ngz27 - Novas da Galiza · mentiras relaxantes para tracejar o rumo do seu compromisso será...

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Redacçom A menos de um ano do começo das emissons do segundo canal da Televisom da Galiza e da imi- nente apariçom da Televisom Digital Terrestre (TDT), o con- trolo político que padece a Companhia de Rádio-Televisom continua, e mais vinculado que nunca com a precariedade labo- ral no ente público. O medo às represálias dos altos cargos da companhia amordaça umha parte importante do quadro assalaria- do, que nunca chega a manter umha relaçom laboral estável com a empresa, desenvolvendo, ao mesmo tempo, tarefas que corresponderiam a trabalhadoras e trabalhadores efectivos desta entidade. Entretanto, e apesar do férreo domínio da política edito- rial que mantém o conselheiro da Comunicaçom Social Pérez Varela, a eventual alternáncia política na Junta está a provocar novas da Número 27, Fevereiro de 2005 Grupos normalizadores contestam novo Plano de Normalizaçom Lingüística ENCE desiste da construçom da papeleira em Louriçam Plano de Resíduos da Junta ignora aumento da produçom de lixo Associaçom A Fouce de Ouro quer abrir centro social no Vale da Amaía Preocupaçom no ambientalismo porque Parque das Ilhas Atlánticas será gerido pola Junta Mais um sindicalista condenado a prisom pola greve geral de 2001 Comunicaçom: um pulo de urgência Jorge Paços Meirol 27 número Redacçom A partir do mês que vem o nosso jornal passará a ser dis- tribuído em todas as vilas da Galiza. E nom só isso: com um novo forma- to, novos conteú- dos e maior número de páginas, NOVAS DA GALIZA consegue dar um passo mais no caminho da profissiona- lizaçom que os nossos lei- tores e leitoras requeriam. O crescente número de assinan- tes, que tem aumentado consi- deravelmente nos últimos meses, nom é alheio a esta evoluçom. Tampouco o é o nosso desejo de ir construindo, pouco a pouco mas com firme vontade, um meio de comuni- caçom útil ao nosso país. Por isso, a equipa humana que o elabo- ramos e distribuí- mos, quere- mos agra- decer e s t e pequeno salto a todas e a todos os que realmente o fizestes possível, com o vosso imprescindível contributo económico, que supom para nós um enorme apoio. Jamais poderíamos ter dado este passo sem vós. Obrigado. Redacçom A nossa vida, mesmo aquilo que consideramos que fai parte da nossa intimidade, nem sempre fica entre as paredes da nossa casa. Porque essas paredes som de vidro para as forças policiais que armazenam informaçom sobre milhons de pessoas em dezenas de ficheiros informáticos. E se alguém pensava que era pre- ciso cometer algum delito para figurar nestes arquivos, NOVAS DA GALIZA revela neste número o verdadeiro carácter dos mes- mos. Entre muitas outras informa- çons, a Direcçom Geral da Polícia trabalha com dados sobre a orien- taçom sexual, os passatempos, a saúde ou a filiaçom política e social de umha importantíssima parte dos cidadaos e cidadás do Estado espanhol. PÁGINA 10 Cidadania transparente na sociedade globalizada NOVAS DA GALIZA à venda nos quiosques a partir de Março Mais de 150 ficheiros policiais guardam informaçons pessoais de grande parte da populaçom Ente público, couto privado movimentos entre jornalistas que se mostram agora um pouco mais próximos dos partidos da oposiçom. PÁGINA 8

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Redacçom

A menos de um ano do começodas emissons do segundo canalda Televisom da Galiza e da imi-nente apariçom da TelevisomDigital Terrestre (TDT), o con-trolo político que padece aCompanhia de Rádio-Televisomcontinua, e mais vinculado quenunca com a precariedade labo-ral no ente público. O medo àsrepresálias dos altos cargos dacompanhia amordaça umha parteimportante do quadro assalaria-do, que nunca chega a manterumha relaçom laboral estávelcom a empresa, desenvolvendo,ao mesmo tempo, tarefas quecorresponderiam a trabalhadorase trabalhadores efectivos destaentidade. Entretanto, e apesar doférreo domínio da política edito-rial que mantém o conselheiro daComunicaçom Social PérezVarela, a eventual alternánciapolítica na Junta está a provocar

novas daNúmero 27, Fevereiro de 2005

Gruposnormalizadorescontestam novoPlano deNormalizaçomLingüística

ENCE desiste daconstruçom dapapeleira emLouriçam

Plano de Resíduosda Junta ignoraaumento da produçom de lixo

AssociaçomA Fouce de Ouroquer abrir centrosocial no Vale da Amaía

Preocupaçom noambientalismoporque Parquedas IlhasAtlánticas serágerido pola Junta

Mais um sindicalistacondenado a prisom pola grevegeral de 2001

Comunicaçom: umpulo de urgência

Jorge Paços Meirol

27número

Redacçom

A partir do mês que vem onosso jornal passará a ser dis-tribuído em todas as vilas daGaliza. E nom só isso:com um novo forma-to, novos conteú-dos e maiornúmero depág ina s ,N O V A SDA GALIZAconsegue dar umpasso mais nocaminho da profissiona-lizaçom que os nossos lei-tores e leitoras requeriam. Ocrescente número de assinan-tes, que tem aumentado consi-deravelmente nos últimosmeses, nom é alheio a esta

evoluçom. Tampouco o é onosso desejo de ir construindo,pouco a pouco mas com firmevontade, um meio de comuni-

caçom útil ao nosso país.Por isso, a equipa

humana que o elabo-ramos e distribuí-

mos, quere-mos agra-

d e c e re s t e

pequeno saltoa todas e a todos

os que realmente ofizestes possível, com

o vosso imprescindívelcontributo económico, que

supom para nós um enormeapoio. Jamais poderíamos terdado este passo sem vós.Obrigado.

Redacçom

A nossa vida, mesmo aquilo queconsideramos que fai parte danossa intimidade, nem semprefica entre as paredes da nossacasa. Porque essas paredes somde vidro para as forças policiaisque armazenam informaçomsobre milhons de pessoas emdezenas de ficheiros informáticos.E se alguém pensava que era pre-ciso cometer algum delito para

figurar nestes arquivos, NOVASDA GALIZA revela neste númeroo verdadeiro carácter dos mes-mos. Entre muitas outras informa-çons, a Direcçom Geral da Políciatrabalha com dados sobre a orien-taçom sexual, os passatempos, asaúde ou a filiaçom política esocial de umha importantíssimaparte dos cidadaos e cidadás doEstado espanhol.

PÁGINA 10

Cidadania transparentena sociedade globalizada

NOVAS DA GALIZAà venda nos quiosquesa partir de Março Mais de 150 ficheiros policiais

guardam informaçons pessoais degrande parte da populaçom

Ente público, couto privado

movimentos entre jornalistas quese mostram agora um poucomais próximos dos partidos daoposiçom.

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Editora: Minho Media S.L.

Director: Ramom Gonçalves

Redactor-chefe: Carlos Barros G.

Conselho de Redacçom:Marta Salgueiro, Antom Santos,Ivám Garcia, Alonso Vidal,Xiana Árias, Sole Rei

Colaboraçons: Maurício Castro,Inácio Gomes, Davide Loimil, JoámCarlos Ánsia, Santiago Alba Rico,Kiko Neves, José R. Pichel, RamomPinheiro, Carlos Taibo, IgnacioRamonet, Ramón Chao, GermámHermida, João Aveledo, AdelaFigueroa e F. Marinho

Fotografia: Arquivo NGZ

Humor Gráfico: Suso Sanmartin,Pepe Carreiro, Pestinho +1,Xosé Lois Hermo, Gonzalo,Aduaneiros sem Fronteiras

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Correcçom linguística: Eduardo Sanches Maragoto

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As opinions expressas nos artigos nomrepresentam necessariamente aposiçom do periódico. Os artigos somde livre reproduçom respeitando aortografia e citando procedência. Éproibido outro tipo de reproduçom semautorizaçom expressa do grupo editor.

A informaçom continua periodicamenteno portal www.galizalivre.org

Fecho de Ediçom: 15.02.05

m dos mistérios desacougantesque cientistas, investigadores,militantes ou simples cidadaos

fizérom historicamente por desvendaraponta à toleráncia ante a opressom.Contra aquela velha certeza do marxis-mo grosseiro a desenhar um tranquili-zante muralismo histórico no qual aldra-jados de todas as cores e épocas assalta-vam furiosos as muralhas dos tiranos, afundada suspeita deste começo de séculoavulso e sinistro chama a matizar o qua-dro. Um urdimento mestíssimo de silên-cios reiterados, servilismos manifestosou rendiçons encobertas conforma amalha sombria dessa engrenagem mile-nária na qual a maioria social reforçou acoiraça de umha submissom cansativa areproduzir-se polo peso chumbiço dasrotinas e dos dias.Algum pensador audaz falou de norma-lidade canalhesca para aludir estaaprazível distribuiçom de veladas cum-plicidades quotidianas que lubrifica-vam a maquinaria da miséria, quer nasua versom branda -o assentimentogeneralizado do nosso ocidente opulen-to e flácido ante a precarizaçom paleo-liberal da existência-, quer na sua ver-som dura -o aplauso tácito de tantassociedades contemporáneas e cultas àspráticas de tortura e extermínio de umoutro sub-humano cujo sofrimento seinvisibilizava em campos de trabalhoou discretos calabouços. Numha etapa do caminho intermédia econfusa -entre a sobre-abundáncia imo-ral e sonolenta do centro capitalista e odesenvolvimento fracturado, arrítmico edoente das periferias maltratadas- aGaliza nom pode ser entendida sem orecurso a estas incómodas chaves. Asque alumiam a realidade de um padeci-mento objectivável e a vivência de umhacolectividade aparentemente tranquila,quase alegre, a engolir as amarguras daopressom numha "implossom" prolonga-da e lacerante. Todos os nossos clássicosdescobrírom, como um fogacho súbito eagressivo, esta presença: de Castelao aosarredistas d'A Fouce, o povo suicida queperdia a batalha antes de livrá-la é umdos motivos recorrentes da melhor litera-tura política galega. Em pleno séculoXXI, com os pilares do projecto nacionalgravemente fendidos por décadas deparalisia ou de relaxamento imperdoá-

vel, esta preocupaçom para a acçomcobra mais actualidade do que nunca.Algum poderá desdramatizar com o con-hecido e inovador asserto de que asnaçons nom som essências e que, portan-to, por muitos comboios que perdamos,nunca nos faltará o tempo para reinven-tar o projecto e relançar desde indefini-das vontades futuras a liberdade do País.E no entanto, quem nom precisar dementiras relaxantes para tracejar o rumodo seu compromisso será conscientedaquele outro asserto -esta vez mui clás-sico- que entende a naçom como umbloco de pedra amorfa a ser talhada poladeterminaçom consciente de todo umpovo. Sem pedra -ou com a matériaprima totalmente dispersa e esgaçada-nom há vontade articulada nem qualquernaçom possível no horizonte da política.Este bloco precário fende e corre sériorisco de definitiva fractura sem umhacomunicaçom que a solde. E da ausênciagritante de tal comunicaçom -mais exac-tamente, da sua precariedade- haveria quedar contas neste 2005 em que andamos.Também, porque nom, recorrendo aosnossos clássicos. A uns, como VilarPonte, que conheciam já há quase umséculo que a existência da comunidadenacional passava pola comunidade cons-cienciada de leitores e a decidida coloni-zaçom galega e em galego dessa pro-duçom cultural de massas que varriacomo umha arroiada a velha sociedade. Aoutros, como José Velo, que desde a soi-dade da derrota após a tentativa insurrec-cional do DRIL apontava valentementeem carta a Celso Emílio que o grandedrama da Galiza nom era a cobardia deum povo abstracto, mas a escassa talhados seus dirigentes, os acolhidos à pro-tecçom das práticas pinheiristas no seusentido mais amplo, agachando em retira-das conjunturais a sua rendiçom estratégi-ca e o seu ananismo político e moral.Graças a estas duas liçons sabemos que a

dedicaçom cegata aos espaços selectospara o galego e às quotinhas de galegui-dade através da participaçom entusiastanos grandes blocos mediáticos do espan-holismo é umha primeira grande hipotecaà nossa causa nacional. Além, a hiberno-terapia nas jaulas douradas da academia eda literatura ou nas coluninhas dos meiosde sempre é a mais fenomenal injecçomde legitimidade a quem trabalha para ofe-recer-nos os bálsamos mais tentadores,sejam ultra-direita mediática ou talanteamável espanhol. Sabemos também queesta vocaçom de habitantes da reserva sóé possível porque a dita normalidadecanalhesca, com dupla gravidade moral,ocupou ontem e hoje parte de um nacio-nalismo que fizo do teoricamente conjun-tural nom há condiçons toda umha ban-deira a agitar nos campos mais diversosda luita política. A bandeira que aindaconvoca tantos e encarna a vocaçom deminoridade permanente de que só gozamos insensíveis à opressom.A existência de umha incipiente estruturade comunicaçom nacional e crítica é amelhor impugnaçom que podemos colo-car frente ao avanço voraz dessa normali-dade doentia e sedativa que desarma eafunda. Em primeiro termo, alimentandoa acçom -a palavra tam prosaica delibera-damente omitida nas consignas crípticasdos intelectuais- para activar recursos queexistem sem que haja que esmolá-los anenhum poder, como o progresso do pró-prio NovasGZ demonstra. Em segundo,desenhando umha pequena comunidadeinvisível de leitores que toma corpo e vin-cula de maneira tam férrea a muitos emuitas que partilham tanto sem se conhe-cerem. Qualquer pulo de urgência terá deir, aqui e agora, nessa justa direcçom.

Comunicaçom:um pulo de urgênciaPor Jorge Paços Meirol

2 segunda Fevereiro 2005 novas da galiza

U A existência de umhaincipiente estrutura decomunicaçom nacional ecrítica é a melhorimpugnaçom que podemoscolocar frente ao avançovoraz dessa normalidadedoentia e sedativa quedesarma e afunda

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Gonzalo

sumário

"Nom podemos tolerarque uns particulares

condicionem odesenvolvimento

de Cangas"

Ramiro Puente, do Foro Socialpola Defesa do Povo

Salom do Livro Infantile Juvenil consolida-seem Ponte Vedra

O evento recebe numeroso públicoe é louvado por toda a crítica

Plano Geral deNormalizaçomLingüística recebefortes críticas decolectivosnormalizadores

Foi aprovado por unanimidadeno Parlamento Galego

Fraga apresentapatrimónio imaterialgalego-português emcastelhano no Porto

O presidente da Junta recebe fortescríticas dos responsáveis pola

candidatura luso-galaica à UNESCO

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A Televisom da Galiza tem-se convertido porméritos próprios num dos exemplos mais esclare-cedores do domínio férreo do PP na nossa terra.Criada com o intuito de dignificar e promover alíngua em tempos menos dramáticos do que osactuais, quando a fé ingénua nos meios públicoslevou muitos e muitas a concebê-la como ferra-menta galeguizadora de grande potencial, tem-seconsumado -após duas décadas de actuaçomintensiva em milhares de lares galegos- como uminstrumento de ideologizaçom e aculturaçomobscenas nas maos do sector mais sinistro dadireita espanhola em formato autóctone.Caracterizada por um servilismo torpe aopatrom Fraga, mas também, e sobretudo,empenhada em práticas manipuladoras que, porgrosseiras, ficam a muitíssima distáncia das ela-boradas técnicas de engano da moderna televi-som globalizada, a RTVG tem erguido ano apósano o penoso pendom mediático da politiquinhaprecária que os seus amos esforçadamente trace-javam no dia-a-dia do País. A blindagem peran-te qualquer controlo parlamentar e a sua acerta-da conexom com o estado de opiniom de boaparte da direita sociológica ajudárom-lhe a mul-tiplicar por mil, através das ondas, essa realida-de nacional já erigida em tópico: a da harmoniaprovinciana e o conflito ausente; a do castrapis-mo elevado a normalidade patógenica, a dasinauguraçons compulsivas e do galeguismocadavérico das festas gastronómicas e a gaita no

flamenco; a do subdesenvolvimento dócil eentranhável a aplaudir a enxurrada de fundoseuropeus e as mais recentes chuvas de alcatrám.Os elevados e sustidos índices de audiênciapodem fazer-nos calibrar a magnitude do fenó-meno e a dimensom do problema que tratamos.Como também o pode fazer -e essa é a intençomdo periódico que hoje estás a ler- o descobri-mento do mesto urdimento subterráneo que ali-menta tal aparelho de propaganda. Porque nomnos enganemos: aquém e além de umha magis-tral pedagogia conservadora e espanholizante,da qual a TVG é paradigma, o lucro sem custosou grandes riscos actua como motor da televi-som autonómica e empresinhas satélites quemedram ao seu abrigo. A partir dessa habitualhabilidade da direita que sem complexos amal-gama benefício económico com auto-promoçompolítica, a corrupçom enquistada no ente públi-co engorda sem barreiras com as misérias dostempos nossos: umha mao de obra tam jovem ebem qualificada como submetida à tirania docontrato precário e a ameaça do desemprego;umhas centrais sindicais tam afeitas à defesaquase corporativa do trabalhador acomodadocomo incapazes de atingir as novas problemáti-cas que o neoliberalismo injectou no mundo dotrabalho; uns quadros directivos tam ansiosos nocontrolo como hostis perante umha língua e umpaís que, em pleno século XXI, continua escra-vizado e sem televisom.

editorial

O couto privado

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Rádio e músicagalega na Catalunha

Interessante crónica chegadade um país que sempre secaracterizou por acolhernumerosas iniciativas galegas

editorialFevereiro 2005novas da galiza 3

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4 notícias Fevereiro 2005 novas da galiza

notíciasNacionalismo maioritário dividido perante o referendo da Constituiçom Europeia

Forças partidárias do “NOM” implicam-se a fundo na campanhaRedacçom

Em contraposiçom aospartidários do sim, insistentesem procurar apoiospretensamente nom políticos nasua campanha de apoio aotratado constitucional europeu,os diversos movimentos sociaisque na Galiza pedem o votonegativo lançárom campanhasinformativas e de agitaçom maisclássicas. Ao mesmo tempo,aproveitárom para denunciar autilizaçom ilegítima de fundospúblicos em defesa daconstituiçom europeia e obloqueio informativo da opçomcontestatária.A Plataforma Galega polo Nom,que agrupa um amplo conjuntode forças independentistas e daesquerda extra-institucionaldemonstrou ser a estrutura commais intensa presença de rua.Após o sucesso alcançado poloForo Social Galego organizadoem Compostela, umha série decomícios nas principais cidadesdo país continuou o laborinformativo iniciado nos mesesanteriores. Para além da

distribuiçom de milhares decartazes e panfletos chamando opovo galego a votar nom, areivindicaçom tivo um tom maislúdico com actos em PonteAreias e Ferrol. No auditóriomunicipal Reveriano Soutulhoda capital do Teia decorreu umconcorrido acto anti-constitucional com a presença

de conferencistas e poetas; emTrás-Ancos, por seu turno, aFundaçom Artábria acolheu umcomício a cargo de MaurícioCastro (NÓS-UP), BraulioAmaro (Bases DemocráticasGalegas), José Colaço (PCPG) ,Fran Aneiros (FPG) e RobertoLaxe (PRT-ER). Também nestecaso a arenga política se

complementou com areivindicaçom poética e musical.Os vigueses Skárnio encerráromo acto.O nacionalismo representadopolo BNG também fijo umimportante esforço nos vintedias de campanha. AnxoQuintana participou emnumerosos comícios ao longo de

todo o país explicando aposiçom oficial da frente, quesolicita um nom a tempo com alegenda É possível umha Europamelhor. Francisco Rodríguez eXosé Manuel Beiras tambémtomárom a palavra em actospúblicos, caracterizando-se pordeclaraçons mais contundentescontra o que definírom como aEuropa das oligarquias e dosEstados. O mesmo discursocaracterizou a organizaçomjuvenil Galiza Nova. Esta linha,porém, nom ocultou as gravesdesavenças que se manifestaramdesde há meses. CamiloNogueira, por exemplo,continuou a solicitar a essaampla percentagem demilitáncia descontente o votoafirmativo, enquanto queEsquerda Nacionalista sepronunciava publicamentecontra a tese oficial do BNG.Outras organizaçons sociais docampo nacionalista fizérompública durante a campanha asua oposiçom ao tratadoconstitucional: ADEGA pediu onom europeísta do eco-pacifismo.

Redacçom

O Movimento Defesa daLíngua (MDL) realizou nopassado dia 29 de Janeiro a suaVII Assembleia Geral emOurense. Com a intençom depoder reforçar-seorganicamente e de acrescentara sua presença social comoelemento normalizador, asassociadas e associados destecolectivo começárom poravaliar os resultados do últimoperíodo, ficando patente aimportáncia do Fórum daLíngua que organizaram emMaio passado. Posteriormentetivo lugar um debate sobrelinhas estratégicas futuras e

medidas organizativas, no qualas diferentes zonasidentificárom os diversoscampos de actuaçompendentes. Após várias horasde debate e análise, aassembleia acordou focar aactuaçom no próximo períodoem três frentes: por umha partereforçar a organizaçom interna,melhorando a comunicaçomcom os sócios e sócias. Nestesentido acordou-se a ediçom deum boletim de informaçomlingüística, a ediçom de novomaterial e a activaçom ecoordenaçom das zonas. Umsegundo campo de acçomabrangerá a análise e a respostasocial, com a elaboraçom e

seguimento de campanhas anível nacional e contactos comoutros grupos lingüísticos esociais para actos conjuntos ecoordenados; num terceiro einovador frente pretende criar-se um gabinete de recursoslingüísticos para fornecer demateriais os colectivos eparticulares que precisaremajuda em actividadesrelacionadas com anaturalizaçom da língua. Oscargos directivos ficáromocupados por Carlos Figueirascomo porta-voz nacional, VítorMeirinho, responsável deorganizaçom e Teresa Carro,responsável de material efinanças.

Redacçom

O Vale da Amaía, pequenacomarca natural que abrange osconcelhos de Briom e Ames, contajá com um núcleo dinamizador davida cultural em chavenacionalista. Ainda que proce-dentes de diferentes pontos dageografia da zona, os membros darecém criada associaçom A Foucede Ouro tomárom como referênciao núcleo urbano de Bertamiránspara desenvolverem as suasactividades.A pluralidade política e adiversidade geracional som asnotas dominantes na associaçom,que se apresentava publicamenteno passado dia 29 de Janeiro na

casa de cultura de Bertamiránscom o propósito expresso de abrirum espaço livre para a língua, acultura e a dissidência no Vale daAmaía. No passado Outono, aFouce de Ouro realizava ummagusto que serviu de primeiratomada de contacto com avizinhança. Neste Inverno, areferida apresentaçom formal e aprocura de financiamento para ofuturo centro social coincidiu coma saída à luz do periódicotrimestral A folha da fouce, quecombina o tratamento de temassócio-políticos diversos com acriaçom literária e notícias dazona. Boa parte dos artigos dapublicaçom vam escritos nanorma histórica do galego.

MDL reforçará presençasocial a favor da língua

Projectam criaçom deum centro social noVale da Amaía

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notíciasFevereiro 2005novas da galiza 5

Transferência de competências nas IlhasAtlánticas descontenta ambientalistasRedacçom

O modelo de gestom da rede deParques Naturais do estadoespanhol, compartido até há unsmeses polo governo central e ascomunidades autónomas, passaráagora, segundo umha resoluçomdo Tribunal Constitucional, a sercompetência exclusiva destasúltimas.De acordo com esta transferênciade competências, o Parque dasIlhas Atlánticas será responsabili-dade unicamente da Junta daGaliza, que já tinha reclamadocom anterioridade um maior poderna gestom deste espaço. A decisom supom um aumento daautonomia galega dentro do actualmodelo territorial e governamentaldo Estado espanhol. No entanto,de um ponto de vista ambiental, amedida no curto prazo nom semel-ha positiva.O Parque das Ilhas Atlánticas, for-mado polas Cies, Ons e Sálvora,acolhe ao redor de 2.300 espéciesanimais diferentes, para além deser um espaço com um grandenúmero de plantas ameaçadas. 19espécies e subespécies das recolhi-das no Livro Vermelho da floragalega, e 6 das da Lista Vermelhado Estado espanhol, onde só seincluem aquelas consideradas, nomínimo, como vulneráveis pola

Uniom Internacional deConservaçom da Natureza(IUCN), encontram-se representa-das nestes ecossistemas costeiros.A gestom de um espaço naturalcomo Parque Nacional significa-va, até agora, garantir o estadoactual do que eram territóriosapenas afectados pola explora-çom e a modificaçom humanamediante um estudo e cataloga-çom constante dos seus ecossiste-mas, para além de umha restri-çom no número de visitas e deactividades realizadas neles.O Parque das Ilhas Atlánticasestá, porém, incluído nos itinerá-

rios turísticos recomendados porTurgalicia, e a Junta da Galizamostra umha clara tendência aressaltar este tipo de usos. Ainda,dias depois de dar-se a conhecer anova decisom, Carlos del Álamo,ex-conselheiro do Ambiente,comunicou publicamente que osgrandes navios poderám empre-gar as águas do parque comorefúgio, o qual, segundo XabierVázquez, responsável deBiodiversidade de ADEGA, faipensar também num possível usodesportivo de alto nível das mes-mas (iates, etc.).Segundo este colectivo ambienta-

lista, a incompetência do quadroda Conselharia do Ambiente emmatéria de conservaçom da natu-reza evidencia-se na má gestomque se tem estado a realizar nou-tros espaços naturais ao seucargo, como no caso deCorrubedo, e no claro desinteres-se prático que mostram em rela-çom ao tema. A questom orçamentária é outrodos pontos incertos desta transfe-rência de competências. Até agora,o governo espanhol assignava unsfundos para a rede de ParquesNacionais, mas agora esta despesadeverá ser enfrentada polas comu-nidades autónomas, sem que fiqueainda especificada a maneira exac-ta nem a quantidade que se desti-nará a esse fim. ADEGA manifestou também oseu desacordo com que a gestomseja realizada pola Junta, perantea possibilidade de virem a aumen-tar as práticas caciquistas. "Sepoliticamente mudasse a situa-çom, talvez a Junta pudesse assu-mir com garantia a gestom doParque. Mas com a situaçomactual é desastroso".O colectivo ambientalistaGreenpeace mostrou também oseu desacordo perante a cessomtotal de competências, pois consi-dera que se debilita a protecçomfrente à especulaçom imobiliária.

Redacçom

A secçom segunda da AudiênciaProvincial de Lugo retirou a penade prissom ao professor daUniversidade de Santiago deCompostela Bernardo ValdêsPaços. Valdês Paços, de 34 anos,fora acusado e condenado por umdelito de agressom a um guarda-costas de Mariano Rajoy ocorri-do a oito de Fevereiro de 2003,

durante um acto de protesto con-tra o governo espanhol e a suaactuaçom no atentado ambientaldo Prestige. A pena imposta aBernardo Valdês numha primeirasentença, ditada a dezoito deJunho do passado ano consistianum ano de prisom e inabilita-çom do sufrágio passivo, o paga-mento de umha multa de 360euros e de umha indemnizaçomde 400 ao agredido. Este ditame

judicial foi duramente criticadopolos movimentos sociais e oscolectivos anti-repressivos deLugo, que entendêrom parciali-dade na admissom de testemun-has. A representaçom legal deBernardo Valdês interpujo umrecurso, que a AudiênciaProvincial de Lugo estimou emparte, tirando a pena de cadeiamas mantendo a multa e a indem-nizaçom. Esta sentença estabele-

ce que "a inconcreçom do factoprovado, como todas as dúvidas,deverá ser actuada a favor doacusado" e rebaixa para umha"simples falta de violênciamenor" o anterior "delito de aten-tado". O novo ditame retira, aliás,a inabilitaçom que implicava acondenaçom anterior. No entan-to, a Audiência assegura, contra amaioria das testemunhas, que oataque ao escolta existiu.

Retirada pena de prisom ao professor BernardoValdês, condenado por um acto contra Rajoy

Querem erguerum obeliscoreligioso numcastro de Barro

NGZO grupo religioso de extrema-direi-ta "Associaçom Fraternidade deCristo Sacerdote e Santa MariaRainha" , com o respaldo doPresidente da Cámara Municipal deBarro (PP), quer levantar um monó-lito de 38 m. no monte da Cham emque se encontra um antigo castrocelta. O obelisco foi concebidocomo um "Monumento Nacionalao Imaculado Coraçom de Maria" econsiste numha estrutura de 38 m.de alto por 25 m. de base equivalen-te a um prédio de doze andares, pre-cisando da autorizaçom explícita daConselharia da Cultura dado que azona onde se quer levantar figurano Plano Geral de OrdenaçomMunicipal (PGOM) como "de pro-tecçom patrimonial integral".O BNG de Barro denunciou publi-camente esta tentativa e mesmolevou o caso ao Parlamento galego.O seu porta-voz municipal,Gonzalo Reboredo, afirma que hápressons políticas perante aConselharia para lograr a autoriza-çom de Património.A agrupaçom local do BNG foidefinida polo presidente daCámara, J. Antonio Landim, como"grupo de mentes estreitas, por seoporem ao turismo". Este curiosopersonagem também afirmou quefará tudo o que estiver em sua maopara que o projecto prospere,"mesmo com a colaboraçom econó-mica da Cámara, porque creio que éumha actuaçom que será boa paraBarro ou porque eu acredito emDeus. Em Espanha só há monu-mentos deste tipo em duas cidades,Saragoça e Madrid".A associaçom religiosa em causafoi fundada em 1990 por ManuelFolgar, pároco de Arcos daCondessa, e figura no registo daarquidiocese de Santiago deCompostela como MovimentoApostólico de Espiritualidade eApostolado. Na sua página webpodem ver-se chamamentos àmobilizaçom juvenil "seguindo ospassos de tantos jovens santosespanhóis que ao longo da históriatenhem dado grande glória a deus, àigreja e a espanha...", assim comoligaçons directas a páginas da extre-ma-direita espanhola.

De um ponto de vista ambiental, a medida no curto prazo nom semelha positiva

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6 notícias Fevereiro 2005 novas da galiza

Redacçom

O grupo empresarial liderado porCaixa Galicia e a multinacionalGeorgia Pacific anunciárom nopassado dia 1 de Fevereiro aanulaçom do projecto da fábrica detisu no complexo da ria de PonteVedra. A decisom estivo marcadapolos entraves legais aos planos deEnce, em confronto com a CámaraMunicipal, bem como polos riscoscomerciais do investimento e adata final da concessom dosterrenos em 2018.A instituiçom municipal e oscolectivos ambientalistas saúdamesta notícia e insistem nanecessidade de que Ence abandone

a ria. Polo contrário, CCOOacabou de anunciar novasmobilizaçons contra o governomunicipal, em sintonia comManuel Fraga, que criticouduramente a gestom de MiguelAnxo Fernández Lores.No ámbito do corpo deaccionistas, Barclays vendeu 6,5%das acçons que ainda mantinha nacelulose a Alcor Holding, empresadirigida por Alberto Cortina eAlberto Alcocer, personagens que,como assinalamos no númeroanterior de NOVAS da GALIZA,introduzírom há pouco umrepresentante da multinacional dojogo Cirsa no conselhoempresarial da construtora ACS.

'Os Albertos' já contavam com3,5% do capital de Ence emDezembro de 2003, quando seconhecia o seu propósito de atingir10% das acçons. Com esta quantiaconseguida, o peculiar par deempresários corruptos ascende atéo segundo posto no corpo deaccionistas da empresa, só pordetrás de Caixa Galicia. Apercentagem conseguida superaem meio ponto a que mantinhamem Ence através do BancoSaragoçano, com o qual Cortina eAlcocer recuperam a sua posiçomna companhia prévia àinabilitaçom motivada polo casoUrbanor que os afastara do bancoaragonês.

Redacçom

Segundo denunciou ADEGA, ogoverno autonómico continua amanter a incineraçom como eixofundamental da sua política deresíduos, ainda que eufemisti-camente a denomine política devalorizaçom energética. A recenteaprovaçom do Plano de Resíduos2004-2010 nom só nom contémnenhuma revisom do caminho ini-ciado por SOGAMA, como tam-bém ignora mesmo as orientaçonsque da Uniom Europeia chegam

nessa direcçom. De facto, e aindaque entre 1998 e 2003 a produçomtotal de lixo aumentasse na Galizaem 23%, o plano de re-cente apro-vaçom dedica ao aspecto preventi-vo tam só 0'5% do seu orçamento.Da mesma maneira, e apesar de seter estipulado numha directivaeuropeia de 1994 que a percenta-gem média de resíduos domésticosreciclados deveria ser de 25%, naGaliza de 2003 nom foi ultrapassa-da a percentagem de 12%.Para ADEGA, o reconhecimentoque a Junta fai agora da composta-

gem chega tarde, é parcial, colocalimites de qualidade inevitáveisque dificultam o seu espalhamentoreal e ignora os esclarecedoresresultados das Marinhas, Barbançae Corunha, onde funcionam cen-trais de compostagem impulsiona-das polo poder municipal.No respeitante à pretensom de"vertido zero" que a Junta mani-festa querer alcançar, a organiza-çom ambientalista entende que setrata só "de um slogan" que nomtem nada a ver com objectivosfactíveis.

Ence renuncia à construçomda papeleira em Louriçám

ADEGA denuncia aumento daproduçom de lixo na Galiza

As Neves contra a violência machista

'Os Albertos' convertem-se nos segundos accionistas da companhia, por detrás de Caixa Galicia

Redacçom

Mais de setenta mulheressecundárom a concentraçomrealizada no dia 29 de Janeiro navila das Neves com motivo dacampanha de denúncia públicaque a Assembleia de Mulheres doCondado está a levar a cabocontra José Luís EstévezRodríguez, um vizinho das Nevesque tem violado várias mulheres etentou violar mais umha, sem tersido julgado por estes gravesfactos até o momento. Umhacaravana de automóveis saiupouco depois das 11 da manhá daestaçom dos autocarros de PonteAreias até a vila das afectadas. Posteriormente, o conjunto das

concentradas ocupou com a faixada AMC e bandeiras lilás a sala deplenários da Cámara Municipal,onde estava a realizar-se umplenário ordinário. Após mais demeia hora de pressons, opresidente da Cámara acedeu àsolicitaçom que Íria Medranho,em representçom da AMC,apresentou ao Governomunicipal. Assim, no ponto derogos e questons, foi acrescentadaumha série de pedidos que fôromadoptados por unanimidade. ACámara Municipal das Nevesfacilitará ajuda económica às duasmoças que denunciárom José LuísEstévez Rodríguez para darcobertura jurídica e assumir osgastos derivados das denúncias.

Mais um sindicalista condenado a prisom pola greve de 2001Redacçom

O titular do Julgado do Penal nº 1de Ponte Vedra, José AntonioPérez Nevot, acabou de emitirumha sentença que condena osindicalista Vítor M.G. a dousanos de prisom e inabilitaçom dosufrágio passivo sob a acusaçomde ter incendiado umha central detelefonia da empresa Telefónica eter feito umha pintada numcamiom de transportes operativopor ocasiom da greve de Junho de2001. O juiz também obriga ooperário a pagar polos danoscausados à empresa de telecomu-nicaçons e a Transportes JemarpoSL umha quantidade elevadaainda por determinar, cujopagamento poderia impedir a suaentrada em prisom.A acusaçom do juiz nom estáapoiada por testemunhas dosfactos nem provas, polo qual, diza sentença, "só cabe estabelecer asua comissom através de umhapresunçom ou polo que se

conhece como 'prova deindícios'". Os indícios baseiam-seno depoimento de dous agentes daGuarda Civil que o identificáromposteriormente com umha garrafade combustível, quando o piqueteia cortar o tránsito com umhabarricada, mas nom recolhemdados que vinculem directamenteo militante da CUT com os delitosassinalados.No julgamento, que forasuspendido em quatro ocasionspor falta de testemunhas daacusaçom, depugérom tambémcinco pessoas que participavamno piquete, às quais o juiz restoucredibilidade polos "vínculos desolidariedade que unem osmanifestantes em favor da mesmacausa", "conforme à máxima daexperiência". Pérez Nevot enviouas actas do julgamento para aFiscalia da Audiência Provincialpara determinar se os sindicalistasincorrêrom em delitos de "falsotestemunho em causa criminal pordelito".

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análiseFevereiro 2005novas da galiza 7

Aprova-se Plano de NormalizaçomLingüística com vinte anos de demora

Alonso Vidal

Mas esta unidade de critérios do PP,BNG e PSOE que conduziu à apro-vaçom do Plano nom parece corres-ponder-se com a percepçom queoutros colectivos lingüísticos ten-hem sobre o problema.Assim, Carlos Figueiras, porta-voz do Movimento em Defesa daLíngua (MDL), considera criticá-vel o facto de "o reintegracionis-mo nom ter sido chamado à co-elaboraçom do documento". Alémdisso, as directrizes estratégicas eos objectivos específicos que serecolhem no plano deveriam levarem conta a Lusofonia como umharealidade próxima e singular paraa Galiza. Também nom se recol-hem medidas específicas para oaproveitamento dos recursos for-necidos pola Lusofonia para anormalizaçom da língua. As possi-bilidades neste campo para a lín-gua da Galiza, com as quais nomcontam a basca ou a catalá, deve-riam ser aproveitadas. Para Ânge-lo Cristóvão, secretário daAssociação de Amizade Galiza-Portugal (AAG-P), "o plano apro-vado não perspectiva o galegocomo língua nacional, pelo con-trário, reforça a concepção folcló-rica e castelhanista, mantendo ogalego subserviente da culturaespanhola". Esta concepçom estáevidenciada no facto de nom tersido considerado um problemaimportante a deterioraçom pro-gressiva dos usos lingüísticos.Para Cristóvão existe "uma relaçãodirecta entre a difusão unánime egeneralizada desta concepção fol-clórica, naturalista, populista dogalego e o facto de os seus utenteso abandonarem a favor do castelha-no". Assim, todas as medidas pre-

vistas neste plano implicam ereforçam a necessidade do castel-hano como língua de cultura, poloque dificilmente poderám conse-guir umha normalizaçom lingüísti-ca duradoura.

O plano cego do optimismoOs dados som contundentes.Estamos em pior posiçom quantoao número absoluto de utentes e alíngua está ausente dos nossosinfantários, o que nos dá umhaideia do futuro que lhe aguarda. OPlano é umha lista de desculpaspara justificar o fracasso da políticanormalizadora do PP, um cúmulode argumentos falazes sobre a"impossibilidade de normalizar"apesar da "magnífica actuaçom"dos poderes públicos. Como se asituaçom actual nom se devesse àdesídia do Governo, quando nom aumha política calculada de des-truiçom do idioma.Neste sentido afirma-se sem o maismínimo rubor que " a sociedadegalega percebe que a língua galegaestá em processo de se converter nalíngua normal de inumeráveis acti-vidades: o dia das Letras Galegas eo Dia da Galiza som o epicentro deumha actividade multiforme que

cada ano abrange mais célulassociais" , para mais adiante ressaltarcinicamente que "umha das estraté-gias que primeiro haverá que revi-sar é a do pessimismo. A discussoma respeito da saúde da língua galegacostuma ir acompanhada de umdramatismo muitas vezes excessivoe contraproducente". Aconselha-se-nos que reparemos numhasquantas línguas do mundo queestám em pior situaçom que anossa, por contar actualmente comtrês, quatro ou dez utentes.

A culpa é dos e das falantesNo fundo trata-se de reduzir a res-ponsabilidade normalizadora aomero voluntarismo individual: alíngua nom está normalizada, enom é por causa da perda dos usosmais habituais nas relaçons sociaise na família, mas porque os galegos"nom querem usá-la". Assim,obviamente, os poderes públicosficam isentos de qualquer responsa-bilidade. A culpa, querido Bruto,temo-la nós mesmos. Nom se podeevitar o sorriso quando o Plano nosdá argumentos em favor do poten-cial da língua na Galiza: "Há muitaspessoas da Galiza que nom falamnunca galego, mas que poderiamfalá-lo se quigessem"; porque a"vantagem" que temos aqui é que"nom temos que fazer nascer umhalíngua de onde nom existe, masfazer emergir e surgir a língua queestá oculta". O espanhol é já a lín-gua maioritária de relaçom porquea outra está oculta no interior decada galego e nom consegue sair aoexterior nem com o mais forte dosexorcismos. O PGNL tem saudadesdos tempos em que a mulher ficavaem casa e as crianças "passavamhoras com a sua mae e recebiam oléxico e a gramática entre beijos,leite e pam" (sic). Isso sim que eranormalidade lingüística.

O Espanhol, nem tocá-loUm plano de normalizaçom doGalego que está cheio de referên-cias à necessidade de preservar ocastelhano. Umha e outra vez insis-te-se: "Nom se trata de ir contra ocastelhano, e é bom reiterá-loexpressamente, nem de tirar a lín-gua castelhana a nenhum cidadao,já que o castelhano, para além deser língua oficial é um factor decomunicaçom imprescindível". No

fundo está a ideia de que se devereservar ao espanhol a funçomsocial mais relevante, ficando ogalego a cumprir um papel subsi-diário e renunciando à sua dimen-som internacional, já apontadapolas Irmandades da Fala vai paraum século. A desconsideraçom daperspectiva galego-portuguesa é oprincipal lastro no verdadeiromotor normalizador: a utilidade noâmbito social e económico. Avisom reducionista que recolhe oPGNL determina -como há vinteanos- que os principais instrumen-tos considerados sejam as campan-has informativas apelando à boavontade dos agentes sociais.Campanhas para as igrejas, os giná-sios, as famílias, a banca, os liceus,o comércio, as empresas funerá-rias... Isso sim, acompanhadas demedidas contundentemente dispa-ratadas para mudar a situaçom. Sóuns exemplos: fazer do Ballet Reide Viana um embaixador da línguaem todos os seus espectáculos; con-vénios para que no ensino em paí-ses sul-americanos com emigraçomgalega se dedique um dia ao anopara falar de Rosália, Castelao ouSeoane; dirigir-se aos ginásios paraque vinculem o aperfeiçoamentofísico com a língua galega; criaçomde um prémio anual que distinga oimigrante que alcance maior nívelde domínio da língua; redigir umdicionário de abreviaturas SMS. Oua número 6.6.6, a nossa preferida:"Fomentar a apariçom de Noites dePerguntoiro em "pubs" estrategica-mente seleccionados das cidadesgalegas (a semelhança das "QuisNight" do Reino Unido) nas quaisos ganhadores ou ganhadoras deumha competiçom de Perguntoiroterám grátis a bebida". Eu quero alista desses "pubs"...

análise

Os grupos políticos com representaçom noParlamento galego acabárom de aprovar oPlano Geral de Normalizaçom da Língua(PGNL) por unanimidade. Após um preámbuloem que se analisa a situaçom da língua na

Galiza depois de várias décadas de processonormalizador, proponhem-se 445 medidasconcretas para reactivar a sua presença social.Entre as medidas mais "inovadoras" estám aobrigatoriedade de leccionar no ensino 50%

das matérias em galego -renunciando-sedesta maneira ao modelo educativo baseadona imersom lingüística-, ou a de conseguirque 30% da imprensa esteja escrita emgalego em 2014.

Os dados som contundentes. Estamos em pior posiçom quanto ao número absoluto de utentes e alíngua está ausente dos nossos infantários, o que nos dá umha ideia do futuro que lhe aguarda.

Um plano denormalizaçom doGalego que está

cheio de referênciasà necessidade de

preservar ocastelhano. No

fundo está a ideia deque se deve reservar

ao espanhol afunçom social mais

relevante.

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8 reportagem Fevereiro 2005 novas da galiza

Daniel Gudim / C. Barros

Existe uma palavra que definemuito bem o estado anímico damaioria dos empregados e empre-gadas da CRTVG, essa palavra émedo. Medo às represálias dosaltos cargos da companhia e dopróprio governo galego. Estasituaçom verifica-se na posiçomcontratual precária de um grandenúmero de trabalhadores e trabal-hadoras que nestes momentosestám dentro da empresa.Se fazemos umha análise das per-centagens em que se poderia divi-dir o quadro assalariado, os dadosresultantes acusam a desvantagemda ida e vinda de pessoas contrata-das, o qual dificulta o seguimentocerteiro da flutuaçom laboral naCRTVG. Mesmo assim, pode-seassegurar que no canal televisivo onúmero de eventuais situa-se porvolta de 31,5% do pessoal,enquanto na rádio o número ascen-de até 57,5%, segundo dados doComité de Empresa.A tipologia de contratos que seefectuam no seio do ente públicogalego é indicador da instabilidadeque se vive na 'casa'. De contratoslaborais através de ETT's até aque-les que se fam segundo umhalegislaçom tam legal como obscu-ra, passando polos contratosFEUGA, Labora e os trabalhado-res acolhidos em regime de está-gio, isto é, em tempo de práticas.Examinando o quadro assalariadoda TVG, observamos umha clarapredomináncia de contratos even-tuais em certas secçons. A estrelasom os "desportos", onde só nacategoria de "montador" trabal-ham dezoito pessoas, divididas emtrês turnos. Das dezoito, doze someventuais e só quatro som efecti-vas de empresa. O motivo, entreoutros, é a desproporcionada pre-sença do futebol nos espaços des-portivos, que provoca que as con-

trataçons se fagam tendo em contanomeadamente o calendário daliga espanhola.Os contratos FEUGA e Laborasom outra das fontes que forneceempregados à CRTVG. Nompodem desenvolver tarefas dedirecçom, mas as funçons delesvam muito além do trabalho debolseiro, assumindo responsabili-dades que em ocasions alcançama direcçom de programas ou deredacçom.Nom obstante, o caso que mais estáa preocupar entre os quadros sindi-cais é a contrataçom artística. Nestamodalidade as duas partes podemnegociar os salários que receberá oartista, sendo esta a principal dife-rença com as outras formas de con-tratos. Assim, a empresa conseguecolocar pessoas em postos de res-ponsabilidade que só podem estarocupados por pessoal efectivo dacompanhia. As secçons sindicais daUGT e da CIG confirmárom esteextremo, afirmando que esta práticafraudulenta se utiliza para a ocu-

paçom de categorias laborais recol-hidas no contrato colectivo assina-do pola empresa. Muitas destasacçons ocultam a ilegalidade,outorgando nomes como 'adjuntode direcçom' a um posto que teriaque desenvolver pessoal profissio-nal próprio. Algo semelhante acon-tece com os Labora.

Despedimentos e deslocalizaçomEntre Janeiro e Fevereiro finalizá-rom o seu contrato dúzias de pes-soas. Parte delas estám a ser subs-

tituídas por bolseiros e bolseiras,enquanto outras voltarám aosseus postos de trabalho semanasou meses depois, com o objectivode evitar umha relaçom laboralestável com a empresa. Este tipode práticas som habituais no entepúblico audiovisual, que prefereevitar que os postos efectivossejam ocupados por pessoas"nom controladas".Mas o cerne da questom encon-tra-se nas irregularidades cometi-das pola companhia, que nomentrega ao comité de empresa alista de entradas e saídas de tra-balhadores na qual se reflectemos movimentos do quadro laboral.Sem esta documentaçom nom sepode conhecer claramente a polí-tica de contrataçons. Os sindicatos quigérom deixarconstáncia destas práticas irregula-res e pô-las em conhecimento dasautoridades laborais. Para darsoluçom a isto pedírom umhaampliaçom do catálogo e a contra-taçom de pessoal efectivo median-

te a convocatória de concursospúblicos, algo que nom se produ-ziu nos últimos doze anos. A UGTconsidera esta atitude como umhaforma de controlo dentro daempresa, pois com instabilidadelaboral é muito maior o medo aperder o posto de trabalho. Daí quehaja directores de informativosamparados em contratos eventuaispara elaborar informaçom acordecom o ditado em Rajói.A partir da criaçom da CRTVGhouvo muitas mudanças nas tare-fas atribuídas à empresa e, sobre-tudo, à TVG. Desde a chegada doGoverno Fraga produziu-se umhadeslocalizaçom generalizada deactividades que antes eram exclu-sivas da TVG. Um dos casos maisconhecidos é o da produtora TV7.Com um escasso quadro assala-riado inicial, enviava crónicas deOurense depois utilizadas polaTVG para preencher espaços.Esta produtora, que mudou odomicílio para o PolígonoIndustrial do Milhadoiro emJaneiro, começou em Compostelautilizando material e a própriasede da TVG. Após um cresci-mento de capital conseguidograças à política de subsídios (ocapital inicial era de 24.040,48euros enquanto as vendas no últi-mo ano chegárom a 1.552.576,53euros), tem umha excelente infra-estrutura, mas aplica umha políti-ca laboral que lesiona os direitosfundamentais dos trabalhadores.Horários que podem chegar até asdoze ou quinze horas, jornadaslaborais durante todos os dias dasemana; é só umha ínfima partedo que acontece dentro destacompanhia propriedade deAlfredo Alemparte Blanco.O verdadeiro problema da deslo-calizaçom está em que impedeque os sindicatos tenham contro-lo algum sobre a política daempresa, dificultando a pro-

Empresas e jornalistas situam-se perante a possível alternáncia e a chegada da Televisom Digital Terrestre

Precariedade laboral asseguracontrolo político da CRTVG

A instabilidade laboral e a manipulaçomdas notícias, nomeadamente as de carácterpolítico, som dous eixos fundamentais nofuncionamento da Companhia de Rádio--Televisom da Galiza (CRTVG), em queestám integrados os dous meios públicosaudiovisuais do País.

Contrataçons laborais precárias, valendo-se deempresas de trabalho temporário; uso de pessoaleventual para desenvolver tarefas próprias detrabalhadores efectivos, passando por práticasde controlo sobre a elaboraçom das notíciaspolíticas. A empresa pública encerra em siprópria um alto número de irregularidades, que

se mantenhem a um ano escasso da irrupçom dosegundo canal autonómico.O mais destacável é o excesso de empregoseventuais, o abuso das bolsas de todo o tipo paracobrir postos de trabalho e o uso de favores paraa ocupaçom de cargos relevantes por parte demembros do PP e pessoas próximas.

reportagem

O número de eventuais no canal televisivo situa-se por volta de 31,5% do pessoal, enquanto na rádio o número ascende até 57,5%, segundodados do Comité de Empresa. Os contratos que se efectuam som indicadores da instabilidade que se vive na ‘casa’.

Desde a chegadado Governo Fragaproduziu-se umha

deslocalizaçomgeneralizada deactividades que

antes eramexclusivas da TVG

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tecçom dos direitos laborais. Estaprodutora é a que colocou emNova Iorque a correspondenteBelén López, que realiza todos ostrabalhos de redacçom e pro-duçom sem maior ajuda.

DesinformaçomA política informativa seguidaconfirma o servilismo já denun-ciado polo comité de empresa porocasiom do caso Prestige. A suavisom da realidade segue as diná-micas geradas polos cargos quedirigem os informativos. Muitospostos de responsabilidade someleitos directamente polo governoda Junta, que designa gente da suainteira confiança. Depois, estaspessoas escolhem outras mais pró-ximas para serem situadas nospostos chave da direcçom. Os novos chefes encomendam tra-balhos de política aos e às jornalis-tas que mais confiança inspiram, eserám estes os que mais tarde intro-duzam as informaçons estruturadaspara favorecer o governo da Junta.Segundo um estudo de CC.OO.,durante a campanha para as últi-mas eleiçons europeias, ManuelFraga ocupou 69,69% das decla-raçons do Telejornal da tarde; aseguir estava Quintana com 15% e

Zapatero com perto de 8%.Quanto à imagem de Fraga, sabe-se que nom se podem tirar ima-gens de perto do político deVilalva. Neste sentido tambémsom escolhidos operadores decámara de confiança que conhe-cem de antemao qual será a suafunçom quando tiverem diante ochefe do executivo galego. O últi-mo caso em relaçom com oPresidente produziu-se no discur-so de Fim de Ano. A maquilhado-ra contratada de TVE, na limpezaprévia à aplicaçom de correctores,fijo sangrar umha das manchas datesta de Fraga, o que o levou adesistir de sair à frente das cáma-ras, segundo se conta na redacçomde informativos. No entanto, amediaçom de Pérez Varela e umhaintensa capa de maquilhagem con-seguírom que o discurso do passa-do dia 31 de Dezembro se produ-zisse, como se pode comprovar noweb institucional da Junta.Um exemplo recente de imposiçomsobre o trabalho jornalístico foi o deLuís Quintas Rodríguez, quedenunciou a manipulaçom de umhanotícia sobre os dados do desem-prego na Galiza. A direcçom tergi-versou o seu conteúdo sem o con-hecimento de Quintas, suprimindo

o ponto em que se falava de que odesemprego tinha aumentado naGaliza 5%. A resposta do directorJulio Rodríguez para justificar estefacto foi que "o tempo doTelejornal da noite é mais curto".Esta maquinaria propagandísticamantém-se graças a políticas clien-telares de contrataçom, que aborda-remos no vindouro número doNovas da Galiza com exemplossignificativos desta prática na TVG.

Movimentos perantea possível alternánciaA proximidade da próxima convo-catória de eleiçons nom é alheia àvida interna da CRTVG. Osesforços por minimizar a crise doPartido Popular fôrom tangíveis,por exemplo, no tratamento infor-mativo do inquérito de La Voz deGalicia que outorgava a maioriaabsoluta para a uniom da oposiçomparlamentar: os cabeçalhos só anun-ciavam que o PP continuava a ser aforça mais votada. Mas entre a ofi-cialidade que dirige o canal, a atitu-de perante a possível queda do PPtem estado a se manifestar de formadiferente. Se bem que certos res-ponsáveis mantenham a lealdade aPérez Varela, outros aproveitampara manter contactos com o PSOE,

e facilitando informaçom a este par-tido. Muitas das pessoas que diri-gem a linha política da TVG man-tenhem-se no trabalho desde aépoca do governo tripartido e sou-bérom manter os seus postos obede-cendo diferentes directrizes, confor-me fontes do canal. No entanto, oscálculos eleitorais estám a provocarque alguns jornalistas se esforcempor dar um melhor tratamento infor-mativo às forças da oposiçom. Nopassado aniversário do afundamen-to do Prestige e perante a notícia damanifestaçom de Nunca Mais, asprimeiras declaraçons a abrir oinformativo correspondêrom aIsmael Rego (PSOE), algo inauditonumha TVG que utilizara politica-mente a histórica mobilizaçom do 1de Dezembro de 2002. Exemplos

como este estám a proliferar graçasa jornalistas que querem assegurar oseu futuro laboral no canal público.Por outra parte, um colectivo dejornalistas da CRTVG apresentourecentemente umha iniciativalegislativa popular que reclamavamudanças no ente rádio-televisivoencaminhadas à sua democrati-zaçom. O seu porta-voz é XoséManuel Vega, apresentador doprograma Parlamento e possívelcandidato a director de informati-vos se se produzisse a alternáncia,segundo se conta nos corredoresda empresa. Também na perspec-tiva da mudança, o ColégioProfissional de Jornalistas daGaliza (CPJG) está a incentivar odebate sobre a reorganizaçom daCRTVG e os meios de comuni-caçom dependentes das insti-tuiçons. No passado dia 22 deJaneiro convocava umha jornadade 'Propostas e Debate de umnovo Modelo de Meios Públicos'em que se abordárom linhas pararedefinir o seu papel, destacando afunçom de serviço público edefendendo a sua independênciafrente ao poder político, nummomento em que se está a prepa-rar a multiplicaçom de canais decarácter público e privado.

Repartir o boloda televisom digitalA estreia do segundo canal da TVGestá prevista já para finais desteano, conforme já anunciou o direc-tor geral da rádio e televisomFrancisco Campos. A sua chegadaabre o caminho da iminenteTelevisom Digital Terrestre (TDT),que substituirá definitivamente omodelo de emissom actual entre2008 e 2012 com o chamado 'apa-gom analógico'. Nos próximos anosnumerosas empresas competirámpara obter as cobiçadas licenças dis-tribuídas pola Junta na ComunidadeAutónoma. As áreas de emissom,distribuídas territorialmente, darámcabimento a um pacote de catorzecanais por circunscriçom digital, oque suporá a apariçom de dúzias deemissoras, oito novas por cadaumha das vinte demarcaçons esta-belecidas. Concretamente os douscanais da TVG, dous autonómicosprivados, dous locais públicos eoutros dous privados. O bolo já estáservido para conhecidas produtorase empresas ávidas por obterem umpedaço dos importantes subsídiosprevistos para o audiovisual.Para o estabelecimento da TDT épreciso um forte investimento eminfra-estruturas. A empresa encarre-gada de instalar os novos repetido-res é Retegal S.A., criada pola Juntapara o "estabelecimento e explo-raçom de redes e a prestaçom deserviços de telecomunicaçons; arealizaçom por si ou através de ter-ceiros da gestom de infra-estrutu-ras, sistemas e serviços de teleco-municaçons na Galiza". O interessepolo seu controlo manifestou-se nanomeaçom de Pérez Varela comopresidente da companhia emSetembro de 2003, conselheiro quedirige directamente a preparaçomdos sistemas de repetiçom.Retegal tinha apresentado umhaquerela contra a fusom deSogecable e Via Digital junto aoutras operadoras de telecomuni-caçons, mas o Tribunal Supremoaprovou a fusom entre as duasempresas enfrentadas que soubéromaliar-se sem rodeios para dominarabertamente o mercado. De facto,para Prisa nom foi complicadosituar Rodolfo Martín Villa na pre-sidência de Sogecable em Março de2004, em substituiçom de Jesús dePolanco. O ex-comissionado para oPrestige introduzira-se na direcçomda empresa a proposta de Telefónicae defende, graças à sua posiçom,interesses comuns com o grandecapital rival. A TVG figura tambémentre os accionistas da grandeempresa ao ter participaçons naDistribuidora de Televisom porSatélite (DTS, Via Digital), hojeintegrada em Sogecable. Estaempresa está também presidida porMartín Villa, que tem como vice-presidentes Juan Luís Cebrián,homem de Polanco, e FernandoFalcó y Fernández de Córdova,marido de Esther Koplowitz.

9reportagemFevereiro 2005novas da galiza

Numerosas empresascompetirám paraobter as cobiçadaslicenças da TelevisomDigital Terrestredistribuídas polaJunta . A empresaque instala os novosrepetidores é RetegalSA, empresa públicaque tem comopresidente aopróprio Pérez Varela

Director de comuni-caçons e relaçons exte-riores da CRTVG, é con-siderado o comissáriopolítico de Pérez Varela.É ele que detenta o con-trolo sobre todo o rela-cionado com as novastecnologias dentro daTVG. Este redondelanocomeçou como subdi-rector do gabinete deimprensa do PP noSenado, no mesmo ano(1990) em que foi nome-ado director do gabinetede comunicaçom deFraga. Também é um

dos impulsionadores daCidade da Cultura, ascámaras web e é porta-voz da CRTVG noConsórcio AudiovisualGalego.As funçons dele consis-tem em controlar o tra-balho editorial das equi-pas de informativos,transmitindo as ordenschegadas directamentede Presidência ou dascorrespondentes consel-harias, entre as quaisdestaca ComunicaçomSocial, dirigida porJesus Pérez Varela.

Alberto Barciela Castro, o comissário

A política informativa da CRTVG (TVG e RG) segue as dinámicas geradas por responsáveis eleitos directamente polo governo da Junta, quedesigna gente da sua inteira confiança. Depois, estas pessoas escolhem outras mais próximas para serem situadas nos postos chave da direcçom.

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10 análise Fevereiro 2005 novas da galiza

análise

Mais de 160 bases de dados policiais armazenaminformaçom pessoal de milhons de pessoas

Cidadania de vidro na era da globalizaçom

Da orientaçom sexual às subscriçons de imprensa, da saúde à etnia, dos passatempos às filiaçons a partidos políticos ou sindicatos, da língua maternaao código genético; os dados pessoais de milhons de cidadaos e cidadás som armazenados nos ficheiros policiais do Estado espanhol.

S. Rosa

O Ministério do Interior espan-hol, através dos ficheiros infor-máticos da Direcçom Geral daPolícia, guarda dados sobre oscostumes sexuais, saúde, passa-tempos, forma de vida, filiaçoma associaçons, sindicatos e parti-dos políticos de milhons de cida-daos e cidadás em todo o Estado.Tal é o controlo que até o grupoétnico ao qual pertencemos, alíngua em que falamos e o nossomesmíssimo código genéticofiguram nos seus arquivos.Esta informaçom sobre a vidaíntima das pessoas investigadasnom se limita a pessoas condena-das pola comissom de delitos,mas a qualquer cidadao que nal-gum momento da sua vida fossedetido, investigado ou, simples-mente, tivesse estado envolvidonalgum tipo de atestado.Ademais, a actual Lei deRegulaçom do TratamentoAutomatizado de Dados deCarácter Pessoal impede conhe-cer, cancelar ou modificar osdados incluídos nestes ficheiros,apesar de que o artigo 20 da anti-ga lei sustinha que "a recolhida etratamento de dados de carácterpessoal polas forças e corpos desegurança sem consentimentodas pessoas afectadas estám limi-tados a aqueles supostos e cate-gorias de dados que resultemnecessários para a prevençom deum perigo real, para a segurançapública ou para a repressom deinfracçons penais".A mesma legislaçom afirma queo assalto à intimidade "poderárealizar-se exclusivamente nossupostos nos quais seja absoluta-mente necessário para os fins de

umha investigaçom concreta" eque "os dados pessoais regista-dos com fins policiais serám can-celados quando nom foremnecessários para as averiguaçonsque motivárom o seu armazena-mento". Na prática, nom há nen-huma possibilidade de consultarou anular estes dados e só existeo procedimento (que se podefazer on-line na página doMinistério de Interior) para can-celar formalmente a ficha porantecedentes policiais transcorri-dos os anos pertinentes. Mas,evidentemente, este procedimen-to formal nunca chega aosmacro-arquivos policiais docoraçom do Estado.Desta maneira, todas as pessoascom Documento Nacional deIdentidade, algumhas menoresde 14 anos e praticamente todos

os estrangeiros que residem noEstado espanhol ou o visitáromalgumha vez, aparecem nalgumdos 49 ficheiros da Políciaespanhola ou nos nove que usa aGuarda Civil. Existem tambémoutros 103 bancos de dados con-trolados por empresas, insti-tuiçons e organismos dependen-tes da Administraçom que somutilizados normalmente polosdiferentes corpos policiais.Entre todos eles destaca o fichei-ro 'Perpol', que guarda os dadospessoais -origem étnica, vidasexual e historiais médicosincluídos- de qualquer pessoafísica de "nacionalidade espan-hola" ou estrangeira que tivesseou tenha algumha ordem debusca ou requerimento.Também se encontram nele osdados de qualquer pessoa que fosse

detida ou, simplesmente, conside-rada suspeita de participar nacomissom de delitos ou se visseimplicada nalgum sumário judicial.

Muitos mais ficheirosO 'Arquivo' recolhe todos osdados das pessoas jurídicas efísicas suspeitas de pôr em peri-go a segurança pública, e'Inteligência' ocupa-se das inves-tigadas e investigados por delitoscontra a saúde pública.Só estes dous acumulam mais de60 dados confidenciais de cadafichado: a adscriçom a associaçonse clubes, a filiaçom a sindicatos oupartidos políticos, as subscriçonsde revistas e diários e, evidente-mente, os movimentos económi-cos, seguros, hipotecas, cartons decrédito, investimentos, rendas, etc.O ficheiro baptizado como 'ADN',

por outro lado, arquiva o códigogenético daqueles indivíduossupostamente implicados em deli-tos de qualquer tipo. A ambigüida-de desta classificaçom, assim comoa opacidade no que se refere àobtençom destes dados fisiológi-cos, fai de 'ADN' um "caixom desastre" policial no qual qualquerpessoa pode estar incluída.'Grumen' guarda toda a infor-maçom referente a "menores deinteresse policial" e aos seus ami-gos e familiares. 'Piso 13' acumu-la fichas de pessoas que assiná-rom algum contrato de aluguer,tanto pola parte arrendadoracomo arrendatária. 'Propie' enca-rrega-se dos proprietários de veí-culos de todo o tipo e dos titula-res de cartas de conduçom detodas as categorias. Em 'Belinf'figuram todas as pessoas que ten-

Qualquer cidadao que nalgum momento da sua vida fosse detido, investigado ou, simplesmente, tivesse estado envolvido nalgum tipode atestado figura entre os dados armazenados nos computadores policiais.

O ficheiro baptizadocomo 'ADN' arquivao código genético depessoas supostamenteimplicadas em delitosde qualquer tipo. Aambigüidade destaclassificaçom e aopacidade naobtençom destesdados fisiológicos,fai de 'ADN' um"caixom de sastre"policial no qualqualquer pessoapode estar incluída

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análiseFevereiro 2005novas da galiza 11

hem contratado algum tipo deserviço telefónico com qualquerdas companhias existentes.'Dnifil' recolhe os dados de todosos cidadaos e cidadás que solicitá-rom a emissom ou renovaçom doDNI, quer dizer, de praticamentetoda a populaçom. No 'Paspor'estám todas as pessoas de naciona-lidade espanhola com passaporte e,no caso de usá-lo, constam tambémos países de destino.'Transportes' tem fichados todos ostitulares de cartons de transportes.'Barcos' armazena os dados dosproprietários e usuários de embar-caçons, e 'Estreito' os dos proprie-tários e usuários de veículos quetivessem sido embarcados algumhavez em qualquer dos transbordado-res que atravessam o Estreito deGibraltar com destino a Melilha,Ceuta ou Tánger.

De 'Berta' a 'Clara'A multimilionária quantidade defichas e antecedentes está bem res-guardada num edifício da povo-açom madrilena de San Lorenzodel Escorial que carece, evidente-mente, de sinal externo algum.Desde que a Polícia espanholadecidiu retirar o computador'Berta', um novo e potentíssimocomputador, chamado 'Clara', ocu-pou o seu lugar. 'Berta' era ummodelo Siemens H-90 e H-100 deterceira geraçom que precisava de13 armários para ser guardado.'Clara', polo contrário, é um novoSun Microsystem que só ocupadous móveis de 1,80 metros dealtura, cada um com umha capaci-dade de memória de três terabytes(três bilions de unidades básicasde informaçom de um computa-dor). Esta máquina custou 490milhons de pesetas e cumpretodos os requisitos de segurança.Assim, guarda os dados por dupli-cado e está programada para que,caso um dos móveis falhasse, ooutro funcione automaticamente.'Clara' encontra-se sob a custódia

de um comissário da Polícia espan-hola chamado Maurício Pastor, res-ponsável também polo centroinformático de El Escorial e que, apropósito do computador, declarouque lhe pugeram nome de mulherporque "elas som mais trabalhado-ras, mais constantes, mais silencio-sas e nom se queixam".O lugar escolhido pola DirecçomGeral da Polícia espanhola paraesconder esta grande superfície dainformaçom foi um antigo seminá-rio remodelado a começos da déca-da de oitenta. Este edifício, situadona localidade madrilena de ElEscorial, tem umha superfície de130.000 metros quadrados úteis enele trabalham de forma perma-nente 218 pessoas que, em caso denecessidade, poderiam subsistir até120 dias sem sair do mesmo.

O 'Grande Irmao'O aumento imparável do uso daInternet está a dar mais trabalho dohabitual aos polícias que trabalhamem El Escorial, apesar de que ten-hem à sua disposiçom os maismodernos programas para contro-lar a populaçom. Por isto, desde hátempo utilizam o denominado 'SIG'(Sistema Informático Geográfico),que representa a distintas escalastodo o Estado espanhol e no qual sepode ver em tempo real qualquerincidência acontecida numhacomunidade, umha província,umha povoaçom, um bairro ou,inclusive, umha rua determinada.Entre a informaçom complemen-tar que fornece este programainteligente, o usuário pode saber,ademais, a hora exacta do aconte-cimento e se se produzírom víti-mas ou detençons.Num futuro imediato está previstoque os carros policiais vaiam pro-vidos de computadores portáteisque conectarám com 'Clara' graçasao sistema 'GSM' (o mesmo que seemprega na telefonia móvel), oque facilitará, sem dúvida, o labordo 'Grande Irmao'.

A multimilionáriaquantidade de fichase antecedentes estábem resguardada

num edifício de SanLorenzo del Escorial,com 130.000 metrosquadrados úteis. Alitrabalham de forma

permanente 218pessoas que, em caso

de necessidade,poderiam subsistir

até 120 dias sem sair. O computador

'Clara' ocupa dousmóveis de 1,80

metros de altura,cada um com umha

capacidade dememória de trêsterabytes. Esta

máquina, que custou490 milhons de

pesetas, guarda osdados por duplicadoe está programadapara que, caso um

dos móveis falhasse,o outro funcioneautomaticamente.

O aumento imparável do uso da Internet está a dar mais trabalho do habitual aos polícias que trabalham em El Escorial, apesar deque tenhem à sua disposiçom os mais modernos programas para controlar a populaçom.

Marta Salgueiro

No texto que serve comoborrador, e que foi aprovadopolo PP e PSOE, com a abs-tençom do BNG, naComissom Galega deCooperaçom Local estabele-ce-se que a futura políciaassumirá as competências deTránsito. O Conselheiro deJustiça Jesús Palmou assegu-rava que "exigirá aos mem-bros da "benemérita" a suaintegraçom na PolíciaAutonómica".A Unidade Adscrita à PolíciaNacional, que na Galiza seconhece até agora comoPolícia Autonómica, foi cria-da em 1991 com 157 funcio-nários procedentes, na suamaior parte, dos Corpos eForças já existentes. Naactualidade este corpo contacom 407 agentes e mesmocom investigaçom própria,maioritariamente de controlode movimentos sociais. O Conselheiro da Justiça,Jesús Palmou, no ponto demira do seu próprio partido,pretende deixar como legadopolítico a criaçom do corpoautonómico. Deste jeito, estáa apressar os trámites paraacabar com a posta em fun-cionamento nesta legislatura. Para além das competênciascom que já conta a UnidadeAdscrita, a futura polícia con-tém umha área específica deinvestigaçom e controlo dosmovimentos sociais e políti-cos galegos. Se quando secriou esta unidade, a maioriade membros procediam daPolícia Nacional, nesta oca-

siom a maioria de agentesserám cedidos pola GuardaCivil, ao assumir as com-petências de Tránsito.Palmou assegurava que osnovos agentes deste corpo"terám conhecimento da rea-lidade jurídica administrativae política" da Galiza e terám a"obrigaçom de conhecer a lín-gua galega". O Conselheiropretende que no ano 2006 aPolícia Autonómica, comsede central em Compostela,conte com 1.700 elementos.A criaçom deste corpo poli-cial conta já com o apoio,para além do PP, do PSOE,enquanto que o BNG se incli-na pola abstençom demomento, até que o projectochegue ao parlamento galego.Cumpre apontar, mesmoassim, que 89% dos partici-pantes no Foro para o NovoEstatuto mostrárom o seuvoto afirmativo à criaçom daPolícia Autonómica.

Polícia Autonómicaserá integrada poragentes da Guarda CivilNo mês de Março chegará ao Parlamento galego oanteprojecto de Lei reguladora da futura Polícia Autonómica

A polícia autonómica assumirá as competências de Tránsito

Palmou pretendedeixar como legadoa criaçom do corpoautonómico.O Conselheiropretende que noano 2006 a PolíciaAutonómica, comsede central emCompostela,conte com 1.700elementos.

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No ano 1975 o Mosteiro de CelaNova acolhia, numha primeira fasedestinado a uso público, um Centrode Formaçom Profissional. Três anosmais tarde, em 1978, começaria afuncionar o Instituto de Bacharelato eactualmente som um único centro deEnsino Secundário. Era a primeiravez que se concedia à cidadania apossibilidade de usar, para umhacausa nobre como é o ensino e for-maçom da nossa juventude, esteentorno tam majestoso, reservadonoutrora ao gozo de uns quantos. Naactualidade avizinham-se tempos emque ressoam ecos de épocas feudais,pois querem construir um hotel deluxo, com o qual vai voltar (por deci-som unilateral de políticos que nosgovernam) a ser esse couto privadode outrora do qual só poderám desfru-tar uns quantos privilegiados.

Como educadores nom podemospermanecer insensíveis à anunciadaperda de umha inestimável e singularferramenta de trabalho: o mosteiro deCela Nova, como privilegiado entor-no onde o alunado de Cela Novamadura e cresce. Pedimos unhareflexom por parte da Adminis-traçom e que se potencialize o carác-ter didáctico público que possui este

centro de ensino, que se conserve asua Biblioteca, que seja terminado oPavilhom Polidesportivo e quePatrimónio dedique os seus esforçosà conservaçom íntegra do edifíciopara o fazer mais habitável, na muitonobre causa a que está destinado.

Grupo de Professores do IES Cela Nova.

O Palácio de Exposiçons de PonteVedra acolheu este mês a sextaediçom do Salom do LivroInfantil, que recebeu umha muitoboa resposta por parte do público.Um produto de qualidade que anoapós ano vai convertendo-se emreferente inescusável na hora dese programarem eventos culturaise lúdicos destinados a todas asidades. Organizado pola CámaraMunicipal de Ponte Vedra, a AS-PG e a associaçom cultural “MaisLivros”, o salom conseguiu umhaprojecçom internacional até oponto de ser reconhecido por mui-tos especialistas como o principalevento estatal sobre literaturainfantil e juvenil.A temática desta VI ediçom era“Clássicos da Literatura Infantile Juvenil”, prestando-se especial

atençom às grandes obras da lite-ratura universal, nomeadamente aautores e autoras que durante oano 2005 vam receber algumhacomemoraçom: Hans ChristianAndersen (1805-1875; comemo-raçom do II centenário do nasci-mento), Jules Verne (1828-1905;centenário do falecimento), OQuixote (comemoraçom do IV

centenário da publicaçom en1605) ou O Senhor dos Anéis deJRR Tolkien (comemoraçom dos50 anos da publicaçom en 1955).Como em convocatórias anterio-res, o Salom estivo aberto a todo otipo de público, tanto escolarcomo familiar, incluindo umhagrande variedade de actividadesem horário de manhá (visitas de

escolas e licéus de Ponte Vedra ecomarca, obradoiros e activida-des de animaçom), de tarde (obra-doiros infantis e para adultos,actuaçons musicais e teatrais,etc.) e à noite (conferências,conta-contos e actividades tea-trais). Este ano foi estreada tam-bém umha mascote, o loboORBIL, criado por Kiko da Silva,

e que tenta ser o desagravo de tan-tos lobos malvados dos contosinfantis.O dia 5 de Fevereiro celebrou-seumha homenagem conjunta ao escri-tor galego José Neira Vilas e à escrito-ra galego-cubana Anisia Miranda,como acto central do encerramento.Mais de cem actividades ao longo detoda umha semana e perto de cin-qüenta mil visitas escolares eviden-ciam a notoriedade crescente que vaiatingindo.Apesar de o Salom ter fechado já assuas portas, continuam abertas asexposiçons, instalaçons artísticas, mos-tra de livros e trabalhos escolares.Podem visitar-se das 17 às 21 horas, deterça a sábado, e também aos domin-gos e feriados das 11 às 14 horas.Também se admitem visitas de gruposescolares e, às tardes, organizam-sevisitas para entidades sociais que tra-balham com crianças incapacitadas.

12 vários Fevereiro 2005 novas da galiza

O Pelourinho do Novas

O lucro contra a educaçom

Salom do livro infantil e juvenil consolida-se como o melhor do Estado

A mascote ORBIL numha das salas (esq.) e cena dedicada a Jules Verne (dir.)

A respeito do tratado constitucional…

As cartas enviadas ao Pelourino do Novas deverám ser originais e exclusivas e nom poderám exceder as 30 linhas digitadas a computador.É imprescindível que os textos estejam assinados. Em caso contrário, NOVAS DA GALIZA reserva-se o direito de publicar estas colaboraçons,como também resumi-las ou extractá-las quando se considerar oportuno. Endereço: [email protected]

O numeroso público premia a cuidada preparaçom de actividades ao redor dos “Clássicos da Literatura”

Redacçom

Maio Longo, entidade cultural com-prometida com o nosso país, sente anecessidade de exprimir algumas con-sideraçons a respeito do Tratado daConstituiçom Europeia. A realidadereduz-se, ainda que adubada com pie-dosa grandiloqüência, a umha perigo-sa versom da Europa. Um novo emercantilizado olhar sobre aquelemítico e clássico rapto da Europa acargo de um Zeus actual, conformadopolo conglomerado de interessesminoritários e transnacionais, obscu-ros lobbies e o banco central europeu,essa instituiçom independente domínimo controlo democrático, e aNATO, subordinada absolutamenteaos USA e à doutrina terrorista daguerra preventiva.Este modelo de Europa nom pode serassumido polos povos que, como ogalego, ficam silenciados e omitidos

em todos os níveis e valores, sejameconómicos, sociais políticos ou cul-turais. Um SIM a este tratado é umrotundo NOM à Galiza.Anaçom galega é plenamente conhe-cedora e vítima das continuadas polí-ticas da Uniom Europeia que agora,com este Tratado, se pretendem cons-titucionalizar. Políticas que estragá-rom a nossa base produtiva, os nossosrecursos naturais, a nossa demografia,o nosso rural e mesmo a nossa identi-dade cultural.Galiza conta com enormes potenciaisde todo o tipo, a sociedade apresentasuficiente dinamismo e energias, easpira a que se veja reconhecida noseu direito à existência plena numhaEuropa ao serviço real da cidadania,dos povos e de umha democraciaautêntica.

Maio Longo (Ponte Vedra)

Biblioteca do IES de Cela Nova

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publicidadeFevereiro 2005novas da galiza 13

O País na Janela3 ANOS DE INDEPENDÊNCIA INFORMATIVA

Livro-CD que inclui umha selecçom dos melhores textos de opiniom,investigaçom e análise publicados nos primeiros 27 números do Novasda Galiza. E o CD interactivo oferece a totalidade dos exemplares publi-cados em PDF. Ainda, o trabalho vem acompanhado de artigos de opi-niom escritos para a ocasiom por autores e autoras como Carme Adán,Gustavo Luca de Tena, Rui Pereira, Santiago Alba Rico, BernardoPenabade, Maurício Castro, Raquel Miragaia, Antón Dobao e mais.

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14 cultura Fevereiro 2005 novas da galiza

portal galego da língua

Polémica no Porto

PGL

A apresentação no Porto da candi-datura a Património Imaterial daHumanidade da Tradição OralGalaico-Portuguesa esteve marca-da pela polémica devido às difi-culdades para se conseguir ofinanciamento e a decisão do pre-sidente da Junta da Galiza defazer o seu discurso em castelha-no. O projecto, promovido pelosgovernos português, espanhol egalego, corre o perigo de nãoobter o financiamento necessário,um milhão de euros. LurdesCaritas, uma das responsáveispelo lado português, declara quese conseguirá o dinheiro necessá-rio antes do dia 15 de Março, datade apresentação da candidatura naUNESCO, porque «os governosportuguês e espanhol se compro-meteram na altura do lançamentoda candidatura». No entanto, asmudanças políticas chegaram apôr em perigo a candidatura. Nãoagradou aos responsáveis galegoso facto de Manuel Fraga ter feitoo seu discurso em castelhano.Carmen Souto, professora degalego, chegou a chamar-lhe

«traidor ao nosso trabalho» edeclarou sentir-se «envergonha-da». Esta iniciativa é a primeirado seu género na Europa e preten-de preservar as formas da culturatradicional, popular e folclórica,incluindo as tradições orais, os

costumes, a língua, a música, adança ou os rituais. A candidaturajustifica-se por ser um patrimónioainda vivo e estar em perigo dedesaparecimento. Pode-se obtermais informação no sítio webhttp://www.opatrimonio.org

Publica-se “A Constituiçom Europeia e Nós”

PGL

O ensaio de Bernardo ValdêsPaços é desde já o último volumepublicado da "ColecçomUniversália". Com a publicaçomda A Constituiçom Europeia eNós a AGAL pretende lançar maisum contributo ao debate, semprede um ponto de vista galego. Comum prólogo da autoria de ManuelMera, o livro tenciona aprofundarna discussom a respeito de qual éa Europa que queremos. Fai-noquestionando o modelo neoliberale apostando nos povos, acreditan-

do em que outras metas som pos-síveis. A Constituiçom Europeia eNós será distribuído, como é habi-tual, em todas as livrarias galegase em vários locais sociais como é

o caso de: Artábria em Ferrol,Atreu na Corunha, Reviravolta emPonte Vedra, Alto Minho emLugo, Gentalha do Pichel emCompostela eA Esmorga emOurense.O autor, Bernardo Valdês Paços(Cúntis, 1969), é professor dodepartamento de EconomiaAplicada da Universidade deSantiago de Compostela. Autor dediferentes trabalhos sobre agricul-tura e política agrária, é membrode diversos movimentos sociais(ERGA, Alto Minho, NuncaMais...) desde a década de oitenta.

Fraga apresenta Tradição Oral Galaico-Portuguesa em castelhano no Porto

PGL

O ministro de Cultura do Brasildeclarou durante o Fórum SocialMundial de Porto Alegre que o«portunhol» é uma língua «em ges-tação» e que quer vê-la «fluir sempreconceitos». O ministro GilbertoGil, que já se exprimiu na «novalíngua» em 2004 durante umencontro mundial de ministros deCultura em Xangai, considera queo portunhol é «uma manifestaçãoespontânea, natural, vinda dos cor-pos e das almas culturais dos nos-

sos povos». Gil declarou queperante a necessidade de se enten-derem e apesar do desconhecimen-to da outra língua, lusófonos e his-panófonos têm a vantagem de assuas línguas serem muito próxi-mas, podendo-se assim misturarpalavras de ambos os idiomas.Gilberto Gil acha natural o desen-volvimento desta «terceira língua»como consequência do processo deintegração dos países latino-ameri-canos e defende a extensão do ensi-no do espanhol no Brasil e do por-tuguês nos países hispanófonos.

Analogias, novo jogo para o e-Estraviz

e-Estraviz

Depois dos "Falsos Amigos", umjogo virado para o descobrimentode falsos amigos que habitam nasnossas falas, os responsáveis polo"A Brincar com o e-Estraviz"lançam o "Analogias". Com umaestrutura similar ao anterior,seguindo o esquema 1 pergunta, Xrespostas, este novo passatempopretende incidir em aspectos orto-gráficos e morfológicos oferecen-do regras e sistematizaçons queajudem a melhorar a escrita dacidadania da Galiza.

No caso da ortografia, o facto detodos e todas termos sido alfabeti-zados com a ortografia espanholafaz com que nos podamos sentirinseguros com a nossa ortografiahistórica. O responsável polas per-guntas é Valentim R.. Fagim quecontou, como no jogo anterior,com a preciosíssima colaboraçomde Carlos Almeida no terreno darevisom lingüística. TambémCarlos Garrido, secretário daComissom Lingüística da Agal,forneceu abundantes contributos.Os jogos estám todos no endereçohttp://www.agal-gz.org/estraviz

Ponte Nas Ondas foi a criadora deste projecto.

Gilberto Gil defende “portunhol”

Capa da Obra.

Instituto Cervantes oferecerá aulas de

galego em todos os seus centros

Reinaldo

O IC tenciona sistematizar oensino do galego e favorecer ointeresse por esta língua emtodos os seus centros se houveralunos interessados. O director do InstitutoCervantes, o galego CésarAntonio Molina, declarou queera para ele motivo de intran-quilidade não incentivar o ensi-no da sua língua e não utilizar oInstituto como «porta-voz e

montra de todas as línguas ofi-ciais da Espanha». O ensino dogalego não terá uma perspectiva«historicista e limitada», mas de«língua viva» e ministrar-se-ános centros do IC e no seu por-tal de Internet em colaboraçãocom a Real Academia Galega. Os dois organismos colaborarãotambém noutros projectos,como a organização de uma«Semana da Cultura da Galiza»em Nova Iorque, Londres ouEstocolmo.

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Por Antón Fernández Escuredo*

Na Catalunha existem programas emlíngua galega desde os anos 80 e apartir de 1993 umha associaçom,Espaços Radiofónicos Galegos naCatalunha (E.R.Ga.C), difunde anossa cultura com programas de rádioe um boletim porta-voz que leva onome de “A micro pechado”.

Os iníciosÉ de justiça falar de pioneiros comnome e apelidos quando tratamos deprojectos individuais que, mais tarde,passariam a ser colectivos. Deste jeito,podemos lembrar Ramón López,Paquita Álvarez, Moncha Prieto,Xoán Carlos González ou Xosé LuísOsorio como alguns e algumhas dasque começárom com tanto ánimoprogramas como “Sempre emGaliza”, “Caminho da terra” ou“Galiza mais perto”. Emissorasmunicipais de Barcelona, Cornellà eHospitalet tinham, daquela, o seuespaço radiofónico galego que revisa-va a actualidade social, política e cul-tural ainda que com poucos meios, jáque a informaçom era obtida atravésdos jornais, dos colaboradores telefó-nicos, ou bem nas viagens em deter-minadas épocas do ano.Nessas datas as horas de emissom emgalego convertiam-se em verdadeiras“ilhas” sonoras de país que davam aconhecer, nom só a galegos mas tam-bém a cataláns, toda umha nova reali-dade longínqua deturpada por nume-rosos tópicos. Dos elementos queconformavam os diferentes conteú-dos que se emitiam polas ondas, amúsica foi, e ainda é, a que atingiuumha maior aceitaçom.

De Milladoiro a Os Diplomáticosde Monte AltoO interesse de numerosos ouvintespola música galega aumentou quaseem paralelo à grande procura de gru-pos de outras procedências lingüísti-cas própria de umha sociedade comoa catalá, socialmente multiétnica.Alguns lembravam ainda concertosmíticos como o de Fuxan os ventos noPalácio dos Desportos de Montjuichquando Milladoiro deu, em digres-som por ocasiom do 10º Aniversario

no Palau de la Música, outra visom doque se estava a fazer no género folk.Grupos como Os Resentidos conti-nuavam a ser os representantes de umrock alternativo em língua galega ereferenciavam que nem tudo era gaita.A chegada aos programas deE.R.Ga.C. de pessoas como CésarGuzmán, Manolo Piñeiro, músicoscomo Xosé María Sancho, co-funda-dor da emissom “Galiza... algo mais”em 1994, ou estudantes galegas comoAna Belén Real e MónicaDomínguez, que iniciárom“Aturuxos” em 1996, introduzíromnovas ideias no repertório musical dasemissoras. Na altura tivérom grandeêxito grupos como Matto Congrio ouOs Diplomáticos de Monte Alto queintroduzírom o chamado Bravu. Em1995 a associaçom organiza para aCámara Municipal de Barcelonaumha semana cultural em que ven-hem da Galiza, entre outros, OsSkornabois e Seitura. Em muitos doscontactos entre formaçons galegas ecatalás começam a participar locuto-res dos programas, como foi o caso doapoio do folk mediterráneo, represen-tado polo Festival Tradicionarius, aoprojecto de umha associaçom de gru-pos da Galiza em que encontrávamos,na altura, grupos como Na Lúa. Avariedade musical introduz nas emis-sons nomes como Dhais, Fía na roca,A Quenlla, Ardentía ou OsCarunchos.

Música galega e em galegoToda a informaçom e o material comque traballárom os programas deE.R.Ga.C. tinha a língua galega comoreferente principal. Assim, empre-gam-se os jornais “A Nosa Terra”,“A Peneira” e “O Correo Galego”do mesmo jeito que a revista “TemposNovos” para a redacçom das novassemanais. Depois, com a chegada darede, a conexom foi com páginascomo “Vieiros” que abriu delegaçomem Barcelona. Por isso, toda a músicaque passa polos programas tem idên-ticas características, seja para umfundo (é habitual contar com bandassonoras galegas ou música instrumen-tal de épocas variadas) como para darentrada às diferentes secçons de cadaespaço.

Como entidade, E.R.Ga.C. conta comumha música própria composta polomúsico ourensano, afincado emBarcelona, César del Caño, que estáeditada no seu disco “ExpresoEstrella”. Muitos fôrom os trabalhosdiscográficos apresentados nestesprogramas nos últimos anos, nalgumcaso com a presença em directo dosmesmos músicos, como Ruote, OJarbanzo Neghro ou Abe Rábade.

Certames, festivais e discográficasJá som poucos os festivais catalánsque nom contam com grupos galegosno seu historial. Amaioria introduzemna secçom de "celta" as nossas for-maçons, dam prioridade à gaita comoinstrumento ou tencionam organizaros conteúdos segundo a procedênciados músicos. A modo de exemplo,temos o FIMPT de Vilanova i laGeltrú, polo qual passárom, entreoutros, Xorima (1985), Chouteira(1997) e Os Cempés (1999); oTradicionarius, no qual actuou Marfule que acolheu no ano 2003 o ciclo"Galiza al C.A.T. crida Nunca Mais"(2003) em que participárom, entreoutros,Ecléctica Ensemble,Violia, OsEstalotes, María Manuela e JeiNoguerol; o Mercat de la Música deVic em que actuárom Xosé ManuelBudiño, Leilía, Berrogüetto ouFaltriqueira; e o Festival de Bunersde Ordino na Andorra polo qual pas-

sárom Pepe Vaamonde grupo,Marmurios de Leucoíña ou PabloCarpinteiro. A participaçom das discográficas foifundamental para que a música dosartistas galegos soara na Catalunhaatravés dos programas de E.R.Ga.C.Apesar de que há excepçons nalgum-ha discográfica galega, o normal é queas novidades cheguem antes aos pro-gramas em língua galega que a outros.Mesmo há já vários casos de for-maçons que vírom como os seus tra-balhos fôrom editados e distribuídospor empresas catalás, como foi o casode Ávalon en Discmedi, Cristina Patoen Fonomusic ou Skarnio emPropaganda pel fet!.

Músicos e colaboradores desde aGalizaOs programas radiofónicos galegosna Catalunha contárom desde aGaliza com numerosos colaboradoresque explicavam, desde aqui mesmo,as últimas novidades. Alguns leva-vam programas especializados, comoManolo Pipas, que dirigia "Ardem oscangos"; outros, ademais formavamparte de grupos. Neste caso encontra-vam-se Bieito Romero, componentede Luar na lubre e responsável porprogramas como "Lume na palheira"ou "Um mundo de músicas" que cola-borou no programa "Galiza... algomais", e Xosé Bocixa, vocalista de

Zënzar e director de "Lista aberta"em Rádio Cerceda, que redigiu cróni-cas de temas diversos para o progra-ma "Aturuxos".

Que siga a música...Pode-se dizer que a música galegaestá presente na Catalunha, em parte,nos programas de rádio em galego.Mas, para além disto, alguns dos seuslocutores participárom de jeito activona criaçom de alguns grupos que tin-han um forte componente galego,como foi o caso de Ondina Xana,Serán de meigas, Terça Feira, Néboae Tarasca Folk. Os seguidores damúsica em galego também som adep-tos destes programas onde costumamser entrevistados os artistas que apre-sentam os seus trabalhos. A repercus-som das formaçons galegas segue umcaminho paralelo à consciência deque na Galiza há muito mais do que sedá a entender nas emissoras estatais.Por enquanto, os artistas galegos con-tinuarám a ser conhecidos naCatalunha graças ao trabalho voluntá-rio de uns locutores que cada semanaapresentam em directo o panoramapassado, presente e futuro da músicado nosso país.

*Director do programa "Galiza... algomais" e responsável pola discoteca de

E.R.Ga.C. entre 1994 e 1999. Na actuali-dade é redactor-chefe d'A Peneira.

Fevereiro 2005novas da galiza 15

música

E.R.Ga.C.:

cultura

Nom podemos falar hoje de meios de comunicaçom em língua galega se esquecemos o mundo da emigraçom. Muitos dos projectos e realidadesdo nosso país tivérom, antes ou depois, o seu reflexo longe da Terra Mae. Umha das inquietaçons mais comuns do galego no exterior, depoisda própria sobrevivência, foi a de dar a conhecer as peculiaridades que nos diferenciam como povo aos habitantes do lugar de adopçom, e, namaior parte dos casos, através da imprensa escrita ou da rádio.

Rádio e música galega desde aCatalunha

Entrevista em Barcelona a Nacho, cantante d'O Jarbanzo Neghro pola saída do seu primeiro trabalho discográfico

Page 16: ngz27 - Novas da Galiza · mentiras relaxantes para tracejar o rumo do seu compromisso será consciente daquele outro asserto -esta vez mui clás-sico- que entende a naçom como um

Como já é habitual nos pro-cessos eleitorais democráti-cos, o Sócrates e o SantanaLopes, favoritos nas eleiçonsportuguesas deste Fevereiro,representam a nova democra-cia do mínimo comum deno-minador (“mcd”). Qualidadesmínimas, ideologia raquítica,compromisso escasso e vaziosmuito amplos. Cidadaos portu-gueses, seguindo a Saramago,teimam num protesto silencio-so: inçar as urnas de moreias devotos em branco.O mcd no Estado espanholchega aos seus máximos nacampanha do referendo doTratado constitucional daEuropa, quer dizer, doMercado Comum Denomi-nador. Precisa-se de um sim, epede-se um sim. Nom se acei-ta mais nada. Que sim. O nomé léria dos do nom polo nom.E isso nom. Nom há maisargumentos. Só valem osraciocínios da EscolaButragueño de Filosofia, aestrela da publicidade institu-cional: “Pois, sim, bom, vale,nonsi”. Procuram voltar-noscegos para logo, eles, choscose virolhos, decidirem.Aproximam-se as autonómi-cas galegas. Mais umha vezFraga, Tourinho e o BNG: omínimo comum múltiplo.Volto a Saramago: no EnsaioSobre a Lucidez reclama o talvoto em branco para mostraras mentiras da democracia for-mal. Porém, é como nom dizernada. O protesto tem que terconteúdo. Desacreditar o sis-tema desde dentro do sistemanom é fácil. Seica no Brasilpropugeram umha candidatu-ra com um macaco do zoo deRio. Talvez vaia por aí a ideia.Mas postos à procura demacacos, voltamos ao princí-pio: só se me ocorre que todaa Galiza vote no FragaIribarne no vindouro Outubro.Nom sei que aconteceria como Sistema, mas a retrancagalega chegaria a cimos nuncaantes conquistados.

novas da

«A via rápida é o grande negócio paraexplorar turisticamente o Morraço.»

a entrevista Ramiro Puente, membro do ForoSocial pola Defesa do Povo

Anti-sistema

Kiko Neves

Desde que o Foro Social foi criado em Cangas, o governo municipal já nom sabe que fazer para calar esta plataformacidadá, que se tem convertido num activo instrumento de denúncia dos abusos especulativos urbanísticos. NOVAS daGALIZA foi falar com um dos seus técnicos sobre o funcionamento e as actividades do Foro Social pola Defesa do Povo.

Porque se constituiu o Foro?Fundamentalmente para responderaos convénios urbanísticos deMassó e Aldám, que supunham aconstruçom de 7000 andares dehabitaçom, dous portos desportivos,vários complexos hoteleiros, umcampo de golfe, etc., em zonas ver-des protegidas que os vizinhos deAldám reclamam como monte vici-nal. A fábrica de Massó forma partedo património arquitectónico deCangas. E porque nom podemostolerar que umha série de particula-res que mantenhem relaçons deamizade com a Cámara Municipalcondicionem o desenvolvimento deCangas.

Como está organizado interna-mente?Desde o princípio constituírom-sedous grupos de trabalho. Um técni-co para estudar a documentaçom,apresentar denúncias e comunicar-se com os meios de comunicaçomsocial, e outro de acçom para infor-mar a vizinhança, colar cartazes,organizar reunions, etc. Umhasexta-feira por mês reunimo-nosem assembleia aberta. A próximaserá para informar todos os vizin-hos de Cangas do que vai implicar aaprovaçom do Plano Geral.

Tendes algumha vinculaçom agrupos políticos, ou algum apoioentre eles?Sempre pretendemos nom sermosvinculados a partidos políticos,associaçons nem sindicatos.Somos um movimento vicinalnom-partidário porque o proble-ma afectava todos os vizinhos porigual. Mas, tanto o BNG como aFPG apoiam as nossas acçons, aoserem também eles contra esteprojecto de fraude urbanística ecorrupçom. O PP tentou desde oprimeiro momento criminalizar-nos publicamente, dizendo quesomos «jarraizinhos» ao serviçoda FPG. A posiçom do PSOE éseguidista da do PP.

Em linhas gerais, em que consistea fraude que denunciades?

Através do Plano Geral fôromrequalificados maciçamente osterrenos para beneficiarem uns pou-cos. Toda esta trama começou agerar-se a partir da chegada aopoder municipal do PP no ano1999. Uns meses depois consti-tuem-se as sociedades de Aldám ecomeça a compra de terrenos numleilom, e mais tarde aos antigos tra-balhadores de Massó, que eramproprietários. Pretendem-se criar 29bolsas urbanizáveis junto das prin-cipias praias. Cada praia com a suazona urbanizável. Essas bolsasincluem solo protegido; está a serutilizado o domínio público maríti-mo terrestre para computar as ces-sons mínimas que exige a lei. Poroutra parte, precisam de umhasinfra-estruturas que se colocamsempre em terrenos de pequenosproprietários para ficarem favoreci-dos os grandes investidores. Eestám a pagar-se com fundos públi-cos, quando por lei deveriam ser osproprietários os encarregados deurbanizar.

E há indícios de corrupçom?Há pessoas significadas que fôromà empresa onde se redige o PlanoGeral para conseguir requalifi-caçons e também existe um escritó-rio em Vigo, de alguém vinculado àCámara Municipal, que pode con-seguir em troca de dinheiro requali-ficaçons de terrenos. Estamos a vercom detalhe a quem favorecemestas requalificaçons, quem e quan-do comprou estes terrenos... Hádetalhes suspeitos como por exem-plo que Mª Jesus Castelo, a mulherdo presidente de Xestur Ourense,fosse a redactora do convénio deMassó e estaria por detrás do con-vénio de Aldám.

Qual foi a vossa resposta a esterespeito?Nós fizemos um relatório informa-tivo denunciando todas as irregula-ridades dos convénios do ponto devista urbanístico e sobre as conse-

qüências que ia ter para a habitabili-dade no município de Cangas.Enviárom-se 16 denúncias tanto aorganismos da Junta, PolíticaTerritorial, Águas da Galiza, Defensordo Povo, como ao Ministério deAmbiente. Suspeitamos que há umacordo político com a Junta para darvia livre ao projecto. De facto, estelobbie empresarial, formado porCaixa Nova e o grupo Atlántico, já sereuniu com Fraga para fechar todoeste assunto.

Mas também estudades a ques-tom urbanística...Também. Concebe-se Cangascomo o principal destino da cons-truçom de toda a Galiza e passaría-mos a ter agora mesmo a maiordensidade populacional do País.Pretende-se libertar a máximaquantidade de solo possível para asgrandes construtoras. A vizinhançanom é informada. E aqueles quetenhem os seus terrenos nessas bol-sas que se criam, haverám devendê-los à força ou serám expro-priados. Nom se preveem as conse-qüências que vam ter para as praiasou para a fauna marinha, e no porto

de Massó destruirá umha zona ópti-ma de pesca litoral. O plano prevêuns dez mil andares de habitaçom,nós pensamos que som quase odobro. Nom preveem resolver oproblema do tránsito no interior,como se vam deslocar essas pesso-as dentro do concelho, nem comovam aceder às praias. Está a serurbanizado todo o solo possível.Cangas vai-se converter num bairrode Vigo mal organizado e Aldámnum enorme Sangenjo.

E a esse paraíso turístico vai-sechegar pola “via rápida”...A via é o grande negócio paraexplorar turisticamente a zona.Defendeu-se no início que se iafazer um grande polígono industriale a via rápida até o polígono, mas anova directiva da zona Franca dixoque o projecto é incompreensível etraria umhas perdas enormes para azona franca. O argumento do polí-gono industrial está em causa. Estáclaro que nom vai solucionar osproblemas do tránsito, antes essesproblemas vam piorar, já que noVerao passaremos de 24.000 habi-tantes a cem mil.

O Foro denuncia a especulaçom urbanística de Cangas

Alonso Vidal