NARRATIVAS SOBRE METODOLOGIAS E O DISCURSO DO...
Transcript of NARRATIVAS SOBRE METODOLOGIAS E O DISCURSO DO...
VII Congresso Internacional de Pesquisa (Auto)Biográfica
UFMT – Cuiabá – 17 a 20/07/2016
Anais VII CIPA – ISSN 2178-0676
________________________________________________________________________________
NARRATIVAS SOBRE METODOLOGIAS E O DISCURSO DO ERRO NO
ENSINO DA MATEMÁTICA: MEMÓRIAS E EXPERIÊNCIAS DOCENTES
Danielle Dias da Costa Universidade Federal de Mato Grosso. Universidade do Estado do Amapá.
E-mail: [email protected]
Márcio Moreira Monteiro Universidade Federal de Mato Grosso. Universidade do Estado do Amapá.
E-mail: [email protected]
Tadeu Oliver Gonçalves Universidade Federal do Pará. Instituto de Educação Matemática e Científica
E-mail: [email protected]
MEMÓRIAS E EXPERIÊNCIAS DOCENTES NO ENSINO DA MATEMÁTICA,
COMO OBJETO DE INVESTIGAÇÃO
A Matemática como disciplina no currículo escolar e também institucionalizada
como Curso superior em nível de graduação e pós-graduação, para muitos se trata de uma
área de conhecimento difícil. Por vezes, em relação a ela tem sido disseminado o discurso
de ser complexa, assim como são comuns relatos sobre as dificuldades em se aprender
matemática. Como professores, podemos nos questionar sobre quais as razões que
envolvem a difusão de tais ideias, assim como buscar por respostas quanto à tarefa de
ensiná-la, tanto no contexto escolar quanto no meio acadêmico, visando assim avançar
nessa discussão.
Agora delimitando aquilo que nos chamou atenção quanto ao ensino da matemática,
recordamos algumas das perguntas que fundamentaram a nossa curiosidade em propor tal
empreitada, sendo algumas delas: quais as experiências na educação básica experimentadas
por professores de matemática? A forma com que foram ensinados se assemelha com as
escolhas metodológicas que fazem hoje em sala de aula? Como os docentes ensinam
matemática e tratam o erro nesse processo? Podemos dizer que existiram mudanças
significativas nas práticas de ensino, em termos das correntes epistemológicas dominantes?
VII Congresso Internacional de Pesquisa (Auto)Biográfica
UFMT – Cuiabá – 17 a 20/07/2016
Anais VII CIPA – ISSN 2178-0676
Sendo assim, com o propósito de dar ressonância e partilhar com outras vozes
acerca de experiências de professores que atuam no ensino da matemática na Educação
Básica e na Superior, decidimos por indagar, como problema da pesquisa, em que termos as
metodologias e o erro no processo de ensino-aprendizagem da matemática foram e têm
sido experenciadas por docentes na Educação Básica e Superior, considerando aspectos
epistemológicos? Como objetivo central, visamos, assim: investigar como foram e têm sido
experenciadas as metodologias de ensino e como o erro é tratado no ensino da
matemática, com base nas narrativas de professores.
BASTIDORES: ROTEIRO E PERCURSOS DA PESQUISA
Sobre a pesquisa narrativa e escolhas teórico-epistemológicas
A presente pesquisa associa-se à abordagem qualitativa, desenvolvida pela
modalidade de pesquisa narrativa.
Delimitando as ferramentas conceituais quanto ao que será analisado nas narrativas,
consideraremos a memória individual, tanto dos narradores, como dos pesquisadores, “não
obstante imbricada às relações vivenciais - sociais e culturais - e por elas
informada/significada/ressignificado” (ABRAHÃO, 2001, p. 80). Sendo assim, a partir das
narrativas buscaremos evidenciar desde situações vividas pelos narradores, bem como
fatos, pessoas, relações, situações a que tenham atribuído significação relevante no
momento em que as vivenciaram quanto ao ensino da matemática, tanto em seu percurso
escolar quanto docente.
Ao considerar a literatura existente na área, no que se refere à experiência, optamos
por desenvolver uma pesquisa narrativa, haja vista que existe a relação dialética que ela
estabelece entre narrativa e experiência, pois é fundamental compreender que assim como a
experiência produz o discurso, este também produz a experiência. Há um processo dialético
nesta relação que provoca mútuas influências. (CUNHA, 1997).
Por sua vez, a pesquisa narrativa também é indicada por ser reconhecida como a
pesquisa da experiência (CLANDININ E CONNELLY, 2011), a qual “se configura [n]uma
produção de múltiplas vozes, de múltiplos autores, que reconstroem, com o pesquisador,
uma trajetória juntos percorrida e que emprestam os significados ao texto” (GONÇALVES,
VII Congresso Internacional de Pesquisa (Auto)Biográfica
UFMT – Cuiabá – 17 a 20/07/2016
Anais VII CIPA – ISSN 2178-0676
2011, p. 58). Nesses termos, considerando a proposta delimitada, nos encaminhamos por
desenvolver uma pesquisa narrativa em relação às experiências docentes, por acreditar que
estar na fronteira do pensamento formalista e reducionista, abre um caminho que amplia as
possibilidades nas pesquisas de abordagem qualitativa neste campo de estudo, pois
sabemos também que a modalidade narrativa:
[...] ocupa um lugar importante nas mais variadas disciplinas ou campos
de saber, talvez porque ‘narrar’ seja inerente ao ser humano, isto é, seja
uma estrutura fundamental da experiência humana vivida. Talvez, por
isso, apresente uma qualidade holística, uma vez que possibilita a todos
nós a expressão da nossa memória, isto é, a expressão da ‘história’ do
nosso ponto de vista, do lugar de onde podemos olhar e ver [...] não só
com os olhos, mas principalmente com a mente (ARAGÃO, 1993, p. 5)
Quanto à utilização das narrativas de professores, estas são relevantes à medida que
permitem que na pesquisa, nós, na condição de pesquisadores, possamos provocar no
docente, oportunidades de refletir acerca de suas experiências, ao “contar-se”, assim
permitindo:
[...] fazê-lo viver um processo profundamente pedagógico, onde sua
condição existencial é o ponto de partida para a construção de seu
desempenho na vida e na profissão. Através da narrativa, ele vai
descobrindo os significados que tem atribuído aos fatos que viveu e,
assim, vai reconstruindo a compreensão que tem de si mesmo. (CUNHA,
1997, s.p.)
No que se refere ao levantamento e tratamento dos registros que captem memórias
dos participantes, estes serão sistematizados por meio de textos de campo, os quais
atenderão como princípios norteadores de obtenção e da análise, a tridimensionalidade que
ora constitui a pesquisa narrativa. Segundo Clandinin e Connelly (2011), a
tridimensionalidade se compõe dos seguintes princípios em relação às narrativas:
continuidade (que consideram estas em relação ao passado, presente e futuro, em termos de
temporalidade), interação (o que se vivencia no pessoal e também pode ser social, e vice-
versa) e a situação (a noção de lugar no interior do discurso).
Portanto, captar as memórias se torna relevante e é possível à medida que sabemos
que “o professor constrói sua performance a partir de inúmeras referências, dentre as quais
estão sua história familiar, seu percurso escolar e acadêmico, sua convivência com o
ambiente de trabalho, sua inserção cultural no tempo e no espaço (CUNHA, 1997). Sendo
VII Congresso Internacional de Pesquisa (Auto)Biográfica
UFMT – Cuiabá – 17 a 20/07/2016
Anais VII CIPA – ISSN 2178-0676
assim, é oportuno que as memórias possam ser captadas das experiências vividas nesses
âmbitos.
Quanto a nossa posição na condição de pesquisadores, buscamos fazer um
exercício, com pensamento e escolhas atinentes às práticas de investigadores narrativos,
atentos e considerando assim como Aragão (2004) que nós vivemos ‘vidas relatáveis’ e
contamos as histórias dessas vidas, devendo buscar recolher com base em memórias, sua
descrição e também o movimento de contar histórias sobre elas, fazendo relatos de
experiências destas várias narrativas.
Sobre os participantes e metodologia da pesquisa
Em relação aos critérios de escolha dos participantes, delimitamos que deveriam ser
professores com formação em nível de graduação, que tivessem atuado como docentes na
Educação Básica e/ou na Educação Superior, com pelo menos três anos de experiência
docente. Sendo assim, também por questões de viabilidade, participaram da pesquisa: dois
pós-graduandos, um do Programa de Mestrado e outro do Doutorado em Educação em
Ciências e Matemática de uma universidade federal. Ao longo da análise, cada um foi
nomeado por um pseudônimo, em observância aos aspectos éticos da pesquisa de assegurar
o sigilo e preservação de suas identidades.
Os textos de campo, por se tratar de pesquisa narrativa e visando atender as bases
epistemológicas desta com relação ao tratamento da experiência dos participantes, foram
levantados a partir de: carta com teor autobiográfico, elaboradas individualmente pelos
participantes, cartas estas que foram endereçadas a um docente marcante da educação
básica para o pesquisado, conforme escolha pessoal. Esta estratégia foi um modo que
encontramos de resgatar a memória individual de cada um, quanto as suas experiências em
relação ao ensino da matemática e de como era e é visto entre o passado e o presente, de
acordo com as diferentes posições que os pesquisados ocupavam, ora como estudante e ora
como professores.
Para enriquecer o trabalho com as narrativas acerca do tema, optamos por realizar
uma entrevista semiestruturada, gravada em áudio, visando assim aprofundar questões em
torno do que fora tratado na carta e levantar situações, fatos, experiências, pessoas, espaços
VII Congresso Internacional de Pesquisa (Auto)Biográfica
UFMT – Cuiabá – 17 a 20/07/2016
Anais VII CIPA – ISSN 2178-0676
os quais pudessem responder à problemática de nosso estudo, metodologias e à noção de
erro no ensino da matemática.
A técnica escolhida para análise do corpus foi à análise textual discursiva, que
consiste na unitarização, categorização e uma compreensão renovada do todo, diga-se todo
o conjunto obtido com os textos de campo. Descrevendo este processo, primeiramente nos
impregnamos de todos os textos em seus detalhes, os quais neste estudo correspondem às
cartas e às entrevistas, estas últimas gravadas em áudio e transcritas pelos pesquisadores.
Após esse momento, fragmentamos os textos de campo, no sentido de atingir unidades
constituintes, enunciados referentes aos fenômenos estudados.
O próximo passo foi o de buscar construir relações entre as unidades de base,
combinando-as e classificando-as, reunindo esses elementos unitários na formação de
conjuntos que congregam elementos próximos, sistemas de categorias (MORAES,
GALIAZZI, 2007). Nesse sentido, a expectativa é de definir duas principais categorias,
sendo elas desenvolvidas em pelo menos dois eixos temáticos, os quais foram intitulados
conforme sentidos emergentes da análise das narrativas.
No tocante às análises, antecipamos que buscaremos apresentar as recorrências em
relação às narrativas dos participantes e suas particularidades quanto às experiências no
ensino da matemática, afinal como nos adverte Bondía (2002):
[...] Se a experiência não é o que acontece, mas o que nos acontece, duas
pessoas, ainda que enfrentem o mesmo acontecimento, não fazem a
mesma experiência. O acontecimento é comum, mas a experiência é para
cada qual sua, singular e de alguma maneira impossível de ser repetida. O
saber da experiência é um saber que não pode separar-se do indivíduo
concreto em quem encarna. (BONDÍA, 2002, p. 27)
No que tange aos participantes, a seguir apresentamos informações quanto ao seu
percurso escolar, acadêmico e de atuação docente, obtidas por meio da entrevista
semiestruturada:
- Professor Antonio: doutorando em Educação em Ciências e Matemática, pela
REAMEC/UFMT/UFPA. Licenciado em Matemática. Mestre em Matemática, na área de
Álgebra. Cursou o Ensino Fundamental nos Estados do Paraná e Mato Grosso. A partir da
8ª série, frequentou o Instituto Educacional de Uruará-PA. Atualmente é docente do Curso
de Matemática, na UFPA, Campus de Breves. Possui experiência de mais de 10 anos como
docente na Educação Básica e Superior.
VII Congresso Internacional de Pesquisa (Auto)Biográfica
UFMT – Cuiabá – 17 a 20/07/2016
Anais VII CIPA – ISSN 2178-0676
- Professora Isabel: mestranda em Educação em Ciências e Matemática, pelo
IEMCI/UFPA. Após concluir o Ensino Médio, ingressou no curso técnico em
telecomunicações pela Escola Técnica Federal do Pará, atualmente IFPA. Depois disso,
passou 26 anos sem estudar. Também realizou um curso na área de Teologia, numa
instituição religiosa, e atuou como professora de ensino religioso na rede pública de ensino.
Graduou-se em Licenciatura Integrada, pelo IEMCI, entre os anos de 2011 e 2014. Possui
experiência nos anos iniciais do Ensino Fundamental, especialmente por meio de Estágio
Supervisionado ao longo da graduação.
Adiante, tecemos a análise das narrativas levantadas junto aos participantes, a partir
da problemática estabelecida.
METODOLOGIAS E O DISCURSO DO ERRO NO ENSINO DA MATEMÁTICA:
MEMÓRIAS E EXPERIÊNCIAS DOCENTES.
i) Entre o ontem e o hoje: metodologias, estratégias e recursos de ensino da
matemática
Neste eixo de análise, consideramos as narrativas do Professor Antonio e da
Professora Isabel, por entre as quais caminhamos para refletir sobre o que contam suas
histórias, relatadas a nós, por meio de suas memórias. Ouvimos suas experiências,
buscando capturar como lidam com a sua sala de aula na condição de docentes,
averiguando se encontram similaridades com a forma com que foram ensinados e ensinam
matemática.
Para tanto, recorremos a isso, quando relatam sobre as metodologias, estratégias e
recursos utilizados nesse processo, considerando o passado por meio das memórias
individuais, estabelecendo relações com o presente e o presente com o relato das
experiências, em diálogo com a literatura, construindo aprendizagens para o futuro, em
termos de formação de professores.
Primeiramente, quando indagados a respeito das metodologias utilizadas para o
ensino da matemática, extraímos dos textos de campo as seguintes considerações que se
apresentaram como ideias-chave para nossa análise, as quais seguem:
Minha cara professora, me encontro atualmente em seu lugar e percebo como as coisas
evoluíram, os métodos de ensino e aprendizado são diversificados. No ensino da matemática,
VII Congresso Internacional de Pesquisa (Auto)Biográfica
UFMT – Cuiabá – 17 a 20/07/2016
Anais VII CIPA – ISSN 2178-0676
possibilidades mil se apresentam, tendências e abordagens inovadoras. (Professora Isabel.
Carta)
[...] eu observo que há muita discussão sobre novas metodologias, alguns usam, mas pelo que
eu percebo, trabalhando no ensino fundamental e médio, a grande maioria dos professores
ainda usa o mesmo método antigo, de jogar exercício, explica a teoria e exercício no quadro, e
resolver bastante exercício. (Professor Antonio. Entrevista)
Tem algumas pessoas que estudam e tentam aplicar, mas em geral ainda não pegou uma coisa
unânime não. Uma grande maioria dos professores ainda, até nos próprios cursos de
matemática, se você for ter aulas com os professores de matemática, ainda é desse método.
(Professor Antonio. Entrevista)
Pelos trechos destacados, vislumbramos que os dois docentes reconhecem que há
um movimento em torno de mudanças no ensino da matemática, sugerindo que existem
novas tendências sobre a forma de ensiná-la, embora pareça difícil ser amplamente
adotadas novas metodologias. Quando a Professora Isabel diz “percebo como as coisas
evoluíram, os métodos de ensino e aprendizado são diversificados” expressam as
referências que orientaram a sua formação distinta de sua professora e se apresentam nas
suas práticas atuais em sala de aula.
Outro ponto de destaque diz respeito ao fato da Professora Isabel dizer em sua carta
dirigida a sua professora, o seguinte: “não lhe recrimino os métodos, pois sei que se
estivesse no contexto que vivemos atualmente seria excelente professora”. Este passagem
sinaliza o fato de reconhecer a partir de suas experiências a importância das condições de
possibilidade em cada momento histórico, considerando o fato de os métodos não serem
melhores ou piores, mas são produtos historicizados, que condicionam e podem limitar os
modos de se ensinar de cada professor.
Tanto a Professora Isabel quanto o Professor Antonio reconhecem que a partir de
sua prática docente na atualidade, múltiplas são as possibilidades de ensinar matemática.
Entretanto, o Professor Antonio destaca o fato de “a grande maioria dos professores ainda
usa o mesmo método antigo, de jogar exercício, explica a teoria e exercício no quadro, e
resolver bastante exercício [...]” e também diz que “tem algumas pessoas que estudam e
tentam aplicar [novas metodologias], mas em geral ainda não é uma prática unânime”.
O que podemos inferir por esses aspectos? Pois bem, quando falamos das
metodologias no ensino da matemática, existe uma distância significativa em relação à
VII Congresso Internacional de Pesquisa (Auto)Biográfica
UFMT – Cuiabá – 17 a 20/07/2016
Anais VII CIPA – ISSN 2178-0676
sincronia das inovações propostas por estudos na área e do que ocorre nas escolas por meio
dos docentes frente a esta disciplina. Neste sentido, Nardi e Ianonne (2004) dizem que a
interação entre matemáticos e pesquisadores em Educação Matemática têm sido menos
produtiva do que deveria e poderia ser.
Quanto as estratégias de ensino na matemática encontramos um ponto e contraponto
a partir de uma memória da Professora Isabel, quando relata sobre as atividades
desenvolvidas no seu tempo de escola, no período que equivale hoje aos anos iniciais do
Ensino Fundamental, quando recorda que a sua professora:
[...] pedia o caderno para corrigir a cópia da tabuada do dia, que para mim era tão doido fazer,
pois tínhamos que copiar de cinco a dez paginas do caderno em casa, parecia que não acabava
nunca [...]. Terminadas as lições, íamos para a matéria nova, dessa eu gostava, pois interessava
e tinha certa facilidade com os problemas, mas às vezes até me chateava, pois achava muito
repetitivo e parecia tudo igual, mudando só os números. (Professora Isabel. Carta)
Sobre a escolha das cópias e a excessiva repetição de exercícios, neste caso nos anos
iniciais do Ensino Fundamental, notamos que esta proposta metodológica utilizada,
conforme o relato não é recordado como um momento prazeroso e fecundo para o exercício
de processos psicológicos superiores por parte do aluno. O que vemos é que esse episódio
marca a trajetória da Professora Isabel e, ao mesmo tempo, sinaliza sua crítica à forma com
que o ensino da matemática ocorria, quando anuncia o fato da repetição como forma de
aprender a tabuada.
Nesse mesmo sentido, temos de considerar que apesar de ser uma experiência da
Professora Isabel no passado, não é diferente na atualidade, tanto que o problema se agrava
ao ponto de ainda hoje ser questionado e discutido o ensino da matemática nos Anos
Iniciais, o qual, para muitos, é ainda compreendido por se manter técnicas operatórias e
simples memorização que fazem com e a partir de escritas mecânicas e sem sentido.
Segundo Fiorentini (2001), quando nesses casos, o ambiente é de repetição, cópia,
reprodução, isso não contribui e nem mesmo garante aprendizado para o aluno.
Apesar das memórias que envolvem tensão e temor quanto aos momentos de
correção das lições e também resolução das atividades na disciplina de matemática, a
Professora Isabel conta que suas experiências na graduação na Licenciatura Integrada, no
período de 2009 a 2011, no Instituto de Educação Científica e Matemáticas (IEMCI/UFPA)
VII Congresso Internacional de Pesquisa (Auto)Biográfica
UFMT – Cuiabá – 17 a 20/07/2016
Anais VII CIPA – ISSN 2178-0676
foram experiências transformadoras, no sentido de repensar as metodologias de ensino na
matemática, memória ilustrada quando narra sobre experiências, como docente em que diz:
[...] eu passei quase dois anos nas ilhas dando aulas para as crianças, na escola pública. Mesmo
sendo nas ilhas, existiam caixas e caixas de jogos, de recursos didáticos, pra você trabalhar
matemática. A minha formação me deu essa variedade, essa diversidade e possibilidade de
metodologias. E então, eu vejo que o desafio é você usar essas metodologias que você
aprendeu, porque quando chega lá você tem o currículo pra cumprir, você tem as normas da
escola. Eu gosto da ludicidade, então eu trabalhei com jogos de tabuleiros[...], fiz estágio três
anos na escola de aplicação, esses três anos foi trabalhando com jogos para ensinar
matemática.
Claro que a aprendizagem da matemática só com os jogos não é suficiente, há momentos que
você tem que ir para matemática convencional né, mas como você utiliza dos jogos, além de
eles serem motivadores, não vou só usar os jogos, vou usar a ludicidade, ou estratégias
dinâmicas que podem não ser tão lúdicas, mas sempre atraem certo número de alunos.
(Professora Isabel. Entrevista)
Em relação a sua colocação, a Professora Isabel expressa que existe por parte dela
um esforço em recorrer à ludicidade para tornar a aprendizagem da matemática mais
duradoura e com significação para o aluno, sem deixar de considerar que a disciplina requer
também momentos para desenvolver os exercícios de ordem cognitiva, dentro da linguagem
matemática, afinal, deve-se considerar as diferentes habilidades que são requeridas em cada
assunto no interior da disciplina, o que é o esperado e necessário.
No que se refere às experiências vividas na Educação Superior, o professor Antonio,
em entrevista, nos alerta de que “uma grande maioria dos professores ainda, até nos
próprios cursos de matemática, se você for ter aulas com os professores de matemática,
ainda é desse método [usa o mesmo método antigo, de jogar exercício, explica a teoria e
exercício no quadro, e resolver bastante exercício.]”. Esta consideração assegura que,
apesar das atuais discussões em torno do ensino da matemática, apesar das diversas
possibilidades que se abrem para diferenciar as práticas que até então têm sido
hegemônicas, o discurso do Professor Antonio corrobora que ainda prevalece uma prática
conservadora em relação ao processo de ensino, que parece resistir por causas
epistemológicas e pedagógicas.
Como ressalva, e sem ter a intenção de prescrever esta discussão, queremos
esclarecer que, apesar de termos apresentado a diferença em relação às formas de ensinar
na Educação Básica e Superior, assim como ao analisar alguns dos exemplos
metodológicos relatados nas narrativas, não temos a intenção de defender modelo A ou B.
VII Congresso Internacional de Pesquisa (Auto)Biográfica
UFMT – Cuiabá – 17 a 20/07/2016
Anais VII CIPA – ISSN 2178-0676
Afinal, entendemos que são diversas as metodologias que povoam o contexto escolar, a
prática docente, o que revela que muitos são os fatores que envolvem a permanência de
determinadas práticas ou inicialização de mudanças e transformações num determinado
espaço de tempo.
Portanto, concordamos com a ideia do Professor Antonio, que afirma que “não tem
uma metodologia mágica para revolucionar o ensino da matemática [...] é mudar o discurso de que é
difícil, que ele [o aluno] é incapaz, tirar isso de lá, e mostrar que todo mundo tem capacidade, uns
tem um esforço maior e outros um esforço menor, mas todos podem conseguir aprender”.
Pelas incursões nas análises, a partir do momento que nos impregnamos das
narrativas e considerando as conexões que fizemos, apesar de sabermos que as
metodologias, incluindo as estratégias e recursos podem favorecer assim como não serem
tão produtivas no ensino da matemática, haja vista que são muitos os casos em nossas
heterogêneas salas de aula, um ponto importante a considerar é o professor refletir e ser
sensível quanto ao modo com que o aluno tem se apropriado e manifestado domínio dos
conteúdos disciplinares. Entendemos que isto é fundamental e os professores pesquisados
também descrevem sua importância em seus relatos, quando afirmam em entrevista: “[...]
não é na primeira dificuldade que você vai ter, até pela minha experiência, que ele [o aluno]
vai pegar e desistir” (Professor Antonio) e “Gostar de matemática é fazer as coisas com
prazer, se desenvolver” (Professora Isabel).
ii) A concepção do erro no ensino da matemática: “o erro faz parte da
aprendizagem”?
Nossa intenção neste momento é tratar o discurso do erro, com base nas memórias e
experiências docentes dos professores investigados, sob a dimensão da prática avaliativa
escolar, para sabermos como se encontra esta questão em relação as suas memórias e atuais
práticas docentes e se existem indicativos de mudança em relação a sua interpretação e
empreendimento no contexto escolar.
Assim, buscando explorar a questão “em que termos os pesquisados no tempo
passado e presente concebem a noção do erro no ensino da Matemática, nos aspectos
epistemológicos”, recorremos às memórias que evidenciam situações vividas e as marcas
que evidenciam como se sentiam e con(viviam) com o erro, professor e aluno, no cotidiano
na disciplina. Primeiramente, a aluna Isabel em carta disse:
VII Congresso Internacional de Pesquisa (Auto)Biográfica
UFMT – Cuiabá – 17 a 20/07/2016
Anais VII CIPA – ISSN 2178-0676
“a senhora [professora] fazia um por um ir até a sua mesa para tomar a lição, que pavor! Era
para mim a pior parte, pois tinha muito medo de errar, pois no dia anterior, minha mãe ou meu
tio, já passavam e se eu errasse toma-te palmatória. Claro, você não fazia isso, mas sentia
vergonha e o nervoso tomava conta de mim, pois todos na sala ficavam olhando alguns colegas
com medo também, mas outros caçoavam rindo da situação”. (Professora Isabel. Carta)
Isabel por entre suas memórias recorda os momentos de tensão durante a correção
das lições realizada por sua professora em sala de aula, o papel de sua família no
acompanhamento das atividades escolares, citando também o sentimento de medo do
castigo físico, justamente nos casos de erro, em casa. Esses pontos resgatam em termos
histórico-culturais, as concepções que balizavam a noção de erro e de como isso
condicionava a relação entre pais, filhos/alunos e professores. Situando o tempo da
trajetória escolar de Isabel, há de considerarmos que a tendência no sistema educacional
daquela época era de uma aprendizagem centrada em lições/exercícios, fundamentada
numa perspectiva de estímulo-resposta, de fundamento teórico-pedagógico tradicional.
(SAVIANI, 2002)
Em função dessa mentalidade pedagógica, era legítimo, por exemplo, que na escola
os professores se utilizassem do reforço negativo, do castigo físico, que no caso de Isabel
era empregado por seus pais e/ou responsáveis, muito provavelmente pela própria trajetória
escolar que vivenciaram. Todavia, temos de fazer a observação que a professora de Isabel
não recorria a este “tipo de coerção”, o que já sinalizava um processo de superação deste
modelo de “acerto de contas”, pela via física na escola que frequentava.
Quando falamos da superação do castigo físico nas escolas, temos de considerar que
em meio às transformações ocorridas nas práticas escolares, a noção do erro e as formas de
intervenção por parte do professor também mudaram, saindo da perspectiva do castigo
físico para a dimensão simbólica. Isto se traduz na criação e manutenção por parte de
professores de um ambiente de tensão, medo, centrando a atenção do aluno para os acertos,
até pela cultura da verificação e não avaliação da aprendizagem consolidada na prática
docente, que no caso da história de Isabel esta última concepção se traduziu na prática de
sua professora nos momentos da correção das lições em sala de aula. (MORETTO, 2007;
LUCKESI, 2011).
Já Antonio, na condição de aluno recorda:
VII Congresso Internacional de Pesquisa (Auto)Biográfica
UFMT – Cuiabá – 17 a 20/07/2016
Anais VII CIPA – ISSN 2178-0676
“quando eu estava na 7ª série eu não gostava de matemática [...] eu tinha dificuldade, eu tive
que ficar de recuperação. Na recuperação eu comecei me aproximar do professor, perguntar,
me relacionar melhor, [...] comecei a vencer alguns desafios, acabei gostando”. (Professor
Antonio. Entrevista)
Optamos pelo destaque da memória de Antonio, sua reprovação na 7ª série em
matemática, pois ele relembra este acontecimento como positivo para a sua trajetória
escolar e sua relação com a matemática. Para ele, o ocorrido lhe oportunizou refletir e rever
a sua relação com a disciplina, principalmente por ter encontrado em seu professor um
apoio, orientações necessárias para sanar suas dúvidas, entender aquilo que não fazia
sentido em relação à disciplina. Esse relato evidenciou a importância da relação professor-
aluno no ensino da matemática, pois diante dos quadros de não aprendizagem do aluno,
geralmente entendidas isoladamente como “erros”, o docente de Antonio atuou com bom
senso.
O bom senso, encontramos na postura do docente de Antonio em buscar
redimensionar a sua prática quando optou em utilizar a resolução de problemas,
referenciada por Antonio como “vencer os desafios”. Para tanto, isso pressupôs ao
professor de Antonio, investigar como ele aprendia e como diante disso podia ajudá-lo.
Esse investimento por parte do professor se expressou numa maior proximidade entre eles e
a criação de um clima favorável de aprendizagem, sendo essas práticas que dialogam com
Freire (1996, p. 29) quando defende que ensinar exige bom senso, pois:
Ao pensar sobre o dever que tenho, como professor, de respeitar a
dignidade do educando, sua autonomia, sua identidade em processo, devo
pensar também, [...], em como ter uma prática educativa em que aquele
respeito, que sei dever ter ao educando, se realize em lugar de ser negado.
Isto exige de mim uma reflexão crítica permanente sobre minha prática
através da qual vou fazendo a avaliação do meu próprio fazer com os
educandos
Passam-se os tempos, escolhida a carreira docente para o ensino da matemática por
parte dos pesquisados, já na condição de Professor de matemática (Professor Antonio), e de
Professora que ensina matemática nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental (Professora
Isabel), os pesquisados em conversa relatam sobre a noção de erro e como a empregam na
prática docente. Quando, indagados disseram:
VII Congresso Internacional de Pesquisa (Auto)Biográfica
UFMT – Cuiabá – 17 a 20/07/2016
Anais VII CIPA – ISSN 2178-0676
Eu particularmente prefiro o erro a acerto, porque o acerto, você não tem mais desafio, porque
eu penso que ensino e aprendizagem é processo, não é resultado, você pode encontrar vários
caminhos para chegar a um resultado, qualquer um pode chegar num resultado, mas o que
importa mesmo na aprendizagem é o caminho, é você ter compreensão daquele caminho
percorrido. (Professora Isabel. Entrevista)
O erro faz parte da aprendizagem. Porque nem sempre a estratégia que você vai montar, a
estratégia pode estar correta. E mesmo quando você monta, e na hora de aplicar você não
aplica de forma correta, por isso tem que reavaliar. É tanto que eu observo, uma certa mudança
nos professores, pelo menos no PARFOR Matemática-UFPA, que quando vão corrigir uma
prova faz uma grade e consideram várias coisas, não só o resultado porque tem muitos
professores que fazem ou faziam, que se bater o resultado está certo, se não bateu está errado.
E no PARFOR matemática, pelo menos daqui UFPA, que eu tenho trabalhado várias
disciplinas, eu observo isso, se o cara lembrou de uma fórmula, lembrou de alguma teoria, tudo
isso conta pontos. (Professor Antonio. Entrevista)
Ambos os pesquisados, contemplam o fato de reconhecerem a importância do erro
em relação ao processo de ensino e aprendizagem. Por exemplo, a Professora Isabel
defende “[...] prefiro o erro a acerto, porque o acerto, você não tem mais desafio, porque
eu penso que ensino e aprendizagem é processo, não é resultado”. Nesse mesmo sentido, o
Professor Antonio assevera que “o erro faz parte da aprendizagem. Porque nem sempre a
estratégia que você vai montar, a estratégia pode estar correta. E mesmo quando você
monta, e na hora de aplicar você não aplica de forma correta, por isso tem que reavaliar”.
Chamaram nossa atenção esses fragmentos, pois diferentemente do que foi
abordado, recordamos que em nossa trajetória pessoal encontramos professores de
matemática preocupados tão somente com o resultado das operações e/ou equações
matemáticas, buscando a resolução de problemas daquilo que nos ensinaram por meio de
repetitivos exercícios. A intensa busca dos fins e não dos meios secundarizavam a
relevância do “processo” em favor dos “resultados/produtos”, o que levava a uma
supervalorização do conteúdo da disciplina e a não preocupação do professor em investigar
o processo de aprendizado do aluno. Pensar e agir desse modo costuma estacionar o
professor numa prática de educação bancária, a qual desconsidera as múltiplas variáveis
que envolvem: o processo de ensino-aprendizagem, de como o aluno aprende, quais as
dificuldades encontradas e de como ele, na condição de professor, pode agir no sentido de
minimizar as problemáticas encontradas.
VII Congresso Internacional de Pesquisa (Auto)Biográfica
UFMT – Cuiabá – 17 a 20/07/2016
Anais VII CIPA – ISSN 2178-0676
Propositalmente, é oportuno resgatar a experiência do Professor Antonio que relata
a sua concepção sobre os processos e os produtos no ensino da matemática, em que diz: “eu
pelo menos [...] faço isso na minha prática, de não considerar o resultado em si, até
porque o processo conta” e associado a ele, a Professora Isabel converge quando afirma:
“eu penso que ensino e aprendizagem é processo, não é resultado, você pode encontrar
vários caminhos para chegar a um resultado”. Nesse sentido, ambas as falas anunciam
que ambos protagonizam a travessia epistemológica, uma concepção de erro encarado:
[...] como parte natural, inevitável e indispensável ao processo de aprendizagem.
Ele pode ser considerado um alerta, um aviso ao professor, assim como a febre o
faz na doença. Funcionando como um marco ou baliza, o erro é um indicador de
(re)direcionamento pedagógico porque ele oferece oportunidade de crescimento,
ao aluno, bem como de evolução, ao professor (LORENZATO, 2010, p; 49-50).
Esse atual movimento discorda das nossas memórias anunciadas anteriormente, de
centralidade dos resultados em detrimento dos processos na escola. Esta questão reforça a
importância de se buscar, pesquisar, compreender as condições pelas quais os alunos
aprendem. Isso requer dos professores que adotem a postura, de criar momentos em “que os
alunos verbalizem o que estão vendo, fazendo ou pensando, para que o professor possa
constatar o tipo de aprendizagem que está acontecendo” (LORENZATO, 2010, p. 42).
Assim, dirigindo cuidados ao aluno, o professor resguarda a garantia da aprendizagem
discente, fazendo o aluno co-autor desse processo.
Entendemos que quando os alunos não encontram espaço na sala de aula para
questionar, o erro se torna uma situação estacionária, ou, dito de outro modo, o aluno não
conquista a oportunidade de ressignificar a maneira pela qual aprender o que fora ensinado
pelo professor. Contrapondo-se ao silenciamento do aluno, Nacarato, Mengali e Passos
(2009 p. 37) defendem que se deve buscar:
[...] possibilitar que o aluno tenha voz e seja ouvido; que ele possa comunicar
suas ideias matemáticas e que estas sejam valorizadas ou questionadas; que os
problemas propostos em sala de aula rompam com o modelo padrão de problemas
de uma única solução e sejam problemas abertos; que o aluno tenha a
possibilidade de levantar conjecturas e buscar explicações e/ou validações para
elas. Enfim, que a matemática seja para todos, e não para uma pequena parcela
dos alunos (NACARATO, MENGALI, PASSOS, 2009 p.37).
O disposto converge para explicar o desafio que há para se repensar as práticas de
ensino e de consideração do erro no processo de ensino-aprendizagem da matemática,
VII Congresso Internacional de Pesquisa (Auto)Biográfica
UFMT – Cuiabá – 17 a 20/07/2016
Anais VII CIPA – ISSN 2178-0676
concepções que nas abordagens feitas pelos Professores pesquisados se distinguem de
nossas memórias pessoais, pois suas experiências se voltam para valorizar os erros do
aluno, o “processo” que envolve o ensino-aprendizagem.
CONEXÕES FINAIS EM RELAÇÃO ÀS METODOLOGIAS E À NOÇÃO DO
ERRO NO ENSINO DA MATEMÁTICA
A partir das incursões nas narrativas e com base nas discussões tecidas, partilhamos
que o contato com as memórias e experiências expressas pelos sujeitos da pesquisa trouxe
resultados significativos para refletirmos sobre o ensino e a aprendizagem da Matemática, à
medida que visualizamos que entre o passado e o presente existem similaridades em relação
ao modo com que os pesquisados e nós próprios, pesquisadores nesse diálogo mútuo,
vivenciamos e compartilhamos dos episódios relatados. Tivemos, principalmente, maior
proximidade com relação ao modo com que os pesquisados experimentaram o ensino da
matemática.
Em termos epistemológicos, verificamos que há a recorrência do ensino tradicional
da matemática assentados nas bases positivistas no tempo de escola dos pesquisados, o que
não descarta que também se faça presente em suas práticas hoje, pois as narrativas de
ambos os docentes pesquisados sinalizam que ainda optam em manter a utilização de: aulas
expositivas, com recortes conceituais (a famosa “teoria”), muitos exercícios, principalmente
nos Anos Finais do Ensino Fundamental e Médio, assim como na Educação Superior, como
ora foi suscitado pelo Professor Antonio.
Detalhando as experiências dos pesquisados, a docente Isabel nos chama atenção
quando emerge com a peculiaridade no tocante aos Anos Iniciais do Ensino Fundamental,
quando se refere ao fato de buscar relativizar as suas metodologias no processo de ensino,
com o uso de atividades lúdicas para desenvolver os conteúdos da disciplina, pois, segundo
ela, isto torna a aprendizagem mais prazerosa e significativa para o aluno; por sua vez a
ludicidade é um aspecto totalmente silenciado ao longo das falas do Professor Antonio, que
tem atuado na Educação Superior, marcando as disparidades em relação ao ensino da
matemática nestes dois níveis de ensino.
VII Congresso Internacional de Pesquisa (Auto)Biográfica
UFMT – Cuiabá – 17 a 20/07/2016
Anais VII CIPA – ISSN 2178-0676
No que se refere a como ensinam matemática hoje e à concepção do erro, as
narrativas apontaram que apesar dos professores participantes do estudo terem vivido
experiências do ensino tradicional na matemática, a partir do que contam e abordam em
suas falas, isso nos leva a crer que há uma inflexão quanto à forma com que encaram o erro
no processo de ensino-aprendizagem na condição de docentes, pois atribuem ao erro um
papel importante no interior da aprendizagem.
A partir dessas considerações, de forma prospectiva, estes aspectos nos fazem
pensar que existe uma maior abertura para buscar a inovação em relação ao tipo de
metodologias utilizadas no ensino da matemática nos Anos Iniciais do Ensino
Fundamental, se comparada com as experiências na Educação Superior.
REFERÊNCIAS
ABRAHÃO, M.H.M.B. (org.). História e Histórias de Vida: destacados Educadores
fazem a história da Educação Rio-grandense. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2001.
ARAGÃO, Rosália. Compreendendo a investigação narrativa de ações escolares de ensino
e de aprendizagem no âmbito da formação de professores. 27ª Reunião Anual da ANPEd.
21 a 24 de novembro de 2004. Caxambu-MG. Disponível em:
<27reuniao.anped.org.br/gt08/t0818.pdf
ARAGÃO, R. M. R. de. ‘Reflexões sobre Ensino, Aprendizagem, Conhecimento...’ In:
Revista de Ciência & Tecnologia. Piracicaba-SP : Editora UNIMEP, Ano 2, Nº 3,
Julho/1993
BONDIA, Jorge Larrosa. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Rev. Bras.
Educ.,Rio de Janeiro , n. 19, p. 20-28, Apr. 2002. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
24782002000100003&lng=en&nrm=iso>. Accesso em: 15fev. 2016.
CUNHA, Maria Isabel da.Conta-me agora!: as narrativas como alternativaspedagógicas na
pesquisa e no ensino. Rev. Fac. Educ.,São Paulo , v. 23, n. 1-2, Jan. 1997. Disponível
em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
25551997000100010&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 26 jan. 2016.
CLANDININ, D.J.; CONNELY, F.M. Pesquisa narrativa: experiência e história em
pesquisa qualitativa. Uberlândia: EdUFU, 2011.
VII Congresso Internacional de Pesquisa (Auto)Biográfica
UFMT – Cuiabá – 17 a 20/07/2016
Anais VII CIPA – ISSN 2178-0676
FIORENTINI, D. . Rumos da Educação Matemática: O professor e as mudanças
didáticas e curriculares. In: II Seminário de Avaliação das Feiras Catarinenses de
Matemática. Rumos da Educação Matemática: O professor e as mudanças didáticas e
curriculares. Blumenal-SC, 2001. v. 1. p. 23-37.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São
Paulo: Paz e terra, 1996.
GONÇALVES, T. V. O. A pesquisa narrativa e a formação de professores: reflexões sobre
uma prática formadora. In: CHAVES, S. N; BRITO, M. R. (Org). Formação e
docência: perspectivas de pesquisa narrativa e autobiográfica. Belém: Cejup, 2011
LORENZATO, Sergio. Para aprender matemática. 3.ed. Campinas: Autores Associados,
2010.
LUCKESI, Carlos Cipriano. Avaliação da Aprendizagem escolar. 22 ed. São Paulo:
Cortez, 2011.
MORAES, Roque e GALIAZZI, Maria do Carmo. Análise Textual Discursiva. Editora
UNIJUÍ, Ijuí, 2007.
MORETTO, Vasco Pedro. Prova: Um momento privilegiado de estudo, não um acerto de
contas. 2° edição. Rio de Janeiro: Lamparina, 2007.
NACARATO, A.M. MENGALI, B.L.S. PASSOS, C.L.B. A matemática nos anos iniciais
do ensino fundamental: tecendo fios do ensinar e do aprender. Belo Horizonte:Autêntica,
2009.
NARDI, Elena; IANNONE, Paola. Onthefragile, yet crucial,
relationshipbetweenmathematicianandresearchers in mathematicseducation. Anais do PME
28, v. 3, p 401–8, 2004. Disponível em:
http://www.emis.de/proceedings/PME28/RR/RR010_Nardi.pdf. Acesso em: 29 fev 2016.
SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia: teorias da educação, curvatura da vara, onze
teses sobre educação e política. 35 ed. Campinas-SP: Autores Associados, 2002