Neurofisiologia do alongamento - Ana Carolina Pedrosa
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ASSOCIAÇÃO EDUCAIONAL LUTERANA BOM JESUS/IELUSC
FACULDADE EM EDUCAÇÃO FÍSICA
NEUROFISIOLOGIA
NEUROFISIOLOGIA E ALONGAMENTO
Acadêmicas: Ana Carolina Pedrosa
Jéssica Magri Dias
4ª fase
Profª: Maria Cecilia Kohler
JOINVILLE
JUL/2015
INTRODUÇÃO
O presente trabalho consiste em uma revisão bibliográfica acerca do tema
alongamento e flexibilidade, métodos de alongamento e a neurofisiologia envolvida
em cada método.
O termo flexibilidade é um dos componentes da aptidão física. Segundo Alter
(1999) é a capacidade físicade mover os músculos e articulações com maior
amplitude de movimento possível. A flexibilidade desenvolve-se quando os tecidos
conjuntivos e os músculos são alongados por meio de exercícios regulares e
adequados de alongamento.
Segundo Almeida e Jabur (2006) citado por Di Alencar e Matias (2010)
alongamento é o termo usado para descrever os exercícios físicos que aumentam o
comprimento das estruturas constituídas de tecidos moles e a flexibilidade.
Ao alongar um músculo, algumas fibras alongam e outras não. O
comprimento do músculo depende do numero de fibras alongadas. Quando se
contrai um musculo, é produzida certa tensão no órgão tendinoso de golgi, ponto
onde o musculo se conecta ao tendão. O OTG registra esta mudança de tensão e
quando esta tensão excede certo limite, provoca a reação de alongamento que inibe
a contração muscular, provocando o relaxamento.
1 TIPOS DE ALONGAMENTOS
Dentre os tipos de alongamentos existentes, abordaremos o alongamento
balístico, o estático e FNP (facilitação neuromuscular).
1.1 Alongamento balístico
Esta técnica usa o corpo/membro em movimento para força-lo além do
movimento normal. Este tipo de alongamento não é considerado útil e pode conduzir
a ferimento. Ele não permite que seus músculos se ajustem e relaxem na posição
alongada. Pode antes fazer com que contraiam por ativarem repetidamente o reflexo
de estiramento. ALTER (1999).
No alongamento balístico, são feitos os movimentos e nos mantemos no
alongamento, porém com várias insistências na amplitude final do movimento. Ao
atingir a amplitude que ofereça resistência ao movimento, no alongamento balístico,
fazemos insistências curtas, tentando superar a amplitude do movimento. (Júnior,
2004)
1.1.1Neurofisiologia do alongamento balístico
No alongamento intenso, o axônio que trafega para os músculos desencadeia
um impulso que provoca o reflexo de alongamento, não atribuem o risco de lesão à
velocidade do alongamento, mas sim ao pico de força. Certamente, se empregarmos
maior velocidade com maior força, as chances de lesões aumentarão. ( Willems e
Stauber, 2000 citado por Júnior, 2004).
No alongamento balístico o reflexo de alongamento pode ser ativado mais
facilmente, não se atingindo facilmente o tempo necessário para a adaptação
neuromuscular. Pois quanto maior for à velocidade do alongamento, maior a
quantidade de energia. (Júnior, 2004).
Segundo Dantas (2005), ao realizar movimentos de máxima amplitude, em
velocidade, o fuso muscular é estimulado ocorrendo o reflexo miotático, sendo este
responsável pela contração da musculatura que esta sendo alongada. (Devido a
isto, a estrutura limitante ao movimento é o musculo antagonista e os componentes
elásticos da parte das fáscias e tendão).
1.1.2Indicações
Conforme Dantas (2005), este método enfatiza elasticidade muscular e deve-
se trabalhar cada musculo com três ou quatro séries de 10 a 20 repetições,
alternando com movimentos de soltura.
No que se entende ao alongamento e à saúde, essa não é uma prática bem
aceita, pois a resposta reflexa como efeito do alongamento intenso aumenta a
rigidez momentânea da unidade musculotendínea. (Mcnair & Stanley, 1996 citado
por Junior, 2004).
1.2 Alongamento estático
Conforme Dantas (2005), o alongamento estático foi inspirado na yoga. Deve-
se lentamente chegar ao limite articular e forçar suavemente para ultrapassar este
limite.O alongamento estático consiste em alongar um músculo até seu ponto
máximo e então manter essa posição. ALTER (1999).
1.2.1 Neurofisiologia do alongamento estático
Quando mantido no alongamento estático há uma adaptação dos fusos
musculares e também diminuindo a sensibilidade muscular ao longo do tempo, vindo
a ocasionar a inibição neural. (Júnior, 2004).“A alta sensibilidade a pequenas amplitudes de movimento não separa a
actina e a miosina. Consequentemente, as alterações no comprimento, na
fixação das extremidades dos fusos e na fáscia intrafascicular são
transmitidas com pouca atenuação para o terminal sensorial (Dénand et al.,
1988 citado por Junior, 2004). Por sua vez, os fusos musculares, pelo
posicionamento em paralelo à fibra muscular, identificam pouca força de
contração das fibras musculares (regulares), embora detectem bem as
alterações no comprimento muscular e no controle da alteração na velocidade
muscular.” (Gandevia, 2001 citado por Júnior, 2004).
Os impulsos nervosos descarregados pelo órgão tendinoso de Golgi, durante
uma contração ou alongamento com forte tensão, são enviados por axônios
aferentes de condução rápida à medula espinhal e ao cérebro. Assim, excitam os
interneurônios inibitórios, que inibem os neurônios do músculo contraído. (Júnior,
2004)
De acordo com Dantas (2005) a tensão isométrica realizada sobre o musculo
atua sobre o OTG e provoca um relaxamento da musculatura agonista, acarretando
que o fator limitante para o movimento seja a articulação.
1.2.2 Indicações
O tempo ideal desse alongamento pode variar entre 20 e 30 segundos, mais
que isso é desnecessário. ALTER (1999). Contradiz com esta informação Borms et
al (1987) citado por Dantas (2005) onde diz que o tempo ideal é d e10 segundos e
que tempos de 20 ou 30 segundos já se tornam desnecessários.
Dantas (2005) indica realizar três a seis series, com postura estática de 10
segundos. Sendo que entre as series deve-se dar um intervalo de descontração.
O alongamento estático é muito utilizado em razão do fácil controle da tensão
no sistema musculo articular ao alcançar uma determinada amplitude, e em relação
ao bem estar, pode ser aplicada em todas as faixas etárias, também como forma de
aquecimento e bastante útil na manifestação de encurtamento muscular. (Júnior,
2004)
Segundo Mcnair e Stanley (1996) citado por Dantas (2005) este método é
contraindicado para treinamento da flexibilidade onde as articulações são sujeitas a
choques, como esportes de contato.
1.3 Alongamento por Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva
Conforme McAtee (1998) e Alter (1999), a técnica de alongamento FNP
(facilitação neuromuscularproprioceptiva) é considerada umas formas mais rápida e
eficaz apara aumentar a flexibilidade. Deve-se sempre relaxar o musculo por 20
segundos antes de iniciar nova técnica.
No Método de Contração e relaxamento-CR, o músculo é alongado até a
máxima amplitude e então o agonista é contraído isometricamente por 7-15
segundos. Depois é relaxado por 2-3 segundos e então é submetido a uma
amplitude aindamaior do que a inicial. ALTER, 1999.
Já no Método de Contração e relaxamento- antagonista contrair- CRAC,
primeiramente se realiza a contração isométrica do agonista (similar ao CR), porém
enquanto o musculo é relaxado neste processo, se executa uma contração
concêntrica do antagonista, porém o parceiro fornece resistência de encontro á esta
contração tornando-a isométrica. Mantida também por 7-15 segundos, e depois
eleva a articulação para outra posição mais alongada.ALTER, 1999
1.3.1Neurofisiologia do alongamento FNP
Quando um agonista se contrai, a fim de causar o movimento desejado, força
geralmente os antagonistas a relaxar. Este fenômeno é chamado inibição recíproca
porque os antagonistas são inibidos de se contrair. (Alter, 1999).Segundo Junior
(2004):
“Na contração isométrica ocorre tensão no tendão, fazendo que o órgão
tendínoso de Golgi participe com a inibição muscular. Em seguida ao
relaxamento, prossegue-se aumentando a amplitude de movimento”.
Durante o alongamento passivo, as fibras elásticas paralelas alongam-se
mais que os componentes em série(tendão) (Júnior, 2004).
A inibição reciproca garante que a contração dos músculos agonistas, geram
a inibição dos músculos agonistas, e por isso o agonista induz ao relaxamento do
antagonista diz Hegner, 1995 citado por Júnior, 2004.
Conforme Macefield, 1991 citado por Júnior durante a contração, a descarga
de alguns fusos musculares permanece constante e/ou aumenta conforme o tempo
de contração, comportamento incomum, e esse declínio da descarga do fuso
muscular é correlacionado com o aumento na resposta eletromiografia, e isso
representa a distinção de uma e de outra.
1.3.2Indicações
Conforme Alter (1999) é considerada uma técnica segura e menos provável
que ocorre rompimento do musculo e sendo mais eficaz apara aumentar a
flexibilidade
Moore e Hutton (1980) citado por Júnior, 2004 falam que o método de CRAC
é entre outros métodos os mais efetivos para o desenvolvimento da flexibilidade,
porém produz maior atividade eletromiografia.
2 ALONGAMENTO ANTERIOR E POSTERIOR Á PRATICA DE ATIVIDADE FÍSICA.
ParaAchour (2006) apud Di Alencar e Matias (2010), o alongamento após a
prática de atividades físicas busca prevenir e tratar o encurtamento muscular. Visto
que este encurtamento muscularpode causar desestabilização da postura, utilização
de fibras compensatórias, perda da elasticidade,aumentos de câimbra e dor, entre
outros efeitos negativos.
Segundos alguns autores como Shrier (2000), Andersen et al. (2005), Pope et
al. (2000) e Samuel et al. (2008), citados por Di Alencar e Matias, em 2010, muitos
profissionaisainda indicam o alongamento antes da prática da atividade física.
Porém, ao invés de melhorar,estudos mostram que a carga aguda de alongamento
pode prejudicar o desempenho para movimentos que usem força máxima ou
potencia e aumenta a possiblidade de lesões Sendo que o alongamento estático e
PNF são os que mais interferem na força. Sugere-se entãodispensar o alongamento
quando a atividade posterior for utilizar a produção de força. Ou seja, não há provas
cientificaspara apoiar a realização do alongamento antes da prática de atividades
físicas.
3 COMPARAÇÃO ENTRE OS MÉTODOS
Pra Dantas (2005) o alongamento estático é 20% mais eficaz do que o
método balístico.
Conforme Nunes (1986) apud Dantas (2005), após onze semanas de
treinamento, concluiu que tanto o estático quanto o FNP são mais eficiente quando
comparados ao método balístico.
Já para Sady et al (1982) citado por Dantas (2005), fez uma pesquisa de seis
semanas e comparou três métodos, o estático, o balístico e o FNP, concluindo que o
FNP seria a técnica melhor para desenvolver flexibilidade. Corroboram com isso,
Einyre e Lee (1987), também citado por Dantas (2005), quando ao realizar uma
revisão bibliográfica dedez estudos acerca dos métodos de alongamento, nove
concluíram que o FNP seria o método mais eficaz.
Dantas (2005),concluiu que para trabalhar a mobilidade articular os melhores
métodos são o estático e FNP (CR). Já para trabalhar a elasticidade muscular o
mais indicado é o balístico e FNP (CRAC).
CONCLUSÃO
Ao realizar esta revisão bibliográfica é possível concluir que não existem
provas que indiquem a pratica de alongamento antes da atividade física. Dentre os
tipos de alongamento discutidos, percebe-se que o mais apropriado para trabalhar
em questão de bem-estar e saúde é o método estático, sendo o balísticoo
contraindicado para este caso. Já o método de Facilitação Neuromuscular
Proprioceptiva foi o método mais indica para a eficiente da melhora da flexibilidade.
Deve-se atentar sempre para a realização segura dos procedimentosa fim de evitar
lesões, e também cada método devem focalizar as necessidades dos alunos e
praticantes.
REFERÊNCIASALTER, M.J. Alongamento para os esportes: 311 alongamentos para 41 esportes. 2 ed. São Paulo: Manole, 1999.
DANTAS, E.H.M.. Alongamento e flexionamento. 5 ed. Rio de Janeiro: Shape,
2005.
DI ALENCAR, T.A.M., MATIAS, K.F.S. Princípios fisiológicos do aquecimento e alongamento muscular na atividade esportiva. RevBrasMed Esporte [online].
2010. Disponível em <http://dx.doi.org/10.1590/S1517-86922010000300015.>
JÚNIOR, A.A. Flexibilidade e Alongamento: saúde e bem-estar. Barueri, SP:
Malole, 2004.
McATEE, R. E. Alongamento facilitado. São Paulo: Manole, 1998