NÚMERO DO DIA 70 tirar o patrocínio do Manchester United ...€¦ · O caso da vez envolve a CBF...

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O A história é cada vez mais recorrente no futebol brasileiro. Uma empresa se apresenta, faz uma oferta para comprar uma propriedade de patrocínio, promete um valor acima do que o mercado está disposto a pagar e fecha negócio. Ao não cumprir o prazo do primeiro pagamento, o caso vai para a Justiça. O caso da vez envolve a CBF e a empresa All Invest Consultoria Financeira, que em fevereiro assinaram um acordo para a venda do naming right da Copa Verde por R$ 4 milhões ao ano até 2021. Segundo revelado pela "Folha de São Paulo", já em março a primeira parcela de pagamento do acordo, de R$ 2 mi, não foi hon- rada. A CBF, então, cancelou o negócio e processa a empresa em R$ 7 milhões. O contrato previa a cessão de sete placas de campo para a empresa e, também, O BOLETIM DO MARKETING ESPORTIVO DO POR ERICH BETING 1 NÚMERO DO DIA EDIÇÃO 1383 - QUARTA-FEIRA, 27 / NOVEMBRO / 2019 de libras por temporada a empresa chinesa Haier deverá pagar para tirar o patrocínio do Manchester United das mãos da Chevrolet 70 mi CBF processa All Invest, investigada pela polícia

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A história é cada vez mais recorrente no futebol brasileiro. Uma empresa se apresenta, faz uma oferta para comprar uma propriedade de patrocínio, promete um valor acima do que o mercado está disposto a pagar e fecha

negócio. Ao não cumprir o prazo do primeiro pagamento, o caso vai para a Justiça.O caso da vez envolve a CBF e a empresa All Invest Consultoria Financeira, que

em fevereiro assinaram um acordo para a venda do naming right da Copa Verde por R$ 4 milhões ao ano até 2021. Segundo revelado pela "Folha de São Paulo", já em março a primeira parcela de pagamento do acordo, de R$ 2 mi, não foi hon-rada. A CBF, então, cancelou o negócio e processa a empresa em R$ 7 milhões.

O contrato previa a cessão de sete placas de campo para a empresa e, também,

O B O L E T I M D O M A R K E T I N G E S P O R T I V O

DO

POR ERICH BETING

1

N Ú M E R O D O D I A EDIÇÃO 1383 - QUARTA-FEIRA, 27 / NOVEMBRO / 2019

de libras por temporada a empresa chinesa Haier deverá pagar para tirar o patrocínio do Manchester United das mãos da Chevrolet70mi

CBF processa All Invest, investigada pela polícia

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a inserção da marca no uniforme dos mascotes dos times, no totem que fica a bola antes do jogo, na placa de foto oficial e no pódio. Tudo isso a partir das semifinais. A CBF também usaria suas redes sociais para falar da Copa Verde All Invest.

O problema é que a entidade não deve ver a cor desse dinheiro. Empresa que promete vender serviços de consultoria para empresas com dificuldades financei-ras, a All Invest tem sido investigada por suspeita de pirâmide financeira. A em-presa prometia lucros sobre investimentos maiores do que os de mercado a alguns investidores, recebia assim dinheiro e, após pagar uma verba grande no primeiro mês, retia o restante do dinheiro e deixava de contatar as pessoas. É o mesmo caso que envolveu a Telex Free, empresa que patrocinou o Botafogo em 2014.

Em seu site, a All Invest promete quitar todas as dívidas com credores até esta quinta-feira (27), e diz que, após encerrar todas as dívidas, cessará as atividades. Desde julho que a All Invest tem sido investigada por suspeita de pirâmide finan-ceira. Naquela época, a empresa já havia se comprometido com o Ministério Pú-blico a, em 20 dias úteis, quitar todos os compromissos com credores, em valores que chegavam a cerca de R$ 30 milhões, de acordo com a polícia goiâna.

Além da CBF, a empresa também deu calote no Goiás, que chegou a anunciar em fevereiro um acordo com a All Invest para as mangas do uniforme, mas em pouco tempo deixou de exibir a marca. O clube, porém, não processou a empresa.

Só para se ter uma ideia, o valor de R$ 4 milhões na Copa Verde é cerca de um terço do que paga o Assaí pelo naming right do Brasileiro Série A e praticamente metade do que a Continental desembolsa para ter o nome da Copa do Brasil.

L I B E R TA D O R E S B AT E R E C O R D E D E C O PA D O M U N D O

F O R TA L E Z A T I R A L E T R A S D E FA C H A D A P O R D O A Ç Ã O

A transmissão da final da Liberta-dores no Rio de Janeiro bateu o recorde de audiência da final da Copa do Mun-do na Globo. A vitória do Flamengo teve 47 pontos e 78% de participação entre as TVs ligadas, batendo as finais do Mundial desde 2002, último ano em que o Brasil esteve na decisão.

Em São Paulo, a transmissão tam-bém obteve bons índices. Foram 33 pontos e 54% de participação, recorde da competição na edição de 2019 e maior audiência desde a final entre Corinthians e Boca Juniors, em 2012.

Os números comprovam a força do Flamengo e o sucesso da final única, adotada este ano pela Conmebol.

O Fortaleza divulgou uma foto da fachada de sua sede danificada. A falta das letras "O", "A" e "B" sugere apa-rentemente uma ação de vândalos, mas na realidade é uma ação do clube em homenagem ao Dia do Doador de Sangue, celebrado no último dia 25 de novembro.

Segundo o Fortaleza, a ideia foi conscientizar a popu-lação sobre a importância de doar sangue. Além da ação na fachada, o clube participa desde julho da campanha "Placar do Bem", com o Instituto Pró-Hemoce (IPH).

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O P I N I Ã O

Promessa não vale o risco no patrocínio

É o maior contrato da história do clube. Geralmente essa é a frase usada pelos dirigentes ao justificarem a escolha de um novo contrato de patrocí-nio, quase sempre com marcas até então desconhecidas do público.

Preocupados com o fluxo de caixa, os clubes enxergam nos novos parceiros a galinha dos ovos de ouro. Mas não se atentam para o detalhe que é vital na relação das marcas esportivas com os clubes de futebol: a capacidade de entrega do parceiro.

Esses dois parágrafos acima foram retirados de uma coluna escrita por mim em 14 de dezembro de 2015, quando o Fluminense trocava uma parceria de quase duas décadas com a Adidas para embarcar num contrato com a inexpressiva Dry World. Naquela época, recebi um e-mail de um executivo do clube reclamando do tom que havia sido usado para criticar o negócio. Em 16 de novembro de 2016, na coluna

em que relembrava essa de 2015 para fa-lar sobre o fim melancólico do negócio do Flu, o tom foi diferente: "O esporte adora se fazer de vítima quando um caso como esse estoura, mas o fato é que ele continua a ser um paraíso para aventureiros. Qual empresa trocaria de fornecedor por um novato e desconhecido do mercado?".

Há pelo menos quatro anos que te-mos alertado, por aqui, o quanto o futebol brasileiro adora dar brecha para aventurei-ros. A necessidade do fluxo de caixa segue

a ser a grande vilã dessa história. Agora, mais uma vez, uma empresa acusada de pirâ-mide financeira tem o nome atrelado a um patrocínio fracassado no futebol.

A CBF não pode emprestar a maior marca do futebol do país para que uma empresa desconhecida ganhe notoriedade e consiga enganar as pessoas. O absurdo é que essa história se repete anualmente, e o futebol parece não aprender com os erros.

A promessa de um dinheiro maior do que o esperado não pode valer o risco que o futebol corre de ter sempre a imagem atrelada a negócios obscuros.

Há dois anos, o Fórum Máquina do Esporte traz, em parceria com a Kroll, deba-tes sobre como o esporte pode se preparar melhor para conduzir seus patrocínios. O princípio básico dessa discussão é a necessidade de pesquisar antes de assinar. Por mais necessitada de dinheiro que a entidade esportiva esteja, não vale o risco de emprestar sua marca, sua massa de torcedores e sua história para um aventureiro qualquer.

O futebol precisa entender que ele tem um produto que confere a seus parceiros uma excelente reputação. O risco de ter um calote precisa ser sempre reduzido.

Há dois anos discutimos, no Fórum

da Máquina, como é preciso evitar o

risco num patrocínio esportivo

POR ERICH BETING

diretor executivo da Máquina do Esporte

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City vende 10% de grupo para fundo

investidor dos EUA

A plataforma de ingressos on-line Viagogo vai pagar US$ 4 bil-hões para comprar a StubHub. O negócio representa uma valorização de mais de dez vezes do valor da StbHub quando foi comprada em 2007 por US$ 310 mi pelo eBay.

A Viagogo hoje é liderada por Eric Baker, que foi co-fundador da StubHub. Segundo o executivo, o negócio vai beneficiar os torcedores.

"Os compradores terão maior variedade de ingressos e os vend-edores terão uma rede maior de compradores", disse Baker.

A Viagogo tem tido problemas na Inglaterra com venda de ingres-sos. Com a StubHub, a empresa es-pera reduzir as reclamações.

V I A G O G O PA G A U S $ 4 B I PA R A C O M P R A R A S T U B H U B

A WA Sport, confecção de Cah-coeiras de Macaú, no Rio de Janeiro, é a nova fornecedora de uniformes para

a Confederação Brasileira de Tênis.A empresa, que já forneceu o ma-

terial dos atletas brasileiros durante o Pan-Americano de Lima, vai fornecer

os uniformes dos atletas para as dispu-tas representando o Brasil, entre elas

os Jogos Olímpicos de Tóquio.A WA fornecerá bermudas, saias,

camisetas e agasalhos para os atletas brasileiros nas competições.

CBT FECHA COM MARCA DO R IO UNIFORMES DE ATLETAS PARA COMPETIÇÕES

POR REDAÇÃO

O City Football Group, fundo de Abu Dhabi que é contro-lador do Manchester City, deve anunciar nesta quarta-feira a venda, por US$ 500 milhões, de 10% do controle do City Group para a empresa de private equity Silver Lake. A infor-mação foi publicada pelo jornal Financial Times nesta manhã.

Segundo a publicação, o acordo foi assinado sábado pelo presidente do CFG, Khaldoon Al Mubarak, e pelo sócio-ge-rente do Silver Lake, Egon Durban. O jornal acrescentou ain-da que Abu Dhabi quer manter a propriedade majoritária do City Football Group, que é formado por cinco clubes: Man-chester City, New York City (EUA), Melbourne City (Austrá-lia), Yokohama Marinos (Japão) e Guayaquil City (Equador).

A ideia da empresa de private equity americana é por cer-ca de 10 anos manter sua porcentagem no negócio, mas a participação pode ser encerrada por meio de uma oferta pú-blica inicial ou venda a outro investidor privado. Segundo o FT, o Silver Lake também abordou outros clubes europeus e ingleses, incluindo o Chelsea, para comprar a participação.

Na última temporada, o Manchester City teve receita recor-de de US$ 686,66 milhões, obtendo pelo quinto ano seguido lucro e pelo 11º ano consecutivo crescimento de receita. A melhora nas finanças coincide com o início do controle do clube pela família real de Abu Dhabi, em novembro de 2009.

Com a venda de 10% da holding para o fundo americano, o City alcançou uma valorização recorde e, atualmente, os cinco times do grupo estão avaliados em US$ 4,8 bilhões.

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Aexpansão dos serviços do DAZN para novos mercados tem levado a em-presa de streaming a ter um crescimento significativo nos últimos meses, a ponto de, agora em novembro, o DAZN alcançar 8 milhões de assinan-

tes mundialmente, consolidando a liderança mundial no streaming esportivo.Os dados de assinantes foram divulgados pela americana CNBC, que ainda pon-

tuou que cerca de 900 mil assinantes são dos Estados Unidos, mercado em que o DAZN atua desde o ano passado. O número é um trunfo da empresa em sua disputa particular com o ESPN+, serviço de streaming da ESPN, lançado no final do ano passado nos EUA e que contabiliza hoje cerca de 3,5 milhões de assinantes.

Em junho deste ano, o DAZN tinha uma base de 4 milhões de assinantes. A dupli-cação do número de assinantes nesse tempo coincide com a expansão da empresa para novos mercados. Brasil e Espanha foram os dois novos países do DAZN neste ano. Desde 2016, a empresa já estava na Alemanha, Áustria, Suíça e Japão. Ca-nadá, EUA e Itália foram outras regiões em que o serviço surgiu em 2017 e 2018.

Procurado para comentar os números, o DAZN não se pronunciou. É padrão entre as empresas de streaming não revelar os números de assinantes. Mas, a considerar o tamanho do Netflix, principal plataforma do mercado, ainda há espa-ço para as empresas de streaming esportivo crescer. O maior serviço de OTT do mundo contabiliza, atualmente, uma base de cerca de 158 milhões de assinantes.

Não por acaso, o DAZN tem usado um modelo similar ao do Netflix, de produ-ção de documentários sobre esporte, para atrair mais assinantes para sua base. A expectativa da marca é, assim, oferecer mais do que só o jogo ao vivo ao assinante.

DAZN alcança 8 mi de assinantes no mundo

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POR REDAÇÃO