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AINDA O PRECONCEITO O Demônio no Couro - Teddy Nilson 10 EM BUSCA DA PAZ O Manifesto de Sevilha sobre a Violência CURIOSIDADES BÍBLICAS Você Sabia ... - Julieta Closer 12 15 ACONTECEU COMIGO Sonho Esclarecedor - José Antônio da Silva Xavier ENTENDENDO Estupro e Aborto na Visão Espírita Dr. Ricardo di Bernardi VINHA DE LUZ Vê, pois - Emmanuel / psic. Chico Xavier 27 28 35 20 CAPA Caos, complexidade e a infuência dos Espíritos sobre os fenômenos da Natureza Dr. Alexandre Fontes da Fonseca REVUE SPIRITE A ciência da concordância dos números e a fatalidade - Allan Kardec 30 REFLEXÃO Tentações: Diabos ou nós mesmos? Prof. Dra. Hebe Laghi de Souza 16 Edição FidelidadESPÍRITA - SETEMBRO DE 2003 Nesta Nesta RECORDANDO CHICO XAVIER Razão e Necessidade 05 EDITORIAL Oração da Casa Espírita Gustavo Marcondes / psic. Clayton Levi 04 ARQUEOLOGIA E OS FATOS BÍBLICOS A Torre de Babel - Prof. Friedrich Regette 06 Reprodução Reprodução Reprodução Reprodução Reprodução Reprodução

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AINDA O PRECONCEITOO Demônio no Couro - Teddy Nilson10

EM BUSCA DA PAZO Manifesto de Sevilha sobre a Violência

CURIOSIDADES BÍBLICASVocê Sabia ... - Julieta Closer

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ACONTECEU COMIGOSonho Esclarecedor - José Antônio da Silva Xavier

ENTENDENDOEstupro e Aborto na Visão EspíritaDr. Ricardo di Bernardi

VINHA DE LUZVê, pois - Emmanuel / psic. Chico Xavier

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20 CAPACaos, complexidade e a infuência dos Espíritossobre os fenômenos da NaturezaDr. Alexandre Fontes da Fonseca

REVUE SPIRITEA ciência da concordância dos númerose a fatalidade - Allan Kardec

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REFLEXÃOTentações: Diabos ou nós mesmos? Prof. Dra. Hebe Laghi de Souza

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Ed i çãoFidelidadESPÍRITA - SETEMBRO DE 2003

Nes ta Nes ta

RECORDANDO CHICO XAVIERRazão e Necessidade05

EDITORIALOração da Casa Espírita Gustavo Marcondes / psic. Clayton Levi

04

ARQUEOLOGIA E OS FATOS BÍBLICOSA Torre de Babel - Prof. Friedrich Regette06

Reprodução

Rep

roduçã

o

Reprodução

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roduçã

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Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar”Departamento Doutrinário

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FidelidadESPÍRITA é uma publicação

do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar”.

CNPJ: 01.990.042/0001-80

Inscr. Estadual: 244.933.991.112

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Equipe Editorial

Adriana PersianiJulieta CloserLeandro CamargoLino BittencourtRicardo R. EscodelárioSandro Cosso

Revisão Ortográfica

Rosemary C. Cabral

Jornalista Responsável

Renata LevantesiMtb 28.765

Diagramação e Ilustrações

Adriana PersianiAlessandra Persiani

Administração

Viviam B. S. Gonçalves

Expedição

Mara Cristina

Capa

Octano Design

Fotolito

Rip Editores Gráficos Associados

Apoio Cultural

Braga Produtos AdesivosAlvorada Gráfica & Editora

Impressão

Alvorada Gráfica & Editora

Edição

Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar”Departamento Editorial

EDITORIALEDITORIAL

Departamento Comercial

Adriana LevantesiRogério Gonçalves

Senhor,

Em meio às diversas instituições que te buscam servir no mundo, me apresento, com alegria, rogando tua bênção.

Ampara, no âmbito de minha atuação, os dirigentes en-carnados, que constituem o meu cérebro.

Apóia os cooperadores diversos, que representam os meus braços.

Faze com que o Evangelho, significando meu coração, pul-se amor incessante, irrigando todos os meus departamentos com a força da caridade.

Ajuda-me a ser fiel à Codificação Espírita, que se apre-senta como minha consciência.

Que não falte, aos cooperadores, as energias que lhes garantam a perseverança nos deveres assumidos.

Inspira-os nos momentos em que te buscam através da prece.

Auxilia-os a perceber que posso ser a escola de almas para os que buscam conhecimentos novos, bem como o pron-to-socorro do espírito, para os necessitados de alívio e conso-lação.

Fortalece-me, a fim de que não me deixe contaminar pelos agentes negativos do personalismo, da vaidade e do orgulho.

Orienta-me no caminho da humanidade e do amor, para que consiga ser fiel onde quer que me coloques.

Abençoa-nos a todos e, se porventura não puder ser a escola aprimorada, nem o hospital sofisticado no campo do espírito, permite que seja ao menos como aquela Casa do Ca-minho que, na velha Jerusalém, abrigou os irmãos em huma-nidade, revelando tua presença iluminada.

Gustavo Marcondes

Mensagem recebida pelo médium Clayton Levi Em reunião da noite de 20/04/95

no Centro Espírita “Allan Kardec” de Campinas/ SP

Oração da Casa Espírita

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mitiu-lhe o passe e ela foi de-volvida à razão.

Depois de sua saída, o médi-um perguntou ao Espírito de Emmanuel:

- Emmanuel, eu não estou com a razão?

A resposta foi esta jóia de caridade cristã:

- Você está com a razão, mas ela está com a necessida-de.

No outro dia, quando o Chi-co chegou ao serviço, estava com o rosto inchado. Seu chefe indagou o que ocorrera.

- Bati na porta.Ele então olhou-o por sobre

os óculos e perguntou nova-mente:

- Mas... dos dois lados?

cadeira e ficou esperando.O Chico começou a pensar:- Senhor Jesus, para se

transmitir um passe precisamos estar calmos, com o coração voltado para o amor ao próxi-mo. O Senhor sabe todas as coi-sas e sabe que não estou com raiva dela, mas ela me deixou num estado meio diferente. Ajude-me Senhor.

Então, o Espírito de Emma-nuel lhe aparece e diz:

- Para ajudá-la, é preciso al-cançar-lhe o coração. Converse com ela.

E o Chico, para a irmã em sofrimento:

- Minha irmã, a senhora me perdoe ser uma pessoa tão ocu-pada. Não pude atendê-la em meu emprego porque meu che-fe não permite. A senhora com-preende... estou ali para servir à empresa, que me paga. Não posso perder aquele serviço porque tenho muitos irmãos para ajudar.

Foi conversando... conver-sando, e a mulher se acalman-do, para, em seguida, começar a chorar. O Chico, então, trans-

Fonte:Chico, de Francisco. Editora Cultura Espírita União. 4ª edição. Pag. 52.

uita gente procurava o Chico em seu em-Mprego e isso começou

a causar-lhe problemas.Certa vez, uma senhora em

adiantado estado de perturba-ção foi procurá-lo. O chefe não queria que ele atendesse nin-guém em seu ambiente de tra-balho e foi dito à senhora que o Chico estava em casa. Para lá se dirigiu ela, sendo informada de que o Chico estava traba-lhando. Voltou novamente ao emprego e disseram que o nos-so amigo saíra a serviço.

Ela resmungou qualquer pa-lavrão e se foi.

À noite, quando as portas do Centro se abriram, ela avan-çou sobre ele e deu-lhe inúme-ros bofetões no rosto.

Quando acabou de desaba-far através da agressão, falou com voz nervosa e trêmula.

- Está pensando que tenho tempo para andar atrás de você para cima e para baixo? E, ago-ra, já para aquela sala que você vai me dar um passe... cachor-ro...

A senhora sentou-se numa

Recordando Chico Xavier

Razão e NECESSIDADE

Razão e NECESSIDADE

Setembro 2003 05FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

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Professor de arquitetura da Universi-dade Americana de Beirut.

Gênesis XI 1/9.

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história da Torre de Babel, que nos relata o Antigo ATestamento, é uma das

mais fascinantes de todos os tem-pos. O livro sagrado nos fala, em poucos versículos, dos esforços dos homens para construir uma grande torre que chegasse até o céu, da cólera de Deus ante tama-nha arrogância e do singular cas-tigo que lhes infringiu. O relato é vivo e matizado de uma clara mo-ral:

“Todo mundo se servia de uma mesma língua e das mesmas pala-vras. Como os homens emigras-sem para o oriente, encontraram um vale na terra de Senaar e aí se estabeleceram. Disseram um ao outro: ‘Vinde! Façamos tijolos e cozamo-los ao fogo!’ O tijolo lhes serviu de pedra e o betume de ar-gamassa. Disseram: ‘Vinde! Cons-truamos uma cidade e uma torre cujo ápice penetre nos céus! Faça-

“Todo mundo se servia de uma mesma língua e das mesmas pala-vras. Como os homens emigras-sem para o oriente, encontraram um vale na terra de Senaar e aí se estabeleceram. Disseram um ao outro: ‘Vinde! Façamos tijolos e cozamo-los ao fogo!’ O tijolo lhes serviu de pedra e o betume de ar-gamassa. Disseram: ‘Vinde! Cons-truamos uma cidade e uma torre cujo ápice penetre nos céus! Faça-

Setembro 200306 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

ARQUEOLOGIA E OS FATOS BÍBLICOS

Prof. Friedrich Regette - Beirut/LíbanoTradução de Marlene Adorni

1

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Reprodução

A A TToorr

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enorme pilha de blocos de pedra superpostos em forma escalonada. Outros, como gigantesco “bolo de casamento”. Só alguns se ative-ram às descrições subsistentes da torre, tal como era realmente.

Uma dessas descrições tem sua origem na tentativa que Alexan-dre Magno fez com vistas a re-construir a torre, cujas ruínas ha-via descoberto. Uns 10 mil traba-lhadores desenterraram a alvena-ria, porém, com a morte de Ale-xandre no ano de 322 a.C., aban-donou-se o projeto. Outra descri-ção, ainda mais antiga, nos ofere-ce Heródoto, o historiador grego que visitou a Babilônia no ano 460 a.C., referindo-se ao que ha-via visto:

“No meio do templo, havia-se construído uma grande torre, de 1 estádio de comprimento e outro tanto de largura. Sobre essa torre descansava outra e sobre esta uma terceira e assim sucessivamente, o que fazia um total de oito torres superpostas. As oito torres podi-am ser escaladas graças a uma es-

“No meio do templo, havia-se construído uma grande torre, de 1 estádio de comprimento e outro tanto de largura. Sobre essa torre descansava outra e sobre esta uma terceira e assim sucessivamente, o que fazia um total de oito torres superpostas. As oito torres podi-am ser escaladas graças a uma es-

mo-nos um nome e não sejamos dispersos sobre a terra!’

Ora Iahweh desceu para ver a cidade e a torre que os homens ti-nham construído. E Iahweh disse: ‘Eis que todos constituem um só povo e falam uma só língua. Isso é o começo de suas iniciativas! Ago-ra, nenhum desígnio será irreali-zável para eles. Vinde! Desçamos! Confundamos a sua linguagem para que não mais se entendam uns aos outros.’ Iahweh os disper-sou dali por toda a face da Terra e eles cessaram de construir a cida-de. Deu-se-lhe por isso o nome de Babel, pois foi lá que Iahweh con-fundiu a linguagem de todos os habitantes da Terra e foi lá que ele os dispersou sobre toda a face da Terra.”

Obviamente, a moral da histó-ria é que o homem deve manter-se em seu lugar e não aspirar a igua-lar a obra divina. Porém, através dos séculos, o tema dessa história - a do homem construtor que de-safia a Deus criador - tem sido di-versamente interpretado segundo as épocas. Na Idade Média, domi-nava o elemento moral: o orgulho precede a caída. Entretanto, no Renascimento, época cheia de energia e segura de si mesma, a história da Torre de Babel serviu de pretexto para exaltar o ingê-

mo-nos um nome e não sejamos dispersos sobre a terra!’

Ora Iahweh desceu para ver a cidade e a torre que os homens ti-nham construído. E Iahweh disse: ‘Eis que todos constituem um só povo e falam uma só língua. Isso é o começo de suas iniciativas! Ago-ra, nenhum desígnio será irreali-zável para eles. Vinde! Desçamos! Confundamos a sua linguagem para que não mais se entendam uns aos outros.’ Iahweh os disper-sou dali por toda a face da Terra e eles cessaram de construir a cida-de. Deu-se-lhe por isso o nome de Babel, pois foi lá que Iahweh con-fundiu a linguagem de todos os habitantes da Terra e foi lá que ele os dispersou sobre toda a face da Terra.”

Setembro 2003 07FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

nuo e a audácia do homem. E, na era da conquista do espaço e da fissão nuclear, poderia muito bem expressar uma renovada dúvida no que toca aos resultados últi-mos das empresas humanas.

A história da torre bíblica é uma das que mais tem alimentado a imaginação dos artistas. Desde os piedosos artesãos que, para edi-ficação dos camponeses alfabetos, esculpiam ingênuas versões nos muros das catedrais, até os gênios transbordantes de imaginação co-mo Brueghel, que pintavam for-mosos quadros para deleite do mundo, o tema tem sido constan-temente matéria de invenção e de variações. Talvez se refletisse nela a ambição humana, sempre reno-vada de erigir construções tão al-tas quanto possível e com preten-são de eternidade, talvez encar-nasse a misteriosa imagem de mi-lhares de trabalhadores que de re-pente começassem a falar estra-nhas e incompreensíveis línguas.

Por essa ou aquela razão, o fa-to é que o tema de Babel excitava a imaginação artística, dando lu-gar a quase tantas representações da torre quantos foram os artistas que se empenharam em pintá-la. Uns viam nela uma espécie de pre-figuração da torre inclinada de Pizza. Outros a viam como uma

Uma reportagem de Heródoto

rre e de de BabelBabel

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Cerca de 190 metros.3

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grande torre, aquela que os judeus da Antigüidade, deportados à Ba-bilônia, onde 70 anos, dariam o nome universalmente conhecido de Torre de Babel.

Ao escavar os restos da Babi-lônia, os arqueólogos descobriram que, em todas as cidades antigas de importância, situadas entre os dois rios, existiam restos de edifí-cios em forma de torre, chamados Ziggurat. Descobriram, igualmen-te, figuras de torres formando es-cadarias gravadas em séculos a-muletos, cilindros e baixo-relevo, ao lado de textos escritos em ca-racteres cuneiformes com os no-mes e dimensões dessas torres.

Por fim, perto da aldeia de Hil-leh, no Irak, desenterraram os ali-cerces de uma torre particular-mente descomunal. Eram de ladri-lhos cozidos e abarcavam uma su-perfície de 280 metros quadrados. Em textos encontrados nas ruínas davam-se o nome de Etemenanki, “a casa da Fundação do Céu e da Lua”. Os textos diziam também que havia sido restaurada em 625 a.C, sob o reinado de Nabupola-sar, e mencionavam os ladrilhos cozidos, os regueiros de betume, o conselho dos deuses babilônicos e, uns 60 anos depois, a leva de servos estrangeiros ordenada pelo famoso Nabucodonosor, para pro-seguir a sua restauração.

Tudo concordava. Tratava-se indubitavelmente da Torre de Ba-bel. E essa torre, ainda que talvez maior e mais importante, não era mais que uma das ziggurat erigi-das nas planícies mesopotâmicas. Uma vez mais, os arqueólogos ha-viam confirmado o relato da Bí-blia e dado ao menos uma possí-vel explicação da amálgama que a Bíblia faz entre os dois temas, aparentemente independentes: a construção de uma torre e a diver-

Ziggurat

Etemenanki

cada em espiral reconstruída na parte exterior.

À meia altura aproximada-mente, havia assentos para que pudessem sentar-se e descansar quem empreendesse a ascensão. Dentro da torre havia um grande templo e nesse templo, um leito ri-camente adornado e junto a ele uma mesa de ouro. Não existe ne-nhum ídolo. Ninguém passa ali à noite, salvo uma mulher do país designada pelo deus mesmo. Os sacerdotes me disseram que o deus descia, às vezes, ao templo para reunir-se com ela... porém, isso é algo que não posso crer”.

Uma descrição tão detalhada como essa poderia induzir-nos a crer que a existência real e con-creta da Torre de Babel não ofere-ce a menor dúvida. Porém, como durante mais de 20 séculos a Ba-bilônia não passou de apenas um nome, uma vaga lenda esplendo-rosa e uns quantos montículos de terra na Mesopotâmia, os historia-dores sérios seguiam consideran-do essa história como uma sim-ples, embora bela, fábula.

Até que em 1854, o Ministério das Relações Exteriores britânico informou ao seu Cônsul em Baço-ra, senhor J. E. Taylor, de que o British Museum desejava que al-guém se encarregasse de buscar antigas ruínas no sul da Mesopo-tâmia. Taylor aceitou o encargo e, ao escavar os montículos sem par-ticularidade alguma da região, descobriu a parte superior de uma grande estrutura de ladrilho feita pela mão do homem e alguns ci-lindros de argila nos quais se rela-tava em caracteres cuneiformes, a história do monumento.

Ainda que essas descobertas tivessem escassa ressonância, a-briram o caminho de uma expedi-ção realizada no decênio de 1920-

cada em espiral reconstruída na parte exterior.

À meia altura aproximada-mente, havia assentos para que pudessem sentar-se e descansar quem empreendesse a ascensão. Dentro da torre havia um grande templo e nesse templo, um leito ri-camente adornado e junto a ele uma mesa de ouro. Não existe ne-nhum ídolo. Ninguém passa ali à noite, salvo uma mulher do país designada pelo deus mesmo. Os sacerdotes me disseram que o deus descia, às vezes, ao templo para reunir-se com ela... porém, isso é algo que não posso crer”.

30 sob os auspícios do British Mu-seum e da Universidade de Pensil-vânia, durante a qual Sir Leonard Wooley desenterrou a famosa ci-dade de Ur, na Caldéia, pátria de Abraão e descobriu as provas de que os relatos acerca da antiga Babilônia não eram meras fábu-las, senão história.

E uma história que foi magní-fica enquanto durou, que não teve rival quanto ao brilho e ao refina-mento da civilização, se excetua a do antigo Egito. Iniciou-se essa história no 4º milênio antes da nossa era, quando o povo não se-mita, os sumérios, desceu das montanhas da Pérsia e se instalou nas férteis planícies situadas entre o Tigre e o Eufrates. Os sumérios edificaram cidades, inventaram a escrita cuneiforme, quiçá também a roda, canalizaram as águas do Eufrates graças a um notável sis-tema de regos e construíram gran-des torres de ladrilho.

De sua civilização se derivou, com o tempo, a civilização babilô-nica, cujo centro foi, durante sé-culos de esplendor da Mesopotâ-mia, Babilônia, “a glória dos Rei-nos”. Em todos os sentidos era a Babilônia uma cidade magnífica. Construída ao largo das ribeiras do Eufrates, a urbe mesopotâmica era uma grande metrópole com amplas avenidas, altos edifícios, numerosos templos e grandes mu-ralhas; milhares de mercadores, soldados, sacerdotes e campone-ses penetravam nela pela soberba porta de Ishtar.

Mais adiante das muralhas, os férteis trigais, as plantações de ár-vores frutíferas e as pequenas hor-tas se estendiam até quase o hori-zonte. E dominando-os com seu desdenhoso esplendor, velando sobre a ampla planície dos seus 100 metros de altura, se erguia a

Setembro 200308 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

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Fonte:Revista El Correio da UNESCO. agos-to/setembro de 1970. ACAL nº 26, abril de 1995.

fusão”, o que, em uma história de confusão das línguas não deixa de constituir uma ironia.

Segundo outra teoria, como eram muitas as nações que ha-viam atravessado as planícies da Mesopotâmia, a população da Ba-bilônia estava formada por ho-mens de raças diversas, descen-dentes dos primeiros habitantes da região, de escravos e deporta-dos e, talvez, também mercadores e representantes diplomáticos das tribos vizinhas, todos os quais fa-lavam línguas e dialetos distintos.

Para os ingênuos judeus, nô-mades que, expulsos de suas ter-ras de pastoreio, haviam percorri-do 1.300 Km e acabaram instalan-do-se na populosa cidade, essa di-versidade de línguas, inquietante e misteriosa exigia uma explica-ção.

Assim, acostumados como es-tavam, a explicar teologicamente todo fenômeno humano, concluí-ram que a confusão de línguas ti-nha sua origem na maldição lan-çada por Deus contra os babilô-nios por haver criado religiões es-tranhas e construído torres que desafiavam o céu.

Em todo caso, isso foi o que eles contaram. E essa é a razão de que, desde sempre, Babel haja sido uma advertência ao homem para que limite seu orgulho e refreie sua ambição.

sidade das línguas utilizadas pelos homens.

Parece que durante milhares de anos, os ziggurat formaram parte integrante das cidades me-sopotâmicas, distinguindo-se en-tre si pelos detalhes, como as cate-drais européias, porém, sendo es-sencialmente semelhantes: gran-des blocos cúbicos, com terraços em escadarias e escadas monu-mentais, que conduziam aos an-dares superiores, de onde se subia, por uma escada em espiral, até a última plataforma, sobre a qual se erguia um templo ou um santuá-rio.

Os ziggurat mesopotâmicos re-cordavam inevitavelmente aos ex-ploradores essas outras maravi-lhas da engenharia antiga que são as pirâmides do Egito. Porém, en-quanto essas eram tumbas cons-truídas pelos diversos monarcas para que servissem de abrigo a seus restos mortais e lhes propor-cionassem as desejadas comodi-dades em sua vida de ultratumba, os ziggurat eram, manifestamente, lugares de culto, ampliados, res-taurados e embelezados de gera-ção em geração. E por que, se per-guntavam os arqueólogos, um tra-balho tão tremendo para dar-lhe

essa forma?A julgar pelos dados que pos-

suímos, a resposta mais verossímil é a seguinte:

Os sumérios, que procediam de um país montanhoso, representa-vam quase sempre, seus deuses instalados no cume das monta-nhas. Em suas obras de arte, mui-tos dos animais representados, são animais de montanha. Quando emigraram para as planícies, não mudaram de religião, porém, na falta de montanhas naturais, cria-ram outras com material de que dispunham: os ladrilhos de argila.

Assim, pois, longe de desafiar a Deus como acreditavam os he-breus, o que os sumérios e seus su-cessores faziam do alto de suas ziggurat, era adorar seus deuses e oferecer-lhes uma espécie de pe-destal entre o céu e a Terra, com a esperança de que se decidissem a descer entre eles e a permanecer em seu novo assento.

A respeito da segunda parte da história, a decisão de Deus de “confundir” suas línguas, há uma teoria segundo a qual os judeus cativos confundiram o nome de Babilônia, Bab-ili, que significa “porta de Deus”, com a palavra hebréia balal, que significa “con-

Bab-ili

balal

Setembro 2003 09FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

Ziggurat

Reprodução

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stávamos comemorando o encerramento do Curso Estudos sobre Mediunida-E

de, quando, surpresos, observamos a chegada de

uma aluna

precise retirá-lo lá em casa com meu chicote.

Não são raras as vezes em que comparecem à Casa Espírita, pessoas pedindo para que a fa-culdade mediúnica seja retirada. Os motivos são muitos e varia-dos: medo, preconceito, falta de tempo e a proibição de Moisés.

A esta proibição que, por co-modismo ou ignorância, muita gente se apega. Moisés, nos tem-pos bíblicos, proibiu a prática mediúnica porque ela estava sendo utilizada para adivinha-ções, interesses egoístas, materi-ais e mesquinhos, misturando-se com práticas mágicas e até sa-crifícios humanos (Deut 18:9/13). Nesse sentido, o Espiritismo, também, não aprova o uso da mediunidade, isto é, o uso incor-reto.

Moisés desejava que seu po-vo a utilizasse com objetivo su-perior e não daquela forma

Setembro 200310 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

acompanhada por seu marido.Senhora simples, semi-alfa-

betizada e de difícil compreen-são. Encantou-se com o Espiri-tismo sem poder alcançar seu re-al objetivo, por esse motivo, dis-cordava de seu marido, adepto de outra crença religiosa.

Ele, por sua vez, considerava a mediunidade dela, como ver-dadeiro “conluio com o demô-nio"; ainda mais que, dizia ele, “a mediunidade fora proibida por Moisés”.

Os desentendimentos cresci-am e com eles as discussões e ofensas. Sendo assim, nos olha-va com ar crítico e receoso, espe-rando ver o “tinhoso" a qualquer momento ao nosso lado.

No final da confraternização, pudemos compreender o motivo de sua visita, pois ao se despedir, referindo-se à mediunidade da esposa nos falou em tom autori-tário e zombeteiro:

- A senhora que detém tanto poder, retire o demônio do couro (corpo) dela, para que eu não

Teddy Nilson - Campinas/SP

ENTENDENDO

AINDA O PRECONCEITO

Falta de equilíbrio emocional, ignorância

e a ação de Espíritos menos esclarecidos podem

causar perturbações ante os fenômenos mediúnicos

O DEMÔNIO no CouroO DEMÔNIO no Couro

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Para saber mais, consulte:1) KARDEC, Allan. O Livros dos Médiuns. Cap. I e II da 1ª Parte e XIV, XVII e XVIII da 2ª Parte. Ed. FEB;2) KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. Da Proibição de Evocar os Mortos, cap. XI. Ed. FEB.

Setembro 2003 11FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

agressiva e perigosa. A sua proi-bição não representava a conde-nação da mediunidade em si mesma, visava apenas a reprimir os abusos, pois ele mesmo conti-nuou usando sua faculdade me-diúnica para receber as instru-ções que os bons Espíritos lhe vi-nham dar em nome de Deus.

Após aproximadamente 1300 anos, com a Humanidade melhor preparada, Jesus veio à Terra e ensinou aos discípulos a prática da mediunidade, da mes-ma forma que o Espiritismo nos ensina, isto é, com objetivo no-bre, superior.

Para aqueles que não acredi-tam na possibilidade dos Espíri-tos se comunicarem com os en-carnados, dizemos: “Se não fos-se possível, Moisés não precisa-ria proibir". Se as pessoas que re-jeitam a mediunidade, procuras-sem informações a seu respeito, com certeza sofreriam bem me-nos, sentindo-se mais tranqüilas e seguras diante dos fenômenos. Se nos aplicarmos ao estudo, en-tenderemos que o corpo espiri-tual (perispírito) do futuro médi-um passa por determinadas alte-rações e transformações no mundo espiritual antes do seu reencarne. Como ele, o perispíri-to representa a fôrma do corpo físico e está presente desde o mo-mento da concepção, amolda-o passando para ele todo esse pre-paro para que em época oportu-na, a mediunidade se manifeste.

Por ser faculdade natural, não há como retirá-la, o médium já nasce com ela e é por esse mo-tivo que dizemos que ela tem raí-zes no corpo físico.

A mediunidade também não é doença, nem leva à perturba-ção. Aqueles que se perturbam ante os fenômenos, é por sua fal-ta de equilíbrio emocional, por sua ignorância do que seja a me-diunidade, ou porque está sob a ação de Espíritos menos esclare-cidos.

O médium poderá substituir a mediunidade por outra ativida-de? Poderá, pois possui liberda-de de ação, mas nem por isso deixará de ser médium, seus ca-nais mediúnicos continuarão abertos recebendo os estímulos do plano espiritual.

Para dirimirmos dúvidas, me-do, preconceito, superstições, o melhor, mesmo, é estudarmos, nos evangelizarmos. As Casas Espíritas idôneas, possuem mé-todos simples e seguros, instru-tores capacitados para conduzir o desenvolvimento mediúnico.

Desenvolver a mediunidade, é aprender como utilizá-la de forma positiva. Esses métodos são seguros porque têm por base o Evangelho de Jesus, sublime roteiro para quem deseja ser útil a si mesmo e ao próximo.

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A redação poderá, em ra-

zão do espaço e clareza, publi-car apenas uma síntese das cartas.

redação

Teddy Nilson é querida e respeitável companheira que trabalha na área da educação mediúnica há mais de 30 anos. Dedicada e estudiosa dirige, juntamente com sua filha Rosa, o curso Estudos sobre Mediunidade do Centro Espírita "Allan Kardec". Seus apontamentos

guardam, sempre, absoluta FidelidadESPÍRITA.

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aqui na forma de cinco proposi-ções. Temos consciência de que há outros aspectos sobre a violência e a guerra que também poderiam ser abordadas produtivamente do pon-to de vista de nossas disciplinas, porém, restringimo-nos àquilo que consideramos um primeiro passo de importância fundamental.

É CIENTIFICAMENTE INCOR-RETO dizer que herdamos uma ten-dência a fazer guerra de nossos an-cestrais animais. Embora lutas o-corram em todo o reino animal, apenas alguns poucos casos de luta destrutiva intra-espécies entre gru-pos organizados já foram descritos em espécies que vivem no seu am-biente natural, e nenhum destes ca-sos envolve o uso de ferramentas construídas para serem armas. O comportamento predatório de ali-mentar-se de outras espécies não pode ser equiparado com violência intra-espécies. A guerra é um fenô-meno especificamente humano e não ocorre em outros animais.

O fato de que a guerra mudou tão radicalmente ao longo do tem-po indica que é um produto cultu-ral. O elo da guerra com a biologia se estabelece fundamentalmente através da linguagem, que possibi-lita a coordenação de grupos, a transmissão da tecnologia e o uso de ferramentas. A guerra é biologi-

Setembro 200312 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

EM BUSCA DA PAZ

O O Manifesto Manifesto de de Posteriormente

creditando ser nossa res-ponsabilidade como pes-Aquisadores de diversas dis-

ciplinas tratar da questão da vio-lência e da guerra, reconhecendo que a ciência é um produto cultural humano que não pode ser definiti-vo nem exaustivo, e gratos pelo apoio das autoridades de Sevilha e dos representantes da UNESCO es-panhola, nós, abaixo assinados, professores do mundo todo e auto-ridades nos ramos científicos perti-nentes, nos reunimos e chegamos a este Manifesto sobre a Violência. Nele questionamos certos, assim chamados, achados da biologia que têm sido usados, até mesmo por algumas de nossas especialida-des, para justificar a violência e a guerra. Pelo fato desses ditos “achados" terem provocado uma atmosfera de pessimismo em nosso tempo, propomos que a rejeição aberta e ponderada dessas desco-bertas equivocadas poderá contri-buir significativamente para o Ano Internacional da Paz.

O mau uso de teorias e infor-mações científicas para justificar a violência não é algo novo, e vem ocorrendo desde o advento da mo-derna ciência. Por exemplo, a teo-ria da evolução foi usada não só para justificar a guerra, mas tam-bém o genocídio, o colonialismo e a supressão dos mais fracos.

Nosso ponto de vista é exposto

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Setembro 2003 13FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

Como os primatas superiores, e di-ferente de outros animais, nossos processos neurais superiores fil-tram tais estímulos antes que pos-sam agir em resposta. A forma co-mo agimos é determinada pelo mo-do como fomos condicionados e socializados. Não há nada em nos-sa neurofisiologia que nos obrigue a reagir violentamente.

É CIENTIFICAMENTE INCOR-RETO dizer que a guerra é causada por “instintos" ou por qualquer motivação isolada. O surgimento da guerra moderna foi uma histó-ria que nos levou da supremacia de fatores emocionais e motivacio-nais, por vezes chamados “instin-tos", até a supremacia dos fatores cognitivos. A guerra moderna en-volve o uso institucional de carac-terísticas pessoais como a obediên-cia, a sugestionabilidade, o idealis-mo, habilidades sociais como a lin-guagem, o uso de raciocínios como o cálculo de custos, planejamento e processamento de informações. A tecnologia da guerra moderna vem exacerbando tendências relaciona-das à violência, tanto no treina-mento de combatentes em si como também na preparação de apoio à guerra por parte da população em geral. Como resultado dessa exa-cerbação, tais tendências muitas vezes são tidas erroneamente como causa ao invés de conseqüências

camente possível, mas não inevitá-vel, como demonstrado pela varia-ção de sua natureza e freqüência dentro do tempo e do espaço. Há culturas que não se envolveram na guerra durante séculos, e há cultu-ras que estiveram em guerra fre-qüentemente em alguns períodos e não em outros.

É CIENTIFICAMENTE INCOR-RETO dizer que a guerra, ou qual-quer outro comportamento violen-to, é geneticamente programado na natureza humana. Embora os ge-nes estejam envolvidos em todos os níveis do funcionamento cere-bral, eles oferecem um potencial de desenvolvimento que só pode ser concretizado em conjunto com o meio ecológico e social. Embora a predisposição individual para ser afetado pela experiência seja va-riável, é a interação entre o poten-cial genético e as condições do crescimento que determinam a per-sonalidade. Exceção feita a raras patologias, os genes não produzem indivíduos necessariamente predis-postos à violência. Tampouco de-terminam o oposto. Embora os ge-nes estejam co-envolvidos no esta-belecimento de nossas capacidades comportamentais, eles não deter-minam o resultado por si sós.

É CIENTIFICAMENTE INCOR-RETO dizer que no curso da evolu-

ção humana houve uma seleção de comportamentos agressivos mais do que de outros tipos de compor-tamento. Em todas as espécies que foram bem estudadas, o status den-tro do grupo é atingido pela habili-dade de cooperar e preencher cer-tas funções sociais relevantes à es-trutura daquele grupo. A “domi-nância" envolve laços e afiliações sociais, não sendo meramente uma questão de possuir e usar maior força física, embora envolva com-portamentos agressivos. Em casos em que a seleção genética de com-portamentos agressivos foi institu-ída artificialmente em animais, conseguiu-se produzir rapidamen-te espécimes hiper-agressivos, o que demonstra que em condições naturais a agressividade não foi prioritariamente selecionada, visto que não produziu o mesmo efeito. Quando estes animais hiper-agres-sivos produzidos em laboratório são introduzidos no grupo social, eles desagregam a estrutura social, ou então são expulsos. A violência não está em nosso legado evoluti-vo, nem em nossos genes.

É CIENTIFICAMENTE INCOR-RETO dizer que os humanos têm um “cérebro violento". Embora te-nhamos o aparato nervoso para agir violentamente, essa reação não é automaticamente ativada por estímulos internos ou externos.

Sevilha Sevilha sobre sobre a a ViolênciaViolênciaadotado pela UNESCO na 25ª sessão da Conferência geral em 1989

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téria, que entrava mais ou menos o exercício dessas faculdades.

O Espírito, ao se encarnar, traz certas predisposições, e se admitirmos para cada uma delas um órgão cor-respondente no cérebro, o desenvol-vimento desses órgãos será um efeito e não uma causa. Se as faculdades ti-vessem os seus princípios nos órgãos o homem seria uma máquina, sem li-vre-arbítrio e sem a responsabilidade de seus atos. Teríamos de admitir que os maiores gênios, sábios, poetas, ar-tistas, não são gênios senão porque o acaso lhes deu órgãos especiais. De onde se segue que, sem esses órgãos, eles não seriam gênios, e que o último dos imbecis poderia ter sido um New-ton, um Vigílio ou um Rafael, se hou-vesse sido provido de certos órgãos.

téria, que entrava mais ou menos o exercício dessas faculdades.

do processo.Concluímos que a biologia não

condena a Humanidade à guerra, e que a Humanidade pode ser liber-tada da opressão do pessimismo bi-ológico e empoderada com confi-ança para realizar as transforma-ções necessárias nesse Ano Inter-nacional da Paz e nos anos que se seguirão. Embora essas tarefas se-jam primordialmente institucionais e coletivas, dependem também da consciência individual dos partici-pantes, para quem pessimismo ou otimismo são fatores cruciais. Assim como “as guerras começam na mente dos homens", a paz tam-bém começa na nossa mente. A mesma espécie que inventou a guerra é capaz de inventar a paz. A responsabilidade é de cada um de nós.

Sevilha, 16 de maio de 1986

Setembro 200314 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

David Adams, Psicologia, Wesleyan University, Middletown, CT., Estados Unidos.S. A. Barnett, Etologia, The Australian National University, Canberra, Austrália.N. P. Bechtereva, Neurofisiologia, Institute for Experimental Medicine of Academy of Medical Sciences of the USSR, Leningrado, Rússia.Bonnie Frank Carter, Psicologia, Albert Einstein Medical Center, Philadelphia (PA), Estados Unidos.José M. Rodriguez Delgado, Neurofisiologia, Centro de Estudios Neurobiologicos, Madri, Espanha.José Luis Diaz, Etologia, Instituto Mexicano de Psiquiatria, México D.F., México.Andrzej Eliasz, Psicologia das Diferenças Individuais, Polish Academy of Sciences, Varsóvia, Polônia.Santiago Genovés, Antropologia Biológica, Instituto de Estudios Antropologicos, Méxi-co D.F., México.Benson E. Ginsburg, Genética do Comportamento, University of Connecticut, Storrs, CT., Estados Unidos.Jo Groebel, Psicologia Social, Erziehungswissenschaftliche Hochschule, Landau, Alema-nha.Samir-Kumar Ghosh, Sociologia, In-dian Institute of Human Sciences, Calcutá, Índia.Robert Hinde, Comportamento Animal, Cambridge University, Cambridge, Reino Unido.Richard E. Leakey, Antropologia Física, National Museums of Kenya, Nairobi, Quênia.Taha H. Malasi, Psiquiatria, Kuwait University, Kuwait.J. Martin Ramirez, Psicobiologia, Universidad de Sevilla, Spain.Federico Mayor Zaragoza, Bioquímica, Universidad Autonoma, Madrid, Spain.Diana L. Mendoza, Ethology, Universidad de Sevilla, Spain.Ashis Nandy, Psicologia Política, Centre for the Study of Developing Societies, Delhi, Índia.John Paul Scott, Comportamento Animal, Bowling Green State University, Bowling Green, OH., Estados Unidos.Riitta Wahlstrom, Psicologia, University of Jyväskylä, Finland.

Suposição que se torna ainda mais absurda, quando aplicada às qualida-des morais. Assim, segundo esse sis-tema, São Vicente de Paulo, dotado pela Natureza de tal órgão, poderia ter sido um celerado, e não faltaria ao maior celerado, mais do que um ór-gão para ser um Vicente de Paulo. Admiti, ao contrário, que os órgãos especiais, se é que existem, são con-seqüentes e se desenvolvem pelo e-xercício das faculdades, como os músculos pelo movimento, e nada te-reis de irracional. Tomemos uma comparação trivial por bem se aplicar ao caso. Através de certos sinais fisi-onômicos reconhecereis o homem da-do à bebida; são esses sinais que o fa-zem bêbado ou é o vício da embria-guez que produz os sinais? Pode-se dizer que os órgãos recebem a marca das faculdades.

Visão Espírita da influência da matéria sobre a MenteVisão Espírita da influência da matéria sobre a Mente

A paz está em nossas mãos

.E. 370 - Pode-se induzir, da in-fluência dos órgãos uma rela-Lção entre o desenvolvimento

dos órgãos cerebrais e o das faculda-des morais e intelectuais?

R: Não confundais o efeito com a causa. O Espírito tem sempre as fa-culdades que lhes são próprias. Assim, não são os órgãos que lhe dão as faculdades, mas as faculdades que impulsionam o desenvolvimento dos órgãos.

L.E. 370(a) - De acordo com isso, a diversidade das aptidões entre os homens decorre unicamente do esta-do do Espírito?

R: Unicamente não é o termo exa-to. As qualidades do Espírito, que po-de ser mais ou menos adiantado, constituem o princípio, mas é neces-sário ter em conta a influência da ma-

Não confundais o efeito com a causa. O Espírito tem sempre as fa-culdades que lhes são próprias. Assim, não são os órgãos que lhe dão as faculdades, mas as faculdades que impulsionam o desenvolvimento dos órgãos.

Unicamente não é o termo exa-to. As qualidades do Espírito, que po-de ser mais ou menos adiantado, constituem o princípio, mas é neces-sário ter em conta a influência da ma-

Comentário de KardecComentário de Kardec

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Julieta Closer - Campinas/SP

V o c ê S a b i a . . .V o c ê S a b i a . . .

O Calendário Judaico, cuja tábua dos meses e estações, elaborada pelo Prof. John Davis, da Prin-ceton University, nos indica que ELUL correspondia ao nosso mês de setembro ( Ne 6:15 - início de outubro cf Bíblia de Jerusalém ). Se lá era a estação das colheitas de azeitonas, dos figos e das uvas, aqui, para nós, é o mês das manhãs ensolaradas, dos belos entardeceres, é o início da primavera, tra-zendo todo o arco-íris na suavidade das pétalas das flores que cobrem todo o nosso hemisfério. Será que a Bíblia nos conta algo sobre as flores ? Vejamos:

O Calendário Judaico, cuja tábua dos meses e estações, elaborada pelo Prof. John Davis, da Prin-ceton University, nos indica que ELUL correspondia ao nosso mês de setembro ( Ne 6:15 - início de outubro cf Bíblia de Jerusalém ). Se lá era a estação das colheitas de azeitonas, dos figos e das uvas, aqui, para nós, é o mês das manhãs ensolaradas, dos belos entardeceres, é o início da primavera, tra-zendo todo o arco-íris na suavidade das pétalas das flores que cobrem todo o nosso hemisfério. Será que a Bíblia nos conta algo sobre as flores ? Vejamos:

lor do campo - o salmista revela que Deus é amor e explica como são os dias do homem sobre a FTerra: “O homem!... seus dias são como a relva: ele floresce como a flor do campo; roça-lhe um vento e já desaparece, e ninguém mais reconhece o seu lugar”. (Salmos 103:15-16) .

lor do narciso - o profeta exalta o triunfo de Jerusalém: “Alegrem-Fse o deserto e a terra seca, rejubile-se a estepe e floresça; como o narciso cubra-se de flores, sim, rejubile-se com grande júbilo e exulte”. (I 35:1-2).

lores de bronze (lírios) - fo-Fram fundidas nos capitéis que encimavam as colunas do palá-cio de Salomão, para o ornamen-tarem e isso foi feito pelo bron-zista Hiram. (1 Reis 7:19).lor do lírio - o profeta Oséias conclama Israel a retornar a Iahweh: F“Eu serei como o orvalho para Israel, ele florescerá como o lírio,

lançará suas raizes como o cedro do Líbano”. (Os 14:6).

lor da videira - e o profeta Oséias continua a clamar a Israel: “Vol-Ftarão a sentar-se à minha sombra; farão reviver o trigo, flo-rescerão como videira, sua lembrança será como a do vinho do Líbano. (Os 14:8).

lor da primavera - no seu falso raciocínio o ímpio diz: “Inebriemo-Fnos com o melhor vinho e com perfumes, não deixemos passar a flor da primavera”. (Livro da Sabedoria 2:7).

lores de amendoeira - matizadas de rosa e branco (no hebraico, amendoeira significa a-Fcordar. A amendoeira é nativa dos planaltos da Palestina. Há diversas referências a essa árvore e suas flores nos textos bíblicos. (Ex. 25:33; Ex. 25:34-35; Nm. 17:23) .

Fonte:1) Bíblia de Jerusalém - Sociedade Bíblica Católica Internacional e Paulus, 1985;2) Pequena Enciclopédia Bíblica - Orlando Boyer, 7ª edição, 1978;3) Dicionário Bíblico Universal - Buckland, Ed. Vida, 3ª edição, 1982;4) A Bíblia Sagrada - Sociedade Bíblica do Brasil, 1971.

CURIOSIDADES BÍBLICAS

Setembro 2003 15FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

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tismos, amargas cadeias que nos aprisionaram durante muito tem-po. O pavor do que pudesse ser di-abólico foi um princípio gerador de muitos sofrimentos vividos no passado. Na mente de muitos, as figuras aterrorizantes representa-tivas de satã anuviavam um amor mais verdadeiro a Deus que, às ve-zes, se tornava mais temido do que propriamente amado.

A seu tempo, porém, essa cren-ça não deixou de ser um mecanis-mo limitante para os desvarios humanos constituindo-se em um modo de evoluir.

odos aprendemos, em algum tempo de nossas vidas, que Tas coisas ruins enraizadas

em nosso espírito têm como causa as tentações demoníacas contra as quais não nos alertamos o sufici-ente para podermos rejeitá-las. Dessa forma, a causa primária de todas as maldades que assolam a Humanidade teriam origem à sua própria submissão as artimanhas de satã. Para muitas religiões tra-dicionalistas fundamentadas nos textos bíblicos o mal foi derivado do primeiro pecado cometido no jardim do Edem quando Adão e Eva, dos quais descenderam todos os seres humanos, envolvidos pe-las palavras tentadoras da serpen-te desobedeceram ao Criador co-mendo do fruto proibido.

Expulsos do paraíso, foram castigados devendo manter a so-brevivência com duros trabalhos numa terra que se tornou de sofri-mentos.

Setembro 200316 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

Com o primeiro pecado o mal se instaura no coração do homem marcando a origem de sua histó-ria em toda a comunidade huma-na.

Mas os textos sagrados, desde o primeiro livro (Gênese), deixam em suas palavras também a espe-rança na existência de Deus extre-mamente bom e perfeito, do qual nasce todo o bem. O ser humano pode salvar-se e vencer o demo tentador por meio de seu relacio-namento, de sua obediência e amor ao seu Criador. Ao quebrar tal relacionamento, no qual o ho-mem deve viver, introduz-se nas sombras da confusão e na inver-são dos valores morais e religiosos permitindo a invasão do poder das trevas. Certamente, esses ensi-namentos têm norteado a Huma-nidade apontando-lhe uma dire-ção a seguir. Não deixou, porém, de gerar medo que serviu de base para o desenvolvimento de fana-

“Vigiai e orai para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade está

pronto, mas a carne é fraca”. Mt 26: 41

Profa. Dra. Hebe Laghi de Souza - Campinas/ SP

Exclusivo para FidelidadESPIRITA

Gênese, 3:1-13.

Gênese, 3:17-19.

Bíblia, Introdução, resumo do livro Gênese.

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Tentações REFLEXÃO

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Setembro 2003 17FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

mem podem, dentro do saber cien-tífico, ser aplainadas pela educa-ção e pelas religiões dentro dos li-mites de cada nível cultural de-senvolvido pelos diferentes povos.Esse pensamento surge de uma vi-são do homem como ser material, isto é, como apenas carnal despi-do de qualquer essência espiritual.

Desses conhecimentos, porém, emergem questões as quais, ao ver-se o homem como apenas ma-téria, continuam sem uma respos-ta mais esclarecedora. Exemplo disso seria como explicar que no meio da violência, no ambiente humilde das favelas haja pessoas de conduta amena e bondosa? Sa-bemos que na pobreza desses lu-gares muitas crianças nascem no seio de famílias desestruturadas, nas quais, para sobreviver, as mães muitas vezes se prostituem dentro de suas próprias casas e os pais procuram esquecer o sofri-mento no álcool ou nas drogas. Mas, nem sempre suas crianças se tornam violentas podendo se tor-nar adultos merecedores de res-peito pela maneira como tentam superar suas dificuldades no tra-balho honesto. Conheço pessoal-mente pessoas assim. Por outro la-do, como elucidar o fato de existir em boas famílias de aprimorada

A teoria da origem das espéci-es que brotou dos amplos estudos realizados por dois grandes cien-tistas no século XIX, Charles Dar-win e Alfred Russel Wallace, abriu um novo horizonte de conheci-mentos sobre o ser humano, espe-cialmente sobre si próprio e sobre o seu temperamento agressivo e egoístico. Uma teoria revolucio-nária na qual Darwin, no livro que escreveu sobre a origem das espé-cies, publicado em 1859, apresen-tou o homem como um ser animal produto de um longo processo de evolução orgânica passando por toda a série de animais, desde os mais simples aos mais complexos até começar seus passos pelos ca-minhos da Humanidade.

Durante a história desse pro-cesso, foi mantendo a sobrevivên-cia e se reproduzindo que os orga-nismos puderam continuar crian-do todas as formas existentes de seres na natureza desde os mais diminutos como vírus e bactérias ao mais complexo sistema bioló-gico e mental como aquele que exibimos.

Uma rápida visão do mundo

animal descerra um panorama maravilhoso no qual pode-se ou-vir perfeitamente o doce trinado de uma ave, mas também o urro ameaçador de uma fera agressiva que luta pelo seu território não permitindo a intrusão de estra-nhos. Foram aqueles seres que se mostraram mais espertos, mais aptos, mais aguerridos e invasivos na posse de alimentos ou de refú-gios e os que resistiram aos obstá-culos e perigos ao seu redor é que continuaram a transferir para as gerações seguintes o seu material hereditário. Foi assim, que os fato-res genéticos que conferiam essas características atravessaram o tempo nos inúmeros tipos de or-ganismos até chegar ao ser huma-no que hoje somos. Ao olhar da ciência trazemos ainda a selvage-ria, a audácia e o egoísmo dos se-res que nos antecederam na escala evolutiva.

Essa mesma ciência considera que não somos produtos apenas dos nossos genes ou do nosso DNA, mas de uma interação des-ses fatores com o ambiente e, nes-se caso da educação que recebe-mos, da cultura na qual nos de-senvolvemos e das condições de vida que possamos ter. As tendên-cias animais portadas pelo ho-

Diabos ou

nós mesmos?A origem do mal

pela palavra da ciência

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perfeição por si mesma e posteri-ormente de usufruí-la como obra sua adquirindo conhecimentos por si própria. É na busca dessa perfeição que cada ser se defronta consigo e aprende muito sobre si mesmo, aprimora sua consciência e a maneira de usar seu livre arbí-trio. Essa é a lei do progresso, um progresso que resulta do nosso trabalho e das lutas que empreen-demos em vencer as nossas dispo-sições moralmente pouco desejá-veis.

Há entre nós diferentes níveis de evolução espiritual que expli-cam as diferenças de sentimentos individuais, a bondade em alguns e a maldade entre outros. Certa-mente, a educação e as religiões desempenham um papel de gran-de importância na lapidação dos instintos e das nossas disposições inferiores, mas não deixam de ter maior força sobre aqueles que já possuem um certo grau de adian-tamento espiritual. É dessa forma que podemos responder àquelas questões que fizemos anterior-mente.

Mas, no mal está o remédio. Os males a que nos achamos expos-tos, no dizer kardecista são esti-mulantes para as nossas faculda-des físicas e morais e a “dor é o aguilhão que nos impele para frente” e nos induz a procurar meios de evitá-los.

Se dermos vazão às nossas tendências, além de criarmos o-portunidades para os nossos ma-

“dor é o aguilhão que nos impele para frente”

educação e dedicadas aos filhos jovens inescrupulosos e violen-tos? Se todos somos produto dos mesmos caminhos evolutivos di-tados pela ciência, como esclare-cer essas diferenças facilmente observáveis nas sociedades mo-dernas?

Dos ensinos espíritas aprende-mos que Deus em sua bondade criou-nos a todos iguais, simples e ignorantes.

Fizeram parte de sua criação os mundos físicos, materiais para que passando por eles o Espírito, inicialmente como princípio inte-ligente evoluísse progredindo a-través do tempo, alcançando a Humanidade para, posteriormen-te, com seu próprio esforço chegar à angelitude.

Enquanto princípio inteligen-te, adquirimos múltiplas expe-riências, desenvolvemos todos os instintos e os primórdios da inteli-gência construindo lentamente as bases para o nosso posterior cres-cimento como alma humana.

Durante as inúmeras passa-gens que fizemos pelo reino ani-mal não deixamos de acumular e de trazer conosco as tendências que arquivamos em nosso incons-ciente espiritual.

Os estudos científicos do com-portamento animal têm apontado para a sociabilidade de muitos in-setos e outros organismos, arris-cando, muitas vezes, a vida em prol do benefício comum. Estes são atos puramente instintivos, mas que executados múltiplas ve-

zes ao longo de sucessivas reen-carnações ficam espiritualmente gravadas e transformam-se no ho-mem em tendências para o amor e para o bem de uma forma geral. Por outro lado, esses mesmos es-tudos têm revelado a agressivida-de, a esperteza e a malandragem de muitas espécies, que se desen-volveram como um fator de so-brevivência em um mundo com-petitivo pelos recursos disponí-veis. São as tendências egoísticas, bases de todo o mal que o ser hu-mano cria.

Enquanto princípio inteligente o ser humano precisou suprir to-das as exigências materiais para a conservação da existência pessoal e da espécie. Esta foi uma condi-ção assídua em todas as formas de vida animal. A constância dessa vivência é que marca cada Espíri-to com as tendências que terá que desenvolver ou enfrentar ao atra-vessar o portal da Humanidade. Nesse caso, o mal decorre das nos-sas próprias imperfeições.

No livro A Gênese, no capítulo III, questão 9 Kardec nos ensina que em sua sabedoria Deus não criou a alma perfeita a fim de dar-lhe a oportunidade de encontrar a

Setembro 200318 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

Das páginas do Espiritismo,mas com o olhar na ciência

a explicação racional e lógica

O amor deve ser a nossa força, a humildade o nosso lema,

a solidariedade o nosso impulso e a caridade verdadeira

o sentimento a nortear os nossos passos

O amor deve ser a nossa força, a humildade o nosso lema,

a solidariedade o nosso impulso e a caridade verdadeira

o sentimento a nortear os nossos passos

Os demônios de que ouvimos falar podem ser vistos como símbolo das

inclinações selvagens que ainda trazemos

Os demônios de que ouvimos falar podem ser vistos como símbolo das

inclinações selvagens que ainda trazemos

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Para saber mais, consulte:1) A Gênese - Allan Kardec. Cap. 3 questão 5. Ed. FEB;2) O Homem em Evolução - T. Dobzansky. 1972. Pág. 26;3) Darwin e Kardec: um diálogo possível. Hebe Laghi de Souza. Pág. 211. CEAK Edito-ra.

dos “diabos” ocultos em nosso in-terior. Mais do que pelas palavras o Espiritismo deve ser praticado, deve ser divulgado pelo exemplo que possamos levar aos nossos se-melhantes. Contra as nossas fra-quezas não devemos desanimar, mas devemos prosseguir na luta incessante contra as nossas ten-dências que não devem ser vistas como pontos de humilhações a nos induzir a escondê-las de nós mesmos, mas como um terreno a ser trabalhado em prol de nossa própria evolução.

les físicos e morais, também abri-mos as portas do coração para a invasão dos Espíritos obsessores que tentam impedir o nosso pro-gresso.

Este modo de entender nos en-sina que para vencer as tentações do nosso dia-a-dia devemos co-nhecer os nossos pontos fracos para poder evitá-los e para nos mantermos em alerta contra eles sabendo que fazem parte de nós. Aceitá-los como existentes signi-fica saber que se pelo espírito de-sejamos progredir, “a carne é fra-ca”, pelas tendências que traze-mos de todo um passado desde a nossa origem. Somente a vigilân-cia consciente e constante sobre os nossos sentimentos e sobre os nossos pensamentos nos levará a manter a mente em níveis mais e-levados evitando com maior faci-lidade a sujeição às tentações das nossas próprias tendências. É des-se modo que estaremos também, nos tornando imunes a muitos ti-pos de obsessões que dificilmente encontrarão em nós um caminho aberto para conseguir nos assedi-ar.

Os demônios dos quais muitas vezes ouvimos falar existem sim, mas não da forma como apregoa-dos por muitas religiões. Podem ser vistos como um símbolo das inclinações selvagens que ainda trazemos. Não são figuras exterio-

res, estão dentro de nós. Para ven-cê-los devemos usar de sincerida-de em nossas análises mais ínti-mas e buscá-los no que encon-trarmos de vaidade, orgulho, pre-sunção e outros sentimentos que inutilizam os atos benevolentes efetuados sob a égide destes senti-mentos.

Como espíritas devemos estar vigilantes contra as maçãs tenta-doras freqüentemente apontadas pelos Espíritos ignorantes que in-cessantemente nos vigiam, princi-palmente quanto ao exercício da mediunidade, quanto às tarefas de socorro fraterno, de ensino da Doutrina e no convívio com os amigos de jornada envolvidos pe-lo mesmo ideal. O amor deve ser a nossa força, a humildade o nosso lema, a solidariedade o nosso im-pulso e a caridade verdadeira o sentimento a nortear os nossos passos.

Quando e se por acaso o ufa-nismo e o desejo de importância pessoal, da admiração excessiva que nos leva a olhar o mundo do alto de um pedestal nos baterem à porta, lembremos que estamos longe da perfeição e que esses sen-timentos apenas são um atestado

Conclusão

A articulista é bióloga, com especialidade em genética e doutora em ciências pela USP, onde lecionou em cursos de graduação e pós-graduação. Na Universidade Estadual de Cam-pinas, Unicamp, além de ministrar aulas, coo-perou no desenvolvimento do departamento de Genética e Evolução, tornando-se a res-ponsável pela área de Genética Animal. Na se-ara espírita sua obra mais recente, publicada pelo CEAK Editora é: Darwin e Kardec um diá-logo possível.

Setembro 2003 19FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

Se todos somos produto dos mesmos caminhos evolutivos

ditados pela ciência, como esclarecer essas diferenças

facilmente observáveis nas sociedades modernas?

Se todos somos produto dos mesmos caminhos evolutivos

ditados pela ciência, como esclarecer essas diferenças

facilmente observáveis nas sociedades modernas?

As tendências animais portadas pelo homem podem, dentro do saber

científico, ser aplainadas pela educação e pelas religiões dentro dos

limites de cada nível cultural desenvolvido pelos diferentes povos

As tendências animais portadas pelo homem podem, dentro do saber

científico, ser aplainadas pela educação e pelas religiões dentro dos

limites de cada nível cultural desenvolvido pelos diferentes povos

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passagem, Jesus e os discípulos es-tavam passando de uma margem à outra de um lago, em um barco, quando fortes ventos surgiram e os discípulos, assustados, pediram ajuda ao Mestre. Este, segundo a narrativa evangélica, se dirigiu aos ventos e às ondas apaziguan-do-os. Jesus, então, aproveita a oportunidade para falar-lhes so-bre a fé. Kardec, no item 46 da re-ferência acima e Caibar Schutel [2] comentam a passagem. Kar-dec, nesse item, admite que não se conhecem os “segredos da Nature-za para afirmar se há, ou não, in-teligências ocultas que presidem à ação dos elementos”. Caibar Schu-tel vai mais além afirmando que “todos os fenômenos sísmicos e

dirigiu

“segredos da Nature-za para afirmar se há, ou não, in-teligências ocultas que presidem à ação dos elementos”

“todos os fenômenos sísmicos e

nalisamos, à luz dos co-nhecimentos atuais da ACiência e da Doutrina Es-

pírita, a questão sobre a ação dos Espíritos nos fenômenos da natu-reza. Apesar dos Espíritos confir-marem tal influência, esse assunto foi pouco discutido pelo Codifica-dor em razão dos poucos conheci-mentos científicos, existentes à época, a respeito de tais fenôme-nos. Graças ao desenvolvimento das disciplinas científicas conhe-cidas como Teoria do Caos e Com-plexidade podemos retomar a questão. Neste artigo, argumenta-mos que a influência ou ação dos Espíritos num fenômeno natural de larga escala como, por exem-plo, uma tempestade, não requer,

Teoria do Caos e Com-plexidade

Setembro 200320 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

do ponto de vista físico, uma grande quantidade de energia, em comparação com a magnitude do fenômeno em si. Em termos es-píritas, isso significa que não há necessidade de uma grande quan-tidade de fluido animalizado para realizar-se tal influência, o que a torna um evento perfeitamente possível. Utilizamos os conceitos de Caos e Complexidade para en-tender como isso pode ser possí-vel.

Em A Gênese, capítulo XV, item 45, Kardec apresenta uma passagem evangélica intitulada Tempestade Acalmada [1]. Nessa

Dr. Alexandre Fontes da Fonseca - São Paulo/SPInstituto de Física da Universidade de São Paulo

Exclusivo para FidelidadESPÍRITA

CAPA - ESPIRITISMO E CIÊNCIA

CAOS, COMPLEXICAOS, COMPLEXI

INFLUÊNCIA DINFLUÊNCIA Dsobre os FENÔMENOS

I. Introdução

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Setembro 2003 21FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

terminado fenômeno natural, não diminuem em nada o carácter na-tural tanto dos fenômenos quanto das leis.

Neste artigo, portanto, apre-sentaremos uma forma pela qual os Espíritos poderiam exercer uma ação sobre os fenômenos da Natu-reza de larga escala, como uma tempestade, baseando-se nos con-ceitos de Teoria do Caos e Com-plexidade.

É sabido que os fenômenos da atmosfera, em torno dos quais tra-balharemos, são sistemas caóticos e complexos [3]. Um sistema é di-to caótico [4] quando extrema-mente sensível a pequenas pertur-bações. Como exemplo, considere um jogo de bilhar com a mesa cheia de bolas. Se o jogador, ao dar uma tacada, errar um pouco a direção desejada, o resultado fi-

atmosféricos são dirigidos por se-res inteligentes encarregados das manifestações da Natureza” [2]. Em ambas as citações, os autores afirmam a possibilidade da atua-ção dos Espíritos sobre o fenôme-no de uma tempestade mas, con-forme veremos adiante, não existe na literatura espírita nenhuma ex-plicação sobre como seria tal atu-ação.

De todos os fenômenos conhe-cidos pelo ser humano, de uma maçã que cai ao chão, até os mais belos fenômenos luminosos ob-servados no Universo, temos que lembrar que as leis que estão por trás de cada um deles são leis na-turais e, portanto, de origem divi-na. Ao longo da história, o ser hu-mano tentou compreendê-las através da observação e estudo dos fenômenos naturais que ocor-

atmosféricos são dirigidos por se-res inteligentes encarregados das manifestações da Natureza”

riam. Em 1687, um salto ocorreu na maneira como estudar e enten-der tais fenômenos. Galileu, em Diálogos Sobre os Dois Sistemas de Mundo e, de modo mais formal, Isaac Newton, em Principia Ma-thematica Philosophiae Naturalis, inauguraram uma nova maneira de se fazer Ciência ao descreve-rem, matematicamente, os fenô-menos mecânicos da natureza. Esta se desenvolveu rapidamente trazendo luz e progresso a toda a Humanidade.

Os conhecimentos científicos consistem na forma pela qual se entendem as leis naturais que re-gem os fenômenos materiais. Por isso, o uso que vamos fazer de conceitos modernos da Ciência (Teoria do Caos e Complexidade), na tentativa de entender como os Espíritos podem atuar em um de-

DADE e aDADE e a

OS ESPÍRITOSOS ESPÍRITOSDA NATUREZA

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ra 1 (acima) mostra um exemplo do chamado atrator estranho ou borboleta de Lorenz que é uma so-lução das equações obtidas com o seu modelo.

Lorenz também demonstrou, em um artigo de 1982 [8], que e-xiste um limite para a previsibili-dade de sistemas atmosféricos em largas escalas, que é em torno de 2 semanas. Isto quer dizer que não podemos confiar nas previsões do tempo feitas após este intervalo. Enfatizamos, portanto, que existe um limite para o conhecimento que o ser humano atingiu com re-lação a este problema. Essa infor-

ra 1

nal, que é o movimento das bolas, será completamente diferente da-quele previsto se a tacada fosse correta, e não apenas um pouco diferente, como se poderia pensar. Este tipo de dinâmica, sensível às condições iniciais, é chamada de caótica. Como consequência, per-de-se, efetivamente, o poder de prever o que vai acontecer após a tacada se o jogador não tiver total certeza de qual será a sua direção.

Um sistema é dito complexo [5] quando o seu comportamento é rico em possibilidades inespera-das e diversificadas, mesmo que sua estrutura não seja complica-da, isto é, composta de muitas partes interligadas entre si. A vida é um dos melhores exemplos de complexidade. As características do ser vivo mais simples, como uma ameba, exibem qualidades inesperadas e diversificadas. Ape-sar da vantagem da velocidade, nossos computadores, por exem-plo, são menos complexos do que o ‘cérebro' de uma minhoca [6]. Se considerarmos que os gases que compõem a atmosfera são forma-dos por partículas, aproximada-mente, esféricas, podemos imagi-nar que milhares delas estão a to-do momento se chocando como no jogo de bilhar acima exempli-ficado. A atmosfera, portanto, é um sistema que apresenta com-portamento caótico e complexo por ser extremamente sensível a relativamente pequenas perturba-ções e por se manifestar em uma grande variedade de situações co-nhecidas como tempestades, tu-fões, ventos, frentes frias e quen-tes, etc. O grande físico Stephen

Hawking, em seu mais novo livro intitulado O Universo numa Casca de Noz [6], expõe de forma poética este fato ao dizer que: “Uma bor-boleta batendo as asas em Tóquio pode causar chuva no Central Park de Nova Yorque”. Como ele mesmo explica, não é o bater das asas, pura e simplesmente, que ge-rará a chuva mas a influência des-te pequeno movimento sobre ou-tros eventos em outros lugares é que pode levar, por fim, a influen-ciar o clima. É por esta razão que a atmosfera é um sistema de difí-cil previsão e faz com que, pelo menos uma vez por semana, con-sultemos a Meteorologia sobre as condições do tempo. Para realizar previsões no tem-po, a Meteorologia se utiliza de ferramentas teóricas para calcu-lar, com alguma precisão, o com-portamento do clima a partir de um dado conjunto de medidas at-mosféricas obtidas experimental-mente. Edward N. Lorenz propôs o primeiro modelo teórico [7] para a dinâmica da atmosfera, conhecido como o Modelo de Lorenz. A figu-

“Uma bor-boleta batendo as asas em Tóquio pode causar chuva no Central Park de Nova Yorque”

Modelo de Lorenz figu-Ainda sim, nos surpreendemos com

as variações!

2

Figura 1: Atrator estranho ou borboleta de Lorenz obtida resolvendo-se as equações diferenciais do modelo de Lorenz. x, y e z representam grandezas físicas como temperatura, pressão e velocidade das partículas.

Figura 1:

Setembro 200322 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

A palavra "perturbação" aqui deve ser entendida como alguma pequena influência que gera uma pequena alte-ração num determinado sistema.

1

1

2

Rep

roduçã

o

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formam uma categoria especial no mundo espírita, são seres à parte ou Espíritos que foram en-carnados, como nós?

Que o serão, ou que o foram.”

“538-a: Esses Espíritos per-tencem às ordens superiores ou inferiores da hierarquia espírita?

Segundo o seu papel for mais ou menos material ou inteligente: uns mandam, outros executam; os que executam as ações materiais são sempre de uma ordem inferi-or, entre os Espíritos como entre os homens.”

“539: Na produção de certos fenômenos, das tempestades, por exemplo, é somente um Espírito que age ou se reúnem em massa?

Em massas inumeráveis.”

“540: Os Espíritos que agem sobre os fenômenos da Natureza agem com conhecimento de cau-sa, em virtude de seu livre arbí-trio, ou por um impulso instintivo e irrefletido?

Uns sim; outros não. (...) (so-bre os Espíritos mais atrasados) ... Primeiro, executam; mais tarde, quando sua inteligência estiver mais desenvolvida, comandarão e dirigirão as coisas do mundo ma-terial; (...)”.

Essas questões juntamente com o que nós assinalamos e gri-famos, servirão de base para a nossa discussão. De modo a orga-nizarmos os argumentos, vamos enumerar os pontos principais:

Os Espíritos são os agentes de

Que o serão, ou que o foram.”

Segundo o seu papel for

; os que executam as ações materiais são sempre de uma ordem inferi-or, entre os Espíritos como entre os homens.”

Em massas inumeráveis.”

Uns sim; outros não.

Primeiro, executam; mais tarde, quando sua inteligência estiver mais desenvolvida, comandarão e dirigirão as coisas do mundo ma-terial;

mais ou menos material ou inteligente: uns mandam, outros executam

mação será importante na discus-são sobre a capacidade dos Espíri-tos de realizarem melhores cálcu-los e previsões.

Este artigo está organizado da seguinte forma. Na seção II expo-remos tudo o que encontramos nas obras básicas de Allan Kardec sobre a ação dos Espíritos acerca dos fenômenos da Natureza. Lem-braremos algumas idéias básicas sobre fenômenos de efeitos físi-cos, já que qualquer atuação dos Espíritos sobre os fenômenos da Natureza pertence a esta classe de efeitos. Na seção III, mostraremos que essa atuação é perfeitamente plausível e requer pouco fluido animalizado. Finalmente, na se-ção IV nós resumimos os resulta-dos apresentando as principais conclusões.

Além das citações feitas do li-vro A Gênese e do livro de Caibar Schutel a respeito de uma passa-gem evangélica onde Jesus “con-trola” uma tempestade, as ques-tões de 536 a 540 de O Livro dos Espíritos [9] falam sobre o assun-to. Existe, ainda, uma pequena menção ao tema na Revista Espí-rita de setembro de 1859 [10], in-titulada As Tempestades que não acrescenta em nada o conteúdo presente nas questões de 536 a 540 acima citadas. Por isso, va-mos nos ater, apenas, a O Livro dos Espíritos. Transcreveremos al-gumas destas questões, grifando aquilo que acharmos importante para a discussão proposta neste artigo. A primeira questão que

seção II

seção III

se-ção IV

grifando

nos interessa é a de número 536-a:

“536-a: Esses fenômenos (da Natureza) sempre visam ao ho-mem?

Algumas vezes têm uma razão de ser diretamente relacionada ao homem, mas freqüentemente não têm outro objetivo que o restabele-cimento do equilíbrio e da harmo-nia das forças físicas da Nature-za.”

“536-b: Concebemos perfei-tamente que a vontade de Deus seja a causa primária, (...); mas como sabemos que os Espíritos podem agir sobre a matéria e que eles são os agentes da vontade de Deus, perguntamos se alguns dentre eles não exerceriam uma influência sobre os elementos pa-ra os agitar, acalmar ou dirigir.

Mas é evidente; isso não pode ser de outra maneira. Deus não se entrega a uma ação direta sobre a Natureza, mas tem seus agentes dedicados, em todos os graus da escala dos mundos.”

“537-a (...), poderia então ha-ver Espíritos habitando o interior da Terra e presidindo aos fenôme-nos geológicos ?

Esses Espíritos não habitam precisamente a Terra, mas presi-dem e dirigem os fenômenos, se-gundo as suas atribuições. Um dia tereis a explicação de todos esses fenômenos e os compreendereis melhor.”

“538: Os Espíritos que presi-dem aos fenômenos da Natureza

Algumas vezes têm uma razão de ser diretamente relacionada ao homem, mas freqüentemente não têm outro objetivo que o restabele-cimento do equilíbrio e da harmo-nia das forças físicas da Nature-za.”

Mas é evidente; isso não pode ser de outra maneira. Deus não se entrega a uma ação direta sobre a Natureza, mas tem seus agentes dedicados, em todos os graus da escala dos mundos.”

Esses Espíritos não habitam precisamente a Terra, mas presi-dem e dirigem os fenômenos, se-gundo as suas atribuições. Um dia tereis a de todos esses fenômenos e os melhor.”

explicaçãocompreendereis

Setembro 2003 23FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

II. O que diz o Espiritismo

1

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ra obtermos uma estimativa do volume de espaço onde a tempes-

3tade ocorrerá: 100 x 5 = 500km . 3

Um metro cúbico (1m ) é o volume de uma caixa d'agua de 1.000 li-tros. Uma unidade de kilômetro

3cúbico (1km ) equivale a um volu-me de 1.000.000.000 de metros

3cúbicos (1 bilhão m ), que equiva-le à mesma quantidade de caixas d'água de 1.000 litros. São 1.000 bilhões, ou 1 trilhão de litros de

3volume para cada km de espaço. Imaginemos que um Espírito dese-ja influenciar ou atuar sobre um litro de água ou ar de modo a pro-duzir, por exemplo, algum movi-mento. Um litro é um volume de espaço considerável quando pen-samos neste tipo de fenômeno. Suponha que um médium seria suficiente para fornecer fluidos necessários para produzir-se tal efeito físico. Imaginemos, agora, que para influenciar uma tempes-tade inteira seria preciso atuar em mais de 1 trilhão de litros de uma mistura de ar, vapor de água e água líquida. Quantos médiuns se-riam necessários para produzir-se um efeito, mesmo que pequenino, em todo esse volume? Imagine-mos, ainda, que uma tempestade pode estar ocorrendo em milhares de cidades espalhadas pelo mundo ao mesmo tempo. Lembremos

Deus na execução de seus desíg-nios. Portanto, são os Espíritos que agem sobre os fenômenos da Natureza quando isso é necessá-rio.

Os agentes (os Espíritos) e-xistem em todos os graus da esca-la evolutiva. Existem, então, os que dirigem, mandam e coman-dam; e os que executam a ação so-bre os fenômenos. Isso significa que os que mandam e dirigem, de-vem ter capacidade de coordenar, calcular, prever as consequências da atitude a ser tomada pelos que executam a tarefa.

Os Espíritos se reúnem em massas para a realização do fenô-meno.

Antes de passarmos para a se-ção onde explicaremos como os Espíritos podem controlar os fenô-menos da Natureza, vamos rever alguns princípios básicos necessá-rios para que ocorram efeitos físi-cos. Do capítulo IV da segunda parte de O Livro dos Médiuns [11], retiramos os seguintes princípios:

Um Espírito só pode mover um corpo sólido se ele combinar uma porção do fluido universal com o fluido que se desprende do médium apropriado a esses efei-tos.

Um Espírito pode agir sem que o médium, doador do fluido animalizado, perceba.

Um Espírito pode agir tanto sobre a matéria mais densa quan-

to sobre o ar ou algum líquido.De posse desses princípios bá-

sicos da Doutrina Espírita, pode-mos analisar a influência dos Es-píritos sobre os fenômenos da Na-tureza sabendo que esses fenôme-nos são caóticos e complexos.

Como vimos anteriormente, os Espíritos superiores ensinam que são os próprios Espíritos os agen-tes de Deus nos fenômenos da Na-tureza. Vimos também que Espíri-tos superiores (os que dirigem) e inferiores (os que executam) se unem na execução dos desígnios divinos. Vamos, nesta seção mos-trar que, diante de um fenômeno de larga escala, como uma tem-pestade, não é necessário que os Espíritos atuem em cada porção do espaço onde ocorre o fenôme-no. Faremos uma estimativa da or-dem de grandeza do volume de uma tempestade em uma região do tamanho de uma pequena cida-de de modo a percebermos a invi-abilidade de se atuar em todo o es-paço. Em seguida, discutiremos, com base nos conhecimentos atu-ais da ciência, uma proposta sobre como os Espíritos poderiam influ-enciar um fenômeno destes atu-ando em uma região espacial bem menor.

Consideremos uma cidade que 2ocupe uma área de 100km (uma

área quadrada de lado igual a 10km). Consideremos um conjun-to de nuvens de tempestades que se formem a uma altura de 5km. Basta multiplicarmos pela área pa-

Setembro 2003FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP24

III. Influência dos Espíritossobre a natureza

2

3

3

Nuvens de tempestades possuem uma base a 2 ou 3km de altitude e o to-po em até 20km[12]. Em nossas esti-mativas tomamos um valor hipotético de 5km, mas se considerarmos o limite superior de 20km a questão da inviabi-lidade da influência dos Espíritos fica, apenas, mais evidente.

3

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Figura 2: Uma tempestade se aproximando de uma cidade. Compare o tamanho do conjunto formado por núvens e chuva com o tamanho dos prédios

Figura 2:

também que para afastar uma tempestade, por exemplo, é preci-so não só atuar na região onde ela ocorre mas, nas regiões vizinhas pois elas podem estar enviando frentes frias ou úmidas ou algo do tipo, e é preciso, portanto, atuar nestas regiões também. A figura 2 (acima) nos dá uma idéia da or-dem de grandeza de um fenômeno de uma tempestade.

Tudo isso nos leva a crer na in-viabilidade de se realizar tal in-fluência da maneira descrita aci-ma. Mesmo uma massa inumerá-vel de Espíritos, conforme o ponto número III, atuando sobre todo o espaço seria insuficiente para rea-lizar-se uma influência que cul-minasse num efeito preciso. Po-rém, a história é outra se levarmos em consideração a dinâmica dos sistemas formados pela atmosfera. Sabemos que essa dinâmica é caó-tica, o que significa que tais siste-mas são extremamente sensíveis a pequenas perturbações em algu-mas de suas partes. Isso nos leva a imaginar que, se pudéssemos cal-

figura 2

cular com precisão o efeito de ca-da perturbação imposta numa pe-quena região do espaço (ou em mais de uma, porém poucas, re-giões do espaço), poderíamos con-trolar e até conduzir o fenômeno total a um resultado desejado. Vi-mos na seção anterior que os Espí-ritos superiores comandam a in-fluência sobre os fenômenos. O princípio II nos leva a crer na ca-pacidade destes Espíritos de cal-cularem e decidirem a melhor atu-ação. Na introdução comentamos sobre o progresso que a ciência humana já fez neste campo e seus limites. Acreditamos que seja per-feitamente possível aos Espíritos superiores calcular com muito maior precisão os efeitos de uma dada perturbação em uma dada região do espaço. Assim, desde que o sistema é caótico, bastaria aos Espíritos atuarem numa por-ção de espaço muito pequena, possivelmente bem menor do que 1% do volume total. Apesar de não podermos estimar qual seria esse tamanho (lembremos que a

nossa Ciência ainda não consegue fazer isso), podemos afirmar, com toda a certeza, que não seria ne-cessário atuar-se sobre toda a re-gião do espaço. Desta forma, não seria necessária uma grande quan-tidade de fluido animalizado para que a atuação espiritual ocorresse. Isso, enfim, significa que a in-fluência dos Espíritos sobre os fe-nômenos da Natureza passa a ser algo perfeitamente viável.

Na questão número 536 (não transcrita na seção II), Kardec per-gunta aos Espíritos se os grandes fenômenos da Natureza, como ter-remotos e tempestades, possuem um fim providencial e os Espíritos respondem que “Tudo tem uma razão de ser e nada acontece sem a permissão de Deus". Não foi nosso objetivo, neste artigo, discutir os aspectos morais que levariam aos Espíritos a influenciarem tais fe-nômenos. No entanto, cabe refle-tirmos que determinados aconte-cimentos desta natureza influen-ciam de maneira muito significa-tiva na evolução dos povos levan-do ao desenvolvimento tanto mo-ral quanto intelectual de seus indi-víduos.

No artigo da referência [3], o Dr. Ross N. Hoffman afirma ser possível, num futuro, relativa-mente, próximo, controlar-se os fenômenos da atmosfera terrestre.

“Tudo tem uma razão de ser e nada acontece sem a permissão de Deus"

IV. Conclusões

Setembro 2003 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP 25

Reprodução

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O autor agradece a D. Flori-za S. A. Chagas, Dr. Alexandre C. Gonçalves, Dra. Hebe M. L de Souza, Sr. Henri Barreto, Dr. Zalmino Zimmermann e ao Prof. Dr. Sílvio S. Chibeni pela leitura crítica deste compuscrito e por va-liosas sugestões e incentivos.

Referências:1) A. Kardec, A Gênese. Editora IDE (1992);2) C. Schutel, Parábolas e Ensinos de Jesus. Casa Editora O Clarim, 12ª edição. 1987;3) R. N. Hoffman, Bulletin of the American Meteorological Society, 83. Pág. 241. 2002;4) E. Ott, Chaos in Dynamical Systems. Cam-bridge University Press. 1993;5) Y. BarYam, Dynamics of Complex Systems. Perseus Books. 1997;6) S. Hawking, O Universo Numa casca de Noz. Editora Mandarim. 2ª edição. 2002;7) E. N. Lorenz, Journal of Atmospheric Sci-ence, 20. Pág. 130. 1963;8) E. N. Lorenz, Tellus, 34. Pág. 505. 1982;9) A. Kardec, O Livro dos Espíritos. Editora FEESP. 9ª edição. 1997;10) A. Kardec., Revista Espírita, Jornal de Estudos Psicológicos, II, número 8. 1859;11) A. Kardec, O Livro dos Médiuns. Editora FEESP. 1ª edição. 1984;12) M. M. F. Saba, Física na Escola, 2, nú-mero 1. Pág. 19. 2001;13) A. Luiz, psicografia de F. C. Xavier, Mis-sionários da Luz. Editora FEB. 26ª edição. 1995.

83

2034

II

2

Com base nas Teorias do Caos e no desenvolvimento do que se chama Controle do Caos [3] ele propõe um esquema similar ao que expomos aqui, para o que po-deria ser um controle de tais fenô-menos. Se a ciência humana já co-gita essa possibilidade, podemos dizer que tais conhecimentos já estão desenvolvidos nos planos espirituais superiores.

Como vimos na seção III, a união do avanço intelectual dos Espíritos superiores com a nature-za caótica e complexa da dinâmi-ca dos fenômenos da natureza permite que entendamos, de modo mais plausível, como a influência dos Espíritos sobre os fenômenos da natureza pode ocorrer. Esta proposta está de acordo com o que os Espíritos disseram na questão de número 537-a, a respeito da explicação e da compreensão des-tes fenômenos.

Ainda resta um ponto que de-vemos comentar. É sobre a ques-tão do número de Espíritos neces-sários à influenciação (pontoIII). Esse ponto diz que os Espíritos que atuam nos fenômenos da na-tureza o fazem em grupos nume-rosos. Apesar de que, conforme demonstramos, não é necessário agir sobre toda a região do espaço para influenciar uma tempestade, isto não significa que tal influên-cia seja simples e que apenas um Espírito seja necessário. Conforme descrito em Missionários da Luz, cap. 10 [13], um efeito físico como a materialização de uma garganta requer a colaboração de uma grande equipe de Espíritos. Por-tanto, para se efetuar uma ação

numa porção do espaço com gran-de precisão não é de se estranhar que se necessite movimentar um grande número de colaboradores desencarnados.

Por fim, lembramos que este trabalho apresenta uma forma pe-la qual os Espíritos poderiam in-fluenciar os fenômenos da nature-za. Não pretendemos que ela seja a única solução ou a solução final para a questão. Apesar de não ser comum pensarmos na Mecânica Quântica como modelo teórico pa-ra tais fenômenos, um estudo so-bre as possibilidades de sua apli-cação ao problema exposto aqui merece atenção. Isso será conside-rado em uma futura publicação.

AgradecimentosAgradecimentos

O autor é Doutor em Física pela UNICAMP e “Post-Doc” no Insti-tuto de Física da USP. Atualmen-te, o autor é “Post-Doc” no Depar-tamento de Química de Rutgers, The State University of New Jer-sey, EUA.

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Reprodução

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sair, me perdoe mais eu tenho que sair daqui". Quando acordei fui to-mar meu café e, então, disse para a minha cunhada: “O (BJ) está pa-ra chegar" e narrei o sonho, ela riu e disse “virou bruxo realmente" e não acreditou. Fui para São Paulo e ao chegar em frente da casa da minha noiva, à época, ela estava me esperando no portão com uma cara espantada e, embora fizesse quase um mês que não nos vía-mos, suas primeiras palavras fo-ram: “Ele esta lá, a sua cunhada me ligou e disse que ele chegou assim que você saiu". A partir des-te momento, eu realmente acredi-tei que ele não estava envolvido com drogas, como de fato não es-tava.

omos em quatro irmãos e fi-camos órfãos quando ainda Séramos crianças e, por esse

motivo, fomos criados separados, fazendo com que não tivéssemos uma afinidade de irmão uns com os outros. Quando nos tornamos adultos, acabamos por morar to-dos perto, vencemos as barreiras impostas pela separação apren-dendo a nos conhecer e nos amar-mos.

Nessa época, tínhamos um sé-rio problema na família. Meu ir-mão mais novo (BJ) dava sinais de estar envolvido com drogas, suas atitudes eram muito agressivas para quem apenas se embriagava com álcool; quando estava em cri-se ele quebrava as coisas, saía de casa e retornando mais tarde, quando consciente não lembrava de nada. Nesse período, eu vivia em um cômodo na casa do meu ir-mão mais velho e já freqüentava o Centro Espírita “Allan kardec” de Campinas/SP e sempre que eu po-dia, solicitava para que o grupo fizesse uma vibração por ele. Os meus outros dois irmãos não se afinavam com (BJ), dizendo que ele era um “sem vergonha” por agir assim. E eu, pelo contrário, sempre tive uma ligação grande com esse rapaz, mesmo tendo sido criado separado.

Então, coube a mim o encargo de cuidar do (BJ) e, na minha ima-turidade, eu só fazia era orar. Mi-nha cunhada, muito centrada, vendo que ninguém tomava uma posição resolveu chamá-lo e pedir para que ele se internasse numa clínica de tratamento de depen-dentes de drogas. (BJ) aceitou, pois, a situação a qual ele se en-contrava, de certa forma, o obri-gava a isso; mas, ele sempre me dizia que não era envolvido com drogas e eu não acreditava assim como todos. Então, ele se internou em uma casa evangélica aqui em Campinas onde minha cunhada havia conseguido uma vaga. Lá, o tratamento era muito severo e isso o desesperava; quando íamos visi-tá-lo, embora com vontade, ele nunca nos pediu para tirá-lo de lá, até que um dia, na madrugada de sexta para Sábado, eu dormi com a intenção de, no dia seguinte, ir para São Paulo encontrar-me com minha noiva e, durante meu sono acabei por sonhar com (BJ). No so-nho, ele apareceu em local seme-lhante à casa de recuperação e, em total desespero, me dizia: “estou aqui para provar que não estou li-gado às drogas, meu problema é apenas com álcool e durante os meus momentos de depressão; não consigo mais ficar aqui, vou

ComigoACONTECEU

José Antônio da Silva Xavier - Campinas/SP

Encaminhe para a redação fatos espí-ritas como esse, absolutamente verídi-cos. Envie nome, telefone e endereço completos, estando disponível para eventual encontro com a redação. Após análise, publicaremos seu caso na colu-na “Aconteceu Comigo”. Ressaltamos, ainda, que as histórias serão, após doa-ção autoral, de propriedade exclusiva dessa revista.

Nosso endereço: Rua Luiz Silvério, 120, Vila Marieta, Campinas/SP, CEP 13043-330.

Sonho EsclarecedorSonho Esclarecedor

Setembro 2003 27FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

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ca? Como enquadrar a onipresença divina em situações e sofrimentos que observamos? Deus estaria au-sente nessas circunstâncias? Ou es-taria presente? Para muitos indiví-duos se estivesse presente já seria motivo para não crer na sua exis-tência ou na sua infinita bondade e onisciência.

Outra questão importante: Quem é a “vítima”? Cada um de nós ao reencarnar, trouxe todo o seu passado impresso indelevel-mente em si mesmo, são os núcleos energéticos que trazemos em nosso inconsciente construídos no passa-do.

Espíritos que somos e pelas inú-meras viagens que percorremos, re-presentadas pelas inúmeras vidas, possuímos no nosso “passaporte”, inúmeros “carimbos” das pousadas onde estagiamos em vidas anterio-res.

Hoje, a somatória dessas expe-riências se traduzem em manancial energético que irradia constante-mente do nosso interior para a su-perfície desta vida. Assim, é tam-bém a “vítima”. A mulher que hoje se apresenta de forma diferente, traz em seu passado profundas marcas de atitudes prejudiciais a ir-mãos seus. Atitudes de desequilí-

m diversas oportunidades, quando fizemos palestra so-Ebre reencarnação e aborto,

fomos questionados, posterior-mente, sobre a dolorosa e delicada circunstância do estupro. Princi-palmente, ao se propiciar pergun-tas a nos serem dirigidas por escri-to, viabilizava-se este questiona-mento.

Embora o tema seja potencial-mente polêmico e desagradável, não há como ignorá-lo no contex-to de nossa situação planetária.

A grande discussão que se le-vanta é a legitimidade, ou não, do aborto, quando a gravidez é conse-qüente a um ato de violência física. Mais uma vez, nos posicionamos em relação ao aspecto legal da questão nos abstendo de maiores comentários no campo jurídico, pois leis e constituições, os povos já as tiveram inúmeras e tantas ou-tras terão. Nossa abordagem será pelo ângulo transcendental e reen-carnacionista considerando que são três Espíritos, no mínimo, en-volvidos na tragédia em questão.

Igualmente, quanto ao aspecto da ética médica, a qual estamos submetidos por força da profissão que nesta reencarnação exercemos, lembramos ser esta ética diferente

Setembro 200328 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

em cada país do planeta. Numa es-cala de zero a 10, teremos todas as notas, conforme a nação e o conti-nente que nos reportamos.

Inicialmente, cumpre-nos es-clarecer que o livre arbítrio é o maior patrimônio que nós, Espíri-tos humanos, temos alcançado ao atingirmos a faixa evolutiva pen-sante. Livre arbítrio que não legiti-ma atitudes, mas oportuniza às cri-aturas decidirem e se responsabili-zarem pelas conseqüências de seus atos.

Outra premissa que deveremos estabelecer é aquela da maior ou menor repercussão dos atos peran-te a lei Universal, em função do ní-vel de esclarecimento que possuí-mos. Importante, também, salien-tar que não há atos perversos que tenham sido planejados pela espi-ritualidade superior. Seria de uma miopia intelectual sem limites, a idéia de que alguém deve reencar-nar a fim de ser estuprado.

A concepção do Deus punitivo e vingativo já não cabe mais no di-cionário dos esclarecimentos sobre a vida espiritual. Deus é a fonte inesgotável de amor. É a lei maior que a tudo preside, uma lei de amor que coordena as leis da natureza.

Como conceber a violência físi-

ENTENDENDO

Estupro e Aborto na Visão ESPÍRITA

Dr. Ricardo di Bernardi - Florianópolis/SCPresidente da Associação Médico-Espírita (AME) e Instituto de Cultura Espírita de Florianópolis

Exclusivo para FidelidadESPÍRITA

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Setembro 2003 29FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

Há, também, Espíritos afins e benfeitores que, visando amparar a futura mãe, optam pelo reencarne na situação surgida. A vítima do estupro, poderá ter ao seu lado to-da luz de alguém, que poderá vir a ser o seu arrimo e consolo na ve-lhice. Irmãos cheios de ternura em seu coração, com projetos de dedi-cação e amparo, aproveitam o mo-mento criado pelo crime para auxi-liar, diretamente, na vida material, dando todo seu trabalho afetivo para aquela que amam. Renascem como seu filho. A eliminação da gravidez, através do aborto provo-cado, nestes casos, irá anular este laborioso auxílio que o Espírito protetor lamentará ter perdido. Pe-lo exposto, a interrupção da gesta-ção mesmo decorrente de violên-cia, é sempre uma atitude arbitrária que só ampliará o sofrimento dos familiares.

Se a mulher for emocionalmen-te incapaz de atender os requisitos da maternidade, a adoção, prefe-rencialmente por pessoas de víncu-los próximos, deverá ser o remédio por nós indicado. Se não houver possibilidades psiquicamente acei-táveis de recepção por parte de fa-miliares, encaminhe-se os trâmites da adoção para quem receberá a criança com o amor necessário ao seu processo redentor e educativo.

O tempo se encarregará de cica-trizar os ferimentos da alma.

brio que são gravadas em si mes-ma.

Algumas participaram intelec-tualmente de verdadeiras embos-cadas visando atingir de maneira dolorosa a intimidade sexual de criaturas; outras foram executoras diretas, pela autoridade de que eram investidas, de crimes nessa área. Enfim, são múltiplas as situa-ções geradoras da desarmonia e-nergética que agora pulsa constan-temente nos arquivos vibratórios da nossa personagem nesse drama.

Pela lei universal, a sintonia de vibrações, poderá ocorrer em um dado momento dependendo da fa-cilitação criada por atitudes men-tais da personagem.

Como orientar a vítima? Identi-ficando dois dos protagonistas (a mãe e o filho) falemos acerca da entidade reencarnante. Em certas ocasiões, o ser que mergulha na carne nesta dolorosa circunstância é alguém que vibra na mesma fai-xa de desequilíbrio. Um Espírito que pelo ódio se imantava magne-ticamente à aura da mulher como que lhe pedindo contas pelos sofri-mentos causados por ela, se vê pre-so às malhas energéticas do orga-nismo biológico que se forma. O processo obsessivo que vinha se desenvolvendo já o fixara periferi-camente à trama perispiritual ma-terna e agora passa a aderir defini-tivamente naquele organismo fe-minino. Apesar do momento cruel, a Lei maior pode aproveitar para retirar o perseguidor desta situação adormecendo-o. Acordará, talvez, embalado pelos braços de sua anti-ga algoz que aprenderá a perdoar e até amar em função do sábio es-quecimento do passado. Lembre-mo-nos, novamente, não foi em hi-pótese alguma programado o estu-

pro, nem ele em qualquer circuns-tância teria justificativa. No entan-to, o crime existindo, a espirituali-dade sempre fará o máximo para do “mal” poder resultar algum bem. Mas, muitas vezes, a gestante pressionada pelos vínculos famili-ares opta por interromper a gravi-dez indesejada.

Somos contrários à teatralidade daqueles que exibem recursos cho-cantes de fragmentos ensangüen-tados de bebês em formação, joga-dos nos baldes frios da indiferença humana. A falta de argumento e conhecimento espírita do processo que se desencadeia, é que faz lan-çar mão desses métodos agressivos de exposição.

A visão espiritual da situação dispensa esses recursos dos quais podem se servir outras correntes religiosas que desconhecem a pree-xistência da alma o mecanismo da reencarnação, etc.

O Espírito submetido à violên-cia do aborto sofre intensamente no processo, conforme o seu grau de maturidade espiritual. Perante a Lei divina, sabemos que o Espírito reencarnado não deve receber a agressão arbitrária em face da vio-lência cometida por outro. Violên-cia que gera violência, um ciclo triste que necessita ser rompido com um ato de amor a um entezi-nho que muitas vezes aspira por uma oportunidade de evolução em nova vida.

O aborto provocado gera mui-tas vezes profundos traumas em to-dos os envolvidos exacerbando a dolorosa situação cármica da cons-telação familiar. Ninguém é mãe ou filho de outrem por causalidade. Há, sempre, um mecanismo sábio da lei que visa corrigir ou atenuar sofrimentos.

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puto da duração varia conforme os mundos, a menos que haja, sob es-se respeito, uma lei particular para cada mundo, afeta à sua organiza-ção como há uma para a duração da vida de seus habitantes.

Seguramente, se tal lei existir, um dia será conhecida. O Espiritis-mo, que assimila todas as verdades, quando estas são constatadas, não irá repelir esta. Mas como, até o presente, essa lei não é atestada, nem por um número suficiente de fatos, nem por uma demonstração categórica, com ela nos devemos preocupar tanto menos quanto ela só nos interessa de maneira muito indireta. Não dissimulamos a im-portância dessa lei, se é que ela existe, mas como a porta do Espiri-tismo estará sempre aberta a todas as idéias progressivas, a todas as aquisições da inteligência, ele se ocupa com as necessidades do mo-mento, sem temer ser ultrapassado pelas conquistas do futuro.

Tendo sido a questão exposta aos Espíritos num grupo muito sé-rio de província, e por isto mesmo

or várias vezes nos pergun-taram o que pensamos da Pconcordância dos números e

se cremos no valor dessa ciência. Nossa resposta é bem simples: até este momento nada pensamos a respeito, porque jamais com ela nos ocupamos. Bem que temos vis-to alguns casos de concordâncias singulares entre as datas de certos acontecimentos, mas em pequenís-simo número para delas tirar uma conclusão, mesmo aproximada. A bem dizer, não vemos a razão de tal coincidência. Mas, porque não se compreende uma coisa, não é motivo para que ela não exista. A natureza não disse a sua última pa-lavra, e o que hoje é utopia, poderá ser verdade amanhã. Então pode ser que entre os fatos exista uma certa correlação, que não suspeita-mos, e que poderia traduzir-se por números. Em todo o caso, não se poderia dar o nome de ciência a um cálculo tão hipotético quanto ao das relações numéricas, no que concerne a sucessão dos aconteci-mentos. Uma ciência é um conjun-

Setembro 200330 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

to de fatos bastante numerosos pa-ra deles se deduzirem regras, e sus-cetíveis de demonstração. Ora, no estado atual dos nossos conheci-mentos, seria de absoluta impossi-bilidade dar dos fatos desse gênero uma teoria qualquer, nem nenhu-ma explicação satisfatória. Não é, pois, ou, se quiser, não é ainda uma ciência, o que não implica a sua negação.

Há fatos sobre os quais temos uma opinião pessoal; no caso de que se trata, não temos nenhuma, e se nos inclinássemos para um lado, seria antes para a negativa, até pro-va em contrário.

Baseamo-nos em que o tempo é relativo; não pode ser apreciado em termos de comparação e os pontos de referência estabelecidos na revolução dos outros; e esses termos variam conforme os mun-dos, porque fora dos mundos o tempo não existe; não há unidade para medir o infinito. Assim, pare-ce não haver uma lei universal de concordância para as datas dos acontecimentos, desde que o côm-

REVUE SPIRITE

Allan Kardec

A CIÊNCIA DA

CONCORDÂNCIA

DOS NÚMEROS E A

FATALIDADEReprodução

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As fases de sua marcha ascendente, de sua decadência e de seu fim, as revoluções que marcam as etapas do progresso da Humanidade, não estariam sujeitas a uma certa peri-odicidade? Quanto às unidades nu-méricas para o cômputo dos perío-dos humanitários, se não são os dias, nem os anos ou os séculos, poderiam ter por base as gerações, como alguns fatos tenderiam a fa-zê-lo supor.

Aí não está um sistema; é ainda menos uma teoria, mas uma sim-ples hipótese, uma idéia baseada numa probabilidade, e que um dia poderia servir de ponto de partida para idéias mais positivas.

Mas, perguntarão, se os acon-tecimentos que decidem a sorte da Humanidade, de uma nação, de uma tribo, tem vencimentos regu-lados por uma lei numérica, é a consagração da fatalidade e, então, em que se torne o livre arbítrio do homem? Então o Espiritismo esta-ria errado, quando diz que nada é fatal, e que o homem é o senhor ab-soluto de suas ações e de sua sorte?

Para responder a esta objeção, há que tomar a questão de mais al-to. Digamos, para começar, que o Espiritismo jamais tenha negado a fatalidade de certas coisas e que, ao contrário, sempre a reconheceu. Mas ele diz que essa fatalidade não entrava o livre arbítrio. Eis o que é fácil de demonstrar.

Todas as leis que regem o con-junto dos fenômenos da natureza têm conseqüências naturalmente fatais, isto é, inevitáveis, e essa fa-talidade é indispensável à manu-tenção da harmonia universal. O homem que sofre essas conseqüên-

geralmente bem assistido, foi res-pondido:

“Há, certamente, no conjunto dos fenômenos morais, como nos fenômenos físicos, relações basea-das em números. A lei da concor-dância das datas não é uma quime-ra; é uma das que vos serão revela-das mais tarde, e vos darão a chave das coisas que vos parecem ano-malias. Porque, crede-o bem, a na-tureza não tem caprichos; ela mar-cha sempre com precisão e passo seguro. Aliás, esta lei não é tal qual imaginais; para a compreen-der na sua razão de ser, no seu princípio e na sua utilidade, neces-sitais adquirir idéias que ainda não tendes, e que virão a seu tempo. Pe-lo momento, este conhecimento é prematuro, razão por que não vos é dado. Então, seria inútil insistir. Limitai-vos a recolher os fatos; ob-servai sem nada concluir, com re-ceio de vos confundir. Deus sabe dar aos homens o alimento intelec-tual à medida que estão em estado de o suportar. Trabalhai sobretudo no vosso adiantamento moral, por-que é por este que merecereis pos-suir novas luzes.”

Somos da mesma opinião. Pen-samos, até, que haveria mais in-convenientes do que vantagens em vulgarizar prematuramente uma crença que, em mãos ignorantes, poderia degenerar em abuso e em práticas supersticiosas, por falta do contra-peso de uma teoria racio-nal.

O princípio da concordância das datas é, pois, inteiramente hi-potético; mas se nada é ainda per-mitido afirmar a este respeito, a ex-periência demonstra que na natu-reza muitas coisas estão subordi-nadas a leis numéricas, suscetíveis do mais rigoroso cálculo. Este fato,

“Há, certamente, no conjunto dos fenômenos morais, como nos fenômenos físicos, relações basea-das em números. A lei da concor-dância das datas não é uma quime-ra; é uma das que vos serão revela-das mais tarde, e vos darão a chave das coisas que vos parecem ano-malias. Porque, crede-o bem, a na-tureza não tem caprichos; ela mar-cha sempre com precisão e passo seguro. Aliás, esta lei não é tal qual imaginais; para a compreen-der na sua razão de ser, no seu princípio e na sua utilidade, neces-sitais adquirir idéias que ainda não tendes, e que virão a seu tempo. Pe-lo momento, este conhecimento é prematuro, razão por que não vos é dado. Então, seria inútil insistir. Limitai-vos a recolher os fatos; ob-servai sem nada concluir, com re-ceio de vos confundir. Deus sabe dar aos homens o alimento intelec-tual à medida que estão em estado de o suportar. Trabalhai sobretudo no vosso adiantamento moral, por-que é por este que merecereis pos-suir novas luzes.”

de uma grande importância, talvez possa um dia lançar luz sobre a pri-meira questão. É assim, por exem-plo, que as chances do acaso são submetidas, em seu conjunto, a uma periodicidade de admirável precisão; a maior parte das combi-nações químicas, para a formação dos corpos compostos, dão-se em proporções definidas, isto é, há um número determinado de moléculas de cada um dos corpos elementa-res, e uma molécula a mais ou a menos muda completamente a na-tureza do corpo composto; a cris-talização se opera sob ângulos de uma abertura constante; em astro-nomia os movimentos e as forças seguem progressões de um rigor matemático, e a mecânica celeste é tão exata quanto a mecânica ter-restre; dá-se o mesmo com a refle-xão dos raios luminosos, calóricos e sonoros; é em cálculos positivos que estão estabelecidas as chamas de vida e de mortalidade nos segu-ros.

É certo, pois, que os números estão na natureza e que leis numé-ricas regem a maior parte dos fenô-menos de ordem física. Dá-se o mesmo nos fenômenos de ordem moral e metafísica? É o que seria presunção afirmar, sem dados mais certos do que os que se possuem. Esta questão, aliás, levanta outras que tem a sua importância, e sobre as quais julgamos útil apresentar algumas observações de um ponto de vista geral.

Desde o instante que uma lei numérica rege os nascimentos e a mortalidade das criaturas, não po-deria dar-se o mesmo, mas, então, numa escala mais vasta, para as in-dividualidades coletivas, tais como as raças, os povos, as cidades, etc?

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Vide A Gênese, cap. X, item 7 e se-guintes.

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Setembro 2003 31FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

Fatalidade e Livre ArbítrioFatalidade e Livre Arbítrio

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sua discreção, e se não lhes opuses-sem um freio salutar?

O homem pode, pois, ser livre em suas ações, a despeito da fatali-dade que preside o conjunto; é li-vre numa certa medida, no limite necessário para lhe deixar a res-ponsabilidade de seus atos. Se, em virtude desta liberdade, ele pertur-ba a harmonia por um mal que faz, põe um ponto de parada na marcha providencial das coisas, é o primei-ro a sofrer por isto, e como as leis da natureza são mais fortes do que ele, acaba sendo arrastado na cor-rente; então sente a necessidade de reentrar no bem e tudo retoma o seu equilíbrio. De sorte que a volta ao bem é ainda um ato de livre ar-

bítrio, posto que provocado, mas não imposto, pela fatalidade.

O impulso dado pelas leis da natureza, bem como os limites que elas estabelecem, são sempre bons, porque a natureza é a obra da sabe-doria divina. A resistência a essas leis é um ato de liberdade e essa re-sistência sempre atrai o mal. Sendo o homem livre para observar ou in-fringir essas leis, no que toca a sua pessoa, é, pois, livre de fazer o bem ou o mal. Se pudesse ser fatalmen-te levado a fazer o mal, e não po-dendo essa fatalidade vir senão de

provocado

cias, está, pois, submetido à fatali-dade, em tudo quanto não depende de sua iniciativa. Assim, por exem-plo, deve morrer fatalmente; é a lei comum, à qual não pode subtrair-se e, em virtude dessa lei, pode morrer em qualquer idade, quando chegar a sua hora; mas se, volunta-riamente, apressa a sua morte, pelo suicídio ou por seus excessos, age em virtude de seu livre arbítrio, porque ninguém pode constrangê-lo a o fazer. Deve comer para viver: é a fatalidade; mas se comer além do necessário, pratica um ato de li-berdade.

Em sua cela, o prisioneiro é li-vre de mover-se à vontade, no es-paço que lhe é concedido; mas as paredes que não pode transpor são para ele a fatalidade que lhe res-tringe a liberdade. A disciplina é para o soldado uma fatalidade, pois o obriga a atos independentes de sua vontade, mas não é menos livre em suas ações pessoais, pelas quais é responsável. Assim é com o

homem na natureza. A natureza tem as suas leis fatais, que lhe opõem uma barreira, mas aquém da qual ele pode mover-se à vonta-de.

Porque Deus não deu ao ho-mem uma liberdade completa? Por-que Deus é como um pai previden-te, que limita a liberdade de seus fi-lhos, na medida de seu raciocínio e do uso que dela podem fazer. Se os homens já se servem tão mal da que lhes é concedida, se não sabem governar-se a si mesmos, que seria se as leis da natureza estivessem à

um poder a ele superior, Deus seria o primeiro a infringir as suas leis.

Quem é aquele a quem muitas vezes aconteceu dizer: “Se eu não tivesse agido como agi em tal cir-cunstância, não estaria na posição em que estou; se tivesse que reco-meçar, agiria de outra maneira?" Não era reconhecer que tinha a li-berdade de fazer ou não fazer? Que estava livre para fazer melhor, se se apresentasse a ocasião? Ora, Deus, que é mais sábio do que ele, prevendo os erros, nos quais pode cair, o mau uso que pode fazer de sua liberdade, dá-lhe indefinida-mente a possibilidade de recomeçar pela sucessão de suas existências corporais, e ele recomeçará até que, instruído pela experiência, não mais erre o caminho.

O homem pode, pois, conforme a sua vontade, apressar ou retardar o termo de suas provas, e é nisto que consiste a sua liberdade. Agra-deçamos a Deus não nos ter fecha-do para sempre o caminho da feli-cidade, decidindo a nossa sorte de-finitiva após uma existência efê-mera, notoriamente insuficiente para chegar ao topo da escada do progresso, e de nos haver dado, pe-la fatalidade mesma da reencarna-ção, os meios de adquirir incessan-temente, renovando as provas nas quais fracassamos.

A fatalidade é absoluta para as leis que regem a matéria, porque a matéria é cega; não existe para o Espírito que, ele próprio, é chama-do a reagir sobre a matéria, em vir-tude de sua liberdade. Se as doutri-

indefinida-mente

Há mais inconvenientes do que vantagens em vulgarizar prematuramente uma crença que, em mãos ignorantes, pode degenerar em abuso e em práticas supersticiosas,

por falta do contra-peso de uma teoria racional.

Setembro 2003FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP32

A fatalidade é o freio imposto ao homem por uma vontade superior à sua, e mais sábia que ele, em

tudo o que não é deixado à sua iniciativa.

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tá, pois, submetido a uma lei mate-mática ou, melhor dito, não há aca-so. A irregularidade caprichosa que se manifesta em cada jogada, ou num pequeno número de jogadas, não impede a lei de seguir o seu curso, de onde poder dizer-se que há nessa repartição uma verdadei-ra fatalidade, que preside ao con-junto, é nula, ou pelo menos ina-preciável, para cada jogada isola-da.

Estendemo-nos um pouco no exemplo dos jogos, porque é um dos mais chocantes e dos mais fá-ceis de verificar, pela possibilidade de multiplicar os fatos à vontade,

em curto espaço de tempo. E como a lei ressalta do conjunto dos fatos, foi essa multiplicidade que permi-tiu reconhecê-la, sem o que é pro-vável que ainda se a ignorasse.

A mesma lei pode ser observa-da com precisão nas chances de mortalidade. A morte, que parece ferir indistintamente e às cegas, não segue menos, em seu conjunto, uma marcha regular e constante, segundo a idade. Sabe-se, a propó-sito, que tantos de um a dez anos, tantos de dez a vinte, tantos de vin-te a trinta, e assim por diante; ou então que após um período de dez anos, o número dos sobreviventes será de tantos de um a dez anos, tantos de dez a vinte, etc. Causas acidentais de mortalidade podem momentaneamente perturbar esta ordem, como no jogo a saída de uma longa série da mesma cor rompe o equilíbrio. Mas se, em vez de um período de dez anos ou de um número de mil indivíduos, es-

os números pares e ímpares e com todas as chances ditas duplas. Se, em lugar de duas cores, houver três, haverá um terço de cada; se forem quatro, um quarto, etc. Mui-tas vezes a mesma cor sai por série de duas, três, quatro, cinco, seis ve-zes seguidas; num certo número de jogadas, haverá tantas séries de duas vermelhas, quanto de duas pretas, tantas de três vermelhas quanto de três pretas, e assim por diante; mas as jogadas de duas a metade menos numerosas do que as metades de uma; as de três, um terço das de uma; as de quatro, um quarto, etc.

Nos dados, como estes têm seis faces, jogando-o sessenta vezes, chegar-se-á a dez vezes um ponto, dez vezes dois pontos, dez vezes três pontos e assim com os outros.

Na antiga loteria de França, ha-via noventa números colocados numa roda; tiravam-se cinco de ca-da vez. Os registros de vários anos constataram que cada número ha-via sido na proporção de um nona-gésimo e cada dezena na propor-ção de um nono.

A proporção é tanto mais exata quanto mais considerável o núme-ro de jogadas. Em dez ou vinte jo-gadas por exemplo, pode ser muito desigual, mas o equilíbrio se esta-belece à medida que aumenta o nú-mero, e isto com uma regularidade matemática. Sendo isto um fato constante, é bem evidente que uma lei numérica preside a essa reparti-ção, quando abandonada a si mes-ma e que nada vem forçá-la ou en-travá-la. O que se chama acaso es-

nas materialistas fossem verdadei-ras, seriam a mais formal consa-gração da fatalidade; porque se o homem fosse apenas matéria, não poderia ter iniciativa. Ora, se lhe concedeis iniciativa, seja no que for, é que ele é livre; e se é livre, é que tem em si algo além da maté-ria. Sendo o materialismo a nega-ção do princípio espiritual, é, por isso mesmo, a negação da liberda-de. E - contradição bizarra! - os próprios materialistas, que procla-mam o dogma da fatalidade, são os primeiros a se prevalecer para constituí-lo em título para a sua li-berdade; a reivindicá-la como um direito na sua mais absoluta pleni-tude, junto aos que a comprimem e isto sem suspeitar que é reclamar o privilégio do Espírito, e não da ma-téria.

Aqui se apresenta outra ques-tão. A fatalidade e a liberdade são dois princípios que parecem exclu-ir-se. A liberdade da ação indivi-dual é compatível com a fatalidade das leis que regem o conjunto, e es-ta ação não vem perturbar a sua harmonia? Alguns exemplos toma-dos dos mais vulgares fenômenos da ordem material darão a solução do problema evidente.

Dissemos que as chances do acaso se equilibram com uma sur-preendente regularidade. Com efei-to, há um resultado muito conheci-do no jogo do vermelho e preto que, a despeito de sua irregularida-de de saída a cada lançamento, as cores são em número igual ao cabo de certo número de jogadas; isto é, em cem jogadas, haverá cinqüenta vermelhas e cinqüenta pretas; em mil, quinhentas de uma e quinhen-tas de outra, com diferença de pou-cas unidades. Dá-se o mesmo com

Setembro 2003 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP 33

Tendo o homem o livre arbítrio, em nada entra a fatalidade em suas ações individuais

Acaso ou Lei Divina?Acaso ou Lei Divina?

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destino, seria abdicar do julgamen-to de Deus, que lhe deu, para pesar o pró e o contra, a oportunidade ou inoportunidade, as vantagens e os inconvenientes de cada coisa. Se um acontecimento está no destino de um homem, realizar-se-á a des-peito de sua vontade, e será sempre para o seu bem; mas as circunstân-cias da realização dependem do emprego que ele faça de seu livre arbítrio, e muitas vezes ele pode voltar em seu prejuízo o que deve-ria ser um bem, se agir com impre-vidência e se se deixar arrastar por suas paixões. Ele se engana mais ainda se torna o seu desejo ou os desvios de sua imaginação por seu destino tais são as reflexões que nos sugeriram os três ou quatro pe-quenos cálculos de concordância de datas, que nos foram apresenta-dos, e sobre os quais nos pediram conselho. Elas eram necessárias pa-ra demonstrar que em semelhante matéria, de alguns fatos idênticos, não se podia por uma aplicação ge-ral. Aproveitamo-los para resolver, por novos argumentos, a questão da fatalidade e do livre arbítrio.

tende-se a observação a cinqüenta anos e a cem mil indivíduos, en-contrar-se-á o equilíbrio restabele-cido.

De acordo com isto é permitido supor que todas as eventualidades que parecem efeito do acaso, na vi-da individual, como na dos povos e da Humanidade, são regidas por leis numéricas, e que o que falta para as conhecer é poder abarcar de um golpe de vista uma massa bastante considerável de fatos, e um lapso de tempo suficiente.

Pela mesma razão nada haveria de absolutamente impossível que o conjunto dos fatos de ordem moral e metafísica fosse igualmente su-bordinado a uma lei numérica, cu-jos elementos e as bases, até agora, nos são totalmente desconhecidos. Em todo o caso, vê-se, pelo que precede, que essa lei ou, se se qui-ser, essa fatalidade do conjunto, de modo algum eliminaria o livre ar-bítrio. É o que nos tínhamos pro-posto demonstrar. Não se exercen-do o livre arbítrio senão sobre pon-tos isolados de detalhe, não entra-varia a realização da lei geral, quanto a irregularidade da saída de cada número não entrava a repar-tição proporcional desses mesmos números sobre um certo número de jogadas. O homem exerce o seu li-vre arbítrio na pequena esfera de sua ação individual; esta pequena esfera pode estar na confusão, sem que isto a impeça de gravitar no conjunto segundo a lei comum, as-sim como os pequenos remoinhos causados nas águas de um rio, pe-los peixes que se agitam, não impe-dem a massa das águas de seguir o curso forçado que lhes imprime a lei da gravitação.

Tendo o homem o livre arbítrio, em nada entra a fatalidade em suas ações individuais; quanto aos acontecimentos da vida privada,

que por vezes parecem atingi-lo fa-talmente, tem duas fontes bem dis-tintas: uns são conseqüência direta de sua conduta na existência pre-sente; muitas pessoas são infelizes, doentes, enfermas por sua falta; muitos acidentes são resultado da imprevidência; ele não pode quei-xar-se senão de si mesmo e não da fatalidade ou, como se diz, de sua má estrela. Os outros são inteira-mente independentes da vida pre-sente e parecem, por isto mesmo, devidos a uma certa fatalidade. Mas, ainda aqui o Espiritismo nos demonstra que essa fatalidade é apenas aparente, e que certas posi-ções penosas da vida têm sua razão de ser na pluralidade das existênci-as. O Espírito as escolheu volunta-riamente na erraticidade, antes de sua encarnação, como provações para o seu adiantamento. Elas são, pois, produto do livre arbítrio, e não da fatalidade. Se algumas ve-zes são impostas, como expiação, por uma vontade superior, é ainda por força das más ações voluntari-amente cometidas pelo homem em sua existência precedente, e não como conseqüência de uma lei fa-tal, pois que ele poderia ter evita-do, agindo de outro modo.

A fatalidade é o freio imposto ao homem por uma vontade supe-rior à sua, e mais sábia que ele, em tudo o que não é deixado à sua ini-ciativa. Mas ela jamais é um entra-ve no exercício de seu livre arbí-trio, no que toca as suas ações pes-soais. Ela não pode impor-lhe nem o mal, nem o bem; desculpar uma ação má qualquer pela fatalidade ou, como se diz muitas vezes, pelo

Transcrito do Artigo:1) A ciência da concordância dos números e a fatalidade. Kardec, Allan. Revista Espírita. Julho de 1868. Páginas 193 à 201. Tradução de Júlio Abreu Filho. Ed. Edicel.

A fatalidade é absoluta para as leis que regem a matéria, porque a matéria é cega; não existe para o Espírito que, ele próprio, é chamado a reagir sobre a

matéria, em virtude de sua liberdade

Vide O Evangelho Segundo o Espiri-tismo, cap. V, item 1 a 11.

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Setembro 200334 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

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VINHA DE LUZ

Vê, pois"Vê, pois, que a luz que há em

ti não sejam trevas." Jesus.(Lucas 11:35)

Emmanuelpsic. Chico Xavier

Emmanuelpsic. Chico Xavier

Vinha de Luz III. Cap. 33. Ed. FEB.Vinha de Luz III. Cap. 33. Ed. FEB.

Há ciência e há sabedoria, inteligência e conhecimento,

intelectualidade e luz espiritual.

Geralmente, todo homem de raciocínio fácil é

interpretado à conta de

mais sábio, no entanto, há que distinguir.

O homem não possui ainda qualidades para

registrar a verdadeira luz.

Daí, a necessidade de prudência e vigilância.

Em todos os lugares, há industriosos e entendidos,

conhecedores e psicólogos.

Muitas vezes, porém, não passam de oportunistas

prontos para o golpe do interesse inferior.

Quantos escrevem livros abomináveis,

espalhando veneno nos corações?

Quantos se aproveitam do rótulo da própria caridade

visando extrair vantagens à ambição?

Não bastam o engenho e a habilidade. Não satisfaz a

simples visão psicológica. É preciso luz divina.

Há homens que, num instante, apreendem toda a extensão dum

campo, conhecem-lhe a terra, identificam-lhe o valor.

Há, todavia, poucos homens que se apercebem de tudo isso e se disponham

a suar por ele, amando-o antes de explorá-lo,

dando-lhe compreensão antes da exigência.

Nem sempre a luz reside onde a opinião comum pretende observá-la.

Sagacidade não chega a ser elevação, e o poder expressivo apenas é

respeitável e sagrado quando se torna ação

construtiva com a luz divina.

Raciocina, pois, sobre a própria vida.

Vê, com clareza, se a pretensa claridade que há em ti

não é sombra de cegueira Espiritual.

Há ciência e há sabedoria, inteligência e conhecimento,

intelectualidade e luz espiritual.

Geralmente, todo homem de raciocínio fácil é

interpretado à conta de

mais sábio, no entanto, há que distinguir.

O homem não possui ainda qualidades para

registrar a verdadeira luz.

Daí, a necessidade de prudência e vigilância.

Em todos os lugares, há industriosos e entendidos,

conhecedores e psicólogos.

Muitas vezes, porém, não passam de oportunistas

prontos para o golpe do interesse inferior.

Quantos escrevem livros abomináveis,

espalhando veneno nos corações?

Quantos se aproveitam do rótulo da própria caridade

visando extrair vantagens à ambição?

Não bastam o engenho e a habilidade. Não satisfaz a

simples visão psicológica. É preciso luz divina.

Há homens que, num instante, apreendem toda a extensão dum

campo, conhecem-lhe a terra, identificam-lhe o valor.

Há, todavia, poucos homens que se apercebem de tudo isso e se disponham

a suar por ele, amando-o antes de explorá-lo,

dando-lhe compreensão antes da exigência.

Nem sempre a luz reside onde a opinião comum pretende observá-la.

Sagacidade não chega a ser elevação, e o poder expressivo apenas é

respeitável e sagrado quando se torna ação

construtiva com a luz divina.

Raciocina, pois, sobre a própria vida.

Vê, com clareza, se a pretensa claridade que há em ti

não é sombra de cegueira Espiritual.

Há ciência e há sabedoria, inteligência e conhecimento,

intelectualidade e luz espiritual.

Geralmente, todo homem de raciocínio fácil é

interpretado à conta de

mais sábio, no entanto, há que distinguir.

O homem não possui ainda qualidades para

registrar a verdadeira luz.

Daí, a necessidade de prudência e vigilância.

Em todos os lugares, há industriosos e entendidos,

conhecedores e psicólogos.

Muitas vezes, porém, não passam de oportunistas

prontos para o golpe do interesse inferior.

Quantos escrevem livros abomináveis,

espalhando veneno nos corações?

Quantos se aproveitam do rótulo da própria caridade

visando extrair vantagens à ambição?

Não bastam o engenho e a habilidade. Não satisfaz a

simples visão psicológica. É preciso luz divina.

Há homens que, num instante, apreendem toda a extensão dum

campo, conhecem-lhe a terra, identificam-lhe o valor.

Há, todavia, poucos homens que se apercebem de tudo isso e se disponham

a suar por ele, amando-o antes de explorá-lo,

dando-lhe compreensão antes da exigência.

Nem sempre a luz reside onde a opinião comum pretende observá-la.

Sagacidade não chega a ser elevação, e o poder expressivo apenas é

respeitável e sagrado quando se torna ação

construtiva com a luz divina.

Raciocina, pois, sobre a própria vida.

Vê, com clareza, se a pretensa claridade que há em ti

não é sombra de cegueira Espiritual.

Há ciência e há sabedoria, inteligência e conhecimento,

intelectualidade e luz espiritual.

Geralmente, todo homem de raciocínio fácil é

interpretado à conta de

mais sábio, no entanto, há que distinguir.

O homem não possui ainda qualidades para

registrar a verdadeira luz.

Daí, a necessidade de prudência e vigilância.

Em todos os lugares, há industriosos e entendidos,

conhecedores e psicólogos.

Muitas vezes, porém, não passam de oportunistas

prontos para o golpe do interesse inferior.

Quantos escrevem livros abomináveis,

espalhando veneno nos corações?

Quantos se aproveitam do rótulo da própria caridade

visando extrair vantagens à ambição?

Não bastam o engenho e a habilidade. Não satisfaz a

simples visão psicológica. É preciso luz divina.

Há homens que, num instante, apreendem toda a extensão dum

campo, conhecem-lhe a terra, identificam-lhe o valor.

Há, todavia, poucos homens que se apercebem de tudo isso e se disponham

a suar por ele, amando-o antes de explorá-lo,

dando-lhe compreensão antes da exigência.

Nem sempre a luz reside onde a opinião comum pretende observá-la.

Sagacidade não chega a ser elevação, e o poder expressivo apenas é

respeitável e sagrado quando se torna ação

construtiva com a luz divina.

Raciocina, pois, sobre a própria vida.

Vê, com clareza, se a pretensa claridade que há em ti

não é sombra de cegueira Espiritual.