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04 - Editorial: João Aguiar Carmpos06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Opinião: D. Pio Alves16 - A semana de... Octávio Carmo18 - Dossier Diocese de Beja42- Pastoral Juvenil44 - Internacional

48 - Multimédia50 - Estante52 - Vaticano II54 - Agenda56 - Por estes dias58 - Programação Religiosa60 - Liturgia62 - Pastoral da Saúde64 - App Pastoral66 - Ano da Vida Consagrada70 - Intenção de Oração72 - Fundação AIS74 - Lusofonias

Foto da capa: D.R.Foto da contracapa: Agência ECCLESIA

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,.Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Cónego João Aguiar CamposPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

Viagem históricana Turquia[ver+]

Os desafios daUCP[ver+]

Diocese de Beja[ver+]

João Aguiar Campos | D. Pio AlvesPaulo Rocha|Fernando CassolaMarques |Manuel Barbosa |PauloAido Tony Neves | Inês Leitão

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Ainda há sinais

João Aguiar Campos,Secretariado Nacional dasComunicações Sociais

Ou em anos anteriores estive mais distraído ou,de facto, é mesmo assim: parece-me haver maissinais do Natal de Jesus nas decorações dasmontras e ruas. Parece-me até que as pequenasbancas de artesanato oferecem também maispresépios – ainda que não faltem derivaçõesdiversas. Ao mesmo tempo, vejo anunciadasiniciativas, nomeadamente culturais, queremetem para a alegria e a celebração doverdadeiro sentido da festa.Podem os mais pessimistas argumentar que é aforça do comércio a manifestar-se e odesejo/necessidade de vendas a esgotar todasas hipóteses de negócio. Mas ainda que assimseja, não serei eu a rasgar vestidosescandalizados – preferindo a abertura de Paulo,capaz de ver uma oportunidade de anúncio numaltar que parecia sublinhar a opção da idolatria.Sim, esta exteriorização a que assistimos pode edeve proporcionar buscas de sentido.Acresce, entretanto, que é assinalável o conjuntode propostas eclesiais, que pretendem fazerdeste tempo de Advento e Natal um momento deespera activa, acolhimento e conversão. Basta,por exemplo, considerar as oportunidadesdivulgadas e presentes online, nascidas no seiode dioceses, paróquias, movimentos eassociações católicas; ou criadas pelos esforçosindividuais de quem se assume como missionáriodigital.Este é o modo positivo de agir, que contrastacom a muito frequente lamúria que se limita acomentar a expropriação – “roubaram-nos

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o Natal” – mas pouco faz para lavarolhares, purificar conceitos e abrircorações. Sim, algo está a mudar.Até no estilo…Neste âmbito (do estilo), foi por umfeliz acaso que descobri, no sítio daArquidiocese de Madrid, umacampanha intitulada “Conspiração”.O apelo é, aliás, muito directo:“Conspira”. A explicação não deixadúvidas quanto ao sentido dodesafio: trata-se de resgatar«pessoas que vivem estas datas[Advento e Natal] absorvidas porinúmeros jantares de grupo,prendas caras, impessoais e inúteise uma pseudo felicidade impostapelas lojas, esquecendo o

que realmente se celebra. É, porisso, uma campanha deconsciencialização social pararecuperar o sentido profundo doAdvento e do Natal e, com isso,descobrir o significado e importânciadas prendas nesta ocasião». Opapel pedagógico é desempenhadopor três personagens (Caritón,Salusar e Crisperán) que são nadamais nada menos que três pajensdos Reis Magos e nos convidam aolhar para o Oriente.Reorientado e lavado o olhar, serápossível ver, no menino do presépio,Deus que, na fragilidade, se faz umde nós e nos oferece o Seu amor;Deus que se humaniza para nosdivinizar.

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Um verdadeiro gesto ecuménico

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«É mau demais ter conhecimentoque estamos a ser colonizadoseconomicamente por chineses eangolanos!» (Artur Soares; In: Diáriodo Minho, 28 de novembro de 1914) «Seria péssimo para o regime queos portugueses continuassem aassistir à senda de escândalos quese desfiam diante dos seus olhos atodo o momento» (Armindo Oliveira;In: Diário do Minho, 29 de novembrode 1914)

«O Alentejo precisa de esperança,precisa de cristãos que vivamseriamente a fé e a caridade, parapoderem dar testemunho credívelda esperança cristã» (D. JoãoMarcos; In: Beja, Homilia de 30 denovembro de 2014) «É a conversão e não a vitória quelevam à concórdia» (Jorge Teixeirada Cunha; In: Voz Portucalense, 03de dezembro 2014)

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UCP aposta na investigaçãoe internacionalizaçãoA reitora da Universidade CatólicaPortuguesa (UCP) disse na sede dainstituição, em Lisboa, que o desafioda investigação e dainternacionalização tira a instituiçãoacadémica “das suas áreas deconforto” e “obriga a redefinições derumos”. No discurso de tomada deposse dos novos elementos dosvários centros da UCP, Maria daGlória Garcia realçou que “o desafioda investigação, dainternacionalização e de um ensinomaterial e metodologicamentefundado na investigação e voltadopara um público mais vasto deestudantes” determina “reflexõessobre a sua natureza identitária àluz deste novo desafio”.Para a reitora da UCP, só peladiferenciação identitária, “apoiadaem sólidos padrões de qualidade,nacional e internacionalmentereconhecidos”, poderá a UCP“competir, de modo saudável econfiante, no sistema de ensinosuperior”.A UCP conhece “bem os membrosda equipa” e “sabe que não lhesfalta competência, abnegação,sentido

de equilíbrio, visão de futuro”,adiantou. Na tomada de posse doselementos com cargos de chefia,Maria da Glória Garcia deixou “umapalavra especial para a Faculdadede Teologia e para a sua direção”visto que a referida faculdade é“nuclear” no âmbito da UCP.Segura “da competência e dascapacidades de liderança” do doutorJoão Lourenço, diretor daFaculdade de Teologia, a reitora daUCP sublinha que “não faltarátrabalho e incentivo à criatividade”no novo mandato da nova direçãodesta faculdade.Já o diretor da Faculdade deTeologia afirmou que “existemgrandes desafios a curto prazo” nainstituição. O padre João Lourençofrisou que, após a visita ao nossopaís do secretário da Congregaçãopara a Educação Católica(organismo da Santa Sé), D.Vicenzo Zani, e as orientaçõesdeixadas, “há um conjunto detarefas árduas que vão exigir detodos um compromisso muitoempenhativo em ordem a atingir asmetas propostas”.

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Segundo o diretor da Faculdade deTeologia, a instituição, em “estreitarelação” com a ConferênciaEpiscopal Portuguesa, devedelinear “um plano estratégico” que“assuma os grandes objetivos” daUCP e que possa “definir horizontesa curto prazo no que diz respeito àinternacionalização da Faculdade”.

No discurso, que contou commembros da comunidadeacadémica, o diretor que foi reeleitorealça que se “impõe um esforçomuito grande para a consolidaçãodo corpo docente, mormente emBraga e no Porto, uma imperiosamelhoria da investigação científica”.

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Terra Santa nos passos de JesusA Agência ECCLESIA e a Faculdadede Teologia, da UniversidadeCatólica Portuguesa, estão aorganizar a peregrinação “NosPassos de Jesus” à Terra Santa, de8 a 16 de abril de 2015. Durante aviagem à Terra Santa os peregrinosvão ter o acompanhamento e guiado diretor da Faculdade deTeologia, o padre João Lourenço.No dia 9 de abril os peregrinos jáem Telavive partem com destino aAcra e visitam diversos locaisbíblicos e de referência para acristandade, como Jope onde vãovisitar a igreja de São Pedro, asruínas do antigo porto de mar e dacidade, explica o itinerário daviagem.No dia 10 de Abril peregrinam deAcra com destino a Tiberíades, oMar da Galileia, e passam pelosnascentes do rio Jordão, pelo monteHérmon,

Montes Golã, e vão visitar ainda oMemorial das Bem-aventuranças.No terceiro dia visitam o MonteTabor, onde celebram a Missa naBasílica da Transfiguração, edepois, em Nazaré, vão visitar aBasílica da Anunciação e a gruta daEncarnação e ainda passam porCaná da Galileia.No dia 12 de Abril está previsto osperegrinos rumarem ao Mar daGalileia, passarem por Cafarnaum,Jericó e pelo Mar Morto, e terminama visita em Jerusalém de onde saemno dia 13 de abril com destino aoMonte das Oliveiras e ao MonteSião.Nos três últimos dias, entre 14 de 16de abril data do regresso a Lisboa,os participantes vão visitarJerusalém e Belém com passagempela Gruta da Natividade e “demaisgrutas que guardam a memóriasagrada do local”.

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Fátima: Ano Pastoral de 2014-2015

O padre Carlos Cabecinhas disseeste sábado que o Ano Pastoral de2014-2015 no Santuário de Fátimatem por tema “Santificados emCristo”, tomando como ponto departida a aparição de NossaSenhora em agosto de 1917. Noquinto itinerário temático, que temguiado a vida do Santuário até aocentenário das aparições em 2017,o sacerdote explicou que o “núcleoteológico” subjacente a este tema éa “santidade de Deus” da qualparticipam todos os crentes.“Este tema - Santificados em Cristo -recorda-nos que a santidadeenquanto vida de comunhão comDeus e em conformidade com a suavontade é vocação de todo ocristão”, referiu o reitor do Santuáriode Fátima.Para D. António Marto, bispo deLeiria-Fátima, os textos sobre asAparições de Fátima não referem o“pedido direto, explicito àsantidade”, mas aparece sobre aforma de “vivência ou de outroapelo”. Na comunicação deencerramento da apresentação doAno Pastoral, D. António Martosustentou que “não

há nenhuma forma para fazersantos” e que “cada um será santona sua originalidade”. O Santuáriode Fátima promove, ao longo doAno pastoral, uma exposiçãotemporária evocativa da aparição deagosto de 1917, intitulada “Nestevale de lágrimas”, que é umareflexão sobre o contexto político eideológico de Portugal da altura,nomeadamente a participação naPrimeira Guerra Mundial.Esta exposição está patente noconvivium de Santo Agostinho, naBasílica da Santíssima Trindade atéao dia 31 outubro de 2015.Outra das iniciativas programadas éo concerto “Os três pastorinhos deFátima”, pelo Coro Infantil doInstituto Gregoriano de Lisboa e oCoro Anonymus no dia 20 defevereiro de 2015, às 21h00, na Séde Lisboa, com a presença de JoãoSantos, e no dia 8 de março, às15h00, na Paróquia de Marrazes,em Fátima.O santuário está também aorganizar um Simpósio Teológico-Pastoral, de 19 a 21 de junho, nosalão do Bom Pastor, no CentroPastoral Paulo VI, em Fátima.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados emwww.agencia.ecclesia.pt

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Papa saudou romeiros de São Miguel

Academia de Música de Santa Cecília cumpre 50 anos de existência

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Religião Cristã

D. Pio AlvesPresidente da ComissãoEpiscopal da Cultura,Bens Culturais eComunicações Sociais

Deixem-me ir à História. Não para regressar,saudosamente, ao passado, mas dispostos aaprender.Foi há cerca de 1800 anos. Mais ou menos pelosséculos II-III. Ainda que o assunto (a tendência)vinha de trás e continuou depois. Continuou detal modo que ainda está viva. Mas foi por entãoque, com nomes e estruturas, o fenómeno deumais nas vistas.O Império Romano ia-se deixando corroer pordentro. Vivia-se em letargia social. Faltavamgrandes referências. O que faltava emoriginalidade sobrava em ecleticismo, emamálgama de pensamento.Estas marcas invadiram também o mundo doreligioso. A sociedade não renegava de religião.Pelo contrário, a(s) religião(ões) estava(m) emalta. Seria exagero dizer que cada um tinha(fabricava) a sua. Mas havia muito disso.O cristianismo, ainda que oficialmente ilegal e,por isso, passível de perseguição até à morte, nocumprimento da sua vocação universal, foiaparecendo. Devia dar-se a conhecer, semaceção de pessoas. Devia conciliar-se com arazão e recorrer – como fez de um modo geral –a todas as linguagens disponíveis, incluindo asfilosofias vigentes. Correu o inevitável risco daracionalização. Nalguns casos não correu bem.Mas tinha que ser, para não se transformar numgueto com morte anunciada.Mas, por outro lado, expôs-se, inevitavelmente, àvoragem do religioso. Era a grande e nova proposta que dava imenso jeito para enriqueceresquemas religiosos pessoais, a gosto doconsumidor.

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ecortava-se aqui, acrescentava-seali, juntava-se acolá. O resultadonão era, assumidamente, uma outraqualquer religião. O resultado era areligião cristãdos sábios (gnósticos).Fontes? A Escritura recortada,ampliada, reinterpretada; e astradições orais secretas,supostamente (falsamente)remontadas aos Apóstolos.Mantiveram, por esta via, anomenclatura mais sonante docristianismo: batismo, eucaristia,hierarquia, etc. Mas, visto de perto,restava apenas a casca. Como setivesse sofrido um ataque deformiga branca!A referência última eram elespróprios, os sábios (gnósticos).Referência também de supostamoralidade cristã.O sábio (gnóstico) estava de talmodo identificado com Deus quenão podia senão fazer o bem.

O sábio (gnóstico) não era bom porfazer coisas boas, mas as coisaseram boas porque ele as fazia.Não gosto de dar saltos na História.Cada época é uma época comocada pessoa é uma pessoa. Masque há coincidências há. E, sempre,oportunidade para aprender.É um facto que está em alta ofenómeno religioso. E, no nossocontexto, adjetivado, praticamentesempre, com o vocábulo cristão (religião cristã). Mas não éverdade que em muitos casos(sempre demasiados) o adjetivo émero adorno, fabricado a gostopessoal?Se o adjetivo não passar asubstantivo corremos o risco de, àsombra de Jesus Cristo, estarmos acaminhar para um catolicismo light,apenas a engordar uma religião a lacarte.

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Ir a Roma e ver o Papa

Octávio CarmoAgência ECCLESIA

A semana que passou proporcionou-me aoportunidade de acompanhar o encerramentodas comemorações do centenário de criação daFamília Paulista, um carisma que estáparticularmente próximo de todos nós quetrabalhamos no campo da Comunicação Social,ao serviço da Igreja.O momento foi assinalado com uma audiênciaconcedida pelo Papa numa sala Paulo VIcompletamente lotada e com gente num localimprovisado, à entrada. Francisco quis passarjunto de todos e “incendiou” o ambiente, que jáera de festa, levando vários minutos a percorrero espaço que o separava da sua cadeira, paraproferir um discurso sereno, realista e que tocouno essencial. Em poucos momentos passou-sede uma verdadeira histeria, que poderia teracompanhado a entrada em cena de umaqualquer estrela global, para a perceçãoprofunda e imediata do papel do bispo de Roma.O Papa toca os corações e gera entusiasmo,mas sabe que não é essa a sua missão nem sedeixa desviar da rota que traçou. Como seria de esperar, Francisco deixou muitagente mal disposta com alguns dos seus gestosem Istambul: rezou na Mesquita Azul, pelo fim dasguerras, e pediu que o patriarca ortodoxoBartolomeu I o abençoasse, não só a si mastambém à Igreja ‘irmã’ de Roma. Logo seprontificaram os ‘pregadores’ da sã doutrina a irensinar ao Papa argentino qual é que deve ser oseu papel face a ‘hereges’ e ‘pagãos’. Verdadeseja dita, penso que seria o ideal: em vez decríticas

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anónimas, campanhas absurdas elamentos estereotipados, esperoque quem tem alguma coisa aapontar a Francisco se lhe dirija,através dos muitos meios que hojeexistem. Talvez assim o bispo deRoma lhes possa explicar o quesignifica presidir na caridade,escolher os últimos e os pecadores,servir em vez de ser servido e maisuma quantidade de aparentescontrassensos do Catolicismo. Ficoà espera dos próximos episódiosdesta novela, que só agora está noinício (não tenhamos ilusões). Outras novelas dominam aatualidade portuguesa, onde um

ex-primeiro-ministro com nome defilósofo descobriu recentementeuma veia epistolar que lhe permitemanter viradas sobre si todas asatenções. Não condeno ninguém àpartida e, evidentemente, aspessoas têm o direito de sedefenderem de acusações queconsideram injustas, pelo que restaesperar pelo julgamento de quem dedireito (nem do próprio nem daopinião pública, já agora). Tambémespero que não se confirmem asalegadas “fugas” de informação,mas quero sublinhar que a violaçãodo segredo de justiça é, acima detudo, um problema da Justiça e nãodos jornalistas.

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A Diocese de Beja pelos olhos do seubispo O bispo de Beja que acompanha a diocese há 16 anos, numaentrevista transversal e profunda analisa esta Igreja, a comunidade ea sociedade local que muitas vezes é sinonimo de desertificação eenvelhecimento mas que também é feita de pessoas que se unem elutam pela sua terra e pela sua fé. A formação, a educação, acatequese, a pobreza e a carência, os apoios sociais, o CanteAlentejano, os investimentos públicos, a evangelização e assituações de periferia, um bispo coadjutor e uma Igreja em sínodoforam temas analisados por D. António Vitalino.

(Entrevista de Lígia Silveira)

Agência ECCLESIA (AE) -Recordamos as suas palavras em2007, antes da última visita «adlimina» na altura ao Papa BentoXVI, em que dizia que Bejaencontra-se “desertificada e compouco clero, precisando, por isso,de uma evangelização maisprofunda e de uma formação paraos leigos colaboradores em ordem aapoiar a Igreja e também para queo Evangelho se espalhe”. Sete anosdepois esta realidade mantém-se?D. António Vitalino Dantas (AVD) -Sete anos depois a diocese, como otodo interior - embora a diocesetambém tenha litoral mas é só parao verão: as praias, a costaalentejana e a Costa Vicentina sãoparque natural e não se pode fazerlá nada, de maneira que muitagente vem para ai mas não sãoresidentes.

A diocese continuou a desertificar,as grandes empresas que existemna área agrícola, que hoje em diaestá muito industrializada,mecanizada, emprega pouca gentee é sobretudo na época sazonal.Vêm sobretudo os estrangeiros daBulgária, da Roménia, da Ásia, mastemporariamente.Perdemos desde o último censos em2001, sobre a população e a práticareligiosa, muita gente a níveldemográfico mas também muitosque frequentam a igrejanormalmente. Ocasionalmente muitagente frequenta a igreja sobretudonos funerais.Por isso, eu diria que a situação dadiocese, não digo que esteja piorporque a qualidade não se podejulgar pela quantidade, mas osproblemas mantém-se e o Alentejo,

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como toda a Igreja, tem que estarem contínua evangelização.A evangelização não pode ser umprocesso que se faz dentro dostemplos, nos recintos fechados, masna rua, no campo, no emprego e,como diz o Papa Francisco, irsempre às periferias geográficas eexistenciais.É esse processo que tenho usadodesde que cá estou e na minhaentrada aqui na diocese, no dia 11de abril de 1999, disse isso mesmousando o Evangelho desse domingoque era sobre os discípulos deEmaús, que vão desanimados eJesus junta-se a eles, umcompanheiro de caminho, que osescuta e depois começa a iluminaros seus caminhos, os seus passos.Isso tem de ser o paradigma donosso tipo de evangelização aqui noAlentejo.Portanto, eu diria que é umprocesso contínuo, que uma pessoasó não pode fazer, tem de envolvermuita gente, e sobretudo os diretoscolaboradores. A tempo inteirosabemos que não há muitos, sãoreformados que não têm grandescompromissos familiares e depois oclero que às vezes está muitoconfinado ao seu pequeno território,às suas paróquias e cada padre

tem sempre muitas, os diáconospermanentes também não sãomuitos.De maneira que há sempre umcampo de missão muito grande enão dá para cruzar os braços oupara parar e por isso é que pedi umcoadjutor. E estamos em sínodopara animar aqueles que colaboramconnosco, ver a situação e traçaralguns caminhos que devemospercorrer. AE – Referiu as fronteiras eperiferias que o Papa Francisco noimpele a ir. Quais são as fronteirasque sente que existem em Beja, aIgreja deve ir até onde na diocese?AVD – Sabemos que o Alentejoesteve muito mais tempo ocupadopelos muçulmanos e só no século XIIé que voltou a ser recristianizado.Os cristãos foram depoisperseguidos, também tolerados,mas nunca com a liberdade quedepois tivemos a partir daReconquista.Nesse tempo vieram sobretudoordens religiosas e os seusmosteiros: dai saíram muitosmissionários, sobretudofranciscanos, carmelitas edominicanos, que marcaram muitapresença neste território. Com adecadência da própria vidareligiosa, vida consagrada, dosmosteiros

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e com a expulsão das ordensreligiosas masculinas e femininasficou, por assim dizer, sem grandesagentes pastorais. Apesar disso, opovo manteve a sua religiosidademas fora dos espaços de culto. AE – Sente que é uma restauraçãoque tem sempre de ser feita porcausa desse passado. Umarestauração da evangelização?AVD – Sim. Era preciso que asvocações surgissem no próprioAlentejo e não fossem importadasde outros lados e como sabemos,infelizmente, antigamente dizia-se aalgum padre que se portasse malque ia para África, que às vezescorrespondia ao Alentejo.Quando o D. José do PatrocínioDias, depois da República em 1922,aqui chegou encontrou uma diocesemuito descristianizada no sentido daprática religiosa, muitas paróquiassem ninguém ou então com padreque constituíam família.Em 1938, ele ainda lançou umgrande grito pedindo ajuda deoutras dioceses dizendo que sópodia contar com 18 padres para oAlentejo. Sabemos que isso épouco. Claro que procurou purificare legalizar

as situações e só tinha 18.Foi um trabalho que continuou comas missões, com a visita da imagemperegrina de Nossa Senhora deFátima. Por aqui passaram tambémgrandes missionários – o padreMário Branco; o padre Crespo –esses grandes oradoresfranciscanos que andavam poressas terras, sobretudo quandovinha a imagem peregrina. Depoiscom o Concílio Vaticano II tambémse notou uma certa crise sobretudodentro da hierarquia.Eu creio que foi só praticamente D.Manuel Falcão, nomeado comobispo coadjutor em 1974 tendoassumido em 1980 a diocese, é queas coisas começaram a mudar umpouco, porque fez um grandeesforço, até a nível dos recursoseconómicos e financeiros, porque adiocese não tinha grandesinstalações sobretudo para os seusserviços.A nível dos colaboradores diria quenão somos das dioceses que estápior. Eu nunca me queixei mas nãoposso baixar os braços. Conto combons colaboradores, alguns já umpouco cansados. É preciso renovarsempre, é preciso evangelizarsempre.

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AE – Essas novas fronteiras que oPapa Francisco fala são periferiassociais, de evangelização, onde éimportante a Igreja ir…AVD – Durante muito tempomanteve-se a tradição de que aIgreja ou o espaço de culto seriapara as mulheres e para ascrianças. Os homens emborareligiosos ficavam fora. É precisoque também o clero e as senhorascolaboradoras, e outros, saiam dosespaços do culto e vão até àsfamílias, até aos homens, até aosjovens e ai sejam testemunhas deJesus Cristo, da fé, porque como dizo profeta “debaixo das cinzas háainda muitas brasas a arder”.É necessário reavivar, reanimar. Háque acabar com essas fronteiras etornar a Igreja, os seus serviços e asua missão mais transparente e oespaço e o tempo muito mais deencontro e de diálogo com aspessoas na sua real situação. AE – É necessário evangelizar masé difícil quando se está numa terradesertificada. O poder políticonacional, mas também local, têmcontribuído para contrariar atendência de desertificação doAlentejo?AVD – O poder político sozinho nãopode fazer muita coisa mas no

Alentejo as autarquias e asinstituições sociais ainda são osgrandes empregadores. Aagricultura, quer a intensiva como aextensiva, também emprega massabemos que as novas geraçõesprecisam de trabalho e nãoencontrando aqui emigram. Asfamílias perdem pessoas, filhos…Há muitos casais que não têm filhose outros que têm um filho único oque torna mais difícil aevangelização.Na diocese temos cerca de 15 milhabitantes, ainda é muita gente masestá muito dispersa, mais junta nolitoral ou nos grandes meios emenos no interior onde a populaçãoestá muito envelhecida. AE – Podiam ser feitas mais coisaspara contrariar essa tendência atéde aglomerados populacionais,contrariando outras zonas maisdesertas. Falou-se muito doAlqueva, essa obra que poderiaempregar e atrair muitos turistas,também a dinamização que oaeroporto de Beja poderia trazer…AVD – O Alqueva tem uma grandefunção: vai irrigar 110 mil hectares.Agora os agricultores podemsemear com confiança porquecontam com o grande reservatóriodo Alqueva que, dizem, mesmo nãochovendo durante cinco ele podeirrigar o Alentejo.

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É benéfico também para projetosturísticos.A nível agrícola podia-se fazer mais.Antigamente era o trigo agora é oolival e a vinha porque com umcultivo intensivo, com a rega e osadubos produz-se muito mais, oraisso ocupa pouca gente. Há outrosmeios.Creio que a nossa criatividade aindanão deu para tanto. Hoje em dia,através das novas tecnologias,pode-se em qualquer parte domundo

estar intensamente ocupado e, noAlentejo como tem um bom clima emuito espaço, poderíamos usarmuita criatividade para ocupar estajuventude e produzir mais para opaís.O Aeroporto de Beja estápraticamente parado. Uma estruturaque custou uns milhões…Queremos e fazemos as coisas,investimos em betão einfraestruturas, mas depois nãodelineamos o seu funcionamento e asua manutenção.

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AE – D. António Vitalino propôs umsínodo diocesano. Qual o balançoque faz ou os grandes passos queforam dados?AVD – Em 2005, no dia diocesanolancei esse repto mas diziam-meque não tínhamos colaboradorespara dinamizar e fazer com que,pelo menos aqueles que sãocristãos praticantes, seenvolvessem, mais numa ótica decolaboração do que de consumo.Não resignei e, ano por ano, fuidizendo que tínhamos de convocaro sínodo. Até que apareceu omomento propício com a visita «adlimina», em 2007, onde a Igrejaresolveu repensar a pastoral.Nessa altura organizei umacomissão. Pedi a todos os padres eserviços que me dessem endereçoscompletos de pessoas que vão,frequentam e às vezes colaboramcom a Igreja e reuni numa base dedados mais de mil endereços.Nos seis arciprestados da diocesejuntamos quase 800 pessoas queforam questionadas sobre diversostemas e como resposta assinalarama sua alegria por participar em algosemelhante, pois nunca tinham sidoauscultadas. Foi o ambientepropício para depois convocar osínodo.

AE – Sentiu que as pessoasqueriam de facto estar envolvidas?AVD – Sim. Precisamos é de bomsenso para perceber que não aspodemos convocar todos os fins-de-semana porque elas também têm asua vida profissional e pessoal.Como se diz no Alentejo, as coisasvão mais devagar mas vão com maisprofundidade e a Igreja tem desaber inculturar-se, usando osdinamismos próprios de um povo. Éisso que estamos a fazer.Evangelizar é uma tarefa que nuncaestá feita. Por isso que achei quedevia chamar um coadjutor quepudesse ser envolvido nestedinamismo

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e dar continuidade porque o piorque acontece na vida da Igreja éalguém ser protagonista e depoisnão saber arranjar oscolaboradores. Criam-se vazios euma grande desmotivação.A Igreja é realmente um contínuotestemunhar da fé e um contínuopassar o testemunho a outros paraque as coisas não morram e aspessoas sintam que alguémcaminha com eles. É essa a missãoda Igreja.

AE – D. João Marcos vai entrarnuma máquina em andamento…AVD – Ele irá tomar o pulso e,depois, espera-se outros impulsos.Eu como sou do Minho, tenho umpercurso de mobilidade. Tenho, porvezes, um ritmo apressado e apressa é inimiga das coisas bemfeitas. Preciso de alguém quecaminhe comigo, para depoiscaminhar da forma que considerarmelhor.

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AE – Há áreas específicas queneste momento deveriam seriamuma aposta para a Diocese de BejaAVD – Na realidade presente temosde apostar mais nas mulheres. Elastêm muitas capacidades, vivem a fée podem transmiti-la. Apostar nãoapenas na formação mas nacolaboração em muitas áreas davida da diocese.Também a família. Os homensfrequentam menos a Igreja, mastrabalhando com as mulheres,podemos encontrar dinamismos deajuda para realizarem a sua missão.Porque na família encontramostodos.Nas empresas temos de ter cristãosmais? conscientes da DoutrinaSocial da Igreja, pedir a sua práxis.As instituições sociais,misericórdias, centros sociaisparoquiais, IPSS, também ai hámuito campo a fazer porque háimensas instituições no Alentejo,sobretudo lares, com a populaçãoenvelhecida, mas também na áreada infância, onde trabalham muitaspessoas.Olhar para as autarquias, que sãoas grandes empregadoras noAlentejo.Consegui juntar, em Beja, autarcasde todos os partidos, dialogámosdurante três horas, e ouvi o belotestemunho que só a Igreja os podejuntar,

pois existem muitas áreas em quecoincidimos e devíamos fazerparcerias.D. João Marcos tem a veia artísticae o alentejano é bastante artista, éum poeta popular. O bispo coadjutorpoderá dar às pessoas umaabertura ao transcendente eenriquecer essa característica tãoprópria dos alentejanos. AE – Sublinha-se a «almofada» queas instituições sociais ligadas àIgreja têm sido nesta situação decrise. Uma constatação tambémaqui no Alentejo?AVD – No Alentejo, como em todo olado, também há essa necessidade.Preocupa-nos a promoção daspessoas, não o simplesassistencialismo. Temos equipas dereinserção sobretudo ligadas àCáritas diocesana. Procuramosautonomizar através da realizaçãopessoal e social. Há muitos casos depessoas, às vezes casais, quetinham a sua vida estabelecida eperderam o emprego. As respostasque damos procuramos que sejamatravés das instituições sociais.Ouvimos muitas queixas dedificuldade em renegociar dívidas eprocuramos fazer essa ponte.Espero que os poderes públicos,

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embora sabendo que também têmde satisfazer os seus compromissos,sejam mais humanos porque apessoa é que é o centro de todo onosso compromisso, quer da Igreja,como do Estado e de qualquer outrainstituição. Quando se ofende adignidade da pessoa humana e dafamília não estamos a cumprir amissão para que fomos escolhidospara que fomos eleitos. AE – A Igreja deve ajudar adenunciar estas situações?AVD - A Igreja deve ser profeta,que denuncia mas que tambémajuda.

Neste momento, sabemos, e não ésó de agora arrasta-se há muitosanos: se lermos os nossos autores,os críticos, desde Ramalho Ortigão,Eça de Queirós, Guerra Junqueiro,entre outros, vemos que este tipo desociedade sempre existiu mas porisso é que temos o poder judicialque tem de ser dotado de meiosnecessários para que se as pessoasatuem por ética, amor, princípios decidadania. Isto para que apopulação sinta confiança em todosaqueles que escolhe para osdiferentes cargos.

(entrevista na íntegraem www.agencia.ecclesia.pt)

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Searas cristãs do Alentejo,verde da esperançaD. João Marcos afirmou estedomingo na homilia da missa deentrada na Diocese de Beja comobispo coadjutor que “o Alentejoprecisa de esperança” num tempoem se vive uma “retração de Deus”.“É tempo de as searas cristãs doAlentejo levarem o verde daesperança sobrenatural ao coraçãoressequido de tanta gente que,sendo embora religiosa, nãoexperimenta que o céu existe,mesmo, que Deus não é uma ideiaabstrata e inconsistente, mas afonte de toda a realidade”, disse.Para o bispo coadjutor de Beja, “oAlentejo precisa de esperança,precisa de cristãos que vivamseriamente a fé e a caridade parapuderem dar testemunho credívelda esperança cristã”.Na homilia da Missa no semináriodiocesano, presidida pelo bispo deBeja D. António Vitalino, D. JoãoMarcos desafiou os cristãos a nãoreduzir do cristianismo a “práticasreligiosas inconsequentes” ou auma “moral que os pagãosconsideram desumana”.“É tempo de passarmos de umcristianismo reduzido tantas

vezes a umas práticas religiosasinconsequentes, a uma doutrina quemal se conhece e a uma moral queos pagãos consideram desumana, étempo de passarmos de umcristianismo reduzido por alguns auma terapia e a uma almofadapsicológica para fugir da realidadepara um cristianismo vivo no qualresplandece o mistério da cruz, umcristianismo solidamente enraizadona Páscoa do Senhor”, sublinhou.Para o novo bispo coadjutor deBeja, “Deus desapareceu da vidasocial”. “Vivemos hoje uma retraçãode Deus. Deus desapareceu da vidasocial e da vida de muitas pessoas.Vive-se como se Deus nãoexistisse”, assegurou D. JoãoMarcos.“Sem Deus, o homem fica diminuído,desorientado, fechado num aqui eagora sem horizontes, fabricandoidolatrias, caindo de desilusão emdesilusão”, sustentou.O bispo coadjutor de Beja comparoua vida humana a um rio:desconhecendo Deus que “é a suafonte a sua foz”, fica reduzida “a umlago, às vezes a um charco deáguas paradas”.Na homilia da Missa de entrada

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na Diocese de Beja como bispocoadjutor, D. João Marcos saudoutodos os presentes e também osausentes, nomeadamente os quetêm uma ligação à Igreja “débil ouinexistente”. “Venho também paraeles com a missão do servo doSenhor de proclamar inteiramente ajustiça nova do Evangelho semapagar a

mecha que ainda fumega”,sustentou.D. João Marcos, com 65 anos deidade e até agora diretor espiritualdo Seminário dos Olivais e doSeminário Redemptoris Mater, foinomeado a 10 de outubro pelo PapaFrancisco como bispo coadjutor deBeja, com direito de suceder a D.António Vitaliano, atual responsáveldiocesano.

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Cante Alentejano,um património a preservarO diretor do Departamento doPatrimónio Histórico de Artístico(DPHA) da Diocese de Bejaconsidera a distinção de patrimónioimaterial da humanidade, hojeatribuída pela UNESCO ao cantealentejano, “um reconhecimentomuito especial para Portugal e oAlentejo”. Em entrevista à AgênciaECCLESIA, José António Falcãosalienta que este “galardão vemreconhecer um dos traços maissignificativos da região alentejana” erepresenta o culminar de umprocesso para o qual “trabalharammuitas pessoas e organizações aolongo de diversos anos”.O professor e historiador lembraque o cante alentejano, na suagénese, é um património que “apelaaos grandes valores dahumanidade, da solidariedade, dapartilha, do apego à terra, à famíliae aos amigos”. Realça ainda a suaestreita ligação ao culto religioso,por exemplo “na celebração detradições religiosas muitoimportantes como as do MeninoJesus, de Nossa Senhora, e demuitos outros aspetos da fé cristã”.A Diocese de Beja olha para estereconhecimento internacional dadoao cante alentejano como uma

oportunidade para continuar acontribuir para a sua divulgação epromoção. “Hoje temos um Alentejodiferente, um Alentejo que semodernizou, que está a conseguirvencer em diversas frentes a suacrise mais importante, que é umacrise demográfica e portanto istopode ser também uma maneira demostrar a verdadeira realidade daregião”, acredita o presidente doDPHA.Por outro lado, abre também umajanela de oportunidade para o“desenvolvimento de um turismocultural bem sustentado, porquenaturalmente serão muitas mais aspessoas que quererão conhecer deperto esta realidade do cantealentejano”.José António Falcão concluirecordando “alguns padres e leigosque tiveram um papelimportantíssimo na recolha, nainventariação, na salvaguarda e aténa valorização” desta tradiçãomusical, em especial o padreAntónio Cartageno, músico e párocoem Beja “que, juntamente com ocónego António Aparício, teve umpapel fundamental” nesta área.O padre e compositor António

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Cartageno, por sua vez, considera adistinção de património imaterial daHumanidade atribuída ao cantealentejano mais um passo paragarantir o futuro desta arte popular.Em entrevista concedida à AgênciaECCLESIA, o sacerdote destaca ofacto do cante alentejano estaratualmente a atrair “cada vez maisjovens” e inclusivamente a ser“ensinado às crianças nas escolas”.“Um dado novo dos últimos anos éque têm surgido jovens que cantamo canto alentejano, que o estudam,o ensaiam, e cantam muito bem”,destaca o pároco das comunidadesde Santa Maria da Feira, SantiagoMaior e São João Baptista.Por outro lado, a aposta tambémtem passado por esta tradiçãoalentejana ser transmitida aos maisnovos, nas escolas, “com a ajuda dealguns

monitores e dos professores”. “Aliás,essa era uma das razões parasensibilizar a UNESCO na atribuiçãodesta classificação ao cante, paraque ele seja preservado, que tenhafuturo. E tem, porque os jovens e ascrianças estão a agarrá-lo”,complementa o padre AntónioCartageno.Um dos aspetos que levou aUNESCO - Organização das NaçõesUnidas para a Educação, Ciência eCultura – a considerar o cantealentejano património imaterial daHumanidade foi sublinhar o seucontributo para a solidariedade efraternidade entre as pessoas. Parao padre António Cartageno, trata-seum ponto importante a relevar, namedida em que “não conhece emPortugal, ao nível do canto popular,outro que aproxime tanto aspessoas”. Os

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homens e as mulheres “cantamabraçados uns aos outros, reforçamo sentido de grupo, desolidariedade”, salienta o sacerdote.Nas terras onde o cante alentejanoestá mais implantado, sobretudo noBaixo Alentejo e numa faixa do AltoAlentejo, a maioria dascomunidades “têm um ou mesmodois grupos corais”. “As pessoasreúnem-se para ensaiar, paracriarem novas modas, e isto cria defacto laços, molda a relação entreas pessoas, faz com que elasfiquem mais entrosadas umas comas outras”, complementa o

pároco e compositor.Ainda quanto ao futuro, opadre António Cartageno realça quea atribuição desta distinção vemaumentar a responsabilidade “dopovo alentejano, dos grupos corais,das autarquias”, em trabalharem napreservação e divulgação docante. “Se ele é agora patrimónioimaterial da Humanidade é precisomostrá-lo e mostrá-lo com qualidadeàs pessoas que cá vêm. E issonaturalmente vai exigir muito maisdaqui para a frente”, conclui.

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Este reconhecimento da UNESCO é importante e por isso saúdo-o poisentendo que é expressão de uma cultura que não existe noutro lado,mais no Baixo-Alentejo.Vi este reconhecimento com muita alegria.O padre António Cartageno integrou a comissão científica, o padreMarvão é um grande promotor do Cante, sobretudo do religioso. Tambémo cónego Aparício, todos têm feito muito pelo Cante Alentejano. Quandobem cantado, encontramos um sentimento, as características própriasque não vemos noutros lados. Por isso, saúdo. Parabéns ao Alentejo,aos alentejanos e não tenham medo de cultivar as suas modas e de astransmitir de geração em geração. Creio que os mais jovens começam adescobrir esta beleza e riqueza do Cante Alentejano.(D. António Vitalino, bispo de Beja)

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Perceção da situação atualda Diocese de BejaSão muitas e diversas as carênciassentidas por algumas (muitas)pessoas da Diocese de Beja. Poder-se-á, contudo, afirmar que, a quemais a afeta é certamente, aeconómica, com oscontraproducentes reflexos emtodas as necessidades, tais como:comer, vestir, pagar renda de casa,água, luz, medicamentos, consultas,etc.Para esta situação contribui,mormente, o desemprego. Porexemplo, noticiou-se, por aqui, háduas semanas, que uma empresalocal despediu 400 trabalhadores.São 400 pessoas, provavelmentealgumas chefes de família e que, noconcreto, ficaram, de um dia para ooutro, sem emprego, sem dinheiro,sem pão e, provavelmente, semmotivação para prosseguiremprocurando aquilo a quem têmdireito “o trabalho”.Alguns jovens, apesar dequalificados, são empurrados parafora da região, ou mesmo do país,em procura dum emprego, que nemsempre encontram.Não gostaria, nem queria, serinjusto. Mas admito que, além dafalta de apoios estatais, haverá,também,

falta de iniciativas locais. Diriamesmo, um certo marasmo daatividade económica na região.Existem, porém, outras razões queconcorrem para a atual carência eque são mais profundas, do que ascausas atrás apontadas. Refirome àfalta de valores humanos e devalores cristãos que fazem com queo egoísmo, o materialismo e oindividualismo se instalem nasociedade em geral e até emalgumas famílias.Defendo e acredito que os cristãosdo Alentejo, a igreja através dassuas paróquias , grupos de açãosocial e outras instituições possamter (devam ter) uma funçãofundamental e urgente adesempenhar na promoção dapessoa humana, dos seus valores esatisfação das suas necessidades easpirações.É neste contexto que se insere amissão da Cáritas Diocesana deBeja, através das suas respostassociais, tais como:A Comunidade Terapêutica que temcomo missão a recuperação dealcoólicos e toxicodependentes, nasvertentes psicológica, social,espiritual e médica.

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A Cantina Social que fornecerefeições a pessoas e famíliaseconomicamente carenciadasdesempregadas.O Refeitório Social destinado a darresposta imediata a passantes, semabrigo, em situação de emergência.O Apoio Domiciliário que prestacuidados individualizados, nodomicílio, a pessoas e famílias,

com o fornecimento de refeições,tratamento de roupa, higienepessoal e habitacional.A Comunidade de Inserção dirigidaa pessoas e famílias em situação devulnerabilidade e exclusão social,como mães solteiras, pessoas semabrigo, etc.

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O Rendimento Social de Inserçãoque atende, acompanha, verifica econfirma necessidades de pessoase famílias encaminhadas daSegurança Social, no sentido de asautonomizar.O Serviço de Apoio Social, umaresposta que visa apoiar pessoas efamílias situação de carênciaeconómica, que não dispõem derecursos suficientes para fazer faceàs suas necessidades básicas,recorrendo ao Fundo SocialSolidário e ao Fundo Diocesano.Como perspetivas, pensa a CáritasDiocesana de Beja (CDB) continuara apoiar todos os que lhe batem àporta e são cada vez mais em maiornúmero. Não enjeita, por isso, terde, no futuro, optar pelos casosmais problemáticos. É, igualmente,tarefa da CDB solidificar a resposta

Comunidade de Inserção, criada jáeste ano e com uma procura muitopara além do expectável.Apoiará e desenvolverá outrasiniciativas e projetos que seconsiderem necessários, viáveis eadequados às necessidades daregião. Porém, a CDB depende, emmuito, do Estado. E o Estado pode eapoia cada vez menos asinstituições. É cada vez menossensível à pobreza. Olha cada vezmenos para aqueles que deviammerecer a sua maior e permanenteatenção.Todavia, a Direção da CDB declarao seu total empenho, a suapermanente disponibilidade paraminimizar as graves carências edificuldades que muitos sentem e,infelizmente, continuarão a sentir.

Diácono Florival Silva,presidente da Cáritas de Beja

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«O Alentejo é uma terra de missão»José Quirino, membro da Comissãodo Sínodo Diocesano de Beja, olhapara a caminhada de reflexão quefoi proposta às comunidadescatólicas alentejanas como umaoportunidade para mobilizar apopulação local na resolução dosseus problemas, inclusivamente noplano político.“O Alentejo é uma terra de missão,de transformação, e nós leigostambém temos o papel de exigir doEstado, do governo central, quecorrija assimetrias e que ajude aonosso desenvolvimento”, salienta oantigo autarca em declarações àAgência ECCLESIA.Dando como exemplo o projeto doAlqueva, José Quirino sublinha quepara inverter a sangria populacionalno território “não basta só a águachegar a todos os terrenos”.“É preciso também que haja alguminvestimento e algum estudo nosentido de podermos povoar estaterra”, complementa.Uma das surpresas mais agradáveisque aquele responsável registou aolongo do percurso sinodal, foi aadesão das autarquias e juntas defreguesia ao repto da Diocese deBeja, para que Igreja Católica epoder político caminhem lado a ladona

busca de soluções para ocrescimento do Alentejo.Além do problema demográfico, areflexão tem andado à volta da“pobreza” que atinge atualmentemuitas localidades alentejanas.Sobre esta questão, José Quirinoconfessa ter ficado impressionadocom o número de pessoas que têmbatido à porta das instituiçõescatólicas “a pedir dinheiro parapagar despesas correntes de água,luz e eletricidade ou para ajudar osfilhos”.O fundo diocesano criado por D.António Vitalino, em complementocom “a ajuda que vem a nívelnacional”, da Igreja Católica, temajudado a minimizar as dificuldadesdas pessoas.O membro da Comissão do SínodoDiocesano de Beja espera que oSínodo fomente uma maior“corresponsabilidade” entre aspessoas, porque as estruturascatólicas, por muito empenhadasque estejam, não chegam para tudo.“Há padres que têm concelhossozinhos, estão a fazer todas asparóquias, é um bocadodesgastante”, aponta aqueleresponsável.José Quirino sublinha ainda aimportância de “apostar

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numa pastoral de formação, deiniciação cristã, na medida em que afé das comunidades resultaatualmente mais de uma“religiosidade natural” do que deuma opção “esclarecida”.“Tenho a certeza que os leigos queforem formados, e há muitos que emcada paróquia podemdesempenhar

essa função, vão poder aliviaro trabalho dos padres e responderàs necessidades das pessoas e daIgreja”, acrescenta.O antigo autarca acredita que orecém-entrado bispo coadjutor deBeja, D. João Marcos, “é um homemvocacionado” para ajudar a IgrejaCatólica em todo este trabalho.

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Trabalhar a dimensão da«caridade organizada»Faz dois anos que o bispo de Beja,D. António Vitalino, convocou umsínodo diocesano para ajudar arevitalizar uma das comunidadesmais desertificadas e envelhecidasdo país, também no seu contributopara a Igreja Católica e para asociedade.Em entrevista à Agência ECCLESIA,Teresa Chaves, membro daComissão do Sínodo Diocesano deBeja, destaca a forma entusiastacomo os alentejanos têm aderido àproposta do seu bispo.“As pessoas estão muito ávidas dese envolverem, de participarem,algumas inclusivamente disseramque seria a primeira vez que lhesestavam a perguntar alguma coisadiretamente”, realça aquelaresponsável.Para a também presidente daCáritas Diocesana de Beja, estesdois anos de caminhada sinodal têmsido “bastante gratificantes” e “émuito bom sentir” que as paróquias“correspondem” àquilo que lhes éproposto, no sentido de serem “umaIgreja mais ativa, interveniente ecom espirito missionário”.“O Sínodo é a melhor forma deresolver isso porque todas as

paróquias poderão reunir, estudaros temas propostos e a partir daídar a conhecer o que pensam e assuas carências”.Este ano, a reflexão sinodal nadiocese alentejana, “em todas asparóquias”, vai privilegiar adimensão da “caridade”.Um tema que vai ao encontro dasdificuldades económicas e sociaisque têm afligido a região e o país.De acordo com Teresa Chaves, aideia é “envolver todas as pessoasnuma dimensão de caridadeorganizada”, em ligação com oprojeto “Mais Próximo” que a Cáritasde Beja está a implementar.“Embora haja situações de carênciasocial que tenham de sercolmatadas, gerar autonomia éfundamental. As pessoas têm de seracompanhadas e ajudadas aencontrar um caminho para quesejam autónomas e não necessitemmais dos apoios”, conclui apresidente da Cáritas Diocesana.

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«Não te conformes transforma-teBem-Aventurados protagonistasda mudança»O Festival Nacional Jovem daCanção Mensagem, a ter lugar noSantuário de Fátima (Centro PauloVI) neste 6 de dezembro de 2014, émais um desafio proposto aosjovens de todo o país para oEncontro com Cristo. Este Encontro– à maneira do que acontece comos discípulos que iam a Caminho deEmaús (cf. Lc 24, 13-35) – é umencontro que transforma o olhar docoração em vista a uma melhoração. Na verdade, são muitos osjovens que procuram ver JesusCristo, na esperança de umencontro transfigurador, atribulados,no profundo ou, até, na aparênciadas suas vidas, com muitosdissabores que lhes são impostosou que são consequência de umavida vivida no desconhecimento doEvangelho de Jesus.A Pastoral Juvenil, em todas as suasinstâncias e dimensões - mundial,nacional, diocesana, paroquial,congregacional, carismática -procura ser uma mediação querepresente Jesus a caminhar comos jovens.

Artes como a música commensagem que se prepara para umfestival são instrumentos comotantos outros para acordar econvidar para a vigilância, para quenão pare a persistência do coraçãoem perseguir a proposta que JesusCristo nos veio dar de sentido, naperspetiva do seu Reino glorioso.Hoje, também, urge a arte doacompanhamento de pessoasconcretas, num tempo massificadorque teima em fazer perder o sentidoda vida pessoal, numa tentativa dehomologação de consciências efunções ao serviço de um senhorsem rosto e afeto. Está à vista, noque a comunicação socialdenuncia…! A proposta doEvangelho vai no sentido contrário:o bem e a felicidade têm um Rosto,Jesus Cristo.A felicidade não está na própriaterra-de-nascimento, como paraJesus, que nasceu em Belém, a suamissão estava ligada comJerusalém. Para quê fugir? Parafugir da verdadeira e concretaMissão? Também aos jovens éoferecida esta perspetiva pelo

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Papa Francisco, ao convidá-lospara a Jornada Mundial daJuventude, em cada ano noDomingo de Ramos e, maisexpressivamente, nogrande encontro de Cracóvia(Polónia) em 2016. O crescimentosó pode acontecer, como prova apsicologia evolutiva, com “saltos” e,por vezes, com “transplantes” quepermitem que cada um, se desvie,como aqueles

discípulos sortudos que sedeixaram acompanhar porJesus, do caminho que leva àregressão-perdição e vai, comoIgreja jovem “em saída”, ao encontrodos outros, destinatários do mesmobem e da mesma felicidade eterna.

Departamento Nacionalda Pastoral Juvenil

Os apresentadores do X Festival Nacional Jovem da Canção Mensagemsão Carolina Vieira, da Banda Lacre, e Miguel Midões, jornalista eescritor. Na mesa do júri quatro elementos de diversas áreas e saberes: EmídioGuerreiro, secretário de Estado da Juventude e Desporto; SebastiãoAntunes, músico e compositor, sobejamente conhecido pela BandaQuadrilha; Laurinda Alves, jornalista e escritora, e o Padre António Jorge,da pastoral juvenil da Diocese de Viseu, a representar o DepartamentoNacional da Pastoral Juvenil.

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Turquia: Um Papa em busca dodiálogo e em luta contra oextremismoO Papa encerrou em Istambul umavisita de três dias à Turquia, a sextaviagem internacional do pontificado,na qual deixou vários apelos contrao terrorismo e o fundamentalismo,lembrando as vítimas das guerrasno Médio Oriente. Francisco foirecebido pelas autoridades políticasdo país em Ancara, começando porsublinhar o papel da Turquia como“ponte” entre dois continentes e asua responsabilidade no combateao extremismo, particularmentevisível na ação do ‘Daesh’, oautoproclamado Estado Islâmico.“Particularmente preocupante é ofacto de que, sobretudo por causade um grupo extremista efundamentalista, comunidadesinteiras – especialmente de cristãose yazidis, mas não só – tenhamsofrido, e ainda sofram, violênciasdesumanas por causa da suaidentidade étnica e religiosa”,declarou, no segundo discurso daviagem, no ‘Diyanet’, a Presidênciapara os Assuntos Religiosos - amais alta autoridade islâmica sunitana Turquia.Tal como fizera no paláciopresidencial de Ancara, onde oterrorismo e as perseguições contra

minorias religiosas na Síria eIraque, Francisco recordou ascentenas de milhares de pessoasque foram tiradas “à força das suascasas” e “tiveram de abandonartudo para salvar a sua vida e nãorenegar a fé”. O segundo dia da viagem, já emIstambul, começou com uma visita àMesquita Azul, onde à imagem deBento XVI, o Papa se descalçou e semanteve em "adoração silenciosa",virado para Meca, durante mais deum minuto.Mais tarde, na única celebraçãopública para a comunidade católica,Francisco desafiou os váriosmembros da Igreja, nos seusdiversos ritos, a construir a“unidade” entre si, rejeitandoqualquer postura “defensiva”.A reta final da viagem centrou-se nodiálogo com o PatriarcadoEcuménico de Constantinopla (IgrejaOrtodoxa), em vários encontrosecuménicos com Bartolomeu I,‘primus inter pares’ no mundoortodoxo, a quem o Papa pediu queo abençoasse a si e à “Igreja deRoma”.Os dois responsáveis, quesublinharam os avanços rumo à“comunhão plena” entre as duasIgrejas, mostraram

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a sua preocupação com oCristianismo no Médio Oriente,numa declaração conjunta.Antes, na igreja patriarcal de SãoJorge, onde Francisco se associouà festa de Santo André, patrono doPatriarcado de Constantinopla, oPapa denunciou o “pecadogravíssimo” da guerra, recordandoas vítimas dos países vizinhos,numa alusão

indireta à ação dos jihadistas doDaesh.Simbolicamente, o programaconcluiu-se com um encontroprivado entre o Papa e um grupo dejovens e adolescentes refugiados,criticando “o triste resultado deconflitos exacerbados e da guerra,que é sempre um mal e nuncaconstitui a solução dos problemas,antes pelo contrário, cria outros”.

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Religiões unidas pela erradicaçãoda escravaturaO Papa uniu-se a vários líderesreligiosos mundiais, no Vaticano,numa declaração comum pelaerradicação da escravatura, queclassificou como “iniciativahistórica”. “Trabalharemos juntospara erradicar o terrível flagelo daescravidão moderna, em todas assuas formas: a exploração física,económica, sexual e psicológica dehomens, mulheres e criançasagrilhoa dezenas de milhões depessoas à desumanização e àhumilhação”, referiu Francisco, nasede da Academia Pontifícia dasCiências.Católicos, anglicanos, muçulmanos,hindus, budistas, judeus e ortodoxosassinalaram deste maneira o DiaMundial para a Abolição daEscravatura, um problema que afetamilhões de pessoas em todo omundo.Francisco agradeceu os esforços detodos os presentes em favor dos“sobreviventes” do tráfico de sereshumanos, bem como a suaparticipação num “ato defraternidade”. "Cada ser humano éimagem de Deus. Deus é amor eliberdade, que se doa em relações

interpessoais, de modo que cadaser humano é uma pessoa livre,destinada a existir para o bem deoutros, em igualdade efraternidade", defendeu."Não podemos tolerar que a imagemdo Deus vivo seja submetida aotráfico mais aberrante", prosseguiu.O Papa condenou um "delitoaberrante", um "flagelo atroz", queatinge de forma especial os "maispobres e vulneráveis". Uma situaçãoque "se agava cada vez mais, todosos dias", e que exige a ação depessoas de fé, governos, empresas,pessoas de boa vontade paraerradicar a escravatura."As nossas comunidades de férecusam, sem exceção, qualquerprivação sistemática da liberdadeindividual com fins de exploraçãopessoal ou comercial", disse, emnome de todos os signatários.Segundo Francisco, a escravaturaestá presente "tanto nas cidadescomo nas aldeias", em todo omundo, e "muitas vezes disfarça-sede turismo".Segundo a relatora especial dasNações Unidas, Urmila Bhoola, pelomenos 20,9 milhões de pessoasestão sujeitas a formas modernasde escravidão.

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Carta do Papa aos consagradosO Papa Francisco escreveu umacarta a todos os religiosos ereligiosas da Igreja Católica,pedindo-lhes que sejam um modelode fraternidade para o mundo atual.“Numa sociedade do confronto, dadifícil convivência entre culturasdiferentes, da exploração dos maisfracos, das desigualdades, somoschamados a oferecer um modeloconcreto de comunidade que,através do reconhecimento dadignidade de cada pessoa e dapartilha do dom que cada umtransporta, permita viver relaçõesfraternidade”, refere a missiva, quetem data de 21 de novembro, festalitúrgica da Apresentação de Maria.O texto visa explicar os objetivos,expectativas e horizontes do Ano daVida Consagrada que começou estedomingo.“Espero de vós aquilo que peço atodos os membros da Igreja: sair desi para ir ao encontro das periferiasexistenciais”, escreve Francisco.O Papa elogia o caminho derenovação da Vida Consagrada nos50 anos que se seguiram aoConcílio Vaticano II, afirmando que,apesar de todas as fragilidades, épreciso apresentar hoje “asantidade e a vitalidade” presentesnos membros dos vários institutos.

O Ano da Vida Consagrada vaiprolongar-se até 2 de fevereiro de2016, festa litúrgica daApresentação de Jesus e diatradicionalmente dedicado aosreligiosos e religiosas.Francisco convida todos a “olhar opassado com gratidão”, por tudo oque a Vida Consagrada já deu àIgreja, chegando hoje a “novoscontextos geográficos e culturais”.Neste sentido, mais do que uma“arqueologia”, os religiosos sãodesafiados a “percorrer de novo ocaminho das gerações passadas”,dos fundadores das ordens econgregações, para colher a suainspiração.O primeiro Papa jesuíta da históriaapresenta como marca dosreligiosos a “alegria”, numasociedade que ostenta o “culto daeficiência”, e a “profecia”, paradenunciar “o pecado e as injustiças”.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados emwww.agencia.ecclesia.pt

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Conferência de imprensa no regresso a Roma

Audiência do Papa Francisco (03-12-2014)

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Institutos Religiosos de PortugalOnline

http://www.cirp.pt/

No início deste ano trazíamos a esteespaço precisamente o sítio quehoje apresentamos, no entanto, sãoduas as razões que nos levam asugerir de novo este endereço. Aprimeira prende-se naturalmentepor se ter iniciado no passadodomingo, o primeiro do Advento, oAno da Vida Consagrada. Osegundo motivo, e não menosimportante, é porque foi lançadorecentemente uma nova versãodeste sítio o que faz com queestejamos a falar de um espaçocompletamente renovado.Então esta semana propomos umavisita ao sítio da Conferência dosInstitutos Religiosos de Portugal(CIRP). A CIRP “é um Organismo dedireito pontifício, com personalidadejurídica canónica e civil, sem finslucrativos. Foi instituída por decretoda Sé Apostólica a 16 de Abril de2005. Resulta da fusão daConferência Nacional dosSuperiores Maiores dos InstitutosReligiosos (CNIR) e da FederaçãoNacional das Superioras Maioresdos Institutos Religiosos (FNIRF).Tem como objetivo principal realizarum trabalho de

coordenação e auxílio mútuo entreos diversos Institutos”.Ao digitarmos oendereço www.cirp.pt encontramosum espaço com uma apresentaçãográfica bem atual e interessante eainda com a disposição dosconteúdos completamenteenquadrados com as mais recentesnormas.Na opção “ano da vida consagrada”poderemos conhecer as diversasiniciativas que irão percorrer todo oano de 2015 até ao dia 7 defevereiro de 2016. Podemos aindaaceder aos diversos materiaisproduzidos para este ano que foidesignado por decisão do PapaFrancisco e ainda olharmos para ostestemunhos de consagrados.Em “quem somos” vamos deencontro à componente informativaque teria naturalmente de existir. Atéporque precisamos certamente desaber quem são os organismos eestruturas nacionais, qual a missãoda CIRP e ainda os seus estatutos ecomissões. Estas “comissõesnacionais” são os diferentes gruposde trabalho que, entre outrascoisas, promovem “o estudo, areflexão, a consulta, a prospeção deproblemas

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e propostas de solução, bem comooutras atividades e iniciativasconcretas que entrem no âmbito dosrespetivos sectores”.Um espaço bastante interessanteencontra-se em “institutosreligiosos”, aí pode ficar a conhecertodas as instituições que compõema CIRP. Nomeadamente é possível,clicando em cada instituto, obter umresumo com informações relevantes(fundador(a), carisma, endereços,data da fundação, etc.).Fica então lançado o repto deconhecerem melhor a CIRP porque,

“no silêncio dos mosteiros, orando,ou na agitação das ruas, ajudandoos mais necessitados, os religiosossão, seguramente, o rosto maisvisível da Igreja, oferecendodesinteressadamente os outros, osmais fragilizados, os mais pobresdos pobres, sejam eles crianças ouidosos, órfãos, doentes ou atémoribundos, traumatizados, pessoasque desistiram da vida ou que aindabuscam um sentido para os seusdias”.

Fernando Cassola Marques

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Obra Completa do Padre AntónioVieira promove «primavera cultural»A edição das obras completas dopadre António Vieira (1608-1697) foiapresentada na Reitoria daUniversidade de Lisboa, concluindoa publicação, em 30 volumes, dosescritos do jesuíta português. “Foipossível colmatar uma grave lacunada nossa cultura, disponibilizandoao grande público toda a obra domaior orador português de todos ostempos. Fez-se uma espécie deprimavera cultural com esta ediçãoque agora também está a serpublicada integralmente no Brasil apartir da matriz portuguesa,inclusive com a nossa matrizgráfica”, afirma à AgênciaECCLESIA José Eduardo Franco,um dos coordenadores do projeto.A sessão de apresentação dasobras completas terá comooradores Carlos Reis, EduardoLourenço e Viriato Soromenho-Marques e a participação do atorJúlio Martín, que fará a leitura dealguns excertos da obra de Vieira, eda Orquestra Académica daUniversidade de Lisboa.A edição da Obra Completa PadreAntónio Vieira, uma publicação doCírculo de Leitores sob a égide daUniversidade de Lisboa, é dirigidapor

José Eduardo Franco e PedroCalafate e tem como mecenasprincipal a Santa Casa daMisericórdia de Lisboa.“Vieira foi um empreendedor quetinha ideias claras e propostasconcretas para operar reformassociais e, acima de tudo, namentalidade portuguesa, na suadimensão mais atávica e imobilistaque afetava negativamente aslideranças institucionais e políticasdo nosso país marcado por práticase protocolos ‘feudais’. Lamentava-sede que sempre que alguém emPortugal tentava fazer obra grande,vinham logo as vozes da derrotamaquinar para abatê-lo”, refere JoséEduardo Franco.O diretor do Centro de Literaturas eCulturas Lusófonas e Europeias daFaculdade de Letras daUniversidade de Lisboa fala numtrabalho inédito, dada a suadimensão e complexidade em tãocurto espaço de tempo.O trabalho para a publicaçãoiniciou-se há um ano para, depoisde mais de 15 tentativas de ediçãocompleta, com uma equipa luso-brasileira composta porespecialistas e investigadores dediversas disciplinas.A dimensão do legado dos escritos

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de Vieira e a sua dispersão emdiferentes arquivos e bibliotecas dePortugal e do estrangeiro exigiu“uma grande e qualificada equipade caráter interdisciplinar pararealizar o seu levantamentosistemático e exaustivo em ordemao seu subsequente tratamento pré-editorial e editorial”.“Os textos de Vieira ainda revelamuma grande atualidade, por

exemplo, no plano da sua reflexãosobre os Direitos Humanos, a paz, oecumenismo, a crítica à corrupção,o diagnóstico que faz aos problemasestruturais perenes de Portugal, assoluções que apresenta para tornaro nosso país mais empreendedor,assim como a sua crítica àsinstituições de bloqueio do nossoprogresso”, sustenta José EduardoFranco.

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II Concílio do Vaticano: O despertarda identidade laical por Yves Congar

Depois de quase vinte séculos de história da Igreja, oII Concílio do Vaticano (1962-65) foi o primeiro areflectir teologicamente sobre a identidade laical. Noentanto, a sua doutrina está enquadrada nocaminho, iniciado anteriormente, de uma progressivaconsciencialização para esta questão.Na obra «A identidade laical à luz do Concílio» aautora, Teresa Martinho Pereira, realça que oempenhamento dos leigos na Igreja e no mundo“levantou sérias questões teológicas” quepermaneceram até ao concílio convocado pelo PapaJoão XXIII. O contributo dos teólogos para o seuesclarecimento foi “decisivo”, tanto mais que uma“grande parte daqueles que começaram a reflectir aquestão exerceram uma influência directa nos textosconciliares”. De entre estes, destacam-se YvesCongar, Gerard Philips, Karl Rahner e EdwardSchillebeeckx, que valem também como exemplos dareflexão pré-conciliar nesta matéria.A primeira obra realmente significativa para ateologia do laicado é da autoria de Yves Congar(Jalons pour une théologie du laicat) e data de 1952.“Pode dizer-se que a sua obra marca a passagem deuma reflexão espiritual sobre o laicado para umaautêntica teologia”, escreveu Teresa MartinhoPereira na obra editada pela Universidade CatólicaPortuguesa e que integra a colecção «Nova SPES».Yves Congar insiste na necessidade de valorizar aidentidade positiva dos leigos uma vez que, na suaopinião, ao longo dos séculos, estes foram vistos“numa perspectiva demasiado negativa, isto é,apenas

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como aqueles que não pertencemao clero nem são religiosos”. Alémdisso, a visão da sua ligação aomundo era carregada “denegativismo, pois considerava-seque este era o domínio do maligno”(Cf. Congar; «Jalons pour unethéologie du laicat»).O teólogo francês (Sedan, 8 de abrilde 1904 — Paris, 22 de junho de1995) realça o lugar activo de“todos os crentes no conhecimentoe na defesa da verdade utilizandocomo exemplo a teologia do«sobornost», desenvolvida no seiodas próprias Igrejas ortodoxas”. Deacordo com este conceito, “só épossível alcançar o conhecimentoverdadeiro da fé através dacomunhão total” (Cf. «A identidadelaical à luz do Concílio»).

Neste sentido, «sobornost» podetraduzir-se por colegialidade, já que“exprime a complementaridade ereciprocidade na comunidade, emordem ao conhecimento daverdade”.A participação dos leigos na realezade Cristo sobre o mundo exprime-seno “compromisso evangélico deestabelecer o Reino de Deus pelasujeição de todas as coisas ao SeuEspírito”. A presença cristã nomundo constitui, portanto, um traçoessencial da identidade laical.A acção dos leigos é ainda umtestemunho explícito de JesusCristo, uma vez que também estestêm a missão de evangelizar omundo, “quer através do anúncio daBoa Nova, quer através da denúnciado pecado”.

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Dezembro2014Dia 05* Braga – Sé - Celebração dopadroeiro da arquidiocese deBraga, São Geraldo.

* Braga - A Associação Famíliasentrega a Engrácia Leandro(professora jubilada daUniversidade do Minho) o Prémio«Pro Família 2014»

* Braga - Monsenhor Silva Araújo eo padre Alfredo Dinis (a títulopóstumo) recebem a Medalha GrauOuro do Município de Braga

* Fátima - Peregrinaçãointernacional dos padrescapuchinhos

* Braga - Auditório São Marcos -Seminário sobre «Economia Social»promovido pela União dasMisericórdias Portuguesas (UMP)

* Porto - Espinho (CentroMultimeios) - Caminhada de Advento«Poderá uma luz nascer aqui?»sobre experiências de voluntariado.

* Braga - Santuário do Bom Jesus -Concerto de Natal no Bom Jesus deBraga com a Capella MusicalCupertino de Miranda

* Braga - Exercícios espirituais«Cristo Médico» para os corposdiretivos nacionais e diocesanos daAssociação dos Médicos CatólicosPortugueses. (05 a 08)

* Itália - Roma (Universidade deSanto Anselmo) - CongressoInternacional de Bioética com o tema«Família e Relação humana: Parauma Bioética Existencial» promovidapela Universidade de SantoAnselmo. (05 e 06)

* Coimbra - Penacova (Casa deRetiros) - Retiro de Adventopromovido pela diocese de Coimbrae orientado pelas MissionáriasServidoras do Evangelho daMisericórdia (05 a 07)

* Lisboa - Iniciativa «Presépio naCidade», projeto de um grupo deleigos católicos que visa preservar«o verdadeiro sentido do Natal». (05a 22) Dia 06 de Dezembro* Vaticano - O Papa Franciscoencontra-se com um grupo deartistas itinerantes numa iniciativapromovida pela Santa Sé, a Diocesede Roma e a Entidade CircenseItaliana.

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* Fátima - Festival Nacional Jovemda Canção Mensagem «Não teconformes, transforma-te. Bem–Aventurados protagonistas damudança».

* Porto - Paço Episcopal - ConselhoPastoral Diocesano

* Aveiro - D. António Moiteiro temencontro com os membros da novadireção da CIRP da Diocese deAveiro

* Fátima - Assembleia-geral daUnião das MisericórdiasPortuguesas

* Guarda - Centro Apostólico -Jornada diocesana da Família coma presença de D. Manuel Felício

* Bragança - Jardim de Infância daCoxa - Marcha com os agentes quetrabalham com pessoas comdeficiência e integrada no DiaInternacional da Pessoa comDeficiência.

* Aveiro - Santa Joana - Conselhoregional de Aveiro do CorpoNacional de Escutas

* Leiria – Fátima - Abertura do Anoda Vida Consagrada por D. AntónioMarto.

* Lisboa - Colégio Pio XII -Conferência sobre «Família –transmissão da fé» pelo padreAndrea Ciucci, do PontifícioConselho para a Família, eintegrada nas celebrações dos 60anos da Revista «Família Cristã». * Évora - Vila Viçosa (sede da RégiaConfraria) - Conferência «160 anosdefinição do dogma da ImaculadaConceição e a bula “IneffabilisDeus”», de Pio IX, por D. ManuelMadureira Dias. * Porto - Igreja de São Lourenço -Lançamento do livro «Jesuítas dePortugal: 1542-1759 / Arte, Culto eVida Quotidiana» da autoria dopadre Fausto Sanches Martins comapresentação de José Marques(professor jubilado da Faculdade deLetras do Porto) * Bragança - Paço Episcopal -Lançamento do livro «O Futuro daIgreja» do padre Fernando CaladoRodrigues com apresentação deOctávio Ribeiro * Évora - Vila Viçosa (Santuário deNossa Senhora da Conceição) -Concerto de Órgão por João Vaz

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Apoiar a economia social no contexto do próximoquadro comunitário, é o objetivo de um seminário quea União das Misericórdias Portuguesas (UMP) vaipromover esta sexta-feira em Braga. Uma iniciativaque vai contar com a participação do primeiro-ministroportuguês, Pedro Passos Coelho. O Papa Francisco vai encontrar-se este sábado comum grupo de artistas itinerantes, numa iniciativapromovida pela Santa Sé, a Diocese de Roma e aEntidade Circense Italiana. A PAULUS editora traz a Portugal o Pe. Andrea Ciucci,do Conselho Pontifício para a Família, para proferirduas conferências sobre o tema «Família eTransmissão da Fé», nos dias 6 e 7, em Lisboa e emCastelo Branco. As religiosas de clausura do Mosteiro de Santa Clara,em Monte Real, Diocese de Leiria-Fátima, vãocelebrar este domingo a profissão perpétua de umavocação que nasceu há mais de uma década, com aajuda da internet. “Interrogava-me sobre o caminho aseguir e qual seria a vontade de Deus e foi nessecaminho que fui percebendo que Deus me chamava àvida consagrada”, conta a irmã Marina Sofia, com 28anos de idade. O Papa vai assinalar esta segunda-feira a solenidadelitúrgica da Imaculada Conceição, com um “ato deveneração” à Virgem Maria, na Praça de Espanha,Roma, pelas 16h00 (menos uma em Lisboa).

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa 12h15 - Oitavo Dia

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 11h18Domingo, dia 07 - PapaFrancisco na Turquia: Emnome da Paz RTP2, 15h30Segunda-feira, dia 08 -Entrevista ao presidente daCáritas Portuguesa, EugénioFonseca.Terça-feira, dia 09 - Informação e entrevista aopadre João Lourenço sobre aperegrinação à Terra Santa"Nos passos de Jesus";Quarta-feira, dia 10 - Informação e entrevista ao padreFernando Sampaio e Fernando Oliveira sobre aPastoral da Saúde;Quinta-feira, dia 11 - Informação e entrevista a DarleiZanon sobre o Ano da Vida Consagrada;Sexta-feira, dia 12 - Apresentação da liturgia dedomingo pelo padre João Lourenço e Juan Ambrosio. Antena 1Domingo, dia 7 de dezembro - 06h00 - Campanhas deNatal do Colégio do Sagrado Coração de Maria e doConvento dos Cardaes. Comentário com PaulaMartinho da Silva Segunda a sexta-feira, 8 a 12 de dezembro - 22h45 -

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Os direitos espirituais do utentePara que sejam reconhecidos erespeitados por todos osintervenientes nos cuidados desaúde, voluntários, eparticularmente pelos assistentesespirituais e religiosos, o Decreto-Lei 253/2009, artº 12º, elenca osdireitos do utente,independentemente da suaconfissão, e, ao fazê-lo, dá aodoente a possibilidade legal desolicitar a satisfação das suasnecessidades espirituais e, aomesmo tempo, de rejeitar edenunciar a pressão indevida ou asedução para assistênciaindesejada, bem como a obstruçãoou negação de direito.Quais são, então, os direitosespirituais do doente? No artº 12º,são descritos os seguintes:a) Aceder ao serviço de assistênciaespiritual e religiosa;b) Ser informado por escrito, nomomento da admissão na unidadeou posteriormente, dos direitosrelativos à assistência durante ointernamento, incluindo o conteúdodo regulamento interno sobre aassistência;c) Rejeitar a assistência nãosolicitada;d) Ser assistido em tempo razoável;e) Ser assistido com prioridade emcaso de iminência de morte;f) Praticar actos de culto espiritual ereligioso;

A Assistência espiritual ereligiosa é prestada ao utentea solicitação do próprio oudos seus familiares ou outroscuja proximidade ao utenteseja significativa, quando estenão a possa solicitar e sepresuma ser essa a suavontade.

(Decreto Lei 253/2009, art. 4)

g) Participar em reuniões privadascom o assistente;h) Manter em seu poder publicaçõesde conteúdo espiritual e religioso eobjectos pessoais de culto espirituale religioso, desde que nãocomprometam a funcionalidade doespaço de internamento, a ordemhospitalar, o bem –estar e o repousodos demais utentes;i) Ver respeitadas as suasconvicções religiosas;j) Optar por uma alimentação querespeite as suas convicçõesespirituais e religiosas, ainda quetenha que ser providenciada peloutente.

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Assistência religiosa e cuidados de saúde:tema apresentado aqui semanalmente

e no programa Ecclesia, RTP2, em cada quarta-feiraEntrevista ao padre Fernando Sampaio

“Se tiver de ser internado(a), não esqueça, peça avisita do capelão aos enfermeiros logo no início dointernamento. Não fique à espera”. (Comissão Nacional daPastoral da Saúde) O dever de solicitação: acidadania crente - Mas para queos profissionais acolham asnecessidades espirituais e ajudemna sua satisfação é necessário quecada doente manifeste o seu desejode assistência espiritual sem medoou vergonha. Com efeito, pedir aassistência espiritual na doença énão só uma ordem do Senhor, emordem à sua presença amorosa (cf.Tg 5, 14), mas constitui também um

acto consciente e livre de cidadaniacrente. Mais, a solicitação é umdever legal do doente para quereceba cuidados espirituais: «aassistência espiritual e religiosa (…)é prestada ao utente a solicitaçãodo próprio ou dos seus familiares ououtros cuja proximidade ao utenteseja significativa, quando este não apossa solicitar e se presuma seressa a sua vontade» (artº 4º).

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Ano B – 2º domingo do Advento Dar todo oespaço paraCristo

Na liturgia deste segundo domingo de Advento há umforte apelo ao reencontro do homem com Deus, àconversão. Deus oferece-nos um mundo novo deliberdade, de justiça e de paz, mas esse mundo só setornará uma realidade quando aceitarmos reformar oseu coração, abrindo-o aos valores de Deus. É amensagem do Evangelho, através da pregação deJoão Batista.João Baptista afirma claramente que preparar a vindado Messias passa pela conversão, por umatransformação total do homem, por uma nova atitudede base, por uma outra escala de valores, por umaradical mudança de pensamento, por uma postura vitalinteiramente nova, por um movimento radical que leveo homem a reequacionar a sua vida e a colocar Deusno centro da sua existência e dos seus interesses.Neste tempo de Advento, vivido como tempo próprio ecomo preparação para a celebração do Natal doSenhor, esta proposta tem pleno sentido.Então devemos questionar-nos, em concreto, o que éque nos nossos pensamentos, comportamentos ementalidade, nos valores que dirigem a nossa vida, éegoísmo, orgulho e autossuficiência, impedindo onascimento de Jesus no nosso coração e na nossavida.Devemos questionar-nos se estamos suficientementeatentos aos profetas que provocam o nosso estilo devida e os nossos valores, ou consideramo-los figurasincomodativas, ultrapassadas e dispensáveis, se nós,constituídos profetas desde o nosso batismo, nossentimos enviados por Deus a interpelar e aquestionar o mundo e os nossos irmãos.Devemos questionar-nos, à luz do estilo de vida deJoão Batista, um estilo sóbrio, simples e centrado noessencial, se a nossa vida também está marcada por

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valores nos quais apostamos e àvolta dos quais construímos toda anossa existência, por valoresimportantes, decisivos, eternos,capazes de nos darem vida efelicidade, ou se nos deixamos levarpor valores efémeros, particulares,egoístas e geradores dedependência e escravidão,assumindo um estilo de vida quecontradiz claramente os valores doEvangelho.Não chega dizer “talvez” ou “sim,mas…”. Deus espera uma respostatotal, radical, decidida, inequívoca àoferta de salvação que Ele faz. Issosignifica uma renúncia decidida aonosso egoísmo e uma adesão

decidida pela aventura do Reinoque Jesus, há mais de dois mil anos,nos veio propor.É urgente dar a Cristo todo oespaço nas nossas vidas: limpar oterreno, permitir que Ele nasça noíntimo da nossa vida. O Adventopode ser um tempo dedesapropriação, para melhorencontrar Cristo.Ao longo desta segunda semana,procuremos libertar espaço donosso ser para o Senhor. Só assimpermitimos que Ele venha ao nossocoração.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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Advento na redeEstamos em pleno advento de 2014.Advento é o início de um novo ano.A expectativa é o grande silêncioque antecipa o que está para vir.Advento é tempo de espera, ativa,vigilante. Na rede podemos encontrar váriossubsidies que nos ajudam a vivermelhor e de várias formas estetempo. 1. CALENDÁRIO DE ADVENTOINTERATIVO. Inglês. Owww.XT3.com foi criado por ocasiãodas Jornadas Mundiais daJuventude em 2008.Como vem sendo habitual volta esteano a lançar o calendário deadvento interativo. O Calendárioconta com reflexões diárias erecursos multimedia; reflexões deadvento do Papa Francisco;animações em vídeo e a mensagemde advento do arcebispo de Sidney.Além de estar disponível online apartir de 30 de novembro, este anoo calendário está também disponívelem Apps para iPhone, iPad eAndroid. 2. O site Laboratório da Fé: “VOLTAA OLHAR O MUNDO PELAPRIMEIRA VEZ”. «A fé é umagrande escola do olhar». E «a vidaé o imenso

laboratório para a atenção, asensibilidade e o espanto que nospermite reconhecer em cadainstante, por mais precário eescasso que seja, a reverberaçãode uma fantástica presença: ospassos do próprio Deus». A fé vividaé uma questão de abrir os olhos. Emcada semana, propõem-se orientaro nosso olhar ao ritmo de umapalavra: descoberta, pão, alegria,encontro. «Como se opera em nós atransformação do olhar? — é o quedeveríamos perguntar» ao longodeste Advento. 3. Portal Cristo Jovem: “SEGUEAQUELA ESTRELA”. O portal CristoJovem pensou em um subsídio depreparação para o Advento com oobjetivo de ajudar os jovens, sejaem grupo ou individualmente, aprepararem-se para este tempo tãoimportante para toda a Igreja.O subsídio apresenta quatropessoas cuja importância espiritualpara este tempo litúrgico merecemser conhecidas e refletidas: Isaías,João Batista, José e Maria. Oesquema é simples e é compostopor cinco passos muito simples:Apresentação da estrela; Meditação Biblifica-te; Oração; Põe-te acaminho. O último passo é tambémo mais desafiante.

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No final de cada oração é feito umdesafio concreto aos jovens que osajude a partir para a ação. 4. O site iMissio: “#AdventoiMissio”.Desafiados pelo pensamento doProfeta Isaías “Estou a fazer algonovo, já está a germinar: não estãoa notar?” (Is 43, 19), e pelaatualíssima exortação apostólica doPapa Francisco, EVANGELIIGAUDIUM, todos os dias serãopropostos dois momentos: Evangeliie Gaudium. Evangelii é a leitura deexcertos do evangelho de cada dia.Gaudium é uma pequenaprovocação, desafio para cada. Umcartaz por dia.

5. O site Aleteia: “LECTIO DIVINAPARA ADVIENTO”. Espanhol. O siteoferece a todos os seus leitores umguia prático para rezar com aSagrada Escritura até ao Natal. Depende de cada um construir oAdvento que lhe permita o Natalverdadeiramente cristão. Bom Advento e um Santo Natal.

Bento Oliveira@iMissio

http://www.imissio.net

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Os meus super-heróisCom 33 anos, tenho super-heróis.Os meus super-heróis não vivem sóem Nova Iorque e as minhas super-heroínas não voam sobre arranha-céus.Os meus super-heróis passamdesapercebidos na rua mascostumam ter sempre uma cruz comeles que os distinguesilenciosamente dos outros.As minhas super-heroínas sabemsorrir e cuidar como ninguém;acredito que são mães sem queDeus algum dia lhes tenha sopradovida no ventre.Um outro nome que pode ser dadoaos meus super-heróis éconsagrados.Um consagrado não gosta da ideiade ser um super-herói mas aheroicidade está-lhes no sangue.Desconfio que Deus terá visto queestas pessoas tinham o verdadeiroFACTOR X, e para mim, overdadeiro FACTOR X chama-seAmor. Deus terá visto neles umcanal de amor extraordinário, umcanal do seu amor pelos homens.As razões que levavam uma mulherpara o convento ou um homem parao seminário há 40 anos atrás eramefetivamente diferentes daquelasque se apresentam hoje. Um jovemque entra agora para umacongregação sabe o que ganha e oque vai deixar

para trás. Efetivamente, há 30-40anos, o mundo cá fora era bemmenos atraente.Jovem ou mais velho, o super-heróinão abre mão da sua fé nem dosseus irmãos. Ele sabe que os maispobres e os mais frágeis sãoos escolhidos.Um dia perguntei a mim própria oque devia fazer com os meus super-heróis: ajudá-los no que podia nasua missão e experienciá-lossozinha? Ou mostrá-los comoexemplo, dando-os a conhecer?Num mundo onde são tantas aspessoas que não encontraram aindaum verdadeiro sentido para a suaexistência, que estão perdidos, nãodeveria partilhar o meuconhecimento da vida destes super-heróis com quem quisesse vê-los?Por que não mediatizar o BEM, aintencionalidade do BEM? Que talmostrar em televisão ou em redessociais o trabalho de consagrados?Se os Doze fizeram tanto pelaRevelação de Deus, por que é quenós, com tantos séculos de distânciae em muito maior número,continuamos timidamente a fazer tãopouco com os meios e as redes decomunicação que temos ao nossodispor?Não posso terminar este artigo

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sem dizer que apesar de super-heróis, cada consagrado tem em sium coração humano, quecertamente bate à mesmavelocidade que o meu. Imagino quetambém deva errar ou sentir-secansado. Acredito que não há malalgum nisso. Deus escolheu

fazer deles super-heróis mas nuncalhes negaria humanidade: ela fazparte do caminho.Afinal, também o homem-aranha tiraa sua capa, no fim do dia, quandochega a casa para jantar.

Inês Leitão nasceu a 1 de julhode 1981 em Lisboa. É autorado documentário “As Mulheresde Deus” (2012), obra baseadana vida de quatro irmãshospitaleiras do SagradoCoração de Jesus e do seutrabalho com doentes mentaisna Casa de Saúde da Idanha,em Sintra. Em fevereiro de2014 entregou em Roma, nasmãos do Papa Francisco, umacópia do seu últimodocumentário “O Meu bairro”,obra que aborda a vida dosmissionários e missionárias daConsolata no bairro social doZambujal.

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«Barómetro» mensal vai ajudar aadequar projetos às necessidades dasociedadeOs Institutos Religiosos de Portugalquerem fazer do Ano da VidaConsagrada uma oportunidade paraatualizarem carismas e revitalizaremo modo como estão presentes nomeio da sociedade. Em entrevista àAgência ECCLESIA, o presidente daConferência dos InstitutosReligiosos de Portugal (CIRP)explicou que está a ser preparada arealização de um “barómetro”mensal junto das pessoas.Um conjunto de “entrevistas” que,segundo o padre Artur Teixeira,terão como objetivo ajudar aperceber “que perspetiva é que asociedade tem acerca da IgrejaCatólica no seu todo, e emparticular da vida consagrada”, oque é que espera dela.“Vamos querer aprender e escutar oque têm para nos dizer. Quantomelhor nos conhecermos a nóspróprios, as pessoas, o mundo emque vivemos, certamente tambémestaremos um pouco mais terra aterra para também aí intervir, lado alado com outras pessoas que nosensinam muito e com as quaispoderemos aprender”, frisa osacerdote.

Promovido com o apoio de “umaequipa de topo em estudosde mercado”, este barómetro vaipermitir depois que os diversosinstitutos religiosos adequem osseus projetos aos desafios e àsnecessidades atuais da sociedade.“Também nós, os responsáveis dosdiversos institutos, queremosaprender, aproximar, ver se énecessário provavelmente mudaralguma coisa na nossa gramática ouno nosso relacionamento com estemundo que amamos, onde vivemose queremos sempre levar para ocoração de Deus”, sublinha o padreArtur Teixeira.Esta procura de uma presença maisefetiva ao mundo de hoje vai levar aConferência dos InstitutosReligiosos de Portugal a promoverperiodicamente algumas iniciativasde “aproximação ao mundo”.O presidente da CIRP revela que,entre outras áreas, os consagradosvão privilegiar a presença junto do“mundo juvenil”, por exemplo “emfestivais de verão”, e do “mundolaboral”, em especial onde

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o trabalho é “mais precário”.“Nesta partilha com o mundo comque estamos a lidar, a quem nosestamos a doar, queremos aprendermas também partilhar o essencial donosso viver”, sustenta o superiorprovincial dos Missionários doCoração de Maria (Claretianos).Em causa está perceber queâmbitos de consagração - pobreza,castidade ou obediência porexemplo - é que precisam serrevistos ou reformulados.“Aos âmbitos da nossaconsagração,

importa-nos não dá-los comoadquiridos, vivê-losautomaticamentecomo se tudoaconteça, mas fazer umaatualização para percebermos o queesses dinamismos precisam danossa parte de caminho”, conclui opadre Artur Teixeira.O Ano da Vida Consagradaprolonga-se até 2 de fevereiro de2016, festa litúrgica daApresentação de Jesus, diatradicionalmente dedicado aosreligiosos e religiosas de todo omundo.

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Dar lugar à pazPara que o nascimento do Redentortraga paz e esperança a todos oshomens de boa vontade. [Intençãodo Papa para o mês de Dezembro] 1. A tradição profética suscitou ealimentou, no povo de Israel, aesperança de um tempo em queDeus se manifestaria de formadecisiva em favor do seu povo,enviando o Messias. Este seriasuficientemente poderoso parainstaurar a paz definitiva e libertarIsrael dos seus inimigos – Israelsofria, por aquele tempo, aopressão de impérios extremamentepoderosos ou perdera mesmo aindependência e o seu povoencontrava-se no exílio. Era umpovo abatido e em crise de féaquele a quem os profetasanunciavam os tempos messiânicos. 2. Para os discípulos de Jesus, apalavra dos profetas cumpriu-se nonascimento, vida, morte eressurreição do Senhor. Cumpriu-se, aliás, para lá de tudo quanto eraa esperança de Israel. Por essemotivo, a celebração do nascimentode Cristo ficou, desde muito cedo,associada ao anúncio profético dapaz desejada por Israel e, afinal,por todos os homens e mulheres deboa vontade.

E, apesar de esta paz nunca teracontecido – pelo menos, ao jeitoesperado pelos profetas – o Natalcontinua a alimentar o sonho dosprofetas e de quantos anseiam pelapaz verdadeira, aquela que é domde Deus e se realiza na vida daspessoas de boa vontade. 3. A Intenção do Santo Padre paraeste mês de Dezembro faz apelo auma paz em que Deus e o homemse dão as mãos. Não nos pede,apesar disso, uma oração ingénua,pois nenhum desejo de Deus seimpõe à falta de vontade doshomens: Deus, no seu Filho, cujonascimento celebramos, oferece-nos a paz; cabe-nos acolher estagraça ou desperdiçá-la. Não setrata, porém, de uma graçaabstracta. Ela traz o nome de cadaum de nós. E depende de cada umde nós que a paz ganhe corpo ànossa volta. Este é o “espírito” doNatal: Deus faz o máximo que podefazer – oferece-nos o seu Filho; nóspodemos ou não fazer a nossa parte– mudar o modo como vivemos arelação com Deus e com os outros,dando início à nossa conversão e,assim, dando lugar à paz anunciadapelos profetas para o tempo doMessias.

Elias Couto

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O trabalho da Irmã Hanan com os refugiados noLíbano

“Não se consegue imaginar”Muitos ficaram em lágrimas aoescutarem a Irmã HananYoussef, que acolhe osrefugiados sírios e iraquianosnum dispensário no Líbano.Houve uma frase que repetiuvárias vezes ao recordar tantastragédias: “Não se consegueimaginar…” Pertence à congregação das Filhasdo Bom Pastor desde há 25 anos.Apresenta-se como cristã árabe,tem 48 anos mas pareceprecocemente envelhecida. Não seestranha isso depois de seconhecer o seu trabalho, numcentro de saúde, no Líbano, ondese acolhem refugiados oriundos daSíria e do Iraque. Esteve emPortugal, a convite da FundaçãoAIS, para contar a sua história. “Nãose consegue imaginar o sofrimentodas pessoas que foram obrigadas afugir e a deixar tudo o que tinhampara trás.” As histórias. “Atendi umamenina que tinha sido violada 18vezes num só dia pelos jihadistas.São vidas estragadas,despedaçadas, feridas que nuncavão sarar. Não conseguimosperceber os porquês destabarbárie, porquê este genocídio noMédio Oriente.” Outra história: “Umdia, chego ao

dispensário e vejo lá um pai com asua filha. Ela estava quaseinanimada e ele estava com umolhar perdido, distante. A mãedaquela menina tinha morridodurante a fuga para o Líbano. Osenhor estava desesperado e afilha, caída numa profundadepressão, não comia nada nembebia água e encontrava-secompletamente desidratada. Nãoencontrámos lugar para eles noshospitais. Então, contactámos umaenfermeira para lhe ministrar soro.”Não encontrar cama nos hospitais,ou sala de aulas para as crianças,são apenas dois dos dramas porque passam estas Irmãs. Oproblema, como enfatiza vezes semconta a Irmã Hanan, é que o Líbanoestá, também ele, à beira docolapso com esta enorme onda derefugiados. Sendo um paíspequeno, com apenas 4 milhões dehabitantes, só nos últimos dozemeses recebeu mais de 2 milhõesde refugiados. A Irmã HananYoussef também tem, ela própria,uma longa história de sofrimento. Asua vocação é o amor que oferece atodos os que lhe batem à porta.Pessoas desesperados, sem futuro,vidas interrompidas. “Já tenho umacerta idade e nunca, nunca, vivi empaz no meu país.”

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Memória de lágrimasA irmã Hanan não desiste. Elaagradece vezes sem conta a ajuda“preciosa” da Fundação AIS paraque o “seu” centro de saúdecontinue a acolher refugiados. Erecorda-nos a necessidade de seviver para que mais sofrem. Estesrefugiados, vítimas da intolerânciados jihadistas, passam por umsofrimento incompreensível. E, diz aIrmã Hanan, é um sofrimento “tãoincompreensível como o silênciopesado do Ocidente, pois esta éuma barbárie nunca vista”.Esta Irmã do Bom Pastor veioalertar

consciências com a sua voz baixa,quase sumida, mas que levou tantaspessoas às lágrimas. Como ficarindiferente e não ajudar? “Sou umamulher cristã árabe e acredito napresença dos Cristãos no mundoárabe. Essa é também a nossamissão. O mundo árabe sem apresença dos cristãos vai tornar-senuma barbárie e numa ameaça parao mundo inteiro. A nossa missão éamar. Com a vossa ajuda e asvossas orações, nós vamoscontinuar com a nossa missão.”Ouviram?

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

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Vez e voz para todos

Tony Neves

As pessoas são, antes de mais e acima de tudo,pessoas. E isto é que é importante. O restodepende de adjetivos. Podemos ter mais oumenos capacidade para fazer isto ou aquilo, masninguém tem o direito de tocar no essencial: adignidade que cada pessoa tem.Há pessoas que, por muitas razões têm algumascapacidades limitadas. Esse facto só lhes dádignidade e deve atrair sobre elas atenção erespeito.A Diocese de Bragança-Miranda, no norte dePortugal, celebrou o Dia Internacional da Pessoacom deficiência de uma forma original einterpeladora. Assim, promoveu a I Jornada daPastoral da Pessoa com Deficiência, em Macedode Cavaleiros. O tema escolhido foi ‘DerrubarBarreiras, Abrir Portas’. O programa constou deuma parte mais teórica, com conferências e outramais prática, com workshops temáticos - músicaespecial, caninoterapia, biodanza poética epsicomotricidade.A razão para esta Jornada explica-se pelo factoda Diocese ter, em diversas localidades,implantadas respostas sociais ligadas ao cuidadodas pessoas com deficiência.E não ficaram por aqui as comemorações, poispromoveram-se diversas outras atividades,desde um teatro de sensibilização social dirigidoa crianças, intitulado “Vamos Ser Especiais eFalar por Sinais”, até à pintura de um mural local

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ou uma ação para a diferença norefeitório do Agrupamento deEscolas de Alfândega da Fé.Numa sociedade marcada pelo lucroe pelo sucesso, as pessoasportadoras de deficiência podemnão corresponder ás expectativasda mentalidade reinante. O PapaFrancisco condenou, no ParlamentoEuropeu, em Estrasburgo, a cultura

do descartável e doconsumismo exagerado que estãona origem de muitas descriminaçõese exclusões sociais. Há que lutar poruma sociedade inclusiva onde todostenham vez e voz. Que nuncaimpere a lei do mais forte, mas sejasempre respeitada a dignidade decada um dos seres humanos.

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ouem www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC –Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

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