NARRATIVAS DE UM MOTORISTA: DIMENSÕES SOCIAIS DO CENTRO DE FORMAÇÃO DE ... · Apesar desta...

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Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa Universidade Federal da Paraíba 15 a 18 de agosto de 2017 ISSN 2236-1855 2477 NARRATIVAS DE UM MOTORISTA: DIMENSÕES SOCIAIS DO CENTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES PRIMÁRIOS DE CATALÃO-GO 1972-1983 Wolney Honório Filho 1 Renata Cristine Santos Vaz 2 Introdução Desconfiado, o Senhor Antônio Adalberto Bernardes, no dia 26 de julho de 2016, no LAMUL Laboratório de Multimeios, da Universidade Federal de Goiás Regional Catalão, sentou-se conosco para realizarmos uma entrevista com ele. O objetivo da entrevista foi produzir dados sobre o Grupo de Aplicação do Centro de Formação de Professores Primários de Catalão/GO 3 . No entanto, a entrevista trouxe informações também sobre o Centro de Formação, as quais nos baseamos para a produção deste texto. Estas informações são referentes ao trabalho do Sr. Adalberto 4 de 1972, quando ingressou como motorista do Centro de Formação, até 1983, quando o Centro de Formação foi fechado. Este texto, portanto, trata das dimensões sociais do C.F.P.P.C. - Centro de Formação de Professores Primários de Catalão, na perspectiva do motorista que ali trabalhou de 1972 a 1983. A perspectiva aqui de dimensões sociais é o modo como em determinados lugares e momentos históricos uma realidade social é construída. Está relacionado às práticas articuladas (políticas, sociais, discursivas) dos sujeitos que as experimentam (CHARTIER, 1990). E esses sujeitos as experimentam e as vivenciam através de narrativas de si, que desde o final dos anos 1970, conhece uma popularidade presente na literatura, mídia, bem como nas práticas de formação (DELORY-MOMBERGER, 2014). Por exemplo, no processo de 1 Doutor em História e Professor da Unidade Acadêmica Especial - Educação - Universidade Federal de Goiás - Regional Catalão, onde atua no Programa de Mestrado em Educação e no Curso de Pedagogia. É líder do NEPEDUCA Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação de Catalão. E-mail: <[email protected]>. 2 Aluna regular da VI Turma do Programa de Pós-Graduação em Educação UFG/Regional Catalão. E-mail: <[email protected]>. 3 Projeto de pesquisa intitulado “Narrativas de “alunas-professoras” do Grupo de Aplicação do C. F. P. P. de Catalão/GO (1964 1983)” de Renata Cristine Santos Vaz, em desenvolvimento no Programa de Pós-Graduação em Educação UFG-Regional Catalão, sob orientação do professor Dr. Wolney Honório Filho. Este projeto foi aprovado pelo conselho de ética da UFG: CNS/CONEP - CAEE: 57499516.7.0000.5083. Projeto submetido em: 01/07/2016. Número do parecer: 1.641.926. Data da aprovação: 20/07/2016. 4 Utilizaremos a referência Sr. Adalberto, que é mais próxima a como ele é conhecido na UFG ainda hoje.

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Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa – Universidade Federal da Paraíba – 15 a 18 de agosto de 2017

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NARRATIVAS DE UM MOTORISTA: DIMENSÕES SOCIAIS DO CENTRO DE FORMAÇÃO

DE PROFESSORES PRIMÁRIOS DE CATALÃO-GO – 1972-1983

Wolney Honório Filho1

Renata Cristine Santos Vaz2

Introdução

Desconfiado, o Senhor Antônio Adalberto Bernardes, no dia 26 de julho de 2016, no

LAMUL – Laboratório de Multimeios, da Universidade Federal de Goiás – Regional Catalão,

sentou-se conosco para realizarmos uma entrevista com ele. O objetivo da entrevista foi

produzir dados sobre o Grupo de Aplicação do Centro de Formação de Professores Primários

de Catalão/GO3. No entanto, a entrevista trouxe informações também sobre o Centro de

Formação, as quais nos baseamos para a produção deste texto. Estas informações são

referentes ao trabalho do Sr. Adalberto4 de 1972, quando ingressou como motorista do Centro

de Formação, até 1983, quando o Centro de Formação foi fechado.

Este texto, portanto, trata das dimensões sociais do C.F.P.P.C. - Centro de Formação de

Professores Primários de Catalão, na perspectiva do motorista que ali trabalhou de 1972 a

1983.

A perspectiva aqui de dimensões sociais é o modo como em determinados lugares e

momentos históricos uma realidade social é construída. Está relacionado às práticas

articuladas (políticas, sociais, discursivas) dos sujeitos que as experimentam (CHARTIER,

1990). E esses sujeitos as experimentam e as vivenciam através de narrativas de si, que desde

o final dos anos 1970, conhece uma popularidade presente na literatura, mídia, bem como

nas práticas de formação (DELORY-MOMBERGER, 2014). Por exemplo, no processo de

1 Doutor em História e Professor da Unidade Acadêmica Especial - Educação - Universidade Federal de Goiás - Regional Catalão, onde atua no Programa de Mestrado em Educação e no Curso de Pedagogia. É líder do NEPEDUCA – Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação de Catalão. E-mail: <[email protected]>.

2 Aluna regular da VI Turma do Programa de Pós-Graduação em Educação – UFG/Regional Catalão. E-mail: <[email protected]>.

3 Projeto de pesquisa intitulado “Narrativas de “alunas-professoras” do Grupo de Aplicação do C. F. P. P. de Catalão/GO (1964 – 1983)” de Renata Cristine Santos Vaz, em desenvolvimento no Programa de Pós-Graduação em Educação – UFG-Regional Catalão, sob orientação do professor Dr. Wolney Honório Filho. Este projeto foi aprovado pelo conselho de ética da UFG: CNS/CONEP - CAEE: 57499516.7.0000.5083. Projeto submetido em: 01/07/2016. Número do parecer: 1.641.926. Data da aprovação: 20/07/2016.

4 Utilizaremos a referência Sr. Adalberto, que é mais próxima a como ele é conhecido na UFG ainda hoje.

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formação dos alunos do Centro de Formação de Professores de Catalão havia uma

preocupação em relacionar o Centro de Formação e o mundo social que viviam. Isso era feito

através de

[...] excursões pelos arredores da cidade de Catalão com o intuito de familiarizá-los com a cidade, uma vez que os internos do Centro vinham de outras localidades, como Goiandira, Ouvidor, Nova Aurora, Ipameri, Corumbaíba, dentre outras. Ao mesmo tempo, possibilitava-se o exercício da prática pedagógica de estudo e a interação com o meio através da experiência, tão cara aos pressupostos escolanovistas que, juntamente com o tecnicismo, subsidiavam a formação dos bolsistas, ou seja, “estavam aprendendo a fazer fazendo”. (INÁCIO, 2011, p.186)

Essa preocupação em familiarizar os estudantes com a cidade levava-os a se aproximar

de representações sociais historicamente articuladas. Sair do Centro de Formação para uma

excursão, seja qual for, por exemplo, assistir o desfile de sete de setembro, na capital federal,

Brasília; fazer um passeio à fazenda (veja foto abaixo), significava construir outros e novos

sentidos para o mundo em que se vivia, para além daqueles apreendidos em sala de aula. Ao

presenciar esses passeios, ou outras atividades de excursões, ou mesmo conduzir outros

veículos em função do Centro de Formação, o Sr. Adalberto as conta para nós, fala de si

inserido nessas relações, trazendo-nos as “condições da sociedade à qual ele pertence”

(DELORY-MOMBERGER, 2014, p.38).

Foto 1 - Alunos e alunas num passeio à fazenda5. Fonte: acervo do NEPEDUCA – Núcleo de Estudos e pesquisa em Educação de Catalão.

5 Esta foto encontra-se no interior de 9 álbuns fotográficos que foram doados ao NEPEDUCA, pela ex-diretora, professora Suely da Paixão. Apesar desta pequena organização das fotos, as mesmas não têm, em geral, uma data específica - álbum "1969-1970"

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Conforme Inácio,

A criação dos Centros de Catalão e de Morrinhos ocorreu na vigência da Lei nº. 6.341, de 21 de julho de 1966; tinham autorização para funcionar condicionalmente através das resoluções nº. 198 e 215, respectivamente, de 1967. O Centro de Tocantinópolis foi criado pela Lei nº. 7.407, de novembro de 1971, e autorizado a funcionar através da Resolução nº. 1.073, de agosto de 1973; e o de Inhumas, pela Lei nº. 7.561, de 21 de novembro de 1972, sendo autorizado a funcionar através da Resolução nº. 1.048, de 1º de junho de 1973. (INÁCIO, 2011, p.128)

A pesquisa de Inácio (2011) problematiza a política de formação de professores no

contexto goiano, de 1961 a 1983, encaminhadas pelo Estado, no modelo desenvolvimentista

da Ditadura militar, com o objetivo de “planejar, racionalizar os investimentos no setor

educacional (p. IX). Essas políticas, decorrentes de acordos MEC/USAID/UNESCO, “no pós-

segunda guerra mundial, que resultaram na criação dos Centros de Formação de Professores

Primários” (idem), inclusive o do Município de Catalão, Goiás, onde o Sr. Adalberto

trabalhou.

O Centro de Formação de Professores Primários, inaugurado em Catalão no ano de 1963, expressou um momento em que a intervenção do Estado no direcionamento de políticas educacionais se firmou na região sudeste de Goiás, trazendo em seu bojo uma mudança no enfoque da prática que era exercida por professores leigos, mas que construiu novos referenciais em relação aos paradigmas anteriormente praticados. (INÁCIO, 2011, pp. 14-15).

Ao se dedicarem aos estudos sobre a cultura didática e a formação de professores nesta

instituição, Honório Filho e Alencar (2002) afirmam que “[...] O centro de formação de

professores de Catalão foi um dos maiores marcos iniciais na evolução da educação em

Goiás”.

Honório Filho (2004) ressalta importantes fontes documentais para estudos

relacionados ao Centro de Formação de Professores Primários de Catalão. Por exemplo, cita o

“Livro Diário”: “[...] suas folhas serviam de registro de observação, reclamações, exclamações,

sobre o dia a dia da formação de professores, no Centro de Formação de Professores

Primários de Catalão” (p.5).

O Sr. Adalberto era um motorista que conduzia a Diretora para capital do Estado,

alunas, para festas, um motorista que estava imbricado na convivência social das pessoas

envolvidas na instituição.

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Ao tomar a narrativa biográfica do motorista, estamos cruzando sua história de vida

pessoal com a sua história profissional6, no interior do Centro de Formação de Professores

Primários de Catalão. Isso tem um valor histórico na medida que nossa posição, quanto à

narrativa, é que a mesma não se trata apenas de um relato individualizado. Pelo contrário, a

narrativa é tomada, metodológica e teoricamente, enquanto um texto social, que articula a

história de vida com história social. Portanto, a história de vida do motorista articula-se com

a história da educação do Centro de Formação de Professores Primários de Catalão.

Nessa opção metodológica, portanto, exploramos como o sujeito constrói sua

experiência ao longo da história de vida. Falar de si, narrando sua história de vida, seja frente

a um grupo, seja individualmente, com a escrita de si, o sujeito produz significados

imprescindíveis para a produção de um projeto de si (DELORY-MOMBERGER, 2006,

p.366).

A perspectiva de trabalho é a de que “todo o indivíduo é a reapropriação singular do

universal social e histórico que o rodeia, podemos conhecer o social a partir da especificidade

irredutível de uma práxis individual” (FERRAROTTI, 2010, p.45). A complexidade biográfica

delineia transações e interações do indivíduo com o seu meio. Conhecer o percurso nada

linear da vida de um indivíduo significa também interagir com o seu tempo histórico.

Ferrarotti nos diz que:

[...] nessa perspectiva epistemológica, uma biografia não interessa ao sociólogo enquanto seção ou corte vertical ou horizontal de um sistema social que sintetizaria sob a forma de atos individuais, mas sim enquanto exemplo significativo de certos aspectos do social que uma análise estrutural já terá estudado de maneira exaustiva (2010, p.38).

As narrativas, sejam elas produzidas por intenção pessoal, colocando num diário suas

impressões, memórias e lembranças, sejam provocadas por um interlocutor, entrevistador,

produzem relatos individuais, mas com expressão fortemente social, contextual, histórica.

[...] o trabalho biográfico não é um remoer do passado, mas uma reconfiguração do presente e do futuro graças a esse olhar retrospectivo de um lado e, de outro lado, ao fato de que cada evento ou contexto singular remete imediatamente para referenciais coletivos, quer se seja consciente disso ou não (JOSSO, 2006, p.11).

Neste processo de reconfiguração, o narrador7, ao narrar-se, compõe um processo de

reconstrução de sua vida pessoal e social. Ferrarotti é mais incisivo:

6 Comungamos com Nóvoa, que diz que a vida pessoal de um sujeito tem relações muito próximas de sua vida profissional. (NÓVOA, 2010).

7 O termo “narrador” aqui quer dizer aquele que narra, conta sua história.

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Toda a vida humana se revela, até nos seus aspectos menos generalizáveis, como a síntese vertical de uma história social. Todo o comportamento ou ato individual nos parece, até nas formas mais únicas, a síntese horizontal de uma estrutura social. Quantas biografias são precisas para uma “verdade” sociológica? Que material biográfico será mais representativo e nos proporcionará mais verdades gerais? Muitas perguntas que não têm talvez nenhum sentido. Pois – e frisamos lucidamente a afirmação – o nosso sistema social encontra-se integralmente em cada um dos nossos atos, em cada um dos nossos sonhos, delírios, obras, comportamentos. E a história desse sistema está contida por inteiro na história da nossa vida individual (FERRAROTTI, 2010, p.44. Grifos do autor).

Para Delory-Momberger (2009), a voz do indivíduo reverbera as vozes que pertencem

ao seu tempo e espaço de vida social. A história de vida perpassa um cruzamento

intercultural. Segundo a autora, a interculturalidade define-se como “pluralidade de

pertenças” e

[...] não está reservada apenas a alguns indivíduos que a vida tenha posto em contacto com outros grupos nacionais ou linguísticos “estrangeiros”. A interculturalidade é constitutiva de cada experiência individual e abrange da mesma forma a idade, o sexo, a percepção do espaço e do tempo, as pertenças a um grupo social, a uma categoria socioprofissional ou a uma “identidade” nacional (DELORY-MOMBERGER, 2009, p.27. Grifos da autora).

Esta situação narrativa é sem dúvida arbitrária, contextual, momentânea, de difícil

verificação. E que pode ser revista assim que seu autor/ator retomar suas palavras, narrando

seu itinerário de vida. Porém, “é de fato o “processo transdutivo” que opera na produção do

relato, dá uma forma a este composto heteróclito de alteridades que é o ser humano, dá-lhe a

espessura e o carácter compacto de uma existência ligada a si mesma, integrando numa

dinâmica portadora de sentido a sua heterogeneidade cultural” (DELORY-MOMBERGER,

2009, pp.27-28. Grifos da autora).

Afinal, quem é o motorista Antônio Adalberto Bernardes?

Nascido na cidade de Catalão-GO, no bairro do Pio Gomes, no ano de 1952, o Sr.

Adalberto é filho do Sr. José Bernardes de Oliveira e da Sra. Geralda Rosa. Estudou na Casa

da Criança no bairro do Pio, Grupo Escolar que funcionou onde é hoje o Asilo São Vicente de

Paula. Ao longo dos seus primeiros anos de escolarização também passou pelas escolas:

Joaquim de Araújo, Rita Bretas e Dona Iayá.

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No ano de 1966 muda-se com sua família para a Avenida Dr. Lamartine Pinto de

Avelar8 e no ano seguinte passa a estudar no Grupo de Aplicação do Centro de Formação de

Professores Primários de Catalão.

O Sr. Adalberto relatou ainda um período de estudos no Colégio Estadual João Netto de

Campos, a passagem pelo serviço militar e sua entrada no Centro de Formação no ano de

1972 para o emprego de motorista: “entrei em setenta e dois. Em setenta e três já passei a

guiar direto. Tirei a carteira em setenta e três” (BERNARDES, 2016, p.06).

O Sr. Adalberto não só trabalhou no Centro de Formação, como também conheceu sua

esposa, que estudou e trabalhou também na instituição, como professora.

Uma das fortes lembranças do Sr. Adalberto é o fato dele ter dirigido uma Kombi, de

carregar as pessoas e ir fazer compras, o Fusca 1968, utilizado geralmente para transportar a

Diretora, a professora Suely da Paixão, bem como o SCHOOL BUS, de cor amarela, buscando

e levando alunas e alunos do Centro de Formação. Segundo nos disse, este ônibus chegou em

Catalão em 1966, doado pelos americanos.

Foto 2 - Alunas e School Bus9. Fonte: acervo do NEPEDUCA – Núcleo de Estudos e pesquisa em Educação de Catalão.

8 Onde está situada a Universidade Federal de Goiás – Regional Catalão. 9 Esta foto encontra-se no interior de 9 álbuns fotográficos que foram doados ao NEPEDUCA, pela ex-diretora,

professora Suely da Paixão. Apesar desta pequena organização das fotos, as mesmas não têm, em geral, uma data específica - álbum "1967-1968-1969"

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Dimensão social do Centro de Formação de Professores de Catalão: o que queremos

dizer sobre isso?

[...] você tem que trabalhar num lugar que você gosta, entendeu? Então, eu entrei aqui e falei... vou sair daqui aposentado! [...] Professor e funcionário, nós éramos setenta e cinco. Todo mundo aqui... fora os professores... todo mundo tomava café da manhã aqui, janta... almoço e janta, tudo era aqui... você não tinha... não tem o que reclamar de nada! Era muito brabo? Era! Entendeu? Ela arrancava o couro do pessoal? Arrancava. Vamos falar o que é! Você não tinha horário aqui não, meu filho! Aqui era no tranco! O horário de almoço era meia hora... entendeu? [...] (BERNARDES, 2016, p.17)

Tomamos, portanto, como objeto desta pesquisa não a vida em si do Sr. Adalberto, mas

suas “construções narrativas” (DELORY-MOMBERGER, 2008, p.207). Como utilizar este

testemunho? Entre as várias perspectivas, trazemos duas aqui:

La historia de vida es un texto. Un texto es un “campo”, un área más bien definida. Es algo “vivido”: con un origen y un desarrollo, con progresiones y regresiones, con contornos sumamente precisos, con sus cifras y su significado. Debo aproximarme a este texto con atención humilde, silenciando al “aventurero interior”. Se requiere acercarse al texto con el cuidado y el respeto debido a otro distinto de uno mismo. Se entra en el texto. No basta leerlo con la atención externa de quien lee sólo para informarse. Es necessário “habitarlo”... Establezco con él una relación significativa en la cual ni mi identidade ni la alteridad del texto tienden a prevalecer. Es el vínculo entre texto y contexto lo que da la medida y el carácter de las áreas problemáticas y de los temas emergentes de una vida. Estar desocupado, por ejemplo, en una situación en la cual la desocupación es un fenómeno extraño y no necesariamente de masas, es algo distinto de serlo cuando la desocupación es un fenómeno endémico. El desocupado, en ese caso, no se siente forzosamente “rechazado”, un excluido de la sociedad, un marginado. Por así decirlo, está em buena compañía. (FERRAROTTI, 2011, pp.14-15).

A história de vida, enquanto um testemunho/narrativa, é um texto imbricado num

contexto social. E esta história é tão importante quanto maior seu vínculo com o contexto ao

qual ela faz referência.

Para Delory-Momberger a história de vida acontece na narrativa:

A narrativa realiza sobre o material indefinido da experiência vivida um trabalho de homogeneização, ordenação e funcionalidade significante: ela reúne, organiza, tematiza os acontecimentos da existência, dá sentido a um vivido multiforme, heterogêneo, polissêmico. É a narrativa que dá uma história a nossa vida: nós não fazemos a narrativa de nossa vida porque temos uma história; temos uma história porque fazemos a narrativa de nossa vida. (DELORY-MOMBERGER, 2008, p.97). Grifos da autora).

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Ao desenhar sua história de vida, o sujeito a constrói a partir da narrativa que constrói

de si e do mundo. Clandinin e Connelly (2001, p.48) nos diz que “devemos dizer que se

entendemos o mundo de forma narrativa, como fazemos, então faz sentido estudá-lo de

forma narrativa”.

A questão nos conduz a este texto, portanto, é como as dimensões sociais do C.F.P.P.C.

- Centro de Formação de Professores Primários de Catalão, aparecem na perspectiva do

motorista que ali trabalhou de 1972 a 1983?

Vamos trabalhar algumas categorias que aparecerem na entrevista com o Sr. Adalberto:

relações comerciais, compras na cidade, eventos sociais e viagens.

O Centro de Formação de Professores Primários de Catalão produzia parte de seus

alimentos, através do trabalho das alunas, professores e técnicos administrativos10. Aquilo

que não era produzido, comprava-se no mercado.

A11: Aqui tinha hortaliça, tinha os mangueiros lá em baixo... tinha de fora a fora o mangueiro... criação de porco, tinha granja... hortaliça plantava de tudo... W: Tudo abastecia o Centro de Formação? A: Não dava. Comprava no Mercado Municipal. W: Tinha que comprar também... A: É... as compras... era... Nicolau Abraão, Antônio do Mercado, entendeu? Os açougues eram dos Brandão... essa turma.

(BERNARDES, 2016, p.06)

Tendo-se em vista a Cidade de Catalão - GO e o ano de ingresso do Sr. Adalberto, como

motorista, 1972, a localização do Centro de Formação era considerada distante e fora do meio

urbano. Dizia-se que era um “cerradão” para se chegar ao local. Apesar do ônibus que

conduzia alunos e alunas, muitos iam a pé, especialmente os que moravam mais próximo à

instituição.

Anualmente, ingressavam cerca 120 alunos. As refeições que se faziam no Centro de

Formação (café da manhã, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar, lanche da

noite), destinavam-se tanto para os alunos, quanto para professores e técnicos

administrativos. Assim, era necessário um planejamento especial de “ida à cidade”12 para

realizar as compras e não faltar nada na cozinha:

10 Nomeamos de técnicos administrativos, de forma geral, os trabalhadores que não eram professores, em termos de quem não estava ministrando disciplinas em sala de aula.

11 A – significa Adalberto; W-significa Wolney, quem estava fazendo as perguntas. 12 Colocamos entre aspas, tendo em vista essa distância do Centro de Formação ao centro da cidade, geralmente

onde se faziam as compras.

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Foto 3 - Uma cena no refeitório do Centro de Formação de Professores de Catalão13. Fonte: acervo do NEPEDUCA – Núcleo de Estudos e pesquisa em Educação de Catalão.

Foto 4 - Uma cena no refeitório do Centro de Formação de Professores de Catalão14. Fonte: acervo do NEPEDUCA – Núcleo de Estudos e pesquisa em Educação de Catalão.

As relações comerciais incluíam, portanto, as compras na cidade:

13 Esta foto encontra-se no interior de 9 álbuns fotográficos que foram doados ao NEPEDUCA, pela ex-diretora, professora Suely da Paixão. Apesar desta pequena organização das fotos, as mesmas não têm, em geral, uma data específica - álbum "TURMA/73"

14 Esta foto encontra-se no interior de 9 álbuns fotográficos que foram doados ao NEPEDUCA, pela ex-diretora, professora Suely da Paixão. Apesar desta pequena organização das fotos, as mesmas não têm, em geral, uma data específica - álbum "1975-1976"

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Aqui a primeira coisa que eu fazia era pegar o pão. Dia de sábado e domingo, que o padeiro não trazia. Meio de semana o padeiro trazia. Aqui era quinze para sete o café da manhã, entendeu? Nove horas, lanche. Meio dia almoço. Três horas lanche, seis horas janta, nove horas lanche da noite, pão com chá, entendeu? Semana inteira buscava esse pessoal. Dia de sábado levava as alunas bolsistas para a cidade para fazer compras. Saía duas horas daqui debaixo da árvore, levava, elas ficavam até quatro horas da tarde na rua fazendo compra. Ficava... o ônibus ficava parado lá no... na praça Getúlio Vargas, entendeu? (BERNARDES, 2016, p.07)

A noção de compras não se refere apenas a compras para abastecer a cozinha do Centro

de Formação. As alunas, uma vez por semana, também se dirigiam à cidade para fazerem

suas compras. O motorista, neste caso, não significava apenas alguém para conduzir o

SCHOOL BUS, mas alguém que pudesse ser os olhos da Diretora, para cuidar/vigiar essas

alunas.

Presumimos que as possibilidades de saírem do Centro de Formação, tendo em vista

que eram moças jovens, de 17 a 22 anos, a maioria, para quem ficava dez meses morando no

Centro de Formação, alcançava preocupações diversas: por um lado, a direção da instituição,

que tinha sob sua responsabilidade mais de cem alunas mulheres, pois eram poucos homens

que iam para o Centro de Formação. Talvez daí vem o codinome que a diretora, Suely da

Paixão, tem entre os estudantes: era tão brava que parecia um militar. Por outro lado, as

preocupações das próprias alunas, em sair do Centro de Formação por um momento e

alargar suas redes sociais de convivência. Percebe-se na fala do Sr. Adalberto que ficar com o

ônibus, debaixo da árvore, próximo à praça Getúlio Vargas era uma ação disciplinar para

fazer valer as duas horas de direito a compras que as alunas tinham.

Mas, as oportunidades de ampliar as redes sociais não se resumiam às compras.

Haviam também a participação das alunas em eventos sociais e viagens: bailes, missa,

passeio no jardim, festa do Rosário15, excursões para Caldas Novas, águas quentes, Brasília.

A: Aí você tinha... por exemplo, tem baile... era quatro e meia, acabou lá... o ônibus... funcionava o ônibus... W: Tinha que estar todo mundo ali... [...] A: É. Dia de domingo, nove horas da manhã, descia com as bolsistas que iam para igreja, na Nova Matriz.

(BERNARDES, 2016, p.11) [...] A: Acabava, acabou a missa, negativo, para outro lugar nenhum! No ônibus! Entendeu? Aí, encostava o ônibus aí, acabou. Só sete e meia da noite para

15 Festa popular que acontece anualmente na Cidade de Catalão - GO. Em 2017 será realizada a 131ª festa. As alunas do Centro de Formação, na década de 1970, tinham presença marcante nesta festa, inclusive nos arranjos do salão de festas, chamado Ranchão.

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descer para o Jardim. Sete e meia, quando dava nove e meia, todo mundo dentro do ônibus. Não perca o ônibus! (BERNARDES, 2016, p.12) [...] A: Mas, também... tinha a época de ir pra Caldas Novas, excursão, Suely levava... fretava o ônibus do Expresso Araguari... Dia sete de setembro, Brasília, entendeu? Tinha também nessa época o sete de setembro... Caldas Novas era no mês de... julho... não sei, acho que é junho... na época do frio mesmo! Põe junho, era Caldas Novas. Sete de setembro, Brasília, entendeu? Festa do Rosário, menino?! (BERNARDES, 2016, p.12)

Inácio (2011, p.247) também narra essa diversidade de atividades realizadas pelas

bolsistas do Centro de formação, relatando uma programação que incluía missa,

churrascaria, cinema, atividades esportivas, piqueniques e visitas recebidas de namorados e

familiares: “Lembrando que essas atividades compunham a programação dominical, com a

vigilância da diretora e dos demais funcionários que residiam/trabalhavam no Centro”

(INÁCIO, 2011, p.247).

A autora se refere ainda a registros escritos no Livro Diário no qual uma bolsista faz

menção a questão da rígida disciplina e a sua percepção sobre

[...] como era a relação com a diretora do Centro ao descrever o “olhar fulminante” que esta lhes dirigia, provavelmente quando praticavam algum ato que não era aceito como adequado a uma futura professora. A rigidez disciplinar era evidente e se fazia sentir na regularidade das atividades pedagógicas e na responsabilidade demonstrada pelos bolsistas em relação às tarefas que tinham que cumprir. (INÁCIO, 2011, pp.250-251)

Temos poucas informações sobre possíveis transgressões das alunas a essas rígidas

regras de convivência no Centro de Formação. Frequentar outros ambientes sociais tinha

esse lado de convivência e relações sociais das alunas. Ao contrário de instituições que

recebiam alunas que hospedavam em seus estabelecimentos e não permitiam o acesso de

alunos a ambientes externos às mesmas, o Centro de Formação trabalhava com outra

perspectiva de aprendizagem social. Tendo em vista o ambiente tecnicista, mas inspirado na

Escola Nova (HONÓRIO FILHO e ALENCAR, 2002; INÁCIO, 2011;), percebe-se uma

liberdade vigiada oferecida pela Direção.

Há, certamente, várias indagações quanto ao porquê dessa concessão da Diretora,

desses passeios das alunas. Momento de aprendizagem? Tentativa de divulgar o Centro de

Formação e seu trabalho de formação docente na cidade? Exposição social do alunado

enquanto o cartão postal da instituição?

As perguntas são muitas. Mas, não podemos deixar de observar que manter o controle

sobre o alunado era uma prática frequente. Indagado sobre a rigidez na conduta

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administrativa do Centro de Formação, bem como as transgressões, possíveis namoros

escondidos e fugas, o Sr. Adalberto nos responde:

A: Era! Você não lembra do militarismo? A Suely da Paixão era o militarismo. Então, a bolsista chegava, ela começava a chegar no dia seis de janeiro. Lá no refeitório tinha um quadro. Então, quando estavam todas as bolsistas que chegavam, todas que vinham estudar, que vinha gente de todo lado! Tocantins... é... pegava muita gente de Minas... tem muitas meninas formadas aqui de Minas... a Mara Rúbia... é tudo de Tupaciguara, formou muita gente de Tupaciguara... fora aqui da redondeza tudinha... pegava Goiandira, Corumbaíba, Ouvidor, Três Ranchos, é... Orizona, Campo Alegre, Davinópolis... é... Gurupi, Tocantins... depois é que surgiu o Campus de Tocantins. Que tinha na época Centro de Formação de Catalão, Morrinhos Centro de Formação, Inhumas, depois que foi pra Tocantins. Era quatro Centro de Formação no estado. Aí vinha gente de tudo quanto é lado para cá. Que aqui, o pessoal... era... mais rígido do que tudo! Jussara, muita gente vinha de Jussara... Novo Brasil... W: E esse quadro que tinha na cozinha o quê que dizia? A: Punha o quadro quando as bolsistas chegavam... aí o regime... era com a varinha, explicando... W: Como é que era? Conta para a gente! A: Igualzinho militar! Hora de dormir, hora de sair... você só tinha... só saía dia de sábado e domingo. Por exemplo, você vai... você saía daqui duas horas, quatro horas se você perdesse o ônibus e chegasse aqui o pau quebrava! “Ai, onde você estava?” Entendeu? Era fino!

(BERNARDES, 2016, p.09) A: Rapaz! A Turma... A Suely da Paixão se ela tivesse aqui e ela tivesse lá no (ele chama de coisa, um lugar indefinido) e nós tivéssemos conversando, ela sabia o que nós estávamos falando aqui ó. Ninguém sabe o quê que ela entendia, mas... sabia! W: (risos) A: Ora! Ela mandou quatorze anos! (risos) Ela sabia tudo! Tudinho, tudinho! [...]

(BERNARDES, 2016, p.09) [...] aqui era assim, nove horas da noite fazia chamada, que tinha sirene pra tocar, dez hora da noite tinha o toque de recolher... a sirene ficava ali naquele prédio ali, lá em cima.... Tinha uma casinha dela, aí tocava a sirene e acabou meu filho. Aí dava, quando dava ali dez pras dez, cinco pras dez já estava todo mundo... os alojamentos eram tudo aqui, não tinha esse negócio de descer lá pra baixo não, tudo aqui dentro. E tocava a sirene, acabou, meu filho! Tomava o seu café, o lanche da noite, o chá, tocava a sirene...

(BERNARDES, 2016, p.10)

Considerações Finais

Enquanto motorista do Centro de Formação de Professores Primários, o Sr. Adalberto

tinha várias funções. Umas, que diziam respeito à atividade profissional de dirigir, quando o

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fazia dirigindo o SCHOOL BUS, a Kombi, ou mesmo o Fusca 1968, para levar a Diretora em

reuniões, seja na cidade de Catalão – GO, ou em Goiânia, capital do Estado de Goiás16.

Outras funções podem ser consideradas como de vigia das alunas, quando as conduzia

para fora do Centro de Formação. Inclusive indo a bailes e sentando na mesa com elas.

A presença da Diretora nas memórias do Sr. Adalberto nos mostra uma pessoa

vigorosa, responsável, dura no trato com a formação das alunas. Mas, alguém também

articulada com política local:

[...] a Suely mandava na política em Catalão. [...] Ela ganhou uma política que não tinha jeito! Ela transferiu cento e quarenta títulos, naquela época, de bolsista... [...]

(BERNARDES, 2016, p.15)

Não sabemos da veracidade sobre essa transferência de título de eleitores. O que nos

interessa é esse significado de proximidade que a mesma estabelecia com meio político local.

Por um lado, facilitava a convivência da instituição, na pessoa da diretora, com o meio social

local. Por outro, oferecia oportunidade para que, através da concessão da Diretora, as alunas

pudessem ter acesso a eventos, lojas, mercados de Catalão – GO.

O Sr. Adalberto hora nenhuma insinua insatisfação em ter trabalhado no Centro de

Formação. Ao contrário, tece elogios ao que se tinha na época. Entendemos que suas

considerações sobre o dia a dia do Centro de Formação nos remetem a pensar que o

C.F.P.P.C. estava altamente conectado à sociedade catalana no período. A diretora era rígida

e as jovens estudantes tinham que seguir à risca sua conduta administrativa. Porém, havia

resistência, namoros escondidos, fugas para outras festas não planejadas pela diretoria.

Percebe-se também, por outro lado, que a gestão do C.F.P.P.C. era complexa, tendo em vista

a distância com a capital do Estado, o número de estudantes e a responsabilidades para com

as mesmas.

Por fim, o Centro de Formação de Professores de Catalão – GO não era uma instituição

isolada da cidade, apesar de sua localização, distante do centro urbano. A dinâmica social da

instituição nos leva a crer que a mesma tem uma biografia que deixou marcas, tanto na

formação de alunos e alunas, futuras professoras na época, quanto no meio social catalano,

no período de sua existência, de 1965 a 1983.

16 Saída de madrugada, 4h da manhã, estrada de chão, sete a oito horas de viagem. (BERNARDES, 2016, p.07-08)

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Fonte Documental

BERNARDES, Antônio Adalberto. Entrevista I. [jul. 2016]. Entrevistadores: Wolney Honório Filho; Renata Cristine Santos Vaz. Catalão-GO, 2016. 1 arquivo *.3gpp (67 min.).