qumica de oxidao, auto-sustentvel, com liberao de luz, calor, fumaa e gases. Para efeito didtico, adota-se o tetraedro (quatro faces) para exemplificar e explicar a combusto, atribuindo-se, a cada face, um dos elementos essenciais da combusto.

    A Figura 1.1 representa a unio dos quatro elementos essenciais do fogo, que so: Calor,Combustvel, Comburente e Reao Qumica em Cadeia

    2. CALOR

    Forma de energia que eleva a temperatura, gerada da transformao de outra energia, atravs de processo fsico ou qumico.

    Pode ser descrito como uma condio da matria em movimento, isto , movimentao ou vibrao das molculas que compem a matria. As molculas esto constantemente em movimento. Quando um corpo aquecido, a velocidade das molculas aumenta e o calor (demonstrado pela variao da temperatura) tambm aumenta.

  • MF MANUAL DE FUNDAMENTOS 2

    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 2

    (Fig. 1.2)

    O calor gerado pela transformao de outras formas de energia, quais sejam:

    energia qumica (a quantidade de calor gerado pelo processo de combusto);

    energia eltrica (o calor gerado pela passagem de eletricidade atravs de um condutor, como um fio eltrico ou um aparelho eletrodomstico);

    energia mecnica (o calor gerado pelo atrito de dois corpos);

    energia nuclear (o calor gerado pela fisso (quebra) do ncleo de tomo).

    (Fig.1.3)

    2.1. Efeitos do Calor

    O calor uma forma de energia que produz efeitos fsicos e qumicos nos corpos e efeitos fisiolgicos nos seres vivos. Em conseqncia do aumento de intensidade do calor, os corpos apresentaro sucessivas modificaes, inicialmente fsicas e depois qumicas. Assim, por exemplo, ao aquecermos um pedao de ferro, este, inicialmente, aumenta sua temperatura e, a seguir, o seu volume. Mantido o processo de aquecimento, o ferro muda de cor, perde a forma, at atingir o seu ponto de fuso, quando se transforma de slido em lquido. Sendo ainda aquecido, gaseifica-se e queima em contato com o oxignio, transformando-se em outra substncia.

    Elevao da temperatura

    Este fenmeno se desenvolve com maior rapidez nos corpos considerados bons condutores de calor, como os metais; e, mais vagarosamente, nos corpos tidos como maus condutores de calor, como por exemplo, o amianto. Por ser mau condutor de calor, o amianto utilizado na confeco de materiais de combate a incndio, como roupas, capas e luvas de proteo ao calor. (O amianto vem sendo substitudo por outros materiais, por apresentar caractersticas cancergenas)

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    O conhecimento sobre a condutibilidade de calor dos diversos materiais de grande valia na preveno de incndio. Aprendemos que materiais combustveis nunca devem permanecer em contato com corpos bons condutores, sujeitos a uma fonte de aquecimento.

    (Fig.1.4)

    Aumento de volume

    Todos os corpos slidos, lquidos ou gasosos se dilatam e se contraem conforme o aumento ou diminuio da temperatura. A atuao do calor no se faz de maneira igual sobre todos os materiais. Alguns problemas podem decorrer dessa diferena. Imaginemos, por exemplo, uma viga de concreto de 10m exposta a uma variao de temperatura de 700 C. A essa variao, o ferro, dentro da viga, aumentar seu comprimento cerca de 84mm, e o concreto, 42mm.

    (Fig. 1.5)

    Com isso, o ferro tende a deslocar-se no concreto, que perde a capacidade de sustentao, enquanto que a viga empurra toda a estrutura que sustenta em, pelo menos, 42mm. Os materiais no resistem a variaes bruscas de temperatura. Por exemplo, ao jogarmos gua em um corpo superaquecido, este se contrai de forma rpida e desigual, o que lhe causa rompimentos e danos. Pode ocorrer um enfraquecimento deste corpo, chegando at a um colapso, isto , ao surgimento de grandes rupturas internas que fazem com que o material no mais se sustente. (Mudanas bruscas de temperatura, como as relatadas acima, so causas comuns de desabamentos de estruturas). A dilatao dos lquidos tambm pode produzir situaes perigosas, provocando transbordamento de vasilhas, rupturas de vasos contendo produtos perigosos, etc. A dilatao dos gases provocada por aquecimento acarreta risco de exploses fsicas, pois, ao serem aquecidos at 273 C , os gases duplicam de volume; a 546 C o seu volume triplicado, e assim sucessivamente. Sob a ao de calor, os gases liquefeitos comprimidos aumentam a presso no interior dos vasos que os contm, pois no tm para onde se expandir. Se o aumento de temperatura no cessar, ou se no houver dispositivos de

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    segurana que permitam escape dos gases, pode ocorrer uma exploso, provocada pela ruptura das paredes do vaso e pela violenta expanso dos gases. Os vapores de lquidos (inflamveis ou no) se comportam como os gases.

    Mudana do estado fsico da matriaCom o aumento do calor, os corpos tendem a mudar seu estado fsico: alguns slidos transformam-se em lquidos (liquefao), lquidos se transformam em gases (gaseificao) e h slidos que se transformam diretamente em gases (sublimao). Isso se deve ao fato de que o calor faz com que haja maior espao entre as molculas e estas, separando-se, mudam o estado fsico da matria. No gelo, as molculas vibram pouco e esto bem juntas; com o calor, elas adquirem velocidade e maior espaamento, transformando um slido (gelo) em um lquido (gua).

    (Fig. 1.6)

    Mudana do estado qumico da matria

    Mudana qumica aquela em que ocorre a transformao de uma substncia em outra. A madeira, quando aquecida, no libera molculas de madeira em forma de gases, e sim outros gases, diferentes, em sua composio, das molculas originais de madeira. Essas molculas so menores e mais simples, por isso tm grande capacidade de combinar com outras molculas, as de oxignio, por exemplo. Podem produzir tambm gases venenosos ou exploses.

    (Fig. 1.7)

    Efeitos fisiolgicos do calor

    O calor a causa direta da queima e de outras formas de danos pessoais. Danos causados pelo calor incluem desidratao, insolao, fadiga e problemas para o aparelho respiratrio, alm de queimaduras, que nos casos mais graves (1, 2 e 3 graus) podem levar at a morte.

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    2.2. Propagao do Calor

    O calor pode se propagar de trs diferentes maneiras: conduo, conveco e irradiao. Como tudo na natureza tende ao equilbrio, o calor transferido de objetos com temperatura mais alta para aqueles com temperatura mais baixa. O mais frio de dois objetos absorver calor at que esteja com a mesma quantidade de energia do outro.

    Conveco

    a transferncia de calor pelo movimento ascendente de massas de gases ou de lquidos dentro de si prprios.

    Quando a gua aquecida num recipiente de vidro, pode -se observar um movimento, dentro do prprio lquido, de baixo para cima. medida que a gua aquecida, ela se expande e fica menos densa (mais leve) provocando um movimento para cima. Da mesma forma, o ar aquecido se expande e tende a subir para as partes mais altas do ambiente, enquanto o ar frio toma lugar nos nveis mais baixos. Em incndio de edifcios, essa a principal forma de propagao de calor para andares superiores, quando os gases aquecidos encontram caminho atravs de escadas, poos de elevadores, etc.

    (Fig. 1.9)

    Conduo

    Conduo a transferncia de calor atravs de um corpo slido de molcula a molcula. Colocando-se, por exemplo, a extremidade de uma barra de ferro prxima a uma fonte de calor, as molculas desta extremidade absorvero calor; elas vibraro mais vigorosamente e se chocaro com as molculas vizinhas, transferindo-lhes calor

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    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 6

    (Fig. 1.8).

    Essas molculas vizinhas, por sua vez, passaro adiante a energia calorfica, de modo que o calor ser conduzido ao longo da barra para a extremidade fria. Na conduo, o calor passa de molcula a molcula, mas nenhuma molcula transportada com o calor. Quando dois ou mais corpos esto em contato, o calor conduzido atravs deles como se fossem um s corpo.

    Irradiao

    a transmisso de calor por ondas de energia calorfica que se deslocam atravs do espao. As ondas de calor propagam-se em todas as direes, e a intensidade com que os corpos so atingidos aumenta ou diminui medida que esto mais prximos ou mais afastados da fonte de calor.

    (Fig. 1.10)

    Um corpo mais aquecido emite ondas de energia calorfica para um outro mais frio at que ambos tenham a mesma temperatura. O bombeiro deve estar atento aos materiais ao redor de uma fonte que irradie calor para proteg-los, a fim de que no ocorram novos incndios. Para se proteger, o bombeiro deve utilizar roupas apropriadas e gua (como escudo).

    2.3. Pontos de Temperatura

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    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 7

    Os combustveis so transformados pelo calor, e a partir desta transformao, que combinam com o oxignio, resultando a combusto. Essa transformao desenvolve-se em temperaturas diferentes, medida que o material vai sendo aquecido.

    (Fig. 1.11)

    Com o aquecimento, chega-se a uma temperatura em que o material comea a liberar vapores, que se incendeiam se houver uma fonte externa de calor. Neste ponto, chamado de "Ponto de Fulgor", as chamas no se mantm, devido pequena quantidade de vapores. Prosseguindo no aquecimento, atinge-se uma temperatura em que os gases desprendidos do material, ao entrarem em contato com uma fonte externa de calor, iniciam a combusto, e continuam a queimar sem o auxlio daquela fonte. Esse ponto chamado de Ponto de Combusto. Continuando o aquecimento, atinge-se um ponto no qual o combustvel, exposto ao ar, entra em combusto sem que haja fonte externa de calor. Esse ponto chamado de Ponto de Ignio. (Fig. 1.11)

    2.3. Pontos de Temperatura

    Os combustveis so transformados pelo calor, e a partir desta transformao, que combinam com o oxignio, resultando a combusto. Essa transformao desenvolve-se em temperaturas diferentes, medida que o material vai sendo aquecido. (Fig. 1.11)

    Com o aquecimento, chega-se a uma temperatura em que o material comea a liberar vapores, que se incendeiam se houver uma fonte externa de calor. Neste ponto, chamado de "Ponto de Fulgor", as chamas no se mantm, devido pequena quantidade de vapores. Prosseguindo no aquecimento, atinge-se uma temperatura em que os gases desprendidos do material, ao entrarem em contato com uma fonte externa de calor, iniciam a combusto, e continuam a queimar sem o auxlio daquela fonte. Esse ponto chamado de Ponto de Combusto. Continuando o aquecimento, atinge-se um ponto no qual o combustvel, exposto ao ar, entra em combusto sem que haja fonte externa de calor. Esse ponto chamado de Ponto de Ignio. (Fig. 1.11)

    3. Combustvel

    toda a substncia capaz de queimar e alimentar a combusto. o elemento que serve de campo de propagao ao fogo.

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    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 8

    Os combustveis podem ser slidos, lquidos ou gasosos, e a grande maioria precisa passar pelo estado gasoso para, ento, combinar com o oxignio. A velocidade da queima de um combustvel depende de sua capacidade de combinar com oxignio sob a ao do calor e da sua fragmentao (rea de contato com o oxignio).

    3.1. Combustveis Slidos

    A maioria dos combustveis slidos transformam-se em vapores e, ento, reagem com o oxignio. Outros slidos (ferro, parafina, cobre, bronze) primeiro transformam-se em lquidos, e posteriormente em gases, para ento se queimarem.

    (Fig. 1.12)

    Quanto maior a superfcie exposta, mais rpido ser o aquecimento do material e, conseqentemente, o processo de combusto. Como exemplo: uma barra de ao exigir muito calor para queimar, mas, se transformada em palha de ao, queimar com facilidade. Assim sendo, quanto maior a fragmentao do material, maior ser a velocidade da combusto.

    3.2. Combustveis Lquidos

    Os lquidos inflamveis tm algumas propriedades fsicas que dificultam a extino do calor, aumentando o perigo para os bombeiros. Os lquidos assumem a forma do recipiente que os contem. Se derramados, os lquidos tomam a forma do piso, fluem e se acumulam nas partes mais baixas. Tomando como base o peso da gua, cujo litro pesa 1 quilograma, classificamos os demais lquidos como mais leves ou mais pesados. importante notar que a maioria dos lquidos inflamveis so mais leves que gua e, portanto, flutuam sobre esta. Outra propriedade a ser considerada a solubilidade do lquido, ou seja, sua capacidade de misturar-se gua. Os lquidos derivados do petrleo (conhecidos como hidrocarbonetos) tm pouca solubilidade, ao passo que lquidos como lcool, acetona (conhecidos como solventes polares) tm grande solubilidade, isto , podem ser diludos at um ponto em que a mistura (solvente polar + gua) no seja inflamvel. A volatilidade, que a facilidade com que os lquidos liberam vapores, tambm de grande importncia, porque quanto mais voltil for o lquido, maior a possibilidade de haver fogo, ou mesmo exploso. Chamamos de volteis os lquidos que liberam vapores a temperaturas menores que 20 C.

  • MF MANUAL DE FUNDAMENTOS 9

    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 9

    (Fig. 1.13)

    3.3. Combustveis Gasosos

    Os gases no tm volume definido, tendendo, rapidamente, a ocupar todo o recipiente em que esto contidos.

    (Fig. 1.14)

    Se o peso do gs menor que o do ar, o gs tende a subir e dissipar-se. Mas, se o peso do gs maior que o do ar, o gs permanece prximo ao solo e caminha na direo do vento, obedecendo os contornos do terreno. Para o gs queimar, h necessidade de que esteja em uma mistura ideal com o ar atmosfrico, e, portanto, se estiver numa concentrao fora de determinados limites, no queimar. Cada gs, ou vapor, tem seus limites prprios. Por exemplo, se num ambiente h menos de 1,4% ou mais de 7,6% de vapor de gasolina, no haver combusto, pois a concentrao de vapor de gasolina nesse local est fora do que se chama de mistura ideal, ou limites de inflamabilidade; isto , ou a concentrao deste vapor inferior ou superior aos limites de inflamabilidade.

    (Fig. 1.15-A) LIMITES DE INFLAMABILIDADE

  • MF MANUAL DE FUNDAMENTOS 10

    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 10

    Combustveis Concentrao Limite inferior Limite superior

    Metano 1,4% 7,6% Propano 5% 17%

    Hidrognio 4% 75%

    Acetileno 2% 85%

    3.4 Processos de Queima

    O incio da combusto requer a converso do combustvel para o estado gasoso, o que se dar por aquecimento. O combustvel pode ser encontrado nos trs estados da matria: slido, lquido ou gasoso. Gases combustveis so obtidos, a partir de combustveis slidos, pela pirlise. Pirlise a decomposio qumica de uma matria ou substncia atravs do calor.

    (Fig.1.15-B)

    PIRLISE Temperatura Reao200 C Produo de vapor dgua, dixido de

    carbono e cidos actico e frmico 200 C - 280 C Ausncia de vapor dgua pouca

    quantidade de monxido de carbono a reao ainda est absorvendo calor.

    280 C - 500 C A reao passa a liberar calor, gases inflamveis e partculas; h a carboniza-o dos materiais (o que tambm liberar calor).

    acima de 500 C Na presena do carvo, os combustveis slidos so decompostos, quimicamente, com maior velocidade.

    Materiais combustveis podem ser encontrados no estado slido, lquido ou gasoso. Como regra geral, os materiais combustveis queimam no estado gasoso. Submetidos ao calor, os slidos e os lquidos combustveis se transformam em gs para se inflamarem. Como exceo e como casos raros, h o enxofre e os metais alcalinos (potssio, clcio, magnsio etc.), que se queimam diretamente no estado slido.

    4. Comburente

    o elemento que possibilita vida s chamas e intensifica a combusto. O mais comum que o oxignio desempenhe esse papel. A atmosfera composta por 21% de oxignio, 78% de nitrognio e 1% de outros gases. Em ambientes com a composio normal do ar, a queima desenvolve-se com velocidade e de maneira completa. Notam-se chamas. Contudo, a combusto consome o oxignio do ar

  • MF MANUAL DE FUNDAMENTOS 11

    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 11

    num processo contnuo. Quando a porcentagem do oxignio do ar do ambiente passa de 21% para a faixa compreendida entre 16% e 8%, a queima torna-se mais lenta, notam-se brasas e no mais chamas. Quando o oxignio contido no ar do ambiente atinge concentrao menor que 8%, no h combusto.

    (Fig. 1.16)

    5. Reao em Cadeia

    A reao em cadeia torna a queima auto-sustentvel. O calor irradiado das chamas atinge o combustvel e este decomposto em partculas menores, que se combinam com o oxignio e queimam, irradiando outra vez calor para o combustvel, formando um ciclo constante.

    (Fig. 1.17)

    6. Fases do Fogo

    Se o fogo ocorrer em rea ocupada por pessoas, h grandes chances de que o fogo seja descoberto no incio e a situao resolvida. Mas se ocorrer quando a edificao estiver deserta e fechada, o fogo continuar crescendo at ganhar grandes propores. Essa situao pode ser controlada com a aplicao dos procedimentos bsicos de ventilao (vide captulo 12). A possibilidade de um foco de incndio extinguir ou evoluir para um grande incndio depende, basicamente, dos seguintes fatores:

    1) quantidade, volume e espaamento dos materiais combustveis no local; 2) tamanho e situao das fontes de combusto;

  • MF MANUAL DE FUNDAMENTOS 12

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    3) rea e locao das janelas; 4) velocidade e direo do vento; 5) a forma e dimenso do local.

    O incndio pode ser melhor entendido se estudarmos seus trs estgios de desenvolvimento.

    6.1. Fase Inicial

    Nesta primeira fase, o oxignio contido no ar no est significativamente reduzido e o fogo est produzindo vapor dgua (H20), dixido de carbono (CO2), monxido de carbono (CO) e outros gases. Grande parte do calor est sendo consumido no aquecimento dos combustveis, e a temperatura do ambiente, neste estgio, est ainda pouco acima do normal. O calor est sendo gerado e evoluir com o aumento do fogo.

    (Figs. 1.18)

    6.2. Queima Livre

    Durante esta fase, o ar, rico em oxignio, arrastado para dentro do ambiente pelo efeito da conveco, isto , o ar quente sobe e sai do ambiente. Isto fora a entrada de ar fresco pelas aberturas nos pontos mais baixos do ambiente.

    (Fig.1.19)

    Os gases aquecidos espalham-se preenchendo o ambiente e, de cima para baixo, foram o ar frio a permanecer junto ao solo; eventualmente, causam a ignio dos combustveis nos nveis mais altos do ambiente. Este ar aquecido uma das razes pelas quais os bombeiros devem se manter abaixados e usar o equipamento de proteo respiratria. Uma inspirao desse ar superaquecido pode queimar os pulmes. Neste momento, a temperatura nas

  • MF MANUAL DE FUNDAMENTOS 13

    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 13

    regies superiores (nvel do teto) pode exceder 700 C.

    FlashoverNa fase da queima livre, o fogo aquece gradualmente todos os combustveis do ambiente. Quando determinados combustveis atingem seu ponto de ignio, simultaneamente, haver uma queima instantnea e concomitante desses produtos, o que poder provocar uma exploso ambiental, ficando toda a rea envolvida pelas chamas. Esse fenmeno conhecido como Flashover.

    (Fig. 1.20)

    6.3. Queima Lenta

    Como nas fases anteriores, o fogo continua a consumir oxignio, at atingir um ponto onde o comburente insuficiente para sustentar a combusto. Nesta fase, as chamas podem deixar de existir se no houver ar suficiente para mant-las (na faixa de 8% a 0% de oxignio). O fogo normalmente reduzido a brasas, o ambiente torna-se completamente ocupado por fumaa densa e os gases se expandem. Devido a presso interna ser maior que a externa, os gases saem por todas as fendas em forma de lufadas, que podem ser observadas em todos os pontos do ambiente. E esse calor intenso reduz os combustveis a seus componentes bsicos, liberando, assim, vapores combustveis.

    (Fig. 1.21)

    Backdraft

    A combusto definida como oxidao, que uma reao qumica na qual o oxignio combina-se com outros elementos. O carbono um elemento naturalmente abundante, presente, entre outros materiais, na madeira. Quando a madeira queima, o carbono combina com o oxignio para formar dixido de carbono (CO2 ), ou monxido de carbono (CO ). Quando o oxignio

  • MF MANUAL DE FUNDAMENTOS 14

    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 14

    encontrado em quantidades menores, o carbono livre ( C ) liberado, o que pode ser notado na cor preta da fumaa. Na fase de queima lenta em um incndio, a combusto incompleta porque no h oxignio suficiente para sustentar o fogo. Contudo, o calor da queima livre permanece, e as partculas de carbono no queimadas (bem como outros gases inflamveis, produtos da combusto) esto prontas para incendiar-se rapidamente assim que o oxignio for suficiente. Na presena de oxignio, esse ambiente explodir. A essa exploso chamamos Backdraft.

    (Figs. 1.22-A e 1.22-B)

    A ventilao adequada permite que a fumaa e os gases combustveis superaquecidos sejam retirados do ambiente. Ventilao inadequada suprir abundante e perigosamente o local com o elemento que faltava (oxignio), provocando uma exploso ambiental (vide cap. 12). As condies a seguir podem indicar uma situao de Backdraft: fumaa sob presso, num ambiente fechado; fumaa escura, tornando-se densa, mudando de cor (cinza e amarelada) e saindo do

    ambiente em forma de lufadas; calor excessivo (nota-se pela temperatura na porta); pequenas chamas ou inexistncia destas; resduos da fumaa impregnando o vidro das janelas; pouco rudo; movimento de ar para o interior do ambiente quando alguma abertura feita (em

    alguns casos ouve-se o ar assoviando ao passar pelas frestas).

    7. Formas de Combusto

    As combustes podem ser classificadas conforme a sua velocidade em: completa, incompleta, espontnea e exploso. Dois elementos so preponderantes na velocidade da combusto: o comburente e o combustvel; o calor entra no processo para decompor o combustvel. A velocidade da

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    combusto variar de acordo com a porcentagem do oxignio no ambiente e as caractersticas fsicas e qumicas do combustvel.

    7.1. Combusto Completa

    aquela em que a queima produz calor e chamas e se processa em ambiente rico em oxignio.

    (Fig. 1.23)

    7.2. Combusto Incompleta

    aquela em que a queima produz calor e pouca ou nenhuma chama, e se processa em ambiente pobre em oxignio.

    (Fig. 1.24)

    7.3. Combusto Espontnea

    o que ocorre, por exemplo, quando do armazenamento de certos vegetais que, pela ao de bactrias, fermentam. A fermentao produz calor e libera gases que podem incendiar. Alguns materiais entram em combusto sem fonte externa de calor (materiais com baixo ponto de ignio); outros entram em combusto temperatura ambiente (20 C), como o fsforo branco. Ocorre tambm na mistura de determinadas substncias qumicas, quando a combinao gera calor e libera gases em quantidade suficiente para iniciar combusto. Por exemplo, gua + sdio.

  • MF MANUAL DE FUNDAMENTOS 16

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    (Figs. 1.25-A, 1.25-B e 1.25-C)

    7.4. Exploso

    a queima de gases (ou partculas slidas), em altssima velocidade, em locais confinados, com grande liberao de energia e deslocamento de ar. Combustveis lquidos, acima da temperatura de fulgor, liberam gases que podem explodir (num ambiente fechado) na presena de uma fonte de calor.

    (Fig. 1.26)

    8. Mtodos de Extino do Fogo

    Os mtodos de extino do fogo baseiam-se na eliminao de um ou mais dos elementos essenciais que provocam o fogo.

    8.1. Retirada do Material

    a forma mais simples de se extinguir um incndio. Baseia-se na retirada do material combustvel, ainda no atingido, da rea de propagao do fogo, interrompendo a alimentao da combusto. Mtodo tambm denominado corte ou remoo do suprimento do combustvel. Ex.: fechamento de vlvula ou interrupo de vazamento de combustvel lquido ou gasoso, retirada de materiais combustveis do ambiente em chamas, realizao de aceiro, etc.

    (Fig. 1.27)

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    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 17

    8.2. Resfriamento

    o mtodo mais utilizado. Consiste em diminuir a temperatura do material combustvel que est queimando, diminuindo, conseqentemente, a liberao de gases ou vapores inflamveis. A gua o agente extintor mais usado, por ter grande capacidade de absorver calor e ser facilmente encontrada na natureza. A reduo da temperatura est ligada quantidade e forma de aplicao da gua (jatos), de modo que ela absorva mais calor que o incndio capaz de produzir. intil o emprego de gua onde queimam combustveis com baixo ponto de combusto (menos de 20C), pois a gua resfria at a temperatura ambiente e o material continuar produzindo gases combustveis.

    (Fig. 1.28)

    8.3. Abafamento

    Consiste em diminuir ou impedir o contato do oxignio com o material combustvel. No havendo comburente para reagir com o combustvel, no haver fogo. Como exceo esto os materiais que tm oxignio em sua composio e queimam sem necessidade do oxignio do ar, como os perxidos orgnicos e o fsforo branco. Conforme j vimos anteriormente, a diminuio do oxignio em contato com o combustvel vai tornando a combusto mais lenta, at a concentrao de oxignio chegar prxima de 8%, onde no haver mais combusto. Colocar uma tampa sobre um recipiente contendo lcool em chamas, ou colocar um copo voltado de boca para baixo sobre uma vela acesa, so duas experincias prticas que mostram que o fogo se apagar to logo se esgote o oxignio em contato com o combustvel. Pode-se abafar o fogo com uso de materiais diversos, como areia, terra, cobertores, vapor dgua, espumas, ps, gases especiais etc.

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    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 18

    (Figs. 1.29-A, 1.29-B e 1.29-C)

    8.4. Quebra da Reao em Cadeia

    Certos agentes extintores, quando lanados sobre o fogo, sofrem ao do calor, reagindo sobre a rea das chamas, interrompendo assim a reao em cadeia (extino qumica). Isso ocorre porque o oxignio comburente deixa de reagir com os gases combustveis. Essa reao s ocorre quando h chamas visveis.

    (Fig. 1.30)

    9. Classificao dos Incndios e Mtodos de Extino

    Os incndios so classificados de acordo com os materiais neles envolvidos, bem como a situao em que se encontram. Essa classificao feita para determinar o agente extintor adequado para o tipo de incndio especfico. Entendemos como agentes extintores todas as substncias capazes de eliminar um ou mais dos elementos essenciais do fogo, cessando a combusto. Essa classificao foi elaborada pela NFPA (National Fire Protection Association Associao Nacional de Proteo a Incndios/EUA), adotada pela IFSTA (International Fire Service Training Association Associao Internacional para o Treinamento de Bombeiros/EUA) e tambm adotada pelo Corpo de Bombeiros do Estado de So Paulo.

    9.1. Incndio Classe A

    Incndio envolvendo combustveis slidos comuns, como papel, madeira, pano, borracha

    (Fig. 1.31)

  • MF MANUAL DE FUNDAMENTOS 19

    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 19

    caracterizado pelas cinzas e brasas que deixam como resduos e por queimar em razo do seu volume, isto , a queima se d na superfcie e em profundidade.

    Mtodo de extino

    Necessita de resfriamento para a sua extino, isto , do uso de gua ou solues que a contenham em grande porcentagem, a fim de reduzir a temperatura do material em combusto, abaixo do seu ponto de ignio.

    (Fig 1.32)

    O emprego de ps qumicos ir apenas retardar a combusto, no agindo na queima em profundidade.

    9.2. Incndio Classe B

    Incndio envolvendo lquidos inflamveis, graxas e gases combustveis. (Fig.1.33) caracterizado por no deixar resduos e queimar apenas na superfcie exposta e no em profundidade.

    Mtodo de extino

    Necessita para a sua extino do abafamento ou da interrupo (quebra) da reao em cadeia. No caso de lquidos muito aquecidos (ponto da ignio), necessrio resfriamento.

    (Fig. 1.34)

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    9.3. Incndio Classe C

    Incndio envolvendo equipamentos energizados. caracterizado pelo risco de vida que oferece ao bombeiro.

    (Fig. 1.35)

    Mtodo de extino

    Para a sua extino necessita de agente extintor que no conduza a corrente eltrica e utilize o princpio de abafamento ou da interrupo (quebra) da reao em cadeia.

    (Fig. 1.36)

    Esta classe de incndio pode ser mudada para A, se for interrompido o fluxo eltrico. Deve-se ter cuidado com equipamentos (televisores, por exemplo) que acumulam energia eltrica, pois estes continuam energizados mesmo aps a interrupo da corrente eltrica.

    9.4. Incndio Classe D

    Incndio envolvendo metais combustveis pirofricos (mag-nsio, selnio, antimnio, ltio, potssio, alumnio fragmentado, zinco, titnio, sdio, zircnio). caracterizado pela

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    queima em altas temperaturas e por reagir com agentes extintores comuns (principalmente os que contenham gua).

    (Fig. 1.37)

    Mtodo de extino

    Para a sua extino, necessita de agentes extintores especiais que se fundam em contato com o metal combustvel, formando uma espcie de capa que o isola do ar atmosfrico, interrompendo a combusto pelo princpio de abafamento. Os ps especiais so compostos dos seguintes materiais: cloreto de sdio, cloreto de brio, monofosfato de amnia, grafite seco

    (Fig. 1.38).

    O princpio da retirada do material tambm aplicvel com sucesso nesta classe de incndio.

    10. A Fumaa Problema srio a ser considerado

    Associadas ao incndio e acompanhando o fenmeno da combusto, aparecem, em geral, quatro causas determinantes de uma situao perigosa:

    1) calor;

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    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 22

    2) chamas; 3) fumaa; 4) insuficincia de oxignio.

    Do ponto de vista de segurana das pessoas, entre os quatro fatores considerados, a fumaa indubitavelmente causa danos mais greves, e, portanto, deve ser o fator mais importante a ser considerado.

    A fumaa pode ser definida como uma mistura complexa de slidos em suspenso, vapores e gases, desenvolvida quando um material sofre o processo de pirlise (decomposio por efeito do calor) ou combusto. Os componentes desta mistura, associados ou no, influem diferentemente sobre as pessoas, ocasionando os seguintes efeitos:

    1) diminuio da visibilidade devido atenuao luminosa do local;

    2) lacrimejamento e irritaes dos olhos;

    3) modificao de atividade orgnica pela acelerao da respirao e batidas cardacas; vmitos e tosse: 4) medo; 5) desorientao; 6) Intoxicao e asfixia.

    A reduo da visibilidade do local impede e locomoo das pessoas fazendo com que fiquem expostas por tempo maior aos gases e vapores txicos. Estes, por sua vez, causam a morte se estiverem presentes em quantidade suficiente e se as pessoas ficarem expostas durante o tempo que acarreta esta ao.

    Da decorre a importncia em se entender o comportamento da fumaa em uma edificao.

    A propagao da fumaa est diretamente relacionada com a taxa de elevao da temperatura; portanto, a fumaa desprendida por qualquer material, desde que exposta mesma taxa de elevao da temperatura, gerar igual propagao.

    Se conseguirmos determinar os valores de densidade tica da fumaa e da toxicidade na sada de um ambiente sinistrado, poderemos estudar o movimento do fluxo de ar quente e, ento, ser possvel determinar o tempo e a rea do edifcio que se tornar perigosa, devido propagao da fumaa.

    Assim, se conseguirmos determinar o valor de Q e se utilizarmos as caractersticas do "Plume" (V, g, Q, y, Cp, T), prognosticando a formao da camada de fumaa dentro do ambiente, ser possvel calcular o tempo em que este ambiente se tornar perigoso. De outro modo, se o volume V de fumaa se propagar em pouco tempo por toda a extenso do forro e se fizermos com que Q seja uma funo de tempo, o clculo do valor de Z pode ser obtido em funo do tempo e esta equao diferencial pode ser resolvida. Isto permitir determinar o tempo necessrio para evacuar o ambiente, antes que a fumaa atinja a altura de um homem.

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    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 23

    A movimentao da fumaa atravs de corredores e escadas depender, sobretudo das aberturas existentes e da velocidade do ar nestes locais, porm, se o mecanismo de locomoo for considerado em relao s caractersticas do "Plume", pode-se, ento, estabelecer uma correlao com o fluxo de gua. Em casos em que exista um exaustor de seo quadrada menor que e largura do corredor; e se a fumaa vier fluindo em sua direo, parte desta fumaa ser exaurida e grande parte passar direta e continuar fluindo para o outro lado. No entanto, se o fluxo de fumaa exaurir-se atravs de uma abertura que possua largura igual do corredor, a fumaa ser retirada totalmente.

    Foi verificado que quanto mais a fumaa se alastrar, menor ser a espessura de sua camada, e que a velocidade de propagao de fumaa na direo horizontal, no caso dos corredores, est em torno de 1 m/s, e na direo vertical, no caso das escadas, est entre 2 m/s e 3 m/s.

    10.1 Controle de Fumaa

    O processo de Controle de Fumaa necessrio em cada edifcio para garantir a segurana de seus ocupantes contra o fogo e fumaa baseado nos princpios de engenharia. O processo deve ter a flexibilidade e a liberdade de seleo de mtodo e da estrutura do sistema de segurana para promover os requisitos num nvel de segurana que se deseja.

    Em outras palavras, o objetivo do projeto da segurana de preveno ao fogo (fumaa) obter um sistema que satisfaa as convenincias das atividades dirias, devendo ser econmico, garantindo a segurana necessria sem estar limitado por mtodo ou estruturas especiais prefixados.

    Existem vrios meios para controlar o movimento da fumaa, e todos eles tm por objetivo encontrar um meio ou um sistema levando-se em conta as caractersticas de cada edifcio.

    Extrao de fumaa de trios (Fig. 1.39)

    Como condies que tem grande efeito sobre o movimento da fumaa no edifcio, podem-se citar:

    1) momento (poca do ano) da ocorrncia do incndio;

    2) condies meteorolgicas (direo e velocidade e coeficiente de presso do vento e temperatura do ar);3) localizao do incio do fogo;

    4) resistncia ao fluxo do ar das portas, janelas, dutos e chamins;

  • MF MANUAL DE FUNDAMENTOS 24

    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 24

    5) distribuio da temperatura no edifcio (ambiente onde est ocorrendo o fogo, compartimentos em geral, caixa da escada, dutos e chamins).

    Devem-se estabelecer os padres para cada uma destas condies.

    Entende-se como momento de ocorrncia do incndio a poca do ano (vero/inverno) em que isto possa ocorrer, pois, para o clculo, deve-se levar em conta a diferena de temperatura existente entre o ambiente interno e o externo ao edifcio. Esta diferena ser grande, caso sejam utilizados aquecedores ou ar condicionado no edifcio.

    As condies meteorolgicas devem ser determinadas pelos dados estatsticos meteorolgicos da regio na qual est situado o edifcio, para as estaes quentes e frias.

    Pode-se determinar a temperatura do ar, a velocidade do vento, coeficiente de presso do vento e a direo do vento.

    O andar do prdio onde se iniciou o incndio deve ser analisado, considerando-se o efeito da ventilao natural (movimento ascendente ou descendente da fumaa) atravs das aberturas ou dutos durante o perodo de utilizao, ou seja, no inverno o prdio aquecido e no vero, resfriado. Considerando-se esses dados, os estudos devem ser levados a efeito nos andares inferiores no inverno (trreo, sobreloja e segundo andar) ou nos andares superiores e inferiores no vero (os dois ltimos andares do prdio e trreo).

    Em muitos casos, existem andares que possuem caractersticas perigosas, pois propiciam a propagao de fumaa caso ocorra incndio neste local. Em adio, para tais casos, necessrio um trabalho mais aprofundado para estudar as vrias situaes de mudana das condies do andar, por exemplo, num edifcio com detalhes especiais de construo.

    Com relao ao compartimento de origem do fogo, devem-se levar em considerao os seguintes requisitos para o andar em questo:

    1) compartimento densamente ocupado, com ocupaes totalmente distintas;

    2) o compartimento apresenta grande probabilidade de iniciar o incndio;

    3) o compartimento possui caractersticas de difcil controle da fumaa.

    Quando existirem vrios compartimentos que satisfaam estas condies, devem-se fazer estudos em cada um deles, principalmente se as medidas de controle de fumaa determinadas levarem a resultados bastante diferentes.

    O valor da resistncia ao fluxo do ar das aberturas temperatura ambiente pode ser facilmente obtido a partir de dados de projeto de ventilao, porm muito difcil estimar as condies das aberturas das janelas e portas numa situao de incndio.

    Para se determinar as temperaturas dos vrios ambientes do edifcio deve-se considerar que os mesmos no sofreram modificaes com o tempo.

    A temperatura mdia no local do fogo considerada 900C com o Incndio totalmente desenvolvido no compartimento.

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    11. Proteo Passiva

    11.1 Isolamento de risco

    A propagao do incndio entre edifcios isolados pode se dar atravs das formas j mencionadas: radiao, conveco e conduo. Dessa forma h duas maneiras de isolar uma edificao em relao a outra:

    1) afastamento entre fachadas; e 2) por meio de barreiras estanques entre edifcios contguos.

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    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 26

    isolamento obtido por parede corta-fogo (Fig. 1.40)

    Com a previso das paredes corta-fogo, uma edificao considerada totalmente estanque em relao edificao contgua.

    11.2. Compartimentao vertical e horizontal

    A partir da ocorrncia de inflamao generalizada no ambiente de origem do incndio, este poder propagar-se para outros ambientes.

    Frente necessidade de limitao da propagao do incndio, a principal medida a ser adotada consiste na compartimentao, que visa dividir o edifcio em clulas capacitadas a suportar a queima dos materiais combustveis nelas contidos, impedindo o alastramento do incndio.

    Os principais propsitos da compartimentao so:

    1) conter o fogo em seu ambiente de origem;

    2) manter as rotas de fuga seguras contra os efeitos do incndio;

    3) facilitar as operaes de resgate e combate ao incndio. A capacidade dos elementos construtivos de suportar a ao do incndio denomina-se resistncia ao fogo e se refere ao tempo durante o qual conservam suas caractersticas funcionais (vedao e/ou estrutural).

  • MF MANUAL DE FUNDAMENTOS 27

    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 27

    A compartimentao horizontal se destina a impedir a propagao do incndio de forma que grandes reas sejam afetadas, dificultando sobremaneira o controle do incndio, aumentando o risco de ocorrncia de propagao vertical e aumentando o risco vida humana.

    A compartimentao horizontal pode ser obtida atravs dos seguintes dispositivos:

    1) paredes e portas corta-fogo;

    2) registros corta-fogo nos dutos que traspassam as paredes corta-fogo;

    3) selagem corta-fogo da passagem de cabos eltricos e tubulaes das paredes corta-fogo;afastamento horizontal entre janelas de setores compartimentados.

    A compartimentao vertical se destina a impedir o alastramento do incndio entre andares e assume carter fundamental para o caso de edifcios altos em geral.

    A compartimentao vertical deve ser tal que cada pavimento componha um compartimento isolado, para isto so necessrios:

    1) lajes corta-fogo;

    2) enclausuramento das escadas atravs de paredes e portas corta-fogo;

    3) registros corta-fogo em dutos que intercomunicam os pavimentos;

    4) selagem corta-fogo de passagens de cabos eltricos e tubulaes, atravs das lajes;

    5) utilizao de abas verticais (parapeitos) ou abas horizontais projetando-se alm da fachada, resistentes ao fogo e separando as janelas de pavimentos consecutivos (neste caso suficiente que estes elementos mantenham suas caractersticas funcionais, obstruindo desta forma a livre emisso de chamas para o exterior).

  • MF MANUAL DE FUNDAMENTOS 28

    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 28

    Distncia de afastamento entre verga e peitoril (Fig. 1.41)

    Isolamento por aba horizontal ou balco (Fig. 1.42)

    Isolamento vertical de aberturas em laje (Fig. 1.43)

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    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 29

    11.3 Resistncia das estruturas ao fogo

    A capacidade dos elementos estruturais de suportar por determinado perodo tal ao, que se denomina de resistncia ao fogo, permite preservar a estabilidade estrutural do edifcio.

    Os objetivos principais de garantir a resistncia ao fogo dos elementos estruturais so:

    1) Possibilitar a sada dos ocupantes da edificao em condies de segurana;

    2) Garantir condies razoveis para o emprego de socorro pblico, onde se permita o acesso operacional de viaturas, equipamentos e seus recursos humanos, com tempo hbil para exercer as atividades de salvamento (pessoas retidas) e combate a incndio (extino);

    3) Evitar ou minimizar danos ao prprio prdio, a edificaes adjacentes, infra-estrutura pblica e ao meio ambiente.

    Momento em que parte da estrutura do edifcio da CESP entra em colapso (Fig. 1.44)

    Em suma, as estruturas dos edifcios, principalmente as de grande porte, independentemente dos materiais que as constituam, devem ser dimensionadas, de forma a possurem resistncia ao fogo compatvel com a magnitude do incndio que possam vir a ser submetidas.

    11.4. Revestimento dos materiais

    A possibilidade de um foco de incndio extinguir-se ou evoluir em um grande incndio (atingir a fase de inflamao generalizada) depende de trs fatores principais:

    1) Razo de desenvolvimento de calor pelo primeiro objeto ignizado;

    2) Natureza, distribuio e quantidade de materiais combustveis no compartimento incendiado;

  • MF MANUAL DE FUNDAMENTOS 30

    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 30

    3) Natureza das superfcies dos elementos construtivos sob o ponto de vista de sustentar a combusto a propagar as chamas.

    Os dois primeiros fatores dependem largamente dos materiais contidos no compartimento. O primeiro est absolutamente fora do controle do projetista. Sobre o segundo possvel conseguir-se no mximo, um controle parcial. O terceiro fator est, em grande medida, sob o controle do projetista, que pode adicionar minutos preciosos ao tempo da ocorrncia da inflamao generalizada, pela escolha criteriosa dos materiais de revestimento.

    Evoluo da propagao nos materiais (Fig. 1.45)

    FUMAA E GASES QUENTES FORMANDO AO LONGO DO FORRO

    CHAMAS

    IGNIO E QUEIMA DE ALGUNS MATERIAIS COMBUSTVEIS - OS MATERIAIS QUE ESTO PERTO DASCHAMAS SO PR-AQUECIDOS

    AS CHAMAS SO BEM MAIS VISVEIS NO LOCAL.

    PELA RADIAO EMITIDA POR FORROSE PAREDES, OS MATERIAIS COMBUSTVEISQUE AINDA NO SE QUEIMARAM SO PR-AQUECIDOS A UMA TEMPERATURAPRXIMA A SUA DE IGNIO

    FLASHOVER - AS CHAMAS DOMINAMREPENTINAMENTE TODO O LOCAL E ENVOLVEM TODOS OS MATERIAIS

    A ZONA DE QUEIMA SE ESTENDE A TODO O COMPARTIMENTO

    Quando os materiais de revestimento so expostos a uma situao de incio de incndio, a contribuio que possa vir a trazer para o seu desenvolvimento, ao sustentar a combusto, e possibilitar a propagao superficial das chamas, denomina-se reao ao fogo. As caractersticas de reao ao fogo dos materiais, utilizadas como revestimento dos elementos construtivos, podem ser avaliadas em laboratrios, obtendo-se assim subsdios para a seleo dos materiais na fase de projeto da edificao.

    11.5 Meios de fuga

    11.5.1 Sadas de emergncia

    Para salvaguardar a vida humana em caso de incndio necessrio que as edificaes sejam dotadas de meios adequados de fuga, que permitam aos ocupantes se deslocarem

  • MF MANUAL DE FUNDAMENTOS 31

    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 31

    com segurana para um local livre da ao do fogo, calor e fumaa, a partir de qualquer ponto da edificao, independentemente do local de origem do incndio.

    Alm disso, nem sempre o incndio pode ser combatido pelo exterior do edifcio, decorrente da altura do pavimento onde o fogo se localiza ou pela extenso do pavimento (edifcios trreos).

    Nestes casos, h a necessidade da brigada de incndio ou do Corpo de Bombeiros de adentrar ao edifcio pelos meios internos a fim de efetuar aes de salvamento ou combate.

    Estas aes devem ser rpidas e seguras, e normalmente utilizam os meios de acesso da edificao, que so as prprias sadas de emergncia ou escadas de segurana utilizadas para a evacuao de emergncia,

    Para isto ser possvel as rotas de fuga devem atender, entre outras, as seguintes condies bsicas:

    11.5.2 Nmero de sadas

    O nmero de sadas difere para os diversos tipos de ocupao, em funo da altura, dimenses em planta e caractersticas construtivas.

    Normalmente o nmero mnimo de sadas consta de cdigos e normas tcnicas que tratam do assunto.

    11.5.3 Distncia a percorrer

    A distncia mxima a percorrer consiste no caminhamento entre o ponto mais distante de um pavimento at o acesso a uma sada neste mesmo pavimento.

    Da mesma forma como o item anterior, essa distncia varia conforme o tipo de ocupao e as caractersticas construtivas do edifcio e a existncia de chuveiros automticos como proteo.

    Os valores mximos permitidos constam dos textos de cdigos e normas tcnicas que tratam do assunto.

    11.5.4 Largura das escadas de segurana e das rotas de fuga horizontais

    O nmero previsto de pessoas que devero usar as escadas e rotas de fuga horizontais baseado na lotao da edificao, calculada em funo das reas dos pavimentos e do tipo de ocupao.

    As larguras das escadas de segurana e outras rotas devem permitir desocupar todos os pavimentos em um tempo aceitvel como seguro.

  • MF MANUAL DE FUNDAMENTOS 32

    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 32

    Isto indica a necessidade de compatibilizar a largura das rotas horizontais e das portas com a lotao dos pavimentos e de adotar escadas com largura suficiente para acomodar em seus interiores toda a populao do edifcio.

    As normas tcnicas e os cdigos de obras estipulam os valores das larguras mnimas (denominado de Unidade de Passagem) para todos os tipos de ocupao.

    Escada com largura apropriadapara sada das pessoas (Fig. 1.46)

    11.5.5 Localizao das sadas e das escadas de segurana.

    As sadas (para um local seguro) e as escadas devem ser localizadas de forma a propiciar efetivamente aos ocupantes a oportunidade de escolher a melhor rota de escape.

    Para isto devem estar suficientemente afastadas uma das outras, uma vez que a previso de duas escadas de segurana no estabelecer necessariamente rotas distintas de fuga, pois em funo de proximidade de ambas, em um nico foco de incndio poder torn-las inacessvel.

    Localizao e caminhamento para acesso a uma escada (Fig. 1.47)

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    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 33

    11.5.6 Descarga das escadas de segurana e sadas finais

    A descarga das escadas de segurana deve se dar preferencialmente para sadas com acesso exclusivo para o exterior, localizado em pavimento ao nvel da via pblica.

    Outras sadas podem ser aceitas, como as diretamente no trio de entrada do edifcio, desde que alguns cuidados sejam tomados, representados por:

    1) sinalizao dos caminhos a tomar;

    2) sadas finais alternativas;

    3) compartimentao em relao ao subsolo e proteo contra queda de objetos (principalmente vidros) devido ao incndio e etc.

    11.5.7 Projeto e construo das escadas de segurana

    A largura mnima das escadas de segurana varia conforme os cdigos e Normas Tcnicas, sendo normalmente 2,20 m para hospitais e entre 1,10 m a 1,20 m para as demais ocupaes, devendo possuir patamares retos nas mudanas de direo com largura mnima igual largura da escada.

    As escadas de segurana devem ser construdas com materiais incombustveis, sendo tambm desejvel que os materiais de revestimento sejam incombustveis.

    As escadas de segurana devem possuir altura e largura ergomtrica dos degraus, corrimos corretamente posicionados, piso antiderrapante, alm de outras exigncias para conforto e segurana.

    11.5.8 Escada de segurana

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    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 34

    Todas as escadas de segurana devem ser enclausuradas com paredes resistentes ao fogo e portas corta-fogo. Em determinadas situaes estas escadas tambm devem ser dotadas de antecmaras enclausuradas de maneira a dificultar o acesso de fumaa no interior da caixa de escada. As dimenses mnimas (largura e comprimento) so determinadas nos cdigos e Normas Tcnicas.

    A antecmara s deve dar acesso escada e a porta entre ambas, quando aberta, no deve avanar sobre o patamar da mudana da direo, de forma a prejudicar a livre circulao.

    Para prevenir que o fogo e a fumaa desprendidos por meio das fachadas do edifcio penetrem em eventuais aberturas de ventilao na escada e antecmara, deve ser mantida uma distncia horizontal mnima entre estas aberturas e as janelas do edifcio.

    11.5.9 Corredores

    Quando a rota de fuga horizontal incorporar corredores, o fechamento destes deve ser feito de forma a restringir a penetrao de fumaa durante o estgio inicial do incndio. Para isto suas paredes e portas devem apresentar resistncia ao fogo.

    Para prevenir que corredores longos se inundem de fumaa, necessrio prever aberturas de exausto e sua subdiviso com portas prova de fumaa.

    Corredor desobstrudo e sinalizado (Fig. 1.48)

    Escada e elevador a provade fumaa (Fig. 1.49)

  • MF MANUAL DE FUNDAMENTOS 35

    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 35

    11.5.10 Portas nas rotas de fuga

    As portas includas nas rotas de fuga no podem ser trancadas, entretanto devem permanecer sempre fechadas, dispondo para isto de um mecanismo de fechamento automtico.

    Alternativamente, estas portas podem permanecer abertas, desde que o fechamento seja acionado automaticamente no momento do incndio.

    Estas portas devem abrir no sentido do fluxo, com exceo do caso em que no esto localizadas na escada ou na antecmara e no so utilizadas por mais de 50 pessoas. Para prevenir acidentes e obstrues, no devem ser admitidos degraus junto soleira, e a abertura de porta no deve obstruir a passagem de pessoas nas rotas de fuga.

    O nico tipo de porta admitida aquele com dobradias de eixo vertical com nico sentido de abertura.

    Dependendo da situao, tais portas podem ser a prova de fumaa, corta fogo ou ambos.

    A largura mnima do vo livre deve ser de 0,8 m.

    PCF em corredor (Fig. 1.50)

  • MF MANUAL DE FUNDAMENTOS 36

    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 36

    Porta com barra antipnico (Fig. 1.51)

    11.5.11 Sistema de iluminao de emergncia

    Esse sistema consiste em um conjunto de componentes e equipamentos que, em funcionamento, propicia a iluminao suficiente e adequada para:

    1) permitir a sada fcil e segura do pblico para o

    2) exterior, no caso de interrupo de alimentao normal;

    3) garantir tambm a execuo das manobras de interesse da segurana e interveno de socorro.

    A iluminao de emergncia para fins de segurana contra incndio pode ser de dois tipos:

    1) de balizamento;

    2) de aclaramento.

    Luz de aclaramento e balizamento (Fig. 1.52)

  • MF MANUAL DE FUNDAMENTOS 37

    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 37

    A iluminao de balizamento aquela associada sinalizao de indicao de rotas de fuga, com a funo de orientar a direo e o sentido que as pessoas devem seguir em caso de emergncia.

    A iluminao de aclaramento se destina a iluminar as rotas de fuga de tal forma que os ocupantes no tenham dificuldade de transitar por elas.

    A iluminao de emergncia se destina a substituir a iluminao artificial normal que pode falhar em caso de incndio, por isso deve ser alimentada por baterias ou por moto-geradores de acionamento automtico e imediato; a partir da falha do sistema de alimentao normal de energia.

    Dois mtodos de iluminao de emergncia so possveis:

    1) iluminao permanente, quando as instalaes so alimentadas em servio normal pela fonte normal e cuja alimentao comutada automaticamente para a fonte de alimentao prpria em caso de falha da fonte normal;

    2) iluminao no permanente, quando as instalaes no so alimentadas em servio normal e, em caso de falha da fonte normal, so alimentadas automaticamente pela fonte de alimentao prpria.

    Sua previso deve ser feita nas rotas de fuga, tais como corredores, acessos, passagens antecmara e patamares de escadas.

    Seu posicionamento, distanciamento entre pontos e sua potncia so determinados nas Normas Tcnicas Oficiais.

    11.5.12 Elevador de segurana

    Para o caso de edifcios altos, adicionalmente a escada, necessria a disposio de elevadores de emergncia, alimentada por circuito prprio e concebida de forma a no sofrer interrupo de funcionamento durante o incndio.

    Esses elevadores devem:

  • MF MANUAL DE FUNDAMENTOS 38

    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 38

    1) apresentar a possibilidade de serem operados pela brigada do edifcio ou pelos bombeiros.

    2) estar localizados em rea protegida dos efeitos do incndio.

    O nmero de elevadores de emergncia necessrio a suas localizaes so estabelecidos levando-se em conta as reas dos pavimentos e as distncias a percorrer para serem alcanados a partir de qualquer ponto do pavimento. (ver figura 47) *

    11.5.13 Acesso a viaturas do Corpo de Bombeiros

    Os equipamentos de combate devem-se aproximar ao mximo do edifcio afetado pelo incndio, de tal forma que o combate ao fogo possa ser iniciado sem demora e no seja necessria a utilizao de linhas de mangueiras muito longas.

    Para isto, se possvel, o edifcio deve estar localizado ao longo de vias pblicas ou privadas que possibilitam a livre circulao de veculos de combate e o seu posicionamento adequado em relao s fachadas, aos hidrantes e aos acessos ao interior do edifcio. Tais vias tambm devem ser preparadas para suportar os esforos provenientes da circulao, estacionamento a manobras destes veculos.

    O nmero de fachada que deve permitir a aproximao dos veculos de combate deve ser determinado tendo em conta a rea de cada pavimento, a altura e o volume total do

    edifcio.

    Acesso fachada frontal da edificao (Fig. 1.53)

    Fachada do edifcio da CESP, que no proporcionouacesso s viaturas do Corpo de Bombeiros (Fig. 1.54)

  • MF MANUAL DE FUNDAMENTOS 39

    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 39

    12. Proteo Ativa

    12.1 Meios de aviso e alerta

    Sistema de alarme manual contra incndio e deteco automtica de fogo e fumaa

    Quanto mais rapidamente o fogo for descoberto, correspondendo a um estgio mais incipiente do incndio, tanto mais fcil ser control-lo; alm disso, tanto maiores sero as chances dos ocupantes do edifcio escaparem sem sofrer qualquer injria.

    Uma vez que o fogo foi descoberto, a seqncia de aes normalmente adotada a seguinte: alertar o controle central do edifcio; fazer a primeira tentativa de extino do fogo, alertar os ocupantes do edifcio para iniciar o abandono do edifcio, e informar o servio de combate a incndios (Corpo de Bombeiros). A deteco automtica utilizada com o intuito de vencer de uma nica vez esta srie de aes, propiciando a possibilidade de tomar-se uma atitude imediata de controle de fogo e da evacuao do edifcio.

    O sistema de deteco e alarme pode ser dividido basicamente em cinco partes:

    1) Detector de incndio, que se constitui em partes do sistema de deteco que constantemente ou em intervalos para a deteco de incndio em sua rea de atuao. Os detectores podem ser divididos de acordo com o fenmeno que detectar em:

    a) trmicos, que respondem a aumentos da temperatura;

    b) de fumaa, sensveis a produtos de combustveis e/ou pirlise suspenso na atmosfera; c) de gs, sensveis aos produtos gasosos de combusto e/ou pirlise;

    d) de chama, que respondem as radiaes emitidas pelas chamas.

    Detector de incndio (Fig. 1.55)

  • MF MANUAL DE FUNDAMENTOS 40

    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 40

    2) Acionador manual, que se constitui em parte do sistema destinada ao acionamento do sistema de deteco;

    Acionador manual e sirene (Fig. 1.56)

    Detalhe de sirene (Fig. 1.57)

    3) Central de controle do sistema, pela qual o detector alimentado eletricamente a ter a funo de:

    a) receber, indicar e registrar o sinal de perigo enviado pelo detector;

    b) transmitir o sinal recebido por meio de equipamento de envio de alarme de incndio para, por exemplo:

  • MF MANUAL DE FUNDAMENTOS 41

    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 41

    dar o alarme automtico no pavimento afetado pelo fogo;

    dar o alarme automtico no pavimento afetado pelo fogo;

    dar o alarme temporizado para todo o edifcio; acionar uma instalao automtica de extino de incndio; fechar portas; etc;

    controlar o funcionamento do sistema;

    possibilitar teste.

    Central de alarme sofrendo inspeo por bombeiro (Fig. 1.58)

    4) Avisadores sonoros e/ou visuais, no incorporados ao painel de alarme, com funo de, por deciso humana, dar o alarme para os ocupantes de determinados setores ou de todo o edifcio;

    5) Fonte de alimentao de energia eltrica, que deve garantir em quaisquer circunstncias o funcionamento do sistema.

    O tipo de detector a ser utilizado depende das caractersticas dos materiais do local e do risco de incndio ali existente. A posio dos detectores tambm um fator importante e a localizao escolhida (normalmente junto superfcie inferior do forro) deve ser apropriada concentrao de fumaa e dos gases quentes.

    Para a definio dos aspectos acima e dos outros necessrios ao projeto do sistema de deteco automtica devem ser utilizadas as normas tcnicas vigentes.

    O sistema de deteco automtica deve ser instalado em edifcios quando as seguintes condies sejam simultaneamente preenchidas:

    1) incio do incndio no pode ser prontamente percebido de qualquer parte do edifcio pelos seus ocupantes;

    2) grande nmero de pessoas para evacuar o edifcio;

    3) tempo de evacuao excessivo;

    4) risco acentuado de incio e propagao do incndio;

  • MF MANUAL DE FUNDAMENTOS 42

    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 42

    5) estado de inconscincia dos ocupantes (sono em hotel, hospitais etc);

    6) incapacitao dos ocupantes por motivos de sade (hospitais, clnicas com internao).

    Os acionadores manuais devem ser instalados em todos os tipos de edifcio, exceto nos de pequeno porte onde o reconhecimento de um princpio de incndio pode ser feito simultaneamente por todos os ocupantes, no comprometendo a fuga dos mesmos ou possveis tentativas de extenso.

    Os acionadores manuais devem ser instalados mesmo em edificaes dotadas de sistema de deteco automtica e/ou extino automtica, j que o incndio pode ser percebido pelos ocupantes antes de seus efeitos sensibilizarem os detectores ou os chuveiros automticos.

    A partir da, os ocupantes que em primeiro lugar detectarem o incndio, devem ter rpido acesso a um dispositivo de acionamento do alarme, que deve ser devidamente sinalizado a propiciar facilidade de acionamento.

    Os acionadores manuais devem ser instalados nas rotas de fuga, de preferncia nas proximidades das sadas (nas proximidades das escadas de segurana, no caso de edifcios de mltiplos pavimentos). Tais dispositivos devem transmitir um sinal de uma estao de controle, que faz parte integrante do sistema, a partir do qual as necessrias providncias devem ser tomadas.

    12.2 Sinalizao

    A sinalizao de emergncia utilizada para informar e guiar os ocupantes do edifcio, relativamente a questes associadas aos incndios, assume dois objetivos:

    1) reduzir a probabilidade de ocorrncia de incndio;

    2) indicar as aes apropriadas em caso de incndio.

    O primeiro objetivo tem carter preventivo e assume as funes de:

    1) alertar para os riscos potenciais;

    2) requerer aes que contribuam para a segurana contra incndio;

    3) proibir aes capazes de afetar a segurana contra incndio.

    O segundo objetivo tem carter de proteo, e assume as funes de:

    1) indicar a localizao dos equipamentos de combate;

    2) orientar as aes as de combate;

    3) indicar as rotas de fuga e os caminhos a serem seguidos.

  • MF MANUAL DE FUNDAMENTOS 43

    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 43

    A sinalizao de emergncia deve ser dividida de acordo com suas funes em seis categorias:

    1) sinalizao de alerta, cuja funo alertar para reas e materiais com potencial de risco;

    2) sinalizao de comando, cuja funo requerer aes que condies adequadas para a utilizao das rotas de fuga;

    3) sinalizao de proibio, cuja funo proibir aes capazes de conduzir ao incio do incndio;

    4) sinalizao de condies de orientao e salvamento, cuja funo indicar as rotas de sada e aes necessrias para o seu acesso;

    5) sinalizao dos equipamentos de combate, cuja funo indicar a localizao e os tipos dos equipamentos de combate.

    Sinalizao de extintores (Fig. 1.59)

    12.3 Meios de Combate a Incndio

    12.3.1 Extintores portteis e Extintores sobre rodas (carretas).

    O extintor porttil um aparelho manual, constitudo de recipiente e acessrio, contendo o agente extintor, destinado a combater princpios de incndio.

    O extintor sobre rodas (carreta) tambm constitudo em um nico recipiente com agente extintor para extino do fogo, porm com capacidade de agente extintor em maior quantidade.

    As previses destes equipamentos nas edificaes decorrem da necessidade de se efetuar o combate ao incndio imediato, aps a sua deteco, em sua origem, enquanto so pequenos focos.

    Estes equipamentos primam pela facilidade de manuseio, de forma a serem utilizados por homens e mulheres, contando unicamente com um treinamento bsico.

  • MF MANUAL DE FUNDAMENTOS 44

    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 44

    Alm disso, os preparativos necessrios para o seu manuseio no consomem um tempo significativo, e conseqentemente , no inviabilizam sua eficcia em funo do crescimento do incndio.

    Os extintores portteis e sobre rodas podem ser divididos em cinco tipos, de acordo com o agente extintor que utilizam:

    1) gua;

    2) espuma mecnica;

    3) p qumico seco;

    4) bixido de carbono;

    5) halon.

    Esses agentes extintores se destinam a extino de incndios de diferentes naturezas.

    A quantidade e o tipo de extintores portteis e sobre rodas devem ser dimensionados para cada ocupao em funo:

    1) da rea a ser protegida;

    2) das distncias a serem percorridas para alcanar o extintor;

    3) os riscos a proteger (decorrente de varivel natureza da atividade desenvolvida ou equipamento a proteger).

    Os riscos especiais como casa de medidores, cabinas de fora, depsitos de gases inflamveis devem ser protegidos por extintores, independentemente de outros que cubram a rea onde se encontram os demais riscos.

    Os extintores portteis devem ser instalados, de tal forma que sua parte superior no ultrapasse a 1,60 m de altura em ralao ao piso acabado, e a parte inferior fique acima de 0,20 m (podem ficar apoiados em suportes apropriados sobre o piso);

    Devero ser previstas no mnimo, independente da rea, risco a proteger e distncia a percorrer, duas unidades extintoras, sendo destinadas para proteo de incndio em slidos e equipamentos eltricos energizados.

    Os parmetros acima descritos so definidos de acordo com o risco de incndio do local.

    Quanto aos extintores sobre rodas, estes podem substituir at a metade da capacidade dos extintores em um pavimento, no podendo, porm, ser previstos como proteo nica para uma edificao ou pavimento.

  • MF MANUAL DE FUNDAMENTOS 45

    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 45

    Tanto os extintores portteis como os extintores sobre rodas devem possuir selo ou marca de conformidade de rgo competente ou credenciado e ser submetidos a inspees e manutenes freqentes.

    Detalhe de instalao de extintores em reas sujeitas obstruo (Fig. 1.60)

    12.4 Sistema de hidrantes

    um sistema de proteo ativa, destinado a conduzir e distribuir tomadas de gua, com determinada presso e vazo em uma edificao, assegurando seu funcionamento por determinado tempo.

    Sua finalidade proporcionar aos ocupantes de uma edificao, um meio de combate para os princpios de incndio no qual os extintores manuais se tornam insuficientes.

  • MF MANUAL DE FUNDAMENTOS 46

    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 46

    Detalhe de hidrante (Fig. 1.61)

    12.4.1 Componentes do Sistema

    Os componentes de um sistema de hidrantes so:

    1) reservatrio de gua, que pode ser subterrneo, ao nvel do piso elevado;

    2) sistema de pressurizao.

    O sistema de pressurizao consiste normalmente em uma bomba de incndio, dimensionada a propiciar um reforo de presso e vazo, conforme o dimensionamento hidrulico de que o sistema necessitar.

    Registro de recalque para Bombeiros (Fig. 1.62)

  • MF MANUAL DE FUNDAMENTOS 47

    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 47

    Quando os desnveis geomtricos entre o reservatrio e os hidrantes so suficientes para propiciar a presso e vazo mnima requeridas ao sistema, as bombas hidrulicas so dispensadas.

    Seu volume deve permitir uma autonomia para o funcionamento do sistema, que varia conforme o risco e a rea total do edifcio.

    3) Conjunto de peas hidrulicas e acessrios.

    So compostos por registros (gaveta, ngulo aberto e recalque), vlvula de reteno, esguichos e etc.;

    4) Tubulao;

    A tubulao responsvel pela conduo da gua, cujos dimetros so determinados, por clculo hidrulico.

    5) Forma de acionamento do sistema

    As bombas de recalque podem ser acionadas por botoeiras do tipo liga-desliga, pressostatos, chaves de fluxo ou uma bomba auxiliar de pressurizao (jockey).

    Isomtrica de sistema de hidrantes (Fig. 1.63)

    O Corpo de Bombeiros, em sua interveno a um incndio, pode utilizar a rede hidrantes (principalmente nos casos de edifcios altos). Para que isto ocorra, os hidrantes devem ser instalados em todos os andares, em local protegido dos efeitos do incndio, nas proximidades das escadas de segurana.

    A canalizao do sistema de hidrante deve ser dotada de um prolongamento at o exterior da edificao de forma que possa permitir, quando necessrio, recalcar gua para o sistema pelas viaturas do Corpo de Bombeiros.

  • MF MANUAL DE FUNDAMENTOS 48

    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 48

    12.4.2 Dimensionamento

    O dimensionamento do sistema projetado:

    1) de acordo com a classificao de carga de incndio que se espera;

    2) de forma a garantir uma presso e vazo mnima nas tomadas de gua (hidrantes) mais desfavorveis;

    3) que assegure uma reserva de gua para que o funcionamento de um nmero mnimo de hidrantes mais desfavorveis, por um determinado tempo.

    Bomba de incndio e acessrios hidrulicos (Fig. 1.64)

    12.5 Sistema de Mangotinhos

    Um outro sistema que pode ser adotado no lugar dos tradicionais hidrantes internos so os mangotinhos.

    Os mangotinhos apresentam a grande vantagem de poder ser operado de maneira rpida por uma nica pessoa. Devido a vazes baixas de consumo, seu operador pode contar com grande autonomia do sistema.

    Sistema de mangotinhos (Fig. 1.65)

  • MF MANUAL DE FUNDAMENTOS 49

    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 49

    Por estes motivos os mangotinhos so recomendados pelos bombeiros, principalmente nos locais onde o manuseio do sistema executado por pessoas no habilitadas (Ex.: uma dona de casa em um edifcio residencial).

    O dimensionamento do sistema de mangotinhos idntico ao sistema de hidrantes.

    12.6 Sistema de chuveiros automticos ("sprinklers").

    O sistema de chuveiros automticos composto por um suprimento dgua em uma rede hidrulica sob presso, onde so instalados em diversos pontos estratgicos, dispositivos de asperso dgua (chuveiros automticos), que contm um elemento termo-sensvel, que se rompe por ao do calor proveniente do foco de incndio, permitindo a descarga dgua sobre os materiais em chamas.

    O sistema de chuveiros automticos para extino a incndios possui grande confiabilidade, e se destina a proteger diversos tipos de edifcios.

    Chuveiro automtico sob a ao do fogo (Fig. 1.66)

    Esquema de uma rede de chuveiro automtico (Fig. 1.67)

  • MF MANUAL DE FUNDAMENTOS 50

    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 50

    Deve ser utilizado em situaes:

    1) quando a evacuao rpida e total do edifcio impraticvel e o combate ao incndio difcil;

    2) quando se deseja projetar edifcios com pavimentos com grandes reas sem compartimentao.

    Pode-se dizer que, via de regra, o sistema de chuveiros automticos a medida de proteo contra incndio mais eficaz quanto gua for o agente extintor mais adequado. De sua performance, espera-se que:

    1) atue com rapidez;

    2) extingua o incndio em seu incio;

    3) controle o incndio no seu ambiente de origem, permitindo aos bombeiros a extino do incndio com relativa facilidade.

    12.6.1 Dimensionamento

    O dimensionamento do sistema feito:

    1) de acordo com a severidade do incndio que se espera;

    2) de forma a garantir em toda a rede nveis de presso e vazo em todos os chuveiros automticos, a fim de atender a um valor mnimo estipulado;

    3) para que a distribuio de gua seja suficientemente homognea, dentro de uma rea de influncia predeterminada.

    13. Sistema de espuma

    A espuma mecnica amplamente aplicada para combate em incndio em lquidos combustveis e inflamveis.

    O tipo da espuma, forma e componentes para sua aplicao esto detalhados a seguir.

    13.1 A espuma

    A espuma destinada extino dos incndio um agregado estvel de bolhas, que tem a propriedade de cobrir e aderir aos lquidos combustveis e inflamveis, formando uma camada resistente e contnua que isola do ar, e impede a sada para a atmosfera dos vapores volteis desses lquidos.

    Incndio em parque de tanques (Fig. 1.68)

  • MF MANUAL DE FUNDAMENTOS 51

    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 51

    Sua atuao se baseia na criao de uma capa de cobertura sobre a superfcie livre dos lquidos, com a finalidade de:

    1) Separar combustvel e comburente;

    2) Impedir e reduzir a liberao de vapores inflamveis;

    3) Separar as chamas da superfcie dos combustveis;

    4) Esfriar o combustvel e superfcies adjacentes.

    13.2 Aplicao

    Sua aplicao destina-se ao combate de fogos de grandes dimenses que envolvam locais que armazenem lquido combustvel e inflamvel.

    Tambm se destina a:

    1) extino de fogos de lquidos de menor densidade que a gua;

    2) preveno da ignio em locais onde ocorra o derrame de lquidos inflamveis;

    3) extingua incndios em superfcie de combustveis slidos;

    4) outras aplicaes especiais, tais como derrame de gases na forma lquida, isolamento e proteo de fogos externos, conteno de derrames txicos e etc.;

    5) Estas ltimas aplicaes dependem de caractersticas especiais da espuma, condies de aplicao e ensaios especficos ao caso a ser aplicado.

    A espuma no eficaz em: 1) fogo em gases;

    2) fogo em vazamento de lquidos sobre presso;

    3) fogo em materiais que reagem com a gua.

    A espuma um agente extintor condutor de eletricidade e, normalmente, no deve ser aplicada na presena de equipamentos eltricos com tenso, salvo aplicaes especficas.

  • MF MANUAL DE FUNDAMENTOS 52

    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 52

    Cuidado especial deve se ter na aplicao de lquidos inflamveis que se encontram ou podem alcanar uma temperatura superior a ponto de ebulio da gua; evitando-se a projeo do lquido durante o combate (slop-over).

    13.3 Caractersticas

    Os vrios tipos de espuma apresentam caractersticas peculiares ao tipo de fogo a combater, que as tornam mais ou menos adequadas. Na escolha da espuma devem-se levar em considerao:

    1) aderncia;

    2) capacidade de supresso de vapores inflamveis;

    3) estabilidade e capacidade de reteno de gua;

    4) fluidez;

    5) resistncia ao calor;

    6) resistncia aos combustveis polares.

    13.3.1 Tipos de espuma

    Os tipos de espuma variam: 1) segundo sua origem:

    a) qumica, que obtida pela reao entre uma soluo de sal bsica (normalmente bicarbonato de sdio), e outra de sal cida (normalmente sulfato de alumnio), com a formao de gs carbnico na presena de um agente espumante. Este tipo de espuma totalmente obsoleto e seu emprego no est mais normatizado.

    b) Fsica ou mecnica, que formada ao introduzir, por agitao mecnica, ar em uma soluo aquosa (pr-mistura), obtendo-se uma espuma adequada. Esta o tipo de espuma mais empregada atualmente.

    2) segundo a composio:

    a) Base protenica, que se dividem:

    Protenicas, que so obtidas pela hidrlise de resduos protenicos naturais. Caracteriza-se por uma excelente resistncia temperatura.

    Fluorprotenicas, que so obtidas mediante a adio de elementos fluorados ativos a concentrao protenica, da qual se consegue uma melhora na fluidez e resistncia a contaminao.

    b) Base sinttica.

  • MF MANUAL DE FUNDAMENTOS 53

    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 53

    3) segundo ao coeficiente de expanso:

    O coeficiente de expanso a relao entre o volume final de espuma e o volume inicial da pr-mistura. E se dividem em:

    a) Espuma de baixa expanso, cujo coeficiente de expanso est entre 3 e 30;

    b) Espuma de mdia expanso, cujo coeficiente de expanso est entre 30 e 250;

    c) Espuma de alta expanso, cujo coeficiente de expanso est entre 250 e 1.000.

    4) segundo as caractersticas de extino;

    a) Espuma convencional, que extingue somente pela capa de cobertura de espuma aplicada;

    b) Espuma aplicadora de pelcula aquosa (AFFF), que forma uma fina pelcula de gua que se estende rapidamente sobre a superfcie do combustvel.

    13.4 Tipos de sistemas

    Os sistemas de espuma so classificados conforme:

    1) a sua capacidade de mobilidade em:

    a) Fixos, que so equipamentos para proteo de tanque de armazenamento de combustvel, cujos componentes so fixos, permanentemente, desde a estao geradora de espuma at cmara aplicadora;

    Sistema fixo de espuma (Fig. 1.69)

  • MF MANUAL DE FUNDAMENTOS 54

    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 54

    Sistema semi-fixo (Fig. 1.70)

    b) Semifixos, que so equipamentos destinados proteo de tanque de armazenamento de combustvel, cujos componentes, permanentemente fixos, so complementados por equipamentos mveis para sua operao. So, normalment