Museu Nacional de Arte Antiga - Património Cultural e Paisagístico Português - Universidade...

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UNIVERSIDADE SÉNIOR CONTEMPORÂNEA 1

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Museu Nacional de Arte Antiga: matéria leccionada pelo Professor Doutor Artur Filipe dos Santos no âmbito da cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português, da Universidade Sénior Contemporânea do Porto

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UNIVERSIDADE SÉNIOR

CONTEMPORÂNEA

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UNIVERSIDADE SÉNIOR

CONTEMPORÂNEA

• PATRIMÓNIO CULTURAL E PAISAGÍSTICO PORTUGUÊS

Professor Doutor Artur Filipe dos Santos

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UNIVERSIDADE SÉNIOR

CONTEMPORÂNEA

Património Cultural e Paisagístico Português

• Museu Nacional de Arte Antiga

Professor Doutor Artur Filipe dos Santos

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O Museu Nacional ddeArtesituado em Lisboa e delefazem parte o antigo Palácio dosCondes de Alvor (séc. XVII) e umedifício de 1940 construído nolocal do antigo Convento dasAlbertas.

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Este museu é depositário dediversas coleções: ourivesaria,pintura e escultura, cerâmica,entre outras, que vão do séculoXII ao século XIX.

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O Museu Nacional de Arte Antiga é o maisimportante museu de arte dos séculos XII a XIX emPortugal.

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Painéis de São Vicente de Fora

Uma obra-prima da pinturaportuguesa do século XV na qual, comum estilo bastante seco maspoderosamente realista, se retratamfiguras proeminentes da corteportuguesa de então, incluindo o quese presume ser um auto-retrato, e seatravessa toda a sociedade, danobreza e clero até ao povo.

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Inclui colecções de pintura,escultura, desenho e artesdecorativas, maioritariamenteeuropeias, e também orientaisrepresentativas das relações quese estabeleceram entre a Europae o Oriente na sequência dasviagens dos descobrimentosiniciadas no século XV, de quePortugal foi nação pioneira.

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O museu encontra-se localizadonum palácio dos finais do séculoXVII, mandado construir por D.Francisco de Távora, primeiroconde de Alvor, e confinando apoente com o Convento de SantoAlberto.

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Este foi o primeiro mosteiro defreiras carmelitas descalças emLisboa, cujo patrono era SantoAlberto, razão pela qual eratambém conhecido por Conventodas Albertas.

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Martírio das Onze Mil Virgens. Museu Nacional de Arte Antiga

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A Ordem dos Carmelitas Descalços (ou,simplesmente, Carmelitas Descalços, O.C.D.) é umramo da Ordem do Carmo, formado em 1593, queresulta de uma reforma feita ao carisma carmelitaelaborada por Santa Teresa de Ávila e São João daCruz.

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Este ramo divide-se em três diferentes tipos defamília carmelita: os padres ou frades, as freirascontemplativas de clausura monástica e os leigosconsagrados.

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A Ordem do Carmo (ou Ordem dos Carmelitas),originalmente chamada Ordem dos Irmãos da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo, éuma ordem religiosa católica que surgiu no final doséculo XI, na região do Monte Carmelo (uma cadeiade colinas, próxima à actual cidade de Haifa, antigaPorfíria, no actual Estado de Israel).

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A palavra "Carmelo" significa jardim. Conta atradição que o Profeta Elias se estabeleceu numagruta, em pleno Monte Carmelo, seguindo uma vidaeremítica de oração e silêncio. Nele, e no seu modode vida, se inspiraram os primeiros religiosos daOrdem.

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Mais tarde, uma Regra para a Ordem do Carmo foisistematizada e proposta por Santo Alberto,Patriarca de Jerusalém, e aprovada pelo PapaHonório III em 1226. No século XIII os religiososacabaram por migrar para os países do Ocidente,fugindo das invasões sarracenas.

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O Palácio passou a ser conhecidocomo Palácio de Alvor-Pombalpois, em 1759, após o Processodos Távoras, o edifício foiadquirido num leilão por Paulode Carvalho e Mendonça, irmãode Marquês de Pombal que, pormorte do primeiro, passou a serproprietário do palácio tendoeste ficado na posse da suafamília por mais um século. .

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O Processo dos Távoras refere-se a um escândalopolítico português do século XVIII. Osacontecimentos foram desencadeados pelatentativa, pensa-se sem se ter certeza, deassassinato do Rei D. José I em 1758, e culminaramnuma execução pública em Belém.

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Foram espancados e depois queimados DomFrancisco de Távora e seus dois filhos, José Maria eLuís Bernardo. Brás Romeiro, grande amigo de LuísBernardo também não escapou. Também foramlogo presos o Duque de Aveiro, um dos seus criadose um irmão desse criado, e a Marquesa de Távora,D. Leonor, que foi decapitada.

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Na noite de 3 de Setembro de 1758, D. José I seguiaincógnito numa carruagem que percorria uma ruasecundária nos arredores de Lisboa. O reiregressava para as tendas da Ajuda de uma noitecom a amante. Pelo caminho, a carruagem foiinterceptada por três homens, que dispararamsobre os ocupantes. D. José I foi ferido num braço, oseu condutor também ficou ferido gravemente, masambos sobreviveram e regressaram à Ajuda.

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Sebastião de Melo tomou o controle imediato dasituação. Mantendo em segredo o ataque e osferimentos do rei, este efectuou um julgamentorápido. Poucos dias depois, dois homens forampresos e torturados. Os homens confessaram aculpa e que tinham tido ordens da família dosTávoras, que estavam a conspirar pôr o duque deAveiro, José Mascarenhas, no trono.

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Ambos foram enforcados no dia seguinte, mesmoantes da tentativa de regicídio ter sido tornadapública. Nas semanas que se seguem, a marquesaLeonor de Távora, o seu marido, o conde de Alvor,todos os seus filhos, filhas e netos foramencarcerados. Os conspiradores, o duque de Aveiroe os genros dos Távoras, o marquês de Alorna e oconde de Atouguia foram presos com as suasfamílias. Gabriel Malagrida, o jesuíta confessor deLeonor de Távora foi igualmente preso..

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Foram todos acusados de alta traição e de regicídio.As provas apresentadas em tribunal eram simples:a) As confissões dos assassinos executados, b) Aarma do crime pertencia ao duque de Aveiro e c) Ofacto de apenas os Távoras poderem ter sabido dosafazeres do rei nessa noite, uma vez que eleregressava de uma ligação com Teresa de Távora,presa com os outros.

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A sentença ordenou a execução de todos, incluindomulheres e crianças. Apenas as intervenções daRainha Mariana e de Maria Francisca, a herdeira dotrono, salvaram a maioria deles. A marquesa,porém, não seria poupada. Ela e outros acusadosque tinham sido sentenciados à morte foramtorturados e executados publicamente em 13 deJaneiro de 1759 num descampado, perto de Lisboa,próximo à Torre de Belém.

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O palácio do Duque de Aveiro, em Belém, Lisboa foidemolido e o terreno salgado, simbolicamente, paraque nunca mais nada ali crescesse. No local, hojechamado Beco do Chão Salgado, existe um marcoalusivo ao acontecimento mandado erigir por D.José com uma lápide que pode ser lida . As armasda família Távora foram picadas e o nome Távora foimesmo proibido de ser citado.

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Gabriel Malagrida foi enforcado e queimado a 21 deSetembro de 1761 e a Companhia de Jesusdeclarada ilegal. Todos as suas propriedades foramconfiscadas e os jesuítas expulsos do territórioportuguês, na Europa e no Ultramar .

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Sebastião de Melo foi feito Conde de Oeiras peloseu tratamento competente do caso, eposteriormente, em 1770, obteve o título deMarquês de Pombal, o nome pelo qual é conhecidohoje.

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O museu encontra-se instalado,desde o seu início, num paláciomandado construir no século XVIIpor D. Francisco de Távora (1646-1710), 1º conde de Alvor (títuloconcedido por D. Pedro II, em1683).

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. Palácio Alvor-Pombal

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Não se conhece o arquitecto queo projectou. Admite-se, porém,que a construção se possa situarem torno de 1690, isto é, emdata posterior ao seu regresso daÍndia, em 1686, onde fora vice-rei.

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Consistia o palácio, inicialmente, num grandecorpo rectangular, confinando a poente com aigreja e dependências do contíguo conventode Santo Alberto cuja cerca abria, naretaguarda, para um pequeno jardimsobranceiro ao rio.

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As esculturas e objectos de artesdecorativas, incluindo as peçasde mobiliário e têxteis, não foraminicialmente alvo do interesse doEstado, pelo que não foramrecolhidas pelas comissõesentretanto estabelecidas paraproceder ao inventário e recolhadas obras de arte dos conventosextintos.

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Os herdeiros do conde de Alvorvão ter dificuldades em manter acasa que alienarão mais tarde.Foi Matias Aires Ramos da SilvaEça (1705-1763), provedor daCasa da Moeda, que adquiriu opalácio por volta de 1747.

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Apesar de o edifício ter saídoincólume do devastadorterramoto de 1755, Matias daSilva Eça não o habitou e passoua arrendá-lo. Sabemos que oembaixador da Alemanha, condede Metch, que pagavaanualmente a renda de 3 milcruzados, aqui residiu de 1759 a1762. .

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Posteriormente, a residência vema ser arrendada ao cônsulholandês Daniel Gildemeesterfamoso e opulento contratadorde diamantes e protegido domarquês de Pombal, queconstruiu o palácio de Seteais,em Sintra.

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A morte de Matias Aires de Eçaprovocou um pleito jurídico entreos seus herdeiros, que sóterminou em 1769. A casa é,então, arrematada por um irmãodo marquês de Pombal, Paulo deCarvalho, que terá tirado partidodesta ligação político familiarpara tal vantajosa aquisição.

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Cerca de 1775, Gildemeester vema patrocinar um sumptuosoprograma de requalificação dosinteriores da residência, para“boa acomodação da sua pessoae família e de seu filhoprimogénito a quem queria darestado”.

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É admissível que a autoria das obras deestuque dos tectos possa ser creditada aGiovanni Rossi (1719-1781), pois está próximade outras intervenções que realizou nestaépoca: no palácio Pombal, em Oeiras, porexemplo

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A ala mais recente do museu,acrescentada na extremidadeconfinante com o Jardim 9 deAbril, foi edificada no final dosanos 1930, no local onde antesse erguia o convento de SantoAlberto, contíguo ao palácioAlvor, primeira fundação dasreligiosas carmelitas descalçasem Portugal.

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. Convento das Albertas

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Sob a invocação de SantoAlberto de Vercelli, a fundaçãodo convento ocorrera entre 1583e 1598, durante a regência docardeal - arquiduque Alberto deÁustria, vice-rei de Portugal.

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No início do século XX, o que restava do seu edifício,construção simples e desornamentada, encontrava-seem estado de avançada ruína devido a um longo períodode abandono e degradação que se seguiu à extinção dasordens religiosas, em 1834, e a um período de longaagonia que terminaria com a morte da última freira, já nadécada de 1890, tendo o edifício sido demolido em1918.

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Dele somente resta,actualmente, a antiga capela,preservada como exemplo típicodo barroco português na suaharmoniosa conjugação entre atalha dourada e o azulejo. Vistado exterior, a capela apresentaum alçado despojado e austero,marcado por um portal nobreproto-barroco, guardando para oseu interior todo o esplendorornamental.

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As origens do museu remontam a1834 quando, após adesamortização das corporaçõesreligiosas, se procedeu à recolhadas pinturas e objectos deourivesaria pertencentes a estasinstituições extintas.

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O Museu

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As esculturas e objectos de artesdecorativas, incluindo as peçasde mobiliário e têxteis, não foraminicialmente alvo do interesse doEstado, pelo que não foramrecolhidas pelas comissõesentretanto estabelecidas paraproceder ao inventário e recolhadas obras de arte dos conventosextintos.

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O Museu

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Os bens assim escolhidos, cujaposse passou para o Estado,foram entregues ao cuidado daAcademia Nacional de Belas-Artes de Lisboa, instalada noConvento de São Francisco, e dasua congénere situada na cidadedo Porto, ambas fundadas em1836.

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O Museu

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Estas instituições tinham entreas suas competências a criaçãode Museus e Galerias de Belas-Artes com um intuito académicona medida em que deveriamservir para o estudo eaprendizagem dos alunos dasinstituições, prevendo-setambém a sua abertura aopúblico em geral.

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O Museu

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No entanto apenas em 1868, poriniciativa de D. Francisco de BorjaPedro Maria António de SousaHolstein, 1º Marquês De SousaHolstein, a vice-inspector daacademia, foi inaugurada aGaleria Nacional de Pintura daAcademia Real de Belas-Artes,nas instalações desta mesmaAcademia,3 com 366 pinturas.

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O Museu

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Deste museu sabe-se relativamente pouco, nomeadamente quese encontrava exposto em 5 salas - uma das quais eradenominada Sala Dom Fernando-, que não teriam as melhorescondições para os propósitos a que tinham sido destinadas, muitoembora existisse a preocupação de registar as temperaturas das 5salas ao longo dos anos de 1869 a 1872, bem como dos níveis dehumidade na já referida sala de Dom Fernando.

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O Museu

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Foi preciso esperar 10 anos para que asituação se alterasse, sendo que paraesta mudança foi fundamental arealização, em 1881, em Londres, noMuseu South Kensington (o actualMuseu Vitoria & Albert), de umaexposição internacional designada"Exposição retrospectiva de arteornamental Portuguesa e Espanhola"

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O Museu

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Esta exposição foiposteriormente replicada emLisboa em 1882, no Palácio Alvor-Pombal que em 1879 foraarrendado pelo estado com ointuito de nele instalar a galeriaque se encontrava montada emprecárias condições no Conventode São Francisco

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O Museu

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O sucesso desta exposiçãotemporária, inaugurada em 12 deJaneiro de 1882 e que teve 100mil visitantes, impulsionou ainauguração, em 11 de Maio1884, do Museu Nacional deBelas-Artes e Arqueologia.

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O Museu

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Note-se que uma inscriçãosituada na escadaria nobre doPalácio Alvor, onde se lê "Museunacional de Bellas Artes eArcheologia, inaugurado por S.M. El-Rei D. Luís, em 12 de Junhode 1884, ...

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O Museu

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... sendo Ministro do Reino oConcelheiro de Estado AugustoCésar Barjona de Freitas eInspector da Academia Real deBellas Artes o Conde deAlmedida“levou a assumir-seerradamente que o museu forainaugurado em 12 de Junho de1884.

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O Museu

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A data correcta é, efectivamente, 11de Maio de 1884, tal como se podever nos artigos publicados naimpressa da época. Assim, e entreoutros, o Diário de Notícias, deLisboa, em artigo publicado a 11 deMaio de 1884 informa que ainauguração do museu terá lugarnesse dia e a edição do dia seguinteconfirma o acontecimento.

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O Museu

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O Diário Ilustrado, Lisboa, de 12de Maio de 1884 também referea inauguração do museu no diaanterior (ou seja, 11 de Maio).

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O Museu

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Em 14 de Novembro de 1901 , através deum decreto assinado por Hintze Ribeiroconfirmado em 18 de Dezembro de 1902,procedia-se à reorganizada a Academia Realde Belas Artes, que dava lugar a trêsinstituições interdependentes: a AcademiaReal de Belas Artes de Lisboa propriamentedita, a Escola de Belas Artes de Lisboa, e oMuseu de Belas Artes.

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De acordo com o decreto, oMuseu ficaria dividido em duassecções, uma de Belas-Artes eoutra de artes decorativas, e nomesmo seriam expostas as obrasde arte antigas e as obras de arte"modernas, nacionaes ouestrangeiras, de reconhecidovalor".

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O Museu

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Aquando da implantação daRepública, em 1910, era directordo museu o pintor Carlos Reis. Éjustamente à intervenção donovo poder republicano que omuseu é reformado.

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O Museu

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Há muito que o Palácio Alvor-Pombal deixara de ter o espaçonecessário para o museunacional de belas artes e se pediaum edifício construindo de raiz,com as condições necessáriaspara expor e conservar osacervos do museu.

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O Museu

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No entanto, e face à falta de verbas eàs prioridades do momento, a soluçãoencontrada pelos republicanos foi umadivisão do acervo da instituição,passando as obras de arte posterioresa 1850 a constituir o acervo do MuseuNacional de Arte Contemporânea, queera assim criado por decreto de lei de26 de Maio de 1911.

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O Museu

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O mesmo decreto instituía oMuseu Nacional de Arte Antigaque, permanecendo no PalácioAlvor- Pombal, tinha à suaguarda o restante acervo,abrangendo uma cronologiadesde o século XII à primeirametade do século XIX.

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O Museu

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Actualmente o museu é tambémconhecido por Museu das JanelasVerdes, por se situar na rua comeste nome, designação que Joséde Figueiredo tentou divulgar, emdetrimento da designação oficial.

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O Museu

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Em 1940,após um longo processo, foiinaugurado o novo edifício do museu,ligado ao palácio Alvor- Pombal por umpassadiço. O novo edifício, construídono lugar onde anteriormente seencontrava o Convento das Albertas -desamortizado em 1892 e do qualresta, integrado no percurso expositivodo museu, a capela seiscentistarevestida a talha dourada, pintura eazulejos.

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O Museu

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O Museu integrou, em 1983, a XVIIExposição Europeia de Arte Ciência eCultura sofrendo obras que incluíram aconstrução de um piso intermédio noreferido edifício anexo. Para o eventoLisboa 1994, Capital da Cultura, foramefectuadas novas obras que incluíramo rearranjo das salas de exposiçãopermanente e temporária do PalácioAlvor.

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O Museu

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O Museu contém a maior colecção depintura portuguesa, e de outrasescolas europeias, com grandedestaque para as obras versandoassuntos religiosos, o que se deve aofacto de a classe religiosa ser oprincipal consumidor de arte emPortugal até século XIX, de cujosmosteiros e conventos provieram osfundos iniciais do museu, aquando dadesamortização (supressão das ordensreligiosas) de 1834.

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A Coleção

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Possui também muitas peças deescultura, ourivesaria, incluindo entreoutras peças a Custódia de Belém e aCustódia da Bemposta, cerâmica eoutras artes aplicadas, permitindo obteruma visão global sobre o que foram asmanifestações da arte portuguesa, e deoutras escolas europeias, desde a IdadeMédia até à primeira metade do séculoXIX.

63Património Cultural e Paisagístico Português - Artur Filipe dos Santos

A Coleção

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A colecção completa-se também comum núcleo de peças orientais eafricanas de influência europeia, nasua maioria em resposta aencomendas ocidentais e destinadas aestes mercados externos.

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A Coleção

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Nestas peças o tema dosdescobrimentos está semprepresente, ilustrando as ligações erelações estabelecidas de Portugalao Brasil, África, Índia, China eJapão.

65Património Cultural e Paisagístico Português - Artur Filipe dos Santos

A Coleção

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O acervo é composto de cerca 2200pinturas de origem nacional eeuropeia; 3200 peças de ourivesaria ejoalharia portuguesa, francesa e deoutros fabricos europeus, do século XIIao XIX.

66Património Cultural e Paisagístico Português - Artur Filipe dos Santos

A Coleção

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No que toca ao mobiliário,composto por 1700 peças, épossível encontrar peçasportuguesas, europeias eorientais.

67Património Cultural e Paisagístico Português - Artur Filipe dos Santos

A Coleção

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A colecção de cerâmica inclui7500 peças em faiança eporcelana de fabricos portugues,europeu e oriental.

68Património Cultural e Paisagístico Português - Artur Filipe dos Santos

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Também são numerosos ostêxteis, com 4500 peças que pelassuas características materiais sãoexpostos em rotatividade.

69Património Cultural e Paisagístico Português - Artur Filipe dos Santos

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