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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA NILVIA NARA DE LUCENA ALVES CARACTERIZAÇÃO DE MICRO-BACIA HIDROGRÁFICA EXPERIMENTAL NO SEMI-ÁRIDO BRASILEIRO COMO SUPORTE A ESTUDOS DE DEGRADAÇÃO FORTALEZA - CEARÁ 2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA

NILVIA NARA DE LUCENA ALVES

CARACTERIZAÇÃO DE MICRO-BACIA HIDROGRÁFICA

EXPERIMENTAL NO SEMI-ÁRIDO BRASILEIRO COMO SUPORTE A ESTUDOS

DE DEGRADAÇÃO

FORTALEZA - CEARÁ

2008

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NILVIA NARA DE LUCENA ALVES

CARACTERIZAÇÃO DE MICRO-BACIA HIDROGRÁFICA EXPERIME NTAL NO

SEMI-ÁRIDO BRASILEIRO COMO SUPORTE A ESTUDOS DE DEG RADAÇÃO

Dissertação submetida à Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Agrícola. Área de concentração: Manejo e Conservação dos Recursos de Solo e Água no Semi-Árido

Orientador(a): Profa. Eunice Maia de Andrade, Ph.D.

FORTALEZA - CEARÁ

2008

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Esta dissertação foi submetida a julgamento como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de mestre em Engenharia Agrícola, outorgado pela Universidade Federal do Ceará, e encontra-se à disposição dos interessados na Biblioteca da referida universidade.

A citação de qualquer trecho desta dissertação é permitida desde que feita conforme as normas da ética científica.

__________________________________

Nilvia Nara de Lucena Alves

Aprovada em: 05/12 /2008

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________

Profa. Eunice Maia de Andrade (Orientadora), Ph. D.

Universidade Federal do Ceará - UFC

____________________________________________

Prof. Adunias dos Santos Teixeira (Conselheiro), Ph. D.

Universidade Federal do Ceará - UFC

____________________________________________

Ana Célia Maia Meireles (Conselheira), D. Sc.

Bolsista DCR CNPq/FUNCAP

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, aos meus pais, irmãos e familiares. Aos amigos pelo apoio

durante todo o mestrado e aos colaboradores que participaram no desenvolvimento do

trabalho de campo.

Agradeço a minha orientadora, professora Eunice Maia de Andrade, pelo apoio e

dedicação. Agradeço ao professor Adunias dos Santos Teixeira, pela oportunidade e

empenho. Agradeço a conselheira Ana Célia Maia Meireles, pela cordialidade e hospitalidade.

Agradeço a instituição UFC, ao projeto CT-HIDRO/CNPq, CNPq e a Escola

Agrotécnica Federal de Iguatu-EAFIGT.

Agradeço aos alunos da Escola Agrotécnica Federal de Iguatu que se envolveram

no trabalho de campo dando assistência. Agradeço aos orientandos e bolsistas do Professor

Adunias que trabalharam no desenvolvimento e calibração dos sensores no LEMA. Agradeço

a equipe que juntamente com o Firmino trabalhou na elaboração das placas, no

desenvolvimento do programa de aquisição de dados e apoiou todo o processo de montagem

como também deu suporte técnico ao longo do experimento.

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RESUMO

Este trabalho teve como objetivo a apresentação de uma análise a partir de experimentos conduzidos em micro-bacia para servir de suporte a futuros estudos que visem a identificação e monitoramento das causas que levam a degradação no Nordeste semi-árido brasileiro. Para isso, foi tomado como unidade duas micro-bacias localizadas no município de Iguatu-Ce, pertencentes à Escola Agrotécnica Federal de Iguatu-EAFIGT e efetuada a caracterização morfométrica, a identificação dos substratos herbáceo e arbóreo e a avaliação do transporte de sedimentos relacionado os aspectos físicos com o processo hidrológico. Considerou-se o período de experimento o primeiro semestre de 2008 (estação chuvosa). Os aspectos morfométricos obtidos foram: comprimento dos cursos e da bacia, declividade da bacia, área da bacia, fator de forma, coeficiente de compacidade, tempo de concentração, sinuosidade do curso principal, tempo médio de escoamento superficial. Para a identificação do extrato vegetal foi feito levantamento das espécies vegetais em amostragem aleatória, com três repetições para cada micro-bacia no espaçamento de 10 x 10 m. Computando todos os indivíduos de cada espécie, a partir desses dados foi obtida a densidade de indivíduos por área e estimada a população nas áreas das micro-bacias. Na avaliação do transporte de sedimentos foi procedida a instalação de equipamentos: coletores de sedimentos em suspensão no curso dos córregos, calhas Parshall e estação hidro-meteorologica. A estação foi confeccionada na Universidade Federal do Ceará-UFC/DENA/LEMA. Foram identificadas no trabalho 23 espécies vegetais, sendo as mais abundantes Hyptis sauaviolens (L.) point (Banbural) e Hyptis sp. (Melosa) as herbáceas e arbórea arbustiva o Aspidosperma pyrifolium Mart (Pereiro). A densidade de indivíduos por unidade de área obtida foram 1,43 indivíduo/m2 e 1,18 indivíduo/m2 para as micro-bacias B1 e B2, respectivamente. As populações estimadas foram 16.395 indivíduos para B1 e 24.421 indivíduos para B2. Durante o período de estudo a temperatura do ar variou de 20 e 41 oC e a umidade relativa variou desde valores de 35% a saturação. A chuva de intensidade máxima para 5 minutos foi 140 mm h-1 em um evento de 126 mm. As áreas das micro-bacias B1 e B2 foram, respectivamente, 1,15 ha e 2,06 ha, com declividades 8,7 e 10,6%. Os córregos apresentaram-se com sinuosidade de 1,2 para a B1 e 1,4 para a B2. A produção de sedimentos em suspensão coletada para o período observado foi 9,22 e 17,95 kg. A vazão máxima para B2 foi de 740 m3 h-1, para a micro-bacia B1 não foi possível o registro da vazão máxima. Apesar da área experimental apresentar uma boa cobertura vegetal, a ação antrópica existe. O número de espécies vegetais é bem diversificado, mas aponta estagio de sucessão. Mesmo com características semelhantes bacias adjacentes podem ter respostas hidro-sedimentológicas diferentes.

Palavras chave: Produção de sedimento, cobertura vegetal, descarga máxima

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ABSTRACT

This work aims to present an analysis through the experiments driven in a watershed to support the future studies that point out to identification and checking the causes that promote the degradation in the semiarid region of the Northeast of Brazil. It was taken two watershed cited in the Escola Agrotécnica Federal de Iguatu – EAFIGT located in the Iguatu County, Ceará, Brazil, It was made the morphometrical characterization, the identification of the vegetation (herbaceous and arboreal) substrates and the evaluation of the sediments transport related to physical aspects with the hydrological processes. The experiment was developed during the first semester of 2008 (rainfall station). The considered morphometrical aspects were: length and sinuosity of the main stream and slope, area, length, form factor, compactness coefficient, concentration time of the watershed, as well as the runoff time. The cover vegetation was estimated account all species present in a sampled space of 10 m x 10 m in a randomized design with three replications in each watershed. From the all computed individuals present in each sampled space, the density of vegetable was obtained by area and the population was estimated in the watersheds. In the evaluation of the sediments transport it was used the following equipments: suspended sediment flow collectors, weir parshall and meteorological station. The station was made in the Universidade Federal do Ceará-UFC/DENA/LEMA. Results showed that cover vegetation was composed, basically by 23 species, being the most abundant Hyptis sauaviolens (L.) point (Bambural) and Hyptis sp. (Melosa) herbaceous and arboreal shrubby the Aspidosperma pyrifolium Mart (Pereiro). The plant density for unity of area was 1,43 individual/m2 and 1,18 individual/m2 for the watershed B1 and B2, respectively. The estimated of vegetation population was 16,395 individuals for B1 and 24,421 individuals for B2, respectively. During the studied period, the air temperature went from 41 oC to 20 oC and the relative humidity went from 100% to 35%. The most intensity rainfall for 5 minutes was 140 mm h-1 in an event of 126 mm. The watershed areas were 1,15 ha and 2,06 ha for the watershed B1 and B2, respectively, with slope 8,7 for B1 and 10,6 %. for B2. The sinuosity of streams were 1,2 for the B1 and 1,4 for B2. The sediment delivery during the collected period was 9,22 and 17,95 kg for watersheds B1 and B2, respectely. The peak of flow registered in the B2 watershed was 740 m3 h-1 while in the B1 watershed was not possible register the peak flow. In spite of the experimental area present a good cover vegetable, it was identified the human activity. Although the number of vegetable species is high, it points out to succession stage. Even with the same characteristic pair watersheds can have different hydrologic behavior. Key Words: Sediment delivery, vegetable covering, peak flow

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Localização das micro-bacias experimentais no Estado do Ceará, e em

detalhe a disposição destas com relação a EAFIGT ........................................... 21

FIGURA 2 - Equipamento GPS em campo em Outubro de 2007, a] base fixa; b] base

móvel ................................................................................................................... 22

FIGURA 3 - Amostragem irregular.......................................................................................... 23

FIGURA 4 - Perfil do solo no leito de um dos córregos (foto retirada no local de

instalação da torre de um dos coletores de sedimentos) ...................................... 28

FIGURA 5 - a] Detalhe da estrutura do solo; b] Acesso as micro-bacias B1 e B2 .................. 28

FIGURA 6 - Exemplares e indícios da fauna existente na área experimental

principalmente no período chuvoso .................................................................... 31

FIGURA 7 - Planta baixa calha Parshall .................................................................................. 32

FIGURA 8 - a] Detalhe dos últimos ajustes da calha antes de ir ao campo; b] Calha

posta no leito de um dos córregos ....................................................................... 33

FIGURA 9 - Calha Parshall fixada com alvenaria no leito de uma das micro-bacias

(Outubro de 2007) ............................................................................................... 33

FIGURA 10 - Coletor automático de sedimentos instalado em um dos córregos (Abril

de 2007) ............................................................................................................... 34

FIGURA 11 - Inserção dos tubos coletores na torre ................................................................ 34

FIGURA 12 - Posição e distância do coletor automático de sedimentos com relação à

calha Parshall ....................................................................................................... 35

FIGURA 13 - Esquema de montagem da Estação hidro-meteorológica automática ............... 36

FIGURA 14 - Sensor de nível tipo sonda, na calha da B1 ....................................................... 37

FIGURA 15 - Circuito impresso a laser na transparência ........................................................ 37

FIGURA 16 - a] Ambiente adequado para aplicação do PRP; b] Placa com fina camada

de cobre já polida com esponja de aço; c] Fotolito (PRP) .................................. 38

FIGURA 17 - Luz negra e “sanduíche” da placa; FIGURA 18 – Placa de circuito

impresso .............................................................................................................. 39

FIGURA 19 - Janela da interface do programa ........................................................................ 39

FIGURA 20 - Sensor de nível da coluna de água..................................................................... 40

FIGURA 21 - Gráfico calibração do sensor de nível da coluna de água para a micro-

bacia B1 [a] e micro-bacia B2 [b] ....................................................................... 41

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FIGURA 22 - Base do pluviógrafo recebendo medições para encaixe do suporte de

alumínio ............................................................................................................... 42

FIGURA 23 - a] tubo PVC; b] Funil ........................................................................................ 42

FIGURA 24 - Pluviográfo sem a parte superior (funil), mostrando a montagem do corpo

sobre base, basculante e suporte com sensor ....................................................... 43

FIGURA 25 - Pluviógrafo do tipo de báscula .......................................................................... 43

FIGURA 26 - Classificação das frações de sólidos em água ................................................... 46

FIGURA 27 - Mapa das micro-bacias B1 e B2 ........................................................................ 47

FIGURA 28 - Dados diários de temperatura do ar em oC para as micro-bacias B1 e B2,

Iguatu, 2008 ......................................................................................................... 49

FIGURA 29 - Dados diárias de umidade relativa do ar para as micro-bacias B1 e B2,

Iguatu, 2008 ......................................................................................................... 50

FIGURA 30 - Precipitação pluviométrica diária para as micro-bacias B1 e B2, Iguatu,

2008 ..................................................................................................................... 51

FIGURA 31 - Cobertura vegetal da área de estudo: a] período chuvoso; b] período seco ...... 51

FIGURA 32 - Caule de árvore decepado devido à retirada não autorizada de madeira

por moradores da região ...................................................................................... 52

FIGURA 33 - Clareira em decorrência do uso indevido do extrato arbóreo na área

estudada ............................................................................................................... 52

FIGURA 34 - a] Exemplar de Pereiro, Aspidosperma pyrifolium Mart; b] Exemplar de

Cumaru (Imburana de cheiro), Amburana cearensis (Allem.) A. C. Smith. ....... 54

FIGURA 35 - a) Detalhe da cobertura morta e b) Árvores sem folhagem ............................... 57

FIGURA 36 - Local observado para a micro-bacia B1 com ocorrência de espécie

vegetal forrageira. ................................................................................................ 57

FIGURA 37 - Precipitação pluviométrica diária observada em Pluviógrafo E2 e

Pluviômetro ......................................................................................................... 58

FIGURA 38 - Relação entre os dados de precipitação pluviométrica diária do

Pluviômetro(Pi) da estação E2 e pluviógrafo (Oi) .............................................. 59

FIGURA 39 - Relação entre dados de 5 min. de freqüência e vazão na Bacia B1 do

período de 7 a 10 de Abril de 2008 ..................................................................... 61

FIGURA 40 - Relação entre os dados de 5 min. de precipitação pluviométrica,

freqüência e vazão na Bacia B2 do período de 23 a 29 de Janeiro de 2008 ....... 62

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FIGURA 41 - Intensidade máxima de chuva de 5 minutos para as micro-bacias B1 e B2

e vazão de pico em m3 h-1 para a micro-bacias B2 .............................................. 64

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Coordenadas geodésicas do marco base BRFT, Cód. 93793 ............................ 23

TABELA 2 – Coordenadas geodésicas do marco base CRAT, Cód. 92300 ............................ 23

TABELA 3 – Dados de clima, Iguatu-ce ................................................................................. 27

TABELA 4 – Resultados de análise físico-química do solo (2007), micro-bacia B1 .............. 29

TABELA 5 – Resultados de análise físico-química do solo (2007), micro-bacia B2 .............. 30

TABELA 6 - Locais de instalação, equações e fatores de regressão dos sensores de nível

da coluna de água ................................................................................................ 41

TABELA 7 – Características morfométricas das micro-bacias B1 e B2 ................................. 48

TABELA 8 – Local de ocorrência e espécies vegetais encontradas na área de estudo

(nome popular, nome cientifico e Família) ......................................................... 53

TABELA 9 – Nome popular, número de indivíduos na área amostrada, parcela 10 m x

10 m, e densidade da área de estudo na micro-bacia B1 ..................................... 55

TABELA 10 – Nome popular, número de indivíduos na área amostrada, parcela 10 m x

10 m, e densidade da área de estudo na micro-bacia B2 ..................................... 56

TABELA 11 – Índices estatísticos para análise de concordância entre a variável

precipitação pluviométrica obtidas por pluviômetro e pluviógrafo na

estação E2 ............................................................................................................ 59

TABELA 12 – Concentração de sólidos totais (ST), vazão de pico observada (Qpobs.) e

estimada através da equação racional (Qpestimada) para a micro-bacia B1 ........... 65

TABELA 13 – Concentração de sólidos totais (ST), vazão de pico observada (Qpobs.) e

estimada através da equação Racional (Qpestimada) para a micro-bacia B2 .......... 65

TABELA 14 – Comparação entre dados de concentração de ST de quatro eventos

observados simultaneamente nas micro-bacias B1 e B2 e razão entre

eventos chuva-defluvio-sedimentos .................................................................... 66

TABELA 15 – Comparação das variáveis características da morfometria das micro-

bacias B1 e B2, densidade de cobertura vegetal e produção de sedimentos

em suspensão para o período observado ............................................................. 67

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS . ........................... ............................................................................... 6

LISTA DE TABELAS ........................... ............................................................................... 9

1. INTRODUÇÃO .... ........................... ............................................................................... 12

2. REVISÃO DE LITERATURA ........ ............................................................................... 13

2.1 Ecossistemas do semi-árido e suas fragilidades ................................................................ 13

2.2 Precipitação pluviométrica ................................................................................................ 14

2.3 Regime hidrológico do semi-árido .................................................................................... 15

2.4 Caracterização morfométrica de bacia hidrográfica .......................................................... 15

2.5 Processos erosivos ............................................................................................................. 16

2.5.1 Intensidade de chuvas ................................................................................................... 17

2.5.2 Transporte de sedimentos ............................................................................................. 19

3. MATERIAL E MÉTODOS .............. ............................................................................... 21

3.1 Área de estudo .................................................................................................................. 21

3.1.1 Localização ................................................................................................................... 21

3.1.2 Caracterização Morfométrica das micro-bacias ........................................................... 22

3.1.3 Classificação climática ................................................................................................. 26

3.1.4 Vegetação ..................................................................................................................... 27

3.1.5 Características de relevo e solo ..................................................................................... 28

3.1.6 Fauna ............................................................................................................................. 30

3.2 Equipamentos .................................................................................................................. 31

3.2.1 Calha Parshall ............................................................................................................... 31

3.2.2 Coletor automático de sedimentos em suspensão ......................................................... 33

3.2.3 Estação hidro-meteorológica automática ...................................................................... 35

3.3 Coleta e análise de dados dos sedimentos em suspensão .................................................. 45

3.4 Estimativa da vazão ........................................................................................................... 46

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ..... ............................................................................... 47

4.1 Caracterização morfométrica............................................................................................. 47

4.2 Variáveis climáticas .......................................................................................................... 48

4.2.1 Temperatura .................................................................................................................. 48

4.2.2 Umidade relativa do ar .................................................................................................. 49

4.2.3 Precipitação ................................................................................................................... 50

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4.3 Cobertura vegetal .............................................................................................................. 51

4.4 Análise comparativa dos dados pluviométricos ................................................................ 58

4.4.1 Medidas do sensor de nível da coluna de água e da vazão ........................................... 60

4.5 Intensidade de chuva máxima em 5 minutos e vazão de pico ........................................... 63

4.6 Avaliação de sedimentos em suspensão ............................................................................ 64

4.7 Relação das características morfométricas, cobertura vegetal e textura do solo com

a produção de sedimentos em suspensão .......................................................................... 66

5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ........................................................................ 68

6. REFERÊNCIAS ... ........................... ............................................................................... 69

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1. INTRODUÇÃO

A degradação ambiental que atualmente ocorre na região semi-árida do Brasil é

função da carga populacional e da necessidade de produzir alimentos e fibras, bem como

manter o equilíbrio entre a demanda e a oferta. No entanto, esses sistemas ambientais não

suportam tal pressão devido às suas características sazonais na disponibilidade de recursos

naturais. Essa condição natural de escassez da disponibilidade dos recursos para o modelo

adotado de exploração é acentuada em decorrência do mau gerenciamento e falta de

entendimento das dinâmicas dos processos pertencentes às peculiaridades locais.

As condições climáticas desta região são caracterizadas por uma distribuição

irregular de chuvas no tempo e no espaço. O recurso natural que em primeiro lugar tende a

exaustão, normalmente, é o hídrico, que desta forma limita a capacidade de produção, sendo

seguido pelo solo. O cenário do Nordeste brasileiro presencia desde a colonização um modelo

de exploração dos seus recursos naturais que não contempla a sustentabilidade, nem respeita a

aptidão dos mesmos. Entre as atividades aqui preconizadas destacam-se o uso intensivo de

pastagens para o gado, a irrigação desordenada, o desmatamento para cultivo de milho, feijão

e a extração de madeira. Apesar de atualmente as discussões a respeito do tema ocorrerem

com uma maior freqüência, o entendimento de heterogeneidade não foi, ainda, assimilado

como deveria.

As unidades tomadas para estudo geralmente são reconhecidas como um todo,

quando deveriam ser vistas individualmente com o propósito de melhor entender as dinâmicas

e as inter-relações, e assim, os locais de características semelhantes passariam a receber o

manejo adequado com base no observado em estudo (regionalização de modelos). Nos dias

atuais, a micro-bacia hidrográfica é considerada como proposta de unidade para tomada de

dados que norteiem o conhecimento e possibilitem a recuperação, preservação e o manejo

adequado, e dessa maneira permitir um maior controle na investigação dos fenômenos

ocorridos.

Esse trabalho teve como objetivo geral a apresentação de uma análise a partir de

experimentos conduzidos em micro-bacia para servir de suporte a futuros estudos que visem a

intervenção e monitoramento das causas que levam a degradação no Nordeste semi-árido

brasileiro. Como objetivos específicos citam-se: efetuar a caracterização morfometrica da

micro-bacia hidrográfica; identificar o substrato herbáceo e arbóreo das bacias; avaliar

transporte de sedimentos em micro-bacias e relacionar os aspectos físicos com os processos

hidrológicos.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Ecossistemas do semi-árido e suas fragilidades

As perturbações impostas em ambientes do semi-árido provocam processos de

degradação, uma vez que essas regiões são naturalmente frágeis devido aos ecossistemas

terem baixa capacidade de regeneração. A destruição do potencial produtivo da terra se inicia

pela elevada e inadequada pressão exercida por atividades humanas (CAVALCANTI, 2001

apud SETTI, 2005).

Os ecossistemas das regiões semi-áridas são bastante heterogêneos, e as dinâmicas

dos sistemas são não lineares, e apresentam uma diversificação nas unidades espaciais com

uma complexa interação entre estas unidades. O que explicaria o fato da dinâmica não linear

seria a existência de cinco elementos chave: clima (intempéries e sazonalidade) legado

histórico (adoção de um modelo de manejo inadequado), processos de transporte (vento, água

e animal), redistribuição dos recursos e interação solo-planta-animal. Um modelo de trabalho

dinâmico e atual deve ter incluso em seus conceitos esses elementos chave para poder

entender, prever e controlar a variação espacial da forma que se dispõem os elementos que

compõem o meio (PETERS; HAVSTAD, 2006).

A região semi-árida do Brasil se encontra em uma extensão maior que o Estado do

Texas e a Península Ibérica, o clima é um dos mais complexos, devido sua grande área, com

diferentes fisionomias de relevo. Os contrastes nos fatores físicos e climáticos propiciam uma

diversificação na disposição da paisagem, formando as chamadas “ilhas úmidas” inseridas no

semi-árido. Contudo o bioma que constitui essa região é denominado de Caatinga (único,

existe apenas no Nordeste brasileiro). A vegetação, em períodos chuvosos, permanece com

intenso verde, porém em épocas de “seca”, período não chuvoso, perde as folhas e a paisagem

passa a apresentar cor acinzentada (GIULIETTI et al., 2006).

A estrutura aérea da vegetação da caatinga perdida por falta de água é denominada

serapilheira e o aporte para a produção deste material, naturalmente depositado no solo,

depende principalmente do período do ano, da densidade da vegetação e espécies

(SANTANA, 2005; SOUTO, 2006).

O solo da Caatinga é disposto em um mosaico, desde arenosos profundos a

argilosos, e em determinados lugares apresenta afloramento de rocha. O armazenamento de

água nessas condições é pequeno devido à alta infiltração e perda por percolação (solos

arenosos), ou por elevada taxa de escoamento superficial (argilosos; afloramento de rochas),

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além do que há intensa radiação solar que propicia elevada taxa de evapotranspiração, sendo

acentuada pela incidência de ventos fortes em determinados períodos do ano que coincidem

com a estação seca. A identificação das diversas Caatingas dentro da Caatinga ajuda a

preservar estes ecossistemas (ARAÚJO et al., 1998; BENEVIDES et al., 2007; FREITAS et

al 2007; MOREIRA et al., 2007)

2.2 Precipitação pluviométrica

A precipitação pluviométrica do semi-árido se concentra em poucos meses do

ano, variando no espaço e no tempo de um ano para o outro, e a média anual da altura

pluviométrica varia de 300 a 800 mm. A influência do Oceano Atlântico Tropical na

qualidade da estação chuvosa no semi-árido brasileiro é relativamente maior quando

comparada com a influência do Oceano Pacifico Tropical (SOUZA et al. 1998).

Para Sousa et al. (1998) este fato justifica-se tomando a explicativa da influência

exercida pelos padrões atmosféricos associados ao modo do padrão de dipolo do Atlântico

Tropical sobre o posicionamento da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), quando da

sua migração sazonal em direção ao Hemisfério Sul (SOUZA et al., 1998). Este sistema,

ZCIT, é muito importante sobre a conjuntura qualidade de precipitação pluviométrica no norte

do nordeste (semi-árido) brasileiro (MENDES et al. 2008). Esta influencia é marcante em

anos chuvosos. A ZCIT representa o encontro dos alísios de Nordeste com os de Sudeste.

Mendes et al. (2004) observaram para o ano de 2000 que o sistema no mês de Janeiro teve um

pequeno deslocamento para o sul, seguindo o seu ciclo anual, tendo sua banda de

nebulosidade fixada a 1°S e 10°N. Nos meses de Fevereiro e Março a ZCIT teve sua

localização mais ao sul, com sua banda de máxima atividade convectiva localizada entre as

latitudes de 10° S e 5°N.

Observa-se também que variações dentro da própria estação chuvosa afetam a sua

continuidade, quando meses mais secos ou chuvosos no inicio da estação afetam os meses

posteriores. As irregularidades de precipitação pluviométrica de fevereiro acompanham o

sinal das irregularidades observadas em janeiro. Nota-se também, que há uma tendência para

abril ser chuvoso e março apresentar chuva em torno da média climatológica quando janeiro

foi chuvoso ou seco (DAMIÃO et al., 2005).

As mudanças antropogênicas que afetam o clima no tocante precipitação

pluviométrica são difíceis de comprovar e de estimar, no entanto, são de extrema importância,

principalmente se correlacionadas ao forçante radioativo associado às nuvens, efeito indireto

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dos aerossóis (especialmente albedo e duração do ciclo de vida, o que se reflete na

nebulosidade global média). Estas modificações prejudicam, em alguns casos, na eficiência de

precipitação na fase quente, associada às massas de ar poluídas (COSTA, 2007).

Apresentando-se desta maneira o cenário de seca comum na região não seria tão

somente uma falta de “sorte”, mas uma característica da dinâmica do processo que segundo

Peters e Havstad (2006) faria parte do legado histórico.

2.3 Regime hidrológico do semi-árido

A malha hidrológica do semi-árido do Brasil é formada em quase sua totalidade

por cursos hídricos temporários (intermitentes e efêmeros). Em determinadas áreas e períodos

a disponibilidade hídrica superficial é composta por pequenas vazões, ou até mesmo não

apresenta vazão, ou seja, não existe a vazão mínima de sete dias, a qual é considerada como o

indicador da disponibilidade hídrica durante a estação seca. Segundo Matthews (1998) apud

Achite e Ouillon (2007) rios que têm fluxo por um período inferior a 20% do ano, são

considerados efêmeros. Ao fazerem parte das chamadas “terras secas” passam a ser

denominados riachos ou córregos secos (ACHITE ; OUILLON, 2007).

A maioria da recarga de reservatórios abastecidos pelos córregos e a produção de

vazão destes cursos são provenientes de escoamento superficial (COSTA CUNHA, 2007). Ao

longo dos cursos que apresentam um leito formado por solos arenosos e profundos, são

registradas consideráveis perdas em transito. Considerando, somente, a recarga de

reservatórios isto seria prejudicial em decorrência da redução do aporte hídrico que chegaria

efetivamente ao reservatório. Porém, com uma visão de manejo de bacias hidrográficas, essas

“perdas” apresentam um aspecto benéfico, pois esta água barrada, “perdida”, ficou retida ao

longo da bacia hidrográfica, contribuído para a recarga subterrânea, e, também, promovendo

uma melhor socialização da água.

Neste contexto ações que interfiram na quantidade, qualidade e disponibilidade de

água geram divergências de opiniões, sendo que em situação de escassez o uso prioritário da

água é o humano (art 1° da Lei n° 9.433).

2.4 Caracterização morfométrica de bacia hidrográfica

O conceito de bacia hidrográfica segundo Lima (1996) seria expresso pela área

em que a captação da água de chuva proporcionasse escoamento superficial para o canal

principal e seus tributários. O limite superior da bacia seria o divisor de águas e a delimitação

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inferior à saída da bacia ou confluência. O comportamento hidrológico de uma bacia ficaria,

portanto, a cargo das características morfológicas da mesma.

Estudos de bacia hidrográfica devem passar pelos conhecimentos da forma e

contornos do local, porém estes elementos não são suficientes para se analisar uma bacia

hidrográfica, pois segundo Scotton et al. (2004) é necessário o cruzamento desses com outras

variáveis condicionantes como o tipo e uso do solo dentre outras. Contudo Mühlethaler et al.

(2005) observaram que alguns tipos de solo estão associados com as características do relevo,

ou seja, estes solos são determinados pelos padrões morfométricos da bacia. Porém as etapas

citadas por Scotton et al. (2004), também, tiveram sua importância destacada quando Tonello

et al. (2006) relataram que as características de forma e suas inter-relações são expressões que

auxiliam nos processos para quantificar a disponibilidade hídrica, no entanto, nenhum índice

de forma isolado seria adequado para explicar a dinâmica da bacia.

Os autores supracitados afirmam que os contornos e formas alongados ditam uma

bacia com menores tendências a cheias em condições normais de pluviosidade anual, porém

fatores como uma alta declividade e incidência de precipitações elevadas influenciam no

escoamento superficial, e conseqüentemente em erosão que resultam em perda de solo, água,

matéria orgânica, nutrientes e micro-fauna. A diferença da morfometria entre as micro-bacias

constituintes de uma bacia provavelmente conferiria uma hidrologia diferenciada sugerindo a

aplicação de um manejo especifico para cada uma das micro-bacias.

Os índices de forma, compacidade e circularidade, juntos, comprovam a tendência

de uma bacia hidrográfica apresentar um maior ou menor controle estrutural de drenagem. A

densidade de drenagem em conjunto com a cobertura vegetal e o regime pluviométrico

determina o sistema hídrico dos cursos d’água de uma bacia (CARDOSO et al., 2006).

Regiões com relevo de ondulado a montanhoso em cerca de 50% do total de área tendem a

produzir maior escoamento superficial, e desta forma segundo Pinto et al. (2005) seria

necessária a proteção das áreas de recarga do lençol freático.

2.5 Processos erosivos

A erosão do solo tem como principais variáveis clima, solo, vegetação, topografia

e ação antropogênica. O solo seria um fator determinante da erosão, uma vez que o mesmo irá

oferecer uma maior ou menor resistência (erosividade) a ação das chuvas e do vento

(erodibilidade). A maior ou menor resistência depende das suas propriedades, principalmente

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aqueles que afetam as taxas de infiltração de água no solo juntamente com a resistência ao

cisalhamento (BERTONI; LOMBARDI, 1985 apud CARVALHO et al., 2002).

Os fatores climáticos de maior ação sobre o processo da erosão são a:

precipitação, temperatura, vento, umidade e radiação solar. As relações entre as características

de precipitação, escoamento superficial e solo são bastante complexas (SCHWAB et al.,

1993).

A erosão hídrica do solo é um fenômeno que tem início com a quebra da estrutura

do solo pelo impacto da gota água sobre a superfície e com deslocamento das partículas

individuais do solo pelo escoamento superficial (MORGAN, 1986 apud TOMÁS, 1993). Uma

vez que as partículas do solo são desprendidas, estas se tornam parte do fluxo e são

transportadas a pequenas ou grandes distâncias, dependendo da capacidade de transporte de

sedimentos do fluxo. Os fatores que controlam o transporte de sedimentos podem ser

agrupados em três categorias: propriedades do fluido, características do sedimento e

parâmetros hidráulicos associados com a trajetória do fluxo (HAAN et al., 1993).

2.5.1 Intensidade de chuvas

A altura pluviométrica, coluna de água, em mm, por unidade de tempo,

usualmente horas, conceitua intensidade de chuva. Uma vez que esta intensidade excede a

capacidade de infiltração de água no solo se inicia o escoamento superficial. Uma chuva de

maior intensidade implica em uma maior disponibilidade de energia cinética para iniciar o

processo da erosão. A dissipação da energia cinética no momento em que a gota d’água atinge

o solo promove a quebra da estrutura do solo e a disponibilidade do mesmo para ser

transportado em suspensão ou em arraste. A capacidade de transporte em suspensão ou em

arraste depende da velocidade de escoamento e do momento decorrente da lâmina de

escoamento. Em consideração ao aumento da lâmina precipitada, maiores quantidades de

escoamento, naturalmente, são gerados e depois de certo tempo com a concentração do

escoamento superficial pode-se observar o aumento da capacidade de transporte

(CARVALHO et al., 2002).

Amorim et al. (2001) em experimento conduzido em laboratório com chuva

simulada observaram que chuvas com energia cinética de 1.959 J m-2, referente a intensidade

de precipitação 107 mm h-1, produzem o maior potencial de perda de solo apresentando taxa

crescente ao longo do tempo, em todas as declividades estudadas (2; 6; 14 e 18%). O que

explica tal fato é o aumento da vazão do escoamento superficial produzido por esta

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intensidade de precipitação, o que poderia estar ocasionando a concentração do escoamento e,

conseqüentemente, a formação dos caminhos preferências do escoamento d’água aumentando,

com isto, a sua capacidade de transporte.

Alencar et al. (2006) apontam a intensidade de precipitação como uma variável

que tem maior influência na ocorrência de escoamento superficial até mesmo do que a

precipitação antecedente. Estes autores observaram isso ao estudarem, durante o período de

seis anos, algumas variáveis relacionadas à precipitação como: precipitação antecedente,

intensidade de precipitação e as interações entre essas variáveis e a variável precipitação e

ainda a interação entre ambas, em todos os eventos chuvosos que ocasionaram escoamento

superficial maior que 0,1 mm na micro-bacia de Córrego Capetinga, Distrito Federal.

A importância da precipitação pluviométrica antecedente é sobre a umidade

antecedente do solo que interfere na taxa de infiltração, pois dias sucessivos de precipitação

favorecem a manutenção da umidade do solo e conseqüentemente ao escoamento superficial,

no momento em que a capacidade de infiltração deste solo é ultrapassada (SILVA et al.,

2006).

Ainda com relação a intensidade de chuva foi observado por Mello et al. (2003)

que esta tem influência na lâmina de abstração inicial que diz respeito a uma parcela da

precipitação total que ocorreu anteriormente à precipitação efetiva, referente àquela

quantidade de chuva produzida desde seu início até que haja início de escoamento superficial

na seção de controle (SHEEDER et al., 2002). Observa-se que a lâmina de abstração inicial se

correlaciona significativamente com a intensidade média de precipitação. Significando em

primeiro momento, análise, que as características da precipitação têm peso considerável no

comportamento das abstrações iniciais, lâmina e tempo.

Silveira et al. (2008) ao estudarem influência da intensidade da chuva, horizonte e

declividade do solo nas perdas de água observaram que as intensidades de chuva 12; 8 e 4 cm

h-1 e declividades 20; 10 e 5% proporcionaram maiores perdas de água e solo em horizontes B

ao A. É percebido que os processos erosivos são função da intensidade da chuva, declividade

do solo e propriedades intrínsecas do solo. Em chuvas amenas e solos menos declivosos, a

erosão é limitada pela capacidade de transporte, enquanto que sob chuvas intensas e solos

declivosos a erosão é limitada pela capacidade de desagregação do solo.

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19

2.5.2 Transporte de sedimentos

Os sedimentos podem causar problemas no local de origem, onde transitam e onde

se depositam. Bacias hidrografias de dimensões maiores tendem a produzir quantidades

maiores de sedimentos, porém algumas características relacionadas ao potencial da bacia

favorecem a maior produção de sedimentos que não relacionadas apenas ao tamanho da bacia

como potencial de transferência de sedimentos determinado pela densidade de confluência

dos cursos d’água e a declividade do talvegue principal (ALVES et al., 2005).

A alteração do leito, em decorrência do desequilíbrio nos transportes de

sedimentos, é diferente para os cursos intermitentes e permanentes, pois a capacidade do

curso d’água para manter em suspensão os sedimentos como também o tempo que um rio leva

para perder sua estrutura são relacionados às características dos cursos d’água (CAO et al.,

2007). A desestruturação e assoreamento de um rio configuram alguns dos problemas

ocasionados no transito e deposito dos sedimentos. Outro aspecto é o transporte de nutrientes

e conseqüentemente o empobrecimento do solo como também a contaminação de rios, e

aqüíferos.

2.5.2.1 Relação do transporte de sedimentos e vegetação

O tipo de cobertura vegetal exerce influencia sobre o escoamento superficial, a

produção de sedimentos e a capacidade de infiltração. A cobertura vegetal é tão influente na

carga de sedimentos em suspensão que esta chega a ser de 2 a 80 vezes maior em locais com

menor densidade de vegetação natural quando comparada com locais de vegetação bem

adensada e preservada (FARIAS, 2008). Valores dentro o intervalo de 2 a 80 (SADIKI et al.,

2007), mas que denota a ação humana, também ocorrem quando há a eliminação da vegetação

natural para o cultivo, principalmente de maneira inadequada, como o de morro a baixo.

No semi-árido paraibano reduções significativas na produção de sedimentos foram

constatadas em solos protegidos pela vegetação nativa ou cobertura morta (SANTOS et al.,

2000; 2007). A parte aérea da planta diminui a energia cinética da gota como também do

escoamento da água. A gota d’água é interceptada pelas folhas e caules escorrendo por estes,

quando a água é escoada esbarra nos caules e perde velocidade. A cobertura morta serve

como proteção do impacto da gota d’água diretamente no solo e com o passar do tempo pode

melhorar a estrutura do solo. Em determinados casos a redistribuição de água no solo é

melhorada pelo enraizamento das plantas, isto foi observado por Ryel et al. (2002) em solos

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com predominância de silte, ao estudarem a distribuição espacial das raízes da Artemísia

trindadeno no oeste central de Utah, USA.

As raízes formam galerias no solo, e melhoram a estrutura do solo e aumentam a

capacidade de infiltração e redistribuição de água, além de reterem as partículas de solo que

se desprendem pela a ação do impacto da gota e o escoamento superficial da água.

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Área de estudo

3.1.1 Localização

A área de estudo era composta por duas micro-bacias experimentais, denominadas

B1 e B2 as quais fazem parte da bacia do Alto-Jaguaribe e localizadas no município de

Iguatu-Ce entre as coordenadas geográficas 6°23’42’’ a 6°23’47’’ S e 39°15’24’’ a

39°15’29’’ W (Figura 1). As áreas das duas micro-bacias pertencem à Escola Agrotécnica

Federal de Iguatu – EAFIGT.

FIGURA 1 - Localização das micro-bacias experimentais no Estado do Ceará, e em detalhe a

disposição destas com relação a EAFIGT

As micro-bacias são formadas por cursos d’água classificados, segundo Sthalher,

como de 1ª e 2ª ordem, sendo desta forma, áreas de nascentes. Quanto ao regime hidrológico,

os mesmos se classificam como efêmeros, e permanecem secos na maior parte do tempo,

mesmo durante a estação chuvosa. Em uma classificação regional os mesmos são

denominados de regos e córregos que apresentam fluxo de água por um período não superior

a duração de um evento chuvoso que provoque deflúvio ou logo após este.

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3.1.2 Caracterização Morfométrica das micro-bacias

• Levantamento no plano topográfico e MNT

Foi feita a amostragem em campo dos pontos altimétricos das micro-bacias. Na

busca de um levantamento representativo houve preocupação tanto na quantidade de pontos

amostrados, como também na distribuição espacial destes pontos, sendo escolhidos mediante

a observação dos divisores topográficos, ou da sua sinalização. O levantamento foi feito pelo

método Geodésico, no qual a curvatura da terra e o campo gravitacional são considerados

(TORGE, 1991 apud CUCHINSKI, 2006), sendo este executado em duas missões:

Primeira missão: ocorreu no período de Outubro de 2007 (Figura 2a, 2b) com uso

de equipamento GPS, tipo diferencial da marca LEICA (System 1200). Os pontos foram

ocupados por um período de 15 minutos cada. Neste levantamento foram amostrados 90

pontos mais base fixa (período de ocupação da base fixa: do início ao final do levantamento).

a] b]

FIGURA 2 - Equipamento GPS em campo em Outubro de 2007, a] base fixa; b] base móvel

Segunda missão: ocorreu nas datas 07/2008 e 08/2008 com o uso de GPS

diferencial SR20 da marca LEICA. Os pontos amostrados por GPS foram ocupados por um

período de aproximadamente 2,5 minutos cada. Nestes levantamento foram amostrados 151

pontos mais dois de base fixa (período de ocupação da base fixa: do início ao final do

levantamento), respectivos à primeira data e segunda data supra citadas. Os pontos

amostrados neste segundo momento serviram para complementarem os pontos do

levantamento do primeiro momento.

Para ambas as missões o tipo de aquisição de dados foi o por pontos amostrados

com espaçamento irregular como mostra a Figura 3 (FILGUEIRAS; CÂMARA, 2008). Os

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23

dados dos pontos amostrados com os GPS foram pós-processados para diminuir o erro dos

dados aquisitados com os equipamentos (SILVA et al., 2006). O erro pós-processamento

ficou na ordem de centímetros.

FIGURA 3 - Amostragem irregular

As bases que serviram como referência para o pós-processamento foram a de

FORTALEZA, Cód. 93793 (Tabela 1), para a primeira missão, e a do CRATO, Cód. 92300

(Tabela 2), para a segunda missão, distantes, em linha reta, do local, aproximadamente, 306

km e 190 km, respectivamente. Os dados encontram-se disponíveis em

http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/download/tela_inicial.php?tipo=8, mediante pré-

cadastro, totalmente gratuito.

TABELA 1 – Coordenadas geodésicas do marco base BRFT, Cód. 93793

Coordenadas Geodésicas

Latitude 03º 52’ 38,8106’’ S Sigma 0,001m

Longitude 38º 25’ 31,9338’’ W Sigma 0,001m

Alt.Elip. 21,68 m Sigma 0,005m

Alt.Orto. 30,87 m Fonte GPS/ MAPGEO2004

TABELA 2 – Coordenadas geodésicas do marco base CRAT, Cód. 92300

Coordenadas Geodésicas

Latitude 07º 14’ 16,8673’’ S Sigma 0,001 m

Longitude 39º 24’ 56,1798’’ W Sigma 0,002 m

Alt.Elip. 436,05 m Sigma 0,002 m

Alt.Orto. 446,58 m Fonte GPS/ MAPGEO2004

Fonte: FILGUEIRAS; CÂMARA (2008)

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Para a confecção do mapa topográfico das micro-bacias foi feito o MNT (Modelo

Numérico do Terreno) que se constitui em uma representação matemática computacional da

distribuição de um fenômeno espacial que ocorre na superfície terrestre (FILGUEIRAS;

CÂMARA, 2008). Para a representação das curvas no plano foram utilizando as coordenadas

na projeção UTM (Universal Tranversa de Mercator) e DATUM WGS84_ZONA 24 S. O

método de interpolação utilizado para confecção do MNT foi krigagem ordinária, pois

segundo Landim et al. (2002) essa interpolação apresenta a melhor precisão geral e resguarda

fidelidade aos dados originais.

O MNT foi feito a partir de 244 dados de altimetria (dados da primeira e segunda

missão), com tamanho de células de 10 m e variograma exponencial (SOARES, 2000;

EASTMAN, 2005 apud KRAEMER, 2007). Da criação deste mapa foi derivada a área da

bacia, delimitada manualmente com auxílio do software Arcmap a partir da rede de drenagem

e pontos de altimetria dos levantamentos.

A partir do MNT e das áreas das bacias foram feitas as caracterizações

morfométricas das micro-bacias considerando os seguintes atributos: perímetro da bacia,

comprimento da rede de drenagem, comprimento e declividade da bacia, fator de forma e

coeficiente de compacidade, sinuosidade do rio principal, extensão média do escoamento

superficial e tempo de concentração:

• Declividade da bacia (Db)

Segundo Gordon et al. (1992) a declividade da bacia pode ser definida como:

Lb

hhDb FN

75,0%10%15 −= (1)

em que

Db = declividade da bacia, em m km-1;

h15%N = cota a 15% do comprimento da bacia, partindo da nascente, em m;

h10%F = cota a 90% do comprimento da bacia, partindo da nascente, em m;

Lb = comprimento da bacia em km.

• Comprimento da bacia (Lb)

O comprimento da bacia foi obtido pela medida da distância entre a sua foz e o

ponto localizado no perímetro da bacia que a divide ao meio.

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• Fator de forma

2Lb

AbRf = (2)

em que

Rf = relação de forma da bacia [].

Quanto mais próximo da unidade o fator de forma (Rf), mais quadrada é a forma

da bacia. Formas retangulares são observadas em valores afastados da unidade.

• Coeficiente de compacidade

Ab

PKc *28,0= (3)

em que

Kc = coeficiente de compacidade ou índice de Gravelius da bacia [];

P = perímetro da bacia em km.

O coeficiente de compacidade é um número adimensional que varia com a forma

da bacia, independentemente de seu tamanho; quanto mais irregular for a geometria da bacia,

tanto maior será o coeficiente de compacidade. Um coeficiente mínimo igual à unidade

corresponderia a uma bacia circular. Se os outros fatores forem iguais, a tendência para

maiores enchentes é tanto mais acentuada quanto mais próximo da unidade for o valor desse

coeficiente (VILLELA; MATTOS, 1975).

• Sinuosidade do rio principal

Lt

LcpSin = (4)

em que

Sin = Sinuosidade do curso principal [];

Lcp =comprimento do curso principal em km;

Lt = comprimento do talvegue em km.

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A sinuosidade do curso principal é um fator controlador da velocidade de

escoamento. A condição para que não exista sinuosidade do curso principal é o valor

correspondente à unidade.

• Tempo de concentração da bacia

19,05,0 Db*Lcp*191,0Tc −= (5)

em que

Tc= Tempo de concentração em h;

Db= declividade da bacia em %.

De acordo com Silveira (2005) a equação (5) é a mais indica e consistente para

dados de bacias até 12.000 km². Por isso esta foi utilizada para o cálculo.

• Extensão média do escoamento superficial

Lcp*4

AbExt .ersup.Esc = (6)

em que

Ext Esc. Super.= Extensão média do escoamento superficial em km.

3.1.3 Classificação climática

Segundo a classificação de Koppen a região de inserção das micro-bacias

apresenta o tipo climático: BSw’h’- semi-árido com chuvas de outono e temperaturas médias

mensais sempre superiores a 18 °C. Os valores médios da altura pluviométrica, temperaturas

máximas e mínimas, radiação solar, insolação, umidade relativa do ar, evaporação e

velocidade do vento para a região de inserção das micro-bacias em estudo são apresentados

na Tabela 3.

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TABELA 3 – Dados de clima, Iguatu-ce

Variável Valor Unidade Fonte

Altura pluviométrica 805,3 mm ano-1 SIRH/Ce, 2008

Temperatura máxima média 32,6 ˚C Agritempo/INMET, 2008

Temperatura mínima média 21,9 ˚C Agritempo/INMET, 2008

Temperatura média 26-28 ˚C IPECE, 2004

Radiação solar média anual 5,63 kW m-2 dia Solarterra, 2008

Insolação 2945 h ano-1 COTEC, 1989 apud Palácio,

2004

Umidade relativa do ar 66,1 %

Evaporação 2943 mm ano-1

Velocidade do vento 1,8 m s-1

3.1.4 Vegetação

• Amostragem

A amostragem depende de uma dada condição e objetivo, no entanto, espera-se

que as amostras escolhidas ao acaso reflitam as características da população das quais foram

amostradas (PRODAN, 1968 apud MEDEIROS, 2004). Com base neste fato e buscando

reduzir o tempo do trabalho de levantamento vegetal, foram determinadas parcelas de 10 m x

10 m em 3 repetições, tomadas de forma aleatória para cada micro-bacia.

• Classificação

As espécies vegetais da área experimental foram determinadas a partir do

levantamento, e identificadas por meio do nome vulgar com o auxilio de um mateiro. A

vegetação foi classificada como arbória-arbustiva tomando como base o trabalho de Carvalho

e Zákia (1994) em ecossitema semelhante.

• Densidade de espécies vegetais

Para Chapman (1976) apud Medeiros (2004), a densidade de espécies vegetais é

definida como sendo o número de indivíduos de uma determinada espécie por unidade de

área. O calculo geralmente é feito contando-se o número de árvores destas espécies dentro da

parcela, que em seguida são multiplicadas pela área de estudo e depois divididas pela área

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amostrada. Neste trabalho foi feita a contagem do número de indivíduos emergente ao solo e a

área total por micro-bacia correspondente a obtida no item 3.1.2.

3.1.5 Características de relevo e solo

As micro-bacias estão inseridas na região denominada de depressão sertaneja e

seus solos são Aluviais, Litólicos, Podzólicos Vermelho-amarelo e Vertissolos (IPECE,

2004).

Especificamente nas micro-bacias o relevo é pouco acidentado, o solo em grande

parte muito raso e pedregoso (Figura 4). Em épocas secas o solo tende a se contrair, porém em

épocas chuvosas, por sua forma plástica, facilmente encharca-se dificultando até mesmo o

acesso e locomoção (Figura 5a, 5b).

FIGURA 4 - Perfil do solo no leito de um dos córregos (foto retirada no local de instalação da

torre de um dos coletores de sedimentos)

a] b]

FIGURA 5 - a] Detalhe da estrutura do solo; b] Acesso as micro-bacias B1 e B2

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29

Os atributos físico-químicos do solo das micro-bacias B1 e B2 podem ser

observados, respectivamente, nas Tabelas, 4 e 5.

TABELA 4 – Resultados de análise físico-química do solo (2007), micro-bacia B1

Atributos Camadas (cm)

Profundidade 0 – 30 30 – 60 60 – 90

Granulometria (%)

Areia Fina 11 10 9

Areia Grossa 32 25 40

Silte 46 39 30

Argila 11 26 21

Classificação Textural Franca

Grau de Floculação (%) 90 40 30

Densidade das Partículas (g cm-3) 2,59 2,61 2,57

Água Útil (g 100g-1) 10,60 10,90 11,55

pH (Água) 6,8 7,9 8,0

CE (ds m-1) 0,18 0,30 0,34

C/N 10

M.O (%) 2,03 1,31 1,46

P assimilável (mg kg-1) 73 93 96

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30

TABELA 5 – Resultados de análise físico-química do solo (2007), micro-bacia B2

Atributos Camadas (cm)

Profundidade 0 – 30 30 – 60 60 – 90

Granulometria (%)

Areia Fina 23 7 5

Areia Grossa 22 18 17

Silte 45 49 52

Argila 10 26 26

Classificação Textural Franca Franca Siltosa

Grau de Floculação (%) 50 40 30

Densidade das Partículas (g cm-3) 2,56 2,64 2,61

Água Útil (g 100g-1) 7,91 10,02 11,74

pH (Água) 7,7 7,9 8,2

CE (ds m-1) 0,29 0,26 0,29

C/N 10

M.O (%) 2,53 1,86 1,18

P assimilável (mg kg-1) 137 140 157

3.1.6 Fauna

A fauna da área de estudo é bastante peculiar (Figura 6), tendo sido observado

aves, répteis, aracnídeos, insetos, quilópodes e diplópodes e anfíbios. Alguns exemplares

foram vistos ao longo de todo o ano (pássaros, lagartos, aracnídeos, insetos), entretanto,

outras foram observadas apenas em épocas chuvosas.

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31

FIGURA 6 - Exemplares e indícios da fauna existente na área experimental principalmente no

período chuvoso

3.2 Equipamentos

Para a caracterização e avaliação das respostas hidrológicas a diferentes eventos

nas micro-bacias foram instalados coletores automáticos de sedimentos confeccionados no

LEMA (Laboratório de Eletrônica e Mecânica Agrícola), calhas Parshall e estações hidro-

meteorológicas automáticas, sendo esta última desenvolvida pela Universidade Federal do

Ceará (UFC).

3.2.1 Calha Parshall

As calhas Parshall de fibra de vidro foram confeccionadas em grandes dimensões.

As dimensões da calha (Figura 7) foram calculadas a partir de um evento com intensidade de

50 mm h-1, estando o solo sem cobertura vegetal. A equação empregada para o cálculo da

vazão máxima (pico de descarga) foi a equação racional (8). Optou-se por essa equação pelo

fato da mesma ser simples e adequada para micro-bacias. A equação da calha tem como

relação o pico de descarga (Qp) e altura da coluna d’água no tranqüilizador (Hm), sendo esta

equação dependente da secção de estrangulamento do fluxo (W). Conforme a equação a

seguir:

Fo

tos:

Eun

ice

An

drad

e, 2

008

Fo

tos:

Nilv

ia N

ara

e A

na

Cél

ia M

eire

les

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32

026,0026.0 *393,1*0086.0*72,3 WW HmWQ = (7)

Q= pico de descarga em L s-1;

W= estrangulamento do fluxo em cm;

Hm= altura da coluna de água no tranqüilizador em cm.

AiCQp ***0028,0= (8)

em que

C= coeficiente de escoamento, 0,5 [];

i = Intensidade de chuva mm h-1;

A= área da bacia, 1,5 ha.

FIGURA 7 - Planta baixa calha Parshall

P-Distância entre as paredes da entrada da calha; A- Seção de convergência; W- Estrangulamento; C- Saída do

fluxo; R- Raio de curvatura das paredes da entrada da calha.

Para as calhas Parshall das micro-bacias B1 e B2 as dimensões em cm de P, W e

altura da parede foram 76; 47,50 e 82 cm, respectivamente.

As calhas Parshall de fibra de vidro foram instaladas nos córregos, uma em cada

micro-bacia, com auxilio de estrutura de alvenaria (Figuras 8a, 8b e 9).

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33

a] b]

FIGURA 8 - a] Detalhe dos últimos ajustes da calha antes de ir ao campo; b] Calha posta no

leito de um dos córregos

FIGURA 9 - Calha Parshall fixada com alvenaria no leito de uma das micro-bacias (Outubro

de 2007)

3.2.2 Coletor automático de sedimentos em suspensão

Coletores automáticos de sedimentos (Figura 10) foram confeccionados no LEMA

e instalados na área. Os coletores de sedimento são formados por torres de ferro com tampa

parafusada, possuindo braçadeiras de ferro para suporte dos tubos plásticos de 110 mL e

capilares de plástico. Os tubos plásticos têm a função de captar os sedimentos em suspensão

no fluxo do curso d’água.

Fo

to:

Eu

nic

e A

ndra

de,

200

7

Fo

to:

Eu

nic

e A

ndra

de,

200

7

Fo

to:

Eu

nic

e A

ndra

de,

200

7

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34

FIGURA 10 - Coletor automático de sedimentos instalado em um dos córregos (Abril de

2007)

Os tubos plásticos possuem uma entrada para a água com sedimentos, espaguete,

e uma saída de ar, capilar. As torres foram equipadas com 6 tubos, perfilados na vertical de

forma alternada. A coleta de sedimentos em suspensão foi realizada no ramo ascendente

(Figura 11), a uma altura inicial de 15 cm e espaçadas de 5 em 5 cm, o que resulta em uma

amostra composta. Os coletores foram fixados a uma distância aproximada de 5,0 m a jusante

da calha Parshall (Figura 12).

FIGURA 11 - Inserção dos tubos coletores na torre

Fo

to:

Eu

nic

e A

ndra

de,

200

8 F

oto

: A

na

Cél

ia M

eire

les,

200

8

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35

FIGURA 12 - Posição e distância do coletor automático de sedimentos com relação à calha

Parshall

3.2.3 Estação hidro-meteorológica automática

A estação automática foi confeccionada e implantada na área experimental. A

estação era formada por placa para gerenciar e armazenar dados, sensor de umidade relativa e

temperatura, sensor de temperatura do solo, pluviografo do tipo de báscula, sensor de nível da

coluna de água, bateria e painel solar (Figura 13).

Fo

to:

Jose

ilson

Ro

drig

ues

, 200

7

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36

FIGURA 13 - Esquema de montagem da Estação hidro-meteorológica automática

Nas micro-bacias B1 e B2 foram instaladas uma estação de uso comum com itens

adicionais ao do esquema. Estes itens foi um sensor ultra sônico de nível (Figura 14) ligado a

um datalogger modelo CR10X.

Na Estação, o armazenamento dos dados gerados pelos sensores foi realizado a

cada 5 min com leituras a cada 30 s. A coleta dos dados da estação era feita periodicamente

num intervalo de 2 a 5 dias.

Fonte: Canafístula et al. (2008)

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37

FIGURA 14 - Sensor de nível tipo sonda, na calha da B1

3.2.3.1 Placa de gerenciamento e armazenamento de dados

A placa utilizada para gerenciar e armazenar os dados, nas micro-bacias, foi

desenvolvida pela Universidade Federal do Ceará (UFC) no Laboratório de Eletrônica e

Mecânica Agrícola (LEMA) do Departamento da Engenharia Agrícola (DENA) como mostra

a seqüência abaixo:

1) Desenvolvimento do circuito em software, e a sua impressão em transparência

(Figura 15).

FIGURA 15 - Circuito impresso a laser na transparência

Fo

to:

Jose

ilson

Ro

drig

ues

, 200

7

Fo

to:

Nilv

ia N

ara

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38

2) Revelação do circuito na placa

Em câmara escura (Figura 16a) preparou-se a placa para a revelação (Figura 16 b)

aquecendo-a a temperatura de 55 a 60 ºC e aplicando-a o fotolito (PRP) (Figura 16c).

a] b] c]

FIGURA 16 - a] Ambiente adequado para aplicação do PRP; b] Placa com fina camada de

cobre já polida com esponja de aço; c] Fotolito (PRP)

A placa foi submetida, após aplicação do fotolito, a luz negra (15 watts) em caixa

fechada entre “sanduíche” de vidro e transparência impressa, como mostra a Figura 17. Desta

forma, se deu a transferência do designer do circuito da transparência para a placa (Figura 18).

A revelação em si foi feita mergulhando rapidamente a placa, já com a aplicação

do desenho do circuito, em solução de soda caustica e água. A eventual oxidação da placa foi

evitada com a aplicação de uma camada de resina de babaçu. Na placa foram soldados micro-

controladores (PIC 18F2331). Desta forma, também, foi confeccionada placa para fonte, onde

foram acoplados um painel solar fotovoltaico e bateria 12 watts.

A placa recebeu uma memória com capacidade de armazenamento equivalente a

um período de um mês, sem perda de dados, se programada com intervalos de

armazenamento de 5 em 5 minutos. O programa utilizado para fazer interface com o

computador na aquisição, ajuste e reset dos dados foi também confeccionado pela UFC. O

programa tem uma interface simples (Figura 19) e permite observar os dados em tempo real.

Fo

to:

Nilv

ia N

ara,

200

7

Fo

to:

Nilv

ia N

ara,

200

7

Fo

to:

Nilv

ia N

ara,

200

7

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39

FIGURA 17 - Luz negra e “sanduíche” da placa; FIGURA 18 – Placa de circuito impresso

FIGURA 19 - Janela da interface do programa

3.2.3.2 Sensores utilizados na medição dos processos hidro-meteorologicos

• Sensor de umidade relativa do ar (UR) e temperatura ar

O sensor de umidade relativa e temperatura do ar utilizados nas estações são do

tipo SHT7x 4-pin-single in-line. A umidade relativa do ar varia de acordo com a temperatura

do ar se mantida constante a pressão parcial de vapor (e). Como a pressão de saturação (es)

depende da temperatura do ar, quando a diferença (e-es) diminui ou aumenta, a umidade varia

inversamente a esta relação (VAREJÃO-SILVA, 2000). De posse dos dados fornecidos pela

estação estimou-se as umidades e temperaturas médias diárias considerando os valores de

mínima, máxima, 9h e 21h.

Fo

to:

Nilv

ia N

ara,

200

7

Fo

to:

Nilv

ia N

ara,

200

7

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40

• Sensor de nível da coluna de água

O sensor de nível da coluna de água (Figura 20) utilizado foi desenvolvido no

LEMA/ DENA, confeccionado na forma retangular, também, em placas de circuito impresso,

com espessura, largura e tamanho 0,2 cm, 3 cm e 90 cm, respectivamente. As placas do sensor

foram cobertas por um verniz que serve tanto para evitar oxidação como para eliminar o efeito

da condutância elétrica da carga através do dielétrico.

FIGURA 20 - Sensor de nível da coluna de água

As placas foram posicionadas paralelamente definindo os eletrodos do capacitor,

separadas em 0,5 cm e unidas por peças cilíndricas de cobre, com altura e diâmetro de 0,5 cm,

com um furo central de 0,2 cm, por onde passa o parafuso de aço galvanizado, de mesmo

diâmetro que fixado por porca de aço inox. Os cilindros de cobre foram soldados na

intersecção da placa, com o objetivo de melhorar o contato de todo circuito. Conforme

definido por Cruz et al. (2007) o sensor é composto de um oscilador, cuja freqüência é

definida pelo capacitor que pode variar o dielétrico e por um resistor fixo 10 kΩ. Como o

sensor mede freqüência, foi então realizada uma calibração, a qual gerou uma equação do tipo

potencial de freqüência vs altura da coluna de água. Aos gráficos a e b da Figura 21 a; b,

respectivamente aplicam-se as equações da Tabela 6, que são referentes aos sensores

instalados nas micro-bacias.

Fo

to:

Eu

nic

e A

ndra

de

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41

[a] [b]

0

20000

40000

60000

80000

100000

0 20 40 60 80 100

Altura (cm)

Fre

qüên

cia

(kH

z)

0

20000

40000

60000

80000

100000

0 20 40 60 80 100

Altura (cm)

Fre

qüên

cia

(kH

z)

FIGURA 21 - Gráfico calibração do sensor de nível da coluna de água para a micro-bacia B1

[a] e micro-bacia B2 [b]

TABELA 6 - Locais de instalação, equações e fatores de regressão dos sensores de nível da

coluna de água

Micro-bacia Sensor Equação R2 Figura

B1 sonda - - -

4 Freq = 83683Hm-0,7282 0,975 a

B2 2 Freq = 74631Hm-0,8498 0,977 b

Os valores do Hm em cm necessárias para o cálculo de vazão na equação da calha

parshall, foram obtidos com entrada dos dados de freqüência dos eventos chuva-defluvio nas

equações acima (Tabela 6).

O sensor de temperatura do solo utilizado foi o da série LM35, sensor de

temperatura de precisão centígrado, instalado no solo a menos de 5 cm de profundidade. A

acurácia do sensor é de 0,5 ºC e sua escala variou no intervalo de -55 a +150 ºC.

3.2.3.3 Pluviógrafo do tipo de báscula

O pluviógrafo do tipo báscula foi confeccionado a partir de tubo PVC, placa de

zinco (funil), sensor de interruptor magnético, ímã, resina de laminação, fibra de vidro,

catalisador, forma, parafusos, tinta aerossol branca, abraçadeira de silicone e suporte de

alumínio. Para montar a base (Figura 22) foram utilizadas resina (submetida a catalisador) e

fibra de vidro.

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42

FIGURA 22 - Base do pluviógrafo recebendo medições para encaixe do suporte de alumínio

A cuba basculante, peça interna do pluviógrafo, foi construída apenas com resina.

O sensor, também peça interna do pluviógrafo, responsável pela emissão do pulso quando há

oscilação do basculante, foi encaixado em um suporte de alumínio na posição vertical. O

basculante recebeu um ímã no eixo entre as duas cubas.

O corpo do pluviógrafo foi feito de tubo PVC (Figura 23a) e o funil (diâmetro

igual a 20 cm) de placa de zinco (Figura 23b). O corpo foi montado sobre a base mais

basculante e suporte com sensor (Figura 24), e o funil ao corpo fixado com o auxilio de

abraçadeiras de silicone.

a] b]

FIGURA 23 - a] tubo PVC; b] Funil

Depois sobre o conjunto foram aplicadas duas camadas de tinta aerossol (Figura

25).

Fo

to:

Eu

nic

e A

ndra

de,

200

7

Fo

to:

Nilv

ia

Nar

a, 2

007

Fo

to:

Nilv

ia

Nar

a, 2

007

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43

FIGURA 24 - Pluviográfo sem a parte superior (funil), mostrando a montagem do corpo sobre

base, basculante e suporte com sensor

FIGURA 25 - Pluviógrafo do tipo de báscula

A calibração do pluviógrafo foi feita através do ajuste de dois parafusos na base,

de modo que o volume da cuba (8 mL), correspondente a um pulso do sensor, resultasse em

lâmina de 0,255 mm. Esta resolução, segundo Sentelhas e Caramori (2002) torna o

pluviógrafo capaz de proporcionar medidas mais exatas, e com menor erro médio (~ 2%) se

comparado ao de resolução 0,1 mm.

Sendo que:

A

VL =

(9)

em que

L= lâmina em mm;

Fo

to:

Eu

nic

e A

ndra

de,

200

7

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44

V= volume cuba do basculante em m3;

A= área do funil em m2.

Para comparação dos dados de precipitação pluviométrica diária obtidos com

pluviógrafo do tipo báscula foi instalado, também, na área experimental um pluviômetro

modelo Tonnelot (na micro-bacia B2). Autores como Sentelhas et al. (1997), Cunha e Martins

(2004), Pereira et al. (2008) apontam boa concordância entre estes equipamentos apesar de

algumas discrepâncias. A partir dos pares de dados do pluviômetro e pluviógrafo foi feita a

análise de regressão e determinação do coeficiente de correlação r. Para se avaliar a precisão e

acurácia dos insturmentos desenvolvidos aplicou-se os seguintes índices:

a) índice de concordância (WILLMOTT, 1981):

( ) ( )

∑ −+−∑ −−===

n

iii

n

iii OOOPOPd

1

2

1

21 (10)

b) coeficiente de determinação:

( ) ( )∑ ∑ −−== =

n

i

n

iii OPOOCD

1 1

22 (11)

c) eficiência:

( ) ( ) ( )∑ −

∑ ∑ −−−=

== =

n

ii

n

i

n

iiii OOPOOOEF

1

2

1 1

22 (12)

d) coeficiente de massa residual:

∑ ∑−=

== =

n

ii

n

i

n

iii OPOCRM

11 1 (13)

sendo

Oi= Dados obtidos para o pluviógrafo tipo Tonnelot;

Pi= Dados obtidos para o pluviômetro de báscula;

n= Número de observações;

i=i-esimo valor de leitura.

A média dos dados observados estimada por:

∑==

n

iiO

nO

1

1 (14)

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45

As componentes sistemáticas Es e aleatória Ea do erro total foram obtidas por:

( )∑ −==

n

ttt OP

nEs

1

2'1

(15)

( )∑ −==

n

ttt PP

nEa

1

2'1

(16)

em que

Ot= Total para os dados obtidos com o pluviógrafo tipo Tonnelot;

Pt= Total para os dados obtidos com o pluviômetro de báscula.

A equação de calibração do tipo linear

tt bOaP +=' (WILLMOTT et al., 1985).

em que

a e b são coeficientes da equação de regressão dos dados pluviômetro vs

pluviógrafo.

Se Oi coincide perfeitamente com Pi, tem-se: CRM = 0 e d = CD = EF = 1.

Além dos índices supra citados foi feita, a partir do índice de concordância e

correlação, a avaliação do desempenho através do índice confiança ou desempenho “c”, que é

o produto dos índices de concordância e correlação (CAMARGO; SENTELHAS, 1997). Os

dados analisados correspondem ao período de 23/01/2008 a 30/04/2008.

As intensidades médias de precipitação como também as intensidades de máximas

chuvas com duração de 5 minutos foram determinadas somente para eventos com altura

pluviométrica superior a 10 mm.

3.3 Coleta e análise de dados dos sedimentos em suspensão

Os dados de sedimentos em suspensão foram coletados automaticamente a cada

evento que proporcionasse escoamento suficiente para a coluna de água atingir a entrada do

coletor e enchê-lo. As amostras foram retiradas manualmente dos coletores após ocorrência

do evento chuva-deflúvio ou quando imediatamente fosse possível, sendo etiquetadas,

identificadas (nome da bacia e data de ocorrência do evento chuvoso) e então, levadas ao

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46

Laboratório de Água, Solos e Tecido Vegetal da EAFIGT. As análises foram realizadas

conforme metodologia descrita por Piveli; Kato (2005). A Classificação das frações sólidas

determinadas em água segue esquema do fluxograma abaixo (Figura 26):

FIGURA 26 - Classificação das frações de sólidos em água

A concentração dos sedimentos em suspensão dos ST foi determinada para quatro

eventos de chuva-deflúvio na micro-bacia 1 e oito eventos na micro-bacia 2 referente aos

eventos que não se teve perda de dados. Foi feita a relação da morfometria, cobertura vegetal

e textura do solo com a produção de sedimentos em suspensão (ST).

3.4 Estimativa da vazão

Utilizando a equação racional (Eq. 7) foi feita a estimativa da vazão para os

eventos chuva-defluvio-sedimentos, considerando C igual a 0,4 referente ao índice de

cobertura da caatinga; intensidade máxima de chuva para 5 minutos (mm h-1) e área da bacia

encontrada de acordo com o item 3.1.2.

Fonte: PIVELI; KATO (2005)

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Caracterização morfométrica

A Figura 27 é referente ao mapa das micro-bacias B1 e B2 confeccionado com

auxilio da ferramenta Arcmap, neste são mostrados os córregos, as curva de nível, formas das

áreas e altimetria.

FIGURA 27 - Mapa das micro-bacias B1 e B2

As micro-bacias são adjacentes, os cursos desembocam no mesmo exutório. Há

uma maior região na micro-bacia B2 com relação a região da micro-bacia B1 em área de

maior altitude. A forma da micro-bacia B1 e mais irregular que a da micro-bacia B2 (Figura

27).

A Tabela 7 apresenta os fatores estimados das características morfométricas das

micro-bacias experimentais B1 e B2.

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48

TABELA 7 – Características morfométricas das micro-bacias B1 e B2

Caracteristicas

Valores

Unidades Micro-bacias

B1 B2 Área da bacia (Ab) 1,15 2,06 ha Perímetro (P) 478,4 594,5 m Altitude a 15% do comp. da bacia considerando a nasc. 246,3 244,0 m Altitude a 10% do comp. da bacia considerando a fóz 234,0 227,6 m Comprimento do talvegue (Lt) 120,5 183,9 m Comprimento do curso princ. (Lcp) 147,2 252,1 m Comprimento da bacia (Lb) 188,2 204,4 m Declividade da bacia (Db) 8,7 10,6 % Fator de forma (Rf) 0,32 0,49 - Coeficiente de compacidade (Kc) 1,25 1,16 - Tempo de concentração (Tc) 0,05 0,06 h Extensão média do escoamento superficial 19,50 20,50 m Sinuosidade do curso principal (Sin) 1,2 1,4 -

Com relação ao fator de forma e coeficiente de compacidade presentes na Tabela

7, as micro-bacias experimentais não apresentam tendências a maiores enchentes. Os dois

índices estimados juntos se afastam da unidade, e seus valores entre si não são próximos

(VILLELA; MATOS, 1975). Porém se compararmos os índices das micro-bacias B1 e B2

observa-se que o coeficiente de compacidade da micro-bacia B2 tende a forma geométrica

mais circular, pois o valor do coeficiente de compacidade da micro-bacia B2 é menor que o da

micro-bacia B1 e é mais próximo de um.

4.2 Variáveis climáticas

4.2.1 Temperatura

Os valores diários das temperaturas máxima, mínima e média são apresentados na

Figura 28. Pode-se observar a existência um período sem dados pela falta de aquisição do

mesmo. A máxima absoluta (41 ºC) para o período estudado foi registrada no dia 24/01/08,

enquanto que a menor temperatura das máximas (25 °C) ocorreu quatro dias após a data em

que foi registrada a máxima absoluta (28/01/08). Essa amplitude das temperaturas máximas

(16 °C) registrada em apenas quatro dias expressa uma variação decorrente de uma condição

de tempo e não de clima. Uma maior ou menor nebulosidade impede a troca de energia na

forma de ondas longas entre a superfície do solo e a atmosfera, promovendo variações

consideráveis das temperaturas máximas ou mínimas.

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49

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

23/1/08 30/1/08 6/2/08 13/2/08 20/2/08 27/2/08 5/3/08 12/3/08 19/3/08 26/3/08

Data (d/m/aa)

Tem

pera

tura

(o C)

T Média T Mínima T Máxima

FIGURA 28 - Dados diários de temperatura do ar em oC para as micro-bacias B1 e B2,

Iguatu, 2008

As temperaturas mínimas diárias apresentaram uma menor variabilidade, sendo a

absoluta das mínimas (20 °C) registrada no dia 08/03/08. O valor máximo das mínimas (24

°C) foi medido no dia 24/01/08, expressando uma amplitude das mínimas de apenas 3 °C.

Observa-se, ainda, que a variabilidade da temperatura média diária reflete a variação

apresentada pelas máximas diárias, o que era esperado, uma vez que a mínima apresentou

valores mais estáveis.

4.2.2 Umidade relativa do ar

Os valores diários (máximo, mínimo e médio) da umidade relativa (UR) do ar são

apresentados na Figura 29. Assim como para a temperatura, observa-se um período sem

dados, também, pela falta de aquisição do mesmo. A umidade relativa do ar teve maior

variação no início da estação chuvosa, na qual verificou-se uma umidade relativa mínima

variando de 35% no dia 23/01/08 a 87% para o dia 28/01/08. Essa variação em torno de 50%

nos valores da umidade relativa mínima em apenas 5 dias e decorrente das chuvas iniciadas

no dia 25/01/08 e estendendo-se até o dia 01/02/08. Já no final do período observado ocorreu

uma redução da amplitude dos valores mínimos da umidade relativa, existindo, também, uma

tendência de menores umidades relativas. Como o período observado foi referente aos dias de

precipitação pluviométrica os valores máximos diários da UR sempre atingiram o ponto de

saturação, ou seja, uma UR de 100%.

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50

Considerando os valores médios da UR, pode-se observar que os mesmos

variaram de 70% a 97%. Verifica-se, também, que a tendência da UR média é a mesma da

UR mínima, o que se justifica pelo valor constante da máxima. Os valores mínimos de UR

foram observados no período da tarde, entre as 11:55 minutos e 16:30 minutos, o horário de

ocorrência das máximas variou muito em decorrência da existência das precipitações

pluviométricas.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

23/01/08 30/01/08 06/02/08 13/02/08 20/02/08 27/02/08 05/03/08 12/03/08 19/03/08 26/03/08

Data (dd/m/aa)

Um

idad

e R

elat

iva

(%)

UR Média UR Mínima UR Máxima

FIGURA 29 - Dados diárias de umidade relativa do ar para as micro-bacias B1 e B2, Iguatu,

2008

Comparando-se as Figuras 28 e 29 , observa-se que as tendências da temperatura

do ar e umidade relativa do ar são inversas, ou seja, maiores temperaturas menores umidades

relativas do ar. Esse fato é decorrente da expansão dos gases aquecidos, aumentando o seu

volume e a sua capacidade de armazenar vapor d’água (VAREJÃO-SILVA, 2000).

4.2.3 Precipitação

A precipitação de 24 horas (Figura 30) registrada nas bacias apresenta uma alta

variabilidade temporal, o que é característico de regiões de clima semi-árido (SOUZA et al.,

1998; GIULIETTI et al., 2006). Pelo referido gráfico pode-se identificar uma altura

pluviométrica para o dia 12/03/08 superior a 120 mm. Eventos como esse, normalmente,

geram elevado escoamento superficial com consideráveis perdas de solo e danos para a

agricultura de sequeiro.

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51

0

20

40

60

80

100

120

140

25/1/2008 8/2/2008 22/2/2008 7/3/2008 21/3/2008

Data (d/m/aaa)

Pre

cipi

taçã

o P

luvi

omét

rica

em m

m .

FIGURA 30 - Precipitação pluviométrica diária para as micro-bacias B1 e B2, Iguatu, 2008

4.3 Cobertura vegetal

Verificou-se que a área de estudo ainda apresenta uma cobertura vegetal bem

conservada (Figura 31a, 31b). No entanto, também, foi observada a exploração não autorizada

da madeira (Figura 32) por pessoas que moram nas proximidades.

a] b]

FIGURA 31 - Cobertura vegetal da área de estudo: a] período chuvoso; b] período seco

Fo

to:

Eu

nic

e A

ndra

de,

200

8

Fo

to:

Eu

nic

e A

ndra

de,

200

8

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FIGURA 32 - Caule de árvore decepado devido à retirada não autorizada de madeira por

moradores da região

É comum encontrar-se nas áreas mais elevadas da bacia, pequenas clareiras

(Figura 33) provenientes da retirada não autorizada de madeira de interesse dos invasores. As

principais espécies vegetais que compõem a cobertura vegetal da área em estudo estão

presentes na Tabela 8.

FIGURA 33 - Clareira em decorrência do uso indevido do extrato arbóreo na área estudada

Fo

to:

Eu

nic

e A

ndra

de,

200

7 F

oto

: E

un

ice

And

rad

e, 2

007

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TABELA 8 – Local de ocorrência e espécies vegetais encontradas na área de estudo (nome

popular, nome cientifico e Família)

Local * Espécies vegetais Nome popular Nome científico Família B1,B2 Ameixa Ximenia americana L. Olacaceae B2 Angico Anadenanthera colubrina (Vell.) Leguminosae B1,B2 Aroeira Myracrodruon urundeuva Allemão Anacardiacea B1,B2 Bamburral Hyptis sauaviolens (L.) point Lamiaceae B1,B2 Capim mimoso Axonopus purpuni Poaceae B1,B2 Cipó de açoitar cavalo - - B1,B2 Cumaru Amburana cearensis (Allem.) A. C. Smith Leguminosae B1,B2 Feijão de boi Capparis cynophallophara L. Capparaceae B1,B2 Imburana de espinho Commiphora leptophloeos (Mart.) JB. Gillett Burseraceae B1,B2 Jurema branca Pipladenia stipulacea (Benth) Ducke Leguminosae B2 Jurema preta Mimosa teniuflora (Willd.) Poir Leguminosae B2 Malva preta Herissantia sp. , Waltheria indica L. Malvaceae B1,B2 Marmeleiro Cróton sonderianis Muell. Arg. Euphorbiaceae B1 Marmeleiro branco Cróton argirophylloides Muell. Arg. Euphorbiaceae B1 Mata pasto Senna oblusifolia (L.) Irvein & Barneby - B1,B2 Melosa Hyptis sp. - B1,B2 Mofumbo Combretum leprosum Mart. Combretaceae B1,B2 Moleque duro (Maria preta) Cordia leucocephala Mories - B1,B2 Pau ferro Caesalpinia férrea Mart. Leguminosae B1,B2 Pereiro Aspidosperma pyrifolium Mart. Apocynaceae B1,B2 Pinhão - Euphorbiaceae B1,B2 Sabiá Mimosa caesalpiniifolia Benth Leguminosae B1,B2 Velame Cróton sp. Euphorbiaceae

*Micro-bacia

Exemplares de espécies como Aroeira, Cumaru, Angico, Ameixa e Sabiá

(Myracrodruon urundeuva Allemão; Amburana cearensis (Allem.) A. C. Smith;

Anadenanthera colubrina (Vell.); Ximenia americana L. e Mimosa caesalpiniifolia Benth

respectivamente) foram encontrados nas micro-bacias B1 e B2. No entanto pela retirada não

autorizada, principalmente das espécies nobres como o Sabiá (Mimosa caesalpiniifolia

Benth), Angico (Anadenanthera colubrina (Vell.) e Cumaru (Amburana cearensis (Allem.) A.

C Smith) o Pereiro (Aspidosperma pyrifolium Mart.) se tornou mais notório na paisagem.

Alguns exemplares das espécies vegetais da área experimental podem ser observados nas

Figuras 34 a;b.

Em termos médios foram identificadas 23 espécies na área das micro-bacias B1 e

B2 (Tabela 8) inferior ao encontrado por Araújo et al. (1998) com 184 espécies em região de

carrasco e por Benevides et al. (2007) 27 e 32 espécies, em suas respectivas áreas de estudo:

ambiente semi-preservado e não preservado. Na área de estudo, caatinga preservada, de

Moreira et al. (2007) foram estabelecidas 11 espécies vegetais. Em ambientes de caatinga com

pastoreio, Freitas et al. (2007) encontraram 12 e 4 espécies vegetais para área de pastoreio

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mais retirada de madeira e 4 espécies vegetais em área de pastoreio que anteriormente tinha

sido utilizada para cultivo de algodão mocó, respectivamente.

a] b]

FIGURA 34 - a] Exemplar de Pereiro, Aspidosperma pyrifolium Mart; b] Exemplar de

Cumaru (Imburana de cheiro), Amburana cearensis (Allem.) A. C. Smith.

As Tabelas 9 e 10 trazem o número de indivíduos e densidade da área de estudo

por espécie. A densidade da área de estudo nas micro-bacias B1 e B2 foram 16.395 indivíduos

pelo total da área (1,15 ha) de estudo da micro-bacia B1 (Tabela 9) e 24.421 indivíduos pelo

total da área (2,06 ha) de estudo da micro-bacia B2 (Tabela 10), sendo assim a densidade de

espécies vegetais por unidade de área foi de 1,43 indivíduos m-2 para a micro-bacia B1 e 1,18

indivíduos m-2 para a micro-bacia B2.

Fo

to:

Eu

nic

e A

ndra

de,

200

7

Fo

to: E

un

ice

An

drad

e, 2

007

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TABELA 9 – Nome popular, número de indivíduos na área amostrada, parcela 10 m x 10 m, e

densidade da área de estudo na micro-bacia B1

Nome popular no. de

indivíduos Densidade da área de estudo*

(no de indivíduos pela área total) Ameixa 8 306,45 Aroeira 1 38,31 Bambural 43 1.647,17 Cipó de açoitar 1 38,31 Cumaru 1 38,31 Feijão de boi 7 268,14 Imburana de espinho 3 114,92 Jurema branca 1 38,31 Maria preta 1 38,31 Marmeleiro 14 536,29 Marmeleiro branco 1 38,31 Mata pasto 12 459,68 Melosa 201 7.699,57 Mofumbo 2 76,61 Pau ferro 1 38,31 Pereiro 97 3.715,71 Pinhão 16 612,90 Velame 18 689,51 Total 428 16.395,11

*considerando a área de estudo a da micro-bacia B1, item 4.1 Tabela 7

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56

TABELA 10 – Nome popular, número de indivíduos na área amostrada, parcela 10 m x 10 m,

e densidade da área de estudo na micro-bacia B2

Nome popular no. de

indivíduos Densidade da área de estudo*

(no de indivíduos pela área total) Ameixa 5 343,96 Angico 1 68,79 Aroeira 1 68,79 Bambural 2 137,58 Cipó de açoitar cavalo 2 137,58 Cumaru 2 137,58 Feijão de boi 14 963,09 Imburana de espinho 2 137,58 Jurema branca 7 481,54 Jurema preta 8 550,34 Malva preta 1 68,79 Maria preta 2 137,58 Marmeleiro 44 3.026,85 Melosa 138 9.493,30 Mofumbo 1 68,79 Pau ferro 1 68,79 Pereiro 97 6.672,82 Pinhão 7 481,54 Sabiá 1 68,79 Velame 19 1.307,05 Total 355 24.421,16

*considerando a área de estudo a da micro-bacia B2, item 4.1 Tabela 7

As espécies herbáceas apresentaram uma maior densidade de indivíduos. Na

micro-bacia B1 as espécies Hyptis sauaviolens (L.) point (Banbural) e Hyptis sp. (Melosa) são

as herbáceas com maiores densidades de indivíduos, seguidas de espécie arbórea arbustiva o

Aspidosperma pyrifolium Mart (Pereiro) (Tabela 9). Na micro-bacia B2 as espécies herbáceas

de maior densidade de indivíduos são novamente a Hyptis sp. e Cróton sp. seguida como na

micro-bacia B1 da espécie arbórea arbustiva Aspidosperma pyrifolium Mart (Tabela 10).

Deve-se destacar que a contagem de indivíduos computou desde elementos ainda muito

jovens (mudas) aos de idade mais desenvolvida com troncos de espessura normalmente de 5-

10 cm de diâmetro. Poucos são os exemplares que apresentam diâmetro superior a 30 cm, não

sendo observados indivíduos com caules cujo diâmetro fosse superior a 50 cm. O fato da

contagem ter incluído os indivíduos jovens da referida espécie Aspidosperma pyrifolium Mart

(Pereiro) contribuiu para a abundância desta espécie. Contudo visivelmente o Pereiro é

predominante nas áreas de estudo. Os fatos da retirada de madeira de interesse para lenha,

estaca e a característica de agressividade da espécie do Pereiro faz com que esta espécie

consiga predominar sobre as demais.

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57

A cobertura morta no solo observada ao longo do período seco foi bem densa

(Figura 35a), sendo esta uma conseqüência do desprendimento das folhas dos galhos das

árvores em um processo de defesa para minimizar a perda de água que ocorre através da

evapotranspiração (Figura 35b). Todo esse material, depositado no solo, forma a serapilheira

que vem sendo apontada como uma alternativa para a recuperação das áreas degradadas no

semi-árido nordestino (SANTANA, 2005; SOUTO, 2006).

a] b]

FIGURA 35 - a) Detalhe da cobertura morta e b) Árvores sem folhagem

Os resquícios de espécies vegetais forrageiras (Figura 36) como Capim mimoso

(Axonopus purpuni) foram observados nas micro-bacias B1 e B2 e apontam possível

desenvolvimento de atividade pecuária exercida a 15 – 20 anos. Contudo a área de estudo se

apresenta pouco degradada, porém evidencia-se a ação antropica.

FIGURA 36 - Local observado para a micro-bacia B1 com ocorrência de espécie vegetal

forrageira.

Fo

to: E

un

ice

An

drad

e, 2

007

Fo

to: E

un

ice

An

drad

e, 20

07

Fo

to: E

un

ice

An

drad

e, 2

008

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58

4.4 Análise comparativa dos dados pluviométricos

Os dados pluviométricos diários registrados pelo pluviógrafo E2 e pluviômetro de

Tonellot, na área de estudo durante período de 23 de Janeiro a 30 de abril de 2008 podem ser

vistos na Figura 37. Em um primeiro momento pode-se observar a alta variabilidade do total

da precipitação pluviométrica em 24 horas, o que era esperado, visto que a área em estudo se

localiza em região semi-árida. No início do período investigado observa-se uma similaridade

elevada entre os valores observados nos dois instrumentos, quer para pequenas ou elevadas

alturas pluviométricas. Embora o número de dados disponível seja muito pequeno, parece

existir uma tendência do pluviográfo de báscula subestimar as precipitações de maior altura

pluviométrica. Verifica-se que a partir de alturas pluviométricas superiores a 20 mm existe

uma tendência do total precipitado ser subestimado pelo pluviógrafo de báscula; no entanto

reconhece-se que o número de observações é insuficiente para se fazer essa afirmativa,

apontando para a necessidade de estudos com séries mais longas e com menos falhas.

Pesquisadores como Pereira et al. (2008) em estudo de avaliação do pluviografo de báscula

observaram que para as chuvas com alta intensidade o sensor perde a capacidade de computar

com a mesma eficiência das precipitações pluviométricas ocorridas com baixas intensidades.

Há uma incapacidade do mesmo registrar com efetividade o volume de chuva na mesma

velocidade que ocorre o evento.

0

20

40

60

80

100

120

140

160

23/01/08 27/01/08 24/02/08 09/03/08 14/03/08 21/03/08 26/03/08 04/02/08 13/04/08 30/4/2008

Data (d/m/aa)

Pre

cipi

taçã

o P

luvi

omét

rica

(mm

)

E2 Pluviômetro

FIGURA 37 - Precipitação pluviométrica diária observada em Pluviógrafo E2 e Pluviômetro

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59

As falhas registradas durante o período observado indicam o maior cuidado e

manutenção que se deve ter no uso destes equipamentos que são alimentados por energia, pois

uma pausa nesta alimentação gera perda de dados.

Uma analise comparativa entre os dados obtidos no pluviômetro e no pluviógrafo

de báscula foi realizada pelo emprego da reta da igualdade perfeita ou seja, a reta 1:1 (Figura

38 e Tabela 11). Observa-se que os dados estão bem próximos da linha da igualdade perfeita,

expressando a similaridade entre os pares de dados estudados. Analisando-se a equação de

melhor ajuste aos pontos, verifica-se um valor de intersecção (-1,68) muito próximo de zero e

um coeficiente angular (1,05), expressando apenas uma diferença de 5% entre os pares de

dados.

FIGURA 38 - Relação entre os dados de precipitação pluviométrica diária do Pluviômetro(Pi)

da estação E2 e pluviógrafo (Oi)

TABELA 11 – Índices estatísticos para análise de concordância entre a variável precipitação

pluviométrica obtidas por pluviômetro e pluviógrafo na estação E2

Estação Índices estatísticos para variável precipitação pluviométrica d(1) R(*) c(2) CD(3) EF(4) CRM(5) Es(6) Ea(7)

E2 0,99 0,99 0,99 0,95 0,99 0,01 6,02 8,50 (1) Índice de concordância; (*) Coeficiente de correlação; (2) Índice de confiança; (3) Coeficiente de determinação; (4) Eficiência; (5) Coeficiente de massa residual; (6) Componente sistemática; (7) Componente aleatória

Analisando-se os índices estatísticos, verifica-se que foi alta a correlação entre os

dados do pluviógrafo (Oi) e os do pluviômetro (Pi) sendo o valor de R igual a 0,99, como

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60

também houve excelente concordância entre as medidas realizadas, com d igual a 0,99. Isto

foi observado em outros trabalhos como os de Sentelhas et al. (1997) e Cunha e Martins

(2004). Estes autores também apontam a tendência que estes equipamentos automáticos

apresentam em subestimar os dados de eventos de alta intensidade.

O índice de confiança c para a variável observada foi de 0,99 considerado ótimo.

Valores de c maiores que 0,85 são interpretados como ótimo desempenho, entre 0,76 e 0,85

como muito bom, 0,66 e 0,75 como bom, 0,61 e 0,65 como mediano, 0,51 e 0,60 como

sofrível, 0,41 e 0,50 tido como mau desempenho e igual ou abaixo de 0,40 péssimo

(CAMARGO; SENTELHAS, 1997).

O erro sistemático e o erro aleatório encontrados nesse estudo, 6,02 e 8,50,

respectivamente foram superiores aos observados por Sentelhas et al. (1997), 0,99 e 0,98,

Pereira et al. (2004), 2,875 e 0,280, Es e Ea, respectivamente.

4.4.1 Medidas do sensor de nível da coluna de água e da vazão

Na Figura 39 pode-se observar a relação de freqüência registrada pelo sensor de

nível e vazão para a micro-bacia B1. Para esse mesmo período não se dispõe de dados de

precipitação pluviométrica registrados a cada 5 minutos (intensidade pluviométrica). Portanto,

para a análise foram considerados os dados de precipitação pluviométrica diária obtidos com

o pluviômetro.

O sensor apresentou considerável sensibilidade às variações do escoamento

superficial, considerando o funcionamento do mesmo que registra a partir do contato da água

nas placas o valor de freqüência referente a unidade de altura (cm) adquirida na calibração do

mesmo.

Os picos de vazão observados na Figura 39 mostram a relação inversa que existe

entre a variável altura (Hm) e freqüência. Para este período a precipitação pluviométrica

diária foi 44,26 mm, intervalo no qual ocorreu o primeiro pico observado na figura (7 de Abril

de 2008), 30,18 mm, segundo pico (8-9 de Abril de 2008) e 8,80 mm para o terceiro pico (10

de Abril de 2008). Uma menor precipitação pluviométrica provocando semelhante

escoamento superficial (vazão) ao do evento com precipitação pluviométrica superior, aponta

a importância da umidade antecedente do solo. Pois quanto maior a umidade antecedente do

solo maior a tendência de escoamento superficial, considerando que a capacidade de

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infiltração do solo será mais rapidamente excedida por já existir umidade anterior ao do

evento (SILVA, 2006).

FIGURA 39 - Relação entre dados de 5 min. de freqüência e vazão na Bacia B1 do período de

7 a 10 de Abril de 2008

Outro fato que pode ser observado na Figura 39 é a constância de uma pequena

vazão na micro-bacia B1, este fato foi atribuído ao default (ponto de partida; valor zero) do

sensor, que é determinado pela calibração. Mediante o exposto supõe-se que para calibrações

mais precisas existe uma diminuição no valor de default do sensor. Cruz et al. (2007)

trabalharam com sensores que possuem o mesmo principio de funcionamento (capacitivo) e

verificaram que estes sensores podem ser utilizados como medidores de nível de água.

Quando há uma maior coluna de água em contato com as placas do sensor observa-se que a

exatidão deste sensor é melhor.

Através da Figura 40 pode-se fazer uma melhor analise do sensor, uma vez que a

referida figura traz relação entre os dados de intensidade da chuva para 5 minutos com a

freqüência registrada pelo sensor de nível e vazão da micro-bacia B2.

A resposta do sensor de nível da micro-bacia B2 foi satisfatória como a da micro-

bacia B1 (Figura 40). O comportamento da relação chuva-defluvio mostra que para o início

das chuvas, período no qual a umidade do solo é muito baixa, não há escoamento ou o mesmo

é muito pequeno (primeiro pico na série vazão), considerando que a vazão observada neste

período é referente ao default do sensor. A sensibilidade do sensor para o registro das

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respostas mostra que há um espaço curto de tempo entre a precipitação pluviométrica e a

ocorrência do escoamento. Mello et al. (2003) apontam que o tempo de abstração inicial

(intervalo de tempo entre o início da precipitação e o início do escoamento) corresponde para

bacias hidrográficas com escoamento efêmero, em média, a apenas 1,55% do valor de

armazenamento potencial do solo. Caracterizado pelo momento na figura entre as 18:50 min.

e 11:35 min., em que já existe umidade antecedente solo, novo evento chuvoso e detecção de

escoamento pelo sensor de nível da coluna de água (segundo pico na série de vazão). Para este

momento foi observado o tempo entre o início da precipitação e o registro deste evento de

vazão 40 minutos.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

00:05 16:45 09:30 02:10 18:50 11:35 04:15 20:55 13:35 06:15 22:55

Tempo (hh:mm)

Pre

cipi

taçã

o pl

uvio

mét

rica

(mm

) .

FIGURA 40 - Relação entre os dados de 5 min. de precipitação pluviométrica, freqüência e

vazão na Bacia B2 do período de 23 a 29 de Janeiro de 2008

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4.5 Intensidade de chuva máxima em 5 minutos e vazão de pico

A intensidade máxima de 5 minutos e o pico de descarga gerado pelos eventos

observados durante o período do experimento para as micro-bacias B1 e B2 podem ser vistos

na Figura 41. Na série pluviométrica registrada no pluviógrafo, estação E2, o maior valor

precipitado foi de 126 mm, ocorrido em 12 de Março de 2008, que proporcionou a maior

intensidade para a chuva de 5 minutos, a qual foi superior a 140 mm h-1. Em estudos de

equações de intensidade–duração-frequência para regiões semi-áridas do Ceará Rodrigues et

al. (2008) identificaram magnitudes semelhantes para um período de retorno de 5 anos. Esse

fato expressa uma outra característica do regime pluviométrico das regiões semi-áridas, que é

eventos de alta intensidade.

A maior vazão de pico para a micro-bacia B2 foi promovida pelo evento de

máxima intensidade e máxima altura pluviométrica. Para esse mesmo dia não foi registrada a

vazão para a micro-bacia B1, em decorrência de ajustes com o sistema eletrônico de

monitoramento da estação.

Verifica-se que no início do período chuvoso as vazões eram menores, sendo

maiores no final do período de estudo. Com exceção dos eventos extremos, a vazão

apresentou uma maior dependência da condição de umidade antecedente do solo do que da

intensidade de chuva. Resultados semelhantes, ou seja, dias consecutivos de chuva ou chuvas

de alta intensidade promovem uma maior descarga foi discutido por Alencar et al. (2006).

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0102030405060708090

100110120130140150160

25/1/2008 1/2/2008 8/2/2008 15/2/2008 22/2/2008 29/2/2008 7/3/2008 14/3/2008 21/3/2008

Data (dd/m/aa)

Inte

nsid

ade

de C

huva

máx

. em

.

5 m

in. (

mm

h -1)

0

100

200

300

400

500

600

700

800

Vaz

ão d

e P

ico

(m3 h-1

)

Intensidade de Chuva máx. em 5 min

Vazão de Pico

FIGURA 41 - Intensidade máxima de chuva de 5 minutos para as micro-bacias B1 e B2 e

vazão de pico em m3 h-1 para a micro-bacias B2

As vazões de pico observadas para a micro-bacia B2 variaram de 2 a 740 m3 h-1,

porém em alguns eventos de precipitação monitorados não se registrou escoamento. A menor

vazão de pico existente não foi proporcionada pelo menor evento de chuva, porém ocorreu no

período temporário de declínio da chuva. Observa-se que mesmo para intensidade máxima de

chuva de 5 minutos, a precipitação antecedente e a umidade antecedente do solo são fatores

indicativos das características de escoamento, porém apenas estes fatores não podem ser

considerados para se avaliar o escoamento em uma micro-bacia.

4.6 Avaliação de sedimentos em suspensão

Para o período observado foram coletados os sedimentos em suspensão Sólidos

Totais (ST) e suas concentrações são apresentados nas Tabelas 12 e 13. Os dados de ST

mostrados nas tabelas são os dados não perdidos entre os 5 e 12 eventos chuva-defluvio-

sedimentos observados para as micro-bacias B1 e B2, respectivamente.

Relacionando as micro-bacias B1 e B2, analisam-se os dados de quatro eventos

chuva-defluvio-sedimentos que ocorreram simultaneamente. Sendo os eventos listados na

Tabela 14.

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TABELA 12 – Concentração de sólidos totais (ST), vazão de pico observada (Qpobs.) e

estimada através da equação racional (Qpestimada) para a micro-bacia B1

Data STevento

(mg L-1) Qp Obs.

(m3 h-1) Qpestimada

(m3 h-1) 1/02/2008 2.437 - -

18/02/2008 2.266 - -

27/02/2008 2.001 - 311,93 12/03/2008 2.512 - 411,46

TABELA 13 – Concentração de sólidos totais (ST), vazão de pico observada (Qpobs.) e

estimada através da equação Racional (Qpestimada) para a micro-bacia B2

Data STevento

(mg L-1) Qp Obs.

(m3 h-1) Qpestimada

(m3 h-1) 1/02/2008 2.125 - -

18/02/2008 2.126 - -

27/02/2008 2.296 409,34 559,96 12/03/2008 5.026 740,83 738,64 19/03/2008 1.264 290,46 670,12

29-30/03/2008 2.428 476,39 - 2/04/2008 1.412 -

16/04/2008 1.269 -

As concentrações de ST entre os eventos chuva-defluvio-sedimentos (Tabela 12)

para a micro-bacia B1 expressaram variação em até 20%. Utilizando para uma análise com

relação a descarga e produção de sedimentos compara-se os três eventos que foram possíveis

estimar as vazões (27/02, 12/03) e a concentração de ST é maior para a maior vazão de pico.

Na micro-bacia B2 a variação de concentração de ST entre os eventos chuva-

defluvio-sedimentos (Tabela 13) chegou a ser, aproximadamente, 75% de diferença. Para a

micro-bacia B2 foram observadas e estimadas vazões de pico para 4 e 3 eventos,

respectivamente. Utilizados para análise com relação a descarga e produção de sedimentos os

quatro eventos de vazão que têm dados observados, e posteriormente feita comparação com

os três dados estimados. De início há uma relação entre a vazão e produção de sedimentos

quando se analisam os dados observados, pois à medida que a vazão de pico é maior o ST é

maior. O mesmo tende a ocorrer com os dados de vazão estimados a partir da equação

racional usando dados de intensidade de chuva máxima em 5 minutos e área total das micro-

bacias, apesar de que em algumas situações a vazão de pico foi superestimada com relação a

vazão observada (evento 27/02/2008 Qpestimada igual a 559,96 e evento 19/03/2008 Qpestimada

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igual a 670,12) a concentração de sedimentos em evento com uma maior vazão de pico

estimada foi menor que o evento de uma menor vazão de pico estimada. Porém a análise se

restringe a 3 eventos o que limita maiores discussões.

TABELA 14 – Comparação entre dados de concentração de ST de quatro eventos observados

simultaneamente nas micro-bacias B1 e B2 e razão entre eventos chuva-defluvio-sedimentos

Data STevento(mg L-1) Razão B1 B2

1/02/2008 2.437 2.125 0,87 18/2/2008 2.266 2.126 0,94 27/2/2008 2.001 2.296 0,87 12/3/2008 2.512 5.026 0,50

As concentrações de ST para os quatro eventos nas micro-bacias B1 e B2 (Tabela

14) se mostram distintos. Porém para o evento de maior precipitação pluviométrica há uma

diferença de 50%, apontando a variação de resposta de bacias próximas para um mesmo

evento. O que mostra que áreas maiores tendem em eventos mais intensos a produzir maiores

quantidades de sedimentos. O mesmo não foi observado por Costa Cunha (2007) que obteve

uma diferença para curso principal de sub-bacia da bacia de estudo de 2,5%, porém houve

limitação maior em sua análise por causa do número de eventos observados.

4.7 Relação das características morfométricas, cobertura vegetal e textura do solo

com a produção de sedimentos em suspensão

A Tabela 15 traz a comparação dos fatores que contribuem para as diferentes

respostas hidro-sedimentológicas entre bacias e permite apontar as possíveis causas para estas

diferentes respostas. As micro-bacias possuem características semelhantes com pequenas

diferenças

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TABELA 15 – Comparação das variáveis características da morfometria das micro-bacias B1

e B2, densidade de cobertura vegetal e produção de sedimentos em suspensão para o período

observado

Bacia B1 B2 1Ab (ha) 1,15 2,06 2Db (%) 8,7 10,6 3Rf 0,32 0,49 4Kc 1,25 1,16 5Sin 1,2 1,4 6Tc (h) 0,05 0,06 Ext. Média Escoamento (m) 19,5 20,5 Solo classificação textural Franca Franca/Franca siltosa Cobertura vegetal

• Densidade (indivíduos m-2) 1,43 1,18

Produção de sedimentos em suspensão coletada para o período observado (kg) 9,22* 17,95*

1Ab- área da bacia; 2Db – declividade da bacia; 3Rf – fator de forma; 4Kc – coeficiente de compacidade; 5Sin – sinuosidade do curso principal; 6Tc – tempo de concentração *sedimentos das amostras coletadas

Considerando as mesmas condições de precipitação pluviométrica, áreas

submetidas a mesmo regime pluviométrico pelo fato de serem adjacentes, a resposta com

relação a produção de sedimentos em suspensão pode ser explicada tomando as relações

observadas na Tabela 15 (SCOTTON et al., 2004; TONELLO et al., 2006; FARIAS, 2008)

apesar destas relações terem diferenças muito sutis entre as micro-bacias. Porém evidencia-se

a diferença de resposta quando se apontam as diferenças em percentual entre área das micro-

bacias, declividade, sinuosidade do curso principal e densidade de cobertura vegetal, sendo

elas: 44%, 18%, aproximadamente 15% e 17%, respectivamente. O fato que mais explica a

diferença é o tamanho da área das micro-bacias e cobertura vegetal.

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5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Com base no exposto tem-se:

Apesar da área experimental apresentar uma boa cobertura vegetal, a ação

antrópica existe;

O número de espécies vegetais é bem diversificado, mas aponta estágio de

sucessão;

A precipitação pluviométrica do período observado teve uma variação na

distribuição temporal;

O pico de descarga apresenta forte relação com a umidade antecedente;

A micro-bacia B2 apresentou-se com um considerável potencial para escoamento

e produção de sedimentos;

Mesmo com características morfométricas semelhantes bacias adjacentes podem

ter respostas hidro-sedimentológicas diferentes.

Deve-se haver para área em estudo maior restrição ao acesso visando maior

controle sobre a retirada de madeira e assim diminuir a degradação proveniente da ação

antrópica.

Outras formas de coleta de sedimentos devem ser implementadas para

comparação dos dados, buscando mais subsídios para quantificar, qualificar e explicar

possíveis diferenças de produção de sedimentos entre as bacias.

Deve-se proceder a calibração do sensor de nível com intervalos de altura de 0,25

a 0,50 cm de altura de água com intuito de averiguar a existência do default, buscando

equiparar este valor ao valor zero.

Instrumentos mecânicos podem ser instalados paralelamente aos sensores de nível

para que os dados registrados em campo por estes equipamentos possam ser aferidos, como

ocorrido ao pluviógrafo.

Acompanhamento da umidade do solo deve ser feito para relacionar os eventos

chuva-deflúvio ao comportamento do solo, como o tempo de resposta do início do evento

pluviométrico ao início do evento de escoamento superficial.

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