Na Prática Edição 31

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edição 31 abril/2013 Produção laboratorial do Curso de Jornalismo da Universidade Metodista de Piracicaba - Unimep Se reduzirem muito a maioridade penal, vai ter Maternidade de Segurança Máxima!” Novo papa, excomunhão de padre e os acalorados embates de opiniões na sociedade reacendem a esperança de diálogo e aceitação da união homoafetiva nas religiões mais tradicionais. P. 3 À espera de mudanças Casamento entre homossexuais enfrenta resistência na maioria das igrejas; pressão por mudanças provoca debates Wagner Gonçalves Divulgação Governo federal quer parti- cipação da sociedade civil na avaliação da classificação indi- cativa do conteúdo exibido na televisão brasileira. P. 9 Nas mãos da sociedade Eduardo Freire/Cleberson Adão Exemplo de superação Estudante de Educação Física da Unimep dribla as dificuldades para conquistar vitórias representando Piracicaba. P. 16 Falta de sinalização e o desrespeito dos motoristas dividem espaço com quem se arrisca a usar as ciclofaixas em Piracicaba. P. 7 Jovens no comando Empreendedores com idade entre 18 e 34 anos foram responsáveis por 52% dos novos negócios em 2012. Mais de nove milhões de micro e pequenas empresas no Brasil são comandadas pela geração que tem como maior desafio não parar de inovar. P. 4 Softwares gratuitos contribuem para que deficientes visuais tenham mais independência. P. 6 Inclusão social Distante do ideal Renata Prestello coleciona medalhas conquistadas em competições de natação e atletismo Elisabete Alhadas Veja os comentários que bombaram nas redes sociais sobre assuntos polêmicos da região e do Brasil. P. 8 urtidas

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Jornal laboratorial do Curso de Jornalismo da Unimep

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edição 31abril/2013

Produção laboratorial do Curso de Jornalismo da Universidade Metodista de Piracicaba - Unimep

Se reduzirem muito a maioridade penal, vai ter Maternidade de Segurança Máxima!”

Novo papa, excomunhão de padre e os acalorados embates de opiniões na sociedade reacendem a esperança de diálogo e aceitação da união homoafetiva nas religiões mais tradicionais. P. 3

À espera de mudanças

Casamento entre homossexuais enfrenta

resistência na maioria das igrejas; pressão por

mudanças provoca debates

Wagner Gonçalves

Div

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ção

Governo federal quer parti-cipação da sociedade civil na avaliação da classificação indi-cativa do conteúdo exibido na televisão brasileira. P. 9

nas mãos da sociedade

Eduardo Freire/Cleberson Adão

Exemplo de superaçãoEstudante de Educação Física da Unimep dribla as dificuldades para conquistar vitórias representando Piracicaba. P. 16

Falta de sinalização e o desrespeito dos motoristas dividem espaço com quem se arrisca a usar as ciclofaixas em Piracicaba. P. 7

Jovens no comandoEmpreendedores com idade entre 18 e 34 anos foram responsáveis por 52% dos novos negócios em 2012. Mais de nove milhões de micro e pequenas empresas no Brasil são comandadas pela geração que tem como maior desafio não parar de inovar. P. 4

Softwares gratuitos contribuem para que deficientes visuais tenham mais independência. P. 6

inclusão social

distante do ideal

Renata Prestello coleciona medalhas conquistadas

em competições de natação e atletismo

Elisabete Alhadas

Veja os comentários que bombaram nas redes sociais sobre assuntos polêmicos da região e d o Brasil. P. 8

urtidas

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2 Abril/2013 • edição 31

Romeu [email protected]

No Brasil, se um menor de idade confessar ter matado alguém tem como sentença máxima três anos de internação e depois é liberado

como réu primário, ou seja, com a ficha limpa. Mes-mo que o jovem cometa a pior das atrocidades, a lei brasileira, baseada na Constituição e no ECA (Estatu-to da Criança e do Adolescente), prevê que o jovem infrator realize medidas socioeducativas apenas du-rante o período em que estiver internado.

A morte de Vitor Hugo, em São Paulo, por um ra-paz que completou 18 anos três dias depois do crime, reascendeu no país as discussões acerca da redução da maioridade penal. As medidas socioeducativas descritas no ECA são tão “coloridas” que é quase impensável ao infrator não retornar aos delitos. As

medidas dizem, por exemplo, que quando internados, os infratores devem: receber escolarização e profis-sionalização, realizar atividades culturais, esportivas e de lazer, serem tratados com respeito e dignidade e até ter acesso aos meios de comunicação social. Deus do céu, tudo o que deveriam ter recebido antes de cometerem algum erro. Ou a família falhou, o que é provável, ou certamente os governos negligenciaram em oferecer isso aos jovens.

À família de Vitor Hugo e outras tantas vítimas dessa defasada lei fica a interpretação de «benefício» a quem pratica o crime, ou até de incentivo aos que se aprovei-tam das brechas. Na conta básica da isonomia, princípio básico da Justiça, quem é que pagará cabalmente por barbáries tão comuns atualmente? A família de Vitor Hugo é vitimada duplamente, e sem ao menos ter chance de argumentar porque a lei, no momento, é irretocável.

Como diria Rousseau, «todo homem nasce bom, a

sociedade é que o corrompe». Infelizmente, a pureza dos adolescentes é dragada pelo ambiente inescrupu-loso e imoral no qual são criados ou com os quais se relacionam. Provavelmente por essa razão, o nível de reincidência entre os menores infratores é altíssimo. Grande parte deles é usada na terceirização do crime, uma vez que está imune das punições mais rígidas se apreendidos pela polícia.

A redução da maioridade penal poderá superlotar ainda mais nossas cadeias e produzir ainda mais mar-ginais, devido à incompetência de nossos governos com o cuidado do antes, durante e depois de nossos jovens infratores. Entretanto, ao que tudo indica, não há outra forma senão pela coerção, rigidez e punição, de coibir novos e novos assassinatos, nos quais o réu confesso está impossibilitado legalmente de pagar pelo que fez mediante à gravidade de seu crime, mes-mo que utopicamente o queira.

“Precisamos retirar a comunidade LGBT da invisibilidade”, este foi o alerta da ministra Maria do

Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH), duran-te audiência pública no Senado Federal. Na ocasião, a ministra pediu aos senadores que votassem o projeto de lei que criminaliza o ódio e a intolerância contra os homossexu-ais, entregue à Comissão de Direitos Huma-nos, no dia 16 de abril.

O ato surge no período em que a discussão pelos direitos da comunidade LGBT está em evidência, frente às polêmicas geradas pela chegada do pastor Marcos Feliciano à Pre-sidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias. Entretanto, as manifestações de religiosos sobre homossexuais feitas dentro de templos não são contempladas no Proje-to de Lei Complementar. A reportagem “Em nome da tolerância” fomenta essa discussão ao trazer diferentes pontos de vista de líderes religiosos da região sobre a possibilidade de a homossexualidade ser natural.

EXPEDIENTE

Jornal Laboratorial dos alunos do5º semestre de Jornalismo da Unimep

Reitor:Prof. Dr. Gustavo Jacques Dias AlvimDiretor da Faculdade de Comunicação:Belarmino César Guimarães da CostaCoordenador do Curso de Jornalismo:Paulo Roberto BotãoEdição:João Turquiai JuniorMTB 39.938Editoras assistentes:Jéssica Rodrigues dos SantosJuliana Goulart FernandesEditora assistente de fotografia:Jamile Ferraz de Campos CorreaEditora de web:Thais Rejane NascimentoRedatores:Laís Menegati SchiavolinWagner GonçalvesRepórteres:Arthur Nunes, Bárbara Fernanda da Silva, Carla Lauton, Cláudia Assêncio de Campos, Eduardo Marins Freire, Elisabete Alhadas, Gustavo Vargas, Junior Campos, Larissa Israel, Luana Ruiz, Caroline Ribeiro, Paula Amaral, Natália Zanini, Saulo de Assis, Wagner GonçalvesArte Gráfica:Sérgio Silveira Campos(Lab. Plan. Gráfico/Unimep)Contato:[email protected]

Tiragem:1.000 exemplares

Proteção aos delinquentes

Além da reportagem que apresenta a visão das religiões sobre a união homoafetiva, a edição 31 do jornal Na Prática propõe a você leitor momentos de (re) descobrimento. Em entrevista ao repórter Arthur Nunes, o ro-teirista da HQ História do Brasil em Qua-drinhos, Edison Rossato, fala do desafio de produzir uma revista didática, voltada ao pú-blico infantil, e de adaptar a narrativa histó-rica, com boa dose de humor, a um formato já bastante conhecido dos pequenos.

Do passado à atualidade, a HQ caracteriza a diversidade étnica brasileira, por meio de suas personagens, e contempla um tema importan-te, a inclusão social. Assunto também retratado em nossas páginas com a história de superação da jovem atleta Renata Prestello. Outra (re) descoberta por parte dos jovens é o empreen-dedorismo, seguimento antes restrito aos pro-fissionais mais experientes. O mercado empre-sarial, segundo dados do Sebrae (Serviço de Apoio às Micros e Pequenas Empresas), teve os jovens à frente da maioria dos empreendi-mentos iniciados em 2012. Boa leitura!

Tempo de (re) descobrimentos

editorial

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edição 31• Abril/2013 3

WaGNeR GoNÇ[email protected]

A renúncia do Papa Bento XVI e os rumores de que tal decisão, iné-dita na história, teve, entre seus

componentes, a resistência do pontífice em discutir assuntos polêmicos da con-temporaneidade, como a união homoa-fetiva, reacendeu a esperança nos fiéis, católicos ou não, em ter esses temas de-batidos sem preconceito e com tolerância.

Na ocasião da renúncia, a Organização de Homossexuais Católicos Norte-Ameri-cana disse que espera do novo líder um tra-balho fundamentado no diálogo acima do conformismo. Em comunicado, a organiza-ção pede “fim às declarações que infligem feridas em pessoas já marginalizadas, des-prezadas como não totalmente humanas”.

O jornal Na Prática conversou com religiosos sobre o tema, que ganhou fô-lego com a excomunhão do padre Rober-to Francisco Daniel, 48 anos, de Bauru. A Igreja Católica excomungou o pároco após declarações dele de apoio a homos-sexuais. Tida como “prática abominável aos olhos de Deus”, muitos padres e pastores, ao longo dos anos reco-mendavam o afastamento de possí-veis “tentações”.

Segundo o pastor da Igreja de Confissão Luterana de Rio Cla-ro, Luiz Carlos Oliveira, há líde-

comportamento

líderes religiosos admiTem a necessidade de se discuTir a união homoafeTiva

tolerânciaem nome da

res que orientam os fiéis homossexuais que “busquem a cura”. Orientação não aprovada por Oliveira, já que ainda não se comprovou que a homossexualidade é uma opção sexual. “Se é algum traço natural destas pessoas, não é possível mudar”, afirma acrescentando que na Suécia, a Igreja Luterana realiza o casa-mento gay.

“O respeito e, principalmente o amor ao próximo, tratando-o como filho de Deus é a base fundamental”, disse o pa-dre da Catedral Nossa Senhora das Do-res, de Limeira, José Ângelo Mirandola Bryan. Para o pároco, é preciso aceitar as

pessoas da maneira como elas são de

fato, sem repri-mi-las. “Ape-

O que diz a Bíblia

Há divergências entre os fiéis so-bre a questão da homossexualidade, por enxergarem como uma prática “pecaminosa”, considerando passa-gens bíblicas. O padre José Ângelo Mirandola Bryan, da Catedral Nos-sa Senhora das Dores de Limeira, afirma que os versículos descrevem tais atitudes como impuras, e que “a Palavra não muda”. “Por isso, não acredito que haja aceitação do papa quanto a este tipo de união”, diz.

Por outro lado, o pastor Luiz Carlos Oliveira afirma que a sagra-da escritura desconhece qualquer referência à união homoafetiva. “Apenas os desvios promíscuos, praticados na antiguidade é que são descritos desta forma. Se o batismo e a comunhão são oferecidos aos homossexuais, por que não promo-ver a benção matrimonial?”, reflete.

Não acredito que alguém escolha

viver assim,é sofrido demais”

Prática pecaminosa? Religiosos têm diferentes interpretações sobre passagem bíblica

Wag

ner G

onça

lves

nas Deus conhece o íntimo de cada um de nós. É o Único que pode julgar”, pondera.

Para o pastor Osvaldo Elias de Oli-veira, da Igreja Metodista, de Limeira a “complexa problemática sociocultural” exige olhar humilde para entender os ho-mossexuais. “Muitos jovens desconhe-cem a dimensão do compromisso de uma união matrimonial. Por isso, é necessário que haja plena certeza da condição sexual para sustentar as adversidades, que in-cluem resistências sociais”, avalia.

“Não acredito que alguém escolha viver assim. É sofrido demais, pelo preconcei-to. Seria muito fácil ser heterossexual”, argumenta Jéferson Novaes, 21, estudante de Psicologia, membro da Igreja Batista e homossexual assumido. Há dois anos, quando abordou o assunto com pastor da comunidade a qual participava, sentiu-se culpado. “Era como se eu estivesse conde-nado ao inferno, pois diziam que eu tinha desvio para o mal”, lembra.

E você, o que acha sobre o polêmico assunto? É favorável a união estável entre homossexuais? Apoia a Igreja Católica? Envie sua opinião para o e-mail [email protected]

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4 Abril/2013 • edição 31

Saulo de [email protected]

O publicitário Arthur Rosolen tinha 21 anos quando abriu seu negócio. Prestes a terminar o curso de Pu-

blicidade e Propaganda, juntou a vontade de abrir uma empresa com o investimento de um amigo e criou a Marc, agência de comunicação visual. Rosolen faz parte de um grupo que cresceu bastante em 2012: o de jovens empreendedores.

De acordo com pesquisa nacional feita pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) em par-ceria com o instituto Global Entrepre-neurship Monitor (GEM), os jovens de 18 a 34 anos foram responsáveis no ano passado por 52% dos novos negócios. Em 2011, este número era inferior a 40%. No total, esta faixa etária comanda mais de nove milhões de micro e pequenas em-presas no Brasil. A pesquisa realizada não dispõe de dados regionais.

“Hoje, os jovens largam empregos para abrirem empresas com mais frequência. Contam com a vantagem de casos de su-

cesso que servem de inspiração e referên-cia, especialmente na hora de identificar os erros. São antenados, conectados e com nível mais elevado de escolaridade”, explica Antonio Ribeiro, gerente do escri-tório regional do Sebrae em Piracicaba.

Esta não é a única explicação para o crescimento. Ribeiro também destaca a boa fase econômica do país como fator que estimula a abertura de novas empresas. “O dinamismo da economia brasileira nos úl-timos 10 anos também serve de impulso para os jovens, que identificam no merca-do uma oportunidade de inovação partindo de necessidades individualizadas”.

Para Leda Favoretto, coordenadora do Núcleo de Jovens Empreendedores da diretoria do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de Santa Bárbara d’ Oeste, o jovem empreendedor de hoje tem como principal característica a per-sistência. “Ele não perde a oportunidade, acredita em seu projeto, investe em algo pequeno, vai atrás de clientes e, mesmo com dificuldades, não desiste, conquis-tando devagar o seu espaço ao longo dos anos”, avalia.

economia

Jovens empreendedores já representam mais da metade dos novos negócios

Para esPecialisTa, inovação e moTivação são faTores fundamenTais Para eviTar o fechamenTo de novas emPresas

Condições econômicas, persistência e conhecimento, no entanto, podem não ga-rantir o sucesso de um negócio. Segundo pesquisa do Sebrae, 27 em cada 100 em-presas no país fecham as portas antes de completar dois anos. Para não fazer parte deste número, Ribeiro aponta fatores fun-damentais. “Os jovens empreendedores não podem parar de inovar. A inovação garante competitividade e evita que a empresa caia na estagnação. A motivação profissional também é importante para manter os negó-cios sempre reinventados”, analisa.

Inovação garantecompetitividade eevita que a empresacaia na estagnação”

Jovens Empreendedores e os novos negóciosEvolução do número de novas empresas abertas por jovens de 18 a 34 anos

O que dizem os especialistasO aumento é reflexo do dinamismo da economia brasileira nos últ imos dez anos e da legislação mais simplificada. Além disso, os jovens estão mais dispostos a correr riscos.

Fonte: Sebrae e GEM (Global Enterpreneurship Monitor)

Maiores di�culdades

28,6%

39,6%

52,1%

2011 20122002

Além da comunicação com clientes, a dificuldade em planejar e contro-lar a gestão de uma empresa também pode atrapalhar os jovens empreendedores.

“Ele precisa ter pé-no-chão primeira-mente na capacidade financeira, ser visio-nário, acreditar em seu novo projeto, ter liderança, muita força de vontade e certe-za do que quer encarar”, completa Leda.

Um fator importante para o sucesso de novas empresas é também o conhecimen-to em gestão empresarial. De olho nisso, a jornalista Michele Trevisan, que está abrindo seu próprio negócio na área de moda, já se prepara. “Para chegar à deci-são de que realmente investiria no ramo, fiz um estudo do mercado e um curso de Gestão de Negócio. Tenho me preparado com muita calma. Quero colocar cada ti-jolinho com muito cuidado para ter a cer-teza de que estou erguendo uma estrutura forte”, explica.

Com base em sua experiência como empresário, Rosolen dá a dica para quem quer ter seu próprio negócio. “Um jovem empreendedor deve ser responsável, ter expectativa, apresentar suas ideias aos outros, mostrar para o que veio e ter o pé no chão, sem nunca esquecer seu sonho de voar alto e não desistir”.

Sau

lo d

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ssis

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edição 31• Abril/2013 5

CaRla [email protected]

Aos 31 anos, o publicitário Felipe Bernardino deixou sua banda e abriu uma loja virtual. Por dez

anos, Bernardino viajou por várias cida-des e estados se apresentando com sua banda show em bailes de formatura, jun-to com seu pai e irmão. Mas ele já não estava contente. “De um tempo pra cá, eu já estava desanimado com esse mercado. Minha rentabilidade já não era mais a mesma. Meu descontentamento era ex-plícito”, comenta.

A mãe do publicitário tem um comér-cio de calçados há mais de 20 anos em Piracicaba e sempre pediu para Bernardi-no fazer um site para a loja. “Minha mãe sempre me pedia para montar um site que apresentasse a loja e os produtos”, explica.

Na metade do ano passado, um ami-go de Bernardino começou a ajudar no marketing da banda e comentou sobre clientes que abriram lojas virtuais. “Ele comentava como seus clientes de e-com-merce estavam bem em seus negócios. Muitos haviam mudado bruscamente suas profissões para se dedicar a uma loja on-line”, lembra.

Bernardino então resolveu se dedicar ao comércio on-line. “Logo que o ano de 2013 começou tomei a frente de um novo pensamento. Parar com o trabalho da banda e criar uma loja virtual, sendo esta uma extensão da loja física da minha mãe”, conta.

e-commerce

Procura por comércio on-line aumenta 29% em 2012

De acordo com pesquisa feita pela em-presa E-bit, o e-commerce brasileiro teve aumento de 29% em 2012, movimentan-do R$ 24,12 bilhões em vendas on-line. Segundo dados divulgados pela consul-toria italiana Translated, o Brasil será o 4º e-commerce mundial em 2016, movi-mentando R$ 45 bilhões.

Aline Haitman, 30, é publicitária e trabalha em uma agência que ajuda a desenvolver lojas virtuais. Segundo ela, nos últimos dois anos houve aumento na procura de pessoas para abrir um e-com-merce. “Há muitas vantagens em se ter uma loja on-line. O baixo investimento para começar o negócio, você pode ge-renciar de qualquer lugar, fica 24h aberto e vende para o Brasil inteiro”, diz.

O investimento em uma loja virtual fica entre R$ 5 mil e R$ 10 mil”

Brasil será o 4º País com maior número de vendas Pela inTerneT em 2016

Aline explica que quem quer começar uma loja on-line precisa se programar. “Para abrir um e-commerce é necessário investir em um bom computador, fotos profissionais do produto, legalização ini-cial pelo MEI (Microempreendedor Indi-vidual), embalagem de envio e o estoque inicial. O investimento fica entre R$ 5 mil e R$ 10 mil, o que é baixo custo mediante a abertura de uma empresa física”.

A publicitária ressalta que, quem quer abrir seu negócio on-line, precisa ter um foco. “Mesmo sendo um investimento de baixo custo existem outros fatores a serem observados. Basicamente uma loja virtual vai precisar dos mesmos cuidados que uma empresa física, às vezes até mais, depen-dendo do caso e público a ser atingido”.

As vendas pela internet movimentaram R$ 24,12 bilhões no Brasil em 2012; lojas funcionam 24 horas e podem ser gerenciadas de qualquer lugar

Carla Lauton

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6 Abril/2013 • edição 31

laRiSSa [email protected]

São muitos os recursos utilizados hoje para inserção de deficientes visuais na sociedade; alguns velhos

conhecidos do universo da deficiência vi-sual e outros vinculados à introdução da tecnologia. Segundo dados da Organiza-ção Mundial de Saúde, aproximadamente 40 milhões de pessoas apresentam defi-ciência visual no mundo, e com a ajuda de desenvolvimentos tecnológicos, o abismo que impede a integração de pes-soas com necessidades especiais diminui gradativamente.

Com o avanço tecnológico e ações ino-vadoras, o desenvolvimento de softwares voltados às necessidades de deficientes visuais revolucionaram o mercado para os portadores de deficiência visual. Os pro-dutos vão desde sistemas até artigos de robótica. “A tecnologia ajuda a nos tornar-mos mais independentes”, diz o deficiente

Anderson Luiz do Nascimento, 29.Na internet é possível encontrar

programas gratui-tos que transformam em áudio o conteúdo disponibilizado nos aparelhos eletrônicos. “Hoje nós consegui-mos ter acesso a to-dos os meios sociais, pela tecnologia. Com a ajuda dos leitores de tela, chegamos a qualquer informação.Os conteúdos de li-vros, por exemplo, nem sempre são en-contrados em braile, e com a internet, o conhecimento é mais

acessiblidade

sofTWares esPecialiZados aJudam na inclusão social e acessiBilidade de deficienTes visuais

A tecnologia ajuda a nos tornarmos mais independentes”

Tecnologia a serviço da inclusão social rápido para nós. Agora, os cegos têm ou-

tras opções”, conta Anderson, que tem a deficiência desde o nascimento.

Esses recursos se tornam importantes para a inclusão de deficientes na socie-dade e normalmente são utilizados em escolas de educação especial. “Os co-mandos geralmente são inseridos pelo teclado. Nós instalamos um software e ele transmite o que foi procurado na tela do computador para os alunos, por um comando de voz. Encontramos qualquer tipo de informação escrita, não temos acesso apenas a imagens”, explica o mo-nitor de informática, formado em recur-sos humanos, com especialização na área, André da Silva Nascimento, 23, que tam-bém nasceu com deficiência visual.

As novidades tecnológicas proporcio-nam melhor qualidade de vida para os de-ficientes. O avanço técnico indiretamente tenta suprir a falta de um dos sentidos do-minantes do homem. “Esse mercado vem crescendo bastante, e isso é importante para nós. Encontramos aparelhos que nos ajudam a pegar ônibus; um cabide que fala a cor e o modelo das roupas, disposi-tivos que indicam dinheiro, além dos con-vencionais, celular, tablet, ipad. Isso nos inclui na sociedade”, explica o monitor.

Para a psicóloga Solange Dantas, a tecnologia também acrescenta no de-senvolvimento psicológico de qualquer deficiente. “Vejo esse avanço de forma positiva, desde que não se torne um vício. Esses dispositivos móveis podem ajudar na melhora do deficiente, em questões de autoestima, astral, humor”, afirma.

Feliz com as inovações, a ourives Ju-liana Caprara, 26, ressalta a importância de se investir nesse segmento. ”Eu nasci com essa deficiência, mas com o passar dos anos, e com essas novidades, minha rotina mudou. Hoje consigo ler e escre-ver sem precisar contar com a ajuda de alguém, o deficiente visual deve ser visto como uma pessoa comum, que enfrenta barreiras, passa por obstáculos, dificulda-des e conquista seus sonhos como qual-quer pessoa”, considera.

Programas gratuitos transformam em áudio o conteúdo oferecido em aparelhos eletrônicos

Laris

sa Is

rael

Shoje para inserção de deficientes visuais na sociedade; alguns velhos

conhecidos do universo da deficiência vi-sual e outros vinculados à introdução da tecnologia. Segundo dados da Organiza-ção Mundial de Saúde, aproximadamente 40 milhões de pessoas apresentam defi-ciência visual no mundo, e com a ajuda de desenvolvimentos tecnológicos, o abismo que impede a integração de pes-soas com necessidades especiais diminui gradativamente.

Com o avanço tecnológico e ações ino-vadoras, o desenvolvimento de softwares voltados às necessidades de deficientes visuais revolucionaram o mercado para os portadores de deficiência visual. Os pro-dutos vão desde sistemas até artigos de robótica. “A tecnologia ajuda a nos tornar-mos mais independentes”, diz o deficiente

Anderson Luiz do Nascimento, 29.Na internet é possível encontrar

aJudam na inclusão social e acessiBilidade de deficienTes visuais

Programas gratuitos transformam em áudio o conteúdo oferecido em aparelhos eletrônicos

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edição 31• Abril/2013 7

CaRoliNe [email protected]

Adotar a bicicleta como princi-pal meio de transporte ainda é um desafio para a população de

Piracicaba. Além de ser desrespeitado pelos condutores de veículos, o ciclista precisa desviar de calçadas esburacadas, estar sempre atento e, mesmo em locais destinados ao lazer, enfrentar problemas como o abandono das ciclofaixas, a falta de fiscalização e os carros que circulam sobre elas a todo o momento. A reporta-gem do jornal Na Prática percorreu a ci-dade, flagrou irregularidades e observou questões que devem ser melhoradas para o tráfego das bicicletas.

Na primeira ciclofaixa visitada, que percorre as avenidas Beira Rio, Alidor Pecorari e Presidente Kennedy, no Parque da Rua do Porto, e compreende diversos pontos turísticos da cidade, o principal problema é a divisão das faixas com a grande quantidade de veículos e pessoas que passam por lá aos finais de semana. Durante buscas por vagas para estacionar, os motoristas atrapalham os ciclistas e os obrigam a circular pela calçada.

cotidiano

O vigia Benedito Antonio Baptistini, 66, utiliza a bicicleta para trabalhar há 12 anos e acredita que outras avenidas deve-riam ser consideradas para instalação das ciclofaixas. “Eu passo por diversas ave-nidas principais da cidade. Infelizmente, nenhuma delas possui espaço apropriado para a passagem de ciclistas. É um risco que corro todos os dias, já que o trânsi-to está cada dia mais preocupante”. Ele acrescentou ainda que já foi atropelado enquanto voltava do trabalho e que, a partir disso, passou a redobrar a atenção durante o trajeto.

Se nesse caso as ciclofaixas estão ins-taladas em locais próximos a áreas de lazer e turismo da cidade, dividindo es-paço com muitas pessoas e automóveis, a instalação da Avenida Paulista e a ciclo-via - espaço em que o ciclista não entra em contato com os veículos - da Avenida Cruzeiro do Sul, na Nova Piracicaba, pa-recem desertas. Ambas estão em bairros nobres e residenciais, refletindo o princi-pal problema do projeto: poucas pessoas as utilizam.

Na terceira e última instalação, pro-blemas estruturais foram encontrados: diversos buracos e mato alto cercavam a ciclofaixa da Avenida Rui Teixeira Men-des, no bairro Morato. Além disso, os ve-ículos que precisam sair da avenida para acessar a Estrada do Boiadeiro passam sobre as faixas e podem acabar atingindo uma pessoa que a esteja utilizando.

Para a doutoranda em ecologia aplica-da, Mirian Rother, os problemas envol-vendo as bicicletas podem ser explicados pela extrema afeição que Piracicaba pos-

sui com os automóveis. “A política públi-ca está voltada somente para viabilizar o tráfego de carros e motos, e não das bici-cletas. Não basta pintar uma faixa na rua e chamá-la de ciclofaixa. Tem de haver todo um planejamento para facilitar a vida de estudantes e trabalhadores que utilizam a bicicleta como meio de transporte. O que menos queremos são locais para lazer e faixas que ligam nada a coisa alguma.”

De acordo com o arquiteto do Ipplap (Instituto de Pesquisas e Planejamento de Piracicaba), Estevam Otero, a bicicle-ta deve ser considerada um complemento ao transporte público da cidade, e não a única opção. “Nenhuma cidade do mun-do possui a bicicleta como único meio de transporte, ainda mais em uma cidade com essa dimensão. Não faz sentido uma pessoa atravessá-la diariamente com a bi-cicleta. Por isso, nosso estudo se baseia no conceito de que ela deve ser acoplada ao transporte público e que ambos possam ser melhorados futuramente”, explica.

A Semuttran (Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes) foi procurada para informar quantos acidentes envol-vendo ciclistas foram registrados na ci-dade no início desse ano. A resposta foi que a autarquia não obtinha os dados no momento. Questionada sobre a fiscaliza-ção e o abandono da ciclofaixas, e sobre o valor investido nas instalações, a secre-taria não se posicionou até o fechamento desta edição.

Conforme dados divulgados pela SSP (Secretaria da Segurança Pública) de São Paulo, os acidentes de trânsito fatais es-tão crescendo em Piracicaba. Somente entre janeiro e fevereiro, sete mortes fo-ram registradas, contra quatro no mesmo período do ano passado. Esses casos en-tram para as estatísticas como homicídio culposo por acidente de trânsito, quando não há intenção de matar, o que inclui co-lisões e atropelamentos.

Veja fotos em:www.soureporter.com.br

a vez do ciclista ficou para a próximamoTorisTas desresPeiTam as ciclofaixas e as Transformam em esPaço desTinado ao Tráfego de veículos em PiracicaBa

Não basta pintar uma faixa na rua e chamá-la de ciclofaixa”

Cena comum em Piracicaba: reportagem flagra motorista invadindo ciclofaixa para

fazer conversão à esquerda

Caroline Ribeiro

Page 8: Na Prática Edição 31

8 Abril/2013 • edição 31

“Essa violência precisa acabar. Tem muita travesti que vem de fora para lucrar aqui e rouba, mata. Isso precisa acabar”Vereadora Madalena (PSDB) de Piracicaba sobre a morte da travesti Abelha em entrevista ao G1 Piracicaba.

“É uma coisa que até meu pai ia gostar de ver”Alexandre Abrão, filho do cantor Chorão, ao comentar no programa Altas Horas, da TV Globo, a apresentação da banda A Banca, formada por ex-integrantes do grupo Charlie Brown Jr.

“Esse gorducho mimado da Coreia do Norte pen-sa que tá jogando War!”

“Se reduzirem muito a maioridade penal, vai

ter Maternidade de Se-gurança Máxima!”

José Simão, colunista do jornal Folha de S. Paulo e da rádio Band News FM,

em @jose_simao12

“Casamento é um homem com uma mulher, o resto é par”

“Me divirto com aqueles que dizem defender a liberdade e possuem um vio-lento preconceito contra os evangélicos, querendo calar nossa opinião kkk”Pastor Silas Malafaia, líder da igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, em @PastorMalafaia.

“Muito obrigada pelas mensagens carinhosas que recebi. Gostaria de poder responder uma por uma. Um

abraço cheio de gratidão”Jornalista Carla Vilhena agradece o apoio dos telespectadores via Twitter @carlavilhenaa após descobrir pela imprensa que não apresentaria mais

o Bom Dia São Paulo, na véspera de sua demissão. A jornalista foi proibida pela direção de se despedir do público.

“Vocês sabiam que Suzane Von Richthofen agora é pastora evangélica? Aliás, que represen-tante melhor para o Deus de Fe-liciano, que matou John Lennon e os Mamonas Assassinas, do que Suzane Von Richthofen?”Pablo Villaça - escritor, crítico de cinema e diretor do Cinema em Cena, em @pablovillaca

“De droga ela entende, basta ver o

último CD dela”Adriane Galisteu usou o

Twitter @GalisteuOficial para comentar a declaração

da cantora Joelma, que comparou gays a drogados e se posicionou contra a união

homoafetiva.

Reprodução TV Globo

Câmara Municipal de Piracicaba

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ção

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Divulgação

urtidas

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edição 31• Abril/2013 9

eduaRdo [email protected]

O governo federal busca implemen-tar até junho deste ano um pro-grama de voluntários para avaliar

a classificação indicativa dos conteúdos veiculados na televisão brasileira. A no-vidade, sem informações detalhadas, foi anunciada pelo Ministério da Justiça. O objetivo é ampliar a participação da popu-lação no assunto, trabalho hoje realizado exclusivamente pelo Ministério.

Para o editor de vídeo da TV Unimep, Felipe Montejano, qualquer processo de democratização da informação é bem vindo. “Hoje em dia, os pais não andam ligando muito, um exemplo está na no-vela das oito, não é difícil encontrar uma criança assistindo um conteúdo que na verdade é para a classificação de 12, 14 anos”, exemplifica.

A psicóloga Deborah Pimentel, alerta os pais e diz que eles devem, acima de tudo, orientar os filhos. “Às vezes alguns progra-mas contêm cenas de sexo, drogas e lingua-jar inapropriado para certas idades, dessa forma, faz-se necessária a classificação, sim.” Ela diz que a absorção de conteúdos impróprios pode interferir no desenvolvi-mento da criança, assim como no seu com-portamento. “A atração que a TV apresenta é grande e interfere como um adicional na vida social da criança (nas escolas e rela-ções interpessoais)”, explica.

A dona de casa Claudinéia Florencio do Amaral está sempre atenta ao que o filho Guilherme, 9, assiste. “Estou sempre por perto, às vezes fico na cozinha fazendo as coisas, mas com um olho na sala e no fo-gão ao mesmo tempo”, diz. Surpresa com o projeto do governo, ela aprovou. “É pre-ciso que a população dê sua opinião sobre o que se passa na ‘telinha’”, brinca.

Implantada em 2007, somente o Minis-tério da Justiça é quem define a classi-ficação indicativa, as faixas etárias e os

democracia

governo federal esTuda criar Programa de volunTários Para análise da classificação indicaTiva de Programas da Tv Brasileira

de olhos abertos para a mídia

Alguns programas contêm cenas de sexo, drogas e linguajar inapropriado para certas idades”

horários para transmissão dos programas televisivos, espetáculos e exibição de fil-mes. Para isso são avaliados conteúdos como sexo, drogas e violência. A análise não inclui programas jornalísticos, es-portivos, eleitoral e publicidade.

De acordo com uma pesquisa divulgada pelo governo federal, as crianças e os ado-lescentes passam, em média, de quatro a cinco horas diárias em frente à televisão.

A classificação já foi tema de várias campanhas do governo, a mais recente foi em março do ano passado. Na época, o ministro José Eduardo Cardoso se pre-ocupou em defender que a classificação não pode ser confundida com censura.

Sobre essa diferença, o professor de Rádio e TV da Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba), Wiliam Ma-

chado, explica: “a censura é o impedi-mento, já a classificação é uma recomen-dação de que um programa pode não ser adequado para uma determinada idade”.

Hoje a classificação indicativa traz símbolos padronizados, que aparecem no início de cada programa, trazendo faixa etária e o horário recomendados, além de uma linguagem de sinais. O símbolo apenas indicando a faixa etária aparece sempre no canto esquerdo inferior da tela, na volta dos intervalos comerciais e nas chamadas das atrações durante o progra-ma. A emissora que descumprir a regra e transmitir conteúdo inapropriado infringe o artigo 254 do ECA (Estatuto da Crian-ça e do Adolescente), criado em 1990, e é penalizada com multa e suspensão da programação da emissora em até dois dias.

Eduardo Freire

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10 Abril/2013 • edição 31

Natália [email protected]

A doença que atinge três em cada 100 brasileiros ainda é pouco conhecida, mas vem ganhando

destaque na mídia pelo fato de a delega-da Helô, personagem da atriz Giovanna Antonelli, na novela “Salve Jorge”, da

TV Globo, ter o transtorno. Constante-mente a personagem sai às compras

e volta com uma infinidade de sa-colas, e muitas vezes nem abre

os pacotes, escondendo tudo no armário ou debaixo da

cama. A servidora pública,

V.G de 43 anos, que pediu para não ter o nome revelado, pos-sui o transtorno. Ela conta que simples passeios aos sho-ppings e galerias bastavam para uma compra exagerada. “Antes de admitir a compulsão, achava que era consumis-

ta. Comprava em grandes quantidades,

por impulso, porque sentia essa necessida-

de. Entrava nas lojas e levava cinco calças e cin-

co blusas, cheguei a ter 30 bolsas sem ter onde guardar.

Ficava satisfeita. Mas, depois, ao chegar em casa, a minha família me

pressionava e brigava. Por causa das compras meu casamento quase acabou, chorava muito e entrei em depressão. Fiz imensas dívidas e sofri preconceito da família, que me via como irresponsável. Cheguei a pesar 39 quilos, pensava em suicídio e em mais roupas, sapatos, aces-sórios e objetos”, diz.

Segundo Tatiana Filomensky, psiquia-tra do Instituto de Psiquiatria da USP, 90% dos casos de seus pacientes que gastam compulsivamente compram sem refletir sobre a necessidade de suas aqui-

consumismo

conheça o imPulso doenTio que leva muiTa genTe a comPrar mesmo sem Ter necessidade

Mania com nome próprio

É comum que os familiares percebam antes e alertem, mas o comprador demora

a admitir a compulsão”

sições e sofrem com o orçamento pesso-al, contraindo dívidas e gerando prejuí-zos para si mesmo e familiares. Ela diz que o distúrbio, geralmente, afeta pesso-as com transtorno bipolar e com quadros de ansiedade, depressão e transtornos de personalidade, mas destaca que a doen-ça não pode ser confundida. “Oneoma-nia não é transtorno bipolar ou TOC. É preciso ter um tratamento próprio”, res-salta a psiquiatra.

A compulsão por compras, se não trata-da, pode causar graves problemas sociais, financeiros e emocionais. Em casos mais extremos, os oneomaníacos acumulam tantos objetos que chegam a perder os espaços de locomoção dentro de casa. “É uma atividade compulsiva, muitas vezes os indivíduos se arrependem depois e ten-tam resistir a um novo impulso para com-prar, mas não conseguem e voltam às com-pras excessivamente”, diz a especialista.

É o caso da vendedora, T.M, de 25 anos, que sofre da doença há pelo menos 10 anos. “Só este mês fiz uma dívida de R$ 1.000,00 em sapatos e chinelos. Não consigo sair e simplesmente comprar um par de saltos alto sem um par de chine-los”. Ela acrescenta ainda que conviver com a família se tornou um desafio. ”Mi-nha filha e meu marido estão sempre no meu pé me vigiando, não pode surgir uma agulha nova que eles brigam comigo. Por minha culpa, o orçamento da casa está no vermelho”, desabafa.

A demora em perceber e reconhecer que possui o distúrbio é a maior dificul-dade no tratamento, que é feito através de psicoterapia e pode incluir o uso de medicamentos estabilizadores do humor, controle de ansiedade e depressão. Gru-pos de apoio, como o ‘Devedores Anôni-mos’, também são opções para fortalecer o tratamento que se inicia com uma trans-formação comportamental do pacien-te, que deve controlar seus impulsos. A assessoria de imprensa da Prefeitura de Piracicaba informou que não há nenhum tipo de tratamento específico na cidade. Apenas os procedimentos normais, como consulta ao médico e acompanhamentos psiquiátrico e psicológico.

Jovem de 25 anos cercada pelos pares comprados durante o mês

Natália Zanini

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edição 31• Abril/2013 11

JÚNioR [email protected]

Está cada vez mais comum encontrar pessoas que deixaram as diferenças dos sexos de lado para exercer com

dedicação e orgulho ocupações que a so-ciedade considera ser trabalho típico do sexo oposto. Exemplos disso são homens que trabalham com dança, estética ou moda e mulheres que atuam como mecâ-nicas ou motoristas. Contudo, essas pesso-as, muitas vezes, sofrem o preconceito da sociedade pela profissão escolhida.

É o caso da motorista de van escolar Cristina Franco de Oliveira Pereira, 43, que trabalha na área há 14 anos e já enfrentou discriminação de familiares e de um dos adolescentes que transportou. “Um dos garotos que transportei amea-çou deixar o transporte, pois dizia que o pai o ensinou que mulher no volante é um perigo constante. Além disso, alguns pa-rentes torceram o nariz quando decidi ser motorista. Para eles, dirigir era profissão de homem”, relata Cristina.

comportamento

o fim dahomens e mulheres deixam diferenças de lado Para aTuar cada veZ mais em ProfissÕes que a sociedade Julga ser TraBalho do sexo oPosTo

Na sociedade, há a ideologia de que os homens são criados para serem provedores”

Segundo a socióloga Selma Venco, sempre houve na sociedade capitalista a intenção em imputar trabalho destinado para homens e mulheres, da mesma forma em que se cria a ideia de brinquedos para meninos e meninas, no entanto, todos são livres para fazer suas escolhas, além de que o interesse crescente na atividade do sexo oposto significa que a profissão está

Na sociedade, há a ideologia de que os homens são criados para serem provedores”

sendo valorizada no mercado de trabalho.O bailarino Raul Aguiar, 24, nem se

preocupou com o julgamento das pessoas e optou pela dança. “As pessoas veem um homem que dança como um rapaz sem masculinidade, entretanto, nunca liguei para isso”, enfatiza Aguiar.

O aposentado José Paulo Pedrozo, 62, não tem nenhum problema também quanto a realizar atividades que a sociedade julga ser de mulher e auxilia a esposa nos afaze-res domésticos. “Nunca sofri nenhum tipo de preconceito por cozinhar ou lavar rou-pas, e sei que muitos homens fazem isso como um modo de cooperação e divisão nos serviços do lar”, ressalta Pedrozo.

“Na sociedade, há a ideologia de que os homens são criados para serem pro-vedores e as mulheres com o dever de cuidar. Isso se reflete no âmbito profis-sional através de empregos desvaloriza-dos socialmente e com baixos salários, a maioria voltada para tarefas feminizadas. Infelizmente o preconceito está bem vivo em todos os segmentos da população”, completa Selma.

Para o professor do curso de História da Unimep, Uassyr de Siqueira, nos dias de hoje a liberdade de escolha pela pro-fissão é mais acessível do que em outros tempos. “Penso que os movimentos fe-ministas, ocorridos na década de 1960 e também na contemporaneidade, são res-ponsáveis pelas mudanças referentes às concepções quanto ao lugar de homens e mulheres no mercado de trabalho e na sociedade”, diz o docente.

guerra dos sexos

Realizado com a profissão, bailarino Raul Aguiar não se

preocupa com o preconceito

“Dirigir é uma terapia para mim” – Cristina Pereira, motorista de van.

“Cozinhar ou lavar roupa não é só tarefa de mulher” – José Paulo Pedrozo, aposentado.

“O que importa não é o sexo, mas as habilidades do profissional” – Raul Aguiar, bailarino.

Div

ulga

ção

Junior CamposArquivo pessoalJunior Campos

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12 Abril/2013 • edição 31intercâmbio

luaNa [email protected]

Inglês e espanhol se tornaram o arroz e o feijão quando o assunto é língua es-trangeira. Empresas multinacionais não consideram mais as duas línguas como diferencial, mas básicas, principalmen-te se for a língua de origem da empresa. Na montadora Honda, em Sumaré, por exemplo, ter fluência na língua japonesa é um requisito.

Esse chamado “diferencial”, que sim-boliza o conhecimento de mais de duas línguas estrangeiras, é usado em proces-sos seletivos de programas de estágio e trainee, sem comprometimento de efeti-vação, e agências de emprego. Com o nú-mero de candidatos por vaga crescendo, o domínio em um terceiro idioma é decisi-vo para a contratação.

Quem passou por essa situação em processos de seleção sabe da impor-tância dada a quem fala mais de dois idiomas. Renato Klisman, 19, já per-deu oportunidades de estágios por não possuir o nível intermediário de inglês. “Durante o teste fui questionado sobre meu nível de inglês, quando disse que estava no básico, a recrutadora me in-formou que eu não me encaixava no perfil da vaga”, lembra.

Já a estudante de comércio exterior, Lydiene Fronio, não sentiu a mesma di-ficuldade. Após fazer um intercâmbio de um ano para os Estados Unidos, no es-tado de Virgínia, o teste de inglês dado em processos seletivos se tornou menos complicado, “Nunca foi tão fácil fazer um teste de inglês”, comemora.

De acordo com a recrutadora Natá-lia Gonçalves, da agência de empregos Prest Service, de Americana, a exigência de outros idiomas varia de acordo com e empresa, e em caso de empate durante o processo seletivo, quem falar outro idio-ma, além do requerido, fica com a vaga. Pra quem procura emprego ou estágio em multinacionais, vale procurar saber o país de origem e o idioma oficial. A chance de preencher a vaga atendendo aos requisi-tos é de 75%.

carreira

Um é pouco, dois é bom, três é essencialemPresas Procuram candidaTos que Tenham no currículo o conhecimenTo em Três línguas esTrangeiras

Paula [email protected]

Com a facilidade de um intercâmbio nos dias de hoje, diversos estudan-tes ultrapassam as fronteiras bra-

sileiras para conhecer novos países e ad-quirir fluência em outros idiomas, o que se torna um diferencial no mercado, criando assim, novas chances profissionais.

Segundo dados do Salão do Estudan-te, evento de educação internacional da América Latina, o destino mais procura-do pelos alunos são os Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e Austrália, para cursos de idiomas, ensino médio (high--school), graduação e pós-graduação.

Esse é o caso de Matheus Duarte Galce-ran, 22, aluno do curso de Administração de Empresas da UNIMEP (Universidade Metodista de Piracicaba), que passou três meses em Cambridge, na Inglaterra. “A experiência internacional, sem dúvida, me abriu portas no mercado de trabalho. Acredito que quando você coloca em seu currículo que teve uma experiência no exterior por um tempo considerável, as pessoas que te avaliam em um processo de entrevista imaginam pelo o que você passou, ainda mais quando este avaliador também teve uma experiência internacio-nal, o que é comum quando falamos de

À procura de novas experiênciasesTudanTes Buscam no

exTerior aPrimoramenTo

Pessoal e Profissional

que os haBiliTe a enfrenTar

desafios

A experiência internacional

sem dúvida me abriuportas no mercado

de trabalho”

Gabriel Toffoli da Silva contou com ajuda de programa do governo federal para estudar nos Estados Unidos

empresas multinacionais. Uma das opor-tunidades foi a Caterpillar, onde estou es-tagiando atualmente”, conta.

No Brasil é possível encontrar diversas agências particulares como opção para quem procura uma forma mais fácil de viajar. Com custo que varia de R$ 2,8 mil a R$ 8 mil elas se responsabilizam pela documentação, moradia e escola em que o jovem pretende estudar. Contudo, esse valor varia muito do país escolhido e do tempo de permanência. Só a agência IE Intercâmbio, de Piracicaba, costuma le-var para fora do país, em média, 90 alu-nos por ano para a prática do intercâmbio.

Galceran fez seu intercâmbio pela agência BIL Intercâmbios de São Paulo, ficou hospedado em casa de família e

recomenda fazer a parte burocrática por uma agência particular, pois acredita que pode dar menos problemas por estarem acostumados com isso. Comenta também que a questão financeira é um pouco pe-sada, mas se você planejar com antece-dência, não fica difícil de pagar.

Existem também programas de inter-câmbios custeados pelo governo federal. Um deles é o Ciência sem Fronteiras. Para esse processo é exigida carta de aceitação de alguma faculdade no país escolhido, exame de proficiência na lín-gua desejada, histórico escolar, termo de bolsista assinado pelo estudante e o docu-mento chamado DS2019 para a retirada do visto. O programa se responsabiliza por todos os gastos e garante um auxílio mensal de R$ 300.

“Eu acho que o dinheiro que o programa fornece é mais do que suficiente pra você viver muito bem. Eles oferecem moradia, alimentação, seguro saúde, o valor das passagens de ida e volta, além de auxílio instalação e auxílio para comprar materiais escolares”, conta Gabriel Toffoli da Silva, 21, aluno da graduação sanduíche (moda-lidade de ensino superior na qual o aluno realiza parte de seus estudos em uma insti-tuição estrangeira), na Pennsylvania State University, nos Estados Unidos, pelo pro-grama Ciência sem Fronteiras.

Arquivo Pessoal

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edição 31• Abril/2013 13

GuStavo [email protected]

Beijar movimenta 29 músculos e queima, aproximadamente, 10 calorias. Até aí, a saúde só tem

a agradecer ao prazeroso exercício. Mas o que você talvez não saiba é que várias doenças podem encontrar no contato bu-cal a chance de fazer uma nova vítima. Em apenas um beijo, 250 bactérias, em média, são trocadas pela saliva. Agora, imagine os riscos que rondam a boca dos pegadores de plantão?

Uma extensa lista de doenças, como o sarampo, catapora, faringite, coqueluche, caxumba, gripe, rubéola, herpes, pneu-monia, tuberculose, as meningites e a mononucleose - conhecida como doença do beijo – podem se aproveitar desse mo-mento para deixar sua marca.

Os sintomas clássicos da mononucleo-se são febre, dor de garganta e cansaço. O coordenador de Vigilância em Saúde da Prefeitura de Piracicaba, Moisés Tagliet-ta, explica que a doença não tem cura. “Uma vez infectada, a pessoa carregará o vírus para o resto da vida”. Mas não precisa se desesperar! A evolução da mo-nonucleose infecciosa é, na maioria dos casos, benigna e seu tratamento não é ne-cessário. Às vezes, é preciso tratamento com remédios para aliviar sinais e sinto-mas. Se houver complicações, outras for-mas de tratamento podem ser necessárias.

Outro problema que pode pegar carona

saúde

conheça as doenças que Podem se aProveiTar desse momenTo de inTimidade Para deixar sua marca

Uma vez infectada, a pessoa carregará o vírus para o resto da vida”

O Centro de Oncologia de Limeira apresentou no início de abril um equi-pamento que auxilia no tratamento de radioterapia. O chamado Sistema de Planejamento, utilizado por 35 pacientes, era terceirizado pela Santa Casa, que a partir de agora passa a contar com equi-pamento próprio.

O Sistema permite que os médicos avaliem precisamente o local que precisa receber a dose de radioterapia, o que evita, por exemplo, que outras áreas do corpo sejam afetadas, diminuindo-se assim os efeitos colaterais.

O programa educativo que apoia e promove o aleitamento materno exclu-sivo até o sexto mês de vida do bebê, Mamãe Nenê, chegou às creches de Americana. A iniciativa visa promover o relacionamento familiar e tem a inten-ção de fornecer orientações para que as unidades de educação também cumpram o seu papel no incentivo ao aleitamento materno mesmo para mães que traba-lham e não passam o dia com seus filhos.

O Mamãe Nenê é uma ação da Secre-taria de Saúde composta por uma equipe multifuncional que apoia a amamentação e acompanha o crescimento e desen-volvimento das crianças do município, desde o seu nascimento até os três anos de idade. São especialistas das áreas de fonoaudiologia, enfermagem, odonto-pediatria, nutrição, psicologia e serviço social, reunidos com o intuito de elevar o bem-estar físico, emocional e social da mãe e do bebê.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) regulamentou o rótulo de repelentes e limitou o prazo de um ano e meio para que as empresas se adequem. A medida está sendo tomada para evitar o uso indevido, como por exemplo, a intoxicação alérgica. Para isto, devem conter nos rótulos todos os componentes da fórmula, descrevendo se há substâncias tóxicas e para qual faixa etária é indicada. Os frascos não podem conter desenhos infantis em suas emba-lagens a fim de evitar que haja influência pela compra do produto.

Programa educativo incentiva o aleitamento materno nas creches

Rótulos devem conter componentes da fórmula e indicação de faixa etária

Centro de Oncologia de Limeira recebe novo equipamento

no beijo e encontrar na boca o local ideal para fazer estrago é a bactéria causado-ra da cárie. Levada pela saliva, pode se desenvolver se houver a associação entre placa bacteriana, dieta inadequada e má higienização.

O estudante Tiago Zenero, 20, diz que beijar de maneira descompromissada faz parte da balada, assim como a bebida e a música. “Não conheço nenhuma doença grave transmitida pelo beijo e acredito que o sexo é muito mais perigoso”, comenta.

Muitas pessoas têm duvidas com rela-ção à transmissão da HIV pelo beijo. Até hoje não existe relato de caso em que hou-ve contaminação pela saliva, pois a quanti-dade de vírus contido nela não é suficiente para a transmissão. “Para que haja a trans-missão tem que haver um corte e, a partir do corte, contato com o sangue da pessoa contaminada”, esclarece Taglietta.

beijodaquelePor trás

Em um beijo, cerca de 250 bactérias são trocadas pela saliva; de catapora à mononucleose, várias doenças podem ser transmitidas

Gus

tavo

Var

gas

alimentação

radioterapia

repelentes

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14 Abril/2013 • edição 31

báRbaRa [email protected]

O vintage – palavra francesa, pronunciada “víntage’’, que significa safra, mas que atualmente passou a ser utilizada para atribuir característica de antigo e bom a algo – é o novo estilo adotado pelos mais ligados à moda.

Nascido a partir da segunda guerra mundial, onde era comum as famílias aproveitarem as roupas já usadas pelos mais velhos nos mais jovens, a moda

vintage foi agregando características às já existentes. “Nos 50 e 60 – anos em que o Rock entrou em evidência – as garotas, que na época se vestiam

de forma conservadora, revelaram-se, trazendo para o mundo roupas com mais cores e texturas’’, explica Thaís Covolan, dona da página no Facebook “Achadinhos da Táta’’ – que tem 1.853 seguidores – e do blog brechoachadinhosdatata.blogspot.com, onde ela vende roupas e acessórios que já foram utilizados tanto por ela, quanto por outras pes-soas – método muito utilizado para disseminar o vintage mundo à fora.

Atualmente, marcas famosas como Chanel e Dior – referências em qualidade e elegância no mundo todo – por exemplo, são grandes

adeptas dessa nova tendência e também de outra moda, chama-da Retrô. “Em suas coleções, nota-se que quase tudo é muito

semelhante às primeiras criações feitas. Não existem mu-danças significativas, mas sim uma releitura de tudo aquilo que já passou, especialmente peças redesenhadas com ca-racterísticas dos anos 20 e 70’’, conta Táta.

Em seu blog, que vende peças para Piracicaba, região e até mesmo para outros países, Táta diz que as peças mais compradas são sapatos com design bem antigo, ca-misas de seda com gola boneca ou estampa de lenço e os blazers masculinos. Ana Guerra, 19, de Belo Horizon-te, conhece o blog e é adepta à moda das “roupinhas de vó’’. “Gosto de coisinhas vintage e tal, acho que as pessoas tendem a gostar de coisas que retomam uma época passada, principalmente se for uma época em que sua geração não viveu, nesse sentido acho que moda é um instrumento bacana de recuperação de outro tempo’’, explica Ana, que também ama cinema,

especialmente filmes antigos.Para o inverno 2013, Thaís conta que não houve mu-

danças significativas. Nas cores, teremos os tons aver-melhados, preto e branco e peças com estilo e cores militaristas – verde – como dominantes, assim como também veremos peças bordadas à mão. Nos calçados, o bico fino entrará em evidência.

Com o slogan “Faça um inverno mais quente”, a 3ª edição da campanha teve início em 31 de março. A intenção é arrecadar roupas para distribuir ao Lar dos Velhinhos, Lar Betel e Casa do Bom Menino. A meta para este ano é supe-rar o número de 2012, quando foram arrecadadas 10 mil peças. São mais de 100 pontos de arrecadação distribuídos pela cidade, sendo 16 ficam no Centro. Incluem-se desde pequenos estabeleci-mentos, como lojas e padarias a super-mercados, igrejas e sindicatos.

moda

vinho, velho e vintagePreTo e Branco, Tons de vermelho e rouPas Já usadas: o vinTage esTá com Tudo e PromeTe conTinuar

Não existem mudanças significativas, mas sim uma releitura de tudo aquilo que já passou”

frio

Campanha do Agasalho de Piracicaba segue até o dia 2 de junho

Táta vestindo um sobretudo vermelho - cor que está em alta neste inverno - que dá um acabamento perfeito com a saia preta e a blusa branca

Blusa vintage - com cara de ‘’armário de vovó’’ - e uma bolsa nos tons militares: outro hit da estação

Foto

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aproveitarem as roupas já usadas pelos mais velhos nos mais jovens, a moda vintage foi agregando características às já existentes. “Nos 50 e 60 – anos

em que o Rock entrou em evidência – as garotas, que na época se vestiam de forma conservadora, revelaram-se, trazendo para o mundo roupas com mais cores e texturas’’, explica Thaís Covolan, dona da página no Facebook “Achadinhos da Táta’’ – que tem 1.853 seguidores – e do blog brechoachadinhosdatata.blogspot.com, onde ela vende roupas e acessórios que já foram utilizados tanto por ela, quanto por outras pes-soas – método muito utilizado para disseminar o vintage mundo à fora.

Atualmente, marcas famosas como Chanel e Dior – referências em qualidade e elegância no mundo todo – por exemplo, são grandes

adeptas dessa nova tendência e também de outra moda, chama-da Retrô. “Em suas coleções, nota-se que quase tudo é muito

semelhante às primeiras criações feitas. Não existem mu-danças significativas, mas sim uma releitura de tudo aquilo que já passou, especialmente peças redesenhadas com ca-racterísticas dos anos 20 e 70’’, conta Táta.

Em seu blog, que vende peças para Piracicaba, região e até mesmo para outros países, Táta diz que as peças mais compradas são sapatos com design bem antigo, ca-misas de seda com gola boneca ou estampa de lenço e os blazers masculinos. Ana Guerra, 19, de Belo Horizon-te, conhece o blog e é adepta à moda das “roupinhas de vó’’. “Gosto de coisinhas vintage e tal, acho que as pessoas tendem a gostar de coisas que retomam uma época passada, principalmente se for uma época em que sua geração não viveu, nesse sentido acho que moda é um instrumento bacana de recuperação de outro tempo’’, explica Ana, que também ama cinema,

especialmente filmes antigos.Para o inverno 2013, Thaís conta que não houve mu-

danças significativas. Nas cores, teremos os tons aver-melhados, preto e branco e peças com estilo e cores militaristas – verde – como dominantes, assim como também veremos peças bordadas à mão. Nos calçados, o bico fino entrará em evidência.

conTinuar

Não existem mudanças significativas, mas sim uma releitura de tudo aquilo que já passou”

Blusa vintage - com cara de ‘’armário de vovó’’ - e uma bolsa nos tons militares: outro hit da estação

Foto

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Page 15: Na Prática Edição 31

edição 31• Abril/2013 15

aRtHuR [email protected]

Assim como a História começou a ser contada em desenhos, a do Brasil não poderia encontrar

um rumo diferente. Foi desse modo que o escritor e roteirista Edson Rossatto, em parceria com a Editora Europa, encontrou um novo jeito de contar a independência e o primeiro reinado do Brasil, não com desenhos nas paredes das cavernas, mas sim em HQ (histórias em quadrinhos).

Os dois volumes da série “História do Brasil em Quadrinhos” podem ser encon-trados em todas as bibliotecas públicas administradas pela Prefeitura de São Pau-lo, além de institutos educacionais, como por exemplo, o “Brasil Leitor”. Rossato atendeu ao convite do jornal Na Prática para contar como teve a ideia de tornar atrativo para crianças e adultos um dos capítulos mais importantes da história do nosso país. Confira a seguir os principais trechos da entrevista:

Na Prática - Como você encarou o desafio de adaptar a história do Brasil nesse formato?

Edson - Eu gostei bastante porque é um formato que permite a visualização simples de assuntos aparentemente com-plexos, que são as histórias como a gente conhece; a história da proclamação da República, da independência do Brasil. Então, por meio das 60 páginas dessas HQs eu pude mostrar um pouquinho de como isso aconteceu.

Como foi a pesquisa histó-rica na adaptação da perso-nalidade e dos trejeitos dos personagens?

A pesquisa eu fiz mais ou menos em um mês, um mês e meio. Li diversos livros, assisti a filmes e documen-tários. Porque a história não é uma ciência exata, o que acontece são pontos de vistas de historiado-res, então acabei pegan-do vários e vários livros para compor uma única essência.

entrevista

a independência em quadrinhosescriTor edson rossaTTo conTa a exPeriência de ProduZir uma hq soBre a hisTÓria do Brasil

Muitos pais compraram a HQ para os filhos, mas me confessaram que a curiosidade sobre a história do Brasil era deles”

Procurei, na hora de desenvolver os per-sonagens, a diversidade e também o politi-camente correto. Nós temos três persona-gens, no caso, uma mestiça japonesa, um negro, e um branco cadeirante, que era pra mostrar a diversidade do povo.

Você encontrou alguma discrepância nas pesquisas históricas, do que real-mente aconteceu com o que é ensinado nas escolas?

Não achei discrepância. O que é en-sinado nas escolas é algo mais simples, que permite um aprendizado mais rápido, quando na verdade a história do Brasil tem mais complexidade. Você pode ver naquele quadro do Pedro Améri-co, que dizem ser a repro-dução da independência do Brasil, ali se vê Dom Pedro em cima do cavalo com representantes da guarda (Dragões da Independência), aquilo não aconteceu. Dom Pedro estava sentado em cima de uma mula, porque

desafio de adaptar a história do Brasil

- Eu gostei bastante porque é um formato que permite a visualização simples de assuntos aparentemente com-plexos, que são as histórias como a gente conhece; a história da proclamação da República, da independência do Brasil. Então, por meio das 60 páginas dessas HQs eu pude mostrar um pouquinho

Como foi a pesquisa histó-rica na adaptação da perso-nalidade e dos trejeitos dos

A pesquisa eu fiz mais ou menos em um mês, um mês e meio. Li diversos livros,

estava com dores abdominais. Da mesma forma, os Dragões da Independência, na verdade, não existiam na época, foram criados bem depois da inde-pendência.

Como foi trabalhar para um público infantil, diferente do que você está acostumado?

Trabalhar para crianças é uma experiência maravilho-sa, elas não têm vergonha de aprender, de dizer o que elas não sabem e realmente ler aquilo e aprender. Os adultos têm esse receio, eu percebi que muitos pais compraram esta HQ para os filhos, e depois vieram me confessar que a curiosidade de saber sobre a história do Bra-sil era deles.

Como a HQ da história do Brasil contribui para sua carreira?

Esta série me trouxe alguns benefícios. A partir dela, eu pude me considerar ofi-cialmente um roteirista de histórias em quadrinhos, até então eu era só um escri-tor. Acho que o público gostou bastante disso e a critica também, tanto é que con-corri ao prêmio “HQMIX”, que é o Oscar dos quadrinhos no Brasil, como roteirista revelação.

* Os volumes “Independência” e “Pro-clamação da República” podem ser ad-quiridos no site www.europanet.com.br

Ouça entrevista em:www.soureporter.com.br

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Page 16: Na Prática Edição 31

16 Abril/2013 • edição 31

eliSabete alHadaS [email protected]

Para você, o que é superação? Para Renata Prestello, 22, é nunca abai-xar a cabeça e vencer, apesar de to-

dos os obstáculos. Filha mais nova entre cinco irmãos, Renata nasceu saudável, mas ainda muito nova teve que começar a enfrentar o mundo e suas barreiras. “Com aproximadamente um mês, comecei a ter uma febre muito alta. Depois de ir várias vezes ao médico, ele dizia que eu não ti-nha nada de grave, era somente uma viro-se. Mesmo com os medicamentos, a febre não baixava”, conta.

Com o passar do tempo e o diagnóstico mal feito, Renata começou a apresentar outros sintomas e, ao procurar outro pe-diatra, descobriu-se que seu caso já era avançando, resultando em uma infecção generaliza na perna esquerda que com-prometeu sua tíbia.

Assim, a esperança era que o osso se desenvolvesse, tendo em vista que ela era apenas uma recém-nascida, mas isso não aconteceu. Novos tratamentos e cirurgias foram feitos, mas a diferen-ça entre as pernas começou a ficar grande. “Minha perna estava com 15 centímetros de diferença de uma pra outra”, relembra. Assim, aos 12 anos, foi preciso optar pela cirurgia defini-

tiva, pois não havia mais a pos-sibilidade de desenvolvi-

superação

as vitórias de renataJovem PiracicaBana conTa como o esPorTe a aJudou a enfrenTar a deficiência física

Na escola, as crianças

da minha idade se afastavam por eu

não ter uma perna”

mento do osso. “A recuperação, graças a Deus, foi rápida e depois de quatro meses eu já usava uma prótese”, diz.

No começo da adaptação, em fase es-colar e pré-adolescente, Renata se viu en-volta em um mundo desconhecido, onde, principalmente seus amigos de escola, lhe olhavam diferente. “As crianças da minha idade se afastavam por eu não ter uma perna. Não sei o que passava na ca-beça delas, mais isso pra mim era bastan-te constrangedor”, desabafa. Um mundo repleto de novas barreiras foi apresentado a ela, que com o apoio dos pais aprendeu a lidar com sua nova realidade e a se sen-tir igual.

Sua vida começou a tomar um rumo

A Selam (Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Atividades Motoras) tem diversos programas de incen-tivo para os atletas piracicabanos. Entre eles estão as atividades voltadas aos atletas com deficiências físicas. O Programa Paradesporto, do qual Renata faz parte, é um deles. Essa iniciativa permite o acesso ao esporte, nas modalidades paraolímpicas, para os jovens e adul-tos com deficiência, inclusive com a participação em competições oficiais representando Piracicaba. Dentre as atividades desenvolvidas estão: basquete sobre rodas, natação, atletismo e tênis de mesa adaptados. Além disso, são oferecidas bolsas de estudo para os atletas, o chamado Bolsa Atleta, incentivo do qual Renata tam-bém é beneficiária. Para mais informações, acesse o site www.selam.piracicaba.sp.gov.br

Com o passar do tempo e o diagnóstico mal feito, Renata começou a apresentar outros sintomas e, ao procurar outro pe-diatra, descobriu-se que seu caso já era avançando, resultando em uma infecção generaliza na perna esquerda que com-prometeu sua tíbia.

Assim, a esperança era que o osso se desenvolvesse, tendo em vista que ela era apenas uma recém-nascida, mas isso não aconteceu. Novos tratamentos e cirurgias foram feitos, mas a diferen-ça entre as pernas começou a ficar grande. “Minha perna estava com 15 centímetros de diferença de uma pra outra”, relembra. Assim, aos 12 anos, foi preciso optar pela cirurgia defini-

tiva, pois não havia mais a pos-sibilidade de desenvolvi-

Na escola, as crianças

da minha idade se afastavam por eu

não ter uma perna”

Sua vida começou a tomar um rumo

Incentivos para os deficientes físicos

diferente quando sua mãe, Sueli de Ca-margo, lhe apresentou o esporte para deficientes. Em reportagem publicada em jornal, Sueli soube que o Programa Paradesporto da Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Atividades Motoras de Piracicaba (Selam) promovia o esporte para pessoas com deficiência, através de incentivos e bolsas de estudo.

Renata conta que, em princípio, o es-porte não lhe chamou a atenção. “Com a insistência dos meus pais, comecei a participar das aulas. Foi aí que apareceu a oportunidade de participar dos jogos Re-gionais e Abertos por Piracicaba. Desde então, participo competindo pela minha cidade em duas modalidades: natação e atletismo” comenta orgulhosa.

Atualmente ela se prepara para compe-tir pelos Jogos Regionais, em julho, e se dedica para trazer novas medalhas para casa e para se classificar para os Jogos Abertos, disputados no fim do ano. Au-mentar sua coleção de medalhas, que hoje alcança a marca de 50, é seu grande obje-tivo este ano.

Mas sonhos são o que não faltam na vida de Renata, que apesar de muito jovem, já sabe que viver requer coragem. Seu maior desejo para o futuro é ser atleta paraolím-pica e se formar na faculdade. Depois de trancar a faculdade de Nutrição, atualmen-te ela cursa Educação Física na Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba) e estuda para ser personal trainer.

Renata e algumas

de suas 50 medalhas,

símbolos de suas

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