N.'l«,'l Ii: ,í; jf. f?í .' !$ '•'•';.'•' ÓRGÃO DO PARTIDO . . ; — (f...

4
''¦ :' ¦¦'¦*'<¦ .:'¦¦'¦.'¦.''_ ^¦•¦c--"m--._, ¦""''"""'W?^^ Anno II i ' ASSIGNATUEAS (Recife) Semestre 5$000 .. Anno 10§000 (Interior e Províncias) Semestre 6$000 Anno 12$Ò00 As assignaturas come- cam em qualquer tempo e terminam no ultimo de Fe- vereiro e Agosto. Paga- '.. mento adiantado.—Publi- ca-se nas terças e sextas--' /,' ,p ;(| feiras. Recife,—Sexta-feira 15 de Agosto de 1873 "' h .yrU.. ' uh-5j.iuoJ -¦: ' ; T«-í;í--.-.t ' (>.'.«....!'r-, ¦ s/fp r,í!...u. ' ¦ : ;';'¦'. '•' i',*'f;élt..:1 •".'- •-.. _',¦¦;.,- *.,vr ;,.¦';¦¦,• , V|''' . ;.- ...-., PROVÍNCIA K. 96 —___--i COKRESPONDENCIA . :_? i A Redacção acceita e agradece a collaboração. Ii: ,"í; .'i ÓRGÃO ¦iká-mp íi DO PARTIDO j 'UA ¦.¦' Vejo por pelaüberda___._ Um dia òs povos despertara. A correspondência e as :• ;'òí. reclamações serão dirigidas (f^-----1 - OH; N.'l«,'l jf. f?í .'_!$ '•'•';.'•' . . ¦ ; ... L ao gerente Mi,.. .:;'•'¦ v ohhol o-1 _ ._•„ ¦¦>¦¦' !j_> . l ' jj.'', "A'.¦•._«^mA. 1 - ",V1m *V_ H* a P"1*3 um fympton», que me assusta j êíWuúto ©&. à_ #. <f eõo. r . f . ; pela liberdade das nações e Igreja: a centralisação;' ¦ *~" «-'«*»» Um dia òs povos despertarão clamando:-0nde as nos- ,., .-;,.-. ¦..-,, Q, _-, .'. _..„i..„_^„.i„„. a rua Duque de Caxias n* 50 l andar, ou árua Larga Matinês, 1864...d...... ... _. ,'1 _!,'.-ir) ... 'A^ sas liberdades? I ai;.!; .í)/' ..í':<j;4í1_ ,t.. rr v.t^iãx-Biic.noCmgr. de -;. ;; .-'¦ ''-. ?tó,_ :íj i.Í.c.íj j síiJõi í:'a ¦''(••;. ;r(!;Í7'( mitlrn'«-..--— >ot. «¦w «. uiumux | _/u. __»_, *__.«_ junigoi doí_osarion.24,2-andar. A PROVÍNCIA * ¦' i - . r -1 i: i fi . r. I _ . * .'; Becife, 14 de agosto de 1873. : A vangloriosa tarefa a que se impoz o gabinete de 7 de Março de reforma- dor das nossas leis e costumes, é um symptoma que assusta ria quadra pe- rigosa que atravessamos.. Seria infantil pretensão acreditar que, menos amestrados emaisdescura- dos do que os nossos predecessores na jornada da. civilisacão, podessemos barrar a corrente impetuosa das mo- dernas exigências sociaes com os pai- liativos, ou Aludindo e adiando medi- das de actualidade, que. mais tarde poderão ser impostas pela mão arma- da da revolução. E' a lei invariável de todas as so- ciedades. Ao contrario dos velhos tempos do despotismo e da corrupção dos Cezares, em que os impérios baqueavam pela frouxidão dos caracteres, hoje oppri- rnir e illudir é concentrar força e vitaji- dade que em dia visinho fará explosão. 1688, 1789, 1815, 1830, 1848, 1870, e outras muitas datas celebres, dizem bem alto aos reis e aos seus va- lidos que os povos de hoje soffremj mas não resignam-se; que o silencio pode ser um reparador de forças quebranta- das para um dia supremo de vingança e de justiça. então, olhando-se para o passa- do, vem o arrependimento; mas o ar- rependimento que tem por echo as pa- lavras sempre celebres dos -opprimidos —-_ tarde! A nossa situação não é diversa. De- pois do famoso estellionato de 16 de julho, o partido conservador reconhe- ceu que a caravana estava desnortea- da; e, procurando novo rumo, atirou-se á vastidões menos áridas: fez-se re- formador. Era a aspiração do paiz. _ Não tardou, porém, que este se de- silludisse. Prometteram-lhe reformas, e dam-lhe retoques! São estes que servem hoje de bra-' zão ao 7 de-Março; por elles se entoam hymnos de victoria, e se dirigem pre- ces pela vida prolongada do bemvindo do rei. a Mas é isto ephemero; e pode ser pre- núncio de grandes desgraças. O real, é a esterilidade, senão o retrogradar á épocas condemnadas: as pretensas re- formas, são verdadeiras affrontas ao bom senso e á longanimidade da nação. Disto dáprova sem replica o projecto de reforma da guarda nacional, que ' é hoje semi-lei do Estado. Escrevendo em números anteriores desta folha alguns artigos, apontando os defeitos da proposta do Sr. Duarte de Azevedo, acreditamos que um de^ bate esclarecido veria melhorar a obra do nobre ministro. Hoje, que a camara despachou a re- forma, o que vemos ? 0 voto secco e quasi silencioso da maioria, approvan-. do a propo_ta ipsis verbis em tudo que esta tinha de medonho e até pueril. Que os defeitos por nós denunciados eram capitães, dizem-no a voz eío- quente da opposição na camara dop deputados, que os poz também ein relê- vo, e os subterfúgios,com que os expli- cou o governo. Apezar de querermos a abolição da guarda nacional, não recusaríamos aos nossos adversários justiça e louvor, que lhes seriam devidos,; se ao menos aliviassem com o seu projectoIgã pesa- dissimos ônus com que a lei opprime o cidadão. Mas ao contrario disso, e ape- zar dessa enganadora dispensa do ser- viço .jornaleiro á que sujeitoú-se o guarda nacional, a reforma é ainda peior no seu todo do que o regimen vigente. Na camara dizia a voz insuspeita do Sr. Araújo Lima, considerando a pro- posta sob um ponto de vista diverso do nosso: " O que resulta da proposta do governo? Além do desmantelo da guarda nacional, da elevação dós ami- gos e abatimento dos inimigos, do de- samparodavida e'propriedade, da crea- ção do exercito de corpos da guarda nacional destacados a bel-p'razer do governo, temos o recrutamento para cerca de 50.000 homens. Presente in- fernalque nao àcceito!" E' um ex- ministro da. guerra, deèta situação re- generadora que assim, se exprime. Presente infernal! Dir-se-hià que o Sr. Araújo Lima, á semelhança dos oradores romanos, procurara em phra- se concisa fulminar de morte a vida inteirado actual governo. NuncaS.. Exc. disse tanto nem melhor do gabi- nete de 7 de Março do que quando chamou de presente infernal a sua re- forma. Certo, é facto inexplicável, a não ser o frueto de um prurido pernicioso de innovar, o arrebatar das mãos do cidadão, nesta época de liberdades e nesta terra americana, as suas melho- res garantias. ' Embora a guarda nacional seja em vtodos os paizes um apoio das liberdades publicas, no Brazil desde a sua institui- ção, é uma arma de tyrannia que resi- de nas mãos dos oppressores. O go- verno como tal a mantém na sua re- forma, reservando-se ainda a faculdade ãe nomear todos os seus chefes e offi- ciaes. Não satisfeito, arranca, como o dis- semos uma vez, a attribuição exclu- siva que tinha . o parlamento e na falta deste o poder executivo para destacar corpos, e reparte-a Com os seus agentes sobalternos de policia. E', diz o Sr. Araújo Lima, o vilipen- dio e a dictadura! Iguaes perante a lei todos os cida- dãos.brazileiros, a reforma liberai ào 7 de Março faz todavia uma excepção para os habitantes das fronteiras, que ficam destacados permanentemente. À pretexto de guardar uma fronteira de.cento e cincoenta léguas, como a do Eio Grande Sul, o governo tem hoje a faculdade de por em armas, su- jeita a um regimen de guerra, e até deportar para fóra do império, se o quizer, toda a população vivir d'aqüei- la província. Entretanto a fronteira é actualmen- te guarnecida por corpos de linha,: que não despendem ínáis do que a guarda nacional quando destacada! .0 gabinete de 1 Março apadri- nha a sua reforma com a idéa de con- seryar uma reserva para o exercito. Quem de bôa acreditará que a guar- da nacional reformada, e sujeita aos exercícios de um dia em cada anno, possa ser uma reserva militar? Se-lo- ha tanto quanto ^poderá ser qualquer i-.id__._lan'/ap'- pf.t." _$__ ' cidadão. Neste caso, conservar esses corpos organisádo» é apenas manter o terror e a dependência que tem e terá o sol- dado do seu.commandante; é onerar o cidadão de uma despeza de fardamen- to, locomoção e outras inúteis; é final- mente roubar á industria e á lavoura o seu trabalho, e sobrecarregar as contribuições publicas de encargos su- perfluos. O gabinete de 7 de Março foi ainda imprevidente coíná sua medida. De- sorganisanclo;; ã polícia, não soube su- pril-a. 7' ^fí_Sr. :/' Na falta guarda nacional, e na deficiência ou ausência da força poli- ciai, as rondas, as prisões de crimino- sos. a guarda das cadeias se farão pelos officiaes de justiça! E' quasi irrisório decretar semelhantes meios de garan- tia publica. Organisem as províncias os seus corpos de policia, augmentem-nos na propporção suas variadissimas ne- cessidades: tal é o conselho do gover- no. Para isto ahi temos o imposto pes- soai, taxa creada para as necessidades da guerra, e que cessará sem duvida no dia em que o partido liberal for ao poder. Além de provisório, esse imposto nãoattinge a 160 contos de reis em que orçou-o o governo. Como pretender-se assim dotar as províncias'para organisarem a policia local ? Sem meios, será preciso recor- rer-se ao recrutamento para preenche- rem-seos quadros; e então o exercito e a policia enfileirada se encarregarão de roubar annualmente algumas deze- nas de milhares de braços á lavoura. E q isto o que se chama uma refor- ma liberal! Nao: chamai-a simples- mente: uma reforma do gabinete de 7 de Março, e tudo estará dito. •Sil. Recursos «la situação ->*.. A assembléaprovincial, na sessão que aca- ba de findar, armou a presidência de uma autorisação tão ampla quanto formidável. Nada menos foi do que autorisar uma re- forma geral de todas as repartições publicas, com a faculdade de supprimirem-se logares, crearem-se outros e concederem-se aposen- tadorias. i?_"_<¦/<{ _íjtí. " - Tal medida fez surgir para- os empregados provinciaes uma verdadeira época de terror, ainda mais aggravada depois que o Sr. Luce- na fez constar que não admittia que empre- gado publico algum censurasse actos da ad- ministração. Essa autorisação é mais uma significati- va prova de quanto está nullificado entre nós ó poder legislativo, entregue aos desig- nados do executivo, que d'elle fazem o mais indigno holocausto nos altares das conve- nieücias individuaes e políticas. E', porém, no entender do Sr. Lucena, que pròcuroU-a, um meio governo que se lhe fazia necessário. Nteste paiz; onde os empregos públicos vão, cada dia constituindo as aspirações de maior numero de indivíduos, calculou o Sr. Lucena impor-se a uns pelo terror, a outros pela esperança, e assim crear em torno de si um circulo de submissos e thuriferarios. Para obtei- todo o desejado effeito, S. Exc. saberá aproveitar-sê| convenientemente da medida e não apressará por certo o seu golpe estado. ' < ' Conservar-se-ba essa. nova espécie de es- pada de Damacles suspensa sobre tantas ca- becas, como está. Entretanto os pretendentes agitam-se, de- clinam-se os nomes de alguns mais felizes e os que não podem pretender, melhoras en- commendam-se, a todos os sautos para que se lhes mantenha o uti possidetis. , i Apenas alguns; espíritos de tempera mais rígida manteem sobranceiros a cabeça er- guida.. ; Ainda os ha d'estes, cumpre declarál-o em homenagem á tão dignos caracteres. Certamente, nenhum;presidente teve, que saibamos, tão largas ensanchas !... E esta autorisação é acompanhada de uma outra pela qual pôde o Sr. Lucena conceder garantias de juros de sete por cento, a quanto privilegio de estrada. de ferro arran- jarem os felizes da época. Se possivel fosse acreditar què taes medi- das foram; inspiradas pelos interesses do bem publico, essas autorizações se traduzi- riam apenas por uma imprudência ou me- lhor por inépcia de quem as concedeu. Inspiradas, porém, como foram por bem differente movei, que escusado é denunciar ao publico, que o conhece, abstemos-nos do desprazer de. qualifical-as como merecem. O uso que d'ellas se vae fazendo e fará nos dispensa d'esta tarefa. Cresça o numero. dos aposentados, com a única conveniência de augmentar cada vez mais os ônus dos cofres provinciaes, redu- zam-se pães de familia honestos ás mais apertadas circumstancias, conclua-se o des- calabro das finanças da provincia com- promefctidas, tudo isto abem dos sustenta- dores d'esta situação politica, tão auspiciosa, tão salvadora para o paiz em geral e para a nossa provincia em particular. Abram-se vagas nos mais rendosos em- pregos provinciaes para que tenham acces- sos, sejam removidos ou nomeados os esfor- çados defensores presidenciaes; muito terá a provincia que lucrar com tudo isto. Oh! Sr. Lucena, não lhe hão de faltar de- fensores; não ha de faltar quem o proclame um administrador exemplar; um typo de ho- nestidade politica, um Colberí, uni sábio, um heróe da paz é da guerra. Ninguém deixa de saber mais ou menos que a conservação das situações políticas gastas, e desmoralisadas, é uma calamidade publica, porque o instineto e o 'interesse da conservação levam-nas a procurar meios de viver, á todo o transe, faltando á calma para a escolha. Mas òs recursos empregados pela actuali- dade, desde as mais elevadas espheras go- vernamentaes até as mais baixas, para dis- putarem um anno, um mez, um dia de vida talvez, excedem a todos os limites conheci- dos. ' Custa-nos dizel-o,... é a corda do interes- ¦l. fi."' ''.''.-f''Juiii l!'\i '. "' ¦¦'.' .r •Ji;; *H W' }J! â rw ¦,. '_* - * ÍV'

Transcript of N.'l«,'l Ii: ,í; jf. f?í .' !$ '•'•';.'•' ÓRGÃO DO PARTIDO . . ; — (f...

Page 1: N.'l«,'l Ii: ,í; jf. f?í .' !$ '•'•';.'•' ÓRGÃO DO PARTIDO . . ; — (f ...memoria.bn.br/pdf/128066/per128066_1873_00096.pdf · 2012-05-06 · despotismo e da corrupção

''¦ :'

¦¦'¦*'<¦ .:'¦¦'¦.'¦.''_ ^¦•¦c--"m--._,

¦""''"""'W?^^

Anno IIi

' ASSIGNATUEAS(Recife)Semestre 5$000

.. Anno 10§000

(Interior e Províncias)Semestre 6$000Anno 12$Ò00

As assignaturas come-cam em qualquer tempo eterminam no ultimo de Fe-vereiro e Agosto. Paga-

'..mento adiantado.—Publi-ca-se nas terças e sextas--' /,' ,p ;(|feiras.

Recife,—Sexta-feira 15 de Agosto de 1873

"' h .yrU.. ' uh-5j.iuoJ'¦ -¦: ' ; T«-í;í--.-.t

' (>.'.«....!'r-,

¦ s/fp r,í!...u.

' ¦ : ;'; '¦'. '•' i',*'f;élt..:1 •".'- •-.. _',¦¦;.,-

*.,vr ;,.¦';¦¦,• , V|''' . ;.- ...-.,

PROVÍNCIAK. 96

—___--i

COKRESPONDENCIA. :_? i

A Redacção acceita eagradece a collaboração.

Ii: ,"í;.'i

ÓRGÃO¦iká-mp íi

DO PARTIDOj 'UA ¦.¦'

Vejo porpelaüberda ___._Um dia òs povos despertara.

A correspondência e as:• ;'òí. reclamações serão dirigidas

— (f^-----1 -

OH;

N.'l«,'ljf. f?í .'_!$ '•'•';.'•'

. . ¦

; ...

ao gerenteMi,.. .:;'•'¦ v ohhol o-1 _ ._•„ ¦¦>¦¦' !j_> . l

'¦ ' jj. '',

"A'.¦•._«^mA.1 - ,V1m *V_ H* a P"1*3 um fympton», que me assusta j

êíWuúto ©&. à_ #. <f eõo.r . • f . ; pela liberdade das nações e dà Igreja: a centralisação; ' ¦ *~" «-'«*»»

Um dia òs povos despertarão clamando:-0nde as nos- ,., .-;,.-. ¦..-,, , _-, .'._..„i..„_^„.i„„. a rua Duque de Caxias n*50 l andar, ou árua Larga

Matinês, 1864. ..d...... ... _.

,'1 _!,'.-ir)

... 'A ^ sas liberdades? I

ai;.!; .í)/' ..í':<j;4í1_ ,t.. rr v.t^iãx-Biic.noCmgr. de-;. ;; .-'¦ ''-. ?tó,_ :íj i.Í.c.íj j síiJõi í:'a ¦''(••;. ;r(!;Í7'( mitlrn' «-..--— >ot. «¦w «. uiumux | _/u. __»_, *__.«_ junigoidoí_osarion.24,2-andar.

A PROVÍNCIA* ¦' i - . r-1 i: i fi . r. I _

. * .';

Becife, 14 de agosto de 1873.

: A vangloriosa tarefa a que se impozo gabinete de 7 de Março de reforma-dor das nossas leis e costumes, é umsymptoma que assusta ria quadra pe-rigosa que atravessamos..

Seria infantil pretensão acreditarque, menos amestrados emaisdescura-dos do que os nossos predecessores najornada da. civilisacão, podessemosbarrar a corrente impetuosa das mo-dernas exigências sociaes com os pai-liativos, ou Aludindo e adiando medi-das de actualidade, que. mais tardepoderão ser impostas pela mão arma-da da revolução.

E' a lei invariável de todas as so-ciedades.

Ao contrario dos velhos tempos dodespotismo e da corrupção dos Cezares,em que os impérios baqueavam pelafrouxidão dos caracteres, hoje oppri-rnir e illudir é concentrar força e vitaji-dade que em dia visinho fará explosão.

1688, 1789, 1815, 1830, 1848,1870, e outras muitas datas celebres,dizem bem alto aos reis e aos seus va-lidos que os povos de hoje soffremj masnão resignam-se; que o silencio podeser um reparador de forças quebranta-das para um dia supremo de vingançae de justiça.

Só então, olhando-se para o passa-do, vem o arrependimento; mas o ar-rependimento que tem por echo as pa-lavras sempre celebres dos -opprimidos—-_ tarde!

A nossa situação não é diversa. De-pois do famoso estellionato de 16 dejulho, o partido conservador reconhe-ceu que a caravana estava desnortea-da; e, procurando novo rumo, atirou-seá vastidões menos áridas: fez-se re-formador. Era a aspiração do paiz.

_ Não tardou, porém, que este se de-silludisse. Prometteram-lhe reformas,e dam-lhe retoques!

São estes que servem hoje de bra-'zão ao 7 de-Março; por elles se entoamhymnos de victoria, e se dirigem pre-ces pela vida prolongada do bemvindodo rei.

a Mas é isto ephemero; e pode ser pre-núncio de grandes desgraças. O real,é a esterilidade, senão o retrogradar áépocas condemnadas: as pretensas re-formas, são verdadeiras affrontas aobom senso e á longanimidade da nação.

Disto dáprova sem replica o projectode reforma da guarda nacional, que já' é hoje semi-lei do Estado.Escrevendo em números anteriores

desta folha alguns artigos, apontandoos defeitos da proposta do Sr. Duartede Azevedo, acreditamos que um de^bate esclarecido veria melhorar a obrado nobre ministro.

Hoje, que a camara despachou a re-forma, o que vemos ? 0 voto secco equasi silencioso da maioria, approvan-.

do a propo_ta ipsis verbis em tudo queesta tinha de medonho e até pueril.Que os defeitos por nós denunciados

eram capitães, dizem-no a voz eío-quente da opposição na camara dopdeputados, que os poz também ein relê-vo, e os subterfúgios,com que os expli-cou o governo.

Apezar de querermos a abolição daguarda nacional, não recusaríamos aosnossos adversários justiça e louvor,que lhes seriam devidos,; se ao menosaliviassem com o seu projectoIgã pesa-dissimos ônus com que a lei opprime ocidadão. Mas ao contrario disso, e ape-zar dessa enganadora dispensa do ser-viço .jornaleiro á que sujeitoú-se oguarda nacional, a reforma é aindapeior no seu todo do que o regimenvigente.

Na camara dizia a voz insuspeita doSr. Araújo Lima, considerando a pro-posta sob um ponto de vista diverso donosso: " O que resulta da proposta dogoverno? Além do desmantelo daguarda nacional, da elevação dós ami-gos e abatimento dos inimigos, do de-samparodavida e'propriedade, da crea-ção do exercito de corpos da guardanacional destacados a bel-p'razer dogoverno, temos o recrutamento paracerca de 50.000 homens. Presente in-fernalque nao àcceito!" E' um ex-ministro da. guerra, deèta situação re-generadora que assim, se exprime.

Presente infernal! Dir-se-hià queo Sr. Araújo Lima, á semelhança dosoradores romanos, procurara em phra-se concisa fulminar de morte a vidainteirado actual governo. NuncaS..Exc. disse tanto nem melhor do gabi-nete de 7 de Março do que quandochamou de presente infernal a sua re-forma.

Certo, é facto inexplicável, a nãoser o frueto de um prurido perniciosode innovar, o arrebatar das mãos docidadão, nesta época de liberdades enesta terra americana, as suas melho-res garantias.' Embora a guarda nacional seja emvtodos os paizes um apoio das liberdadespublicas, no Brazil desde a sua institui-ção, é uma arma de tyrannia que resi-de nas mãos dos oppressores. O go-verno como tal a mantém na sua re-forma, reservando-se ainda a faculdadeãe nomear todos os seus chefes e offi-ciaes.

Não satisfeito, arranca, como já o dis-semos uma vez, a attribuição exclu-siva que tinha . o parlamento e nafalta deste o poder executivo paradestacar corpos, e reparte-a Com osseus agentes sobalternos de policia.E', diz o Sr. Araújo Lima, o vilipen-dio e a dictadura!

Iguaes perante a lei todos os cida-dãos.brazileiros, a reforma liberai ào7 de Março faz todavia uma excepçãopara os habitantes das fronteiras, queficam destacados permanentemente.À pretexto de guardar uma fronteirade.cento e cincoenta léguas, como a

do Eio Grande dò Sul, o governo temhoje a faculdade de por em armas, su-jeita a um regimen de guerra, e atédeportar para fóra do império, se oquizer, toda a população vivir d'aqüei-la província.

Entretanto a fronteira é actualmen-te guarnecida por corpos de linha,: quenão despendem ínáis do que a guardanacional quando destacada!

.0 gabinete de 1 dé Março apadri-nha a sua reforma com a idéa de con-seryar uma reserva para o exercito.Quem de bôa fé acreditará que a guar-da nacional reformada, e sujeita aosexercícios de um dia em cada anno,possa ser uma reserva militar? Se-lo-ha tanto quanto ^poderá ser qualqueri-.id__._lan '/ap'-

pf.t." _$__ 'cidadão.

Neste caso, conservar esses corposorganisádo» é apenas manter o terrore a dependência que tem e terá o sol-dado do seu.commandante; é onerar ocidadão de uma despeza de fardamen-to, locomoção e outras inúteis; é final-mente roubar á industria e á lavourao seu trabalho, e sobrecarregar ascontribuições publicas de encargos su-perfluos.

O gabinete de 7 de Março foi aindaimprevidente coíná sua medida. De-sorganisanclo;; ã polícia, não soube su-pril-a. 7' ^fí_Sr. :/'

Na falta dà guarda nacional, e nadeficiência ou ausência da força poli-ciai, as rondas, as prisões de crimino-sos. a guarda das cadeias se farão pelosofficiaes de justiça! E' quasi irrisóriodecretar semelhantes meios de garan-tia publica.

Organisem as províncias os seuscorpos de policia, augmentem-nos napropporção dé suas variadissimas ne-cessidades: tal é o conselho do gover-no.

Para isto ahi temos o imposto pes-soai, taxa creada para as necessidadesda guerra, e que cessará sem duvidano dia em que o partido liberal for aopoder.

Além de provisório, esse impostonãoattinge a 160 contos de reis emque orçou-o o governo.

Como pretender-se assim dotar asprovíncias'para organisarem a policialocal ? Sem meios, será preciso recor-rer-se ao recrutamento para preenche-rem-seos quadros; e então o exercito ea policia enfileirada se encarregarãode roubar annualmente algumas deze-nas de milhares de braços á lavoura.

E q isto o que se chama uma refor-ma liberal! Nao: chamai-a simples-mente: uma reforma do gabinete de 7de Março, e tudo estará dito.

•Sil.

Recursos «la situação->*..

A assembléaprovincial, na sessão que aca-ba de findar, armou a presidência de umaautorisação tão ampla quanto formidável.

Nada menos foi do que autorisar uma re-forma geral de todas as repartições publicas,com a faculdade de supprimirem-se logares,

crearem-se outros e concederem-se aposen-tadorias. i?_"_<¦/<{ _íjtí. " -

Tal medida fez surgir para- os empregadosprovinciaes uma verdadeira época de terror,ainda mais aggravada depois que o Sr. Luce-na fez constar que não admittia que empre-gado publico algum censurasse actos da ad-ministração.

Essa autorisação é mais uma significati-va prova de quanto está nullificado entrenós ó poder legislativo, entregue aos desig-nados do executivo, que d'elle fazem o maisindigno holocausto nos altares das conve-nieücias individuaes e políticas.E', porém, no entender do Sr. Lucena,que pròcuroU-a, um meio dè governo que selhe fazia necessário.

Nteste paiz; onde os empregos públicosvão, cada dia constituindo as aspirações demaior numero de indivíduos, calculou o Sr.Lucena impor-se a uns pelo terror, a outrospela esperança, e assim crear em torno desi um circulo de submissos e thuriferarios.

Para obtei- todo o desejado effeito, S. Exc.saberá aproveitar-sê| convenientemente damedida e não apressará por certo o seu golpedé estado. ' < ' •

Conservar-se-ba essa. nova espécie de es-pada de Damacles suspensa sobre tantas ca-becas, como está.

Entretanto os pretendentes agitam-se, de-clinam-se já os nomes de alguns mais felizese os que não podem pretender, melhoras en-commendam-se, a todos os sautos para quese lhes mantenha o uti possidetis.

, i Apenas alguns; espíritos de tempera maisrígida manteem sobranceiros a cabeça er-guida. . ;

Ainda os ha d'estes, cumpre declarál-o emhomenagem á tão dignos caracteres.

Certamente, nenhum;presidente teve, quesaibamos, tão largas ensanchas !...E esta autorisação é acompanhada de uma

outra pela qual pôde o Sr. Lucena concedergarantias de juros de sete por cento, aquanto privilegio de estrada. de ferro arran-jarem os felizes da época.

Se possivel fosse acreditar què taes medi-das foram; inspiradas pelos interesses dobem publico, essas autorizações se traduzi-riam apenas por uma imprudência ou me-lhor por inépcia de quem as concedeu.

Inspiradas, porém, como foram por bemdifferente movei, que escusado é denunciarao publico, que o conhece, abstemos-nos dodesprazer de. qualifical-as como merecem.

O uso que d'ellas se vae fazendo e farános dispensa d'esta tarefa.

Cresça o numero. dos aposentados, com aúnica conveniência de augmentar cada vezmais os ônus dos cofres provinciaes, redu-zam-se pães de familia honestos ás maisapertadas circumstancias, conclua-se o des-calabro das finanças da provincia já com-promefctidas, tudo isto abem dos sustenta-dores d'esta situação politica, tão auspiciosa,tão salvadora para o paiz em geral e para anossa provincia em particular.

Abram-se vagas nos mais rendosos em-pregos provinciaes para que tenham acces-sos, sejam removidos ou nomeados os esfor-çados defensores presidenciaes; muito terá aprovincia que lucrar com tudo isto.

Oh! Sr. Lucena, não lhe hão de faltar de-fensores; não ha de faltar quem o proclameum administrador exemplar; um typo de ho-nestidade politica, um Colberí, uni sábio,um heróe da paz é da guerra.

Ninguém deixa de saber mais ou menosque a conservação das situações políticasgastas, e desmoralisadas, é uma calamidadepublica, porque o instineto e o 'interesse daconservação levam-nas a procurar meios deviver, á todo o transe, faltando á calma paraa escolha.

Mas òs recursos empregados pela actuali-dade, desde as mais elevadas espheras go-vernamentaes até as mais baixas, para dis-putarem um anno, um mez, um dia de vidatalvez, excedem a todos os limites conheci-dos. '

Custa-nos dizel-o,... é a corda do interes-¦l. fi."' ''.''.-f''Juiii l!'\i '. "' ¦¦'. ' .r

•Ji;; *H

W'

}J!

â

rw

¦,.'_* - '«

*ÍV'

Page 2: N.'l«,'l Ii: ,í; jf. f?í .' !$ '•'•';.'•' ÓRGÃO DO PARTIDO . . ; — (f ...memoria.bn.br/pdf/128066/per128066_1873_00096.pdf · 2012-05-06 · despotismo e da corrupção

"! $

IXBl ®h oito^AA "ProAinoia Tt íHiaâ

._>:• "¦¦?¦

¦ tFjkt

t-lX!--t_.-.U--«..«*

jse e do interesse pecuniário a que mais secostuma vibrar!... •aSÉS'

'.•

_¥OYOS conflictos

A politica da procrastinação nd#negòciosinternacionaes com o velho mundo, e a de in-debita intervenção no Rio da Prata, annun-cia novos fruetos envenenados. Ainda édebalde á experiência tão' recente e tão fa-tal que nos deixou este erro!

Dolorosa e humilhante impressão causa-ram em nosso espirito as represálias Chris-tic no porto do Rio de Janeiro. Fomos in-solentemente ofiendidos; mas demos pretex-topara isto: negligenciámos o què O deverimpunha-nos velar e resolver. Foi umaquestão de reclamações que, por fracos, nemsiquer tínhamos o direito de adial-a. Caropagamos o nosso deleixo. De novo: esta-mos ameaçados do opprobrio, e ainda poráesidiosos! :• "

Conheoe o paiz a famosa questãodas re-clamações inglezas: é um pleito ein que pen-ciem grandes interesses nossos o de subditosbritânicos. íii

Mais de uma tentativa se ha feito, parasolver e liquidar as exigências de todos. Sèni:recordarmos o passado, consignaremos ape-nas que o gabinete de 7 de Março, cedendoá repetidas instâncias do governo inglez,'nomeou o Sr. barão de Penedo para com-,missario encarregado de proceder aos neces-sarios ajustes na questão. Esses ajustes,que deviam realisar-se na corte do Rio deJaneiro, abortaram, diz-.se, por falta de ins-trucções positivas do gabinete britânico aoseu representante.

Mais tarde, nomeado o Sr. Penedo nossoministro plenipotençiario em Londres, se-guio para o seu destilai, e o silencio se feznas reclamações inglezas. Entretanto surgeagora a triste declaração de um sub-secreta-rio de Estado em Inglaterra,.; de que instruc-ções muito positivas haviam sido expedidasao ministro da rainha Victoria no Rio deJaneiro para que, por quaesquer meios, for-casse o governo brasileiro a liquidar essasreclamações, visto este as ter protelado in-definidamente.

O tom e as palavras com. que se expressouo governo britânico dizem que. estamos emvésperas de novas .represálias. E o paiztudo ignora, e ignorará até os factos consu-mados!

Se estamos acostumados a ser tratadoscom aspereza e injustiça pelo governo daGran-Bretanha, não sejamos nós que paraisto demos o pretexto.

Se o gabinete de 7 de Março está dispostoa liquidar as reclamações, deveria ter prose-guido n'esse intuito, e não limitar .se a no-meacão do Sr. Penedo. Devemos supporque o fez; eneste caso cabe-lhe ter do seulado a opinião e o concurso de todos os brasi-leiros, revelando os seus passos, a fim deque nacionaes e estrangeiros todos possamcom fundamento condemnar o insólito pro-ceder do governo inglez.

Se, porém, este tem esgotado toda a suapaciência pelas procrastinações habituaesdo Sr. Paranhos, só este é o responsável des-sa afronta que de novo se nos inflige: é oque o paiz exige saber.'

Mais grave se afigura o estado das nossasrelações com a republica argentina. As ul-timas- noticias dizem [quo a missão do Sr.Mitre no Paraguay naufragou, pelo factodeste recusar-se «ceder a ilha do Cerrito equalquer porção do Chaco ao norte do Pil-comayo.» Esta recusa, acerescenta-se, éapoiada pelo Brazil.

Condemnar a absorpção do Paraguay pelarepublica Argentina, 6 por certo de bõa po-litica para o Brasil; mas infelizmente a si-tuaçãõ peculiar em que nos achamos paracelebrar o tratado da tríplice alliança, e onovissimo e dúbio accordo de 19 de Dezem-bro geraram no animo do governo argenti-no a convicção de que o Brasil, por força decircumstancias; apoiaria as suas pretençõesnaquellá republica. Se-por uma forçada in-terpretação pôde o Sr. Barão de Cotegipeilludir o' verdadeiro espirito do primitivotratado, que impunha o concurso collectivodos alliados para os ajustes finaes de paz,veio o convênio S. Vicente tirar'todas as.du-vidas, e obrigar o Brasil a prestar não só oseu apoio moral, como material se tanto sefizesse mister. .

Não era néscio o Sr. Mitre para ,ver quearmado de tão formal compromisso podiaimpor a sua lei no Paraguay. Os' factos dehoje confirmam qne o astuto argentino cal-culou com o seu bote. .

Seguio-se em Assumpção um confiiçto«ntre a legação do Império e a Argen-tina.

O que temos a fazer; que instrucções ti-

nha alli o nosso ministro para, proce-der? Tudo-gnora o «paiz. Entretanto forçaó confessar qüe, o convênio de 19 de*Dezem<|bro,! frueto doi§r. S.Vwéh--_,ou doiíéu amo;'teifenos&presos.; ,;;'".'

Entre esse .|bcordò e os tratados .Sotegipéoha um abysmo. Estes nos;l|yariam:á;guer-ra, é certo, mas eram lógicos ; e se quebra-vam o tratado da alliança, o quejnunca ap-provamos, retrocediam para tíma politica deconveniência, de calculo e de futuro para oBrasil. E o convênio ? Este, como todosos pastelões, só tinha fôrma: enganava atodos. Era um grande.triumpho do Sr. S.Vicente,- e uma coroa civici- do Sr. Mitre!

Hoje cahem as mascaras : a republicaArgentina exige o que outr'ora exigia con-fiante do apoio moral e material do Brasil;este recua, e passa-se para os ari-àiaes dóinimigo commum da véspera. -'.' -'

O que suecederá ? . O que hontem deviasuceeder,, o que era;inevitável talvez, o que.foi apenas adiado: a guerra, mas a guerrahoje com deslealdade, e se dirá iqueá falsafé. ' v

Quecéos !

o futuro nos desminta:

_]_

•nB*m&-_ro_._h:;

,' "*.*t

• -__>ií.U_T__"' _. :.<ihw-'-

.CIMlCiümn íí

praza aos

(li. ..Mií-i. Mífg O,

íX-úo. uiaí.jií.5 im'._ mh

O Sr. eonsel-ie iro ©ctavia-no.—Depois dos discursos dò iliustre con-sellieiro Nabuco, julgamos da maior conve-niencia, transcrever uma, excellente cartaqae, a propósito ido primeiro d'esses discur-sos, dirigio o iliustre senador Octaviano áRedacção da Reforma.*:,,*

Essa carta é mais íim importante docu-mento na grande questão do dia.

Espirito e forma tornam-na recommen da-vel. Quanto ao primeiro, verão os leitoresa sustentação de verdadeiros principios libe-raes, tão escoimados cie impied_.de quanto defanatismo.

Pelo que diz respeito á forma é como tudoo que sahe cia penna de tão consummado es-criptor: de um atticismo seduetor.

Parece-nos escusado dizer mais;O respeito, o elevado apreço e profunda

sympathia que votão todos os liberaes ao il-lustre senador Octaviano, constituem a me-lhor recomméndacão para todos os seus es-criptos.

Onerreiro e l»aiva e P o na—Um articulista do Diário iuvoca esses an-tigos escriptores de direito para privar queo Sr. Lucena procedeu regular e legalmente,quando, como juiz de orphãos de Goianna,nos arrolamentos de heranças que considera-va do nenhuma ponderação, recebia custassimultaneamente como juiz e como avalia-dor.

Como porém, citando as obras dos men-cionados escriptores e o código Philippino oarticulista omitte o livro, o capitulo, o para-grapho ou a pagina, onde leu. aquillo quecita, o provocamos a que corrija essa omis-são, que parece voluntária, sob pena de serconsiderada falsa a, citação.

A' esta exigeucia nos obriga o modo porque discutem os defensores cío Sr. Lucena,citando sem critério, e falsamente,' ou trun-cando e expondo infielmente os argumentosalheios.

Queremos tornar evidente mais esta falsi-dade, com que se pretende defender o Sr.Lucena, o qual não pode ser suspeitado, comoa mulher de César; porque é convencido econfesso.

E o simile—cumpre notar—do Sr. Luce-na á mulher de César, que faz o articulista,não é muito lisongeiro.

Mucia Pompeia, a quem se referia César,quando, interrogado, respondeu: — minhamulher não deve nem ao menos- ser suspeitada—foi convencida de adultério com o sacrilegoPublius Clodius e repudiada, segundo narraPlutarco.

O simile é procedente com relação as pe-nas; ambos foram repudiados : Pompeia porqeu marido, eo Sr. Lucena pela opinião pu-blica, apesar de nnã.o deverem ambos item'aomenos serem suspeitados.*

Tentativa de morte—Domingopassado pelas 10 horas da manhan, o inspe-ctor de quarteirão da rua Imperial, IsidioGomes de Miranda, dh-igio-se com algunspaisanos armados de cacete á casa de Anto.nio Joaquim Manoel de Araujo, para pren-del-o por briga, qué este tivera com umamulher com quem mora, e que é desde mui-to cubiçada pelo dito inspector.

O dono da casa não consente que este en-tre, e arma-se de uma faca para defender asua casa, que a constituição chama asylo in-violável, O inspector, porém, não teve du-vida, dispara-lhe o re*wolver que trazia fe-

rindo-o no braço, e com todas, que o açora-panhavam, penetra na casa do homem, oqual ferido è já desarmado corre pêlo ladode detraz, recebendo nessa occàsião um ou-,iro tiro,; que ò fere nas costas e o derruba!

;' Algumas pessoas, que presenciaram esta¦%cena de.canibalismo prendem em flagranteo inspector, e o conduzem com o oífendidoá casa do subdolegado., Mas este, longe defazer effectiva a 'prisão do-assassino, mandao ferido para a cadeia, dizendo que aquelleera pessoa de sua confiança, e este um mal-vado por já ter estado em Fernando!

Veja o publico á que estamos reduzidos !O offendido acha-se na cadeia em perigo devida, e o inspector passeia impune com a ar-ma homicida! Quem se contará seguro, Sr.Dr. chefe de policia, com tal subdelegado otal inspector ?

Á indiscrição do Sr. Queiroz Barros, emattender mais á empenhos do que ao serviçopublicOj é causa desta e.de outras, que esta-,mos veiido. O Sr. Amaro José dos Prazeres,que ainda ha pouco era soldado de policia,e ordenança de uma autoridade policial, nãoestá no caso: de ser subdelegado de uma fre-guezia desta capital, onde aliás existem mui.íos conservadores, que podem exercer aqnel-le cargo com proveito para a causa publica.

Esperemos que o Sr. presidente, _ o Sr.chefe de policia, tomem as providencias queo caso urge, e façam restabelecer q imperioda lei. A autoridade, que diz que um assas-sino ó pessoa de sua confiança, não pode ve.lar na guarda do cidadão.

; __.s}m-.deira .la-, bios cofres—Muito incommodou ao Sr. Lucena uma chro-nica que publicámos com o mesmo titulodesta, denunciando 'um desses escândalosadministrativos só na altura da moralidadedos tempos actuaes..,

Referiamos-nos á um eontracto de estradada ferro, sem doclaração de qual fosse.

Veio um intimo pelo Diário de 18 do cor-rente todo accêso em iras, bradando-nos :mentira! mentira! e declinando o nome deTimbaúba!... •

Falíamos por informação, Conforme decla-ramos.

Basta-nos acerescentar hoje por toda a re-futação ao desmentido tio Y, o seguinte: o fu-turo mostrará se entre os sócios claros e oc-cultos figuram ou não parentes do Sr. Lucena e do Sr. ministro do império.,

Esperemos por mais um pouco. Se é cou-sa que já não está concluida, se concluirá.

E se não diga um conourrente desprote-gido, que pensa como nós, e disto não fazmysterio.

Não quizemos declinar nomes e portantonão os discutiremos.

Foi regei tado—O artigo que, sobo titulo de—mentirá desbragada, foi estampado como publicação á pedido no Diário de',18do corrente, foi escripto para ser publicadona columna alugada, sob o titulo — partidoCONSERVADOR.

Isto evidencia-se das seguintes palavrasdo mesmo artigo:

Agora diga-nos o chronista que chrismou estaparte do Diário com o epitheto de « Phantasma-goria » se á sua chronicá não é mais adequadoeste nome! !

Ora, nós chamamos i__antasrnagoria, ácolumna alugada.

E' lógico portanto concluir que a mentiradesbragada, foi regeitada daquella parte doDiário. ,

Porque o seria ?Aqui lia mysterio.JE esta ?—Os defensores cio Sr.Lucena

não adinittem parentesco por aflinic.ado. E'assim que confessando o parentesco por aí-•finidade (bem próximo) do um dos preten-.dentes ao escandaloso" eontracto da estradade ferro, de que denunciámos no numeroanterior, affirmam que não ha parente ai-gum do Sr. Lucena que pretenda o eontracto,a que alludimos.

Coanarca do Cabo — Recebemospor pessoa digna de todo o credito, noticiados abusos e violências policiaes. que áctual-mente se commettom na comarca do Cabo.

Tendo sido retirada após o tão celebradodia 16 de Maio, a força policial dali paraaqui, foi chamado á serviço a guarda nacio-nal. O Sr. tenente Ernesto Campello, sobcujo commando se acham as praças incumbi-das do serviço policial, tem desenvolvido amais activa perseguição aos cidadãos quesão guardas nacionaes, mandando-lhes cer-car ás casas, prendél-os, até algemal-os, elevando a sua audácia. e desprezo para asautoridades e seus superiores até esbofetearpublicamente um inspector do quarteirão efiscal da câmara municipal.

Se por um lado o referido tenente procedeassim, por outro o subdelegado, que temprovado por factos incontestaclos, a sua, ine-pcia e incapacidade para o cargo, que exer-

ce, abandona os cidadãos pacificos á audáciados sqlteadores, que accommefctem as suascasaSiíaiTombam portas c.janellfis para rou-bar em, como tem suecedido na povoação-de-.nominadk*— Ponte dos Carvalhos e suas adja-cenciás,

'sem que a policia tenha tomado

providencia alguma....Se ó Sr. chefe de policia, pretendesse mo-

ralisar a sua administração policial, certa-mente já teria demittido a esse Rubdelcgadoque só se recommenda por ser filho do escru-puloso collector, que dirige as. influenciasconservadoras do èCabo. ¦

E' debalde que'alguns esperam da juven-tucle do Sr. Antônio Correia o que nao obti-veram da velhice do Sr. Queiroz Barros: arepressão cios abusos e violências dos agen-.tes da policia., O Sr. Antônio Correin é o Si".Queiroz Barros: entre elles só ha a dififerençaqne produz o tempo no phisico.

A|-i_iíaia_ento iMselto.—Lê-sena Reforma de 25 do passado. O Sr. mi-nistro do império censurou hontem, emum circulo de profanos, alguns membrosda opposição liberal e conservadora que dei-xam as vezes dé comparecer ás sessões, faltaque se torna sensivel nos dias em que nãoha quorum, ^-j,. «? -j ?, êadüj. 'íol

Não tem razão o Sr. ministro do império:S. Exe. obrigue sua maioria a comparecerem numero bastante para que haja casa.

Nós consideramos um ajuntamento illici-to esse que o governo mantém* na cadeiavelha, e só comparecemos em taes reuniõesquando ellas ja funecionam. Vamos ape-nas denunciar abusos e clamar' contra ille-galidades.

Se estivesse em nosso poder evitar seme-lhantes reuniões, os. designados da policianão gastariam o- suor do povo com tantodesembaraço.

Jamais Conte o -governo com o nosso au-xilio para que haja casa. . Eeuna numerobastante entre os seus, e espere a opposiçãodepois de congregados todos os amigos.Quando o ministério não tiver 60 dedicados,ou quaudo o enthusiasmo cVesses fór igual azero, deixe em paz a cadeia-velha.

Era o que faltava,! Poder _ vikr a mani-pulação de ruins leis e de lai gos orçamen.ose. contribuir para a confecção de taes mons-truosidades!

O papel da opposição, em face dc umamaioria que não recua ante cousa alguma, ésimplesmente bradar—aqui d"el-rei!

___*•

LITTEEA-MAHig-iBag-s atrave__ __e _Pa_*iz

S-M-iAiuo.—Trajecto do!,Sliah da Pérsia deCherbonrg ú Paris—Nos cam-pos Elysôos—iDáâ Tuilcrias ao

., • palácio Bourbon—Iilmainaçãodo jardim do Versaillos—Pa-rada de Longoliamps—No Cir-co — Uma representação degala.

Clierbourg G de Julho do tle ÍS73.

A esquadra franceza fundeou ás 9 horas o umquarto, saudada por uma salva dc 000 tiros dopeças de diversos calibres. O rei da Pérsia re-cebeu a bordo do seu navio o almirante Ponhoat,Liais, mairo da cidade, os generaos Pajol, Har-tung, os coronéis cVAbzac, Oharroyron e o gene-ral Nazaré Aga.

O Shah desembarcou as 8 horas tia manhã odeu immediatamente audiência ú:. autoritládesda cidade que lhe foram aprosentadas pelo pre-feito marítimo. As 9 horas e lj2, olle entrarano wagon ornado das armas tio Paris que per-tencora á Napoleno III, compondo-so o comboiode 8 wagons. ' i

Duranto o trajecto, o povo afíluia om todas asestações, acclamantlo o bronzeado monarcha;em Caen, foi-lhe offerecitlo um opimo almoço,findo o qual elle partio directamente para Paris.

Paris 6 tle Julho de 1873.

As 6 horas e um quarto, o trem chegara na es-tação de Passy.

O marechal de Mac-Mahon, presidente da Ee-'publioa, aproximando-se do wagon, saudaraNasser ed Din, entlereçantlo-lhe algumas pala-vras aflectuosas á que respondera ô rei dos reisem horrível francez de cosinha.

O uniforme do Shah representava uma fortu-na colossal Sobro a túnica 'azul ferreto acha-vam-sd suberbas constella.-Jüos dc poeiras precio-sas e a condecoração da legião da honra; no co-car do chapéo haviam myriados de diamantesquo scintillavam aos raios tio sol.

Finda esta primeira entrevista, o Shah e o seugrão-vizir, o marechal Mac-Mahon o o duque deBroglie, ministro dos negócios estrangeiros, en-traram n'uma carroagem Daumont puxada por4 cavallos.

Os personagens da comitiva o acompanhavamem outras carruagens. Na frente da tropa

Page 3: N.'l«,'l Ii: ,í; jf. f?í .' !$ '•'•';.'•' ÓRGÃO DO PARTIDO . . ; — (f ...memoria.bn.br/pdf/128066/per128066_1873_00096.pdf · 2012-05-06 · despotismo e da corrupção

J_ A Provincia .%:

• t,

marchava o general Ladmirault com o seu esta-ilo maior... Os tambores rufavam e as bandasde musica entoavam obymno. nacional da Per-sia. • ¦

Desde a estação de Passy até a praça cia Oon-corde e em todos os arredores 4°s campos Ely-seos, achavam-se postados os • couraceiros e aguarda republicana.

Uma salva do forte do Monte'Valeríen an-nunciara a multidão apinhada nos oampos Ely-seos que a Magestade diamantina estava pro-xima.

Eram 7 lioras quando o cortejo cliegou ao Aredu Triumplie. As tribunas particulares estavamcbeias de btdlas mulheres cujoq adornos deviarndar ao rei da Pérsia uma excellente idóa da su-prema elegância que é o apanágio das parasien-ses. '•*.'* ,'Míiid'fw njí (m!íj ftjíiííf •

Era difficil achar-se logar nos compôs Elyseospara um magro botão de punho... O povo ém-poleirava-se nas cadeiras, nas arvores, nos cal-los dos visinhos e nos chapéos que cabiam nochão. •; ¦

Todos qu?ri.?.m voro Sbah> este grande tolei-rão coberto de diamantes quo formam sensívelcontraste coma sua tez cor de breu.

Ao saltar do carro no Are du Triumphe pontoprincipal da íesta, a asiática magestade foi feli-citada nestes termos pelo prefeito do Paris:" Tenho a honra de apresentar ú V. M. p con-selho municipal e os maires da cidade de Paris." Permitta ao presidente do consolho raunici*pai de exprimir a V. M., em nome da cidade deParis, a satisfação com que recebe o soberano deum grandejimperio, o príncipe, amigo da França."

Após1 este Spoech, Vautrain, presidente doconselho municipal, disse:-, obai i

*' O conselho municipal da cidade de Paris vemsaudar V. M., á sua entrada n'esta capitai, e of-ferecer-lhe, em nomo d'esta cidade, suas felici-taçõe's de boa-vinda.,

" Nosso mais vivo desejo ó que V. M. possaconservar, boa e constante lembrança do accolhoque lhe c feito pela cidade do Paris, e do espec-taculo das nossas artes e industria.','

Nasser-ed-Din pronunciou no seu idioma na-tal, as seguintes palavras que foram traduzidaspor um interprete:." A França o o império da Pérsia sempre fo-ram nações amigas. A viagem de S. M. não ésomente filha da curiosidade; ella ó destinada aapertar os vínculos que unem as duas grandesnações. O imperador mostra-se sensível ao vos-sobenevolo accolho, e roga-vos que apresenteisos seus agradecimentos. aos habitantes de Pa-ris. "

As 7 horas e meia o cortejo, acompanhadopor mais de 100,000 pessoas, passara pela praçaConcorde, e dirigira-se. ao palácio do ministériodos negócios estrangeiros, situado na rua daUniversité, onde se achava proparado um suceu-lento jantar. •

Este foi o epílogo da entrada da segunda edi-ção da Chapada da Bahia.

7 de Julho. ,

Durante o almaço do Shah a musica da guar-da republicana executara divorsos fragmentosdas melhores operas frahcezas e italianas.

_ As 3 horas, elle foi visitar as ruinas do paia-cio das Tuilerias, da columna Vendõme, do Pa-lais Royal e do Hotel de Ville; d-áhi dirigio-se ápraça da Bastille, percorreu os principaes bou-levards, o boscpie da Bouiogno "o parou no jar-dim da :icclimação.

Geoffroy Saiut Hilaire, director do jardim eDrouin de Lhuys, presidente da sociedade daacclimação acompanharam-no, mostrando-lheas flores da Ásia, África o America que são asmais completas e lindas da Europa.

Ao retirar-se do jardim, o Shah atravessouem escaler o lago do bosque de Bouiogne, e en-trou no palácio Bourbon que lhe serve de domi-cilio.

O jantar teve logar as 7 horas findo o qual,Nasser-ed-Din pasmou no boulovard dos Itália-nos ato as 11 horas via noite.

Versailles 8 de Julho.

_ As 4 horas e um quarto o Shah entrara n'estacidade, em uma canoagem escoltada por gen-

. darmese dragões, indo immediatamente aopa-lacio do presidente da assembléa, e depois a casado marechal de Mac-Mahon.

Depois destas visitas, percorreu o admiráveljardim do palácio real, contemplando os sober-bos tanques onde se acham disseminados en-cantadores chafarizes 'formados

por grupos demármore. Suprema foi sua admiração, ao vora gruta de Apollo o as cascatas.

As 6 horas e tres quartos o Shah penetrará nagaleria dos espelhos do palácio real Mui-tos deputados e innumeras senhoras ricamenteataviadas ahi se achavam, Era divino o golpe devista desta vasta galeria illuminada por lustres ádespedirem raios diamantinos sobre os seios dealabastro, e ornada de quadros preciosos e depinturas de Lebrun. Dir-se-hia uma reproduc-ção mágica das maravilhas daswiZ e uma noites.

Longa Beria a enumeração dos convivas dobanquete que foi sumptuoso.

As 10 horaB, o presidente da Eepublioa, o pre-sidente da assembléa, os ministros, alguns de-putados o o Shah, dirigiram-se ao lado do tan-que de Neptuno onde foi celebrado o festival.

O effeito produzido pela illuminação do jar-dim era sem rival, e o fogo do artificio comple-tava o quadro deslumbrante que tivemos o pra-zer de ver.

Depois de manifestar o seu contentamento aos

dignitarios fraucezes, o Shah partio de Versa.il-les chegando em Paris a meia noite.

i . j) ÍJhJíiUUiiyiiiiXOiParis 9 do Julho. k;uo*

',.-,r!;f .

_. Nasser-ed-Din, visitou o asylo dos militares,inválidos onde se achava o túmulo dè Napoleão 1e todos os objectos que pert.ónceram-líie,. O im-r-portanto muBeo de artilheria foi visitado minu-ciosamente por elle. ¦'¦ ¦H"' s;t>íí .íUfiCÍ

.. o,ínvíii<'j.iq'./!iaíI 0Paris 10 de Julho, tinaiiófl fWj

Teve logar em Longchamps a revista ein hon-,ra do Shah. O exercito compunha-se de 80,000homens sob as ordens do general Laduiíráult.

Era commandante em chefe do 1' cc^po o ge-neral dc Montaudon; do 2* o general Bataille;do 3* o general Douay; do 4* o general Clin-chant. •

A artilheria era commandada pelos generaesPrinceteau, Rence, Clapier, e a cavallaria pplogeneral Ressayre. . A assembléa nacional e ocorpo diplomático assistiam á esta solemnidade.

Paris lí de Julho. ..1,» p.

Nasser-ed-Din foi ao Diprama dos CamposElyseos contemplar a magnífica vista do Paris,durante o cerco. Assistip também árepresen-tação do circo que grande prazer causou-lhe,graças aos babeis exercícios da tropa actual, eas facecias jocosas q mesmo urapouco triviaesdos palhaços; d'ahi foi visitar o museu do Lou-vre, onde demorou-se até meia noite.

Paris 12 de Julho.

Depois de visitar a igreja do Notre-Dame e opalácio de^Luxembourg, o fusco magnator assis-tio a representação de gala que foi-lho offereci-da na Opera composta do hymno nacional daPérsia, da symphonia do Mttette de P.ortici, do2* acto da Jttive, do 2* acto do baile de Coppeliácom a Sra. Beawjrand, e de alguns fragmentosda Souree com a celebre Sangalli.

Na próxima chronica terminaremos a descrip-ção dos zig-zags do Shah.

SWÍ :í',.il'3;•: ii,.

;iO:.r>;•i .jf/.Oa;iii

[¦¦-,y„(A EEFOEMA)

Bio 12 do junho de 1878.

A quesíão religiosa; Á REDACÇAO DA «REFORMA»

Mais uma vez o Sr. Nabuco de Araújo ele-vou a tribuna do senado, defendendo comprofundo saber e varonil eloqüência as dou-trinas do partido liberal. A hora adianta-da em que S. Exc. teve de interromper oseu discurso para continual-o sexta-feiranão nos permitte dar um resumo de suasproposições. Foram ellas, como tinhamsido as de outro chefe venerando dos libe-ráes, o Sr. Souza Franco, uma defesa plenade nossas liberdades constitucionaes comba-tidas pelo espirito romano com que se vaiestreitando a grande igreja catholica.

O Sr. Nabuco esboçou em traços largos eluminosos os direitos da nação brasileiracontra as invasões de uma soberania estran-geira, bem como os direitos naturaes de ca-da cidadão brasileiro garantidos contraqualquer violência pela Constituição do im-perio.

Embora considerasse a quostão mais es-perialmente sob o ponto de vista legal e ca-nonico, o illustrado orador com toda a fran-queza reconheceu e proclamou que o Sglla-bus e a Encgclica restauram pretenções ana-chronicas cia idade média e visam a consti-tuir um absolutismo theocratico em contra-dicção com os progressos das sociedades mo-dernas e com os principios liberaès em queellas se fundam.

Quanto á maçonaria, o Sr. Nabuco deAraújo, caracter profundamente religioso,deu testemunho ao senado de ser uma asso-ciação beneficente, humanitária e de modoalgum infensa á religião-do estado. Os bis-pos que a perseguem são fanáticos sem crite-rio, que não conhecem a sua pátria e. os seusconcidadãos, e applicam insensatarnentobullas expedidas para circumstancias diver-sas.

Como bem disse o Sr. Nabuco, deu-se aosincidentes da questão religiosa tal extensãonos debates parlamentares, que o silencionão mo seria mais tolerado como reconheci-mento de incompetência, mas sim exprobra-do como fraqueza de animo.

Direi, pois, em phrase breve* porém clara,todo o meu pensamento.

Affasto-me das questões theologicas: omeu ponto de vista é outro: deixo tambémos incidentes locaes e a propaganda de nos-sos bispos; quero remontar-me á questãoprincipal; e firmara minha posição, semrodeios é eein sophismas. ''¦'/

:.'. -'Cidadão dé um paiz regido pòr principiosliberaès proclamados na sua Constituição;membro de!um ípartido que- vela por essesprincipios ;'c empregado publico de uma na-çãÒ qué me irnpoz/o juramento de.fidelidade'a suas léisj—devos' examinar si os meus de-verçs sãó:.cónciliavèis com -as exigências doiespiritò romano em matéria religiosa.

Esse espirito, depois de 18 séculos de luc-jtàjpònra doutrina apostólica, nos ensinahoje dogmaticamente que o santo .ideal das.íotmas de governo é o absolutismo e que es-.seabsolutismo, para ser agradável a Deus,deve ser exercido, mediáca^ ou immediata-mente, por quem alcançar as funeções de'bispo de Eoma; i'.1'-' uiMiwúiá;':$ [<>.iq .7:'¦'- Não-ha negal-o: n'isto- se resumem o Syl-Jabus e as deoisões do concilio do Vaticano.

E'debalde que, por meio-de distincçõesmais'ou-menos subtis, se tem querido atte-nüaf o anatheina.lahçado pelo Syllabus sobreas verdades proclamadas pela nossa Cons-^tituição.^ Desde a soberania da nação comofonte'e'limite dos poderes sociaes até a maisessencial das liberdades; a do pensamento econsciência, tudo está condemnado comoproposições heréticas. Só por irrisão se nosconcede uina liberdade illimitada, a de repe-tirmos o catechismo comas emendas d'estesúltimos annos!

. Alguns espíritos, profundamente liberaèse profundamente religiosos, teem por vezestentado, illudir.-se a este respeito e confessoque eu mesmo fui parte d'essa plialange.Mas a illusão dos Montalernberts, dos Bro-glieSj.dps Dupanloups, não é mais possivel.Os órgãos do romanismo escarneceram donosso catholicismo tibio e nos intimaram arendição ou o anathema. ,'..r.;

Há quem duvide? Pois ahi está o livroescripto de propósito pelo padre Eamiere,da companhia de Jesus. Até o seu titulo éexpressivo: As doutrinas romanas sabre o li-beralismo no tocante ao dogma christão.. Diz o padre Eamiere, autorisado com aapprovação do pontífice:

« Não nos atfastaremos da linguagem con-sagrada, e,seremos melhor comprehendidospor todos os leitores, dizendo que no grande• debate doutrinai quo se agita entre os catho-licos, ha uma direita, uma esquerda e um ter-ceiro partido:..cathólicos puros, liberaès quese dizem cathólicos, e cathólicos liberaès.

« A direita é oecupada pelos cathólicosque não hesitam em preferir o ensino tradic-cional da igreja áquellas das idéas modernasque destoam d'esse ensino.

.« Na extremidade opposta, muito pertodos liberaès anti-christãos e tão perto quesuas fileiras parecem confundir-se ás vezes,estão os cathólicos da esquerda, que se en-cobrem com bellas denominações...O seuprogramma é: elevação das idéas liberaès ádignidade de principios: abandono e con-demnação das tradicções catholicas contra-rias a essas idéas; repudiação da autoridadedo papa e do concilio mesmo, si recusamsancional-as.

« O terceiro partido...quer que a igreja seabstenha de.renovar a condemnação cVaquel-Ias doutrinas, que já condemnou, e paraisso fazem val'er razões, cada qual mais es-peciosa! Diz-se á igreja que nada ganharáem combater idéas «que entraram no sangue'« da sociedade moderna e que constituem« por issim dizer a sua existência actual« (phrase tio príncipe Broglie !)... Est.epar-tido formula assim o seu programma: acei-tação sem reserva das liberdades modernas;silencio a respeito dos principios contráriosa essas liberdades ; negação da infallibilida-de do papa, por quem estas liberdades foramreprovadas.»

Ainda não bastam estas paginas; o padreEamiere com toda a franqueza e clareza nosdiz:

« O problema capital do século presenteó o das relações da igreja com as sociedadesmodernas. São estas sociedades, sim ounão, independentes na ordem moral de todaa autoridade sobrenatural ? Eis a questão.

ií Aesta. questão,a igreja e as sociedadesmodernas dão respostas cathegoricas tam-bem. Dizem sim as sociedades modernas ea igreja diz não. Entre as duas soluçõesteem de optar os publicistas cathólicos.

« Afíirmam uns, como principio, a com-pleta secularisação, a independência absolu-ta das sociedades civis: são estes os catho-licos nominaes da esquerda, os libèraes ca-tholicos: liberaès primeiro e catholicQ emsegundo lugar* quautq é possivel ser catho-lico sem deixar de ser liberal.

« Outros negam o principio da independeu-cia das sociedades civis no tocante a Jesuse a sua igreja, 2>osto que a aceitem como factoanormal, menos pernicioso apropria igrejado que á sociedade. Estes são os cathólicospuros, catholicoB antes de tudo o mais.

i Por fim, òs cathólicos do terceiro parti-

do se esforçam por uma resolução do problé-ma sem affirmação e sem negação, isto é,faliam-aos liberaès a linguagem d'estes comosi lhes aceitassem os principios, mas -dão ás;suas aiflrmaçõós liberaès umas tintas des-maüidáapara não contestarem abertamente,as doutrinas romanas.»

Agora attenda-so.bem á conclusão do dis-tincio padre da escola romana:

« E' quasi desnecessário assignalar quãofalsaé'osta posição (do terceiro partido) equanto, máo grado todos oa seus esforçospor manterem úm equilibric impossível,' oscathólicos liberaès se; expõem acontristarem oscathólicos sem-contentarem,'.os liberaès!»

O livro do padre Eamiere ó precedido deum breve, no qual o pontífice : congratula-secom o escriptor pelas verdades necessáriasalli expostas.

Em discussão recente das câmaras belgas,um membro illustrado do partido conserva-:dor-catholico, o Sr. Thonissen, pretendeu"também conciliar o Syllabus com as liberda-des reconhecidas pela Constituição da Bel-gica. No dia seguinte o crgiío dó clericalis.mo, o Bem Publico, o reprehendia.'«por haveramesquinhado o alcance daEncyclica e doSyllabo, • attribuindo-lhe o.caracter de umensino puramente religioso que se impõe ásconsciências indiyiduaes, mas sem reper-cussão na vida publica e na sociedade»..' ¦

Por isso,, com razão um dos chefes libe-raes e eloqüente orador daquelle paiz, eex-ministro da justiça Bara, dizia na cama-ra dos representantes aos deputados conser-vadore3-catholicos: -.,.., ¦$,?, ,

« Fazeis um grande sacrifício ás vossasconvicções catholicas. quando juraes obe-diencia á Constituição, e preferis vossos de-veres de cidadãos belgas, ás doutrinas doSyllabo. Assim, como a nossa lei reconheceo casamento civil, seguramente como juizeshavieis de condemnar o padre que celebrasseum casamento religioso antes do casamentocivil. »

A illusão não é possivel, repito. O libe-ralismo condemnado pelo papa não é, comose allegou na tribuua do senado, somente alibertinagem. Ainda é um padre da compa-nhia de Jesus, o padre Sambin, na sua His-toria do Concilio do Vaticano,, quem arrancaas cataractas dos illudidos.

Diz elle:•« A. revolução de 1789 começou por affir-

mar certos principios, que foram a base denossas sociedades actuaes... Ò primeiro prin-cipio é a igualdade de todos os Lümens pe-rante a lei. Em si é bom este principio;devemos porém dizer que elle levou a resul-tados que hoje parecem como que duvido-sos. • Assim o direito absoluto de todos osfilhos a quotas iguaes na herança paternalevou a, França a uma divisão infinda daspropriedades, e, no dizer de muita gente, áminadas famílias.

«.0 segundo principio é o direito de sobe- 'rania^ directo, absoluto, inalienável, reconhecido á nação...: d'ahi o terceiro princi"pio, que a lei é a expressão da vontade ge-ral...

. « E' quarto principio a liberdade absolutade consciência: nenhum cidadão deve serinquietado por suas opiniões religiosas,comtanto que a manifestação dellas não perrturbe a ordem publica estabelecida pelalei: isto quer dizer que todo o indivíduo estálegalmente isento de toda a lei religiosa eque o poder civil, pairando por cima de to-das as religiões, e o derradeiro juiz dasquestões relativas ao culto publico.

« Emfim o quinto principio é a livre com-municação dos pensamentos e das opiniõescomo um dos direitos mais preciosos do ho-mem. Pôde portanto, assim, todo o cidadãofallar, escrever, imprimir livremente, eom-tanto que responda pelo abuso desta liber-dade á autoridade civil.

« São taes principios que constituíram o '

ponto de partida do liberalismo. »Erro é, portanto, acreditar que o anathe-

ma d'o Vaticano recahe somente sobre os li-bertinos: não: elle fulmina toda e qualqueridéa liberal, toda e qualquer communhão li-beral: ou antes,—elle fulmina francamenteas sociedades modernas regidas por consti-tuições democráticas.

Não me é necessário transcrever o Sglla-bo: o Sr. Souza Franco, por vezes, e hoje oSr. conselheiro Nabuco, o dissecaram á luzda razão e da verdade.' Todos os sophismasdas consciências elásticas se desfazem aoclarão dessa luz.

Tem-se dito também que a liberdade re-ciproca da igreja e do estado não é do pro-gramma liberal. Si isto quer dizer que oestado de nossa sociedade ainda não recla-ma aquella conseqüência dos principios li-beraes, estamos de accordo. Si, porém, 09liberaès romanos pretendem condemnarcomo heresia aquella aspiração, são illogi-

Page 4: N.'l«,'l Ii: ,í; jf. f?í .' !$ '•'•';.'•' ÓRGÃO DO PARTIDO . . ; — (f ...memoria.bn.br/pdf/128066/per128066_1873_00096.pdf · 2012-05-06 · despotismo e da corrupção

' ¦ :-

â A. Froyincia

oos. E o que é mais de admirar, os pro-prios doutores jesuitas reconhecem que amáxima da igreja livre no estado livre ó umatentativa ãorPliheraes moderados por bem daconciliaçõo, e no entanto os liberaes modera-dos do Brasil benzem-se contra esse monstro;

O padre Sambin, já citado, continuando aexpor (com autorisação) as doutrinas do li-beralismo repellidas pelo papa diz :

« Ha outro liberalismo que chamaremosmoderado. Para os liberaes moderados, aigreja e o estado formam duas sociedadesseparadas totalmente, livres e independen-tes cada qual no circulo de seu dominio pro-prio; e isto exprimem pela formula igrejalivre no estado livre. Este liberalismo mode-rado foi adoptado pelos que se chamam ca-tholicos-Uberaes. »

Eis ahi o monstro !Mas quem não vê tambem que si a maxi-

ma é condemnavel, razão tiveram os impe-radores romanos de perseguirem 0 cbristia-nismo, quando nos seus começos reclamavaaquella liberdade que hojo oromanismocondemna ?

A religião christã começou como socieda-de secreta, até trabalhando, em subterra-neos; a pouco e pouco foi surgindo e recla-mou tolerância publica. O que é o livroapologetico de Tertuliano, si não a defeza daigreja livre no estado livre ?

O Sr. Nabuco disse bem que a maçonarianada tem de religiosa. Embora haja que-rido remontar as suas origens aos temposde Salomão, sabe-se que ella nasceu na ida-de media, como as outras corporações dernesteres. Os pedreiros, que então se em-pregavam especialmente na construcção deigrejas, se organisaram em corporação, sen-do obrigados a um tempo de aprendizagemantes de adquirirem o gráo de mestres. Co-mo tinham de peregrinar á cata de trabalho,adoptaram symbolos e signaes^ para seremacolhidos nas corporações das diversas cida-des italianas e allemãs. O titulo de livradado a esses pedreiros de igrejas originou-sedas bullas dos papas que os exoneravam deobrigações imposta sa outras corporações.poicausa cia natureza dos trabalhos que faziam

Com o tempo a maçonaria deixou do seruma associação de operários para conver-ter-se em sociedade de boneficencia geral.

Na Inglaterra, na Eu.sia e na maior par-te dos estados monarchicos os reis ou seusfilhos são por via de regra os chefes da ma-oonaria.

Por duas razões incorreu ella nos anathe-mas do papado.- Primeiramente, competiu-do com os mosteiros e ordens religiosas emactos de caridade, não só tirou á igreja^ omonopólio de provocar gratidões, como ain-da desfaleou-a na percepção de esmolas,porque os maçons não precisam de media-neiros para os benefícios que podem fa-zer. Em segundo logar, proclamando abso-luta tolerância de crenças, estabeleceu aconfraternidade humana, o que parece re-pellir a idéa de excommunhão por motivoreligioso: logicamente é um desmentido ástheorias romanas, mas tambem logicame.n-te, parece a applicação mais lata do ensinodo Christo a respeito da caridade.

Antes de concluir ouso dar um conse-lho. Não nos deixemos arrastar do terrenoda verdade. Para combater a escola romã-na que amesquinha o catholicismo reduziu-do-o a uma seita brahminica, o espirito lo-gico não ha mister de escurecer os grandesserviços prestados á eivilisação e a liberdadepelo catholicismo e pelo pontificado. Si nosorgulhamos de nossa historia civil, porquerenegaremos as brilhantes paginas da histo-ria da nossa igreja nos séculos passados ? Evede que nem Castelar, nem Mazzini, essesmesmos, não commetteram semelhante erro.

A democracia deve muito á religião deChristo. O padre Ventura dizia bem na ora-ção fúnebre de O' Connell: «A igreja affrou-tara esta heroina selvagem e lhe restituiràoOhristo e a coroa. »

Sim, antes do clero adular a vaidade e atéos crimes dos Césares, a igreja de Christoconsolava os desherdados da terra; ensina-va ao homem os seus direitos naturaes e or-ganisava a democracia, fazendo ò povo dosfieis eleger os seus bispos e sacerdotes. Enesses tempos os bispos e sacerdotes eleitospelo povo chamavam-se Cypriano, Hilário,Ambrosio, Agostinho, isto é,os santos padresque illustraram a igreja!

Folgo de confessar que na jovens redacto-> res da Reforma teem sido inspirados neste

assumpto pelos bons principios da escola ü-beral. • Não se pôde em bôa fé exigir do po-lemista que attente em cada uma' de suasphrases para evitar abusos de interpretaçãomaligna: o que se lhe deve pedir é que cohsa-gre e mantenha os principios da escola quéadoptoú. Neste ponto a Reforma merecetoda a minha adliesão.

E não é a mocidade liberal incompetentepara a tarefa que emprehendeu: pelo con-trario. Quando a igreja em um lance arris-cado, reclamava pelas liberdades * quehojecondemna, foram inancebos generosos quevieram em seu soccorro,—Lammenais, Mon-talembert, Lacordaire, Broglie., Ò pontificeos glorificou naquella mesma lingua, em queSoneca proclamara a juventude ornais pre-cioso presente da divindade.

A' proporção que dou3 desses mancebosglorificados, dous graudes engenhos, Lam-menais e Montalembert, encaneciam e seinclinavam para o túmulo, o pontifice lhemandava retirar um por um os louros queelle próprio ennastrara em suas frontes; eantes de exhalarem o ultimo alento, jú aigreja romana os considerava cadáveres cor-rompidos!

Não: a mocidade não é defeito parane-nhuma das grandes discussões soeiaes e re-ligiosas. Christo não chegou á idade .dóscabellos brancos., ,

F. Octaviano.

PUBLICAÇÕES SOLICITADAS

garantir, mandou pedir auxilio as aurorida-dos visinhas, e necessariamente devia terjcommunicado ao governo.

Eis, senhores redactores, o estado deplo-ravel em que se acha o Salgueiro... já o de-legado de policia tão estimado doi* sup-plente é publicamente injuriado e ameaçadode ser assassinado!!!

Deus nos queira valer.O Exm. presidente já mandou'ouvir o 1*

supplente por uma das arbitrariedades porelle praticada; mas com attestados pôde per-suadir a S. Exc. que era calumnia.

Agora, talvez, o Exm/presidente da pro-vincia fique inteirado quem é o 1* supplentedo juizo municipal de Salgueiro e qual temsido seu procedimento... e, lance suas vistaspara este infeliz sertão digno de melhorsorte.

10 de junho de 1878. O Canhoto.

)i'tHf Gh."

§a_üça_©_r«

Senhores Redactores.—Vou dar-vos sneein-tamente noticias deste alto sertão; ò inver-no, se bem qus tarde, foi regular, de manei-ra que os legumes, estão seguros e já appa-recém com abundância nas feiras: se nãofosse o prejuízo nos gados, devido áo nial-triste, e aos desmandos da politica dominan-te, por certo que este anno os sertanejospassavam vida folgada; porém, não é possi-vel, a desenfreada politica vai arrastando oSalgueiro a um abysmo.

Ò clamor é geral a vista das arbitrarieda-des que se tem commettido.

0 1 :''¦ supplente do juiz municipal é o mo-tor de tudo, a frente de meia dúzia de ho-mens que elle chama amigos, tem-se tor-nado estupendo I

E' o verdugo da parcialidade moralisadada mesma politica!

Para elle não ha lei, tudo faz a seu beiprazer !...

« Partes calúmniosas ! denuncias falsas!forjados processos! cartório tomado a forçacTarmas! provocações pelas ruas com musi-ca e foguetes! ameaças de cordas nos pul-sos e de surra de chicote! insinuações áalguns veriadores para perturbarem os tra-balhos das sessões! emfim, tudo quei lhe vemao louco pensamento, tem posto e.na execu-cão para arredar os adversários da mesmapolitica que não pactuam com taes desman-dos e ficar só no campo para suas gentile-zas! »

O desejo de retirar o presidente dacauia-ra, é com receio de que as patotas que se fi-zeram com os dinheiros, quando elle presi-dente, não cheguem ao conhecimento do go-verno, por isso tem insinuado aoB veriado-res que se opponham ao que o presidenteda câmara quizer fazer relativamente a re-ceita e despeza...

Por ordem do presidente da provincia foideterminado que, sem perda de tempo, seabrisse a estrada antiga para o transito dasboiadas e se prohibisse a passagem das mes--mas sobre o balde do açude para não se de-teriorar ; o fiscal recebeu ordem por escriptodo presidente da câmara ; mas, entendendo-se com o 1.* supplente, este não consentio,dizendo-lhe que — o presidente da câmaranão era nada!! e no outro dia, mandou atoda pressa plantar cannas no cercado quefecha a estrada!!

No dia 1* do corrente, as 6 horas da tar-de, o delegado de policia, o tenente Paz, foia porta de sua easa insultado por um indivi-duo a cavallo, por nome José Soares, querecebendo voz de prisão deitou a correr;mas sendo perseguido a tempo por algumaspraças, pôde ser preso depois de alguma re-sistencia.

O 1* supplente, seus irmãos, o escrivão eo pai do delinqüente dirigiram-se a cadeia elogo voltaram indignados com o delegado,jogando novos insultes por haver prendido aum que acompanhava o 1* supplente,

A pedido foi o preso solto; porém, comoíbso não obstou ao grupo que retirou-se dacadeia e que se achava reunido na calçadado velho Soares, dirigissem em altas vozes,graves insultos a autoridade policial, sondonessa oceasião ameaçado de pagar a desfeitaque fizera.

Mais de uma hora permaneceram emfrente a casa do Soares a descomporem odelegado de policia e só se retiraram depoisque o 1- supplente promettera que havia deretirar daqui o delegado!

O tenente Paz receioso, por ter recebidoavisos e não tendo força sufficiente para o

PARLAMENTODISCURSO PRONUNCIADO PELO SR. SENADOR POMPEU

NA SESSÃO DE 16 DE JULHO

O Sr. Pompeu :—Porque é governista, é con-servadora em Pernambuco, francamente adver-saria aoR liberaes.

E em um artigo em france-* publicado no ines-mo órgão religioso para todo o mundo se lêemas seguintes asserções, cuja exactidão e respon-sabilidade correm por conta de seu autor, e quesómento apresento, transcripto da Reforma, paramaiB uma autoridade competente a respeito doprocedimento inqualificável do presidente quan-to aos attentados do dia 14. [Lendo)."¦ Pendant deux longues heures nous avons étéá lá merei des brigands qui ont eu le loisir defaire impunement tout ce qu'ils 'ont voulu:1'anarchie était parfaite.

Tout prós du Collége, á vingt pas de distance,ii y a uno caserne; le bataillon était forme, maisil n'a fait aucuu pas pour rétablir Pordre, parce-que, disent les officiers, il ne leur était permisde faire aucun mouvement sans avoir reçu pro-bablement les ordre. de leur chef.

Les troupes donc, ne se sont presentéos quelorsqu'il n'y avait plus rien á faire.« En un mot,elles se sont presentóes, pour défendre, hayon-notes croiséos, les blessés et les decombres duCollége! Jusqu'á ce momeut ci pas uu seul n'aétó ári-tó! Pas un seul n'a été puni!

L'annonce donc fut fait; toute la ville savaitparfáitemeut bien, qu'aprós avoir fait los ova-tions á uu prêtre justement suspens de ses fone-tions par son supérienr legitime, le peuple suve-rain serait allé attaquer la résidence des pretresjesuites, et la typographie de VUnion; tout le sa-vaient, même los victimes; mais ils ne se dou-taientpas, que 1'autoritó publique n'aurait pris sesmesnres pour réprimer toute émeuto dans soncommeucement.,,

Vê, portanto, o senado que não é só pelos li-'berao6, injustamente denunciados pelo presiden-te, que é contestado seu ofíicio. Já citei ha pou-co outro trecho da União referindo a procedênciada reunião, que olia imputa aos maçons.

Agora pergunta o joni-i!' eiu què vem trans-cripto esse pedacinho da folha União; '• Qiuunterá razão, o Sr. Lucena ou os Revds. padres re-dactores da União'/ „

Este mesmo jornal (A Província), que trans-creveu o artigo da União, que acabo de lêr, dizo seguinte de outra contestação publicada peloSr. Corrêa de Brito. (Lendo):" Outro desmentido.—O uosso distineto ami-go, o Sr. Floriano Corrêa de Brito, em artigo pu-blicado no Jornal do Recife de 16 do corrente,expõe dotalhadamente, como foi convidado paraa reunião do dia 14, pelo Sr. Simplicio da CruzBibeiro, chefe conservador na freguezia da BoaVista. Fica, pois, ainda mais evidente que odirectorio liberal não teve parte na convocação,que antes foi feita por notáveis conservadores.,

Trouxe estes documentos, Sr. presidente, paramostrar com autoridades insuspeitas que, quero plano da reunião, quer depois, o ataquo crimi-noso feito a casa dos jesuitas náo foi obra do par-tido liberal. Não me encarrego de affirinar quefosse obra da maçonaria, a folha União é quem odiz; somente quero retirar • do partido liberal aresponsabilidade desses factos. O partido libe-ral de Pernambuco não conta um representanteno parlamento; tem por isso direito á nossa de-feza e ao respeito de seus adversários.

O Sr. Barros Barreto :—Retire tambem dosconservadores.

O Sr. Pompeu :—Então de quem fica sendo aculpa? E' que de certo o acontecimento não tevecôr politica, esta é a verdade. O presidente dePernambuco no empenho de aceusar exagerada-mente os liberaes, que elle transformou em au-tores dos acontecimentos do dia 14, náo duvidoudizer que os frades jesuitas foram atacados demodo quo ató um delles, que estava no leito demorte, foi victima do punhal, e que ató a capellasoffreu devastação vandalica! Ninguém pôdejustificar e defender aquelle acto, isto está forade questão; porém assim como o acto em si ó ré-provado, deve sor igualmente reprovada a exa-geração, quo o falsifica. O presidente em .uanarração, talvez por ódio aos liberaes e receio daresponsabilidade que lhe cabe por uma imprevi-dencia, carregou a aceusação de circumstanciase factos que não são exactos. Isso ó triste. Te-nha aqui-e não leio/porque não quero abusar dapaciência do senado, o auto de corpo de delictofeito no estabelecimento dos jesuitas por autori-dades judiciarias o peritos insuspeitos,que dão

•um desmentido ás* exagerações do presidenteda provincia. . - * .:•

O Sr. visconde do|Rio Branco (presidente doconselho:—Não houve ferimentos?

O ?r. Pompeu :—Mas náo houve victima' depunhal nem devastação da capella. O presiden-te disse que até um padre que ostava doente fôravictima do punhal em seu loito; isto não o oxac*to, é uma exageraçáo...

G Sr. visconde tióTXioüvts.vcodrrcsidentedoconselho):—Qual o instrumento, segando os poritos?

O Sr. Barros Barreto:—Leis, o auto.O Sr. visconde do Rio Branco (presidente

do conselho):—Leia em tom neutro. 'O Sr. Pompeu:—Vou lêr em tom neutro, Jpor-

que tenho a peito desfazerf-uma exageraçáo, que'pesaria tristemente sobre aquelles que pratica-ram o attentado, já por isso bem infelizes e dig-nos de reprovação; mis que náo convém e pedea. verdade que náo pe exagere. O padre foi fo-rido, mas náo foi victima, náo foi assassinado, enem pferimonto se diz que fosse de punhal: acapella-iáo foi devastada. Eis o auio.fLetidoJ .*AUTO DO CORPO DE DELICÍO PEITO NA PESSOA DO

PADRE JOSK' VIRGÍLIO¦* Aos 15 dias do mez de maio do anno donas*-

cimento de Nosso Senhor Jesus Chrisco de 1873,nesta cidade do Recife do Pernambuco em o col-legio dos padres da companhia do S. FranciscoXavier, presentes o Dr. Luiz Corrêa do QueirozBarros, comigo official da senretaria do policia,servindo de escrivão, abaixo assignados, os pe-ritos profissionaes, Drs. Luiz Joso Corrêa de Sáe Silvio Tarquinio Villas-Boas, moradores nesta.idade, e as testemunha» Drs. Cypriano FonelonGuedes Alcoforado e Miguel José de AlmeidaPernambuco, o Dr. chefe de policia deferio aosmesmos peritos o juramento dos Santos Evan-gelhos de bem e fielmente desempenharem a suamissão, declarando com verdade o que dosco-brissem o encontrassem e o que em sua conscien-cia entenderem: e encarregou-lhes o exame napessoa do padre José Virgílio quo pr.esentó'isfeachava, e quo respondessem aos quesitos seguin-tes: 1*, se ha ferimento e offensa phyaica; 2*,se é mortal; 3*, qual o instrumento'que o ocea-sionou; 4", se houve ou resultou mutilação oudestruição de algum membro ou órgão; 5*, sopôde haver ou rosultar essa mutilação ou des-truiçãó; 6-, so podo haver'ou resultar inhalita-ção de membro ou orgáo, sem que fique elle des- •truido ; 7", se pôde haver ou resulta)* alguma de-formidade e qual ella seja; 8', se o mal resul-tante do ferimento ou oflénsa physica produzgrave incommodo de saúde; 9*, se iuhabilita deserviço poi mais de 30 dias;-10'*, finalmente,qual o valor do danino causado. Em consequén-ciado que passaram os peritos a fazer os examese investigações ordenadas, e as que julgaram ne-cessarias, concluídas as quaes, declararam queencontraram o seguinte: uma solução de conti-nuidade de bordos regulares, tendo uma pollega-da de oxtensáo, situada na parte posterior e su-perior da coxa esquerda, correspondendo á arti-culação illio femural, , tendo duas pollegadas deprofundidade em direcção de cima para bai-xo: uma outra sjtuada entre o index e médio,tendo perto de duas pollogadas de extensão comnieia.pollegada de profundidade; notaram maisum pequeno ferimento no couro cabelludo naunião do frontal com o parietal do lado esquer-do: notaram, finalmente, uma larga contusãono liombro esquerdo, estendendo-se desde a cia-vicula até o homoplata; outra contusão no bor-do externo do ante-braço esquordo; outra pe-queua contusão sobre o nariz o outra no joelho_sqiu*rdó; e nada mais encontrando, responde-ram aos quesitos propostos pela ferina seguin-te: ao 1*, sim, ha ferimentos e offensas physi-cas; ao 2', não, quo os ferimentos e offensasphysicas não sáo mortaes; ao 3", que o primeirodos ferimentos doscriptos foi feito por instru-mento perfuro-cortante, e todas as offensas phy-sicas por instrumento contundentes; aos 4*,.5*,G1,7' eS',não; ao 9;, que o doente podo ficarcurado em 20 dias; e ao 10", finalmente, queavaliam o damuo causado em 300$ ; e sáo estasdeclarações que em sua consciência e debaixodo juramento prestado teem a fazer. E por.nada mais haver, deu-se por findo o exame or-denadò, e de tudo lavrou-se o presente auto, quevai por mim escripto e rubricado pelo Dr. chefode policia, e pelo mesmo "assignado,

peritos etestemunhas, comigo Cândido Autvan da Mattae Albuquerque, official da secretaria de policia,servindo de escrivão, que fiz e escrevi, do quotudo dou fé.—Luiz Corrêa dc Queirós Barros.—Luiz José Corrêa de Sá.—Silvio Tarquinio Vil-las-Boas.—Cgprianno Fenclon Guedes Alcofo-rado.—Miguel José de Almeida Pernambuco.—Cândido Autran da Matta e Albuquerque. „

O Sr. Barros Barreto :—E eutão ?O Sr. Pompeu : — Mas vê-se que não foi pu-

nhalada, como disse o presidente da provincia enem delia morreu o ferido.

O Sr. Barros Barreto :—Se náo foi punha-lada, foi facada.

O Sr. Pompeu :—Podia ser uma pedrada.O Sr. Barros Barreto : — Um ferimento de '

duas pollegadas do profundidade e uma de lar-gura feito por instrumento perfurante!

O Sr. visconde do Rio Branco (presidente doconselho) .'—Instrumento perfurante nunca foipedra.

O Sr. Pompeu:—Mas em fim os poritos decla-raram que náo foi punhalada e nem delia foivictima, isto ó, náo foi assassinado, e por issodizia que, emquanto o acto praticado contra ocollegio dos jesuitas e pessoas desses sacerdotesseja reprovados por todos como um grave atten-tado, comtudo não era decente que o presidenteda provincia para aggraval-o, tornal-o maisodioso, asseverasse quo até um padre enfermoque se achava no leito da morte fora victima dopunhal. Como esta, avançou outras exageraçõesquanto aos factos e puras invenções quanto aosliberaes a quem attribue.

- Passo a outro assumpto. .YvpJ.%ip foa êmamixàa

1

*.

..;•>•'<

7*t

f