Mudanças Climáticas
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GeoTextos, vol. 7, n. 2, dez. 2011. M. Tomasoni. 141-178 .141
Marco Antnio TomasoniProfessor Adjunto do Departamento de Geografia da Universidade Federal da Bahia, Doutor em Geografia pela Universidade Federal de Sergipe [email protected]
Mudanas globais: a problemtica do oznio e algumas de suas implicaes
Resumo
O presente trabalho uma reflexo sobre questes tratadas no mbito das mudanas globais referentes ao clima e, mais especificamente, sobre a problemtica dos CFCs e da camada de oznio e alguns de seus aspectos tericos e tcnicos. So avaliadas as implicaes de ordem diversa como as questes polticas e econmicas resultantes das aes de resposta aos problemas atribudos a sua produo e suas conotaes a partir do Protocolo de Montreal e de Viena. discutido, tambm, a efetividade destas aes e seus impactos no sistema ambiental, fazendo refletir sobre o papel da cincia e seus enlaces com a economia bem como suas correlaes com os ndices de radiao, entre outros aspectos, para o oeste da Bahia.
Palavras-chave: atmosfera, oznio, clorofluorcarbonos, impactos.
Abstract
GLOBAL CHANGES: THE ZONE ISSUE AND SOME OF IT IMPLICATIONS
This work is a reflection on issues addressed in the context of global changes related to climate, more specifically on the issue of CFCs and the ozone layer besides some of its theoretical and technical aspects. Implications of different kinds are assessed, such as political and economic issues arising from response actions to the proble-ms attributed to its production and its connotations from the Montreal Protocol and Vienna. It is also discussed the effectiveness of these actions and their impacts on the environment, making a reflection on the role of science and its links with the economy and their correlation with the incidence of radiation, among other aspects to the west of Bahia.
Key-words: atmosphere, ozone, chlorofluorocarbon, impacts.
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1. Introduo
Se o conhecimento pode criar problemas, no atravs da ignorncia que podemos solucion-losIsaac Asimov (1920-1992)
A revoluo industrial um fato marcante que retrata inmeras
transformaes de mbito social, poltico, econmico, cultural e ambiental.
Atribui-se a ela o incio de uma mudana sem par na histria humana e cuja
difuso e acelerao afetaram de forma inexorvel a evoluo natural no
planeta. A partir de tal constatao, um conjunto diverso de interpretaes
tem lugar, desde as abordagens catastrofistas at as mais otimistas. No de-
bate atual sobre as chamadas mudanas globais, as de carter atmosfrico
recebem grande ateno, pois, a elas so atribudas a origem dos principais
hazards que assolam a derme planetria. O principal aspecto enfocado
refere-se composio mdia dos gases atmosfricos que mudou a partir
da irrefrevel revoluo industrial. Alguns destes gases so substncias
muito ativas, reagentes e sinrgicas, j outras composies so inertes e
so transformadas ou deterioradas pelos ciclos e processos biogeoqumicos.
Em perodo recente, fomos largamente bombardeados com inmeras
informaes que davam conta da descoberta de um grave problema que
ameaava a existncia humana. Este problema relacionava-se rarefao
da camada de oznio e sua reatividade frente a um grupo de substncias
de origem antropognica: os chamados frens, tambm conhecidos como
CFCs. Segundo as fontes de informao majoritrias, tais substncias
tinham o poder de degradar a fina camada protetora de oznio contra os
raios ultravioleta e cujas reais dimenses precisvamos conhecer melhor
para agir de forma imediata.
O fenmeno ganhou a mdia de forma avassaladora e a teoria do pro-
fessor Mario Molina e Rowland (MOLINA; ROWLAND, 1974 e ROWLAND,
2006), o Ciclo cataltico do cloro, tornou-se uma verdade inabalvel,
sendo incorporada acriticamente pelo movimento ambientalista em sua
diversidade (ONGs transnacionais, por exemplo), governos, corporaes e
indivduos. Todos se puseram na luta pela erradicao dos efeitos nocivos
deste componente, que tinha aplicao em inmeros fins industriais.
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Utilizando-se da abordagem presso-estado-resposta (OCDE, 1998),
poderamos qualificar as aes como corretas, pois ao identificar-se um
agente transformador, no caso o CFC (presso) que, segundo as informa-
es, impactava e alterava a atmosfera (estado), props-se uma ao (res-
posta) que visava a eliminar a origem do problema. Desta forma, reaes
imediatas em alguns pases aconteceram e culminaram na assinatura do
Protocolo de Montreal, que visou ao completo banimento desta substncia
e sua permuta por gases no nocivos camada de oznio. Mas, como toda
a hiptese passa pelo amplo processo de validao, esta tambm pode ser
submetida aos diversos princpios cientficos e questionada em suas bases.
Antes de prosseguirmos, vale ressaltar que este problema apresenta um
conjunto de variveis muito mais complexas, as quais no esto devida-
mente explicadas; ou ainda que, sobre elas, residem dvidas incontestes
e interesses que implicam em impactos de ordem poltica e econmica
muito mais srios, para serem reduzidos a um fato meramente tcnico ou
de ordem ambiental no sentido restrito da palavra. O sistema climtico
reage e interpe-se de forma no linear com os demais sistemas terrestres
e aquticos do planeta e estes com os fenmenos orbitais como os ciclos
solares e os de Milankovitch (SALGADO-LABORIAU, 1994), entre outros
fenmenos complexos que repercutem na dinmica do clima no planeta
e cujos efeitos no so previsveis nas diferentes escalas dos fenmenos
climticos.
Sendo assim, analisaremos a questo a partir de sua origem e dos
aspectos fsico-ambientais que a envolvem, para compreendermos algumas
questes acerca do seu estado atual.
2. Alguns antecedentes
Atribui-se a descoberta do oznio ao qumico Christian Friedrich
Schnbein. Em meados do sculo XIX, ele observou que, aps descargas
eltricas na atmosfera, havia um odor
notado tambm quando a gua era decomposta por uma corrente voltaica. Schnbein acreditou que esse odor poderia ser atribudo existncia de um gs atmosfrico de odor peculiar. A esse gs atribuiu o nome oznio, da palavra grega para cheiro
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ozein. O oznio um gs produzido naturalmente na atmosfera terrestre, reativo e capaz de oxidar metais como ferro, chumbo e arsnico[...] aps vrias pesquisas concluiu-se que o oznio tinha um papel ainda mais importante, utilizando-o como um eficaz desinfetante durante epidemias infecciosas (INPE, 2006).
Outro aspecto acerca do oznio, que este gs absorve a radiao
infravermelha de 9 mm, longitude de onda muito prxima da mxima
emissividade de espectro de radiao da superfcie terrestre. Seu fora-
mento radiativo, molcula por molcula, mil vezes mais potente que o
dixido de carbono (URIARTE, 2003, s/p).
A vinculao do oznio (O3) aos CFC foi originada a partir das des- des-
cobertas dos cientistas F. Sherwood Rowland e Mrio Molina em 1974,
que suspeitavam que grandes quantidades de um composto estvel CFC
(Clorofluorcarbonos ou CFCl3 e CF2Cl2, respectivamente Fren-11 e Fren-12
ou Halns), produzidos sinteticamente desde os anos 1920, inicialmente
pela Du Pont, de alguma maneira estariam circulando na atmosfera, mais
especificamente na estratosfera (acima dos 20Km), criando condies para
uma exposio elevada radiao presente nestas altitudes, gerando, assim,
uma reao onde o oznio tornar-se-ia instvel e sua molcula quebrada.
Tal teoria foi batizada de Ciclo Cataltico do Cloro, que, no meio miditico,
ganhou o status de teoria da destruio da camada de oznio.
Mas foi somente nos anos 1980 que a informao ganhou maiores
dimenses quando Farman et al. (1985), em artigo na Nature, divulgaram
seus estudos para o perodo 1980-1984 e a NASA (National Aeronautics and
Space Adimistration) noticiou seus estudos, apresentando o que se consti-
tuiria no buraco na camada de oznio, que, segundo eles, em setembro
de 2000, tinha chegado a mais de 28 milhes de quilmetros quadrados
(WMO, 2000; NASA, 2001). Segundo dados oficiais de relatrios da ONU,
atualmente, a mdia das perdas de oznio de 6% nas latitudes mdias do Hemisfrio Norte no inverno e na primavera, 5% nas latitudes mdias do Hemisfrio Sul durante o ano todo, 50% na primavera antrtica e 15% na primavera rtica. Os aumentos resultantes na irradiao de raios ultravioletas nocivos chegam a 7%, 6%, 130% e 22%, respectivamente (UNEP, 2000a, p.15).
Antes disso, em 1977, os Estados Unidos proibiram o uso de CFCs em
aerossis no-essenciais e alguns outros pases como o Canad, a Noruega
e a Sucia tambm diminuram o consumo e a produo. Entre os vrios
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usos dos CFCs existem os aerossis e os no-aerossis, como em espumas,
solventes e produtos refrigerantes, entre outros usos.
Em maro de 1985, a Conveno de Viena e o Protocolo de Montreal
foram assinados e ganharam inmeros membros e, em dezembro de 2001,
um total de 182 pases j tinham ratificado o acordo. O Protocolo de
Montreal, que originalmente exigia o corte de apenas 50% do consumo,
passou quase eliminao destas substncias em 1995 pelos pases in-
dustrializados e criou-se um fundo (aprox. $1,1 bilhes) para financiar
nos pases em desenvolvimento a adoo de substncias no nocivas. O
protocolo definiu, em seus anexos, algumas substncias e seu potencial
de degradao, como mostra o quadro 1.
Quadro 1ANEXO A: SUBSTNCIAS CONTROLADAS
Grupo Substncia Potencial redutor do O3Grupo 1
CFCl3 CF2Cl2 C2F3Cl3C2F4Cl2C F Cl
(CFC-11) (CFC-12) (CFC-113) (CFC-114) (CFC-115)
1.01.00.81.00.6
Grupo 2
CF2BrClCF3Br C2F4Br2
(haln-1211) (haln-1301) (haln-2402)
3.010.06.0
Fonte: UNEP, 2000a (adaptado)
No anexo D do referido Protocolo, encontra-se uma lista de produtos
que contm substncias especficas citadas no anexo A, a saber: sistemas
de ar condicionado automotivos (caminhes e automveis), sistemas de
refrigerao domstica e comercial e equipamentos mveis (refrigeradores,
freezers, desumidificadores, mquinas de gelo, resfriadores de gua e ar
condicionados), produtos aerossis, exceto mdicos, extintores de incndio,
pr-polmeros, placas e painis solares, entre outros produtos.
Muitas questes emergiram deste processo, especialmente aquelas
associadas ao controle de patentes e as fontes que serviram de base aos
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estudos e anexos especficos do protocolo. Outro aspecto importante, mas
no devidamente mensurado, refere-se aos royalties de transferncias
tecnolgicas. E, por fim, em recente encontro internacional (setembro de
2006), foi comemorada a eficincia do combate eliminao dos CFCs,
anunciando-se praticamente o fim do problema da diminuio da camada
de oznio.
3. Caracterizao dos elementos envolvidos
Primeiramente, bom que se diga que, como qualquer problema, o
do oznio est ligado a uma complexa rede de reaes fsico-qumicas que
ocorrem tanto na troposfera quanto na estratosfera. Quando falamos em
atmosfera, importante lembrar sua estrutura bsica e o comportamento
dos elementos temperatura e presso, conforme se v na figura 1, na
qual se observa o comportamento varivel da temperatura nas diferentes
camadas e o decrscimo abrupto da presso mdia na medida em que nos
elevamos na atmosfera. Estes dois fatores interferem de modo determi-
nante nas reaes fsico-qumicas dos componentes gasosos que ocorrem
em seu conjunto.
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Figura 1ESTRUTURA GERAL DA ATMOSFERA E COMPORTAMENTO DA TEMPERATURA E PRESSO
Fonte: Pidwirny, 1999 (adaptado)
3.1. O oznio troposfrico
O oznio encontra-se em boa parte da atmosfera, sobretudo na baixa
atmosfera, especialmente nos grandes centros urbanos, onde se formam
domus (bolha) de poluio que, por reaes fotoqumicas, podem gerar o
oznio: o chamado smog fotoqumico. Atribui-se a este tipo de oznio, um
gatilho (INPE, 2006) para entrada de infeces respiratrias mais graves
que ocorrem em determinadas pocas do ano.
Nesta contribuio, a mais importante fonte de poluentes atmos-
fricos , sem dvida, a queima de combustveis fsseis e de biomassa,
liberando grandes quantidades de dixido de enxofre (SO2), monxido de
carbono (CO), xidos de nitrognio (NO e NO2, conhecidos coletivamente
como NOx), os materiais particulados em suspenso (MPS), os compostos
orgnicos volteis (VOCs) e alguns metais pesados e, principalmente, a
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maior fonte antropognica de dixido de carbono (CO2). O oznio troposf-
rico produzido em reaes qumicas entre NOx e VOCs, em dias quentes
e ensolarados, principalmente em reas urbanas e industriais e em regies
propensas a massas de ar estagnado ou de baixa mobilidade.
Essa produo de oznio pode ter implicaes extensas, uma vez que
foi descoberto que as molculas de O3 viajam por grandes distncias (at
800 km) a partir das fontes de emisso e produo. Assim, trata-se de um
problema complexo que envolve reaes qumicas e disperso atmosfrica
atravs dos mecanismos de circulao geral e secundria (MOREIRA;
TIRABASSI, 2004).
J na formao do oznio troposfrico, um papel notvel ento
desenvolvido da relao NO2/NO. O oznio se forma na troposfera atravs
da seguinte reao: O + O2 +M O3 (reao 1), onde M uma molcula presente. O oxignio livre O se forma, na troposfera, da fotlise do NO2:
NO2 + h NO + O (reao 2); com a reao seguinte, completa-se o cha- + O (reao 2); com a reao seguinte, completa-se o cha-O (reao 2); com a reao seguinte, completa-se o cha- (reao 2); com a reao seguinte, completa-se o cha-mado ciclo do nitrognio: O3 + NO NO2 + O2 (reao 3).
O ciclo do nitrognio vem a completar-se em poucos minutos, en-
quanto a acumulao de oznio acontece em algumas horas. O ciclo do
nitrognio bastante veloz para manter uma concentrao de equilbrio
de O3, que funo da relao NO2/NO.
A reao 3 converte NO em NO2, mas uma molcula de oznio
destruda. A reao 1 produz o oxignio livre que contribui para a formao
de uma molcula de oznio, mas, ao mesmo tempo, NO2 convertido
em NO. So adequadas para o estudo do oznio e de outros poluentes
fotoqumicos em uma escala temporal somente da ordem de um a alguns
dias (FERREYRA, 2006).
Segundo Uriarte (2003), existe um incremento ocasionado na segunda
metade do sculo XX, um efeito estufa importante, mas difcil se deter-
minar em nvel global seu grau de foramento radiativo (BRUNNER, 1998;
BRASSEUR, 1998 apud URIARTE, 2003). Tal foramento muito maior no
hemisfrio norte que no hemisfrio sul. Este alcana a franja subtropical,
compreendida entre os 20 e 30 de latitude norte (ROELOFS, 1997 apud
URIARTE, 2003). Estima-se que o foramento global est na ordem dos
0,3 W/m2 a 0,4 W/m2, superando os 0,5 W/m2 no Mediterrneo e sudoeste
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da sia (STEVENSON, 1998, apud URIARTE, 2003). Existem autores que
supem que o aumento do oznio troposfrico afete o desenvolvimento da
fotossntese. Tal suposio baseia-se numa diminuio na absoro do CO2 por parte da vegetao, o que mostra sumariamente que existe um amplo
espectro de processos que demonstram claramente a no linearidade dos
sistemas envolvidos.
3.2. O oznio estratosfrico
A formao do oznio em altitudes elevadas d-se quando um fton
de elevada energia ( l
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Grfico 1PERCENTUAL DOS CFCs, SEGUNDO O TIPO DE USO
Fonte: IPCC Oznio, 2005 (adaptado)
Entre as vrias substncias que so apontadas como degradadoras
da camada de oznio (ver quadro 2), apenas os CFCs sofrem proibio;
outros, como o tetracloreto de carbono (um solvente), dixido de nitrognio
(utilizado na composio do cido ntrico), metilclorofrmio (anestsico e
solvente), usados em lavagem a seco e no ramo farmacutico, e os halons,
usados em alguns extintores de incndios, que contm bromo e so dez
vezes mais destruidores de oznio do que os CFCs, ainda no sofrem
nenhum tipo de proibio.
Em uma edio da revista Cincia Hoje (de 1990, v. 2, n. 9, p. 41-48)
so mostrados os detalhes da teoria de Mario Molina e Sherwood Rowland,
sendo que os dois avaliaram que a produo anual de CFC alcanava cerca
de 1 milho de toneladas.
Vrios pesquisadores mostraram que o CFC bastante estvel, mas,
na presena da radiao UV-C, torna-se muito instvel, produzindo uma
reao fotoqumica que libera tomos de cloro. Esquematicamente assim
representada:
Cl3CF + hv (
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Para tanto, os CFCs precisam chegar estratosfera e serem expostos
radiao da banda UV-C de comprimento de onda inferior a 230nm (2,30
x 10-8 cm) de longitude de onda, coisa que ocorre acima dos 36 a 40 km.
Segundo estas mesmas fontes, esta viagem dos CFCs levaria aproximada-
mente oito meses. Com o oznio, o comprimento de onda necessrio para
destru-lo seria da ordem de 250nm, radiao existente por volta dos 30km
de altitude. O mero atrito das molculas entre si bastaria para provocar
sua destruio, dada sua instabilidade.
Segundo a mesma fonte, as reaes em cadeia provocadas pelo CFC
promoveriam uma destruio contnua de cerca de 100.000 molculas de
oznio por uma de CFC. Mas ainda existem outros inmeros compostos
que podem retardar ou acelerar as transformaes nesta parte da atmosfera,
a exemplo do dixido de nitrognio (NO2), que pode bloquear a degradao
do oznio. Outro aspecto interessante sobre este gs que seu tempo de
permanncia mdio na atmosfera (ver quadro 2) de aproximadamente
20 anos para o HFC e o HCFC, de vrias dcadas at sculos para alguns
HFC e a maioria dos Halns e CFC, e entre 1.000 a 50.000 anos para os
PFC (IPCC, 2005).
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Quadro 2TEMPO DE VIDA TIL DE ALGUNS COMPOSTOS GASOSOS
Gs Tempo De Vida (Anos) Gs Tempo De Vida (Anos)
CFC PFC
CFC-12 CFC-114CFC-115CFC-113CFC-11
1003001.7008545
C2F6 C6F14CF4
10.0003.20050.000
HCFC Halones
HCFC-142b HCFC-22 HCFC-141b HCFC-124 HCFC-225cbHCFC-225ca
17,9129,35,85,81,9
Haln-1301 Haln-1211 Haln-2402
651620
HFC Otros halocarbonos
HFC-23 HFC-143a HFC-125 HFC-227ea HFC-43-10mee HFC-134a HFC-365mfc
270522934,215,9148,6
Te t r a c l o r u r o d e carbono(CCl4)M e t i l c l o ro f o r m o (CH3CCl3) Bromuro de metilo (CH3Br)
26
5,0
0,7
Fonte: IPCC Oznio, 2005 (adaptado)
3.3. A teoria e a cincia sobre o CFC e o Oznio
interessante observar que, do ponto de vista qumico, os gases e
componentes da atmosfera tm suas caractersticas definidas por leis
bastante rgidas, entre elas a termodinmica. A ttulo de ilustrao, vemos,
no quadro 3, diferentes constituintes da atmosfera e outros, seu peso
molecular, seu peso atmico e seu percentual na atmosfera.
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Quadro 3ALGUMAS CARACTERSTICAS DE ALGUNS CONSTITUINTES DA ATMOSFERA
Constituinte Peso Molecular Peso Atmico Volume (%)Atmosfera
Nitrognio (N2) 28,02 14,1 78,08%
Oxignio (O2) 32 16 20,95%
Hlio (He) 8 4 0,0005%
Hidrognio (H2) 2,016 1,08 0,00005%
Oznio (O3) 48 - 0,000004%
Ferro (Fe) - 55,08 -
Cloro (Cl) - 35,5 -
Carbono (C) - 12 -
Flor (F) - 19 -
Dixido de carbono(CO2) 44,01 - 0,0360%
Oxido nitroso (N2O) 44,02 - 0,00003%
Metano (CH4) 16,032 - 0,00017%
FREN 11 (Cl3FC) 137,51 - -
FREN 12 (Cl2F2C) 121,01 - -
PESO MOLECULAR MDIO DA ATMOSFERA = 29,01
Fonte: elaborado pelo Autor
A teoria diz que, em uma marcha lenta e contnua, eles seriam levados
pelas correntes conectivas equatoriais, portanto uma ascenso trmica,
para altitudes elevadas. Esta viagem levaria cerca de oito meses. O pro-
blema que, na medida em que as correntes ascendentes equatoriais
ganham altitude, elas perdem calor pelo processo adiabtico (cerca de 10oC
por cada 1000m), portanto, iniciam seu processo de subsidncia nas faixas
de alta presso na zona dos trpicos, estas derivando e formando os ventos
de oeste e os alseos de nordeste e de sudeste. Depois deveriam seguir,
em parte, para o hemisfrio norte (HN) e hemisfrio sul (HS), at sofrer
uma provvel ascenso dinmica no choque com a frente polar, podendo
acumular-se nas zonas polares de alta presso (ver figura 2).
No corte vertical da atmosfera (figura 2), no lado esquerdo, observa-
mos esquematicamente a dinmica do movimento vertical de ascendncia
e subsidncia do ar e a formao da frente polar, no lado direito outra
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referncia ao movimento horizontal e vertical na circulao geral. im-
portante lembrar a existncia de dois tipos de foras convectivas: a trmica,
provocada pelas diferenas de temperatura e gradientes de presso, e a
dinmica, provocada pelo movimento das massas associadas ao efeito de
Coriolis.
Embora a circulao geral da atmosfera tenha estas caractersticas,
outra longa srie de fatores afeta este movimento, mas, para ns, o que
interessa so as foras que intervm no movimento vertical, especialmente
as trocas e os contatos das trs clulas de circulao: a de Hadley, Ferrel
e a Polar, e com maior detalhe sobre o Vrtex polar (conforme esquema
da figura 3, lado direito).
Embora haja uma tendncia de mistura na atmosfera, os gases obe-
decem a certa distribuio vertical e aos princpios da termodinmica, ou
seja, este aspecto possui elevado grau de complexidade para a simples
correlao que ainda hoje perdura como senso comum acerca da viagem
dos CFCs na atmosfera (KHRGIAN et al, 1975). Os frens 12 e 11 pesam,
respectivamente, 4,10 e 4,66 vezes mais que o ar atmosfrico e isto, aliado
aos fenmenos da circulao geral da atmosfera, torna a ideia da perma-
nncia dos frens em elevada altitude, um aspecto pouco explicvel.
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Figura 3ISBARAS DO MS DE JUNHO SOBRE A ANTRTIDA
Fonte: Strahler,1986 (adaptado)
3.4. O vrtice Antrtico
Entendidos estes aspectos, passamos a outra importante parte da
explicao da teoria geral sobre a rarefao do oznio. Perto do final do
inverno austral, entre os fins de agosto e durante setembro inteiro, ocorre
uma interessante formao no plo sul: ventos ciclonais (convergentes
para uma zona central) de intensa velocidade que abarcam a Antrtida em
uma circulao praticamente fechada, conforme apresentado na figura 4,
na qual vemos em planta as isbaras do ms de junho.
A figura 3 mostra um corte vertical na zona central (A) fechada com
presso em torno dos 1030mb, circundada por baixas presses (B) em torno
dos 987mb, o que, em um corte vertical, estaria representada na figura 4,
identificando a zona de concentrao do vrtice polar e a formao das
Nuvens Estratosfricas Polares (NEP), de baixssimas temperaturas.
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Figura 4CORTE VERTICAL NA ZONA ANTRTICA
Fonte: Ferreyra, 2006
Segundo alguns cientistas, o fenmeno da rarefao do oznio se
produz quando os raios solares comeam a iluminar a alta estratosfera
(aproximadamente 20 de agosto), ainda na noite polar (ver figura 5). Isso
se deve inclinao dos raios, provocando a opacidade da atmosfera polar,
aonde chegariam apenas a radiao infravermelha e a luz visvel (bandas
superiores a 400nm).
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Figura 5ASPECTO DA ILUMINAO DO VRTICE
Fonte: Ferreyra, 2006
Segundo o INPE, nas regies tropicais, a variao de oznio pode ser
negligenciada, pois a radiao seria considerada constante, j em latitudes
maiores:
O mximo de concentrao estabelecido no fim do inverno, ou no comeo da primavera, e o mnimo se verifica durante o outono. Durante a primavera a quantidade de oznio encontrada em altas latitudes maior, e em baixas latitudes menor, do que aquela que poderia ser prevista, utilizando a teoria fotoqumica. Neste caso, a distribuio da intensidade de radiao solar sugeriria a formao de um mximo durante o vero sobre a regio equatorial. Portanto, as causas desse fenmeno podem ser relacionadas aos padres de circulao atmosfrica. No incio da primavera, a estratosfera prxima s regies polares caracterizada por fortes correntes de ar descendentes. Deste modo, o oznio gerado em camadas acima de 20 km de altitude transportado por estas correntes de ar em direo s camadas mais baixas, e uma circulao formada com o ar fluindo em direo aos plos na alta estratosfera e, em direo ao equador, na baixa estratosfera. O oznio acumulado nesta regio transferido para a troposfera durante o vero (INPE, 2006, p.12).
Nestas condies, o movimento giratrio do vrtice impede a sada ou
entrada de gases e a temperatura no seu interior chega aos -85oC. Alguns
cientistas acreditam que este movimento catico faz colidir um imenso
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nmero de molculas, entre elas o oznio, provocando sua diminuio
momentnea. Assim, os nveis de oznio de reas circundantes ao vrtice
chegam a alcanar 450 a 500 DU (Unidades Dobson) e, no interior, valores
inferiores a 200 DU.
Neste momento, quando as reaes do oznio liberam calor e este se
soma ao calor da radiao infravermelha, correntes ascendentes de ar se
formam, levando oxignio s zonas mais elevadas, criando condies para
sua regenerao. H que se ressaltar que tais condies so nicas e s
ocorrem na zona Antrtica, diferentemente do que ocorre na zona oposta.
Ainda no contexto do complexo amanhecer polar, reaes como a
chamada exploso de Bromo (GEBHARDT, 2008), cuja origem est ligada
s algas (CHBr3), s reaes na neve e no gelo juvenis e aos compostos
orgnicos volteis (VOCs), tambm so responsveis pela diminuio
dos nveis de oznio (ver quadro 4). Segundo Gebhardt (2008), a maioria
dos elementos investigados nos processos de destruio do oznio est
diretamente ligada a emisses de processos naturais, como, por exemplo,
o recm-descoberto CH3Cl, cuja fonte so as plantas tropicais e material
vegetal em decomposio, sendo ainda pouco conhecidos seus efeitos
sinergticos.
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160. GeoTextos, vol. 7, n. 2, dez. 2011. M. Tomasoni. 141-178
Quadro 4FONTES E SUMIDOUROS DE COMPOSTOS DE LONGA DURAO
Fonte Tipo Sumidouros
CH3Cl
Plantas Tropicais e SubtropicaisFormaes deciduais /folhas mortas Queima de Biomassa OceanosFungosSalinasQueima de combustveis fsseisIncinerao de lixoreas midas Processos IndustriaisCampos de arroz
Reaes OHSolos Reaes do Cl Perdas para a estratosferaPerda para os oceanos polares
Total Max. 13.578 Gg ano-1 Total Max 6.695 Gg ano-1
CH3Br
Oceanos Gases dos solosQueima de biomassa Salinas Gasolinareas midas Fungos Turfeiras Vegetao arbustivaCampos de arroz
Solos OceanosOH e fotlise
Total Max. 293 Gg ano-1 Total Max. 387 Gg ano-1
Fonte: GEBHARDT, 2008. Modificado
J os compostos de vida curta como o CHCl3, CH2Br2, CHBr3 e CH3I,
investigados por GEBHARDT (2008), tm suas principais fontes majori-
tariamente biognicas como nos oceanos abertos, nos processos do solo,
nas fontes vulcnicas e geolgicas, nos arrozais, na queima de biomassa
e nas turfeiras. J os processos exclusivamente antropognicos, como a
fabricao de papel e celulose, o tratamento de gua (clorao) e os pro-
cessos industriais, respondem com cerca de 8,5% dos totais das emisses
estimadas ou medidas.
Uriarte observa que a evoluo da massa global de oznio (tropos-
frico e estratosfrico) desde 1979, ano em que comeam as medies
por satlites (grfico 1), no se modificou muito. Uma observao mais
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detalhada do grfico 1 indica que, fora as fortes quedas que se seguiram, as
erupes vulcnicas do El Chichn (Mxico, Abril de 1982) e do Pinatubo
(Filipinas, Junho de 1991), no houve, ao menos desde 1983, uma tendn-
cia clara a altas ou baixas. Ainda segundo Uriarte, nas latitudes de 35 a
60N, observa-se um aumento desde 1993 at 2005, atribudos principal-
mente a alteraes na circulao estratosfrica do mesmo nvel de 1985
(HADJINICOLAOU et al, 2005 e URIARTE, 2003).
Grfico 2EVOLUO DA ESPESSURA MDIA DO OZNIO GLOBAL (ENTRE 65N E 65S), MEDIDA POR EQUIPAMENTO TOMS TRANSPORTADO POR TRS SATLITES-NIMBUS7, METEOR E EARTH PROBE (1979-2000)
Fonte: Uriarte, 2003
Conforme Uriarte, existem muitas incgnitas sobre o futuro do oznio
estratosfrico:
Debido al posible enfriamiento de la estartosfera por causa del incremento del CO2 (DAMERIS, 1998). El CO2 no solamente es un eficiente absorbente de radiacin infrarroja sino que tambin es un excelente emisor de este tipo de radiacin. En los niveles estratosfricos la emisin de radiacin infrarroja emitida por el CO2 se escapa en gran parte hacia el espacio exterior. Por lo tanto, el CO2 acta all enfriando la estratosfera. Probablemente este enfriamiento estratosfrico provocado por el incremento del CO2 y por el propio aumento del ozono troposfrico (que atrapa en las capas bajas la radiacin terrestre saliente) conlleve la formacin de nubes polares estratosfricas ms abundantes. Por eso es posible que la destruccin de ozono que se produce en estas nubes aumente y que sean ms profundos los
agujeros estacionales que se forman en las latitudes altas (URIARTE, 2003, s/p).
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162. GeoTextos, vol. 7, n. 2, dez. 2011. M. Tomasoni. 141-178
O mesmo autor complementa que o esfriamento da estratosfera,
associado a uma provvel reduo dos compostos de cloro (Protocolo de
Montreal), pode viabilizar um aumento do oznio estratosfrico, pues all
se reduce la velocidad de las reacciones naturales de qumica homognea
(gas-gas) que destruyen el ozono y que equilibran el proceso de formacin
de ozono por la accin del Sol sobre el oxigeno (URIARTE, 2003, s/p).
Outro aspecto importante, em relao s alteraes na composio
mdia do oznio na estratosfera, estaria nas nuvens estratosfricas polares,
como afirma Uriarte:
La frecuencia de nubes polares estratosfricas, y la consiguiente destruccin de ozono, es el incremento del vapor de agua. El metano es la principal fuente de humedad de la estratosfera, en donde su oxidacin acaba produciendo dixido de carbono y agua. A pesar de la escasez de las mediciones, hay indicios de que el vapor de agua en la estratosfera ha ido aumentando a razn de un 1% anual en las ltimas tres dcadas (OLTMANS, 2000). Una mayor concentracin de agua en la estratosfera facilitara la formacin de nubes. Adems, el vapor de agua provoca, al igual que el CO2, un efecto neto de enfriamiento en la baja estratosfera (FORSTER, 1999), que tambin contribuira a una mayor frecuencia de las nubes polares estratosfricas (URIARTE, 2003, s/p).
Outro aspecto de fundamental importncia na qumica mobilizadora
do oznio est muito ligada aos cataclismos vulcnicos, o que segundo
Deshler (1998), Berger et al (1989), entre outros, ainda reside em incgnitas,
pois a grande massa de aerosis sulfatados, que pode cobrir praticamente
todas as latitudes, leva a uma reduo de energia na ordem de 3 a 4 W/
m2, esfriando a troposfera como no caso do Pinatubo ou Santa Helena
(TAZIEFF,1999). Lucht (2002) aponta ainda a considervel reduo na
concentrao de oznio estratosfrico. Isto demonstra uma forte relao
do oznio com as trocas verticais de energia e matria na atmosfera.
J foi comprovada a existncia de muitos outros gases na estratosfera:
hidrognio, hlio, metano (CH4), monxido e bixido de Cloro (ClO e ClO2),
os xidos de nitrognio (NOx), compostos a base de Bromo (altamente
reagente), Flor, Iodo, bixido de carbono (CO2), entre outros gases como
o Argnio, Criptnio, Xennio, etc., menos os CFCs. Este fato foi demons-
trado por inmeros cientistas, entre eles, Igor J. Eberstein, do Goddard
Space Flight Center da NASA, entre outros cientistas desta rea.
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Assim, nesta atmosfera Antrtica, um conjunto de reaes provocadas
pelos xidos de nitrognio, vapor de gua e oxignio, levam a uma rpida
queda nos nveis de oznio neste setor da atmosfera. Alguns estudos tm
indicado que, dentro do vrtice, os nveis de vapor dgua, oznio e xidos
nitrosos caem de maneira abrupta e elevam-se os nveis de cloro. E ento
vem a pergunta: de onde vem tanto cloro?
3.5. As fontes de cloro
Pairando sobre o problema da reduo sazonal ou efetiva da camada
de oznio, encontra-se um dos principais agentes apontados por todos os
estudiosos do assunto: o cloro. O fato de haver uma grande presena deste
elemento na atmosfera Antrtica, especialmente dentro do vrtice, levou a
postulao da sua dissociao, a partir dos CFCs, mas justamente a que
reside uma das grandes polmicas, e a menos elucidada delas. Cientistas,
como o eminente qumico Pierre Lutgen (2006), afirmam que seria neces-
srio, aproximadamente, que cerca de 90% de toda a produo mundial de
CFCs estivessem no hemisfrio sul, sem contar aqui que nem tudo que
produzido, em termos efetivos, liberado para a atmosfera, entre outros
fatores envolvidos neste processo.
Na Antrtida, existem dois vulces, O terror e o Monte Erebus, sen-
do que apenas o segundo ativo desde 1841 (FERREYRA, 2006). O Erebus
est a 77oS e 168oE, muito prximo da base onde se realizam medies
meteorolgicas que embasam estudos cientficos sobre o tema. Da base de
McMurdo, so lanados constantemente sondas para medir a composio
dos gases, e o eminente vulcanlogo Haroun Tazieff j realizou varias
campanhas para estudar as emisses gasosas deste vulco. Aps avaliar
detalhadamente o fenmeno, ele concluiu que so produzidas cerca de
1.000 toneladas de cloro, entre outros gases por dia, o que, em uma semana,
produziria o cloro equivalente ao somatrio de todos os CFCs produzidos
no mundo em um ano, ou seja, 7.500 toneladas de CFCs contra cerca de
360.000 toneladas de cloro vulcnico do Erebus. Estes dados totais sobre
produo dos CFCs esto em relatrios do IPCC e dados do professor
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Tazieff, disponveis em artigos cientficos, facilmente pesquisados em
bibliotecas digitais.
Vejamos, ento, no grfico 3, uma estimativa da produo anual do
cloro segundo fontes diversas, fato que pe em xeque a teoria catica dos
CFCs.
Grfico 3ESTIMATIVAS DA PRODUO ANUAL DE CLORO SEGUNDO FONTES SELECIONADAS
Fonte: adaptado de Ferreyra, 2006
Tal informao impe mais alguns questionamentos acerca deste
problema e de suas implicaes, como, por exemplo: O que levaria a
condicionar de forma to enftica a nfima quantidade de cloro presente
nos CFCs ao problema da camada de oznio?
Seria ele, o cloro antropognico, de fato o gatilho acionador da insta-
bilidade ou rarefao cclica do oznio?
Qual seria o papel do cloro liberado de fontes naturais, que no caso
do Monte Erebus chega a ser 48 vezes maior que toda a produo mundial
provinda a partir dos CFCs?
136
36
8,4
5
0,75
0,0075
0 100 200 300 400 500 600
gua do mar
Vulces
Queima de biomassa
Biota ocenica
Cloro contido nos CFCs
Cloro liberado anualmente pelos CFCs
Milhes de toneladas
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Outros dados disponveis pem em xeque a questo, pois, somadas
todas as fontes de cloro, estas so 80.000 vezes maiores que as prov-
veis liberaes a partir dos CFCs. E, na estratosfera, registra-se apenas
uma concentrao de cerca de 0,1 ppb. Estudiosos como Lutgen, Khalil e
Rasmussen afirmam que a maioria do CFC produzido so devorados por
bactrias que se encontram no solo em todo mundo (LUTGEN, 2006), bem
como so dissolvidos no mar, pois, como observado anteriormente, estes
so mais de 4,5 vezes mais pesados que o ar. Assim, necessrio atentar
para a problemtica com um olhar mais critico, revendo os princpios dos
postulados bsicos e das fontes de informao.
3.6. Contrapontos ao paradigma emergente
Em 1988, publicaes da NASA davam conta de que a camada de
oznio sobre os EUA e a Europa havia diminudo cerca de 3% entre 1969 e
1986, o que levaria a um aumento das radiaes UV e consequente epide-
mia de cncer. Tal concluso no foi unnime. Em 12 de fevereiro de 1988,
a Revista Science publicou um interessante estudo de Joseph Scotto (1986),
do Biostatistic Branch do National Cancer Institute dos EUA, que apresentou
evidncia cientfica, provando que a quantidade de radiao UV-B que
chegava superfcie dos EUA havia diminudo cerca de 7% entre 1974
e 1985, o que, se comparado variabilidade dos ciclos solares (WILSON;
MORDVINOV, 2003), tambm pode ajustar-se com tal dado. Ele se baseou
em uma rede de leituras diretas, em estaes de monitoramento ao nvel
do solo, com medidores Robertson-Berger, que detectaram variaes em
declnio. Vale ressaltar que alguns dos dados hoje disponveis so inferidos
a partir de fontes orbitais, o que implica, certamente, em alguma espcie
de desvio.
Os pesquisadores contrrios s proposies de Scotto afirmaram estar
ele equivocado por no levar em considerao que a produo fotoqumica
do oznio troposfrico, especialmente nas grandes cidades, ou outras
substncias estivessem diminuindo a radiao pelo seu poder filtrante.
Resultado, em outro nmero da mesma revista, Scotto diz que tal conta-
minao urbana no dispersaria os UV-B e argumenta que em Mauna Loa
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166. GeoTextos, vol. 7, n. 2, dez. 2011. M. Tomasoni. 141-178
(Hawaii), lugar relativamente livre de qualquer contaminao, as anlises
preliminares no mostraram qualquer aumento de radiao entre 1974 e
1985. O resultado deste polmico debate foi: Scotto no pode mais continu-
ar suas pesquisas e suas estaes foram fechadas, impossibilitando, assim,
a continuidade no fornecimento de seus dados, o que acabou projetando-o
no cone de sombra da cincia, especialmente sobre esta temtica.
Nos diversos debates que sucederam esta polmica, Molina tentou
explicar as reaes qumicas que levavam brusca queda dos nveis de
oznio, mas um amplo conjunto de cientistas ainda contesta cabalmente
as proposies dele, principalmente pelo fato de no explicar a origem
do cloro em suas equaes, o que facilmente dedutvel pelos dados
anteriormente mostrados.
3.7. A radiao ultravioleta
A radiao ultravioleta uma parte do espectro solar, e pode ser sepa-
rada em trs partes: UV-A, 320-400 nm (nanmetros); UV-C, 320-280 nm;
e UV-B,
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UV. Soukharev (apud LUTGEN, 2006), pesquisadora da Universidade de
St. Petersburgo por dcadas seguidas, no registrou mudana na radiao
UV em estaes sob seu controle. Kelfens (2002), avaliando o efeito das
mesmas radiaes, chega a concluses semelhantes.
Ferreyra (2006, s/p) afirma, aps anlise de diversas fontes, que:
Os valores tpicos de radiao global mdios so de ~300 watts/m2 em Buenos Aires; prximos de 100 a 150 watts/m2 na Terra do Fogo; e de ~100 Watts/m2 na Antrtida. Os nveis de radiao ultravioleta diretamente abaixo do buraco de oznio no alcanam a metade dos nveis de Buenos Aires no mesmo momento.
De fato, sobre os dados e suas interpretaes, residem muitas con-
trovrsias, mas um substancial nmero de cientistas afirma que muitas
estaes de observao no esto detectando tal diminuio, apenas va-
riaes estacionais ou associaes destas a fenmenos como manchas
solares ou vulcanismo de larga proporo, como, por exemplo, o do Monte
Pinatubo em 1991, que afetou o clima global por vrios anos, com reduo
da temperatura. Neste contexto, novas indagaes podem ser feitas, no
que tange aos motivos de base poltico-econmica que permanecem por
trs de algumas ideias largamente expostas.
3.8. A tentativa de controle do sistema climtico
O sistema climtico global essencialmente um sistema no linear,
cuja complexidade est ligada a fenmenos intrnsecos e extrnsecos pr-
pria atmosfera. Os intrnsecos so bastante complexos, especialmente os
ligados relao oceano-atmosfera, variao no padro de nuvens, albedo
terrestre, emisses vulcnicas, entre outros. J os extrnsecos esto ligados
a fenmenos de ordem astronmica, essencialmente ciclos de manchas e
de ventos solares, variao da eclptica terrestre, oscilao do eixo, preces-
so axial, entre outros fenmenos que interferem na dinmica climtica
global, criando pulsos, ritmos e variabilidades em diferentes escalas. As
respostas globais da tecnosfera s possveis ou provveis mudanas nas ca-
ractersticas das emisses, especialmente na diminuio de gases do efeito
estufa e outros reagentes com a camada de oznio, por exemplo, levariam
dezenas a centenas de anos para uma possvel estabilizao (JAWOROWSKI,
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168. GeoTextos, vol. 7, n. 2, dez. 2011. M. Tomasoni. 141-178
1997 e 2007). Mesmo considerando uma provvel estabilizao, fato pouco
admissvel diante das evidncias evolutivas e dinmicas do planeta, isto
nada diz sobre sua resultante final: o retorno de condies geoambientais
pr-industriais ou pretritas e, no mnimo, uma iluso lastreada sobre fatos
que atentam contra postulados bsicos da termodinmica. As imensas
alteraes no albedo terrestre realizadas no ciclo histrico da produo
do espao, especialmente atravs da alterao do uso do solo, bem como
o conjunto de fatores de ordem orbital, entre outros aspectos, no fazem
parte do arcabouo de dados que circunstanciam o discurso majoritrio,
criando, assim, um ambiente quase que totalmente hipottico. Neste caso,
e, se somente levssemos em conta a dinamicidade presente na biosfera,
tais mudanas tecnolgicas, como no caso dos CFCs, seriam de fato efi-
cientes ao fim que se propuseram? A linearidade de tal ao-resposta
evidente, e altamente improvvel em sua concretizao.
Outro aspecto que corrobora com tal ideia associa-se s escolhas
realizadas nos mtodos de calibrao dos modelos de previso, especial-
mente na interface oceano-atmosfera (temperatura e transporte de calor),
falhas na reproduo do ciclo hidrolgico, especialmente no que tange
s propriedades das nuvens, entre outros fatores apontados por Molion
(2010), Gerard (1989), Uriarte (2003), Barron (1989), Schlesinger (1989),
entre outros. Estes modelos apresentam muitas conjecturas, sobre cenrios
futuros, nos quais se trabalha com meras possibilidades que implicam em
polticas pblicas e aes regulatrias de amplo alcance e que resultam
em beneficirios poderosos.
altamente aceitvel que se aplique o princpio da prudncia e da
precauo como normativa direcionadora de polticas de alcance global,
mas estas no podem basear-se no excesso de incerteza. Tais especulaes
implicam em decises no mbito da esfera econmica, o que tem se re-
vertido em fortes transformaes e inverses de capitais em escala global,
o exemplo do banimento dos CFCs um caso emblemtico no impacto
sobre a produo, a distribuio e royalties a ele vinculados. Os crditos
de carbono ou os direcionamentos do MDL no Protocolo de Kyoto tambm
caminham no mesmo sentido. A ttulo de exemplo acerca das incertezas
propostas pelos modelos, vemos tratados, na figura 6, a reatividade do
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GeoTextos, vol. 7, n. 2, dez. 2011. M. Tomasoni. 141-178 .169
sistema e o tempo de resposta a uma abrupta reduo na emisso de CO2 e as respostas das temperaturas, da expanso trmica dos oceanos e de
sua elevao, graas fuso do gelo polar ou de outras reas.
Figura 6RESPOSTAS DOS SISTEMAS AMBIENTAIS A UMA POSSVEL REDUO DE CO2
Fonte: IPCC, 2005
Nota-se claramente, neste hipottico exerccio de futurologia, que,
mesmo na mais otimista das possibilidades, se as mudanas no mbito
do sistema climtico global fossem possveis, estas levariam dcadas para
o processo de adaptao, no caso de uma rpida e radical inibio das
emisses de CO2. A resilincia do sistema ambiental no responde de
pronto s torpes equaes matemticas ou balanos de economistas ou
outros tcnicos de formao duvidosa que acreditam manipular um tubo de
ensaio com reaes previsveis. Uma vasta gama de cientistas de renomada
categoria reconhece os limites de determinadas aes e possibilidades de
manipulao de sistemas complexos como o ambiental, mas afinal ainda
nos perguntamos o porqu de to forte embate e que questes esto em
jogo nestas distintas defesas.
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4. Algumas implicaes polticas e econmicas
Os elementos de ordem poltica e econmica sero aqui tratados
mediante a apresentao de um conjunto de questionamentos sobre o tema.
Iniciemos com o entendimento de como se distribui em grupos de pases,
a produo dos compostos banidos e de seus substitutos e sua projeo de
produo at 2015 (ver quadro 5).
Quadro 5PRODUO DE AGENTES ESPUMANTES POR GRUPO DE PASES
Agente espumante
1990 (toneladas) 2000 (toneladas) 2015 (toneladas)
Pases desenvolvidos
Pases em desenvolv.
Pases desenvolvidos
Pases em desenvolv.
Pases desenvolvidos
Pases em desenvolv.
CFCHCFCHFCHC
1.532.0005.200
01.150
201.100000
1.485.000841.0003.500
178.400
419.80040.450
031.900
1.031.450900.700588.000903.000
196.600515.800
150329.000
Todos os agentes 1.538.350 201.100 2.507.900 492.150 3.393.150 1.041.550
Fonte: IPCC, 2005, modificado
Embora o quadro 5 mostre a produo apenas de agentes espumantes,
as demais finalidades de uso dos compostos acompanham proporo se-
melhante e mostram a disparidade gritante entre os dois grupos de pases.
Obviamente, por esta simples mostra, poderamos refletir sobre o nus
diferencial a ser arcado no sentido da mitigao do problema, se que ele
existe e no processo de substituio tecnolgica forado pela proibio dos
CFCs pelo protocolo de Montreal.
A substituio dos antigos agentes refrigerantes txicos e inflamveis
pelos CFCs data dos anos 1929, aps um rpido crescimento no seu uso.
Por no ser inflamvel, corrosivo ou txico, em 1991 os CFCs foram defi-
nitivamente acusados de viles do oznio. Seus substitutos, como HFC e
PFC, chegam a ser 15 vezes mais caros e menos eficientes, como afirma
Tazieff. As patentes dos substitutos esto ligadas DUPONT: um de seus
principais acionistas, Edgar Bronfman, realizou significativas doaes
a ONGs nos EUA. Ainda como enlace entre corporaes e ONGs, Peter
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GeoTextos, vol. 7, n. 2, dez. 2011. M. Tomasoni. 141-178 .171
Melchett (herdeiro da Imperial Chemical Industries) diretor do Greenpeace
na Inglaterra (FERREYRA, 2006).
A partir dos elementos colocados, podemos refletir em vrias linhas,
todas altamente imbricadas:
Qual foi o custo da proibio do uso dos CFCs e como ele foi com-
partilhado pelas vrias naes signatrias?
Quanto seria o lucro das empresas detentoras das patentes dos subs-
titutos aos CFCs?
Por que foi recentemente comemorado o fim do problema, se a vida
til das molculas de CFCs so relativamente longas?
O prprio F. Sherwood Rowland afirmou categoricamente que a im-
plementao do Protocolo de Montreal (1987), se cumprido na ntegra e
mantidos os nveis de outras emisses, apenas aproximadamente em 2050
poderia proporcionar uma atmosfera tal qual Lovelock encontrou em 1970.
Dada a longa vida til e a instabilidade dos compostos, como seria possvel
comemorar o fim do buraco da camada de oznio em to pouco tempo?
Quais so de fato as vinculaes entre a cincia, os cientistas e a econo-
mia nesta questo? Embora muitas questes mais possam ser elaboradas,
acreditamos que estas pem alguma reflexo sobre o tema.
5. Variabilidade da radiao na Bahia e outras relaes
Uma primeira aproximao em relao a observaes nos sistemas de
dados produzidos pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET, 1998) e
em dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE, 2006), entre
outras fontes, pode levar a inferir que o Estado da Bahia, especialmente
o Oeste Baiano, sofreu significativas variaes no que tange a radiao
mdia anual tpica analisada para os anos de 1985-1986 a 1995. Tal variao
encontra uma profunda correlao com os ndices de Oscilao Decanal
do Pacifico (ODP), o qual afeta inmeros sistemas atmosfricos, conforme
explicado por Molion em inmeros artigos cientficos. O desvio da ODP
prximo zero apresenta comportamento semelhante normal das mdias
anuais para o posto Barreiras para os anos-chave indicados. Tal observao
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172. GeoTextos, vol. 7, n. 2, dez. 2011. M. Tomasoni. 141-178
acerca desta variao dever ser submetida futuramente a um conjunto
de anlises especificas, a fim de validar estas correlaes.
Na mesma comparao para os dados de manchas solares a partir de
informaes de Wilson e Mordvinov (2003), Molion (2006), Uriarte (2003)
entre outros autores, v-se outro claro alinhamento de relaes entre os
dados anteriores e os ndices de insolao media total global a partir de
dados do IPCC.
Compreendendo o conjunto de relaes a partir de uma concepo
integrada em sistemas complexos de respostas, podemos realizar algumas
aproximaes, nas quais observamos tendncias de respostas similares
positivas ou negativas na variao dos sistemas ou nas tendncias para as
condies climticas em escala regional.
Estudos na variao do ndice normalizado de vegetao, em reas
que apresentam um comportamento mais ou menos constante em termos
de uso do solo, devem indicar possveis correlaes com os dados obtidos
em escala global. Tais conjecturas em vias de validao devero mostrar
profunda correlao entre as respostas destes diferentes sistemas.
6. Observaes finais
Existem os equvocos provocados pelos limites da cincia e da tcnica
em se compreender algumas questes, seja por se constituir em novos
campos da cincia, ou por tratar-se de fenmenos desconhecidos de eleva-
da complexidade, sinergia e aleatoriedade, o que implica em limitao de
compreend-los e mensur-los adequadamente. Para tais limites, apenas o
avano da cincia pode permitir novas leituras ou, como querem os mais
precavidos, novas aproximaes. O modelo atmico, os processos de
evoluo da vida e do planeta so bons exemplos, nos quais o avano da
cincia ps fim a muitas dvidas e tambm criou outras novas. Por outro
lado, o uso da cincia como linguagem de manipulao traz retrocessos
sem igual, pois no elucida as verdadeiras causas dos fenmenos e impe
uma lgica de aes sem efeitos concretos sobre o que se prope resolver.
Esta falta de eficincia de objetivos leva a prejuzos e perda de tempo.
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A questo das transformaes dos sistemas ambientais inevitvel, e s
com diagnsticos de qualidade que poderemos realizar uma adaptao
que d respostas adequadas e eficientes, no sentido de mitigar inevitveis
custos socioambientais que ainda esto por vir.
Acreditamos que o parco, mas diverso, conjunto de informaes que
apresentamos, sobre a problemtica dos CFCs, torne possvel repensar
algumas ideias sobre o tema, abrindo, assim, um campo de questiona-
mento, para tantos problemas evidenciados em alguns dos paradigmas
ambientais modernos. Outro aspecto importante desta temtica que ela
demonstra a necessidade do raciocnio interdisciplinar para sua compre-
enso, necessitando exercitar dilogos com vrias reas do conhecimento,
especialmente na compreenso de uma geografia fsica global, pois esta
possui os requisitos necessrios a uma viso mais totalizante das atuais
questes que esto postas.
Nota
1 Um (1) DU a medida em unidades de centsimos de milmetro, que a coluna de oznio poderia ocupar com temperatura e presso padres (273oKelvin e 1 atmosfera).
2 Linhas que unem pontos de igual presso atmosfrica, medidas em milibares (Mb) ou em milmetros mercrio (mm/Hg).
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Recebido em: 02/11/2011
Aceito em: 14/11/2011