Neves Egito - agencia.ecclesia.pt · comunica”, no Cristianismo. “O Verbo fez-se carne e...

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04 - Editorial Paulo Rocha06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Internacional20 - Opinião LOC/MTC22 - Opinião Miguel Oliveira Panão24 - Semana de... José Carlos Patrício26 - Dossier Fátima 2017

28 - Entrevista D. António Marto98 - App Pastoral100 - Cinema102 - Multimédia104 - Estante106 - Concílio Vaticano II108- Agenda110 - Por estes dias112 - Programação Religiosa113 - Minuto Positivo114 - Liturgia116 - Fundação AIS118 - LusoFonias

Foto de capa: Manuel CostaFoto da contracapa: DR

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Padre Américo AguiarPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

Adeus ao padreCarreira dasNeves[ver+]

Viagem de paz aoEgito[ver+]

À espera do Papa[ver+] Paulo Rocha | LOC/MTCManuel Barbosa | Paulo Aido | TonyNeves | Fernando Cassola Marques| Miguel Oliveira Panão | BentoOliveira

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Hora do centenário

Paulo Rocha Agência ECCLESIA

Faz

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“Mais sete anos e voltareis aquipara celebrar o centenário daprimeira visita feita pela Senhora‘vinda do Céu’”.No dia 13 de maio de 2010, nahomilia da Missa no Santuário deFátima, ouviu-se esta afirmação. Fê-la o Papa Bento XVI, apontando ahora do centenário, que se celebrano dia 13 de maio de 2017, aomeio-dia. Desde essa outra hora, hásete anos, um abrangente itineráriopastoral e cultural coordenado edinamizado pelo Santuário deFátima preparou a celebração dos100 anos das Aparições. Na Covada Iria ou noutros centros de culto ede cultura, foi possível criar novasproximidades à Mensagem deFátima, lê-la a partir dos temposatuais e traduzir, em formatos elinguagens diferentes, os apelosdeixados aos três pastorinhos. Ecom um balanço francamentepositivo, pela possibilidade queofereceu a criadores de cultura dese aproximarem das interpelaçõesacolhidas por crianças e propostasa um mundo carente de paz,traduzidas depois em obras de arte,interpretadas por académicos esobretudo vividas em muitospercursos de vida.Mas há outra hora, a permanentehora do centenário: a que é vividadesde 1917 por cada peregrino, porcada mulher ou homem que sedirige à Cova da Iria em busca damensagem “vinda do céu”.

Felizmente, Fátima afirmarecorrentemente a centralidade doperegrino nas atividades quedesenvolve. Quem as observa,corre o risco de erguer indiferençasdiante de cada rosto que chega,reza e depois parte de um recintoque é de oração. Mas esse é odinamismo que mais atençõesdeveria prender, porque é o únicoresponsável pela vitalidade deFátima, pela crescente relevânciaque tem, cada vez mais à escalaglobal.Em Fátima, cria-se proximidade comDeus, acontece o acolhimento dotranscendente e descobre-se apossibilidade de viver o quotidianocom o divino por perto. Comoaconteceu com os pastorinhos: semvidas extraordinárias ou longas, foiessa disponibilidade que fez dahistória de três crianças uma históriade santidade.Entre 1917 e 2017, o Santuário deFátima e a Mensagem que lhe dávida mostrou-se de muitas ângulos,foi pintado de muitas cores e alvo detodas as considerações esentenças.Mas, ao longo de cem anos, adensidade da história de Fátima vê-se sempre através da mesma luz, ade cada vela, tem os mesmos rostoscomo protagonistas, o de cadaperegrino, e escreve-se com osmomentos de quem chega e depoisparte, após horas vividas a partir dedentro. E são essas as horas docentenário.

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Passaram 10 anos sobre o desaparecimento de Madeleine McCann, na

altura com três anos, num aldeamento turístico de Lagos, no Algarve

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«A primeira coisa a fazer é dizer-lhes que aquilo émentira, que as ameaças não se vão concretizar»,psicóloga Bárbara Ramos Dias sobre o jogo on line«Baleia Azul» dirigido, sobretudo a jovens eadolescentes, que devem cumprir 50 tarefas, algumasde mutilação e possivelmente suicídio, in Diário deNotícias, 25.04.2017 «Deus só aprecia a fé professada com a vida, porqueo único extremismo permitido aos crentes é o dacaridade. Qualquer outro extremismo não provém deDeus nem lhe agrada», Papa Francisco, na Missa aque presidiu no estádio da aeronáutica militar, noCairo, no Egito, in Agência Ecclesia, 29.04.2017 «Morreu o padre que vivia nos nossos coraçõesateus», escritor e ilustrador Pedro Vieira recordando oFrei Joaquim Carreira das Neves, que faleceu no dia28 de abril, in Secretariado Nacional da Pastoral daCultura, 02.05.2017. «Símbolos incríveis como o terço são de uma cultura,são das pessoas em geral», artista plástica JoanaVasconcelos, comentando a obra «Suspensão»,colocado no Santuário de Fátima, in Público,03.05.2017

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Padre Carreira das Neves,comunicador da palavra

A Igreja Católica e a sociedadeportuguesa despediram-se do padreJoaquim Carreira das Neves,teólogo e biblista, que morreu a 28de abril, com 82 anos de idade. D.Manuel Clemente, cardeal-patriarcade Lisboa, presidiu à Missa exequialdo religioso franciscano, queconsiderou uma figura com “grandeaceitação, grande acolhimento”, emvários quadrantes da cultura e dasociedade.“Era uma figura verdadeiramente

nossa”, disse, na homilia dacelebração que decorreu noSeminário da Luz, em Lisboa.D. Manuel Clemente destacou, nopercurso do religioso francisco, quemorreu aos 82 anos de idade, a“enorme vontade de comunicar eenorme capacidade para o fazer,onde fosse preciso, dentro e fora daesfera eclesial”. “Não havia nenhumdebate que ele recusasse, nãohavia nenhuma ocasião que eleevitasse”, precisou.

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A intervenção começou porsublinhar a importância decompreender “um Deus que secomunica”, no Cristianismo. “OVerbo fez-se carne e habitou entrenós. Durante mais de 80 anos, estapassagem bíblica teve rosto, nomee figura: o padre Joaquim Carreiradas Neves”, declarou.D. José Ornelas, bispo de Setúbal eespecialista no estudo da Bíblia,falou por sua vez do padre Carreiradas Neves como alguém quemarcou a vida da Igreja e daUniversidade Católica, desde oVaticano II e o 25 de Abril. “Ele foium dos timoneiros dessa mudança,do entendimento da fonte daconstante mudança que é a Bíblia”,sustentou.O prelado evocou um homem“rigoroso e investigador”,constantemente atualizado, que foi“um peregrino da Palavra, da vida,da alegria, da amizade”.O padre Joaquim Carreira dasNeves trabalhou quase até morrer edeixou um livro praticamenteconcluído sobre São João,evangelista, adiantou à AgênciaECCLESIA o frei Armindo Carvalho,superior provincial da OrdemFranciscana em Portugal.O padre João Lourenço,franciscano

e diretor da Faculdade de Teologiada UCP, recordou a “grandesimplicidade” do seu confrade, quefez parte de “uma notável geraçãode homens, conhecedores domundo da Cultura, da Teologia”. NasCiências Bíblicas, acrescenta, opadre Carreira das Nevesdesempenhou um papel “muitoimportante”, fazendo passar para oespaço público o seu saber, deforma acessível.Paulo Rocha, diretor da AgênciaECCLESIA, evoca por sua vez um“grande mestre da Palavra, daBíblia, e também um grande mestreda sua comunicação”.Durante mais de 20 anos decolaboração com a agência denotícias da Igreja Católica e oprograma ECCLESIA (RTP2) existiusempre da parte de frei Carreira dasNeves uma “disponibilidadeextrema”, com “enorme gosto” emcomunicar a sua investigação,refere o jornalista.O presidente da RepúblicaPortuguesa manifestou emcomunicado “profundo pesar” pelofalecimento do padre JoaquimCarreira das Neves, “franciscanodotado de uma invulgar culturateológica e humanística”.

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Semana de oração pelas VocaçõesA Igreja Católica promove atédomingo a Semana de Oração pelasVocações, que em 2017 tem comotema “Queres dar-te a Deus?”. Emdeclarações à Agência ECCLESIA,D. Virgílio Antunes, que assumiu atéeste ano o setor pastoral dasVocações e Ministérios em Portugal,admitiu a dificuldade da IgrejaCatólica em chegar aos jovens e anecessidade de “novas linguagens”,de “novas formas” de comunicarcom os mais novos.“Retomar” o dinamismo da IgrejaCatólica em Portugal,“concretamente no que à juventudediz respeito”, é um dos grandesdesafios que se colocam nestaaltura.“Temos muitos sinais positivos deque a juventude está numa fase debusca, de busca de Deus, de buscade valores” mas ao mesmo tempoela “tem muita dificuldade em fazeressa busca dentro da estruturaeclesial”, frisa o bispo de Coimbra,que vai passar a pasta dasVocações e Ministérios a D. AntónioAugusto Azevedo, bispo auxiliar doPorto.D. Virgílio Antunes alerta ainda paraa importância de umacompanhamento mais próximo dosjovens, já que muitas vezes apastoral católica

esquecia o nível “pessoal” e seconcentrava nas “comunidades maisalargadas”. Também na promoçãode um trabalho mais intergeracional,com lugar à participação dos “maisvelhos”, e na busca de “novaslinguagens”, de “novas formas” decomunicar com os jovens.“Precisamos de estar atentos àevolução da sociedade e da própriaIgreja, à cultura dos jovens e dosadultos, para podermos enquantoIgreja que evangeliza e que estápróxima, ter as formas e os meios,as linguagens, as metodologiasadequadas para esteacompanhamento”, conclui D.Virgílio Antunes.Os materiais para a vivência daSemana de Oração pelas Vocações,que decorre entre 30 de abril e 7 demaio, estão disponíveis na páginaonline do Setor de AnimaçãoVocacional do Patriarcado deLisboa.

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Diocese realizou primeira sessãoda Assembleia DiocesanaO bispo da Guarda presidiu àprimeira sessão da AssembleiaDiocesana que discutiu, analisou evotou 11 preposições sobre o tema‘Que Igreja somos?’ destinadas adeterminar a ação futura da Igrejalocal. “Queremos estabelecer umcaminho que seja não rápido, temde ser lento, consistente, parapodermos ter caminhos quegarantam continuidade para o futuropróximo. Esta é a preocupação quelevamos e eu em particular tragopara esta primeira sessão”, explicouD. Manuel Felício à AgênciaECCLESIA.No Seminário da Guarda, à margemda primeira sessão, o preladoexplicou que a análise à Igreja quequerem ser, para estar à “altura dascircunstâncias de hoje” e do que seestá a viver, faz-se segundo “opensamento do fundador Jesus, aforma como ela é apresentada nostextos evangélicos, e reapresentadano Concílio Vaticano II”.As 11 preposições que foramvotadas na tarde do sábado, compossíveis acertos, ajustamentos,modificações, foram refletidas em 12grupos, constituídos entre 20 a 25pessoas, que são os 240 delegadosà

Assembleia Diocesana. ‘Os ministrosordenados, na vida da Igreja; avocação e missão dos Leigos naIgreja e no Mundo; pastoral deconjunto e unidades pastorais; arelação Igreja Mundo; aComunicação social’ e‘reorganização da Diocese’ eramalguns dos temas em análise.Sobre a comunicação social, porexemplo, D. Manuel Felício afirmouque são três as “ordens depreocupações” e a primeira é cuidaros meios da própria diocese, acomeçar pelo sítio na internet quetêm de “pô-la, efetivamente, aoserviço” até aos três semanários evários boletins. A transmissão para acomunicação geral das realizaçõese da identidade da Diocese daGuarda é outra preocupação destatemática, afinal, a forma comotransmitem a sua imagem esta“aparece mais ou menos fiel naprópria comunicação geral”.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosem www.agencia.ecclesia.pt

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Fátima: Bispo de Santarém presidiu a peregrinação diocesana

70 anos dos Combonianos em Portugal

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Papa e o desafio do diálogo no Egito

O Papa Francisco realizou de 28 a29 de abril uma visita ao Cairo, naqual repetiu mensagens contra aviolência, o terrorismo e o ódiofundamentalista, em defesa daliberdade religiosa e do diálogoentre crentes.A primeira intervenção aconteceucentro de conferências dauniversidade sunita de Al-Azhar, naqual o Papa sustentou que a“violência é a negação de qualquer

religiosidade autêntica”, “Repitamosum forte e claro ‘não’ a qualquerforma de violência, vingança e ódiocometidos em nome da religião ouem nome de Deus”, pediu aosresponsáveis religiosos de váriospaíses, reunidos no Egito.A primeira visita de um Papa a Al-Azhar, principal instituição teológicae de instrução religiosa do Islãosunita, começou com um minuto desilêncio pelas vítimas do terrorismo.O xeque

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Ahmad Al-Tayeb, grande-imã dainstituição, recebeu Francisco numavisita que considerou “histórica”; osdois líderes trocaram um abraço,sob as palmas dos participantesreunidos no congresso internacionalpela paz promovido pela instituiçãosunita.A mesma mensagem foi levada aoslíderes políticos do Egito, emparticular o seu presidente,recordando as comunidades cristãsatingidas por atentados terroristas,que provocaram dezenas de mortes,por exemplo, no último domingo deRamos (9 de abril).O Papa desafiou os responsáveispolíticos e religiosos a “desmantelaros planos homicidas e as ideologiasextremistas” e abordou depois o“papel insubstituível” do Egito nocontexto do Médio Oriente e daconstrução da paz na região.O primeiro dia de viagem encerrou-se com a homenagem aos “mártires”cristãos do Egito, na sede da IgrejaCopta Ortodoxa. Simbolicamente, acapela de São Pedro acolheu ummomento de oração, com apresença de líderes de váriascomunidades cristãs, incluindo opatriarca ecuménico deConstantinopla (Igreja Ortodoxa),Bartolomeu, e o patriarca

sírio Gregório III Laham (IgrejaCatólica). Francisco acendeu umavela e deixou flores junto aomemorial que recorda as vítimas doatentado de 11 de dezembro de2016, num local onda ainda sãovisíveis as marcas da violência.O Papa e o líder dos coptasortodoxos assinaram ainda umadeclaração conjunta, que procuraaproximar comunidades separadasdesde o século V.O dia de sábado foi dedicadoexclusivamente aos católicosegípcios, junto dos quais Franciscorenovou alertas contra o“extremismo”. “Deus só aprecia a féprofessada com a vida, porque oúnico extremismo permitido aoscrentes é o da caridade. Qualqueroutro extremismo não provém deDeus nem lhe agrada”, declarou.A homilia, traduzida para o árabe,apresentou a “fé verdadeira” comoaquela que torna os fiéis “maiscaridosos, mais misericordiosos,mais honestos e mais humanos”. Jáà tarde, o Papa despediu-se hoje dacomunidade católica do Egito, querepresenta menos de 1% dapopulação no país, com umamensagem de esperança, paracontrariar os “profetas dadestruição”.

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Viagem ao Egito foi sinal de pazO Papa Francisco disse no Vaticanoque a sua recente viagem ao Egitofoi um “sinal de paz”, agradecendopelo acolhimento da população, dasautoridades civis e religiosas dopaís. “Um sinal de paz para o Egitoe para toda aquela região, queinfelizmente sofre por causa dosconflitos e do terrorismo. Daí o lemada viagem, ‘O Papa da paz numEgito de paz’”, explicou, perantemilhares de peregrinos reunidos naPraça de São Pedro, para aaudiência pública semanal.Francisco recordou que estadeslocação, a 18ª viageminternacional do pontificado,aconteceu a convite do presidenteda República do Egito, do patriarcacopto-ortodoxo, do grande imã deAl-Azhar e do patriarca copto-católico.A viagem quis, por isso, deixar umamensagem de paz e diálogo a todosos egípcios, “independentemente dasua cultura ou religião”. “A minhavisita à Universidade de Al-Azhar, amais antiga universidade islâmica emáxima instituição académica doIslão sunita, teve um duplohorizonte: o diálogo entre cristãos emuçulmanos e, ao mesmo tempo,

a promoção da paz no mundo”,precisou o Papa.Francisco apelou a um humanismoque integre a dimensão religiosa e auma “sã laicidade”, sublinhando quea paz só é possível por meio daeducação que respeite a “Aliança”entre Deus e o homem.A intervenção recordou depoisassinatura de uma declaraçãocomum entre o Papa e o patriarcada Igreja Copta Ortodoxa, TawadrosII, além da oração ecuménica noCairo. “Juntos, rezamos pelosmártires dos recentes atentados queatingiram tragicamente aquelavenerável Igreja e o seu sanguefecundou aquele encontroecuménico, no qual participoutambém o patriarca deConstantinopla, Bartolomeu”, disseFrancisco.O Papa convidou depois oscatólicos no Egito a ser “fermento defraternidade”.

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Papa agradece à Ação Católica

O Papa celebrou este domingo noVaticano os 150 anos da AçãoCatólica na Itália, com milhares depessoas, uma festa em queagradeceu aos membros destainstituição pela sua “paixão” e pediucompromisso político aos leigos.“Ninguém pode sentir-sedispensado da preocupação com ospobres e a justiça social”, defendeu,no final de uma celebração devárias horas na Praça de SãoPedro, iniciada ao início da manhã.Francisco declarou que os membrosda Ação Católica devem sentir a“responsabilidade” de participar navida social, com um “compromissopolítico”, solidário e cultural. “Mas,por favor na grande política, napolítica com maiúscula”, pediu.O Papa realçou que a Ação Católicase tornou, em vários países e aolongo das últimas décadas, “umcaminho de

fé para muitas gerações, vocação àsantidade para muitíssimaspessoas, crianças, jovens e adultos”.Num tom mais pessoal, o pontífice,filho de imigrantes italianos naArgentina, recordou que os seuspais e a sua avó eram membros daAção Católica, originando uma salvade palmas da assembleia. Franciscoelogiou a “bonita e importante”história desta associação, comhomens e mulheres “de todas ascondições”, e pediu que a AçãoCatólica esteja “sempre” inserida navida das dioceses e das paróquias,sem olhar para trás ou ficando “nosofá”, em vez de seguir em frente.“Convido-vos a levar por diante avossa experiência apostólicaradicados na paróquia, que não éuma estrutura caduca, perceberambem?”, disse aos presentes.

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Papa faz «apelo urgente» ao diálogo na Venezuela

Papa recorda «guerras fratricidas» em África no seu vídeo mensal

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O Movimento Mundial deTrabalhadores Cristãos no 1° demaio 2017

LOC/MTC Movimento de trabalhadoresCristãos

No 1º de Maio somos convidados a refletir sobre anossa história de Classe Trabalhadora que semprelutou por um trabalho digno, uma sociedade maisjusta e uma economia equitativa que nos permitaviver com dignidade.Na luta do dia a dia, muitas vezes debaixo deintempéries, saindo de madrugada para trabalhar ouprocurar trabalho na tentativa de sustentar afamília, damos conta de que não estamos sós.Somos milhões de pessoas que com pouco ou nadano estômago saiem na esperança de manter adignidade como trabalhadores e trabalhadoras nummundo de tantas desigualdades que é impossívelnão se perguntar: Por que há poucos com tanto emuitos com tão pouco, se o mundo de alguma formaé de todos!Na nossa caminhada como Movimentos deTrabalhadores Cristãos mantemos firme a missãoque Jesus Cristo nos confiou que não é fácil, mas é possível. Somos batalhadores. Já nascemoslutando para sobreviver e nessa sobrevivênciatentamos continuar firmes na luta no nosso trabalhode formação para uma ação conjunta e coletiva noseio da Classe Trabalhadora, à luz do Evangelho eda Doutrina Social da Igreja. Procurando que onosso modo de trabalho que tem como base aRevisão de Vida Operária, pelo método “VER,JULGAR e AGIR” a partir das realidades da vida dostrabalhadores e da sociedade, nos indiquecaminhos para agir e fortalecer a luta, interagindo

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e intervirndo na nossa realidade nomundo do trabalho e no quotidianoda vida .Estamos cientes de que qualquerum de nós pode sentir desânimoperante o desemprego, aprecariedade do emprego, as criseseconômicas, políticas, sociais , masnão podemos esquecer que istofaz parte da vida, pela qual temosque lutar.Apesar do cansaço a quechegamos, pelas derrotas quesofremos e por sabermos quesomos explorados pelo sistema quenos maltrata, não podemos deixarde acreditar que a vida vai melhorar.Devemos acreditar sempre quefomos chamados para sermosvencedores, não estamos sós,somos muitos e é preciso continuara luta por trabalho, comida, lar,educação, saúde, respeito,dignidade e por tantas outrascoisas.Quantos dos nossos companheirose companheiras do mundo dotrabalho se suicidaram, morreramdevido a condições péssimas detrabalho, foram retirados das suasatividades, por doenças como adepressão e tantas outras ou porque as máquinas ossubstituíram. Quando procuramos

refugio em nossas famílias, amigos,abrigos e até noutros países, nãoestamos apenas buscando umespaço, um abraço ou um auxílio,mas também a dignidade e acontinuação do nosso sentido depertença à humanidade.Qualquer discriminação é inaceitávele lutar contra tudo que nos oprime éum dever. O Mundo é a nossa CasaComum, é a casa de todos e paratodos.Vida é trabalho e trabalho é vida ! Aperseverança das lutas do dia a diaé algo que nos impulsiona para quesejamos trabalhadores criativos,incansáveis, fiéis à ClasseTrabalhadora na luta pelos nossosdireitos. Sejamos sempre confiantes,esperançosos e persistentes nosnossos combates, principalmentepor uma sociedade mais justa eequitativa.

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Smartphones: a tecnologiaque nos põe cabisbaixos

Miguel Oliveira Panão ProfessorUniversitário

Embora os smartphones sejam muito úteis paracomunicar das mais diversas maneiras, atualmente,poderão ser algo mais sem nos darmos contadisso. A atitude mais comum quando passeamospela rua é ver pessoas cabisbaixas, não porqueestejam tristes, mas por estarem a olhar para oécran do seu telemóvel. Estão no Facebook,Twitter, a consultar emails, a ler notícias, trocarmensagens por WhatsApp, a navegar peloYouTube, ou simplesmente a jogar.Eu gosto imenso de tecnologia e quem me conhecesabe-o bem. Por exemplo, há pouco menos de umadécada que deixei de imprimir os artigos científicosno meu trabalho de investigação, pois, andavasistematicamente com um peso na mão entre casae a universidade, e estava sempre a imprimir,gastando papel. Quando surgiram os tablets,sobretudo o primeiro iPad, imprimir deixou de fazersentido. Na altura, havia quem me dissesse quepreferia imprimir e nada substituía o papel, mas aolongo do tempo, também esses deixaram deimprimir.Antigamente se queria meditar o evangelho todosos dias, e não tinha possibilidade de ir à missa, oucomprava um missal, ou um pequeno livro contendotodas as leituras, mas esquecendo-me dele... pois.Atualmente, com uma simples App, tenho oEvangelho, literalmente, na palma da minha mão.Podemos fazer um uso excelente da tecnologia,mas ao longo dos últimos tempos, tenho-meapercebido de outras coisas. Quantas pessoas,grupos de amigos, famílias, não vejo sentadasnuma mesa de café,

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juntas, mas ser falar entre siporque, cada uma, está entretida noseu telemóvel. Quantas pessoas,deixando o telemóvel em cima deuma mesa, podem estar numaconversa e não conseguem estaratentas por mais do que unsminutos sem olhar para o dito cujo.Numa refeição de confraternização,quando vamos para ao WC, qual aprimeira coisa que fazemos senãotirar o smartphone e andar àderivada pelas redes sociais outratar de alguns emails, ou mandaruns quantos emojis no WhatsAppsem dizer uma palavra. Eu sei queuma imagem vale mais do que milpalavras, mas não corremos o riscode sermos superficiais e perder aprofundidade de um pensamentoescrito? Nos casais, quando otelemóvel nos desperta pela manhã,qual a primeira coisa que fazemos?Consultar os email e mensagens, oudizer bom dia ao cônjuge? Háqualquer coisa que não está certa...Não há dúvida de que a tecnologiaé útil, mas uma das razões pelossmartphones absorverem um partesignificativa do nosso tempo é maisséria do que poderíamos pensar àpartida. Dopamina.Esta é a substância que o nossocérebro liberta quando algo nossatisfaz, motiva e dá a sensação derealização. É a substância que nos

velhos tempos os jovensprocuravam com o álcool, oudrogas. E hoje, um smartphone éum bar aberto de dopamina.Quem não fica satisfeito com umLike no Facebook, Instagram, ouTwitter? E quem não pensa ao verdiminuído esse número de Likes "fizalguma coisa de errado?" Quem nãofica satisfeito quando alguémresponde logo a uma mensagemque enviámos? Quem não é capazde perder a noção do tempo aofazer scroll pelo mural doFacebook? E porquê? Porque bebedopamina sem se dar conta disso. Alongo prazo, o resultado acaba porser o sacrifício dos relacionamentos.Antigamente, quando duas pessoasque não se conheciam seencontravam sentadas numa salade espera era comum começarem adialogar. Agora, cada uma com oseu telemóvel. Quantas vezes não vina missa pessoas a consultaremsistematicamente o seu telemóvel,ou a sair a meio para atender umachamada. Quais as consequênciasdisto no futuro? Ao pouco e poucovamos descobrindo, mas penso quevale a pena fazermos um exame deconsciência.Vale a pena experimentar"desconectar" para nos"conectarmos", encontrar umequilíbrio entre o real e o virtual,gerir bem o relacionamentoanalógico e o digital, levantar acabeça e olhar em frente...

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O Papa em Fátima

José Carlos Patrício Agência ECCLESIA

A poucos dias da chegada do Papa Francisco aFátima, regresso à adolescência para recordar aprimeira (e até única vez) que assisti ao vivo àvisita de um Papa pelo Santuário, neste casoJoão Paulo II em 1992.Na altura com 15 anos, fui com os meus pais elembro-me do entusiasmo da minha mãe, quesempre teve uma devoção especial por NossaSenhora e por Fátima, a par de uma expressãomais contida do meu pai, que nunca foi de semeter ‘em grandes apertos’ mas que quis fazeresse gosto à sua mais que tudo.Nesse ano, estava a preparar-me para começaro ensino secundário, andava também no pré-seminário e entraria uns meses mais adiante noSeminário de São José de Caparide, no Estoril.É para mim claro que neste contexto vivi deforma ainda mais especial esse ‘encontro’ comJoão Paulo II, com aqueles ‘óculos’ diferentes dequem na altura ia dar um passo novo na suavida.Tantas anos depois, as recordações dascelebrações, as mensagens que foram ditas,estão um pouco perdidas na memória.Permanece o aglomerado impressionante depessoas, de peregrinos, de crentes, de tal modoque (à semelhança de agora) como o alojamentoestava esgotado, os meus pais e eu dormimos nocarro – correção, eu e o meu pai, a minha mãepenso que nem dormiu!Mas resiste sobretudo na minha cabeça a ideiade como a fé pode ser uma força tão poderosa,capaz de juntar no mesmo espaço centenas demilhares

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de pessoas, tão diferentes e aomesmo tempo tão parecidas naexpressão dos sentimentos.E de como um só homem, nestecaso o Papa, consegue inspirartanta alegria, tanta emoção, e aomesmo tempo tanta esperança.E a figura de João Paulo II, que vipassar mesmo ao meu lado, juntoàs barreiras, com o seu ar amável,atento, a abençoar as pessoas, comum sorriso.No dia 12 e 13 de maio, vou viverpela segunda vez ao vivo esteacontecimento, a visita de um Papaa Fátima, e pela primeira vez voutambém assistir ao vivo a umacerimónia de canonização, semesquecer que se comemora oCentenário das Aparições de Nossa

Senhora na Cova da Iria.Só que desta vez sigo com umamissão diferente, como jornalista,com a preocupação de relatar, dedescrever o que está a acontecer,de informar, integrado nesta equipaque é a Agência ECCLESIA, quetambém já gosto de considerarcomo uma outra família.Certamente com mais pessoas doque em 1992, porque as condiçõesdo recinto hoje assim o permitem,com certeza mais stressado enervoso como o trabalho assimimpõe (e até é bom para nãoadormecer na parada), espero queesta seja uma jornada extraordináriapara todos os que estiveram emFátima e que a coberturainformativa consiga também estar àaltura deste evento.

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O Papa Francisco vai visitar oSantuário de Fátima a 12 e 13 demaio, numa viagem de 22 horas emsolo português centrada na Cova daIria, a convite do presidente daRepública e dos bisposportugueses, por ocasião doCentenário das Aparições.Francisco vai assim tornar-se oquarto Papa a viajar até Fátima,num ano particularmente simbólico,e presidirá à primeira canonizaçãoem solo

português, proclamando comosantos os mais jovens dos videntesde Fátima, Francisco e JacintaMarto.O Semanário ECCLESIA apresentauma entrevista de fundo com D.António Marto, bispo de Leiria-Fátima, e apresenta um conjunto deinformações, depoimentos edocumentos que procuram ajudar aviver melhor este momento histórico.

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Programa Completo

12-05-2017 14:00Partida do Aeroporto deRoma/Fiumicino para Monte Real16:20Chegada à Base Aérea de MonteReal. Cerimónia de boas-vindas16:35Encontro privado com o presidenteda República16:55Visita à Capela da Base Aérea17:15Deslocação em helicóptero para oEstádio de Fátima17:35Chegada ao Estádio de Fátima edeslocação para o Santuário emviatura aberta18:15Visita à Capelinha das Aparições21:30Bênção das Velas na Capelinha dasApariçõesRecitação do Santo Rosário

13-05-2017 09:10Encontro com o primeiro-ministro09:40Visita à Basílica de Nossa Senhorado Rosário de Fátima10:00Santa Missa no Recinto doSantuárioCanonização de Francisco e JacintaMartoSaudação aos doentes12:30Almoço com os Bispos de Portugalna Casa “Nª Sr.ª do Carmo”14:45Cerimónia de despedida na BaseAérea de Monte Real15:00Partida de avião da Base Aérea deMonte Real para Roma19:05Chegada ao Aeroporto deRoma/Ciampino

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Peregrinação do Papa Francisco dá«mais credibilidade mediática eexistencial» a Fátima D. António Marto analisa a relação dos vários pontificados com Fátima e omomento atual de receção de uma mensagem que tem na misericórdia a“síntese” interpretativa. Em entrevista à Agência ECCLESIA, o bispo deLeira-Fátima diz que tem “muito respeito” por cada peregrino e, no contextoda canonização dos pastorinhos, afirma que “é hora de escutar as crianças

Entrevista conduzida por Paulo Rocha

Agência Ecclesia (AE) – Acelebração do Centenário dasAparições de Fátima e a presençado Papa Francisco para o assinalarmarca o início de uma nova era nahistória deste Santuário?D. António Marto (DAM)- Fátimaestá muito ligada à presença dosPapas. É uma mensagem que sedirige à História, acompanha aHistória da Humanidade e Históriada Igreja. E cada Papa tem vindoaqui com uma intencionalidadeparticular: para o Papa Paulo VI, em1967, o grande tema da sua homiliafoi a paz, na altura em perigo porcausa da guerra fria. AE – Também a paz na Igreja?DAM – E a paz na Igreja, sobretudo

logo a seguir ao Concílio VaticanoII, que o Papa Paulo VI conduziucom mestria, evitando os cismas (oque pode ter sido uma graça deNossa Senhora, porquenormalmente depois de cadaconcílio há sempre um cisma, hásempre que gente que não aceita oConcílio). AE – Fátima pode estar ligada,dessa forma, ao Concílio Vaticano II,quando se assinalavam 50 anos dasAparições?DAM – Foi lá que o Papa Paulo VIanunciou o título de ‘Mãe da Igreja’atribuído a Nossa Senhora. E, apóso Concílio, decidiu sozinho, contra aopinião de toda a Cúria Romana, vira Fátima.

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Depois veio o Papa João PauloII,tendo por tema central a defesada dignidade da pessoa humana emordem à libertação dos povos queestavam subjugados por regimestotalitários e ateístas, ligando-se deuma forma particular e íntima aFátima, que visitou por três vezes. AE – E aqui continua…DAM – Continua! E uma grandenotoriedade de Fátima deve-se aele, depois disso!Veio o Papa Bento XVI, nummomento difícil da Igreja, anecessitar de purificação. Elemesmo atualizou esse aspeto damensagem, porque a mensagem édirigida também à Igreja, tanto àIgreja que Sofre como a que passapela crise e precisa de purificação.O Papa Bento XVI nesse aspeto foiformidável e excecional quando, noavião que o trazia para Portugal,aplicou a Mensagem de Fátima àpurificação da Igreja, da sujidadeque tinha entrado cá dentro e eranecessário limpá-la.Agora vem este Papa, cujopontificado é marcado desde oinício pela misericórdia, o que jácontribuiu para tomarmos maisconsciência desse aspeto, porque aMensagem de Fátima éessencialmente uma

mensagem de misericórdia!A última aparição de Nossa Senhoraa Lúcia, em Tui, termina com duaspalavras: “Graça e Misericórdia”. Naminha opinião essa é a síntese detoda a mensagem, a cúpula.A visita do Papa Francisco relança amensagem no aspeto damisericórdia, de uma Igreja casamaterna da misericórdia. Fátimadeve ser um lugar materno damisericórdia, onde todos e cada umse sinta acolhido, escutado,compreendido, amado, perdoado eencorajado a viver a boa nova doEvangelho, de um Deus próximo,que oferece a todos um caminho desalvação, sem limites à misericórdia.Por outro lado, o tema dasperiferias, no contexto da devoçãomariana do Papa que está muitoligada à ternura, levada às periferiasgeográficas, dos povos que estãomais à margem na miséria ou emguerra, e existenciais, de todas aspessoas que sofrem e precisam daproximidade e do apoio da Igreja. AE – Prevê que esses serão ostemas de eleição do PapaFrancisco, em Fátima?DAM – Creio que sim! MasFrancisco é um Papa das surpresas.Era mais fácil prever o que viriadizer Bento XVI,

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a quem já conhecíamos opensamento. Este é um Papa dassurpresas, quer nos temas que trazquer na maneira de os abordar, deuma maneira muito prática,acessível, tocante, mordente até.Mas penso que não deixará de tocaresse tema da misericórdia e dasperiferias. AE – O Papa Francisco temcredibilidade junto de públicosmenos próximos da Igreja Católica,a sua presença em Fátima serátambém um fator de credibilizaçãoda mensagem junto de quem sedistancia deste ambiente?DAM – Todos os Papas que aqui

vieram deram notoriedadee credibilidade a Fátima. Quando oPapa peregrina, o Pastor Universalda Igreja, é toda a Igreja queperegrina com ele! Naturalmenteque este Papa entra no coração daspessoas pela sua proximidade, pelasua humanidade, pela misericórdia,que coloca a Igreja no mundo nãopara condenar, mas para transmitiro amor misericordioso de Deus queé oferecido a todosincondicionalmente. O que dá maiscredibilidade do ponto de vistamediático e existencial, porque doponto de vista objetivo já a tem.

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Maturidade na receçãomensagemAE – A celebração do centenário éuma ocasião para que a receção daMensagem de Fátima aconteça deforma nova?DAM – Este centenário foi umamotivação muito grande para aredescoberta da beleza e da riquezada Mensagem de Fátima. Muitasvezes foi compreendida de formaredutora e fragmentada: umasvezes porque reduzida a devoçõesavulsas, desconexas da própriamensagem, sem saber a relaçãoentre a devoção e a mensagem e,por isso, a razão de ser da devoção;outras vezes porque reduzida aosapelos de Nossa Senhora, semcolocar em relevância os dons queela trazia à humanidade, que viviahora dramáticas e a quem Deusvinha trazer dons para superar osdramas daquela época.O centenário foi o motivo e omomento – mesmo para mim mesmo– em ordem a uma visão global,harmónica da Mensagem de Fátima,pondo em relevo em primeiro lugaros dons: é uma mensagem degraça, de misericórdia e de paz, quedepois requer o acolhimento e avivência

e o testemunho dessa mensagem,ou seja, resposta aos apelos deNossa Senhora à conversão doscorações, porque o mundo muda namedida em que mudar o interior daspessoas, à oração, sobretudo aoração pela paz,

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à adoração, reconhecendo Deus ea sua presença na vida daspessoas e do mundo, e àreparação, hoje a revalorizar porquese trata de reparar o que foiestragado pelo pecado dos homens,de reconstruir o que foi destruído,de refazer o que foi desfeito nomundo e na relação entre os povos.Ligado com estes aspetos estão asdevoções típicas de Fátima, porexemplo a adoração eucarística, adevoção ao Imaculado Coração deMaria (a Mãe que fala ao coraçãodos filhos) e ao Sagrado Coraçãode Jesus. AE – No livro ‘Fátima, Mensagem deMisericórdia e de esperança para omundo”, o D. António Marto escreveque Fátima é a voz das vítimasdeste mundo…DAM – É verdade. A Mensagem deFátima convida-nos a ler a História apartir das vítimas, a partir dospobres, dos excluídos, dosmarginalizados, dos que nãocontam, em contraste com ospoderosos que têm já a suageografia do poder. AE – Aí a mensagem não conseguechegar?DAM – E muito mais difícil, porquenormalmente o coração dospoderosos está possuído pelo ídolodo poder.

AE – E contra isso reage aMensagem de Fátima?DAM – Reage contra isso e, porisso, procura criar um movimentopopular, acessível e abrangente detodo o povo, em ordem a umarenovação espiritual e moral dospovos. AE – Incluir o tema da misericórdia,a partir da aparição de NossaSenhora em Tui, traz novidade àinterpretação da mensagem deFátima?DAM – Para mim, a misericórdia é asíntese final da Mensagem deFátima. Começou com as apariçõesdo anjo (como diz a Irmã Lúcia:‘quis-nos introduzir no mistério deDeus, do amor de Deus e na suamisericórdia’), os diálogos comNossa Senhora, que temos de verno seu conjunto, e depois essaúltima, que é uma visãodeslumbrante, que cada pessoarecebe de acordo com as imagens econceitos que tem. AE – E não encontra contradiçõesentre elas?DAM – Não. Para mim, as últimasaparições com Lúcia adulta, emPontevedra e Tui, são de carátercomplementar e interpretativo. Nãovejo contradição.

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A conversão é de todosos temposAE – Fátima determina-se pelareceção da mensagem, emdiferentes épocas como as duasGrandes Guerras ou ocasiõesmarcadas mais pela dimensão dapenitência. Na atualidade, o quedefine a receção da mensagem? Háuma predominância cultural emtorno da mensagem?DAM – A conversão marca aMensagem de Fátima. AE – Em todos os tempos?DAM – Em todos os tempos!Naturalmente que a conversão nãoé algo de abstrato, mas de ummomento histórico, na situação decada peregrino, de cada família ousociedade.Fátima cruza-se depois com cadaépoca: a primeira e segundaGrande Guerra, com milhões devítimas inocentes, tendo Fátimainterpretado o clamor das vítimasquando Nossa Senhora foi porta-vozdo clamor das vítimas. Seguetambém a história do país, comreflexos na renovação espiritual daIgreja nas várias épocas, mas éuniversal.Neste centenário, demos um relevoespecial a uma abordagem cultural

porque para muita gente Fátima éuma espécie de subcultura, para ossimples, para os pobres, osignorantes e incultos, o que jásignifica um desprezo pelo que opovo é, com muitos valores.Procuramos, por isso e porque osdesafios dos tempos o exige,transmitir a mensagem emdiferentes registos de linguagem,para as crianças, os jovens e osadultos. Tanto através da literatura,como da arte, da música, o teatro eaté do cinema, para que Fátima sejaexpressão e promotora de culturade valores, que fale às pessoas dehoje. AE – É a essa a forma deatualmente Fátima se impor,recuperando uma expressão docardeal Cerejeira, à Igreja e aomundo?DAM – É um aspeto, mesmo nãosendo o único! A forma decomunicação e evangelização temde assumir estas novas linguagens. Canonização dospastorinhosAE – O que acrescenta ao que sevive em Fátima a canonização dospastorinhos?DAM – A canonização dospastorinhos é como a cereja emcima do bolo. O centenário nãoficaria completo sem

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ieste aspeto da canonização dospastorinhos.A santidade dos pastorinhos é ofruto mais belo da Mensagem deFátima. E tem um significado muitorelevante: primeiro porque são asprimeiras crianças não mártires aserem canonizadas, a seremreconhecidas como santos. Asantidade é para todas as idades. AE – A caraterística principal dospastorinhos é a disponibilidade parareceber Deus?DAM – Há uma pergunta chave queDeus faz aos pastorinhos dondeparte todo o caminho que elesfizeram: “Quereis oferecer-vos aDeus para reparar os pecados domundo?”Quer dizer: Nossa Senhora vembuscar colaboradores no desígnioda misericórdia de Deus. Começoupor

estas crianças disponíveis, quedepois fizeram o seu caminho nacompanhia de Maria.Trata-se de uma santidade doquotidiano, cada um com a suacaracterística própria: o Francisco émais meditativo, contemplativo,porque viveu fascinado pela belezada bondade e do amor do mistériode Deus, de que ele fala. O quecorresponde à dimensão mística dafé, muito importante no mundo emque vivemos: sem o suporte cultural,familiar e social da fé, ela não seaguenta sem a experiência amorosade Deus. O que constitui umagrande interpelação! Depois, comoele gostava de meditar na vida à luzde Deus, é um convite para nós,que vivemos tão distraídos edispersos, a meditar no essencial davida.As crianças também ensinam osadultos! Digo-o porque tenhoaprendido muito com as crianças! Éa hora de escutar as crianças.

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DAM - A Jacinta tinha a caraterísticada compaixão, que sofria com osque sofrem e era capaz de rezar poreles e até de partilhar a merendacom os que não tinham. Numasociedade marcada peloindividualismo, cada um no seumundo, pela indiferença em relaçãoao outro, chegando mesmo a virar-se o olhar para não ver o outro, acompaixão é a virtude que nos levaa sofrer com os outros, a partilhar osofrimento dos outros e a sofrerpelos outros. Isso é belo enecessário hoje!

Papa Francisco em FátimaAE – O Papa Francisco, em Fátima,traz as preocupações da renovaçãoda Igreja que quer concretizar,colocando-as junto a Maria?DAM – Há aspetos interessantes darelação do Papa com Fátima. Aprimeira coisa é que antes de ir parao conclave, foi de propósito celebrara última missa a uma Igreja deNossa Senhora de Fátima; noprimeiro Ângelus, refere NossaSenhora de

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Fátima; no Ano da Fé, fez o ato deconsagração do mundo a NossaSenhora de Fátima, tocando-aafetivamente; na mensagem para oDia Mundial da Juventude, recordaos 300 anos de Aparecida e os 100anos das Aparições de Fátima;depois de ser eleito, doscumprimentos que recebeu doentão cardeal-patriarca de LisboaD. José Policarpo, pediu para rezarpor ele em Fátima, consagrando oseu pontificado a Nossa Senhora.Penso que o Papa Francisco vemcolocar o seu pontificado diante deNossa Senhora com todas aspreocupações que tem! AE – Um outro aspeto que o D.António Marto valoriza naMensagem de Fátima diz respeito àinfidelidade e a apostasia na Igreja.É um problema também dos dias dehoje?DAM – O risco da apostasia eramuito grande quando a Igreja eraperseguida e muitos cristãos tinhamas suas fraquezas e abandonavama fé ou renegavam-napublicamente, mesmo que no íntimopermanecesse.Hoje o maior risco não é a apostasiadeclarada, mas a indiferençareligiosa de quem prescinde deDeus e o põe de parte, mesmo queo não negue.

Hoje prescinde-se, põe-se de parte,voltam-se as costas e vive-se comose Ele não existisse ou nãoestivesse presente. Esta indiferençareligiosa contagia bastante osambientes religiosos. As pessoasdizem ‘sou católico’, mas depoisvivem sem o sentido da presença deDeus, sem a experiência amorosade Deus de que os pastorinhosderam testemunho. AE – Não é antes uma indiferença àinstituição, à Igreja Católica?DAM – Não é só! Também existe: háuma desafeição por tudo o que sãoinstituições… AE – E uma afeição crescente alíderes, ao Papa a ambientes comoo do Santuário de Fátima…DAM – É o que chamamos pós-modernidade, onde as pessoas sedeterminam pela emoção, peloafeto, pelo que os toca e interessamais e interpela. Mas o grandeproblema, hoje, é o da indiferençareligiosa em relação ao próprioDeus. Há espiritualidade, nas umaespiritualidade ‘new age’ , semDeus, que parece incómodo.

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AE –Alfredo Teixeira, professor daUniversidade Católica Portuguesa,olha para Fátima como um localonde acontecesse umareconfiguração da experiênciacrente, não em torno decomunidades, mas do indivíduo.Identifica-se esse processo aqui emFátima, com a presença de católicosno anonimato?DAM – É verdade, mas nãoacontece só agora, já vem de longe!Até há gente que não frequenta amissa dominical, mas vem aqui devez em quando... AE – O que é que isso revela?DAM – A individualização dareligião. Falta a abertura do coraçãoà dimensão comunitária e universalda fé. O que requer comunidadesvivas, que não sejam anónimas,onde cada um vive para seu lado.Aqui há também uma educação dafé a fazer, porque um dos perigos éas pessoas pensarem que seconvertem ao vir a Fátima AE – Mas ajuda…DAM – Ajuda, sensibiliza, toca, masnão dispensa todo o trabalho quese faz nas comunidades cristãs pelomundo fora

Cada peregrinoAE – O que diz ao bispo de Leiria-Fátima o rosto de cada peregrinoque está no recinto do Santuário deFátima?DAM – Cada peregrino traz umahistória consigo, uma história de féque me deixa maravilhado e meinterpela, muitas vezes com osdramas da vida, as esperanças ealegria, que se notam no canto, naprocissão de velas, no adeus, naslágrimas, que são muitas vezeslágrimas de dor, mas também sãolágrimas de alegria… AE – O D. António disse que seconverteu a Fátima: pelos estudosintelectuais ou ao ver o seu pai arezar o terço?DAM – Pelas duas coisassimultaneamente. O meu pai deu-meuma lição de fé como ninguém, pelasimplicidade da fé que vivia, nasimplicidade da expressão dapiedade popular, mas com umatransferência e uma riqueza de almaque eu não tinha, o que fez com queas escamas com que olhava para apiedade caíssem e me abrisse aosvalores da piedade popular que aquise expressam. Tenho muito respeitopelos peregrinos,

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mesmo que possa discordar de umaou outra manifestação maischocante, mas sempre com muitorespeito pela história de cada um.Depois foi o estudo das ‘Memóriasda Irmã Lúcia’. Sem esse estudoaprofundado nunca teria captado aoriginalidade e riqueza destamensagem.Por vezes as pessoas pensam quea

Mensagem de Fátima se possasubstituir aos Evangelhos ou sejauma espécie de Evangelhos. Não é.É um eco do Evangelho para umdeterminado momento da história eque continua sempre a seratualizado no tempo, nosacontecimentos.

O centenárioem sete anosAE – Em 2010, quando oPapa Emérito Bento XVIlançou o centenário e,desde aí, começou a suapreparação a suapreparação. Está acorresponder àsexpectativas criadas pelobispo da Diocese de Leiria-Fátima?DAM – Está! Eu apanhei a interpelação do Papa Bento XVI quando eleterminou a homilia dizendo ‘daqui a sete anos voltareis aqui para celebrar ocentenário’. Nessa altura disse ao reitor ‘vamos fazer um programa já, desete anos, para comemorar o centenário não apenas num ano, que serámuito pouco e muito pobre’. Uma equipa trabalhou os programas para ano, oque correspondeu às minhas expectativas e superou-as! Foi muito além doque eu previa.

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Francisco em Fátima, passo a passo

Cem anos depois das Aparições, o Papa Francisco chega a Fátima parapresidir à Peregrinação Internacional Aniversária de maio e à canonizaçãodos Pastorinhos Francisco e Jacinta Marto. ChegadaA sexta viagem apostólica aPortugal começa na Base Aérea deMonte Real, pelas 16h20, onde oPapa chega acompanhado pelo seuséquito e por um grupo de cerca de70 jornalistas de vários países.A viagem vai começar às 14h00 de12 de maio (hora de Roma, menosuma

em Lisboa), no aeroporto deFiumicino, seguindo o voo papalpara Monte Real, com chegadaprevista para as 16h20 portuguesasO grupo coral dos cadetes daAcademia da Força AéreaPortuguesa vai saudar o Papa comum cântico mariano.Uma vez na base aérea, e depois dereceber “os cumprimentos dediferentes individualidades”,Francisco

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encontra-se em privado com opresidente da República, MarceloRebelo de Sousa.Em seguida, visita a capela da baseárea de Monte Real, para ummomento de oração, acompanhadopelo bispo das Forças Armadas edas Forças de Segurança, D.Manuel Linda.Francisco será o terceiro pontíficecatólico a usar a base de MonteReal,

a cerca de 40 quilómetros deFátima, depois de Paulo VI (1967) eJoão Paulo II (1991).Depois de rezar na capela,Francisco seguirá de helicóptero daForça Aérea para o estádio doGrupo Desportivo de Fátima, comchega prevista para as 17h15, e dalipara o Santuário de Fátima, emviatura aberta.

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FátimaO percurso entre o estádio e oSantuário de Fátima, com início às17h35, vai ser feito num papamóvelaberto, neste caso a viaturautilizada habitualmente nasaudiências gerais de quarta-feira,no Vaticano, pelas estradas daGiesteira e de Minde, Rotunda Sul eAvenida D. José Alves Correia.No início da alameda lateral sul, aviatura aberta entra no Recinto,passando pelo Pórtico Jubilar notopo do Recinto, dirigindo-se pelocorredor central até à Capelinhadas Aparições, onde o Papa serecolhe em oração, em silêncio.

Capelinha das ApariçõesO primeiro momento da agenda deFrancisco na Cova da Iria é umaoração na Capelinha das Aparições,pelas 18h15, onde o Papa vai seracolhido por crianças das trêsescolas católicas da região. Apágina oficial da viagem a Portugalexplica que Francisco vai ter à suaespera na Cova da Iria crianças dasescolas do Sagrado Coração deMaria, de São Miguel e do Centro deEstudos de Fátima.O “coração” do Santuário de Fátimaassinala o local onde os Pastorinhostestemunharam as aparições daVirgem Maria em maio, junho, julho,setembro e outubro de 1917; seria

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mandada construir, segundo asMemórias da Irmã Lúcia, “porindicação da Senhora”.Erigida entre 28 de abril e 15 dejunho de 1919, foi posteriormentebenzida, tendo-se aí celebradomissa pela Primeira vez em 13 deoutubro de 1921; foi dinamitada namadrugada de 6 de março de 1922,sendo restaurada e reinaugurada a13 de janeiro de 1923.“Embora sujeita a ligeirasalterações, a Capelinha dasAparições mantém os traçosoriginais e característicos de umaermida popular”, explica a páginaoficial do Santuário de Fátima.O alpendre atual foi inauguradoaquando da primeira vinda de João

Paulo II ao Santuário de Fátima,nos dias 12 e 13 de maio de 1982.A peanha onde se encontra aImagem de Nossa Senhora “marca osítio onde estava a pequenaazinheira sobre a qual a Senhora doRosário apareceu”.Após a oração, de novo noPapamóvel, Francisco dirige-se dorecinto, pela rua Cónego Formigão,para a Casa de Nossa Senhora doCarmo, onde janta e permanece atéàs 21h30, altura em que, pelomesmo trajeto, regressa àCapelinha.O Papa Francisco vai então dirigiruma saudação aos peregrinos,aquando da bênção das velas, naCapelinha das Aparições, seguindo-se a recitação do Rosário.

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Casa de Nossa Senhorado CarmoA Casa de Nossa Senhora doCarmo, no Santuário de Fátima, vaiacolher o Papa Francisco na suaperegrinação a Portugal. Oprograma oficial da viagem,divulgado hoje em Fátima e noVaticano, prevê que o Papadescanse nesta casa, após aoração na Capelinha das Aparições,na tarde do dia 12, e receba ali, a13 de maio, o primeiro-ministroportuguês, António Costa, e osbispos católicos, para o almoço queencerra a agenda de compromissosna Cova da Iria.

Em 2010, Bento XVI ficou alojado nosegundo piso da Casa do Carmo, nomesmo quarto que acolheu JoãoPaulo II no ano 2000. A Casa deNossa Senhora do Carmo alude auma invocação mariana referida naaparição do 13 de outubro de 1917.O atual edifício, da autoria doarquiteto Carlos Loureiro, foiinaugurado pelo então cardeal-patriarca de Lisboa, D. AntónioRibeiro, a 13 de maio de 1986, paraacolher serviços administrativos doSantuário e servir para a realizaçãode atividades pastorais como retiros,encontros ou cursos.

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Basílica de Nossa Senhora doRosário

O programa oficial do dia 13começa às 09h10, num encontrocom o primeiro-ministro português,António Costa, na Casa de Retirosde Nossa Senhora do Carmo,deslocando-se depois o Papa paraa Basílica de Nossa Senhora doRosário de Fátima, onde visita ostúmulos dos Pastorinhos Francisco,Jacinta e Lúcia, pelas 09h40.A primeira pedra do templo foibenzida a 13 de maio de 1928 peloarcebispo de Évora; a dedicaçãocelebrou-se em 7 de outubro de1953 e o título de basílica foi-lheconcedido por Pio XII, a 11 denovembro de 1954. No braçoesquerdo do transepto encontra-sea capela em e que repousam, desde1 de maio de 1951,

os restos mortais da Beata Jacinta,que morreu no dia 20 de fevereirode 1920, e os da Irmã Lúcia, quefaleceu em 13 de fevereiro de 2005e para ali foi trasladada no dia 19 defevereiro do ano seguinte.A imagem da Jacinta que aí seencontra é da autoria de ClaraMenéres e foi benzida por JoãoPaulo II no dia 13 de maio de 2000;no mesmo dia, o Papa polacobenzeu a imagem do Francisco,obra do escultor José Rodrigues. Noextremo oposto do transepto está acapela onde estão depositadosdesde 13 de março de 1952 osrestos mortais do Beato Francisco,que morreu em 4 de abril de 1919.

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Missa e CanonizaçãoA Missa da peregrinaçãointernacional aniversária de maio,no Centenário das Aparições, teminício previsto para as 10h00, norecinto de oração do Santuário. ORecinto de Oração foi remodeladono último ano, e o presbitério, ondese inclui o altar, é uma “construçãocompletamente nova” do arquitetogrego Alexandros Tombazis, omesmo que assinou o projeto daBasílica da Santíssima Trindade, eda arquiteta Paula Santos.Segundo o Santuário de Fátima, oespaço tem três pontos"fundamentais", o altar, o ambão, ea cátedra, aos quais se somam acruz e o suporte para a imagem deNossa Senhora. O novo presbitériotem capacidade para 120concelebrantes e desceu 2,4 metrosna escadaria face ao antigo,tornando-se assim mais próximo daassembleia.Ali, o Papa Francisco preside àEucaristia na qual vai canonizar osbeatos Francisco e Jacinta Marto;cerca de 20 crianças, com idadesentre os seis e os 16 anos, vão“escoltar” as relíquias dos irmãosvidentes na procissão de entrada.As relíquias, um fragmento de ossode Francisco e uma madeixa decabelo de Jacinta, vão ser

transportadas em dois relicários quetêm a forma de candeia eser colocadas à direita do altar,junto à imagem de Nossa Senhorade Fátima.Os relicários vão ser transportadospela postuladora da Causa daCanonização de Francisco e Jacinta,a irmã Ângela Coelho, e por PedroValinho, assessor da Postulação.A canonização de Francisco eJacinta Marto vai ser a primeiracerimónia do género em Portugal.As celebrações de canonizaçãoacontecem, por norma, na Praça deSão Pedro, onde o Papa Franciscopresidiu a oito cerimónias do génerodesde 2013, mas o atual pontífice jácanonizou dois sacerdotes emviagens ao estrangeiro: São JoséVaz (14 de janeiro de 2015, SriLanka) e São Junípero Serra (23 desetembro de 2015, Estados Unidosda América).Em relação ao rito de canonizaçãopropriamente dito, em português, obispo de Leiria-Fátima,acompanhado pela postuladora dacausa, irmã Ângela Coelho, começapor pedir, em três momentossucessivos, que os beatos sejaminscritos no “álbum dos Santos”. D.António Marto, fará "uma breveapresentação da biografia dos doisnovos santos, antes da invocaçãoda ladainha dos santos".

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“Em honra da Santíssima Trindade,para exaltação da fé católica eincremento da vida cristã, com aautoridade de nosso Senhor JesusCristo, dos Santos Apóstolos Pedroe Paulo e a nossa, após terlongamente refletido, invocadovárias vezes o auxílio divino eescutado o parecer dos nossosirmãos no episcopado, declaramose definimos como Santos os BeatosFrancisco e Jacinta Marto,inscrevemo-los no Álbum dosSantos e estabelecemos que emtoda a Igreja eles sejamdevotamente honrados

entre os Santos”, refere a fórmulade canonização, a ser proferida peloPapa.Após a fórmula de canonização, D.António Marto, acompanhado pelapostuladora da Causa daCanonização de Francisco e Jacinta,agradece a proclamação e pede aoPapa que redija a Carta Apostólicarelativa à canonização dos doisPastorinhos. O coro entoa o Glória,assinalando o fim da cerimónia dacanonização e a continuação daEucaristia.No termo da Missa, as duasrelíquias deixam o altar com o andorda

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imagem de Nossa Senhora deFátima e seguem em cortejo até àCapelinha das Aparições, onde vãoficar expostas até ao final do dia 13de maio. "Regressam depois à Casadas Candeias, onde se encontramhabitualmente, uma vez que asrelíquias mais importantes deFrancisco e Jacinta, os seus corpos,estão à guarda do Santuário, nostúmulos colocados nos dois ladosdo transepto da Basílica de NossaSenhora do Rosário de Fátima",acrescenta a nota divulgada nosite www.papa2017.fatima.ptOs pastorinhos vão tornar-se osmais jovens santos não-mártires dahistória da Igreja Católica.A Oração dos Fiéis, como é tradiçãonas peregrinações internacionaisaniversárias, será rezada em seislínguas: português, italiano, inglês,francês, polaco e árabe. Na oraçãoem árabe, pede-se pelos migrantes,pelos pobres e pelos refugiados,“para que por intercessão de Maria,que conhece as suas dores, sesintam acolhidos por todos os quelhes oferecem dignidade e razõesde espera”.No novo Presbitério deverão estarcerca de 140 pessoas, entre as

quais oito cardeais, 73 bispos earcebispos, além dos membrosleigos do séquito papal. Uma cruzoferecida pelo Padre Pio, umacustódia para a bênção dosdoentes, um cálice oferecido pelosdoentes de Portugal e um cibório oupíxide (taça com tampa paracolocação das hóstias consagradas)são as alfaias litúrgicas a usar naMissa.Trata-se de peças já existentes noMuseu do Santuário de Fátima eque são usadas nas cerimónias doTríduo Pascal, tendo sidoigualmente utilizadas (à exceção dacustódia) pelo Papa Bento XVI, a 13de maio de 2010, refere uma notada Secção de Arte e Património doSantuário.O Papa Francisco vai usarparamentos trazidos do Vaticano.Para a Comunhão, o altar vai, alémdo cálice e da píxide a usar peloPapa, 25 cálices. Estão previstos400 pontos de distribuição daComunhão, dentro e fora do recinto.Depois da Comunhão, a Custódiada Bênção dos Doentes é levadapara o altar. O Papa deixa a cátedrade onde presidiu à Missa e faz umbreve momento de adoração aoSantíssimo Sacramento, dirigindodepois uma saudação aos doentes,na colunata

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norte, e faz a Bênção com oSantíssimo Sacramento.No final da celebração eucarística,segue o Papa do altar a Procissãodo Adeus e depois dirige-se, emPapamóvel - corredor central do

Recinto e saída pela rua CónegoFormigão - para a Casa de NossaSenhora do Carmo, onde almoçacom todos os bispos portugueses,último ato oficial da Peregrinação aFátima.

DespedidaApós o almoço com os bispos portugueses, o Papa inicia o percurso entre orecinto e a Rotunda Norte, no Papamóvel.Na Rotunda Norte haverá ainda um momento musical, a cargo da Orquestrade Fátima e do Conservatório de Fátima-Ourém, antes de o Papa trocar oPapamóvel por uma viatura fechada que o levará de volta à Base Aérea deMonte Real.Já na base militar, após a curta cerimónia de despedida, com as entidadescivis e religiosas, o Papa Francisco entra no avião da TAP que, a partir das15h00, o transporta de regresso a Roma, ao aeroporto de Ciampino, ondechega pelas 18h05 de Lisboa (19h05 em Itália).

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Francisco Marto: A personalidadediscreta que abriu à contemplação

Francisco Marto éreconhecidamente, dos trêspastorinhos de Fátima, o maisdiscreto, não só porque foi oprimeiro a partir desta vida, mastambém porque foi o único cujopercurso não saiu do círculo daCova da Iria, de Fátima, e da suaterra natal, Aljustrel.Nascido a 11 de junho de 1908, filhomais velho de Olímpia de Jesus dosSantos e de Manuel Pedro Marto,Francisco começou como muitascrianças da sua idade, no meio ruralportuguês do início do século XX,

a trabalhar nos campos e a tomarconta dos rebanhos dos pais.Era acompanhado nesta missãopela sua irmã mais nova, JacintaMarto, e pela sua prima Lúcia deJesus, que com ele testemunhariamas Aparições na Cova da Iria,primeiro do Anjo entre 1915 e 1916,e depois de Nossa Senhora, entremaio e outubro de 1917.Nas memórias de Lúcia, FranciscoMarto é descrito como um rapazcalmo e conciliador, muito dado

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a ajudar os outros e com um gostoespecial pela música. “No que ele se entretinha mais,quando andávamos pelos montes,era, sentado no mais elevadopenedo, a tocar o seu pífaro ou acantar. Se a sua irmãzinha desciapara comigo dar algumas corridas,ele lá ficava entretido com as suasmúsicas e cantos“, recorda avidente.Este modo de ser, mais recatado,manifestou-se também no modocomo Francisco viveu as Aparições.De acordo com a descriçãodisponível, enquanto Jacinta e Lúciaconseguia ver e ouvir aquilo que oAnjo e Nossa Senhora tinham paradizer, Francisco via mas não ouvia,tinha de perguntar depois tudo oque tinha sido dito.Esta vertente mais contemplativamarcou a sua relação com a fé ecom Deus, como contou à AgênciaECCLESIA o padre AventinoOliveira, que ainda conviveu com ospais de Francisco e Jacinta Marto,nas décadas de 1940 e 1950.“O Francisco tornou-se um místico.Ele viu como o Anjo adorou aEucaristia nas Aparições e entrou-lhe esta ideia da adoração epassava tempo sozinho na igreja aadorar o Santíssimo”,

recorda o sacerdote.Um relato também corroborado porLúcia, que a dado trecho das suasmemórias refere-se ao primo destaforma:“Francisco era de poucas palavras;e para fazer a sua oração e ofereceros seus sacrifícios, gostava de seocultar até da Jacinta e de mim”.Até ao final da sua vida, FranciscoMarto conservou esta predileçãopelo recolhimento e pelo sacrifícioem favor dos pecadores, segundoas interpelações de Nossa Senhora.Entre as imagens que hoje aindasubsistem deste futuro santo daIgreja Católica, que vai sercanonizado no dia 13 de maio emFátima, vemos um rapaz com otípico barrete serrano na cabeça ecom o terço entre as mãos.Dois itens, o barrete e o terço, quepodem ser contemplados no Museude Arte Sacra e Etnologia, na ‘Salados Pastorinhos’, que foi objeto deuma reportagem da AgênciaECCLESIA.Francisco Marto morreu a 04 deabril de 1919, na casa dos seus paisem Aljustrel, cm apenas 10 anos,vítima da gripe pneumónica quefustigou Portugal durante aquelaépoca.

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Jacinta Marto: Uma história desacrifício e resistência ao sofrimentoA história de Jacinta Marto, quecomeçou a 11 de março de 1910 emAljustrel, freguesia de Fátima, marcadesde logo pela forma como, apósas Aparições de Nossa Senhora emFátima, esta criança de sete anosassumiu como sua a missão derezar e sacrificar-se pela redençãodos pecadores.Em entrevista à Agência ECCLESIA,Carla Rocha, que prepara um livroacerca da vida desta futura santa,salienta uma figura que apesar detão nova mostrava já ser“extremamente crescidaespiritualmente” e que se assumiutambém como um exemplo deresistência perante o “sofrimento”.Sensivelmente um ano depois detestemunhar as Aparições, Jacintacomeçou a manifestar os primeirossinais da gripe pneumónica quetinha chegado a Portugal, tambémconhecida como ‘gripe espanhola’.O padre Manuel Formigão, um dosprincipais investigadores dofenómeno de Fátima àquela data, eque conviveu e entrevistou os trêspastorinhos, descreve destamaneira os efeitos devastadores dadoença em Jacinta.

Uma criança outrora tão “cheiade vida e saúde” apresentava-seagora “como uma flor murcha,pendendo à beira do sepulcro” e “sóum tratamento apropriado num bomsanatório é que poderia talvez salvá-la”.Jacinta Marto começou por serinternada algum tempo no Hospitalde Vila Nova de Ourém mas seguiudepois para Lisboa, onde seriainternada no Hospital DonaEstefânia.Carla Rocha realça que, apesar deesta menina ter passado “porsofrimentos enormes”,inclusivamente por uma “operação auma ferida aberta no peito, quase asangue frio”, ela nunca renegou odesafio que tinha assumido depoisdo encontro com Nossa Senhora.O de viver o sofrimento enquanto“entrega pelos outros”, com umpropósito “de reparação”.“No fundo Jacinta acaba por passarpor todo este sofrimento tambémpor nós, embora estejamos cá 100anos depois”, salienta a escritora.Antes de ser internada no HospitalDona Estefânia, Jacinta Martoesteve também alguns dias noOrfanato

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de Senhora dos Milagres, hojeMosteiro do Imaculado Coração deMaria (Irmãs Clarissas), situado naRua da Estrela, n.º 17.As irmãs que ali vivem têmprocurado ao longo dos anosconservar da forma original o quartoonde a futura santa ficou, e osobjetos pessoais que ali deixou, poiso local é hoje procurado por muitosperegrinos e devotos de Fátima.“A Jacinta passou por aqui mastanto ela como Francisco são doismodelos para nós, de contemplaçãoe de

compaixão”, refere a irmã Rita, quedestaca duas vidas marcadas pelocontacto com “a luz que é Deus” eque vão passar a servir de exemplopara os cristãos.Jacinta Marto morreu a 20 defevereiro de 1920 no Hospital DonaEstefânia, em Lisboa, com 9 anosde idade.O seu percurso na capitalportuguesa está também ligado àigreja dos Anjos, onde o corpo dafutura santa foi velado.

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Francisco e Jacinta Marto -CronologiaApresentação das principais datas da vida e dos processos de canonizaçãodos dois futuros santos portugueses, pelo Santuário de Fátima

1908.06.11 | Francisco nasce, emAljustrelFrancisco nasce, em Aljustrel,penúltimo dos sete filhos de ManuelPedro Marto e Olím-pia de Jesus. Ébatizado em 20 de junho de 1908,na igreja paroquial de Fátima, talcomo consta do seu assento debatismo.[Cf. Assento n.º 39/1908 do Livro deBatismos da Paróquia de Fátima,Registo Civil de Vila Nova deOurém]

1910.03.05 | Jacinta nasce, emAljustrelJacinta nasce, em Aljustrel, sétima eúltima filha de Manuel Pedro Marto eOlímpia de Jesus. É batizada em 19de março de 1910, na IgrejaParoquial de Fátima, como indica oseu assento de batismo. Embora adata oficial do seu nascimento sejao dia 11 de março, tudo indica que adata de nascimento da Jacinta tenhasido alterada pelos

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pais, tal como sucedeu com a daLúcia e pelos mesmos motivos. Numdos apontamentos de Manuel NunesFormigão, surgem as seguintesanotações relativas à vidente:«Jacinta 5 de Março» e «Jacinta deJesus, fez 7 a 5 de Março».[Cf. Assento n.º 19/1910 do Livro deBatismos da Paróquia de Fátima,Registo Civil de Vila Nova deOurém; cf. Documentação Crítica deFátima, vol. I, Fátima: Santuário deFátima, 1992, p. 92 e 97] 1916 | Um Anjo aparece, por trêsvezes, a Jacinta, Francisco eLúciaFrancisco, com 8 anos de idade, eJacinta, com 6, começam apastorear o rebanho de seus pais.Na Segunda e Quarta Memórias deLúcia, redigidas respetivamente em1937 e 1941, Lúcia deixa o registomais completo das aparições doAnjo, por três vezes, na primavera,verão e outono, aos três pastoresde Fátima, Jacinta, Francisco e aprópria Lúcia. O Anjo, que seapresenta como Anjo da Paz e aindacomo Anjo de Portugal, convida-os auma vida comprometida com os«desígnios de misericórdia» deDeus.[Cf. Memórias da Irmã Lúcia,Fátima: Secretariado dosPastorinhos, 201014, p. 77-79; 169-171]

1917.05.13 | A Senhora doRosário aparece aos Pastorinhospela primeira vezNa Cova da Iria, local onde seencontravam com os rebanhos, osvidentes dão conta da aparição deuma Senhora «mais brilhante que osol» que lhes diz ser «do Céu». ASe-nhora pede-lhes que voltem àCova da Iria «seis meses seguidos,no dia 13 a esta mesma hora»,indicando-lhes que, na apariçãofinal, lhes revelaria quem era e oque queria. Entretanto, convoca ospastorinhos: «Quereis oferecer-vosa Deus?»[Memórias da Irmã Lúcia, Fátima:Secretariado dos Pastorinhos,201014, p. 82; 172-175] 1917.06.13 | A Senhora doRosário aparece aos Pastorinhospela segunda vezA segunda aparição ficada seladapela promessa da Senhora doRosário a uma Lúcia entristecidacom a perspetiva de ficar sozinha:«E tu sofres muito? Não desanimes.Eu nunca te deixarei. O meuImaculado Coração será o teurefúgio e o caminho que teconduzirá até Deus».[Cf. Memórias da Irmã Lúcia,Fátima: Secretariado dosPastorinhos, 201014, p. 175;]

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1917.07.13 | A Senhora doRosário aparece aosPastorinhos pela terceira vezNa aparição de julho, a Senhorarevela às três crianças o que ficouconhecido como o Segredo deFátima, que consta de uma visãoem tríptico: a primeira cenaapresenta uma visão do inferno; asegunda aponta a devoção aoImaculado Coração de Maria; aterceira retrata a Igreja mártir acaminho da Cruz.[Cf. Memórias da Irmã Lúcia,Fátima: Secretariado dosPastorinhos, 201014, p. 176-177;205-213]

1917.08.13 | Os videntes sãoretidos em Ourém e a Senhorado Rosário aparece pela quartavez, em 19 de agosto, aosPastorinhosDe acordo com testemunhosdiversos, as três crianças sãolevadas para Vila Nova de Ourémpelo Administrador do Concelho,Artur de Oliveira Santos. É o próprioquem, por escrito, o confirma:«Exercia eu então o cargo deAdministrador do Concelho e namadrugada do referido dia 13, tendodeixado de prevenção uma força daG.N.R. na sede do concelho, dirijo-me em companhia do oficial da

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Administração Cândido Alho àpovoação de Aljustrel, no intuito detrazer as três protagonistas paraesta vila, a fim de evitar acontinuação da especulação clericalque, em torno delas, se estavafazendo. Já junto da casa dehabitação dos pais do Francisco eda Jacinta, se encontrava o padreJoão, pároco em Porto de Mós,falando com a mãe, e junto a umpequeno largo, bastantesseminaristas. A Lúcia foi interrogadaa meu pedido, pelo padre e reeditouo que já anteriormente tinha dito.Convenci os pais da Lúcia, doFrancisco e da Jacinta e os padrespara que as crianças fosseminterrogadas pelo pároco dafreguesia de Fátima, a fim de seapurar alguma coisa de concreto euma vez em Fátima em vez de ascrianças seguirem para a Cova daIria como esperavam mais de umadezena de padres, consegui trazê-las para minha casa junto da minhafamília num carro previamentealugado.»Depois de três dias em Ourém, etendo sido submetidas, a crer norelato de Lúcia, a várias ameaçaspara que revelassem o segredoconfiado pela Senhora, as trêscrianças são devolvidas às famíliasem 15 de agosto.

[Documentação Crítica de Fátima,vol. I, Fátima: Santuário de Fátima,1992, p. 377-378; cf. Memórias daIrmã Lúcia, Fátima: Secretariadodos Pastorinhos, 201014, p. 51-54;91-92; 146-147] 1917.09.13 | A Senhora doRosário aparece aos Pastorinhospela quinta vezAs estradas «estavam apinhadas degente» naquele dia 13 de setembro.«Ali apareciam todas (as) misériasda pobre humanidade», diz o olharcompassivo de Lúcia ao recordar amultidão. No encontro com aSenhora do Rosário, o sacrifício dascrianças é reorientado para oessencial: «Deus está contente comos vossos sacrifícios, mas não querque durmais com a corda». A alegriade Deus repousa na disponibilidadedos videntes para o dom de si emfavor da humanidade.[Memórias da Irmã Lúcia, Fátima:Secretariado dos Pastorinhos,201014, p. 179-180] 1917.10.13 | A Senhora doRosário aparece aos Pastorinhospela sexta vezNo dia da última aparição, em 13 deoutubro, a Cova da Iria épresenteada

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com um mar de gente. O relato daedição de 15 de outubro do jornal OSéculo descreve aquilo que ascerca de 70 mil pessoas puderamver no local: «Aos olhosdeslumbrados d’aquele povo, cujaatitude nos transporta aos temposbíblicos e que, pálido de assombro,com a cabeça descoberta, encara oazul, o sol tremeu, o sol teve nuncavistos movimentos bruscos fora detodas as leis cósmicas – o sol“bailou”, segundo a típica expressãodos camponeses.»Nesta última aparição, a Senhoraapresenta-se aos videntes como aSenhora do Rosário.Avelino de Almeida, O Século,Lisboa 37 (12876), 15 out. 1917,in: Documentação Crítica de Fátima,vol. III, Fátima: Santuário de Fátima,2002, p. 241; cf. Memórias da IrmãLúcia, Fátima: Secretariado dosPastorinhos, 201014, p. 180-181] 1919.04.04 | Francisco morre, emAljustrelDoente desde 18 de outubro de1918, com a epidemia dapneumónica, Francisco recebe osacramento da reconciliação em 2de abril de 1919 e o viático no diaseguinte. Falece, em sua casa,pelas 22 horas do dia 4 de

abril. No seu processo paroquial, opároco faz o seguinte aditamento:«O Francisco – Vidente – faleceu àsdez horas da noite, do dia 4 de abrilcorrente, vitimado por umaprolongada ralação de 5 meses depneumónica, tendo recebido osSacramentos com grande lucidez epiedade – E confirmou que tinhavisto uma Senhora na Cova da Iria eValinho»[Assento n.º 21/1919 do Livro deÓbitos da Paróquia de Fátima] 1920.02.20 | Jacinta morre, emLisboaA mais nova das três crianças deFátima adoecera, tal como o seuirmão, no outono de 1918. Esteveinternada no Hospital de Vila Novade Ourém de 1 de julho a 31 deagosto de 1919, e foi novamenteinternada, agora no Hospital de D.Estefânia, em Lisboa, em 2 defevereiro de 1920, onde foi operadae acaba por falecer. O seu corpo foisepultado no cemitério de Vila Novade Ourém.Eurico Lisboa, um dos médicosresponsáveis pela hospitalização deJacinta na capital, relata que «natarde de 20 de fevereiro, 6ª feira,pelas 6 horas da tarde, a pequenitadisse que se sentia mal e quedesejava

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receber os Sacramentos. Foichamado o digníssimo prior dafreguesia dos Anjos, Sr. Dr. Pereirados Reis, que a ouviu de confissão,cerca das 8 horas da noite.Disseram-me que a pequenitainsistira para que lhe levassem oSagrado Viático, com o que nãoconcordou o Sr. Dr. Pereira dosReis, por a ver aparentemente bem,prometendo levar-lhe Nosso Senhor,no dia seguinte. A pequenita insistiuem pedir a Comunhão,

dizendo que morreria, em breve. Eefetivamente, pelas 10 e meia danoite, faleceu com a maiortranquilidade, sem ter comungado.»[João de Marchi, Era uma Senhoramais brilhante que o sol, Fátima:Missões Consolata, 19667, p. 298;cf. Assento n.º 36/1920? do Livro deÓbitos da Paróquia dos Anjos,Lisboa]

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1935.09.12 | Os restos mortais daJacinta são trasladados para ocemitério de Fátima O corpo davidente Jacinta Marto é trasladadopara o cemitério de Fátima. Otestemunho indireto de Lúcia dáconta de que «foi encontradoíntegro o rosto da Serva de Deus.»[Lúcia de Jesus, “Processo deCoimbra”, Positio super virtutibusHyacinthae Marto, Roma, 1988, p.340] 1951.04.30 | Os restos mortais daJacinta são trasladados para aBasílica de Nossa Senhora doRosário de FátimaOs restos mortais da Jacinta sãoidentificados e, em 1 de maio desseano, trasladados para a Basílica deNossa Senhora do Rosário deFátima. 1952.02.17 | Os restos mortais doFrancisco são trasladados para aBasílica de Nossa Senhora doRosário de FátimaOs restos mortais do Francisco sãoexumados. A sua identificação,dificultada pelo facto de a mesmacampa ter acolhido diversos corpos,fica a dever-se, em grande medida,

às 148 contas do rosário com quefora sepultado, encontradas junto àssuas ossadas e prontamentereconhecidas pelo pai do vidente. Ocorpo é translado para a Basílica deNossa Senhora do Rosário deFátima em 13 de março desse ano. 1952.04.30 | D. José Alves Correiada Silva abre os ProcessosDiocesanos sobre a vida,virtudes e fama de santidade deFrancisco e de JacintaD. José Alves Correia da Silva, bispode Leiria, procede à abertura dosdois Processos Diocesanos sobre avida, virtudes e fama de santidadede Francisco e de Jacinta. De início,as causas de beatificação deFrancisco e de Jacinta seguiramprocedimentos independentes,tendo-se tornado uma causa comumapenas após o decreto das virtudesdos irmãos Marto. O processo deFrancisco Marto contou com 63sessões e 25 testemunhas. Já o deJacinta Marto contou com 77sessões e 27 testemunhas. 1979.07.02 | O ProcessoDiocesano sobre a Jacinta éencerradoEncerramento do ProcessoDiocesano referente à Causa deBeatificação e Canonização deJacinta Marto.

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1979.08.01 | O ProcessoDiocesano sobre o Francisco éencerradoEncerramento do ProcessoDiocesano referente à Causa deBeatificação e Canonização deFrancisco Marto. 1989.05.13 | João Paulo II assinao decreto de heroicidade dasvirtudes do Francisco e daJacintaJoão Paulo II decreta a heroicidadedas virtudes do Francisco. O mesmofaz para sua irmã Jacinta. Osdecretos das virtudes dos irmãosMarto, e a consequente concessãodo título de veneráveis,representam um momentoverdadeiramente significativo para aHistória da Igreja, na medida emque, pela primeira vez, e depois deum longo período de reflexãoteológica iniciada precisamente emresposta à Causa dos doispastorinhos de Fátima, éreconhecida a heroicidade dasvirtudes e a maturidade de fé decrianças não-mártires, abrindoassim o precedente para que asantidade das crianças sejareconhecida.[Parte deste debate teológicoencontra-se publicadoem Osservatore Romano, 10 deabril de 1981]

1999.06.28 | João Paulo IIpromulga o decreto sobre omilagre da cura obtida atravésda intercessão do Francisco eda JacintaJoão Paulo II promulga o decretosobre o milagre da cura de EmíliaSantos, obtido atra-vés daintercessão do Francisco e daJacinta. A beatificação dos irmãosMarto era assim aprovada. 2000.05.13 | João Paulo IIperegrina, pela terceira vez, aFátima e beatifica os videntesFrancisco e JacintaNa sua terceira e últimaperegrinação a Fátima, no curso doJubileu do Ano 2000, João Paulo IIbeatifica os videntes Francisco eJacinta Marto, apresentando-os àIgreja e ao Mundo como «duascandeias que Deus acendeu parailuminar a humanidade nas suashoras sombrias e inquietas».Proferido no recinto de Fátima, odecreto papal anunciava:«Acolhendo o desejo expresso pelonosso irmão dom serafim bispo deLeiria-Fátima, por muitos outrosirmãos no episcopado e por tantosfiéis cristãos, depois de termosouvido o parecer

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da Congregação da Causa dosSantos, com a nossa autoridadeapostólica concedemos que, de hojeem diante, os veneráveis servos deDeus Francisco e Jacinta Martosejam chamados beatos e possacelebrar-se anualmente, noslugares e segundo as nor-mas dodireito, a festa de Francisco eJacinta Marto no dia 20 de fevereiro.Em nome do Pai e do Filho e doEspírito Santo.» Nessa mesma

data, a Lúcia, presente nabeatificação dos primos, tem umencontro com o papa. Nos diasseguintes, a carmelita regressa aoslocais da sua infância: Loca doCabeço, Aljustrel e igreja paroquialde Fátima.[Cf. Decreto de beatificação dosveneráveis Francisco e JacintaMarto; Homilia do Papa João Paulo IIna cerimónia de beatificação dosVeneráveis Francisco e Jacinta, 13de maio de 2000]

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2017.03.23 | Francisco promulgao decreto sobre o milagre dacura obtida através daintercessão dos BeatosFrancisco e da JacintaFrancisco promulga o decreto sobreo milagre da cura de uma criançabrasileira, obtido através daintercessão do Francisco e daJacinta. A canonização dos irmãosMarto era assim aprovada.

2017.04.20| Francisco anuncia aCanonização de Francisco eJacinta Marto para o dia 13 demaio de 2017O Papa Francisco estabeleceu adata da Canonização destes maisjovens beatos da história da Igrejapara o dia 13 de maio de 2017,durante a sua peregrinação aoSantuário de Fátima, na celebraçãodo Centenário das Aparições daSantíssima Virgem, Senhora doRosário.

A criança brasileira cuja cura milagrosa foi obtida por intercessão deFrancisco e Jacinta Marto, num milagre reconhecido pelo Papa e que estána base da canonização dos dois videntes, vai estar em Fátima a 13 demaio, acompanhada pela família. No dia 11 de maio, a família vai fazer umadeclaração em Fátima sobre o milagre, estando disponível para falar com aComunicação Social, assistindo, no dia 13, à canonização dos doisPastorinhos.A identidade da criança, por ser menor, e pormenores exatos da cura estãosob reserva, não podendo ser divulgados pela Postulação da Causa daCanonização dos Santos.

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Mensagem das Aparições nasintervenções do Papa Francisco

As aparições na Cova da Iria têmsido uma referência de intervençõese gestos do Papa: Francisco pediuaos bispos portugueses queconsagrassem o seu pontificado aNossa Senhora de Fátima, o queaconteceu em 13 de maio de 2013,dois meses após a eleição dosucessor de Bento XVI.A 12 de outubro de 2013, o PapaFrancisco recebeu solenemente noVaticano a imagem original deNossa Senhora de Fátima,venerada na Capelinha dasAparições, tendo

depositado um rosário a seus pés,como oferta pessoal.A inédita deslocação da imagem,que pela primeira vez esteve fora daCova da Iria numa peregrinaçãointernacional aniversária, foi umpedido expresso de Bento XVI, Papaemérito, repetido por Francisco,integrando-se na Jornada Marianado Ano da Fé.A 13 de outubro, o pontífice rezouum “ato de entrega”, diante daimagem, no qual recorda o “amorde

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predileção” da Virgem Maria “pelospequenos e pobres, pelos excluídose sofredores, pelos pecadores e osde coração transviado”.Antes, a 17 de março, quandopresidiu pela primeira vez àrecitação do ângelus, o Papasublinhou a “misericórdia” de Deusevocando uma passagem daimagem da Senhora de Fátima pelacapital da Argentina.Francisco recordou então uma visitada imagem peregrina de NossaSenhora de Fátima a Buenos Aires,em 1992.O Santuário de Fátima recordoutambém o acolhimento dedicadopelo então arcebispo de BuenosAires, D. Jorge Mario Bergoglio,noutra vista da imagem peregrinade Fátima, em 1998.Nos últimos anos, o Papa recordoupor diversas vezes a memória dasaparições de Fátima, comoaconteceu a 13 de maio de 2015,junto de uma imagem de NossaSenhora, convidando os católicos amanter viva esta devoção.“Neste dia de Nossa Senhora deFátima, convido-vos a multiplicar osgestos diários de veneração eimitação da Mãe de Deus. Confiai-Lhe tudo o que sois, tudo o quetendes; e assim conseguireis ser uminstrumento da misericórdia eternura de Deus para os vossosfamiliares, vizinhos e

amigos”, afirmou, durante aaudiência pública semanal quedecorreu na Praça de São Pedro.Já em 2016, o Papa evocou no dia11 de maio as aparições marianasna Cova da Iria. “Nesta aparição,Maria convida-nos mais uma vez àoração, à penitência e à conversão”,disse, perante milhares de pessoasreunidas na Praça de São Pedro.Francisco evocou alguns dosconteúdos centrais das apariçõesaos três videntes, os BeatosFrancisco e Jacinta e a irmã Lúcia,que tiveram lugar na Cova da Iriaentre maio e outubro de 1917. “[AVirgem Maria] pede-nos para nãoofendermos mais a Deus; advertetoda a humanidade sobre anecessidade de abandonar-se aDeus, fonte de amor e demisericórdia”, assinalou.Na saudação aos peregrinospolacos presentes no Vaticano, oPapa lembrou também a figura deSão João Paulo II, “grande devotode Nossa Senhora de Fátima”.No último dia 22 de fevereiro,Francisco recordou o Centenáriodas Aparições. “Confiemo-nos aMaria, mãe da esperança, que nosconvida a virar o olhar para asalvação, para um mundo novo euma nova humanidade”, pediu aosperegrinos reunidos na Praça deSão Pedro.

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Um terço gigante para iluminar oCentenárioO Santuário de Fátima apresentouem conferência de imprensa a novaobra da artista plástica JoanaVasconcelos, um terço gigante quese vai iluminar à noite, assinalandoo Centenário das Aparições. A peçavai ser iluminada pela primeira vezna noite do dia 12 de maio, quandoo Papa Francisco entrar no recintode oração do Santuário de Fátimapara rezar o terço; a partir daí, vaiacender-se às 21h30 em cadanoite, à hora em que inicia a oraçãodo rosário nas vigílias de oração naCova da Iria.A artista plástica disse aosjornalistas que a sua relação com oSantuário de Fátima se transformoucom uma “peregrinação”, a partir de2002, mostrando-se grata por poderfazer parte das celebrações doCentenário das Aparições, “ummomento tão importante paraPortugal e os portugueses” e poder“colaborar nesta mensagem depaz”. “Esta mensagem de paz émuito importante neste momento e émuito importante que haja símbolosque ajudem a passar estamensagem de paz”, acrescentou.Joana Vasconcelos realçou que apeça ‘Suspensão’ procura refletir “arelação

entre o céu, a terra e a luz” e fazerpassar “uma mensagem de paz, detolerância e de amor para o mundo.O reitor do Santuário de Fátima,padre Carlos Cabecinhas, assinalouque a obra tinha a "dificuldadeextrema" de se projetar "à escaladeste enorme recinto de oração"."Lançamos o desafio à JoanaVasconcelos para uma obra quemarcasse o Centenário dasAparições", relatou, falando "numdesafio fora do comum"."Pretendíamos marcar o Centenáriodas Aparições com uma obra quefosse significativa", acrescentou oreitor.Marco Daniel Duarte, diretor doMuseu do Santuário de Fátima,precisa numa nota explicativa que apeça, com a “típica escalamonumental” das obras da artistaportuguesa, “lembra o pedido daVirgem Maria, de que se reze oterço com um propósito muito claro:o de alcançar a paz para o mundo”.“Com esta obra se sublinha como oterço, oração que a Virgem Mariapediu aos Pastorinhos de Fátima, éo símbolo maior da Mensagem daCova da Iria”, acrescenta.‘Suspensão’ foi realizado em resinade polietileno, com iluminação LED,tendo 26 metros de altura.

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Números oficiais da Igreja Católicaem Portugal

O Vaticano divulgou os númerosoficiais da Igreja Católica emPortugal, registando um ligeiroaumento na percentagem doscatólicos face à visita de Bento XVI,em 2010.Os dados revelam um total de 9milhões e 183 mil católicos numapopulação total de 10,34 milhões

de pessoas em Portugal, o quecorresponde a uma percentagem de88,7%. Em 2010, aquando da últimavisita de um Papa ao país, essapercentagem era de 88,3% - 9,36milhões de católicos para umapopulação de 10,6 milhões depessoas.Os números disponibilizados

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pela sala de imprensa da Santa Sé,a nove dias da visita do Papa aFátima, referem-se à situação nodia 31 de dezembro de 2015 e sãorecolhidos pelo Serviço Central deEstatística da Igreja.De 2000 a 2015, o número desacerdotes diocesanos baixou de3159 para 2524; o clero religiosodesceu de 1078 para 907 padres.Em sentido contrário, regista-se umpequeno aumento do número deseminaristas a estudar filosofia eteologia: de 547, entre diocesanos ereligiosos, em 2000, passou-se para551.A Igreja Católica em Portugalcontava a 31 de março de 2017 com49 bispos, 3431 padres, 360diáconos permanentes, 237religiosos e 4603 religiosas, paraalém de 552 membros de InstitutosSeculares e 5145 missionáriosleigos.O número de catequistas é de 58962 num total de 4424 paróquias e2293 outros centros pastorais,espalhados por 21 Dioceses.O Vaticano elenca também oscentros escolares que sãopropriedade da Igreja ou sãodirigidos pelos seus membros: há760 estabelecimentos até àprimária, 61 secundários e 26

institutos superiores, servindo cercade 115 mil alunos. Quanto a“centros caritativos e sociais” sãocontabilizados 44 hospitais, 105ambulatórios, 997 casas paraidosos, 672 orfanatos ou asilos, 53consultórios familiares e centrospara a proteção da vida, 37 centroseducativos especiais e 496 outrasinstituições.A Santa Sé vai promover umaconferência de imprensa, estasexta-feira, pelas 13h00 (menosuma em Lisboa) para apresentar avisita do Papa, com a presença doporta-voz do Vaticano, Greg Burke,a porta-voz do Santuário de Fátima,Carmo Rodeia, e o diretor doDepartamento de Comunicação doPatriarcado de Lisboa, padre Nunodo Rosário Fernandes.Em 2016, o santuário registou emtodas as suas celebrações, oficiais eparticulares, um total de 5,3 milhõesde pessoas, na sua maioriaportugueses.

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Fé e gratidãoO apresentador de televisão JorgeGabriel considera-se um peregrinode Fátima e já foi ao santuáriomariano da Cova da Iria a pé e debicicleta porque tem fé “em NossaSenhora” e é “um devoto”. “Sou umdevoto pelo agradecimento, pelavida que tenho, pela bênção dasaúde generalizada na minha famíliae é isso que me leva a juntar-meaos muitos que acreditam nestesmistérios”, disse à AgênciaECCLESIA.O apresentador de televisãoexplicou que a sua ligação aoSantuário de Fátima “é deperegrino” e já foi três vezes à Covada Iria em peregrinação, uma debicicleta e duas a pé, desde VilaNova de Gaia, na Diocese do Porto,onde reside. “Acabamos por sentir oregaço, é o acolhimento de umamãe a um filho quando abre osbraços e sente saudades dele. Écomo se estivesse a ser acolhidopela minha mãe”, revela sobresentiu quando chegou a Fátima.Para Jorge Gabriel depois de cadaperegrinação, quando chega aosantuário mariano, sente-se “maisuma vez um agradecimento”, podeparecer “um pouco difícil deexplicar” mas é mais um motivo paraque se

consiga agradecer o caminho quefoi feito “em segurança”, emconjunto com outros e,simultaneamente, para que duranteos dias da viagem se tenhareservado “tempo para refletir,tempo para orar, tempo paraponderar sobre a fé”. “E ponderarnos nossos atos desde o momentoque ganhámos consciência de nóspróprios até aquele instante em quelá chegamos”, acrescentou.Na opinião do apresentador detelevisão, a presença do PapaFrancisco no Centenário dasAparições em Fátima para canonizardois dos três pastorinhos videntes –Francisco e Jacinta Marto -transforma a celebração “numasolenidade ainda mais esperada emuito aguardada” por todos aquelesque acreditam em Nossa Senhora e“acreditam nos mistérios da fé”.

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Um lugar de paz, de serenidadeD. Pio Alves, bispo auxiliar do Porto, explica que para si Fátima para além de“facilitar” o encontro “tão pessoal e íntimo” com a Virgem Maria é lugar “depaz, de serenidade”. “É a típica situação onde o sobrenatural nos ajuda aviver com uma especial distinção a nossa vida de todos os dias”, disse àAgência ECCLESIA.Para D. Pio Alves em Fátima para além de “facilitar o encontro tão pessoal eíntimo” com a Virgem Maria, com a Nossa Senhora é um lugar “de paz, deserenidade” onde se está bem. “Onde se reza com sossego, onde se pensa,onde se descansa”, acrescentou o bispo-auxiliar do Porto sobre a suaexperiência pessoal no Santuário mariano na Cova da Iria.

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Vigilantes-sacristães,os rostos do acolhimento aoperegrinoO acolhimento dos peregrinos noSantuário de Fátima conta com apresença dos vigilantes-sacristães,que se distinguem pela atenção aoque se passa no recinto de oração.André Silva é o responsável poreste corpo de vigilantes, umafunção a que chegou de a criseeconómica o ter levado a troca osorçamentos na área da construçãocivil pelo fato escuro.“A oportunidade de um concurso e aproximidade que eu já tinha com oSantuário pelo facto de ter sido

acólito na minha paróquia, levou aque fosse sinalizado para estatarefa e mais tarde, o Santuáriodeu-me a oportunidade de chefiareste grupo de homens para acolheros peregrinos”, refere.Há que lhes chame guardas, umadenominação incorreta, e são elesque pedem para desligar otelemóvel, para falar mais baixo,tudo o que possa pôr em causa oclima de oração e de silêncio noSantuário de Fátima. “Fazemos umavigilância no sentido

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do acolhimento ao peregrino, etambém toda aquela vertente deserviço ao altar e preparação detodas as celebrações”, explicaAndré Silva.Posicionados nos principais lugaresde oração, os vigilantes-sacristãesestão atentos às necessidades dosperegrinos e ao que possa pôr emcausa a experiência de fé quebuscam neste lugar.O olhar do vigilante do Santuárioestá muito atento a tudo o que nãoestá em sintonia com o lugar e emcada momento tem de entender otipo de peregrino que tem diante desi. “Temos de perceber se a pessoaestá como peregrino, ousimplesmente como visitante paraque possamos enquadrar a suapresença. É nesta sensibilidade quepor vezes fazemos as nossasadvertências ou pequenascorreções”, assinala o responsável.André Silva diz que todas aschamadas de atenção têm comofinalidade garantir o ambiente deoração que se pretende neste lugar,mas nem sempre as reações são asmesmas. “Há de todos os tipos eestão relacionadas com o que movea pessoa a vir ao Santuário. Háquem

venha só de visita, quem vem pararezar... e consoante isso, assimreagem às nossas advertências”,precisa.Todos os dias, os vigilantespercorrem quilómetros pelo recintode oração, Fátima e o fenómeno defé que representa, fazem parte doseu dia a dia e da sua profissão,mas isso não se transformou, paraAndré Silva, numa rotina.“Esta já erapara mim uma realidade familiarainda antes de aqui trabalhar, masagora ao estar aqui todos os dias,fez-me perceber a dimensão e agrandiosidade deste espaço paramilhões de peregrinos que nosvisitam. Trabalhar aqui aumentoumuito a minha noção do que érealmente Fátima no mundo”,conclui.

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Cartaz dá boas-vindas ao Papana Rotunda do Marquês, em LisboaA Rotunda do Marquês amanheceuesta quarta-feira com um cartaz deboas-vindas ao Papa, iniciativa deleigos católicos que o diretor doServiço da Pastoral do Turismo doPatriarcado de Lisboa apresentacomo sinal de “acolhimento” e demobilização. “É expressão deacolhimento dos portugueses mastambém forma de mobilizar àparticipação em Fátima paraacolhermos o Santo Padre”, disse opadre Mário Rui Pedras à AgênciaECCLESIA.Segundo o diretor do Serviço daPastoral do Turismo do Patriarcadode Lisboa, a iniciativa partiu de umgrupo de leigos, a fim de tornarpresente na Rotunda do Marquêsuma tela que “manifestasse odesejo que temos que a visita doSanto Padre seja profundamenteacolhida”.Habituada ter diversos outdoorspublicitários e informativos, o centrode Lisboa acordou hoje com umatela gigante, na qual se lê «Bemvindo Papa Francisco», comreferência aos dias da visita dopontífice – 12 e 13 de maio –, nocontexto dos «100 anos apariçõesde Fátima», e ainda à

«canonização de Francisco eJacinta».O sacerdote assinalou que todas aspessoas têm a “noção clara davinda do Papa” pelo mediatismo davisita, que “é uma honra eprivilégio”, particularmente porFrancisco, que “é sempre expressãomaior do serviço que o ministério dePedro presta à Igreja”, e pelos 100anos das Aparições em Fátima epela canonização de dois dos trêspastorinhos videntes.O conjunto de leigos tem como rostoFrancisco Noronha de Andrade, queinforma que a colocação outdoor foiconcluída às 03h00 da manhã, numtrabalho que é “um gesto de carinhoe muita gratidão”.As provas finais do cartaz foramconhecidas a 19 de abril e o mentorda ideia recorda que a ideia docartaz era ter apenas uma fotografiado Papa e uma imagem de NossaSenhora; no dia seguinte, noVaticano, foi anunciada acanonização dos pastorinhos,referência que acabou por sertambém incluída.Francisco Noronha de Andradecomenta ainda que esteve já demanhã a tirar fotografias e observouque quem passa de carro “abranda

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para olhar para cima” e ostranseuntes “param e tiram ostelemóveis”.O padre Mário Rui Pedras adiantoua que a tela vai ser retirada a 15 demaio, dois dias depois da visita doPapa Francisco que vai estar emFátima a 12 e 13 deste mês como‘peregrino na esperança e na paz’.O diretor do Serviço da Pastoral doTurismo do Patriarcado de Lisboasublinha que a visita é um

acontecimento que “honra Portugal”,terra “de Santa Maria, desde desempre”, e incentiva que se “honrea sua presença”. “Neste mês demaio a melhor maneira de preparara vinda do Papa é pegarmos noTerço e fazermos aquilo que amensagem de Fátima nos pede querezemos pela conversão econvertamo-nos a nós próprios”,concluiu o sacerdote.

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Papamóvel, uma históriacom quase 90 anos

O "Papamóvel", nome dado aoveículo que habitualmentetransporta o Papa em percursos porentre a multidão, permitindo ver eser visto, vai ser um dos principaismeios de transporte usados navisita do Papa Francisco a Portugal.Em Fátima, nos dias 12 e 13 demaio, o Papa vai usar a viatura comque se desloca habitualmente nas

audiências semanais de quarta-feirana Praça de São Pedro.No dia da chegada, o Papamóvelque transporta Francisco deixa oEstádio Municipal de Fátima pelas17h30, em direção ao Santuário,pelas estradas da Giesteira e deMinde, Rotunda Sul e Avenida D.José Alves Correia. “É para estetrajeto (bem como para o

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percurso de despedida) que o reitordo Santuário, Pe. CarlosCabecinhas, convida osportugueses, para saudarem oPapa na sua peregrinação até aoSantuário e com ele fazerem festa”,assinala a página oficial da visita doPapa a Portugal.No início da alameda lateral sul, aviatura aberta entra no Recinto,passando pelo Pórtico Jubilar notopo do Recinto, dirigindo-se pelocorredor central até à Capelinhadas Aparições, onde o Papa serecolhe em oração, em silêncio. Denovo no papamóvel, Franciscodirige-se do Recinto, pela ruaCónego Formigão, para a Casa deNossa Senhora do Carmo, ondejanta e permanece até às 21h30,altura em que, pelo mesmo trajeto,regressa à Capelinha.Já no final das celebrações do 13de maio, o início da viagem deregresso à Base Aérea de MonteReal, de onde parte em avião daTAP para Roma, faz-se de novo nopapamóvel, até à Rotunda Norte,onde decorre uma pequenacerimónia de despedida, com ummomento musical, a cargo daOrquestra de Fátima e doConservatório de Fátima-Ourém,antes de o Papa entrar numaviatura fechada que o levará aMonte Real.Apesar de só há alguns anos tersido aplicado o termo ‘Papamóvel’para

designar a viatura que transporta opontífice, data de há quase 90 anosa ligação entre a marca deautomóveis Mercedes e o Vaticano.Os veículos incluem equipamentoshabituais nos automóveis de Estado,como bancos em pele, comandoselétricos e climatização especial, aque foram sendo acrescentadoselementos distintivos do Vaticano.Durante cinquenta anos, os“papamóveis” foram limusinas de corpreta, que apesar de seremadaptadas de modelos de série,incorporavam tecnologia de ponta.Depois do atentado a João Paulo II,ocorrido em Roma a 13 de maio de1981, as viaturas passaram a serblindadas. É também a partir destaaltura que os “papamóveis”começam a ser pintados de branco.A matrícula das viaturas usadaspelos Papas é habitualmente “SCV1”, significando “Stato della Città delVaticano” (designação, em italiano,de “Estado da Cidade do Vaticano”),com o algarismo a representar aposição do Papa na hierarquia daIgreja Católica.Portugal também teve o seu“papamóvel”: tratava-se de um todo-o-terreno da extinta marca UMM, decor branca, que foi usado por JoãoPaulo II em 1991, na sua deslocaçãoà Madeira.

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História online ao alcance de todosO Santuário de Fátima disponibilizaonline uma seleção de textos dachamada ‘Documentação Crítica’,que concluiu a primeira fase daedição dos materiais relacionadoscom os acontecimentos da Cova daIria, desde 1917 a 1930. AComissão do Centenário dasAparições de Fátima solicitou àComissão Científica queorganizasse um tomo com umaseleção de documentos de 1917 a1930, em língua portuguesa.As 656 páginas apresentam 53cartas; 25 artigos de imprensa; 24ofícios; 19 testemunhos; 13interrogatórios; três notas; e umlivro. Este tomo está

disponível online, para leitura edownload. O projeto da Documentação Críticade Fátima, pensado pelos primeirosbispos da diocese restaurada deLeiria, D. José Alves Correia da Silva(1920-1957) e D. João PereiraVenâncio (1958-1972), foi reiniciadoem 1985, por D. Alberto Cosme doAmaral (1972-1993), com opatrocínio científico da Faculdadede Teologia da UniversidadeCatólica Portuguesa (UCP), atravésdo Centro de Estudos de HistóriaReligiosa, e de uma ComissãoCientífica.A iniciativa começou a concretizar-se,

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em 1992, com a edição do primeirovolume, relativo aos interrogatóriosaos videntes (1917); os volumesseguintes abordaram o ProcessoCanónico Diocesano (1922-1930) ea progressiva afirmação de Fátimaem Portugal e no mundo.No tomo sexto do volume V foipublicada documentação que vai de1 de setembro a 31 de dezembrode

1930, incluindo a Carta Pastoral dobispo de Leiria, D. José AlvesCorreia da Silva, de 13 de outubrode 1930.Nesse documento, declaram-se“como dignas de crédito as visõesdas crianças na Cova da Iria,freguesia de Fátima, desta Diocese[Leiria], nos dias 13 de maio aoutubro de 1917” e permitindo“oficialmente o culto de NossaSenhora de Fátima”.

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Papa trouxe outra visãopara a Igreja Católica

O presidente da RepúblicaPortuguesa disse que o PapaFrancisco, que virá a Fátima nosdias 12 e 13 de maio, trouxeconsigo uma “outra dimensão, outravisão” para a Igreja Católica, menos“eurocêntrica” e mais do “mundo”.Na apresentação do livro ‘Francisco:desafios à Igreja e ao mundo’, estaterça-feira, na Fundação

Calouste Gulbenkian,Marcelo Rebelo de Sousa definiu oPapa argentino como “o Papa dasperiferias”, para quem estar emRoma “é uma contingência”, pois “oessencial da sua definição vem delonge”.“E é bom que a Europa cristã sehabitue a essa ideia, de que não éum acidente um Papa não europeu.Pode

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converter-se no retrato efetivo daIgreja na sua expressão universal”,salientou.Durante a sua intervenção, MarceloRebelo de Sousa destacou um Papaque transportou para a IgrejaCatólica, nos últimos quatro anos, a“pujança” de uma América Latina“onde a Igreja Católica cresce, émais jovem”. “Quem conhece” aAmérica Latina, “aquela juventude,aquele vigor, aquela alegria, aquelecolorido, não se choca com aalegria, o vigor, o colorido do Papa”,afirmou o presidente da República.Marcelo Rebelo de Sousa lembrouainda duas caraterísticas do Papaque considera decisivas no seupontificado. O facto de ele integrarem si “toda a preparação intelectualprópria dos jesuítas”, como membroda Companhia de Jesus; e aomesmo tempo “todo odesprendimento, a proximidade emrelação à natureza e aos humanosque se associa aos franciscanos”,por ter escolhido o seu nome -quando assumiu o pontificado em2013 – a partir de São Francisco deAssis.“Este cruzamento é de uma riquezaúnica”, frisou Marcelo Rebelo deSousa, que apontou a prioridade à“intervenção” no terreno como outradas caraterísticas essenciais doatual Papa.

Francisco continua a ser “o pároco”que era em Buenos Aires, que paratodos “procura uma expressão quevá diretamente aos seusinterlocutores, que seja percetívelpor eles”. Mesmo correndo “o riscode parecer simplista”, para estePapa o essencial é “ser eficaz emtermos pastorais”, completou opresidente da República.O livro ‘Francisco: Desafios à Igrejae ao mundo’ é da autoria do padreAnselmo Borges, que durante asessão de apresentação enalteceuum Papa que “por gestos e atos”tem procurado “trazer a todos aopalco da História e da dignidade” eque se tornou “um líder político-moral global respeitado e amado emtodo o mundo”.O evento contou também com aparticipação de figuras como ogeneral António Ramalho Eanes,antigo presidente da RepúblicaPortuguesa, e o conselheiro deEstado Adriano Moreira.António Ramalho Eanes definiu aatuação do Papa Francisco como ade uma Igreja Católica à procura de“encontrar soluções” para “os seusproblemas e os problemas domundo”. “Para isso ele advoga odiálogo, sempre e em todas asdireções, sem preconceitos, comverdade e responsabilidade”,acrescentou.

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Adriano Moreira perspetiva visitahistóricaO conselheiro de Estado AdrianoMoreira realçou na FundaçãoCalouste Gulbenkian a importânciada vinda do Papa Francisco aFátima, considerando que oSantuário receberá nos dias 12 e 13de maio a grande “voz encantatória”da atualidade. Em declarações àAgência ECCLESIA, esta terça-feira,no final da sessão de apresentaçãodo livro ‘Francisco: Desafios à Igrejae ao mundo’, do padre AnselmoBorges, o antigo ministro portuguêsdestacou o encontro do Papaargentino com um “dos centrosespirituais mais importantes” destetempo.O atual presidente do Instituto deAltos Estudos da Academia dasCiências de Lisboa, e distinguidopela Igreja católica em Portugal,através do Secretariado Nacional daPastoral da Cultura, com o prémioÁrvore da Vida-Padre ManuelAntunes, mostrou-se ainda convictode que da presença de Franciscono Centenário das Aparições sairáoutra mensagem forte para asociedade. “Espero que a visita deleseja histórica, não só para nós maspara a revolução inadiável que eleiniciou”, referiu.

Para Adriano Moreira, este Papatem-se destacado como a figuramais próxima dos dramas dahumanidade, de fenómenos como aguerra, a violência, a pobreza, aescravatura. “Os não ainda nãoforam todos apagados” e “quempercebeu isto melhor até hoje foi oPapa”, apontou o conselheiro deEstado, que traçou depois ocontexto que Francisco herdou noseu pontificado e com o qual temprocurado lidar.Uma sociedade onde “o credo dosvalores está a ser substituído pelocredo dos interesses”, onde“estruturas de governo viveminteiramente da imagem”. “São asimagens divulgadas que criam aentidade em que se vai votar, quenada tem a ver com a realidade, daía grande crise que a Europa está aatravessar”, referiu Adriano Moreira.Depois também um Papa que vivenuma “geração” que “com odesenvolvimento da ciência e datécnica, adquiriu o poder de destruiro mundo”, o que tem umarepercussão “terrível”. No camporeligioso, Adriano Moreira disse queeste Papa já mostrou saber que énecessário

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“restituir a autenticidade à Igreja” e“corrigir os vícios de que é acusada”.“É preciso um ato de coragemenorme, que levou até aoesgotamento do seuantecessor”,afirmou aquele responsável,lembrando a resignação de BentoXVI em 2013.De acordo com Adriano Moreira,Francisco também tem sabido “terbem nítida a diferença entre o Cristoda História e o Cristo da Teologia”,

pois ao longo da sua missão temrespondido às interpelações “com atitudes que Cristo tomou em casosconcretos”. “Esperamos que a suavoz seja suficiente para reabilitar aesperança, a tranquilidade de ummundo mais feliz, pacífico, comgente menos abandonada e quepossa sempre olhar para o futurocom esperança e alegria”, concluiuo político português.

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Fátima e os PapasA visita de Francisco, no centenário das aparições, confirma a forte ligaçãodo papado ao santuário português, que começa a definir-se já em 1929, coma bênção de uma imagem de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, peloPapa Pio XI, para a capela do Pontifício Colégio Português de Roma.

Primeiros gestos dereconhecimento em RomaO relato das aparições marianas naCova da Iria, em 1917, e a devoçãodos portugueses pela ‘Senhora daFátima’ estão desde o seu inícioligados à figura do Papa. Bento XV,Papa entre setembro de 1914 ejaneiro de 1922, é a referênciaabstrata dos Pastorinhos

quando estes falam e rezam pelo“Santo Padre”; o pontífice que viveua I Guerra Mundial tinha enviadouma carta aos bispos de todo omundo, uma semana antes do 13 demaio de 1917, para que fizessemuma invocação a Nossa Senhora aPaz.“Queremos que à Grande Mãe deDeus, nesta hora terrível, mais doque nunca se dirija vivo e confianteo

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pedido dos seus filhos aflitíssimos”,lia-se na carta assinada no dia 5 demaio de 1917. O mesmo Bento XVcriou a Diocese de Leiria, com obreve papal ‘Quo vehementius’ de17 de janeiro de 1918, a qualpassou a englobar o território deFátima, desde 1881 no Patriarcadode Lisboa.Já a sua encíclica ‘CeleberrimaEvenisse’, de dezembro de 1919,insistia com os bispos portuguesesna necessidade de se concretizaruma política de acatamento e dereconhecimento daqueles que“exercem o poder, seja qual for aforma de governo, ou a Constituiçãocivil do País”.O primeiro gesto de aproximação edevoção dá-se com Pio XI, em 1929,com a chamada ‘aprovaçãoimplícita’, quando este distribui aosalunos do Colégio Português, emRoma, estampas da Virgem deFátima com a invocação “Mãeclementíssima, salvai Portugal”.A 9 de janeiro de 1929, Pio XIrecebeu em audiência os alunos doPontifício Colégio Português deRoma. No final do encontro, leu emportuguês a invocação referindo terrecebido as estampas naquelemesmo dia, vindas de Portugal, edistribuindo duas por cada aluno.

As estampas, com a imagem deNossa Senhora de Fátima, tinhamsido impressas pelo Apostolado daImprensa e exibiam o ‘imprimatur’ dobispo de Leiria, D. José AlvesCorreia da Silva, datado de 17 demaio de 1926.Ainda em 1929, a 6 de dezembro, oPapa Pio XI benzeu uma imagem deNossa Senhora de Fátima destinadaàquele Colégio de Roma; a imagemtinha sido esculpida pelo mesmoautor daquela que se encontra naCapelinha das Aparições, JoséFerreira Thedim.A ‘Documentação Crítica de Fátima’apresenta uma carta de JoaquimCarreira, aluno do Colégio, para opadre Arnaldo de Magalhães, comdata de 13 de fevereiro de 1929, aperguntar qual foi a reação, emPortugal, ao facto de o Papa terdistribuído as estampas de NossaSenhora de Fátima.A 1 de outubro de 1930, o Papa PioXI concede indulgências plenáriasaos peregrinos de Nossa Senhorade Fátima, ainda antes dapublicação da Carta Pastoral dobispo de Leiria, na qual seconsideram “dignas de crédito” asAparições de Nossa Senhorarelatadas pelos três Pastorinhos (13de outubro de 1930).Na Carta Apostólica Ex officiosis

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litteris, de 1934, o Papa atestava“os extraordinários benefícios comque a Virgem Mãe de Deus acabavade favorecer” Portugal.À entrada da Basílica de NossaSenhora do Rosário, por cima daporta principal, encontra-se ummosaico que representa aSantíssima Trindade a coroar NossaSenhora, obra das oficinas doVaticano, no pontificado de Pio XI,que foi abençoado pelo cardealEugénio Pacelli, futuro Papa Pio XII.

O primeiro Papa deFátimaO Papa Pio XII, cujo pontificadoatravessou a II Guerra Mundial, foi oprimeiro pontífice a ser chamado“Papa de Fátima”, tendoconsagrado a dimensão universalda mensagem transmitida na Covada Iria, em 1917.Em 1940, o Papa Pio XII referiu-se aFátima pela primeira vez num textopontifício oficial, a encíclica ‘Saeculoexeunte octavo’, escrita paraexortar

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a Igreja em Portugal a aumentar asua atividade missionária. "Que osfiéis não esqueçam, especialmentequando rezarem o Terço, tãorecomendado pela SantíssimaVirgem Maria em Fátima, de pedir àVirgem Mãe de Deus que façaaparecer vocações missionárias,com frutos abundantes para o maiornúmero possível de almas”, pedia oPapa italiano.Em carta dirigida ao Papa Pio XII, a2 de dezembro de 1940, a irmãLúcia, a mais velha das videntes deFátima, pedia que fosse atendido opedido de Nossa Senhora,reafirmado em apariçõesposteriores na Galiza, para quefosse proclamada a devoção aoImaculado Coração de Maria e aconsagração do mundo, e emespecial da Rússia, ao Coração deMaria.A primeira posição oficial pública doVaticano sobre Fátima acontececom Pio XII, em 31 de outubro de1942, 25 anos depois dasaparições: nessa data, em plena IIGuerra Mundial, o Papa consagra omundo ao Imaculado Coração deMaria. “A Vós, ao vosso CoraçãoImaculado, nesta hora trágica dahistória humana, confiamos,entregamos, consagramos não só aSanta Igreja, corpo místico de vossoJesus, que pena e sangra em tantaspartes e por tantos modosatribulada,

mas também todo o mundo,dilacerado por exiciais discórdias,abrasado em incêndios de ódio,vítima de sua próprias iniquidades”,declarou.Quatro anos depois, em 13 de maiode 1946, Pio XII enviou o cardealAloisi Masella a Fátima para coroara imagem de Nossa Senhora.A 13 de outubro de 1951,assinalando o final do Ano Santojubilar, Pio XII associa-se àconclusão das celebraçõesmarianas em Fátima: “A VirgemNossa Senhora na sua mensagem,que Peregrina anda a repetir aomundo, indica-nos o segurocaminho da paz e os meios para aobter do céu, visto que tão pouco sepode confiar nos meios humanos”,escreve.Numa nota pessoal, o próprio Pio XIIrecorda que em 1950, pouco antesde proclamar o dogma da Assunção(1º de novembro), enquantopasseava nos jardins vaticanos,assistiu várias vezes ao mesmofenómeno que se verificou em 1917,no final das aparições de Fátima, ochamado ‘milagre do sol’.Eugenio Maria Giuseppe Pacelli(1876-1958) foi ordenado bispo peloPapa Bento XV na Capela Sistina, a13 de Maio de 1917, dia da primeiraaparição da Virgem em Fátima.

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João XXIIIA partir dos anos 50 o Santuário irá ganhar um novo e decisivoimpulsionamento. Visitam-no o cardeal Roncalli, posteriormente eleito papaJoão XXIII, a 13 de Maio de 1956. Após a morte do “Papa bom”, como ficouconhecido, o bispo de Leiria, D. João Pereira Venâncio, em junho de 1963,solicitou ao Vaticano uma “relíquia-recordação” do Sumo Pontífice queconvocou o Concílio Vaticano II. A Secretaria de Estado do Vaticano acedeuao pedido e enviou, em 6 de julho, a cruz peitoral de João XXIII, hojeguardada no Museu do Santuário de Fátima. Paulo VI, o primeiroperegrino de FátimaAs viagens internacionais dosPapas modernos são uma novidadeque remonta à segunda metade doséculo XX, com o pontificado dePaulo VI (1897-1978). Portugalentraria na rota dessas visitasapostólicas logo na quinta viagemdeste pontífice italiano, por ocasiãodo 50.º aniversário das apariçõesmarianas, reconhecidas pela IgrejaCatólica, na Cova da Iria.Paulo VI quis vir pessoalmente aFátima, como peregrino, a 13 demaio de 1967. Politicamente, erammarcadas as tensões diplomáticaspor causa das visões divergentesde Portugal e da Santa Sé sobre osmovimentos independentistas emÁfrica, particularmente em Angola,

Moçambique e na Guiné-Bissau.O Papa italiano decidiu que o aviãoque o transportava desde Roma nãoaterraria em Lisboa, mas em MonteReal, e ficou alojado na entãoDiocese de Leiria (hoje Leiria-Fátima). Além da homilia na Missado 13 de maio, Paulo VI teve outrasseis intervenções.A viagem foi anunciada na audiênciageral de 3 de maio de 1967 eapresentada como uma“peregrinação para honrar MariaSantíssima e invocar a suaintercessão em favor da paz daIgreja e do mundo”. A peregrinação“rapidíssima” tinha um caráter“totalmente privado”, explicou oPapa italiano aos fiéis reunidos noVaticano.Em Fátima, Paulo VI recordou queforam as crianças e os pobres osprimeiros destinatários damensagem de Fátima e, na suahomilia, deixou

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uma referência aos regimes ateus,“países em que a liberdade religiosaestá praticamente suprimida e ondese promove a negação de Deus,como se esta representasse averdade dos tempos novos e alibertação dos povos”.O Papa trouxe à Cova da Iria a suapreocupação com um mundo emperigo por causa da corrida àsarmas e da fome.

“Por este motivo, viemos nós aospés da Rainha da paz a pedir-lhe apaz, dom que só Deus pode dar”,rezou.Já na despedida, Paulo VI explicavaque se apresentou em Portugalcomo peregrino “para rezar humildee fervorosamente pela paz da Igrejae pela paz do mundo”.“Maria Santíssima que, nesta terraabençoada, desde há cinquentaanos,

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se tem mostrado tão generosa paracom todos aqueles que a Elarecorrem com devoção, digne-seouvir a Nossa ardente prece,concedendo à Igreja aquelarenovação espiritual que o ConcilioEcuménico Vaticano II teve em vistaempreender e à humanidade,aquela paz de que ela hoje semostra tão desejosa e necessitada”,pediu.As referências a Fátima nestepontificado tiveram um momentoparticularmente relevante a 13 denovembro de 19164, na clausura daIII sessão do Concílio Vaticano II.Paulo VI anunciou então a decisãode enviar a Rosa de Ouro aoSantuário de Nossa Senhora deFátima: “Tão caro não só ao povoda nobre nação portuguesa — sempre, porém hojeparticularmente, a nós caro — comotambém conhecido e veneradopelos fiéis de todo o mundo católico”.A entrega ao Santuário foi feita a 13de maio de 1965 pelo cardealFernando Cento, legado do Papa.

João Paulo II e oatentado que mudou ahistória de FátimaFoi preciso esperar 15 anos até aoregresso de um Papa a Portugal.João Paulo II, que a 13 de maio de1981 tinha sido atingido a tiro naPraça de São Pedro, num atentadocontra a sua vida, veio à Cova daIria reconhecer publicamente a suaconvicção de que houve umaintercessão de Nossa Senhora deFátima na sua recuperação.Logo na primeira audiência após oatentado, a 7 de outubro de 1981 -memória litúrgica de Nossa Senhorado Rosário - o Papa deixava claraesta sua certeza interior: “Poderiaesquecer que o acontecimento naPraça de São Pedro se realizou nodia e na hora, em que, há mais de60 anos, se recorda em Fátima, emPortugal, a primeira aparição daMãe de Cristo aos pobres epequenos camponeses? Porque, emtudo aquilo que sucedeuexatamente nesse dia, notei aquelaextraordinária proteção maternal esolicitude,

João Paulo IJoão Paulo I esteve em Portugal como patriarca de Veneza, em julho de1977, passando por Fátima e encontrando-se com a Irmã Lúcia.

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que se mostrou mais forte do que oprojétil mortífero”.Em maio de 1982, no aniversáriodesse primeiro atentado contra asua vida, Karol Wojtyla (1920-2005)chegava a Fátima. Antes de partir,em Roma, João Paulo II explicavaque queria ir à Cova da Iria, “lugarabençoado, também para escutarnovamente, em nome de toda aIgreja, a Mensagem que ressoou há65 anos nos lábios da Mãe comum,preocupada com a sorte dos seusfilhos”.

Em Fátima, o Papa falou para"agradecer à Divina Providêncianeste lugar que a mãe de Deusparece ter escolhido de modo tãoparticular" (homilia do 13 de maio).Simbolicamente, a bala que lheatravessou o abdómen repousa hojena imagem da Virgem na Cova daIria.Diante dos peregrinos, na Capelinhadas Aparições, agradeceu a“especial proteção materna deNossa Senhora”.“E pela coincidência – e não hámeras coincidências nos desígniosda Providência divina – vi também

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um apelo e, quiçá, uma chamada àatenção para a mensagem quedaqui partiu, há sessenta e cincoanos, por intermédio de trêscrianças, filhas de gente humilde docampo, os pastorinhos de Fátima,como são conhecidosuniversalmente”, acrescentou.A devoção à oração do Rosário e apreocupação com as “ameaças” aomundo foram outros temas centraisdas intervenções de João Paulo II,que proferiu uma oração deConsagração a Nossa Senhora, a13 de maio, na qual deixou, entreoutras, a seguinte invocação: “Daguerra nuclear, de umaautodestruição incalculável e detoda espécie de guerra, livrai-nos!”Na Cova de Iria, viria a ser vítima deum novo ataque contra a sua vida,perpetrado pelo espanhol JuanFernández Krohn, padretradicionalista que usava um punhal.Já depois da morte de João Paulo II(2 de abril de 2005), o cardealStanislaw Dziwisz, que foi seusecretário particular, asseguravaque este tinha sido ferido, emborade forma ligeira.A 25 de março de 1984, o Papapolaco presidiu à consagração domundo ao coração de Maria, noVaticano. A mesma imagem que, em2000, o

Papa colocou entre os bispos detodo o mundo, consagrando-lhe oterceiro milénio.João Paulo II voltou a Portugal em1991, passando, inevitavelmente,pelo Santuário de Fátima, nos dias12 e 13 maio. Durante quatro dias,proferiu 12 intervenções e enviouainda uma carta, desde a Cova daIria, aos bispos católicos da Europa,que preparavam uma assembleiaespecial do Sínodo dos Bispos,dedicada ao Velho Continente.Ao despedir-se do país, o Papadisse que “Fátima é sempre novapara quem repete a subida à Serrade Aire e procura penetrar, cada vezmais fundo, nos mistérios daMensagem de Nossa Senhora, ‘atoda vestida de branco’, nasAparições de 1917 aos trêsPastorinhos”.A 12 e 13 maio de 2000, já com umestado de saúde debilitado, JoãoPaulo II regressou a Portugal, parapresidir à beatificação dospastorinhos Francisco e JacintaMarto.Uma decisão assumida contra osserviços burocráticos do Vaticano,que chegaram a agendar acerimónia para 9 de abril, na Praçade São Pedro.O Papa polaco proferiu um discursoà chegada, no aeroportointernacional

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de Lisboa, a homilia na Missa do 13de maio e uma saudação aosdoentes reunidos na Cova da Iria.Na mesma ocasião deu-se oanúncio da publicação da terceiraparte do chamado “Segredo deFátima”.“Desejo uma vez mais celebrar abondade do Senhor para comigo,quando, duramente atingido, fuisalvo da morte”, disse, na suahomilia.Já de regresso a Roma, naaudiência geral de 17 de maio de2000, João Paulo II defendeu que “oapelo que Deus nos fez chegarmediante a Virgem Santa conservaintacta ainda hoje a sua atualidade”.

Bento XVI, o intérprete doSegredo e do futuro deFátimaBento XVI visitou Portugal de 11 a14 de maio de 2010, mas já hámuito que se encontrava ligado àMensagem de Fátima e, emparticular, à interpretação dochamado Segredo, cuja terceiraparte foi divulgada em 2000, comum comentário teológico do entãocardeal Joseph Ratzinger.O agora Papa emérito falou aosjornalistas no voo entre Roma eLisboa, a 11 de maio de 2010, paraexplicar

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que “uma aparição, ou seja, umimpulso sobrenatural, não vemsomente da imaginação da pessoa,mas na realidade da Virgem Maria,do sobrenatural”.A terceira parte do segredo fala deum “Bispo vestido de branco” quecaminha no meio de ruínas ecadáveres, imagem associada aoatentado sofrido por João Paulo II a13 de maio de 1981.Bento XVI disse que “nesta visão dosofrimento do Papa é possível ver,em primeira instância, o Papa JoãoPaulo II”, mas também estãoindicadas “realidades do futuro daIgreja” que se “desenvolvem e semostram”.“O importante é que a mensagem, aresposta de Fátima, não vaisubstancialmente na direção dedevoções particulares, masprecisamente na respostafundamental, ou seja, a conversãopermanente, a penitência, a oração,e as três virtudes teologais: fé,esperança e caridade”, sustentou.Em Fátima, depois de váriosdiscursos e homilias, a imagem demarca foi um momento sempalavras: o Papa em silêncio, olhosfixos na imagem de Nossa Senhorade Fátima da

Capelinha das Aparições. Na tardede 12 de maio de 2010, Bento XVIentregou uma Rosa de Ouro aoSantuário de Fátima, tornando-se oprimeiro Papa a fazê-lopessoalmente em solo português.Na Missa de 13 de maio, Bento XVIapresentou, diante de centenas demilhares de pessoas, o fruto da suareflexão de décadas sobre osacontecimentos de 1917: “Deus –mais íntimo a mim mesmo de quantoo seja eu próprio – tem o poder dechegar até nós nomeadamenteatravés dos sentidos interiores, demodo que a alma recebe o toquesuave de algo real que está paraalém do sensível, tornando-a capazde alcançar o não-sensível, o não-visível aos sentidos”.“Para isso exige-se uma vigilânciainterior do coração que, na maiorparte do tempo, não possuímos porcausa da forte pressão dasrealidades externas e das imagens epreocupações que enchem a alma.Sim! Deus pode alcançar-nos,oferecendo-se à nossa visãointerior”, acrescentou.O agora Papa emérito falou sobre ofuturo e não sobre o passado, o queajuda explicar as suas declarações

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sobre a missão de Fátima e acontinuidade no tempo dossofrimentos que foram revelados naterceira parte do segredo: “Iludir-se-ia quem pensasse que a missãoprofética de Fátima estejaconcluída”.No comentário teológico àMensagem de Fátima, o cardealRatzinger deixava claro que “quemestava à espera de impressionantesrevelações

apocalípticas sobre o fim do mundoou sobre o futuro desenrolar dahistória deve ficar desiludido”.Já após a renúncia ao pontificado, a21 de maio de 2016, Bento XVIrompeu o seu silêncio para reafirmarque a publicação do chamado'Segredo de Fátima' ficou “completa”após a divulgação da sua terceiraparte, no ano 2000.

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PAPA FRANCISCO EM FÁTIMA onlinehttp://www.papa2017.fatima.pt

Como já vem sendo habitual emcada visita oficial que o PapaFrancisco realiza, é lançado um sítiona internet referente a esseacontecimento. Tendo presente estedesiderato o Santuário de Fátimalançou, no passado mês de março,o sítio online da viagem do Papa àCova da Iria, de 12 a 13 de maio.A poucos dias deste acontecimentotão importante para o nosso país eem particular para todos oscatólicos, esta semana, sugiro umavisita ao endereçowww.papa2017.fatima.pt.Graficamente todo o espaço seencontra muito bem desenhado indode encontro às mais atuaisorientações para ambientes web.Na página inicial além das habituaisnotícias podemos rapidamenteaceder às galerias de imagens,vídeos e áudio. Por outro lado épossível ir para as principais redessociais (facebook, twitter, instagrame youtube), que certamente irãoestar ao rubro por esses dias eainda acompanhar em direto astransmissões.Caso seja sua intenção participarpresencialmente nesta peregrinação

é do seu interesse que clique em“eu vou”. Aí pode consultar oprograma completo, e depois umconjunto de informações bastantedetalhadas caso viaje a pé, decarro, de autocarro ou de comboio.Na opção “já cá estou” encontra osmapas da localidade de Fátima,dados sobre: o lugar das aparições,os espaços de culto e de oração, osserviços de confissões e ainda asduas exposições permanentes.O hino oficial com letra do Pe.Tolentino Mendonça e música deJoão Gil pode ser ouvido e lido em“tenho interesse”. Nesse espaço,além da música interpretada pelogrupo Vocal Emotion, podeconhecer em detalhe o logótipo, ocartaz e a oração jubilar daconsagração.O item “Fátima” é composto por umconjunto valioso de recursoshistóricos. Além das aparições, dospastorinhos e da imagem da virgemperegrina, descobrimos tambéminformações relativas ao Segredo deFátima, que é formado pelasrevelações feitas por NossaSenhora aos três Pastorinhos, eainda a relação dos Papas com esteSantuário Mariano.

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A ligação do Bispo de Roma aFátima é apresentada na opção“Papa”. Podemos ler a suabiografia, a sua devoção mariana edetalhadamente aquilo que o liga aoAltar do Mundo.Por último em “curiosidades”ficamos a saber mais sobre osdiversos veículos que os SumosPontífices utilizam para se deslocarnas visitas pastorais e de estado,bem como,

alguns números bastantereveladores da grandiosidade desteacontecimento histórico.De facto a dimensão deste sítio éimensa mas grandiosa é tambémeste marco tão importante que seenquadra no Centenário dasAparições.

Fernando Cassola [email protected]

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Fátima 2017Maio é o mês de Maria. Mês dasperegrinações até Fátima. Mês doterço. Mês da primeira visita doPapa Francisco a Portugal. 2017,ano do centenário das aparições defátima. Hoje proponho um jogo etrês aplicações relacionadas comeste acontecimento. iTerçoEsta aplicação é uma repetição. Jáfoi apresentada em 2014. Pensandoem toda as pessoas que estão sós,as que peregrinam, e nas quegostam de rezar o terço, a iTerço éuma boa “companhia”.Depois de baixar a aplicação econfigurar para português, estápronta a ser usada.A aplicação é composta por trêsseparadores: Terço; Extras;Compartilhar.O separador Terço é compostoterço – carregando começamos logoa rezar o terço nos mistérios decada dia; todo o rosário – permite-nos rezar um rosário e contemplar:um slideshow com imagens queilustram cada mistério.Os outros dois separadores sãopara configurações e partilhas nasredes sociais do aplicativo.

O terço é rezado a duas vozes: aprimeira parte é feita pela voz daaplicação, a segunda é pelo próprio,como se estivessem a rezar umacom a outra pessoa.Acabaram-se as desculpas de nãotenho terço para rezar. Estaaplicação ajuda-nos a rezar: acontagem é automática, cadamistério é sempre introduzido poruma leitura e acompanhado por umaimagem.A aplicação tem uma páginano Facebook. A aplicação é paga. iTerço iOS| iTerço Android 100 Anos FátimaAplicação comemorativa docentenário de Fátima. A aplicaçãopermite conhecer a história deFátima, do Santuário, dosPastorinhos.O utilizador pode explorar os locaisa visitar no Santuário através de ummapa offline do local. É possívelaplicar um conjunto de filtros,alusivos ao centenário, que nasfotografias tiradas através daaplicação e consequente partilhanas redes sociais, assim desejar.Contém uma galeria de obras dearte religiosa, do artista SantiagoBelacqua, para desfrutar e partilharnas redes sociais.

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Dispõe de uma vela virtual, sempredisponível para qualquer cerimóniareligiosa. Podem ser tambémusadas algumas das orações queconstituem a aplicação.A aplicação é paga. 100 anos Fátima Android | 100 anosFátima iOS ApperegrinosA Guarda Nacional Republicana(GNR) e a Liberty Segurosdesenvolveram a aplicaçãoAPPeregrinos, em que sedisponibilizam conselhos desegurança e informações úteis aosperegrinos, promovendo as “boaspráticas” de segurança; auxílio tantonas deslocações até ao Santuáriode Fátima, como no própriosantuário; informações como alotação dos parques deestacionamento; meteorologia;tráfego; e, notícias relacionadascom o evento.A aplicação é gratuita. Apperegrinos iOS | ApperegrinosAndroid

Jogo dos PastorinhosEm 2016 o Santuário de Fátimalançou o Jogo dos Pastorinhos, umaaplicação gratuita, que pode serjogado por crianças com mais de 4anos de idade.O objetivo é chegar primeiro aoCoração de Jesus. Os jogadorescomeçam por escolher com qual dospersonagens querem jogar: a Lúcia,o Francisco, a Jacinta ou o menino.Podem jogar no máximo 4 jogadoresao mesmo tempo. Depois deescolherem os personagens eescreverem o nome, lançam osdados, um de cada vez, conforme asinstruções que o jogo vai dando, eavançam no percurso pela Cova daIria. Jogo dos Pastorinhos iOS | Jogo dosPastorinhos Android

Bento Oliveira@iMissio

http://www.imissio.net

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«Francisco. O Papa do povo»estreou em Portugal O filme ‘Francisco. O Papa do povo’, dirigido pelo

italiano Daniele Luchetti, que descreve a vida de JorgeMario Bergoglio desde a juventude ao dia da suaeleição pontifícia, estreou esta quinta-feira nas salasde cinema em Portugal. O filme conta a história dofilho de imigrantes italianos na Argentina desde avocação religioso, surgida durante os anos daditadura militar, passando pelo trabalho pastoral nasperiferias de Buenos Aires, até se tornar Papa.Daniele Luchetti disse à Agência ECCLESIA que noinício do projeto não sabia "nada" sobre a vida doPapa na Argentina, o que o levou ao país sul-americano para ouvir testemunhos e construir uma"narração" que lhe pareceu coerente e realista, arespeito dos vários eventos relatados. O realizadordisse que as palavras do Papa o tocaram com "muitaforça", tendo por isso aceitado o desafio de ouvir"muitíssimas pessoas" que conheciam Jorge MarioBergoglio e o seu percurso de "amadurecimento",resultando num filme de investigação que procura falara todos os públicos.Luchetti ouviu também críticos do atual Papa, "antes,durante e depois" da realização do filme, mas decidiuincluir aquilo que acreditava "ser verdadeiro", credível,após ouvir as partes envolvidas nos vários episódios.Produzido pela TaoDue e distribuído pela Medusa, apelícula evoca também o dia 13 de março de 2013, emque o então cardeal de Buenos Aires foi eleito comosucessor de Bento XVI e assumiu o nome deFrancisco.

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O filme foi rodado na Argentina,Alemanha e Itália ao longo de 15semanas; o ator argentino RodrigoDe la Serna e o chileno SergioHernandez de Glória dão vida àpersonagem do atual Papa. A obraé baseada no best-seller ‘Francisco,o Papa do Povo’, de EvangelinaHimitian, jornalista de Buenos Aires.‘Francisco, Papa do povo’ recorda

o período da ditadura militarque governou a Argentina de 1976 a1983, num processo de raptos emortes de dezenas de pessoas, queficou conhecido como ‘o drama dosdesaparecidos’. O filme retrata opapel do atual Papa durante aditadura na Argentina, ao salvarmuitos perseguidos pelos militares,durante os chamados ‘anos dechumbo'.

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II Concílio do Vaticano:Canonizações entregues àsConferências Episcopais?

Com a data de 26 de setembro de 1964, a SagradaCongregação dos Ritos (SCR) publicou a Instrução«Ad Exsecutionem Constitutionis de Sacra LiturgiaRecte Ordinandam», um passo decisivo para aexecução da reforma litúrgica, promulgada com aconstituição conciliar «Sacrosanctum Concilium» (4 dedezembro de 1963).Como claramente nela se diz (número 3 e parte final),a instrução foi elaborada pelo «Conselho» criado peloPapa Paulo VI para executar a constituição conciliarsobre a liturgia. Com esta instrução, a Santa Sépretendia apressar, “sem precipitações nem delongas”os princípios litúrgicos promulgados no II Concílio doVaticano (1962-65).Sem esperar pela revisão dos livros e ritos litúrgicos,dispõe o documento da SCR que entrasse em vigor, a07 de março de 1965, primeiro domingo daQuaresma, várias inovações “todas elas tendentes àmais fácil e consciente participação activa dos fiéisnas celebrações litúrgicas”. (Boletim de InformaçãoPastoral; Ano VI; 1964; Outubro -Novembro – Nº 34).Um documento essencial que para aqueles que,“levados de pessimismo, temiam que a renovaçãolitúrgica se diluísse e até se esfumasse comretardamentos e hesitações nas medidasreformadoras”, a publicação da instrução constituiu“motivo seguro de esperança a desmentir os seusreceios. Um espírito novo perpassa de facto na Igrejade forma sensível” (Obra citada anteriormente).Nas discussões conciliares, Henri Fesquet na obra«O

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Diário do Concílio – Volume II»escreveu que o cardeal belga, Leo-Jozef Suenens, numa reunião daterceira etapa do II Concílio doVaticano, atacou as “anomalias dascanonizações”. O arcebispo deMalines-Bruxelas fez quatrocensuras ao sistema que vigoravana altura. No seu diário e datado de17 de setembro de 1964, HenriFesquet escreveu que “eraanormal”: “1 – Que 85% dos santossejam membros do clero regular; 2 –Que 90% pertençamautomaticamente a três países(Itália, França e Espanha); 3 – Queos processos sejam tão lentos (54em oito anos); 4 – Que os inquéritossejam tão custosos, o que tem porefeito impedir o acesso aocalendário litúrgico de uma multidãode sacerdotes do clero secular e deleigos, cujos processos são poucoafortunados”.O cardeal Suenens propõe a

“descentralização dos processos debeatificações e canonizações”. Paraele, as Conferências Episcopaispoderiam assumir essaresponsabilidade, conservando oPapa o privilégio da decisão final. Aterceira etapa conciliar teve o seuinício a 14 de setembro e decorreuaté 21 de novembro de 1964. De 15do mês nove a 20 de novembro, ospadres conciliares – 44 eramprelados portugueses – discutiramos textos sobre escatologia e VirgemMaria, ofício pastoral dos bispos,liberdade religiosa, judeus ereligiões não cristãs, revelação,apostolado dos leigos, sacerdotes,Igrejas orientais, Igreja e mundoactual, missões, religiosos,seminários, educação cristã esacramentos. Uma panóplia detemas que foram reflectidos naterceira etapa do II Concílio doVaticano que foi convocado peloPapa João XXIII e continuado peloPapa Paulo VI.

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Do Berço ao TronoO livro 'Do Berço ao Trono -- PapaFrancisco: Vida, Palavra e Obra', deElizabete Agostinho, que traça os"grandes momentos da vida depadre, bispo e papa" Francisco, foipublicado no dia 03 de maio,anunciou a editora. ElizabeteAgostinho, autora do livro, éjornalista, tradutora e escritora.Jorge Mario Bergoglio era um jovemestudante. Ia sair com os amigos,naquele dia 21 de setembro de1953, quando teve uma revelação.Entrou na paróquia do seu bairro econfessou-se. Quando saiu, já nãoera o mesmo. Tinha ouvido umchamamento. Percebeu nessemomento que iria ser padre.O que certamente não imaginava éque, depois de convencer a mãe dasua escolha, depois de enfrentar amorte aos 21 anos, depois daatracão amorosa por raparigas o terincendiado de dúvidas, depois deescolher ser jesuíta, depois dedefender convicções sociais emorais que quase o fizeram serafastado da Igreja, acabaria por sereleito papa, convertendo¬-se nainspiração de milhões e milhões deseres humanos, cristãos ou não.Neste livro, estão as principaiscenas

da vida do Papa Francisco, os atoscom que despertou a simpatia detodos, a sua capacidade para amare perdoar, porque amar, perdoar eintegrar são a essência da palavracom que tem revolucionado a Igrejae o mundo.Clube do Livro

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Missionários CombonianosA obra «Missionários Combonianos em Portugal: Uma história singular» daautoria do padre Manuel Augusto Lopes Ferreira, foi apresentado estaquinta-feira em Lisboa por Fernando Paulo Baptista, da Academia dasCiências, no contexto comemorações dos 70 anos da chegada dos religiososa Portugal.Os discípulos de Daniel Comboni chegaram a Viseu em outubro de 1947 e aobra agora lançada é o resultado “de mais de um ano de investigações e deescrita”, lê-se no comunicado enviado à Agência ECCLESIA.

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Maio 2017Dia 05 de maio*Vaticano - Conferência de imprensapara apresentar a visita do PapaFrancisco a Fátima com a presençado porta-voz do Vaticano, GregBurke, a porta-voz do Santuário deFátima, Carmo Rodeia, e o diretordo Departamento de Comunicaçãodo Patriarcado de Lisboa, padreNuno do Rosário Fernandes. *Santarém - Museu Diocesano -Conferência «Nossa Senhora Mãedos Homens: culto e construçãoiconográfica» por Sandra CostaSaldanha *Leiria - Aula magna do Semináriode Leiria - O chefe mundial doescutismo, João Armando, profereuma conferência sobre o presente eo futuro deste movimento juvenilcatólico. *Lisboa – Benfica - ConselhoRegional do CNE com a presençade D. José Traquina *Lisboa - Igreja do Sagrado Coraçãode Jesus - Conferência sobre«Introdução ao Sudário de Turim -Uma perspetiva científica» proferidapor Antero

de Frias Moreira e promovida peloInstituto Diocesano da FormaçãoCristã. *Porto - Assembleia geral daAssociação da Juventude Católicado Porto *Porto - Fundação AntónioCupertino de Miranda - Debatesobre «Francisco Papa: LíderPolítico-Moral Global» Bragança - Carrazeda de Ansiães -O bispo de Bragança-Mirandaconvidou os jovens desta Igreja locala participarem no Dia Diocesano daJuventude que vai ter lugar emCarrazeda de Ansiães. (05 e 06maio) Dia 06 de maio*Aveiro - Conferência sobre SantaJoana Princesa por frei BentoDomingues, da Ordem dosPregadores. *Porto - Dia diocesano do professorpromovido pelo Movimento deEducadores Católicos *Guarda – Seminário - Encontrodiocesano de adolescentes

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*Santarém - Encontro das criançasda primeira comunhão com o bispode Santarém, D. Manuel Pelino. *Lisboa - Seminário dos Olivais -Assembleia Diocesana doApostolado dos Leigos com apresença de D. Nuno Brás. *Lisboa - Oeiras (Salão Paroquial daFigueirinha) - Encontro «Rir comDeus e Maria» com o professor ecatequista Fernando Baptista *Lisboa - Salão da Igreja doSagrado Coração de Jesus -Encontro sobre «Precariedade emedo no mundo do trabalho.Denúncia e combate» promovidopela LOC/MTC do Patriarcado deLisboa e dinamizado por AvelinoPinto *Lisboa - Seminário da Luz -Conferência solidária «À conversacom João César das Neves eAnselmo Crespo» promovida peloGrupo de Jovens Pedras Vivas deFamões, que pertence à JuventudeFranciscana Portuguesa *Aveiro - Sede da Cáritas -Conselho geral da Cáritasdiocesana de Aveiro

*Lisboa - Igreja de Santos-o-Velho -Concerto mariano com a atuação dogrupo coral de Queluz integrado nofestival «SacroSanctus» Dia 07 de maio*Tavira - Paróquia de Santa Maria(Tavira) com Missa celebrada eminglês. *Guarda - Campus do IPG - Bênçãodos finalistas universitários *Aveiro - Seminário de Santa JoanaPrincesa - Workshop sobre o«Discernimento Espiritual» orientadopelo padre João Alves e promovidopelo Serviço de Espiritualidade doSeminário de Santa Joana Princesade Aveiro. *Leiria - O bispo da Diocese deLeiria-Fátima preside à ordenaçãode diácono do seminarista EduardoCaseiro, na Catedral de Leiria.

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05 maio, às 21:00, LeiriaO chefe mundial do escutismo, o português JoãoArmando, vai falar sobre «Escutismo no mundo:presente e futuro», na aula magna do Seminário deLeiria, iniciativa da Cáritas Jovem diocesana. 06 maio, às 14:30, LisboaEncontro sobre «Precariedade e medo no mundo dotrabalho. Denúncia e combate» promovido pelaLOC/MTC do Patriarcado de Lisboa, dinamizado porAvelino Pinto, no Salão da Igreja do Sagrado Coraçãode Jesus. 09 maio, às 21:00, PortoA Fundação SPES promove a conferência «Reforma eTeologia», proferida por José Eduardo Borges dePinho, professor da Universidade Católica Portuguesa,na Casa da Torre da Marca. 12 e 13 maioO Papa Francisco visita o Santuário de Fátima peloCentenário das Aparições.Grupo coral dos cadetes da Academia da Força AéreaPortuguesa saúda o pontífice à chegada a Portugalcom um cântico mariano, às 16h20 de 12 de maio, nabase aérea Monte Real. Até 21 de maio, LisboaA exposição do concurso World Press Photo 2017pode ser visitada na galeria de exposiçõestemporárias do Museu Nacional de Etnologia. As 155fotografias vencedoras foram escolhidas entre mais de80 mil, de 5034 repórteres fotográficos de 126 países.

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h30Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa

Domingo:10h00 - Porta Aberta;11h00 - Eucaristia;23h30 - Entrevista deAura Miguel Segunda-feira:12h00 - Informaçãoreligiosa Diariamente18h30 - Terço

RTP2, 13h00Domingo, 07 maio, 13h30 - Papa Francisco emPortugal: Lugares, itineráriose horários Segunda-feira, dia 08, 15h00 - Entrevista sobre a história deFátima com José EduardoFranco, Joana Balsa Pinho eLicínio Lima. Terça-feira, dia 09 15h00 - Informação e entrevista ao cónego António Rego,autor do livro "Sou Peregrino". Quarta-feira, dia 10, 15h00 - Informação e entrevistaa Ana Patrícia Fonseca e Margarida Alvim sobre ainiciativa da Casa Velha 'Caminhada pela mudança' aoencontro do Papa Francisco. Quinta-feira, dia 11, 15h00 - Informação e entrevistaA D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima Sexta-feira, dia 12, 15h00 - Entrevista a AuraMiguel, vaticanista da Rádio Renascença, sobre avisita do Papa, a canonização dos pastorinhos e ocentenário das Aparições em Fátima. Antena 1Domingo, 07 de maio - Itinerário do Papa Franciscoem Portugal Segunda a Sexta-feira, 08 a 12 de maio -Preparando a visita do Papa e o centenário dasaparições.

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Ano A – 4.º Domingo da Páscoa Escutar eseguir o BomPastor

Os textos bíblicos deste quarto domingo pascalsintonizam com o Domingo do Bom Pastor que hojecelebramos.O Evangelho apresenta Cristo como o Pastor cujamissão é libertar o rebanho de Deus do domínio daescravidão e levá-lo à vida em plenitude.A segunda leitura apresenta-nos também Cristo comoo Pastor que guarda e conduz as suas ovelhas. Oscrentes devem seguir esse Pastor.A primeira leitura traça, de forma bastante completa, opercurso que Cristo, o Pastor, desafia os seusdiscípulos a percorrer: é preciso converter-se, serbaptizado e receber o Espírito Santo.Fiquemos uns instantes nas interpelações doEvangelho. Para os cristãos, o Pastor por excelência éCristo. Não faz sentido seguir outros pastores ououtras vozes que nos arrastam e se tornamreferências à volta das quais construímos a nossaexistência.Cristo desempenha a sua missão de Pastor commáxima atitude de proximidade: Ele conhece asovelhas e chama-as pelo nome, mantendo com cadauma delas uma relação única, especial, pessoal.Dirige-lhes um convite a deixarem a escuridão, masnão força ninguém a segui-l’O: respeita absolutamentea liberdade de cada pessoa. É dessa forma humana,tolerante e amorosa que somos convidados a nosrelacionamos mutuamente. Aqueles que receberam deDeus a missão de presidir a um grupo, de animar umacomunidade só podem exercer a sua missão norespeito absoluto pela pessoa, pela sua dignidade,pela sua individualidade.As ovelhas do rebanho de Jesus têm de escutar a vozdo Pastor e segui-l’O. Isso significa, concretamente,tornar-se discípulo, aderir a Jesus, percorrer o mesmo

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caminho que Ele percorreu, naentrega total aos projetos de Deus ena doação total aos irmãos.Para que distingamos a voz deJesus de outros apelos, é precisoum permanente diálogo íntimo como Pastor. Neste Dia Mundial deOração pelas Vocações, aí está amensagem do Papa a nos apelar atudo isso: «Com confiançaevangélica abrimo-nos à açãosilenciosa do Espírito, que é ofundamento da missão. Não poderájamais haver pastoral vocacionalnem missão cristã sem a oraçãoassídua e contemplativa. Nestesentido, é preciso alimentar a vidacristã com a escuta da Palavra deDeus e sobretudo cuidar da relação

pessoal com o Senhor na adoraçãoeucarística, «lugar» privilegiado doencontro com Deus».Tomemos tempo para caminhar aoritmo do Pastor que nos conhece eque chama a cada um de nós pelopróprio nome. Escutemos a sua voz,saboreando o magnífico Salmo 22:«O Senhor é meu pastor, nada mefalta». Procuremos também rezarpela fidelidade à vocação a que oSenhor nos chama e por todas asoutras vocações. Confiemos noSenhor, sejamos ser felizes efaçamos os outros felizes. Queassim seja ao longo desta semana.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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A história (quase) desconhecida dos cristãos na Coreia doNorte

Igreja clandestinaSabe-se muito pouco sobre odia-a-dia dos cristãos na Coreiado Norte. No país governadocom mão de ferro pela dinastiaKim, em que a simples posse deum exemplar da Bíblia podesignificar a morte, muitoscristãos sofrem horrores nasprisões do regime

O ano de 2015 foi trágico paraHyeon Soo Lim. Este missionário, de61 anos, oriundo do Canadá,desenvolvia trabalho humanitário naCoreia do Norte quando foi preso.Acusado de conspirar contra oregime, de nada lhe valeu proclamara sua inocência. Condenado aprisão perpétua com trabalhosforçados, é obrigado agora a abrirburacos nos terrenos do campo deconcentração onde se encontradurante pelo menos oito horas pordia. Está incomunicável. No temívelsistema repressivo da Coreia doNorte, o missionário Heyon Lim éagora o preso “036”. Heyon não écaso único. Tal como ele, há outroscristãos estrangeiros detidos naCoreia do Norte. Todos eles têmhistórias incríveis, quaseinacreditáveis. Todos conhecem, napele, o verdadeiro inferno a queestão condenados

todos os cristãos neste país. Opadre Philippe Blot, um missionáriofrancês que conhece como poucosa realidade deste país governadopela dinastia Kim, contou à Fundação AIS pormenores sobre odia-a-dia de milhões de pessoas naCoreia do Norte. No país maisfechado do mundo, os cristãos sãovistos como inimigos e sofrem asmais horríveis perseguições. “Tiveoportunidade de visitar algumasescolas que ilustram a sub-alimentação crónica de toda apopulação, com a excepção dosdirigentes do regime, é claro. Umacriança norte-coreana com 7 anosmede em média menos 20 cm epesa menos 10 quilos que umacriança na Coreia do Sul”. Num paísonde a corrupção impera, e ondetudo é controlado, todas as pessoasestão sob vigilância. Uma das coisasque mais impressionou estemissionário francês nas diversasviagens à Coreia do Norte foi aausência absoluta de deficientesnas ruas. “Fiquei muito espantadopor não ver pessoas deficientes… Ofacto é que o regime norte-coreano,racista e eugenista, vive naobsessão pela pureza da raça eexclui as pessoas qualificadas de‘anormais’,

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expulsando-as das grandescidades”, explica Philippe Blot,acrescentado que todos vivemnuma enorme ignorância sobre oque se passa no mundo exterior. Torturas…Muitos milhares de norte-coreanostêm sido enviados, tal como HyeonSoo Lim, para os temíveis camposde concentração. Calcula-se que,actualmente, entre 100 mil a 200 milpessoas agonizam nesses campos.De novo, o testemunho do padreBlot. “A brutalidade dos guardas é opão de cada dia destes prisioneiros– que trabalham 16 horas, sofremtorturas atrozes e assistem aexecuções dos mais recalcitrantes…De todos estes ‘prisioneirospolíticos’, os que sofrem piortratamento são os Cristãos,considerados como espiões e ‘anti-revolucionários’. De acordo com oregime são cerca de 13 mil, mas deacordo com as informações dasassociações humanitárias são entre20 e 40 mil e são objecto dotratamento mais cruel: crucificam-nos, penduram-nos nas árvores ouem pontes, afogam-nos, sãoqueimados vivos…”Ao longo dos anos, o padre Blot temacompanhado e ajudado os cristãosque fazem parte da IgrejaClandestina na Coreia do Norte.Muitos têm

procurado fugir do país. Outros sãoapanhados. Pensa-se que, desde1995, pelo menos 5 mil cristãosforam executados simplesmenteporque rezavam em segredo oudistribuíam Bíblias.” Invocando aintercessão de Nossa Senhora deFátima para ajudar a “desfazer estemuro comunista” e a ajudar osnorte-coreanos “a encontrar aliberdade e a alegria de viver comofilhos de Deus”, o padre Blot pede-nos para não nos esquecermosdestes cristãos que vivem no paísmais fechado do mundo. Um deles éo preso “036”, o missionário HeyonLim.

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

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A revolução imparável do Papa

Tony Neves Espiritano

Sobre o Papa Francisco parecia não haver nadade muito novo a dizer. Mas mais importante queas novidades de conteúdo são as novas formasde abordar as questões e a coerência como sevive o que se diz. Nisto o Papa Francisco é umcampeão, no dizer de António Marujo e JoaquimFranco, dois jornalistas peritos em assuntosreligiosos que lançaram o livro ‘Papa Francisco,a revolução imparável’. A apresentação foi feita,na tarde de 24 de Abril, no Convento dosDominicanos em Lisboa, pelo Presidente MarceloRebelo de Sousa.Às portas da visita a Portugal, os autores falamde alguns temas quentes do pontificado deFrancisco: pobreza, economia, clima, justiça,família, Vaticano. Falam das reformas que oPapa tenta implementar e das oposições querefreiam este ímpeto reformista.O Papa recolhe uma simpatia generalizada etransversal à sociedade, Aposta na misericórdiacomo coração da mensagem cristã e, por issomesmo, da Missão e da vida da Igreja.Francisco fala muito da alegria, a ponto de a darcomo título a dois dos seus documentos maisemblemáticos: ‘A Alegria do Evangelho’ e ‘AAlegria do Amor’. É contra a economia que matae por uma ecologia integral. Coloca a família e amulher no centro das suas preocupaçõespastorais.O Papa lança apelos a uma Europa que setornou muro em vez de ponte. Ataca de frente aglobalização da indiferença que faz doMediterrâneo um enorme cemitério.

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A perspetiva ecuménica do PapaFrancisco levou-o à Suécia paracelebrar os 500 anos da Reformade Lutero. Aposta na unidade dadiversidade. Diz que é mais o queune as Igrejas cristãs do que aquiloque as separa.A reforma da Cúria, no seu todo, é aopção mais radical do pontificadodeste Papa argentino. Quer maisdescentralização. Insiste nasquestões do desenvolvimentohumano integral. Exige uma Igrejamais simples, mais santa, maissolidária. Quer uma administraçãomais transparente. Garantecombate sem tréguas à pedofilia e atodas as formas de corrupção.António Marujo e Joaquim Francofazem um resumo: ‘Misericórdia,

atenção aos mais pobres evulneráveis, proximidade com todos,cultura de encontro, cuidado com aCriação, acolhimento das situaçõesde fragilidade, maior empenho najustiça social e numa economia aoserviço das pessoas, defesa daliberdade, promoção de uma culturada paz e da não violência, reformadas Instituições da Igreja numsentido mais evangélico’.O Papa Francisco vem celebrar oCentenário de Fátima e canonizar aJacinta e o Francisco Marto. Masvirá, certamente, reafirmar a suagrande opção evangélica pelasvisitas constantes às periferias emargens da história, como era aCova da Iria há cem anos.

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