MUDANÇAS CLIMÁTICAS E SAÚDE: ALGUMAS ABORDAGENS
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MUDANÇAS CLIMÁTICAS E SAÚDE: ALGUMAS
ABORDAGENS
Helena Ribeiro Departamento de Saúde Ambiental Faculdade de Saúde Pública da USP
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Itens da apresentação
Discussão resumida de alguns efeitos de alterações do clima em áreas urbanas na saúde humana, através de referências da literatura
Alguns dados da cidade de São Paulo Apresentação de resultados de 2 pesquisas
em escalas diversas enfocando poluição térmica na cidade de São Paulo
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Introdução Urbanização e industrialização modificam
as características da atmosfera “Clima urbano é o sistema que abrange o
clima de um dado espaço terrestre e sua urbanização” (Monteiro, 1976, p. 95)
Desde a década de 1950 muitos estudos sobre clima urbano foram realizados, sobretudo em países do primeiro Mundo, sob climas temperados
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IntroduçãoPoucos estudos sobre alterações
climáticas causadas pela urbanização em cidades tropicais e seus efeitos à saúde (Dunne, 1984; Oke, 1981; Weihe, 1986; Akbari, 1990; Jauregui, 1994).
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IntroduçãoCondições atmosféricas influenciam a saúde através de 3
fatores:
1. Troca de calor entre seres humanos e atmosfera
2. Radiações em ondas longas e curtas
3. Poluição do ar
Portanto é difícil correlacionar um fator isolado com mudanças
nas condições de saúde
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Introdução Efeitos potenciais à saúde podem variar de
sintomas sub-clínicos, ou incômodos, a um aumento na taxa de mortalidade.
Pessoas saudáveis têm extraordinária capacidade de adaptação a condições atmosféricas extremas
Mas há alguns grupos de risco que possuem capacidade limitada de adaptação aos estresses do clima: idosos, mulheres grávidas, crianças, cardíacos, asmáticos, etc.
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Poluição Térmica
Pode agravar doenças respiratórias e cardiovasculares
Causa desconforto e estresse fisiológico Faixa de neutralidade de conforto térmico
entre 17º e 31º C (Weihe, 1986, WHO, 1990)
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Poluição térmica: Sintomas de desconforto e de riscos à saúde com temperaturas acima
desta faixa: -hipotensão -hipertermia -taquicardia -insuficiência cardíaca -inapetência -desidratação -letargia -indolência
-irritabilidade -diminuição da
capacidade de aprendizagem
-memória prejudicada -depressão -alteração no padrão
de doenças transmitidas por vetores
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Poluição atmosférica: efeitos à saúde
Problemas oftálmicos Doenças
dermatológicas Problemas gastro-
intestinais Problemas
cardiovasculares
Doenças pulmonares Alguns tipos de câncer Efeitos sobre o
sistema nervoso (CO) Algumas doenças
infecciosas
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Cidade de São Paulo18 milhões de habitantes (10% do país)39 municípios1051 km² de mancha urbana contínua18% do PIB do país+ de 6 milhões de empregos47 mil indústrias5,5 milhões de veículos (21% da frota nacional)Rede viária de 15,6 mil km
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Cidade de São Paulo: ambiente fortemente propício à formação de ilha de calor
Estudos realizados: Lombardo, 1995
Prefeitura do Município, 1993
Tarifa e Armani, 2001
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Ribeiro (1996 e 2005)
Nunes da Silva e Ribeiro (2006)
Estudos buscando verificar efeitos à saúde humana da poluição térmica
na cidade:
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ILHA DE CALOR NA CIDADE DE SÃO PAULO:DINÂMICA E EFEITOS NA SAÚDE DA POPULAÇÃO
(Ribeiro, 1996)Problema: alterações térmicas
Metodologia• imagem de satélite• dados meteorológicos• dados de óbitos• dados de internações - SUS
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Ribeiro, H. Heat island in São Paulo, Brazil: Effects on health - Critical Public Health, June, 2005; 15(2): 147-156
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Comparação de dados diários de temperaturas máximas e mínimas com dados diários de mortalidade (Proaim) por doenças cardiovasculares e respiratórias nos distritos ao redor das 3 estações meteorológicas, segundo endereço de residência e idade (total e de maiores de 55 anos).
Comparação com dados diários de temperatura com internações hospitalares por doenças cardiovasculares e respiratórias de toda cidade.
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Resultados: Comparação de dados de distribuição espacial da ilha de calor e de mortalidade indicou que há maior risco de morte por doenças cardiovasculares e respiratórias em área de maior intensidade da ilha de calor.
Sé e Brás: 31 mortes/10.000 habitantes (com maior risco para os idosos)Santana: 24 mortes/10.000 habitantesJabaquara: 21 mortes/10.000 habitantes
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Entretanto: a distribuição de mortes e de admissões hospitalares, ao longo do ano, e das temperaturas não mostraram uma correlação positiva entre altas temperaturas e agravos à saúde
Calor sozinho não é fator etiológico significativo, pois menores números de mortes e internações ocorrem no verão
Influência conjunta da poluição do ar e mudanças bruscas de temperatura?
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Internações hospitalares de crianças de 1 a 5 anos no Distrito de Vila Andrade (n= 99)
Broncopneumonia 15,1
Asma 5,05 Diarréia e gastroenterites origem infecciosas presumíveis 4,04
Ascaridíase 4,04
Pneumonia 3,03
Hérnia inguinal 3,03
Meningite viral 2,02
IDiagnóstico Principal %
Fonte: AIH – DATASUS 2001
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Favelização no Município de São Paulo
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Internações Favela Paraisópolis
Diagnóstico Principal %Broncopneumonia 30,15 Diarréia e gastroenterite infecciosa presumida 14,71 Bronquite aguda 13,24 Pneumonia 11,03 Outras doenças dos brônquios NCOP 8,09 Pneumonia lobar 5,88 Outras convulsões NE 5,88Asma NE 3,68 Outros transtornos respiratórios específicos 3,68Desconforto espiratório do recém-nascido 3,68
Fonte: DATASUS/CEPID/FAPESP/Centro de Estudos da Metrópole
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Alterações no microclima em ambientes externos de favela e desconforto térmico ( Silva, FSP/USP, 2004; Silva, E.N.; Ribeiro, 2006)
As diferenciações na micro-escala (ambientes intra-urbanos) criam condições mais ou menos favoráveis ao conforto térmico
Favela Paraisópolis, S.P.: 4 ruas e vielas de largura diferente e um ponto fora dela em rua arborizada no bairro do Morumbi
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Uso de miniabrigos aspirados e registradores digitais de temperatura e umidade
Medição das temperaturas horárias do ar no período de 18 de fevereiro a 31 de julho de 2003
Análise das temperaturas horárias médias por estações do ano: verão, outono e inverno
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Favela Paraisópolis – Posto A
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Favela Paraisópolis – Posto C
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Rua Silveira Sampaio – Posto H
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Resultados:
Uso e ocupação do solo e arruamento da favela consistiram em fatores diferenciadores das características térmicas da atmosfera.
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Nos ambientes abertos da favela os contrastes térmicos foram mais acentuados, sobretudo nas estações mais frias (outono e inverno) : Maior aquecimento diurno e maior resfriamento noturno
No ambiente mais fechado da favela houve atenuação das temperaturas mais altas e mais baixas em relação aos outros pontos da favela
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Amplitudes Térmicas Diárias: Postos A, B, C, D – Favela Paraisópolis e no Posto H – Rua Silveira
Sampaio, São Paulo, SP. Período de 19 de fevereiro a 31 de julho de 2003
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Posto A Posto B Posto C Posto D Posto H
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No posto fora da favela as condições térmicas eram atenuadas
Vegetação, distância entre as casas e amplidão da rua contribuíram para maior conforto térmico
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Faixa de conforto térmico: 18º e 24º C(WHO/EURO)
Sem riscos à saúde de pessoas saudáveis, com vestimenta, temperatura de radiação, isolamento, vento e estado psicológico adequados
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Em 50% das horas observadas em Paraisópolis, as temperaturas estiveram dentro da faixa de conforto
Na favela. as freqüências de temperaturas fora do limite mínimo foram mais altas que as fora do limite máximo
O posto fora da favela apresentou maior freqüência de temperaturas abaixo de 18º C que 2 pontos da favela e menor freqüência de temperaturas acima de 24º C que os 4 da favela
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Conclusões do estudo:1.A favela constitui um ambiente que aguça os extremos térmicos, com maiores amplitudes térmicas diárias que espaço adjacente arborizado;2.Taxa de internação 6,3% mais alta que no município (419/100000 versus 394/100000)3. Há diferenças atmosféricas em seus micro-espaços;4. Condições de moradia são agravantes: construções precárias, mal ventiladas, sem isolamento térmico, constituindo piores condições micro-climáticas4. Urbanização com espaços e vegetação atenua temperaturas mais altas e mais baixas Problema de saúde pública?
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