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oletim Técnico B Nesta edição: Imaginologia em Destaque O câncer de mama e as diferenças entre a mamografia convencional e a mamografia digital ano 1 | número 5 | novembro 2009 A mamografia e a detecção do câncer de mama O câncer de mama é uma das malignidades mais frequentes entre mulheres no Brasil e o responsável pelo maior número de óbitos por câncer entre mulheres no país. A elevação de incidência do câncer de mama tem sido observada mundialmente, seja em países desenvolvidos, seja em países em vias de desenvolvimento. Tal tendência tem sido relatada também no Brasil. O processo de urbanização pelo qual tem passado o país torna maior a exposição das mulheres a fatores que elevam o risco para o desenvolvimento do câncer de mama. Dentre os principais fatores, citamos a primeira gravidez tardia (após os 30 anos de idade) e a obesidade. O aumento da expectativa de vida da população também exerce influência, já que a incidência do câncer de mama aumenta com a idade. Estatísticas americanas relatam que uma em cada 8 mulheres terão câncer de mama no decorrer da vida. A descoberta precoce do câncer de mama reduz, significativamente, a morbi-mortalidade em torno da doença, notadamente permitindo o aumento das opções terapêuticas, da probabilidade de sucesso do tratamento, bem como da sobrevida. Detecção do câncer de mama A estratégia para a detecção do câncer de mama está baseada em um tripé constituído pelo autoexame das mamas, pelo exame clínico mamário e pela mamografia. Desses, a mamografia é, isoladamente, a ferramenta mais eficaz para a descoberta precoce da doença. A mamografia permite visibilizar manifestações imperceptíveis ao autoexame ou ao exame clínico, tais como microcalcificações e nódulos menores que 1 cm. Por isso, a mamografia é o único método consagrado para o rastreamento da doença que, por definição, é a pesquisa de uma enfermidade antes que a mesma seja manifestável e/ou sintomática. Há uma ampla concordância de que o rastreamento mamográfico reduz a mortalidade pelo câncer de mama em mulheres assintomáticas. A mamografia é, também, a técnica de imagem de escolha indicada para a primeira abordagem propedêutica de uma anormalidade detectada clinicamente, seja através do exame físico, seja através do auto-exame das mamas. Mamografia convencional e mamografia digital Atualmente, existem dois tipos de formação de imagem nos equipamentos mamográficos. A primeira geração é formada pelo conjunto filme-écran e caracteriza a mamografia convencional. A segunda geração é representada pelos receptores digitais e define a mamografia digital. O modo de obtenção da imagem mamográfica (filme ou receptor digital) determina a maioria das diferenças entre a mamografia convencional e a digital. Na mamografia convencional, o filme representa o meio de aquisição, de exposição e de armazenamento da imagem mamográfica. Apesar de gerar imagens com alta resolução espacial e contraste, há pouca margem para melhorias. Na mamografia digital, os processos de aquisição, exposição e armazenamento são separados e podem ser aperfeiçoados individualmente. Além disso, a análise das imagens mamográficas digitais em estações de trabalho com monitores da alta resolução permite uma série de processamentos que podem melhorar o contraste das imagens. A mamografia digital também facilita a incorporação de uma série de novas tecnologias como o CAD (detecção de alterações ao exame auxiliada pelo computador), a tomossíntese (reconstrução de imagens em série, possibilitando a análise em planos seccionais da mama, à semelhança da tomografia computadorizada), o uso de contraste intravenoso e a interpretação à distância do exame (telerradiologia). Mamografia Digital mostrando um CA Ductal Invasor avaliado com recursos de pós-procesamento

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oletim TécnicoBNesta edição: Imaginologia em Destaque

O câncer de mama e as diferenças entre a mamografia convencional e a mamografia digital

ano 1 | número 5 | novembro 2009

A mamografia e a detecção do câncer de mama

O câncer de mama é uma das malignidades mais frequentes entre

mulheres no Brasil e o responsável pelo maior número de óbitos por

câncer entre mulheres no país. A elevação de incidência do câncer de

mama tem sido observada mundialmente, seja em países desenvolvidos,

seja em países em vias de desenvolvimento.

Tal tendência tem sido relatada também no Brasil. O processo de

urbanização pelo qual tem passado o país torna maior a exposição das

mulheres a fatores que elevam o risco para o desenvolvimento do câncer

de mama. Dentre os principais fatores, citamos a primeira gravidez tardia

(após os 30 anos de idade) e a obesidade. O aumento da expectativa de

vida da população também exerce influência, já que a incidência do

câncer de mama aumenta com a idade.

Estatísticas americanas relatam que uma em cada 8 mulheres terão

câncer de mama no decorrer da vida. A descoberta precoce do câncer de

mama reduz, significativamente, a morbi-mortalidade em torno da

doença, notadamente permitindo o aumento das opções terapêuticas, da

probabilidade de sucesso do tratamento, bem como da sobrevida.

Detecção do câncer de mama

A estratégia para a detecção do câncer de mama está baseada em um

tripé constituído pelo autoexame das mamas, pelo exame clínico

mamário e pela mamografia. Desses, a mamografia é, isoladamente, a

ferramenta mais eficaz para a descoberta precoce da doença. A

mamografia permite visibilizar manifestações imperceptíveis ao

autoexame ou ao exame clínico, tais como microcalcificações e nódulos

menores que 1 cm. Por isso, a mamografia é o único método consagrado

para o rastreamento da doença que, por definição, é a pesquisa de uma

enfermidade antes que a mesma seja manifestável e/ou sintomática. Há

uma ampla concordância de que o rastreamento mamográfico reduz a

mortalidade pelo câncer de mama em mulheres assintomáticas. A

mamografia é, também, a técnica de imagem de escolha indicada para a

primeira abordagem propedêutica de uma anormalidade detectada

clinicamente, seja através do exame físico, seja através do auto-exame

das mamas.

Mamografia convencional e mamografia digital

Atualmente, existem dois tipos de formação de imagem nos

equipamentos mamográficos. A primeira geração é formada pelo

conjunto filme-écran e caracteriza a mamografia convencional. A

segunda geração é representada pelos receptores digitais e define a

mamografia digital. O modo de obtenção da imagem mamográfica (filme

ou receptor digital) determina a maioria das diferenças entre a

mamografia convencional e a digital. Na mamografia convencional, o

filme representa o meio de aquisição, de exposição e de armazenamento

da imagem mamográfica. Apesar de gerar imagens com alta resolução

espacial e contraste, há pouca margem para melhorias.

Na mamografia digital, os processos de aquisição, exposição e

armazenamento são separados e podem ser aperfeiçoados

individualmente. Além disso, a análise das imagens mamográficas

digitais em estações de trabalho com monitores da alta resolução permite

uma série de processamentos que podem melhorar o contraste das

imagens. A mamografia digital também facilita a incorporação de uma

série de novas tecnologias como o CAD (detecção de alterações ao

exame auxiliada pelo computador), a tomossíntese (reconstrução de

imagens em série, possibilitando a análise em planos seccionais da

mama, à semelhança da tomografia computadorizada), o uso de

contraste intravenoso e a interpretação à distância do exame

(telerradiologia).

Mamografia Digital mostrando um CA Ductal Invasor avaliado com recursos de pós-procesamento

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Presidente Executivo: Roberto Santoro Meirelles Editor Médico | Assessoria Científica: Tereza Sebastião Nogueira

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nte Fotografia e Diagramação: Samuel Gê Impressão: Parque Gráfico HP Tiragem: 8 mil

www.hermespardini.com.br | [email protected]

CENTRAL DE RELACIONAMENTO COM CLIENTES(31) 3228 6200 | (31) 2121 6200

Mamografia Digital mostrando nódulos de limites parcialmente definidos em paciente com mamas densas

CA Ductal Invasor melhor visibilizado na Mamografia Digital

Mamografia Digital demonstrando nódulo espiculado avaliado com recursos de pós-processamento, utilizando técnicas de ampliação (zoom)

e inversão do contraste

Variação dos parâmetros de demonstração da imagem permite que a mesma imagem seja utilizada para examinar o implante mamário e o

tecido mamário adjacente

Recentemente, Pisano et al. compararam a mamografia convencional

com a digital em 42.760 mulheres e concluíram que a acurácia geral da

mamografia convencional e da digital no rastreamento do câncer de

mama foi similar. Porém, a mamografia digital mostrou acurácia maior em

alguns subgrupos específicos de mulheres, a saber: mulheres com

menos de 50 anos, mulheres com mamas radiologicamente densas e

mulheres na pré-menopausa ou perimenopausa. Todavia, há muito

debate a respeito do significado e das razões da maior acurácia da

mamografia digital encontrada neste subgrupo de mulheres nos

diferentes estudos publicados. Deve-se ressaltar que, no estado atual da

arte, tanto a mamografia convencional quanto a digital podem ser

empregadas para o rastreamento populacional do câncer.

Fatores que podem causar interferência na mamografia

A capacidade da mamografia em detectar o câncer de mama varia entre

as mulheres de acordo com alguns fatores. O mais importante deles é a

densidade radiológica da mama. A sensibilidade da mamografia,

independente se convencional ou digital, é menor nas mamas densas do

que naquelas com predomínio de tecido adiposo. Por esta razão,

métodos de imagem suplementares para rastrear e avaliar mamas

densas têm sido investigados e incluem, principalmente, a

ultrassonografia e a ressonância magnética. No entanto, tais métodos

não apresentam, no momento atual, desempenho que justifique sua

aplicação como modalidade de rastreamento do câncer de mama. Ao

contrário, para o estudo das mamas, seu valor comprovado é o de

avaliação adicional de alterações detectáveis à mamografia.

Referências bibliográficas

MMG Diagnostic Performance of Digital versus Film Mammography for Breast Cancer

Screening. N England J Med 353:1773; october 27,2005.

Assessoria CientíficaDra. Gabriela Paiva Martins

Radiologista - Dep. de Imagem e Diagnóstico Molecular

RT: Ariovaldo Mendonça - CRMMG 33477

Inscrição CRM: 356-MG