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VIVER EM EQUILÍBRIO
Nº 76 € 3,99 (Cont.)
REVISTA OFICIAL
REPORTAGEM VIDAS FELIZES E LONGASTESTEMUNHOS DE QUATRO PESSOAS COM MAIS DE 50 ANOS DE DIABETES
MEDICAÇÃOTUDO SOBREAS BOMBAS DE INSULINA
ser tão
ativo
consigo
Como
INSPIRE-SE NA ENERGIADE JOÃO
BAIÃO COMPORTAMENTO MOTIVE-SE E CONTROLE A DIABETES
ERVAS AROMÁTICAS COZINHAR COM MAIS SABOR E MENOS SAL
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Diabetes 3
AAPDP completa no próximo ano 90 anos de idade. Idealizada e criada em 1926 por Ernesto
Roma, passado pouco tempo de regressar dos Estados Unidos. Ernesto Roma assistiu, em Boston, a um dos mais marcantes feitos da história da medicina, ao início da era da insulina. Já de regresso a Portugal, encarou a realidade portuguesa de então: ausência de qualquer apoio estruturado assistencial, formativo e social; a insulina não tinha qualquer comparticipação e o apoio educativo, fundamental, era praticamente ausente.
Com o apoio de mecenas, a então Associação Protectora dos Diabéticos Pobres foi criada em Maio de 1926 com o objectivo de prestar apoio social e económico aos mais desfavorecidos e, logo depois, assistencial e educativo. Estamos a falar de uma época em que, provavelmente, não terão existido mais de 30 a 40 mil pessoas com diabetes.
Em 90 anos muitas coisas mudaram e a APDP foi crescendo e desenvolvendo-se, adaptando-se às novas realidades. Temos entre nós mais de um milhão de pessoas com diabetes, atingindo pessoas de todas as idades e classes sociais. As muito rápidas mudanças do nosso estilo de vida e o aumento da esperança de vida têm contribuído fortemente para este
cenário. Entretanto, um outro grupo muito mais numeroso foi identificado: os pré-diabéticos, fortemente candidatos a terem diabetes. São hoje entre nós mais de dois milhões!
A APDP tem, ao longo da sua história, vindo a desenvolver um relevante papel para além do assistencial, nomeadamente, na formação dos técnicos de saúde e das pessoas com diabetes, contribuindo expressivamente para a luta contra o desenvolvimento desta epidemia.
Atualmente, lidera um dos projetos de responsabilidade da Fundação Gulbenkian a nível nacional no âmbito da prevenção da diabetes.
A APDP tornou-se uma referência incontornável na luta contra a diabetes e suas consequências, tanto a nível nacional como internacional. Como reconhecimento do seu trabalho foi-lhe atribuído, mais uma vez, em curto período de tempo, a organização de uma das mais importantes reuniões científicas mundiais na área da diabetes, a ocorrer em 2017.
A APDP foi, desde a sua fundação, e continuará a ser a casa de todos os que, tendo diabetes, necessitam de qualquer forma de apoio e para os quais mais de 130 pessoas trabalham todos os dias, dedicando generosamente o seu esforço e entusiasmo.
Mensagem do Presidente
Referência incontornável na luta contra a diabetes
APDPPOR LUÍS GARDETE CORREIAPRESIDENTE DA APDP
Como reconhecimento
do seu trabalho foi
atribuída à APDP a
organização de uma
das mais importantes
reuniões científicas
mundiais na área da
diabetes, a ocorrer
em 2017.
Ficha técnica
4 Diabetes
DIABETES - VIVER EM EQUILÍBRIO
DIRETOR Luís Gardete Correia
EDITOR Pedro Matos
COORDENAÇÃO DE PROJETOViolante [email protected]
CONSELHO CIENTÍFICO Luís Gardete Correia, João Filipe Raposo, João Nunes Corrêa, José Manuel Boavida, Pedro Matos, João Nabais, Ana Mesquita, Lurdes Serrabulho
SECRETÁRIA DE REDAÇÃOCarla TrincheirasTel: 213 816 112 | Fax: 213 859 [email protected]
PROPRIEDADE APDP – Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal
SEDE SOCIAL: Rua do Salitre, 118-120, 1250-203 Lisboa
PERIODICIDADE Trimestral
EDIÇÃOGOODY S.A.Sede Social Avenida Infante D. Henrique, Nº 306, Lote 6, R/C 1950-421 LisboaTel: 218 621 530
DIRETOR GERAL António Nunes
ASSESSOR DA DIREÇÃO GERAL Fernando Vasconcelos
DIRETORA PUBLICAÇÕES SAÚDE Violante Assude [email protected]
REDATORA PRINCIPAL Ana Margarida Marques
REDAÇÃO Iolanda Veríssimo
REVISÃO Catarina Almeida
COORDENADOR DE PRODUÇÃO EXTERNA António Galveia
COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO INTERNA Paulo Oliveira
COORDENADOR DE CIRCULAÇÃO Carlos Nunes
FOTOGRAFIA António Pinto, L. Ribeiro, Mafalda Melo, Pedro Vilela, Ricardo Polónio
BANCO DE IMAGENS Dreamstime, Getty Images
DESIGN GRÁFICO E PAGINAÇÃOJoana Nunes
ILUSTRAÇÃO Susana Zenóglio
PUBLICIDADEGOODY S.A.
ACCOUNT Fátima EirasTel: 218 621 491 | Fax: 218 621 495 [email protected]
TIRAGEM 22.000 exemplares
PRÉ-IMPRESSÃO E IMPRESSÃO Lisgráfica, Impressão e Artes Gráficas, S.A.Rua Consiglieri Pedroso 90Queluz de Baixo2730-053 Barcarena
DISTRIBUIÇÃO Urbanos Press
INSCRIÇÃO NA ERC 101391
DEPÓSITO LEGAL 101662/96ISSN 0873-45DX
DIREÇÃOPRESIDENTELuís Gardete Correia
DIRETOR CLÍNICOJoão Filipe Raposo
TESOUREIROLuís Nunes Coimbra Nazaré
VOGAISJosé Valente Nabais e Maria de Fátima Pinheiro Nogueira
SECRETARIADOCarla Trincheiras, Cristina Silva e Sónia Silva
SEDE SOCIAL Rua do Salitre, 118-1201250-203 LisboaTel: 213 816 100 | Fax: 213 859 371
[email protected] www.apdp.pt
CONTRIBUINTE N.º 500 851 875
DUARTE MATOSENFERMEIRO DA APDP
LUÍS GARDETEPRESIDENTE DA APDP
MARIA JOÃO AFONSONUTRICIONISTA
DA APDP
MARINA DINGLEENFERMEIRA DA APDP
PEDRO MATOSCARDIOLOGISTA E
EDITOR DA REVISTA APDP
ANA FILIPA LOPESMÉDICA DA APDP
JOSÉ MANUEL BOAVIDAPRESIDENTE
DA FUNDAÇÃO ERNESTO ROMA
LEONE DUARTEMÉDICA DA APDP
ANA PEREIRA NUTRICIONISTA
DA APDP
JOÃO FILIPE RAPOSODIRETOR CLÍNICO
DA APDP
JOSÉ LUIZ MEDINAPRESIDENTE DA SPD E MEMBRO DA APDP
ESPECIALISTAS
APDP
COLABORAM NESTA EDIÇÃO
OUTRAS ENTIDADES
SOCIEDADE PORTUGUESA
PORTUGUESESOCIETY OF DIABETOLOGY
DIABETOLOGIA
CARLOS MONTEIROMÉDICO DA APDP
MARGARIDA BARRADAS
DIETISTA DA APDP
CARLOS GÓISPSIQUIATRA DA APDP
Índice
Diabetes 5
PÁG.
48
PÁG.
34
PÁG.
56
48 VIDAS LONGAS E FELIZESPessoas com 50 anos de diabetes
56 BOMBAS DE INSULINA Como funcionam e para que servem
60 CONSULTÓRIO
Disfunção erétil e diabetes Hidratos de carbono que deve
comer
62 EXERCÍCIO FÍSICOTreino de força em suspensão
64 MOTIVAÇÃO PARA A MUDANÇADicas para gerir bem a diabetes
A SUA APDP
70ACONTECE NA APDP
75 NÚCLEO JOVEM
78 NÚCLEO JOVEM
81 DIABÉTICO ILUSTRED. Pedro II do Brasil
03 MENSAGEM DO PRESIDENTE
10 ATUALIDADE Notícias de bem-estar, nutrição e exercício físico
APRENDA A COMER BEM
22 ERVAS AROMÁTICASBenefícios e como usar na confeção
26 DOENÇA CELÍACAConselhos de nutrição
31 FRUTA DA ÉPOCACastanha
32DOSES DE FRUTOS GORDOSCalorias e hidratos de carbono
34 RECEITAS
VIVER BEM A DIABETES
44 VIDA SAUDÁVELEntrevista com João Baião
PÁG.
44
Os projectos pela diabetes continuam a decorrer. Na prevenção, na educação, na
sensibilização das populações e governantes. O nosso envolvimento em todos eles é uma realidade indesmentível. Os resultados, no entanto, estão longe de ser ainda o que gostaríamos. Quer no número de novos casos de pessoas com diabetes, nas taxas de controlo ou mesmo na redução de complicações.
O que fazer mais então? Mudar atitudes é a resposta. E quando falamos de atitudes, referimo-nos aos diferentes interlocutores da sociedade civil, aos potenciais mecenas que possam colaborar connosco das mais variadas formas, aos políticos e dirigentes que têm nas suas mãos o poder de decisão em termos de apoios, legislação e alterações estruturais. Mas também aos profissionais de saúde, que têm de saber chegar mais perto das populações afectadas e aplicar a evolução tecnológica e científica de forma sensata e racional. E, talvez o mais importante de tudo, aos doentes, que necessitam de modificar a sua atitude perante a diabetes, optando por estilos de vida mais saudáveis. Para que o façam precisam de ser informados, alertados, para os malefícios do controlo deficiente e o impacto das complicações. Educados para uma alimentação equilibrada, prática de exercício regular, adesão à medicação
prescrita e cuidar ele próprio da sua doença, com o apoio de todos nós.
No editorial anterior fiz referência ao conhecimento científico que temos vindo a acumular ao longo dos anos e ao relativo impasse em termos de novas moléculas para o tratamento da doença.
A ideia de que tudo o que se tenta hoje desenvolver para tratar a diabetes tem de ser essencialmente inócua e segura, mesmo que o seu benefício a longo prazo seja nulo, é compreensível. Mas também redutora. No mais recente Congresso Europeu de Diabetes tivemos finalmente resultados animadores nesta questão. Há quase 30 anos (desde o UKPDS) que não se viam reduções nos eventos cardiovasculares major e principalmente na mortalidade com fármacos antidiabéticos. Ainda com questões por clarificar em relação a alguns pontos e objectivos parcelares, finalmente uma molécula parece apresentar largos benefícios para os nossos doentes. Abre-se uma janela de oportunidade. O entusiasmo com que a apresentação foi recebida em Estocolmo impressionou toda a gente. Vamos ver se o futuro, a prática clínica diária e o uso continuado em doentes com enormes heterogeneidades, no fundo, o mundo real, não leva, como já aconteceu noutros casos, mais uma vez ao desencanto e à desilusão.
Por opção do autor, este texto não está conforme as normas do Acordo Ortográfico.
Mudar atitudes e inovação – juntas pela diabetes
APDPPOR PEDRO MATOS EDITOR
Quando falamos de
atitudes, referimo-
nos aos diferentes
interlocutores da
sociedade civil,
aos mecenas,
aos políticos e
dirigentes que têm
nas suas mãos o
poder de decisão.
Editorial
6 Diabetes
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AF_Certificado_impresa APDP 210*265.ai 1 19/01/15 11:11
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JUNTE-SE HOJE À
Contribuir na luta contra a diabetes e suas complicações
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Apoiar a formação na área da diabetes para profissionais e não profissionais de saúde
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Orientações online na área da diabetes
Acesso ao espaço de actividade física
Participar ativamente na vida associativa da APDP
DAMOS-LHE
RAZÕES PARA SER NOSSO SÓCIORECEBA A REVISTA DIABETES EM SUA CASA
10
FAÇA A SUAINSCRIÇÃO OLINE
AQUI
Diabetes 9
Correio do leitor
«A internet permite-me recolher informação complementar sobre a doença e os avanços para eventual cura.» Paulo Oliveira
«A aplicação de telemóvel que eu utilizo ajuda-me a controlar melhor os níveis de glicemia, dando-me resumos temporais e avisos, caso os valores sejam altos ou baixos demais.»Idem
«As novas tecnologias facilitam o meu controlo da diabetes, bem como a informação dada por vós, e pela Internet.»António Lopes
«Com acesso a informação útil que partilho com os médicos quando me suscita dúvidas.»João Carlos
DESAFIO DA DIABETES“Todas as pessoas deveriam ter maior
cuidado com a sua saúde.”
Uma das associadas do Núcleo Jovem APDP deixa-nos uma mensagem de “força” e “resiliência”, que pode ser uma inspiração para as outras crianças e pais: “Sou pequenina e sou diabética há pouco tempo, mas desde o primeiro dia tive sempre muita coragem e vou aprendendo diariamente
a vencer este desafio. Logo num dos primeiros dias quando a minha mãe estava triste e ainda via com dificuldade esta nova forma de viver, eu revelei-lhe a minha coragem, dizendo-lhe que achava que todas as pessoas do mundo deveriam ser diabéticas pois assim iriam ter maior cuidado com a sua saúde.”
JOANA BERNARDES, 8 ANOS
Desde o primeiro dia tive sempre
muita coragem e vou aprendendo
diariamente a vencer este desafio.
A APDP PERGUNTA
PRÓXIMA PERGUNTA
DE QUE FORMA AS NOVAS TECNOLOGIAS O AJUDAM
A CONTROLAR A DIABETES?
QUAIS AS SUAS MELHORES DICAS PARA COZINHAR DE FORMA
SAUDÁVEL?
PARTICIPE E PARTILHE A SUA OPINIÃO:Envie-nos o seu testemunho ou resposta, com o seu nome completo, para o e-mail [email protected], ou por correio para a morada: Av. Infante D. Henrique n.º 306, Lote 6, R/C – 1950-421 Lisboa.
A APDP reserva-se o direito de cortar e editar as cartas recebidas.
10 Diabetes
A investigadora da Universidade de Coimbra Raquel Santiago recebeu financiamento da Bayer, no valor de 50 mil dólares, para estudar novas estratégias de combate à retinopatia, complicação da diabetes e uma das principais causas de cegueira. «Se for possível encontrar uma terapêutica que permita o tratamento numa fase mais inicial, o impacto na qualidade de vida do doente com retinopatia diabética será elevado», defende a investigadora.
NOVAS SOLUÇÕES PARA A RETINOPATIA EM ESTUDO FINANCIAMENTO CONCEDIDO A CIENTISTA PORTUGUESA
8110É o número de pessoas identificadas
para tratamento de retinopatia diabética segundo o Relatório Anual do Observatório
Nacional da Diabetes de 2014.
Atualidade DIABETES
7%Das pessoas
que realizaram o rastreio da retinopatia
diabética a nível nacional foram
identificadas para tratamento em
2013.O objetivo
é aumentar a qualidade de vida
do doente com retinopatia.
A RETINOPATIA É UMA DAS COMPLICAÇÕES
MAIS FREQUENTES DA DIABETES E UMA DAS PRINCIPAIS CAUSAS
DE CEGUEIRA.
Olho é uma das áreas mais afetadas pela
diabetes Dados do
Relatório Anual do Observatório
Nacional da Diabetes de
2014 indicam que o número
de pessoas identificadas
para tratamento de retinopatia
diabética passou de 3425 em 2010
para 8110 em 2013.
TEXTO ANA MARGARIDA MARQUES
Novo Nordiskmudar o futuro da diabetesMudar o futuro da Diabetes é o compromisso da Novo Nordisk. Queremos estar mais atentos, queremos aprender e queremos olhar para além do tratamento e, assim, ir ao encontro das necessidades das pessoas e das famílias que vivem com diabetes.
Changing Diabetes® é a nossa forma de apoiar as pessoas a gerir e a viver com a diabetes. Hoje e amanhã.
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12 Diabetes
Atualidade DIABETES
AOS PARTICIPANTES FOI PEDIDO QUE FOSSEM
ENUMERADOS TANTOS ANIMAIS QUANTO POSSÍVEL
DURANTE 60 SEGUNDOS.
SABIA QUE?Nas crianças
com diabetes a retinopatia trata-se de uma doença rara independentemente
da duração ou do controlo da doença, avança um estudo
divulgado na revista científica Ophthalmology.
O estudo teve por base o
acompanhamento de 370 crianças com
diabetes mellitus, com idades
inferiores a 18 anos.
Uma investigação realizada por uma equipa de especialistas da Finlândia apurou haver uma associação entre a resistência à insulina e a linguagem, no caso das mulheres com diabetes tipo 2. O trabalho publicado na revista científica Diabetologia contou com uma amostra de adultos com idades compreendidas entre 30 e 97 anos. Aos participantes foi pedido que fossem enumerados tantos animais quanto possível durante 60 segundos. Desta forma, os especialistas comprovaram que o aumento da resistência à insulina poderia estar relacionado com dificuldades na fluidez do discurso no caso das mulheres.
RESISTÊNCIA À INSULINA ASSOCIADA A DIFICULDADES NA FLUIDEZ VERBAL
A diabetes gestacional pode ser prevenida mediante programas de mudanças de estilo de vida em mulheres que apresentem riscos acrescidos de desenvolver a doença, refere um novo estudo publicado na revista científica Diabetes Care. As conclusões são baseadas num estudo finlandês levado a cabo com 293 grávidas.A idade e ter antecedentes familiares de diabetes são fatores de risco para a diabetes gestacional. Entre os fatores de risco controláveis, a prevenção da diabetes gestacional pode ser feita com controlo do peso da grávida, conseguido com uma alimentação equilibrada.
DIABETES GESTACIONAL PODE SER PREVENIDA COM ESTILO DE VIDA SAUDÁVEL
Conclusões
são de estudo
finlandês com
293 grávidas.
Diabetes 13
MENOS RISCOS DE DOENÇAS CARDÍACAS E
DIABETES E MAIS LONGEVIDADE
A revista Journal of Gerontology:
Medical Sciences divulgou um estudo que indica que
uma alimentação mais restrita
em calorias de forma continuada
pode ser um fator‑chave para a longevidade e a
redução de fatores de risco como
doenças cardíacas e diabetes. A
pesquisa teve a duração de dois anos e incluiu a participação
de mais de 200 indivíduos
saudáveis. Durante a
investigação, os participantes perderam cerca de 10% de peso
corporal durante o primeiro ano e
mantiveram bons resultados no
segundo ano em que decorreu a investigação. ESTUDO
DEFENDE IMPLEMENTAÇÃO
DE MEDIDAS DE PREVENÇÃO DIRIGIDAS AOS
AVÓS.
Um estudo avaliou a influência dos avós nos hábitos das crianças durante a idade pré‑escolar. Publicada na revista científica The International Society of Behavioral Nutrition and Physical Activity (ISBNPA), a investigação concluiu que o envolvimento dos avós nos cuidados infantis é um fator determinante para a obesidade infantil na China. Os autores alertam para a importância da implementação de medidas de prevenção de obesidade infantil dirigidas aos avós.
AVÓS CUIDADORES SÃO FATOR DE INFLUÊNCIA PARA A OBESIDADE INFANTIL NA CHINA
Novas evidências comprovam a necessidade de alertar as pessoas com diabetes para os malefícios do tabagismo. As recomendações são parte integrante de um estudo, divulgado na publicação Circulation, que evidencia os riscos acrescidos de mortalidade e de doenças cardiovasculares nos fumadores que tenham a doença crónica. O estudo foi levado a cabo por investigadores chineses. É um facto que o tabaco representa um fator de risco aumentado na pessoa com diabetes, condicionando as fragilidades e as alterações vasculares características da doença crónica.
Um estudo revela que os adultos com obesidade que acreditam que o seu peso é determinado sobretudo pelo seu ADN e não pelos comportamentos que podem controlar tendem a "desistir" de adotar bons hábitos alimentares e praticar atividade física. Os autores do estudo evidenciam a importância de se encorajar as pessoas a adotar uma postura mais proativa na sua saúde – independentemente do facto
de terem história familiar de obesidade – e a desconstruir a ideia de que o peso é "inalterável" perante a obesidade. Na investigação participaram 8.900 adultos, 4.200 do sexo masculino e 4.700 do sexo feminino. Os resultados encontram-se divulgados na revista científica Health Education and Behavior.
ESTUDO ALERTA PARA RISCOS DO TABAGISMO NA PESSOA COM DIABETES
PESSOAS COM PREDISPOSIÇÃO GENÉTICA PARA OBESIDADE TENDEM A "DESISTIR" DE ADOTAR UM ESTILO DE VIDA SAUDÁVEL
Estudo evidencia riscos
cardiovasculares e de mortalidade.
BEM-ESTAR Atualidade
14 Diabetes
Ter excesso de peso aos 50 anos poderá estar relacionado com o aparecimento precoce da doença de Alzheimer. A conclusão é avançada por um estudo divulgado na revista científica Molecular Psychiatry.A investigação teve como base os dados de 1400 pessoas durante uma média de 14 anos, as quais realizaram testes neuropsicológicos de dois em dois anos. Um fator apontado no estudo foi o excesso de peso na meia-idade poder estar associado a danos neurológicos no cérebro relacionados com o Alzheimer. Os autores alertam que mudanças no estilo de vida, como ter uma alimentação saudável e praticar exercício físico, podem atrasar o aparecimento de Alzheimer.
A revista britânica The Lancet divulgou um estudo que aponta que trabalhar demasiadas horas pode aumentar o risco de ter problemas coronários e acidentes vasculares cerebrais (AVC). O risco de AVC e de um problema coronário aumenta em 33% nos indivíduos que trabalham mais de 55 horas por semana, comparativamente com 13% no caso dos que trabalham entre 35 a 40 horas. A pesquisa foi realizada com 600 mil pessoas da Europa, Estados Unidos e Austrália.
ESTUDO RELACIONA EXCESSO DE PESO E ALZHEIMER
TRABALHAR HORAS A MAIS PREJUDICA SAÚDE DO CORAÇÃO
Entre os fatores que podem
estar na origem do aumento da
esperança média de vida, o estudo
destaca:
1A diminuição
da mortalidade provocada por
doenças como a SIDA e a malária
na última década.
2Os avanços
no tratamento de problemas
durante a gravidez, nos
recém‑nascidos, nas disfunções
nutricionais.
6,2É o número
de anos que a esperança média de vida aumentou a nível mundial,
segundo a revista The Lancet. O
tempo de vivência das pessoas com incapacidades e
doenças também aumentou, logo a
esperança de uma vida saudável não acompanhou esta
tendência.
MENOS HORAS DE SONO LEVA
CRIANÇAS A COMER MAIS
Investigadores britânicos
apuraram que as crianças
que dormem menos de 11
horas por noite tendem a comer mais e a ter um índice de massa corporal (IMC) mais elevado.
Divulgado na revista
International Journal of
Obesity, o estudo foi baseado
na análise de dados de mais de mil crianças com cinco anos
de idade.
ESTUDO ALERTA PARA A SAÚDE DAS PESSOAS
QUE TRABALHAM MAIS DE 55
HORAS SEMANAIS
O sono é um
fator-chave no IMC
da criança.
Trabalhar
demasiadas horas
é prejudicial.
Atualidade BEM-ESTAR
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16 Diabetes
Novas evidências comprovam que uma alimentação rica em fibras ajuda a prevenir a diabetes. Uma equipa de cientistas conduziu um estudo em que acompanhou quase 30 mil europeus ao longo de 11 anos. Uma conclusão é que os indivíduos que ingerem mais de 26 gramas de fibras por dia têm menos 18% de risco de ter diabetes
tipo 2, comparativamente com os que consumem menos de 19 gramas de fibras por dia. O mesmo estudo, publicado na revista científica Diabetologia, aponta que uma dieta que inclua cereais ricos em fibras pode levar a uma redução de 19% do risco de diabetes e, no caso das fibras contidas nos vegetais, em 16%.
NOVAS EVIDÊNCIAS SOBRE BENEFÍCIOS DAS FIBRASDIETA SAUDÁVEL PODE REDUZIR RISCO DE DIABETES
ESTUDO SOBRE IMPACTO DO
CAFÉ NA SAÚDE DA PESSOA COM
CANCRO DO CÓLON
O consumo regular de café poderá ajudar
a impedir a reincidência do cancro do cólon após tratamento
e melhorar a possibilidade de cura, de acordo com um estudo
publicado na revista científica
Journal of Clinical Oncology.
Estudo refere que
26 g de fibras por dia reduz em
18% o risco de diabetes.
Atualidade NUTRIÇÃO
Diabetes 17
Um estudo científico divulgado na revista Hypertension apurou que cada grama extra de sal aumenta em mais de 25% o risco de obesidade, quer em crianças quer em adultos.
Uma noite mal dormida pode afetar a hormona que controla o apetite, causar stress emocional e comer excessivamente, refere um estudo publicado na revista Journal of Health Psychology. Os autores da investigação apuraram que fatores como a condição socioeconómica e viver em ambientes de stress também podem ser fatores de risco.
Um estudo, publicado na revista Journal of Nutrition, apurou o impacto do consumo de bebidas açucaradas na saúde de 700 crianças, dos 8 aos 15 anos. A conclusão é que o elevado consumo destas bebidas causa níveis mais elevados de triglicéridos, o que contribui para o aparecimento de doença cardíaca e diabetes.
MALEFÍCIOS DO SAL EM EXCESSO
COMER EM EXCESSO PODE TER A VER COM PROBLEMAS DE SONO
NOVO ALERTA SOBRE BEBIDAS AÇUCARADAS
VERDURAS E FRUTA
GRATUITAS NAS ESCOLAS Especialistas americanos
avançam que esta pode ser a solução
mais económica e eficiente para
colocar um travão na crescente
obesidade infantil nos Estados
Unidos, avança um estudo publicado
na revista científica Applied
Economics Perspective and
Policy.
DA POPULAÇÃO COM DIABETES TEM OBESIDADE,
DE ACORDO COM OS DADOS RECOLHIDOS NO ÂMBITO DO ESTUDO PREVADIAB.
39,6%
Quase metade da população com diabetes (49,2%) tem excesso de peso.
A prevalência da diabetes nas pessoas obesas é cerca de quatro vezes maior do que nas pessoas com um índice de massa corporal (IMC) normal.
Doenças cardíacas e
diabetes são riscos apontados
no estudo.
NUTRIÇÃO Atualidade
Investigadores comprovam que ir de bicicleta ou a pé para o trabalho produz resultados positivos na saúde e na manutenção de um índice de massa corporal mais reduzido, refere um estudo na publicação PLOS. Para o trabalho de investigação foram acompanhadas 12 mil pessoas em áreas metropolitanas dos Estados Unidos.
As crianças que fazem as suas próprias escolhas relativamente ao exercício físico podem ser mais fisicamente ativas. A conclusão é avançada por uma equipa de investigação que publicou recentemente os resultados na revista científica Medicine and Science in Sports and Exercise. Segundo os autores da investigação, os pais e os professores não devem fazer as crianças sentirem-se forçadas a realizar exercício, porque obrigá-las faz com que elas deixem de estar motivadas para um estilo de vida ativo.
IR DE BICICLETA OU A PÉ PARA O TRABALHO TEM BENEFÍCIOS NO ÍNDICE DE MASSA CORPORAL
CRIANÇAS DEVEM FAZER EXERCÍCIO MOTIVADAS
ALERTA! Controlo de peso
no pós-parto decisivo na gestão
da obesidade A perda de peso no pós-parto é um fator crítico para prevenir e
gerir a obesidade nas mulheres,
alerta um estudo publicado na
revista Obesity Reviews. A
investigação foca estratégias eficientes para perda de peso no pós-parto
que incluem o acompanhamento das recém-mães
em termos de exercício, alimentação e ambos. A
investigação resultou da
análise de 46 estudos que incluíram a
participação de 1892 mulheres.
A INVESTIGAÇÃO ACOMPANHOU 12 MIL
PESSOAS EM ÁREAS METROPOLITANAS DOS
ESTADOS UNIDOS.
Exercitar no caminho
para o trabalho ajuda a ter um
IMC mais baixo.
18 Diabetes
Atualidade EXERCÍCIO
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COMER BEMAprenda a
NUTRIÇÃO Ervas aromáticas Doença celíaca
FRUTAS DA ÉPOCA Castanha
DOSES DE FRUTOS GORDOS
Comparar calorias e hidratos de carbono
CULINÁRIA Creme de coentros
com cogumelos Fettuccine de
espinafres com lombos de pescada
Arroz de amêndoa com espetada de lombinhos de porco e ananás
Rabanadas light
COMER BEM
22 Diabetes
Aprenda a comer bem
O consumo excessivo de sal é o principal fator de risco para o aparecimento de
hipertensão arterial e cerca de 42% da população portuguesa sofre deste problema. A hipertensão
é a principal responsável pelo aumento do risco de doenças cardiovasculares, que atualmente constituem a primeira causa de morte em Portugal.Os portugueses consomem
diariamente o dobro da quantidade de sal que é recomendado pelos profissionais de saúde, não só através do que é adicionado na cozinha mas também aquele que está presente nos alimentos
As ervas aromáticas são um excelente substituto do sal, conferindo sabores, aromas e cor às refeições. Saiba mais sobre
os seus benefícios e como as utilizar nos seus pratos.
Ervas Aromáticas:
Embeleze a sua saúde à mesa
CATARINA GARCIA NUTRICIONISTA ESTAGIÁRIA NA APDP
Diabetes 23
Nutrição
adquiridos. Por apresentar um enorme poder conservante, no mercado encontramos vários alimentos que apresentam quantidades muito elevadas de sal, entre eles os enchidos, as conservas, os queijos, os alimentos pré-confeccionados, o molho de soja, as batatas fritas de pacote, a manteiga, entre outros.A Organização Mundial da Saúde recomenda o consumo diário inferior a 5 gramas por pessoa (1 colher de chá rasa), onde se inclui
não só o sal que adicionamos como aquele que está presente nos alimentos. Por isso, é muito importante recorrermos a algumas estratégias por forma a reduzir o sal que utilizamos para cozinhar em nossa casa, uma vez que é uma das formas mais eficazes para reduzir a prevalência da hipertensão em Portugal.As ervas aromáticas, devido à sua composição nutricional e benefícios para a saúde, são um excelente substituto do sal,
conferindo sabores, aromas e cor às refeições. Fornecem vitaminas (A, C e do complexo B), minerais (cálcio, fósforo, sódio, potássio e ferro), fibras e substâncias fitoquímicas que atuam como antioxidantes, bactericidas, antivírus e fitoesteróis. O consumo de ervas aromáticas está associado à diminuição do risco de cancro, melhoria no funcionamento dos sistemas cardiovascular, reprodutivo, nervoso, digestivo e imunitário.
A Organização Mundial da Saúde recomenda
o consumo diário inferior a 5 gramas por pessoa
(1 colher de chá rasa).
24 Diabetes
Aprenda a comer bem
ERVA AROMÁTICA UTILIZAÇÃO COMO UTILIZAR
AIPO
ERVA-DOCE
MANJERICÃO
CEREFÓLIO
FUNCHO BRAVO
LOURO
SALSA
ANGÉLICA
GENGIBRE
ORÉGÃOS
ENDRO
HORTELÃ
MANJERONA
SEGURELHA
ALECRIM
COENTROS
SÁLVIA
CEBOLINHO
POEJO
ERVA-CIDREIRA
TOMILHO
Saladas – Marinadas de carne (porco, borrego, coelho, frango) – Água de cozedura de massa/arroz/batatas – Molhos de tomate
Chás – Sopas e saladas
Sopas – Carne e peixe – Massas e pratos com tomate – Vinagre
Sopas – Omeletes – Pratos de queijo – Vinagretes e molhos de iogurte
Peixes (especialmente grelhados) e caldo para cozer peixe
Pratos com queijo – Massas – Guisados e estufados – Receitas à base de ovos
Sopas – Recheio e preparação de carnes – Marinadas – Feijão – Estufados e assados
Peixes e frutos do mar – Arroz – Ervilhas e favas
Sopas, saladas e legumes cozidos – Tempero de carnes (carneiro especialmente)
Sopas e saladas – Peixe e carne
Sopas e Saladas – Aves e caça – Molhos – Guisados e estufados
Sopas e saladas – Carnes (estufada, guisada e cozida)
Sopas – Molhos – Pickles – Salmão e caldeiradas
Sopas – Carne de porco, caça e ovos – Aromatizar água de cozer o feijão e a batata
Peixes – Saladas
Carnes e enchidos – Feijão branco – Saladas
Pizas e empadas – Espetadas – Guisados e pratos com tomate – Peixe
Peixes e Omeletes
Sopas e saladas – Pratos salgados ou doces – Carne, peixe e frutos do mar
Sopas – Açordas – Carne e peixe
Saladas – Carnes e leguminosas – Batatas e cenouras
Fresco
Fresca
Folhas – fresco ou seco – Pratos já confecionados
Folhas – fresco ou seco – Momento de servir
Sementes e caule – fresco ou seco
Folhas ou raminhos – seco
Fresca
Sementes, folhas e caules
Folhas – frescas
Fresca
Fresco ou seco
Caule e folhas – fresco ou seco (sabor salgado)
Sementes – Folhas – frescas (sabor picante)
Folhas – secas
Fresca ou seca
Folhas – frescas
Folhas – Frescas
Fresco
Fresco, seco, em pó, cristalizado
Folhas – Fresco
Fresca ou seca
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Doença
Celíaca
26 Diabetes
TEXTO CLÁUDIA ANDRADE ESTAGIÁRIA DE NUTRIÇÃO, ANA LOPES PEREIRA NUTRICIONISTA APDP
0,7% - 1%É a prevalência
estimada da população
com doença celíaca, estando aumentada em determinados
grupos de risco como os familiares em primeiro grau
de pessoas com doença celíaca, indivíduos com
síndrome de Down e pessoas com outras doenças
autoimunes, nomeadamente diabetes tipo 1
e tiroidite.
Aprenda a comer bem
Saiba quais os cuidados a ter na alimentação perante o diagnóstico da doença crónica autoimune caracterizada por uma intolerância permanente ao glúten.
A doença celíaca é uma doença crónica autoimune que se caracteriza por uma
intolerância permanente ao glúten, que quando em contacto com o intestino causa inflamação e lesão do mesmo, o que compromete a absorção de nutrientes importantes para o organismo.A doença celíaca era outrora encarada como uma doença pediátrica e relativamente rara, nos dias de hoje é uma doença comum, que pode ser diagnosticada em qualquer idade. Existem poucos estudos, mas estima-se que a prevalência ronde os 0,7% a 1% da população, estando aumentada em determinados grupos de risco como os familiares em primeiro grau de pessoas com
doença celíaca, indivíduos com síndrome de Down e pessoas com outras doenças autoimunes, nomeadamente diabetes tipo 1 e tiroidite. Na diabetes tipo 1, doença autoimune que se caracteriza pela destruição das células β-pancreáticas produtoras de insulina, apesar do mecanismo não estar completamente esclarecido, parece haver genes de suscetibilidade comuns.Os sintomas de doença celíaca podem ser diarreia, desconforto e distensão abdominal, perda de peso, náuseas, vómitos, atrasos no crescimento. Poderão aparecer outros sintomas como a fadiga, debilidade, anemia, osteoporose, deficiências de vitaminas e minerais e intolerância à lactose.
ALIMENTOS PERMITIDOS
(SEM GLÚTEN)
LATICÍNIOS SEM CEREAIS
(ex: leite, iogurte, queijo)
HORTÍCOLAS
CARNE, PEIXE, OVO
LEGUMINOSAS(ex: grão, feijão,
ervilhas)
MILHO, ARROZ, BATATA
FRUTA
FRUTOS DE CASCA RIJA
(ex: nozes, amêndoas)
ALIMENTOS NÃO PERMITIDOS
(COM GLÚTEN)
TRIGO, CENTEIO, CEVADA E AVEIA E DERIVADOS COMO MASSAS, CEREAIS,
BOLACHAS E OUTROS
PRODUTOS DE PANIFICAÇÃO
CERVEJA
Diabetes 27
Doença celíaca e diabetes
Até à data, o único tratamento disponível para a doença celíaca consiste numa alimentação rigorosamente isenta de glúten que se deve manter para toda a vida. O glúten é um conjunto de proteínas que estão contidas em cereais como o trigo, centeio, cevada e aveia. Para uma alimentação sem glúten é necessário substituí-los por outros cereais como o milho e o arroz (ver quadro dos alimentos permitidos e não permitidos na alimentação de uma pessoa com doença celíaca).
ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL SEM GLÚTENHoje em dia existe no mercado uma maior variedade de produtos alimentares sem glúten, como massa, pão, farinha, bolachas, bolos, o que pode ajudar a diversificar
mais a alimentação. No entanto, não esquecer que alguns destes produtos sem glúten são ricos em gordura, açúcar e sal, por isso, “sem glúten” não significa que o alimento é saudável. É importante que as pessoas com doença celíaca façam uma alimentação saudável, o que é possível com a substituição de alguns alimentos. Assim, além de acompanhamento médico, as pessoas com doença celíaca também devem ter consultas regulares com um nutricionista ou dietista de modo a promover uma melhor adesão a uma alimentação saudável sem glúten, para esclarecimentos acerca de fontes não claras de glúten, leitura de rótulos de alimentos, entre outros cuidados necessários.
CONSELHOS IMPORTANTES PARA VIVER BEM COM A DOENÇA CELÍACA:
Aprenda a comer bem
28 Diabetes
Faça uma alimentação rigorosamente isenta de glúten.
Tenha alguns cuidados durante a preparação e confeção dos alimentos sem glúten para evitar a sua contaminação (exemplo: não utilizar os mesmos utensílios previamente usados na preparação de alimentos com glúten).
Leia sempre os rótulos dos alimentos, nomeadamente a lista de ingredientes, para confirmar a isenção de glúten (se necessário solicitar informações ao fabricante). Em caso de dúvida, a melhor opção é não consumir o alimento.
3
1 2 3
Para mais informações recomendamos a consulta do site da Associação Portuguesa de Celíacos(www.celiacos.org.pt).
Atualmente fala-se na Dieta Restrita em Glúten com o objetivo de emagrecimento. Contudo, não é o glúten isoladamente que contribui para o aumento de peso mas sim o consumo excessivo dos alimentos que o contêm como os cereais refinados, bolachas, massas, farinhas, folhados, bolos, entre outros alimentos ricos em gordura e/ou açúcar. Até à data não existem evidências científicas que comprovem que uma dieta sem glúten para pessoas que não tenham doença celíaca seja favorável ao emagrecimento.
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Diabetes 31
Frutas da época
RICAS EM NUTRIENTES As castanhas contêm vitamina C, E, B1, B6 e B9 (ácido fólico), bem como sais minerais, como o potássio e o magnésio.
EQUIVALÊNCIAS EM HIDRATOS DE CARBONO (HC)Note que 3 castanhas tem igual quantidade de HC que 1 batata (70 g) ou 2 colheres de sopa de arroz cozido ou 25 g de pão.
FONTE DE FIBRASContêm um elevado teor de fibras, matéria que se encontra em alimentos saudáveis como os cereais, os legumese as frutas.
CUIDADOS COM A DIGESTÃOAs castanhas devem ser bem cozidas e mastigadas para facilitar a assimilação e, por sua vez, a digestão.
POBRES EM GORDURAAs castanhas são mais pobres em gordura relativamente a outros frutos gordos, como cajus, amêndoas e nozes.
COMO CONSERVARÀ TEMPERATURA AMBIENTE: Até 1 semana (em lugar fresco, seco e bem ventilado).NO FRIO: No frigorífico, até 1 mês.No congelador, guardadas com casca durante 3 meses.
DICAS DE CONFEÇÃO
Pode assar ou cozer as castanhas, temperadas com erva-doce e sal (moderado).
Pode acompanhar os assados em puré, em pratos de carne e peixe.
Pode utilizar na sopa ou em sobremesas.
CastanhaSaiba quais são os benefícios para a saúde de um alimento de outono bem apreciado pelo seu sabor adocicado.
COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL POR 100 G (MIOLO DE CASTANHA)
*Adaptado de Tabela da Composição dos Alimentos, Instituto Ricardo Jorge
CALORIAS 185 KcalPROTEÍNAS 3,1 gHIDRATOS DE CARBONO 39,8 gGORDURA 1,1 g
É um fruto rico em vitaminas, sais minerais
e fibras.
32 Diabetes
Aprenda a comer bem
DOSES DE FRUTOS GORDOSCONHEÇA E COMPARE CALORIAS E HIDRATOS DE CARBONO (HC)
* Informação nutricional retirada de um rótulo.
Adaptado de Tabela da Composição de Alimentos, Instituto Ricardo Jorge
AUTORA:MARIA JOÃO
AFONSO NUTRICIONISTA
Por serem ricos em fibras, esteróis vegetais e em gordura monoinsaturada e polinsaturada, o consumo regular destes frutos tem benefícios, como contribuir para o controlo dos níveis de colesterol total e LDL colesterol (“mau”colesterol) e para a saúde cardiovascular. As nozes em particular são uma fonte de ácidos gordos ómega 3.
A maioria destes frutos é rica em vitamina E (um dos antioxidantes que protege as células), e contém ainda uma combinação de outras vitaminas e sais minerais (como o potássio, magnésio e fósforo).
As pessoas com alergia aos frutos gordos não os devem ingerir, nem alimentos que os contenham (mesmo que sejam vestígios).
São muito calóricos, por isso o consumo excessivo pode contribuir para o aumento do peso corporal. Assim, considere as quantidades.
Opte pelos frutos ao natural (não salgados).
Fotografia RICARDO POLÓNIO Produção e foodstyling RITA AMARAL DIAS LIVING ALLOWED®
Comer alimentos mais saudáveis e nas doses certas beneficia o controlo glicémico, a ingestão adequada de calorias e o controlo do peso. Fique com exemplos práticos.
DOSE: 15 g DOSE: 50 g
MIOLO DE AMÊNDOA
3,6 g HC1 g HC 93 KCAL 310 KCAL
DOSE: 15 g DOSE: 50 g
MIOLO DE NOZ
103 KCAL0,5 g HC 345 KCAL1,8 g HC
DOSE: 20 g DOSE: 70 g
MIOLO DE AMENDOIM
114 KCAL 2 g HC 400 KCAL7 g HC
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INGREDIENTES 200 g de abóbora 1 cebola média 2 dentes de alho 2 batatas pequenas 180 g de couve-flor 200 g de curgete 250 g de cogumelos 2 colheres de sopa de azeite 1 molho de coentros Sal q.b.
PREPARAÇÃO1 Lave, descasque e corte em pedaços pequenos a abóbora, cebola, alho, batata, couve-flor e a curgete.
2 Coloque os legumes numa panela com água e um pouco de sal (inclua na cozedura os talos dos coentros).
3 Numa frigideira antiaderente coloque 1 colher de sopa de azeite e salteie os cogumelos cortados a gosto (laminados ou aos quartos por exemplo).
4 Quando os legumes estiverem cozidos, junte o restante azeite e triture.
5 Sirva em taças individuais juntando os cogumelos e os coentros ligeiramente picados.
(4 PESSOAS)
Aprenda a comer bem
COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL (média por pessoa)
86 kcal
8 g hidratos de
carbono
4 g proteínas
4 g gordura
Fotografia RICARDO POLÓNIO Produção e Foodstyling RITA AMARAL DIAS - LIVING ALLOWED®Acessórios Produção ZARA HOME
Diabetes 35
Culinária
CREME DE COENTROS COM COGUMELOS
RECEITA DE LÚCIA NARCISO DIETISTA DA APDP
FETTUCCINE DE ESPINAFRES COM LOMBOS DE PESCADA
36 Diabetes
Aprenda a comer bem
RECEITA DE CATARINA GARCIA NUTRICIONISTA ESTAGIÁRIA DA APDP
COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL (média por pessoa)
330 kcal
36 g hidratos de
carbono
24proteínas
7,5 g gordura
(4 PESSOAS)
INGREDIENTES 200 g de fettuccine de espinafres 400 g de lombos de pescada Sumo de 1 limão 1 cebola média finamente picada 2 colheres de sopa de azeite 1 colher de chá de mostarda 1 colher de sopa de manjericão fresco picado 100 ml de vinho branco Sal e pimenta preta q.b.
PREPARAÇÃO1 Coza o fettuccine com pouco sal e de acordo com as instruções da embalagem. Escorra para que não coza demais (al dente).
2 Tempere os lombos com o sumo de limão e pimenta preta a gosto. Leve a cozer juntando na água um pouco de sal e 1 colher de sopa de salsa.
3 Numa frigideira antiaderente, pincele com azeite e aloure os lombos de pescada já cozidos durante aproximadamente 3 minutos, ou até ficarem “dourados”.
4 Numa taça, misture o azeite, a mostarda e o manjericão. Reserve.
5 Numa outra frigideira junte a mistura do azeite, o vinho e a cebola e deixe refogar até a cebola ficar translúcida.
6 Envolva os lombos com o refogado, desligue o fogão e deixe repousar um pouco.
7 Coloque os lombos e o refogado sobre o fettuccine e sirva polvilhado com a restante salsa.
Culinária
COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL (média por pessoa)
341 kcal
34 g hidratos de
carbono
24 g proteínas
13 g gordura
INGREDIENTES 150 g de arroz integral de grão longo 400 g de lombinhos de porco 2 colheres de sopa de amêndoas laminadas Sumo e raspa da casca de 2 limões 2 fatias de ananás fresco 1 colher de sopa de colorau 2 colheres de sopa de azeite Sal e pimenta preta q.b.
PREPARAÇÃOPara o arroz:1 Coza o arroz de acordo com as instruções provenientes na embalagem. Quando estiver praticamente cozido, misture as amêndoas e a raspa da casca de 1 limão. Reserve.
2 Antes de servir, separe o arroz com um garfo.
Para as espetadas:1 Num prato fundo, misture bem a restante raspa da casca de limão, o sumo dos 2 limões, o colorau e as duas colheres de azeite.
2 Corte os lombinhos de porco aos cubos e coloque na marinada. Tempere com pouco sal e pimenta preta, envolvendo bem para que ganhe todos os sabores. Deixe marinar no frio cerca de 15 minutos.
3 Para montar as espetadas coloque alternadamente nos espetos cubos de lombinhos e os cubos de ananás (estimar ½ fatia por cada espetada)
4 No forno: coloque a marinada e as espetadas num recipiente próprio e leve ao forno preaquecido a 200 ºC até ficar pronto.Na grelha: coloque as espetadas na placa e vá virando regularmente para que fiquem bem cozinhadas, vá pincelando com a marinada.
SUGESTÃOAcompanhe este prato com uma salada ou com legumes cozidos/salteados.
(4 PESSOAS)
Aprenda a comer bem
ARROZ DE AMÊNDOA COM ESPETADA DE LOMBINHOS
DE PORCO E ANANÁSRECEITA DE CATARINA GARCIA NUTRICIONISTA ESTAGIÁRIA DA APDP
Culinária
40 Diabetes
Aprenda a comer bem
RABANADAS LIGHTRECEITA DE LÚCIA NARCISO DIETISTA DA APDP
Culinária
INGREDIENTES 4 fatias de pão de forma
integral 2,5 dl de leite magro 1 colher de chá de essência
de baunilha 1 colher de café
de adoçante 3 colheres de sopa de água 1 ovo 1 clara de ovo Canela para polvilhar
PREPARAÇÃO1 Num prato fundo, misture bem o leite magro, o adoçante e a baunilha.
2 Num outro prato fundo, bata ligeiramente o ovo e a clara, junte a água e misture bem.
3 Passe cada fatia de pão no leite e em seguida no ovo batido.
4 Coloque as fatias num tabuleiro e leve ao forno preaquecido a 280 ºC, durante 8 minutos. Vire a meio do tempo para que dourem de ambos os lados.
5 Sirva polvilhado com canela.
(4 PESSOAS)
COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL (média por pessoa)
107 kcal
13 g hidratos de
carbono
7 g proteínas
3 g gordura
DIABETESViver bem a
VIDA SAUDÁVEL Entrevista com João Baião
VIDAS LONGAS E FELIZES 50 anos de diabetes
BOMBAS DE INSULINA Como funciona
CONSULTÓRIO Disfunção erétil e diabetes Hidratos de carbono que
deve comer
EXERCÍCIO FÍSICO Treino de força em
suspensão
MOTIVAÇÃO PARA A MUDANÇA
Estratégias para a pessoa com diabetes
44 Diabetes
Vida saudável
João Baião não tem diabetes, mas a forma enérgica e feliz com que se mantém ativo e saudável é uma inspiração positiva para todos. Nesta entrevista, o apresentador de 52 anos partilha o que o move e como consegue estar sempre tão ativo.
O QUE FAZ PARA GERAR ESSA BOA DISPOSIÇÃO E ENERGIA?Só quando as pessoas começaram a falar‑me dessa minha energia é que eu comecei a fazer uma autoanálise e a pensar que poderia não ser comum a minha forma de estar. Sempre fui muito inquieto. Quando era novo, jogava futebol, fazia ginástica, andava nos escuteiros, estudava, fazia teatro com os meus colegas na escola... com o meu irmão… Sempre tive esta capacidade natural para estar atento a muita coisa ao mesmo tempo.
DE QUE FORMA GERE ESSA ENERGIA NA ROTINA DIÁRIA E NAS SUAS OCUPAÇÕES?Acordo cedo. Hoje em dia sou incapaz de estar na cama mais do que as 09:30 da manhã. Durmo pouco e fico ótimo dentro das horas mínimas para se poder descansar. Tenho sempre de arranjar coisas para fazer (até nas férias!). Obviamente, com a idade nós vamos ganhando outra forma de ver as coisas, não se trata de peso nem de cansaço, penso que é serenidade!
AS PESSOAS ESTÃO CADA VEZ MAIS SEDENTÁRIAS. O QUE PODEM FAZER PARA SE TORNAREM MAIS ATIVAS?Acho que podemos fazer de tudo um pouco na vida: podemos entregar‑nos à nossa inércia, mas podemos também fazer caminhadas, andar de bicicleta... Eu gosto muito de conduzir e dou por mim no meu carro, a ir para Sevilha ou Madrid, levo a minha bicicleta, e lá, como tenho maior facilidade, porque as pessoas não me conhecem, passo o dia inteiro a andar de bicicleta. Em Lisboa não é tão fácil andar de bicicleta... Afinal é a cidade das sete colinas!
CONSIDERA IMPORTANTE QUE AS NOSSAS CIDADES REÚNAM MAIS CONDIÇÕES PARA AS PESSOAS PEDALAREM À VONTADE? Era ótimo. A nossa cidade mesmo assim está bem. Ainda agora estava num sinal vermelho parado e reparei: “Olha isto agora tem aqui uma ciclovia!” Já estamos a caminhar – aliás a pedalar (risos) – para essa tendência.
QUAL A SUA ROTINA RELACIONADA COM O EXERCÍCIO FÍSICO?Venho ao ginásio. Tento vir três vezes por semana. Às vezes não me apetece, mas depois fico com problemas de consciência, e venho nem que seja meia hora. Também gosto de nadar. Gosto imenso de piscina. Mesmo antes de se falar da importância
JOÃO BAIÃOO convidado especial desta edição aceitou o desafio de motivar as pessoas com diabetes para um estilo de vida ativo e saudável. Inspire-se na sua energia para o regresso à vida ativa.TEXTO ANA MARGARIDA MARQUESFOTOGRAFIA L. RIBEIRO
BOAS PRÁTICAS
EXERCÍCIO: Ginásio. Pedalar. Caminhar. Nadar.
ALIMENTAÇÃO: Gosta de pratos coloridos. Come muitas frutas e legumes. Perante um excesso, procura compensar na refeição seguinte.
EQUILÍBRIO: Tudo pode ter lugar na vida, desde que não seja em excesso, desde que não prejudique as outras pessoas, ou que não seja nocivo à nossa própria saúde física e mental.
Diabetes 45
Entrevista
A primeira
inspiração é
dedicarem-se com
um grande esforço,
pois seguindo as
indicações dos
profissionais de
saúde, as pessoas
com diabetes
podem ter uma
vida perfeitamente
normal.
46 Diabetes
Vida saudável
do exercício físico, sempre fui muito de andar a pé. Adoro andar a pé – sobretudo numas das minhas cidades preferidas, Nova Iorque. É maravilhoso por ser uma cidade plana. É uma cidade onde já fui várias vezes e só entrei uma vez no metro. Para já, quando se viaja, quando se caminha, é quando se conhece melhor os sítios, e depois porque gosto mesmo de andar a pé, independentemente de achar que faz bem, que é bom para a prática de exercício. Nunca perco de vista o exercício físico. É tão bom, libertamos toxinas, ativamos a circulação!
QUAIS OS CUIDADOS COM A SUA ALIMENTAÇÃO?Eu sou muito guloso. Mas hoje em dia já dou por mim a pensar: “Não posso comer este gelado.” Quando fazia o Portugal no Coração e agora no programa Grande Tarde, tenho a preocupação de, ao almoço, pedir peixe, pois é uma tendência que eu naturalmente não tenho em mim... (quando vou ao restaurante com os meus amigos, o primeiro impulso é pedir carne). Também procuro sempre ter a minha alimentação colorida, com muitas frutas e muitos legumes. Posso dizer que é uma alimentação pensada e preocupada, mas não sou fundamentalista. Claro que também gosto de cometer excessos. Nós só gostamos e só nos saciamos com aquilo que nos faz mal, mas a verdade é que temos de ter cuidado. E as pessoas com diabetes
têm de ter bastante cuidado. Muitas vezes pensei nisso: “Se calhar ainda vou ter diabetes.” A mim também é uma coisa que se calhar me incomodaria, acho que toda a gente fica incomodada com o diagnóstico. Mas há coisas piores e temos de saber viver com essas coisas e ultrapassá‑las de alguma forma.
QUASE UM MILHÃO DE PORTUGUESES TEM OU ESTÁ EM RISCO DE TER DIABETES, DEVIDO AOS ESTILOS DE VIDA DAS PESSOAS HOJE EM DIA.É assustador. Às vezes há pequenos truques na alimentação para a tornar mais saudável. Temos de apostar em alternativas porque, de facto, nós temos uma gastronomia ótima, mas é importante reduzir o açúcar e o sal. Acho que na vida podemos encontrar equilíbrio em tudo. Até na alimentação. É o que sempre tentei fazer na minha vida: quando exagero uma vez, depois equilibro de outra forma. As restrições rigorosas ou as dietas é algo muito violento para nós e nós precisamos também, na vida, de coisas chamadas supérfluas e acho que podemos conciliar tudo. Hoje comemos um bolo, à noite comemos um prato mais leve, por exemplo uma salada. Quando somos novos, quando temos 20, 30 anos, comemos e nem sequer engordamos, estamos à vontade; agora aos 40, depois 50, começam a aparecer os pequenos problemas de saúde, como a tensão
Posso dizer que é uma alimentação pensada
e preocupada, mas não sou fundamentalista.
Diabetes 47
Vida saudável
alta, mas se pensarmos antes, podemos evitar problemas mais tarde.
QUAL A IMPORTÂNCIA DE REFORÇAR OS BONS HÁBITOS ALIMENTARES DOS MAIS NOVOS? É importante, e cada vez mais as pessoas estão alertadas para isso. Fala‑se na televisão, fala‑se em todo o lado, na imprensa. O problema é que às vezes na vida prática não é fácil. Por exemplo, entramos num café, queremos uma peça de fruta, não há. O que há à disposição? É um frito ou um salgado ou um doce. Vou dar outra vez o exemplo de Nova Iorque, que tem supermercados em que entramos e temos tudo à disposição: iogurtes, fruta, salada. Aqui o conceito desse tipo de lojas não existe tanto. Não há esta cultura, o que torna tudo pouco prático para o dia a dia. Por exemplo, os avós mimam as crianças – “Toma um docinho”
– mas também podem dizer “A seguir, comes uma fruta”. Depende da consciência de cada um.
EXISTE POUCA “CULTURA” DE UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL? É muito difícil mudar hábitos e tradições e a nossa tradição foi sempre de comer “bem”! Antigamente os nossos avós não tinham os problemas que hoje existem. Mas também entraram muitos químicos para a alimentação e tudo isso alterou muito a nossa saúde, as coisas eram mais “biológicas”, sem se falar nesta questão da comida biológica, e hoje em dia as coisas estão muito mais alteradas.
ALGUMA MENSAGEM QUE QUEIRA DEIXAR ÀS PESSOAS COM DIABETES E À APDP?A melhor mensagem é que estarei aqui para ajudar no que for preciso naquilo que o meu contributo possa ser útil. A primeira
inspiração é dedicarem‑se com um grande esforço, pois seguindo as indicações dos profissionais, de médicos, de nutricionistas, as pessoas com diabetes podem ter uma vida perfeitamente normal. Acho que as pessoas devem acreditar nos cuidados que os profissionais aconselham para encarar a doença. É muito fácil falar quando se está de fora da situação, mas o que quero dizer é que as pessoas têm de se entregar nas mãos de quem melhor conhece as patologias, porque temos ótimos profissionais. É acreditar neles e lutar por aquilo que querem e aquilo que gostam nas suas vidas.
Tudo pode ter lugar na vida, desde que não seja em excesso, desde que não prejudique a pessoa que está ao nosso lado, ou que não seja nocivo à nossa própria saúde física e mental. Acho que podemos viver com tudo, desde que saibamos equilibrar as coisas!
Nunca perco de vista
o exercício físico. É tão
bom, libertamos toxinas,
ativamos a circulação!
A APDP agradece à Fisiogaspar.
Juventude
de Raul Anjos
foi marcada
pela música.
Viver bem a diabetes
Capa de um dos sin
gles da Go Graal Blue
s Band,
grupo do qual Ra
ul Anjos foi bate
rista (1980).
61 anos
Odivelas
Designer Gráfico
Diabetes tipo 1 desde os 5 anos
de idade
Raul
Anjos
«Conhece-te
a ti mesmo.»
e
Vidas longas
felizes
Diabetes 49
50 anos de diabetes
Histórias de quem conhece a diabetes há 50 anos.FOTOGRAFIA LUÍS RIBEIRO TEXTO ANA MARGARIDA MARQUES E IOLANDA VERÍSSIMO
Aos 20 anos, Raul Anjos era o baterista da Go Graal Blues Band, uma banda
portuguesa formada nos anos 70, que cantava exclusivamente em inglês. As exigências de pertencer a uma banda profissional nunca se intrometeram no vínculo que sempre manteve com a arte. «Os concertos, a juntar aos ensaios, eram cansativos. Quando ia para um concerto tinha de me alimentar como deve ser, com hidratos de carbono, porque senão em duas horas a tocar caía para o lado. Os meus cuidados eram esses: antecipar e gerir», conta. Raul casou e teve dois filhos e, apesar de ter abandonado a carreira musical, mantém a ligação às artes através da profissão de designer. Nunca pode estar parado, diz. Por trabalhar em casa, assegura todas as tarefas domésticas, desenha em 3D, concebe decorações de lojas e aperfeiçoa a sua técnica de tratamento de imagens em movimento. Está constantemente a atualizar-se. Já não tem a bateria em casa, porque faz muito “banzé”, mas diz que tocar é como andar de bicicleta, não se desaprende. Por isso, é raro o convívio de amigos em que não o “atrelam” para tocar qualquer coisa e invocar os bons tempos.
O ÚNICO NA FAMÍLIARaul Anjos soube que tinha diabetes aos cinco anos. A mãe levou-o ao hospital quando começou a vê-lo emagrecer sem explicação. Na sua família próxima ninguém tem diabetes e, na época, sabia-se pouco sobre a doença. Por estar muito magro, ficou internado durante algumas semanas no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde vivia. Esse período serviu para a família se adaptar e conhecer os cuidados que passariam a fazer parte da sua rotina. «Era tudo novo. Para mim, que era uma criança, e para a minha mãe, a quem davam as indicações. Tivemos de aprender tudo», recorda.
TEMPOS SEM COMPARAÇÃOAos dez anos, começou a ser o próprio Raul a assegurar os cuidados com a diabetes. Quando chegava da escola a mãe já tinha carinhosamente preparado tudo o que era necessário para as injeções. As agulhas tinham de ser fervidas e os frascos com a insulina estar à mão. Hoje Raul recorda com humor os métodos antigos. «O processo era de bradar aos céus! Para fazer uma simples análise à urina, tínhamos ampulhetas de vidro, às quais juntávamos umas gotas que mudavam a cor da urina,
para depois ver num papelinho se precisávamos de insulina. Hoje posso rir-me. A evolução foi uma coisa fantástica», reflete.
AUTOCONHECIMENTO No dia da entrevista, Raul percorre a pé o caminho de cerca de um quilómetro que vai do Saldanha até à Avenida de Berna, em Lisboa. Não é um desportista, mas sempre que pode faz caminhadas. “Faz bem, mas tenho de compensar os açúcares ou os hidratos de carbono. Eu conheço-me bem, sei quando é que posso ter uma hipoglicémia”, explica, dizendo-se renovado por um café. Traz a descontração que condiz com a sua personalidade, otimista e desempoeirada. O importante, diz, é a pessoa conhecer-se e ajudar-se a si própria. «Quando um jovem descobre que tem diabetes acha que fica com a vida toda condicionada. Mentira. Passa a ter uma circunstância nova, que vai ter de enfrentar com algum autoconhecimento», sugere. Hoje defende que a diabetes não é um problema. Já foi. Com esta filosofia, gaba-se de nunca se ter coibido de nada. «Os outros é que não tinham pedalada para mim! Viajei para todo o lado sozinho, e depois acompanhado. Fiz o que era possível e impossível», remata, sorrindo.
Viver bem a diabetes
Elsa brincou, c
orreu, sonhou e fa
ntasiou
como qualquer cria
nça.
Não se considera uma artista plástica, mas podia bem sê-lo. «Este vestido foi
pintado por nós. Era preto. Usámos acrílico», explica Elsa Ferreira Afoito, 55 anos, moradora de Palmela. «Nós», referindo-se ao marido, companheiro há 35 anos, que a inspira a pintar. E acrescenta: «Preciso de ter tempo para mim. Nem que seja todos os dias uma hora, faz-me bem!».
INSULINA: ONTEM E HOJEO diagnóstico de diabetes tipo 1 foi aos quatro anos. Após o internamento, Elsa Ferreira Afoito iniciou os cuidados que até hoje mantém. Claro que há 50 anos tudo era diferente na administração da insulina. As seringas de vidro e as agulhas – de diâmetro bem superior às de hoje – eram fervidas numa caixa metálica, retiradas com uma pinça, passadas numa lamparina e desinfetadas, para depois ser inserida a insulina. «A picada era bastante dolorosa», recorda a associada da APDP. «As injeções eram dadas todas as manhãs pelo enfermeiro de Palmela». Foi o pai que aprendeu e assegurou mais tarde a terapêutica.
CRESCER COM A DIABETESÀ época, a desinformação acerca da diabetes era tal que Elsa Ferreira Afoito cresceu «superprotegida» e rodeada de «mitos» (naquela altura tudo o que era açucarado era retirado às crianças, por exemplo).
«Medos» à parte, a menina de Palmela brincou, correu, sonhou e fantasiou, como qualquer criança. Praticou exercício numa sociedade em Palmela desde pequena. E, apesar de tudo, sempre houve entrega e zelo nos cuidados com a diabetes, graças a esforço, apoio familiar e «bons especialistas».
Iriarte Peixoto – médico. Eis um nome gravado na sua memória. «Praticava judo, era um homem muito engraçado!», conta Elsa Ferreira Afoito, adicionando: «Com ele aprendi bastante, vigiou-me na infância, na adolescência, até mesmo na gravidez do Vasco. Era um bom médico e havia uma amizade entre nós, tal como acontece entre mim e o Dr. Gardete» (Presidente da APDP).
DE PALMELA PARA LONDRESAos 20 anos, Elsa Ferreira Afoito casou-se. Lua-de-mel: rumo a Londres. «Parece que me lembro da ‘tragédia’ que foi levar a insulina e
aquelas coisas todas atrás de mim!» Na bagagem levou uma «carta escrita em inglês» por Luis Gardete Correia «para o caso de ter de ir ao hospital». Não foi preciso nada: correu tudo bem. «Lembro-me dele muito jovem, muito querido, como ainda é hoje, calmo na sua maneira de falar».
No seu percurso conheceu outro médico reputado, Sá Marques – «prático, simples e divertido!».
Aprendeu muito com os médicos, mas também com o espólio de livros sobre a diabetes – nacionais e internacionais – que o seu pai lhe tem oferecido ao longo dos anos. As andanças em consultórios durante a infância, a juventude e depois na idade adulta, sempre a fizerem sentir-se jovem: «As pessoas eram diferentes, na maneira de vestir, nos cabelos, nas conversas sobre as doenças.»
AVANÇOS NA AUTOVIGILÂNCIAEm 2015 tudo parece ter outro sentido e lógica: «Acho que hoje em dia os médicos põem as pessoas mais à-vontade.» Das seringas antigas às canetas praticamente indolores, das primeiras máquinas de glicemia aos dispositivos modernos, dos poucos acessos a centros de saúde e a hospitais à rede de cuidados de hoje em dia, muito aconteceu na história da diabetes e na história de vida de Elsa Ferreira Afoito, sempre disposta a dar o seu contributo, inclusivamente às crianças e jovens com diabetes.
«A diabetes deu-me uma força diferente. Vejo as pessoas assustadas com coisas sem importância», avança a entrevistada, deixando uma mensagem de esperança: «Simplifico as coisas à minha volta. Só penso no dia de hoje. O momento é agora!»
ELSA FERREIRA AFOITO 55 ANOS DIABETES TIPO 1 DESDE OS 4 ANOS
Na sua infância, Elsa
praticou exercício numa
sociedade em Palmela.
50 anos de diabetes
Diabetes 51
55 anos
Palmela
Diabetes tipo 1 desde os 4 anos
de idade
Elsa
Ferreira
Afoito
«A diabetes
deu-me
uma força
diferente. Vejo
as pessoas
assustadas
com
coisas sem
importância.»
80 anos
Setúbal
Diabetes tipo 2 desde os 27 anos
Brites
Leal
Viver bem a diabetes
«Sou uma
antiderrotista
por natureza.»
50 anos de diabetes
Diabetes 53
Com 30 anos. Brites L
eal defende que a
s
pessoas devem cuidar d
a sua imagem, seja
qual for a sua i
dade ou condição.
H umor, atitude e força de vida são palavras que combinam com a personalidade
de Brites Leal. Aos 80 anos, autorretrata-se «antiderrotista por natureza». Nem as complicações de saúde a fazem baixar os braços. Ex-cabeleireira de profissão, traz a aparência cuidada, seguindo a máxima de que: «As senhoras nunca devem deixar de se pintar e de usar saltos altos.» Logo a seguir, graceja: «Já não uso saltos altos e acho que os que se usam hoje em dia são horríveis!»
O marido partiu há quase três décadas, mas não é pessoa de se entregar à solidão. Conta-nos que gosta muito de ir beber café à baixa de Setúbal, cidade onde vive. Hoje já não se dedica à leitura (prefere palavras-cruzadas), embora goste de épicos de guerra. Tem a carta de condução, mas atualmente o comboio é o seu transporte ideal.
NOSTALGIA DE ESTUDANTEÉ com nostalgia que Brites Leal recorda as aventuras de estudante fora da sua cidade. «Parti de Setúbal num sábado. Parecia a Linda de Suza com a sua mala de cartão. Pus-me num apeadeiro com dinheiro e a direção da minha prima para ir para Lisboa.» Sozinha, na capital, «podia apanhar o elétrico no Arco do Cego», mas «preferia andar a pé para aprender o nome das ruas».
Reformada há duas décadas, Brites Leal confessa que Economia era o que mais queria ter seguido. Mas conta que são poucas as coisas de que se arrepende na vida. Lamenta sim ter perdido uma vaga de emprego na secretaria da Faculdade de Medicina de Lisboa. «De princípio, o ordenado era de 1.200 escudos. Há 60 anos, era muito dinheiro», recorda.
DIAGNÓSTICO DA DIABETESA diabetes tipo 2 foi-lhe diagnosticada numa das duas gravidezes, tinha Brites Leal 27 anos: «Não me impressionou. Nasci com a diabetes à minha volta». A avó, com quem viveu, teve diabetes. Aos 11 anos, recorda-se de também a mãe ir a consultas com o famoso diabetologista Ernesto Roma. «Mal ela sabia que um dia eu iria beneficiar da APDP», associação fundada pelo mesmo médico poucos anos antes de Brites Leal nascer.
Pedro Eurico Lisboa foi outro médico (considerado um “pai” e “mestre” da diabetes em Portugal) de que guarda memória. «Contava-se muitas histórias de descomposturas que ele dava aos pacientes», relata a associada da APDP, que, contudo, o descreve como uma pessoa «doce», «prestável» e «engraçada», recordando: «Abria os envelopes das análises com um gesto teatral!»
ALTOS E BAIXOS DA DIABETESHoje, os cuidados com a diabetes têm por base a administração da insulina, o controlo da glicemia e o
equilíbrio entre a doença e outros cuidados de saúde.
As recordações «menos boas» surgem anos antes de saber que tinha diabetes. Brites lembra-se quando, com 17 anos, ia ao cinema, em Setúbal, com o pai: «Via os filmes dos cowboys a beber ao balcão nos saloons e sentia uma sede intensa.» Sofria imenso, pois nada podia fazer: «As senhoras e as meninas não entravam em bares.» Ainda na fase em que «era pré-diabética», como descreve, também sentia sede, madrugada adentro, mas faltava-lhe a coragem de se levantar no escuro da enorme casa na Av. Luisa Todi, onde vivia com quatro irmãos, os pais e a avó.
DE BENJAMIM A MULHER FEITAEm 1935, Brites era o benjamim da casa. Um dos acontecimentos mais marcantes na sua vida foi a perda da sua mãe: «Eu era muito mimada, tinha medo de tudo. Quando perdi a minha mãe, pensei: O que vai ser de mim?» Apesar de tudo, Brites venceu as adversidades, como se vê na atitude: «Tudo me fez criar e crescer. Fiz-me mulher!»
Com 1 ano de idade
BRITES LEAL 80 ANOS DIABETES TIPO 2 DESDE OS 27 ANOS
Viver bem a diabetes
Aurora Gaspar, nu
ma fotografia tirada
pelo pai, a sua gra
nde inspiração.
Encontro
formativo
de sócios
da APDP.
A urora gosta de contar as suas histórias. O tom com que as relata é quase sempre de
brincadeira e, confessa, muitas saudades. No dia a dia não lhe sobra muito tempo para se sentar a conversar. É hábito esticar os dias ao máximo para poder percorrer os vários locais onde trabalha a fazer limpezas. Se tiver algum tempo livre, gosta de pintar objetos em gesso – como o palhaço rico que tem na estante da sala – e de costurar, sobretudo vestidos. Mas a rotina normalmente não permite momentos tão calmos. «Sempre corri todas», introduz.
AJUDAR SEMPRE FEZ PARTEOs anos em que foi bombeira voluntária provam bem essa energia que a caracteriza. No quartel organizava as macas, cuidava de doentes e chegou a apoiar no combate a incêndios. O tempo como bombeira reflete o gosto que tem em cuidar dos outros e contribuir para que se sintam bem.
FORMAÇÕES NA APDPAurora já não sai para apagar fogos, mas esforça-se por partilhar o que sabe. «Cada vez que uma pessoa com diabetes me pede ajuda, eu ajudo. Dou coisas para ler e vou eu mesma ensinar a dar as injeções se for preciso», garante. Entre os livros e folhetos que distribui, está o material que ao longo dos anos foi recolhendo nas formações na APDP, onde é seguida há 18 anos. Sempre que pode, continua a ir a Lisboa a estes encontros, onde sabe que além de aprender, encontra pessoas com quem pode cruzar a sua experiência.
DIAGNÓSTICO AOS 5 ANOSAurora lembra-se perfeitamente do dia em que descobriu que tinha diabetes, há 51 anos. Nas semanas anteriores, dava vários sinais de que não estava bem. «Comecei a sentar-me num cantinho ao pé da cozinha, triste e com um jarro de água. Bebia água constantemente e ia a correr para a casa de banho», recorda. Em pouco tempo, passou a receber as visitas diárias da enfermeira Custódia, que lhe administrava a insulina às 8h da manhã e às 8h da noite. As poucas mudanças que notou foram muito bem aceites por toda a família. No entanto, lembra-se de alguns episódios difíceis, como o dia em que a mãe não a deixou comer bolo
de noz – o seu preferido – numa festa de anos, ou o momento em que o pai a informou de que, ao contrário do que era habitual, nesse ano não iriam pescar na Sexta-feira Santa. «Agora ia deixar de ir à pesca? Não! Cheguei ao pé da minha enfermeira, que ainda hoje é minha amiga, e disse-lhe que queria aprender a dar injeções num espaço de cinco dias, porque Sexta-feira Santa era já para a semana e eu não podia ficar em casa», conta.
OS TREINOS COM LARANJASO desafio contou com a ajuda de um amigo, «o filho do farmacêutico». Os dois iam para a varanda com almofadas treinar as injeções. Para aperfeiçoarem a técnica, experimentaram também picar laranjas. «Como éramos sacaninhas, púnhamos as laranjas outra vez na fruteira. Quando os outros iam a abrir as laranjas, era só água (risos)». A INFLUÊNCIA DO PAIAurora faz questão de frisar que o seu pai é o seu maior exemplo e inspiração. José Maria, o único fotógrafo de Benavente na época, era reconhecido e acarinhado por todos. «Era uma pessoa muito inteligente e tinha um coração de ouro. Deixava as chaves no carro, com os documentos, para quem precisasse o poder levar. Sempre me acompanhou», relembra com orgulho. Com os anos, Aurora continua a encarar a diabetes como abraçou o desafio das laranjas: «Nunca deixei de fazer nada, nem me fiz de coitadinha. Trago a minha medalha como diabética e sempre fui uma pessoa normal.»
AURORA GASPAR 56 ANOS DIABETES TIPO 1 DESDE OS 5 ANOS
54 Diabetes
50 anos de diabetes
«Cada vez
que uma
pessoa com
diabetes me
pede ajuda,
eu ajudo.»
Aurora
Gaspar
56 anos
Benavente
Diabetes tipo 1 desde os 5 anos
de idade
Bomba
de
insulina
56 Diabetes
Viver bem a diabetes
Saiba mais sobre as potencialidades desta tecnologia e qual o papel do seu utilizador no controlo e gestão da diabetes.TEXTO ANA FILIPA LOPES MÉDICA DA APDP, LEONE DUARTE MÉDICA DA APDP, MARINA DINGLE ENFERMEIRA DA APDP, DUARTE MATOS ENFERMEIRO DA APDP. COM EDIÇÃO DE ANA MARGARIDA MARQUES
EM QUE CONSISTE
POTENCIALIDADES
O Sistema de Perfusão Subcutânea Contínua de Insulina, mais conhecido por “bomba de insulina”, liberta insulina de ação rápida de forma contínua durante 24 horas/dia, de acordo com as necessidades de cada indivíduo. Nem todos os indivíduos se adaptam a viver com a bomba, pois esta tecnologia implica maior aquisição de competências por parte do utilizador.
LIBERTA INSULINA DURANTE24 HORAS POR DIAA libertação da insulina é feita, de forma contínua, em quantidades pequenas e a dose pode ser variada de hora a hora.
É PROGRAMADA DE FORMA INDIVIDUALIZADA (“LINHA BASAL”)A programação da infusão contínua ao longo de 24 horas, designada por “linha basal”, é feita pelo médico e ajustada periodicamente consoante as necessidades do indivíduo. Uma linha basal adequada permite níveis de glicose estáveis entre as refeições e durante a noite. A bomba permite definir mais do que uma linha basal, por exemplo, em pessoas que trabalham por turnos ou em diferentes fases do ciclo menstrual.
ADMINISTRA BÓLUS DE INSULINA O utilizador necessita de administrar insulina adicional (bólus de insulina) quando ingere uma refeição ou quando precisa de corrigir uma glicemia elevada. A bomba permite administrar a insulina nestas situações. Os dispositivos mais modernos incluem uma função de calculador de bólus, no entanto os dados são sempre inseridos e validados pelo utilizador. Daí que seja obrigatório saber fazer a contagem de hidratos de carbono.
NOTA: O cálculo da quantidade de insulina a administrar em bólus é feita com base no rácio insulina/hidratos de carbono (quantidade de hidratos de carbono que uma unidade de insulina rápida compensa) e com o fator de sensibilidade à insulina de cada indivíduo (valor de glicemia que uma unidade de insulina rápida corrige).
Bomba
de
insulina
Bomba de insulina
COMO FUNCIONA?O aparelho liga-se a um conjunto de infusão, formado por um cateter, por onde passa a insulina, e uma cânula, colocada debaixo da pele, na zona abdominal ou região superior das nádegas, que direciona a entrada da insulina no organismo. A bomba liberta insulina de ação rápida durante 24 horas/dia, em quantidades pequenas e doses variadas. São administrados bólus de insulina quando é ingerida uma refeição ou quando é preciso corrigir uma glicemia.
1 TECLAS OPERATIVASPermitem ao utilizador aceder aos vários menus, validar informação ou aumentar doses de insulina, por exemplo.
6 CATETERPor onde circula a insulina.
3 VISORPermite visualizar informação sobre doses de insulina, avisos/alertas, luz de fundo, entre outras opções.
2 BATERIAFunciona com pilhas alcalinas.
5 CÂNULA- Colocada debaixo da pele, na zona abdominal ou região superior das nádegas.- Direciona a entrada de insulina no organismo.- A cânula é substituída de 2 em 2 dias ou de 3 em 3 dias.
4 RESERVATÓRIO DE INSULINA- Depósito onde fica armazenada a insulina.- Na maioria dos aparelhos, o reservatório tem capacidade para 315 unidades de insulina.- O reservatório é substituído de 6 em 6 dias.
5
3
2
4
1
1
6
A bomba é colocada junto ao corpo, por exemplo, no bolso, no soutien, preso a um cinto ou em suportes especiais.
58 Diabetes
Viver bem a diabetes
VANTAGENS CUIDADOS A TER Liberta insulina de forma
contínua durante 24 horas/dia de acordo com as necessidades de cada indivíduo.
Permite uma administração mais fisiológica de insulina, simulando um pâncreas normal.
Menor risco de hipoglicemia.
Menos flutuações da glicemia.
Necessidade de um menor número de picadas para a administração de insulina (apenas quando é mudado o conjunto de infusão).
Menor risco de acumulação de insulina debaixo da pele (lipodistrofia).
Melhor controlo da diabetes, na maioria dos seus utilizadores.
O uso desta tecnologia implica mais competências por parte do utilizador:
CONTAGEM DE HIDRATOS DE CARBONO. O utilizador tem de aprender a fazer uma correta contagem de hidratos de carbono. Os dispositivos mais modernos já incluem uma função de calculador de bólus, no entanto os dados são sempre inseridos e validados pelo utilizador.
PICAR O DEDO. Não é dispensada a realização de “picar o dedo” (glicemias capilares) e, por vezes, estas têm de ser feitas ainda com maior frequência. Atualmente existem, contudo, bombas de insulina que podem estar conectadas a um dispositivo de monitorização contínua da glicemia permitindo uma melhor vigilância.
ATENÇÃO AOS CORPOS CETÓNICOS. É superior o risco da pessoa com diabetes tipo 1 produzir corpos cetónicos ou entrar em cetoacidose, sobretudo perante determinadas ocorrências (por exemplo: esquecimento de colocar ou ligar a bomba, falha técnica ou doença grave).
DEPENDÊNCIA DO DISPOSITIVO. Nem todos os indivíduos se adaptam a viver na dependência da bomba. Essa dependência é mais significativa se pensarmos que o utilizador necessita de estar com a bomba 24 horas por dia.
Os equipamentos
não funcionam
autonomamente e o
sucesso do controlo
da diabetes depende
da forma como o
utilizador gere o
tratamento com o
apoio da sua equipa
de saúde.
Diabetes 59 Diabetes 59
Bomba de insulina
COMPARTICIPAÇÃO: QUEM TEM DIREITO Todas as crianças com
menos de cinco anos têm direito à sua colocação.
As mulheres com diabetes tipo 1 grávidas ou em preconceção são incluídas num contingente especial, extra lista de espera geral.
Além disso, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) comparticipa os equipamentos, na sua totalidade, a quem cumpra requisitos específicos. São
possíveis candidatas e podem ser inscritas através do médico assistente num dos Centros de Tratamento reconhecidos pela Direção Geral de Saúde (DGS), as pessoas com diabetes tipo 1, motivadas, numa das seguintes situações:- Controlo da diabetes não aceitável;- Gravidez ou planeamento de gravidez;- Hipoglicemias graves ou que surgem sem sintomas;- Necessidade de
flexibilidade no estilo de vida (pessoas que viajam muito ou que trabalham por turnos); - Necessidade de doses muito pequenas de insulina.
NOTA: Qualquer pessoa com diabetes tipo 1/tipo LADA ou tipo 2 com necessidade de várias doses diárias de insulina (esquema intensivo) pode sempre adquirir a título particular um destes sistemas, desde que exista indicação médica. Contudo, o seu custo é elevado.
253Total de bombas
de insulina colocadas na
APDP
APDP – CENTRO DE TRATAMENTO RECONHECIDO PELA DGS
A APDP já colocou 253 bombas de insulina, na qualidade de Centro de Tratamento reconhecido pela DGS.
A todos os utilizadores é oferecido um programa de ensino, colocação e acompanhamento, de modo a preparar e capacitar a pessoa para tirar o maior proveito das funcionalidades do sistema.
Existe uma linha telefónica de apoio que funciona 24 horas.
As crianças com menos de 5 anos têm direito imediato à colocação da bomba.
Consultório
60 Diabetes
D efine-se disfunção erétil como a incapacidade
persistente em obter ou manter rigidez peniana suficiente para a penetração. Esta dificuldade pode ocorrer com ou sem alteração do desejo sexual.
A ereção consiste no preenchimento de um par de compartimentos cilíndricos do pénis (corpos cavernosos) com sangue sob pressão. Para que tal suceda, é necessário que os pequenos nervos penianos (nervos erigentes) estejam íntegros e funcionais de modo a iniciar e coordenar o mecanismo. Por outro lado, é essencial que as artérias que irrigam os corpos cavernosos estejam saudáveis e com bom calibre para debitarem sangue em quantidade suficiente. Ou seja, tudo o que interfere com a estrutura dos corpos cavernosos, dos nervos e das artérias, condiciona uma dificuldade na ereção. Na diabetes mellitus, as glicemias elevadas e persistentemente mal controladas degradam o
funcionamento dos nervos (neuropatia), limitando progressivamente todas a ações que deles dependem. De igual modo, a diabetes antecipa e agrava a deterioração das artérias (aterosclerose) com limitação da sua capacidade em relaxar a parede, para adaptação às alterações de fluxo, e redução progressiva do seu calibre, podendo mesmo causar oclusão. Sabe-se também que a diabetes pode interferir com a estrutura dos corpos cavernosos, condicionando dificuldade em manter o sangue no seu interior, por vezes com aparecimento de nódulos penianos associados a encurvamento e deformidade.
Para além da diabetes, a maior parte destas pessoas apresenta ainda outros fatores de risco para a disfunção erétil, como hipertensão arterial (HTA), obesidade, colesterol elevado, sedentarismo, e estão medicados com vários fármacos, muitos dos quais interferem negativamente com a ereção. Se a este
conjunto acrescentarmos o tabagismo, frequente nesta população, facilmente compreendemos porque é que nestes homens as queixas de disfunção erétil surgem cerca de 10 a 15 anos mais cedo e porque é que cerca de 60 a 90% dos homens com diabetes acabam por ter queixas de disfunção erétil.
Se é um facto que a diabetes mellitus e a disfunção erétil estão associadas nas causas, é ainda mais relevante perceber que estão indissociadas no seu controlo. Existem atualmente vários medicamentos para a disfunção erétil, mas que apenas ajudam, não resolvem o problema. A resolução, lenta mas sólida, passa pelo controlo dos fatores de risco, particularmente cessação tabágica, perda de peso, controlo metabólico (glicemia, colesterol) e da HTA. O exercício físico tem um papel chave para prevenir e tratar a disfunção erétil (ver caixa).
PREVENIR E TRATAR A DISFUNÇÃO ERÉTIL
PERGUNTA ENVIADA POR E-MAIL
“QUAL A RELAÇÃO ENTRE A DIABETES E A DISFUNÇÃO
SEXUAL?”
CARLOS MONTEIROUROLOGISTA
DA APDP
TODOS OS MESES OS NOSSOS ESPECIALISTAS RESPONDEM ÀS SUAS QUESTÕES.Partilhe as suas dúvidas connosco através do e-mail [email protected]
A TER EM CONTA: O exercício
físico regular (três vezes por semana) é o fator mais relevante para a resolução e prevenção da DE, reduzindo o risco em 70% ao longo de oito anos.
Para além do efeito positivo direto sobre a ereção, o exercício melhora a função das artérias, o controlo metabólico, diminui o peso e a HTA, podendo levar à suspensão de vários medicamentos que assim se tornam desnecessários.
Consultório
Diabetes 61
O s hidratos de carbono são o nutriente que levanta mais dúvidas quando se fala de alimentação e diabetes, já que
o produto final da sua digestão é a glicose. A quantidade total de hidratos de carbono ingerida a cada refeição influencia bastante a resposta glicémica. No entanto, também o tipo de hidratos de carbono interfere com a rapidez com que a glicemia aumenta e/ou se mantém estável a seguir.
Para manter os níveis de glicemia mais estáveis, são preferíveis alimentos ricos em hidratos de carbono de absorção mais lenta, como pão de mistura ou integral, flocos de aveia, massas e leguminosas. A batata e o arroz são também aconselhados, mas como têm geralmente um tipo de amido mais simples de digerir, são de absorção um pouco mais rápida, e aumentam os níveis de
glicemia com maior velocidade se não forem acompanhados com fibras provenientes de saladas ou legumes. O arroz basmáti ou integral tem uma absorção muito mais retardada, assim como a batata-doce, que é, no entanto, mais concentrada em hidratos de carbono, devendo por isso ser ingerida em menor quantidade. Não esquecer que as leguminosas, mais ricas em proteínas, dispensam cerca de metade da porção de carne ou peixe da refeição, ou podem-se fazer acompanhar por um ovo cozido ou escalfado, em lugar de outra fonte proteica. Cereais integrais como quinoa, aveia, cevada e centeio, são também uma excelente alternativa para as refeições principais, para substituir os hidratos de carbono habituais.
Para refeições intermédias, o leite, o iogurte magro ou a fruta devem ser acompanhados por outros hidratos de carbono mais complexos, como o pão ou bolachas com pouca gordura e sal. A fruta contém açúcares de absorção rápida, por isso não se deve ingerir mais do que uma peça de fruta ou equivalente de cada vez, e evitar os sumos, mesmo naturais.
NUTRIÇÃO E DIABETES
Para manter os níveis de
glicemia mais estáveis, são
preferíveis alimentos ricos
em hidratos de carbono de
absorção mais lenta, como
pão de mistura ou integral,
flocos de aveia, massas
e leguminosas.
PERGUNTA ENVIADA POR E-MAIL
“QUE TIPO DE HIDRATOS DE CARBONO DEVO COMER?”
MARGARIDA BARRADAS
DIETISTA DA APDP
62 Diabetes
Viver bem a diabetes
3
TREINO DE FORÇAEM SUSPENSÃO
1O treino de
força deve ser precedido de dez minutos
de caminhada.
2Faça 2 a 3 séries de 12 repetições.
BENEFÍCIOS:
Aumento do tónus muscular;
Aumento da força e resistência muscular;
Melhoria da coordenação e do equilíbrio;
Aumento da motivação, através da componente social e de cooperação.
Colocar os pés à largura dos ombros e agarrar as pegas de frente para as fitas;
Projectar a bacia para baixo e para trás, sem deixar que os joelhos ultrapassem a ponta dos pés.
AGACHAMENTO1
Diabetes 63
Treino em suspensão
Manter sempre as fitas em tensão durante a realização dos exercícios.
Ativar o abdominal para estabilizar o tronco durante os exercícios.
Utilizar calçado com uma boa aderência e colocar os pés numa posição em que não escorreguem.
Agarrar as pegas de costas para as fitas com as mãos ao nível dos ombros.
Inclinar o tronco para a frente, de acordo com a intensidade pretendida, mantendo o abdominal activado, para um correcto alinhamento das costas.
Com os braços a 90º e com as mão na linha mamilar, realizar a extensão dos antebraços em simultâneo com a expiração.
Agarrar as pegas de frente para as fitas, inclinando o tronco de acordo com a intensidade pretendida, mantendo o alinhamento das costas.
Realizar a extensão dos braços com os cotovelos juntos ao tronco em simultâneo com a expiração.
PRESS DE PEITO
2
REMADA BAIXA
3
RECOMENDAÇÕES
ANTÓNIO FORTUNAPROFESSOR DE
EDUCAÇÃO FÍSICA APDP
ANA MARGARIDA
MARQUESEDIÇÃO
SUSANA ZENÓGLIOILUSTRAÇÃO
Motivação
para a
mudança
64 Diabetes
TEXTOCARLOS GÓISPSIQUIATRA
DA APDP
Viver bem a diabetes
Adote estratégias no dia a dia e mude comportamentos de forma a assumir o controlo da sua diabetes.
T er diabetes coloca a pessoa em constantes situações de ajustamento em relação ao seu passado. Terá de aceitar a cronicidade
e eventuais complicações da doença, bem como a adaptação ao tratamento, e desenvolver estilos de vida saudáveis, manter autocuidados personalizados, gerir relações interpessoais e ainda aderir à terapêutica. Para as pessoas poderem controlar a diabetes, têm de acreditar que a mudança no comportamento adaptativo irá introduzir uma diferença clara em relação ao seu estado atual. A sua motivação terá de assentar na consciência do desfasamento, muito valorizado pelo próprio, entre o que consegue realizar e o que poderá vir a fazer.
ADOTAR NOVOS COMPORTAMENTOSAs componentes fundamentais na motivação para mudar são: a autovalorização da mudança, o sentimento de autoeficácia, o planeamento da mudança, e o respeito pela autonomia, ou seja, pela liberdade de escolher mudar. Esta corresponsabilidade na escolha dos objetivos a atingir torna-os mais pessoais, devendo ser sempre discutidos com um técnico de saúde. As mudanças devem assemelhar-se a rotinas. Alterar comportamentos automáticos anteriores por novos comportamentos, que necessitam de repetição para se transformarem em rotinas, implica muita persistência. É também neste ponto que surge a importância da motivação para a manutenção do autocontrolo da diabetes.
Os novos comportamentos necessitam de repetição para se transformarem em rotinas, o que implica persistência.
Diabetes 65
Motivação e diabetes
MOTIVAÇÃO INTERNA
A motivação pode ser interna, se
derivar unicamente do nosso gosto,
para nos sentirmos melhor, porque nos faz sentido,
independentemente de qualquer
recompensa objetiva, como um pagamento,
ou subjetiva como o reconhecimento
pessoal.Correr ao final do
dia pode ser um ato de libertação, de gestão do stress, de sentimento de
bem estar, de aumento de resiliência. Comer
de modo saudável pode representar um
hábito de vida gerador de um sentimento de equilíbrio e sintonia
com o meio ambiente que nos envolve.
MOTIVAÇÃO EXTERNA
A motivação externa implica ganho,
alguma recompensa objetiva, pela
realização de uma tarefa ou aquisição de uma perícia. Ou
ainda a busca de reconhecimento exterior, como
receber um elogio ou ser apontado como exemplo a seguir.
São exemplos, adquirir a
competência em administrar
insulina ou evitar hipoglicemias durante
uma maratona.
ESTRATÉGIAS DE MOTIVAÇÃO
66 Diabetes
Viver bem a diabetes
PREPARE-SE PARA A MUDANÇASe estiver com um sentimento de sobrecarga, “esmagado”, revoltado ou resignado em relação à diabetes pode ser precoce pensar em mudança. Pode partilhar estas emoções com alguém que oiça sem criticar. Se sentir ambivalência, por exemplo, “eu quero mudar, mas não agora”, tente encontrar a sua motivação interna. Por exemplo, pode valer a pena mudar para ver os netos crescer. Detete aspetos positivos e menos positivos para a mudança, e quais as dificuldades a ultrapassar. Escreva estes pontos e discuta-os com o técnico de saúde.
MUDE COMPORTAMENTOS Comece por mudar os comportamentos que considera prioritários e acessíveis, e de modo parcelar. Estabeleça objetivos claros e metas realistas, mensuráveis, temporalmente definidos. Por exemplo, fazer exercício físico durante pelo menos 30 minutos às segundas, quartas e sextas às 19h. Ou comer, só uma vez por semana, um bolo, no sábado, ao pequeno-almoço. Aumente gradualmente as mudanças. Não se autocritique por não conseguir. Lembre-se de que somente 7 % das pessoas consegue aderir totalmente à terapêutica da diabetes. Se necessário reformule os objetivos e metas.
APRENDA A GERIR A DIABETES E O TRABALHOTente manter os autocuidados, por exemplo, se necessário, leve comida que possa comer sem sair do local de trabalho. Se for adequado e se sentir confortável, explique a necessidade do tratamento e rigor no cumprimento de horários.
SAIBA GERIR A DIABETES E AS SUAS RELAÇÕESProcure manter um equilíbrio entre a conveniência social e as exigências do tratamento. Por vezes, será indicado ser assertivo e recusar alimentos hipercalóricos. Noutras vezes, há exceções que fortalecem a sua rede de suporte social.
SAIBA VALORIZAR A SUA AUTOESTIMA A diabetes é uma doença “que não se vê” e a sua responsabilidade no controlo é grande. Valorize o esforço e o que tem conseguido. Se necessário escreva metas que atingiu e festeje consigo próprio e com outros. PROCURE ESTAR COM
OUTRAS PESSOAS COM DIABETESPartilhar as dificuldades em grupo diminui o sentimento de diferença e solidão. Permite estabelecer metas mais realistas e aumenta o compromisso e a probabilidade de sucesso por receio de desapontar os outros. Procure ter educação sobre diabetes no contexto de grupo (contacte a APDP).
SAIBA QUANDO PEDIR AJUDAProcure um técnico de saúde quando tiver dúvidas que possam impedir a planificação da sua mudança ou quando não entende os resultados obtidos face ao esforço desenvolvido. Não será tanto pela informação que possa receber, pois não se relaciona diretamente com mudança, mas pelo feedback que terá. Pode permitir validar procedimentos, receber formação de perícias e esclarecer dúvidas. Lembre-se de que a sua corresponsabilidade na definição de metas aumenta a probabilidade de sucesso.
BIBLIOGRAFIA Miller WR, Rollnick S. Motivational Interviewing. Preparing people for change (2nd Edition). The Guilford Press. New York: 2002Rubin R. Stress an depression in diabetes. Clinical Diabetes 2006: 269-280Ruggiero L. Helping people with diabetes change behavior: from theory to practice: Diabetes Spectrum 2000;13 (3): 125
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APDPA sua
ACONTECE NA APDP Assembleia da
República faz recomendações ao Governo
Cuidados às crianças e jovens com diabetes
Desafio Gulbenkian “NÃO à Diabetes!”
9.º Fórum Nacional da Diabetes
APDP promove vida saudável nas escolas
51.ª Reunião Anual da EASD
NÚCLEO JOVEM Atividades e ações
AGENDA Eventos e sessões
DIABÉTICO ILUSTRE D. Pedro II do Brasil
70 Diabetes
A sua APDP
Em comunicado de imprensa, «o Programa Nacional para a Diabetes (PND) congratula-se com a decisão da Assembleia da República (AR), em aprovar, por unanimidade, um Projeto de Resolução que reforça as medidas de prevenção, controlo e tratamento da diabetes».«Apesar da luta contra a diabetes ser uma responsabilidade de
todos e de cada um, em que cada pessoa deve começar por ajudar-se a si própria a ter estilos de vida mais saudáveis, todos os apoios que possam ser prestados são indispensáveis.» A resolução assume objetivos como diminuir a incidência da diabetes, atrasar o início das complicações major da
diabetes e reduzir a morbilidade e mortalidade por diabetes, segundo as orientações do PND. «Consciente deste grave problema de saúde pública, a AR aprovou uma série de recomendações ao Governo que vão ao encontro destes objetivos», relata o mesmo comunicado com data de 6 de agosto.
ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA FAZ RECOMENDAÇÕES AO GOVERNO NA ÚLTIMA SESSÃO DO PLENÁRIO DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA, FOI APROVADO POR UNANIMIDADE UM PROJETO DE RESOLUÇÃO QUE REFORÇA AS MEDIDAS DE PREVENÇÃO, CONTROLO E TRATAMENTO DA DIABETES.
MEDIDAS NO COMBATE À DIABETES
Diabetes 71
Acontece na APDP
RECOMENDAÇÕES AO GOVERNO:
1 A divulgação, à população, de informação sobre a diabetes, seus fatores de risco, bem como a implementação de programas de promoção de estilos de vida saudáveis, através da colaboração entre as autarquias e as unidades de saúde, a nível local;
2 A celebração de protocolos com a administração local visando a promoção, nos municípios, de alimentação saudável e de atividade física por parte das populações neles residentes, nomeadamente através da Associação Nacional de Municípios Portugueses, APDP, e na colaboração com o desafio da Fundação Calouste Gulbenkian do “Não à Diabetes”;
3 O reforço do rastreio da diabetes entre os grupos populacionais que apresentem risco acrescido de desenvolvimento dessa doença, junto dos cuidados primários ou de outras instituições de proximidade para um tratamento precoce e atempado;
4 A promoção de modelos organizativos que fomentem uma gestão integrada da diabetes no Serviço Nacional de Saúde, designadamente no âmbito dos cuidados de saúde primários e dos cuidados hospitalares, cometendo às Unidades Coordenadoras Funcionais da Diabetes a responsabilidade de apresentarem Planos de Ação locais anuais, responsabilizando pela sua aplicação as ARS e ACES/ULS competentes;
5 O reforço das consultas multidisciplinares de diabetes no âmbito dos serviços de cuidados de saúde primários integrados no Serviço Nacional de Saúde, com o anúncio público dos seus tempos de espera;
6 O desenvolvimento, nos estabelecimentos hospitalares do Serviço Nacional de Saúde, da “Via Verde do Pé Diabético”, por forma a reduzir significativamente a ocorrência de amputação de membros inferiores das pessoas com diabetes;
7 A garantia do acesso ao rastreio sistemático, ao nível dos cuidados primários de saúde, das complicações da diabetes, nomeadamente da retinopatia diabética, por responsabilização
das ARS, ULS e ACES;
8 O desenvolvimento de ações de informação e formação sobre diabetes junto dos profissionais de saúde do Serviço Nacional de Saúde, celebrando, para o efeito, sempre que justificado, parcerias com entidades do setor social ou associações de fins altruístas com atuação e competência na área da diabetes;
9 O aumento da taxa de comparticipação do Estado no preço das estatinas com genéricos para o escalão A, relativamente às pessoas com diabetes ou que apresentem um quadro de pré-diabetes, corresponsabilizando o INFARMED na execução desta medida;
10 O reforço, nos estabelecimentos de ensino, de:a) Programas de educação para a saúde que incluam a prevenção e a informação sobre os fatores de risco da diabetes;b) Ações de informação e promoção de alimentação saudável, que incluam aulas de culinária;c) Ações de promoção de atividade física e do desenvolvimento de ações do desporto escolar, incluindo a realização de campeonatos regionais e interescolas;
11 A aprovação de legislação que desincentive o consumo de refeições, lanches, alimentos e bebidas pobres em nutrientes e com elevado teor de açúcar, de gorduras saturadas ou de sódio, e que sejam principalmente destinados a menores de idade.
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A sua APDP
A diabetes obriga a cuidados diários, como determinações da glicemia e injeções de insulina adaptadas ao plano de refeições e à atividade física. «As crianças e jovens passam cerca de 30 a 45 horas por semana na escola, pelo que a colaboração da equipa escolar e dos enfermeiros que os acompanham é muito importante para melhorar a gestão da sua diabetes», refere Marina Dingle, Enfermeira Coordenadora do Departamento de Crianças e Jovens da APDP. Daí a importância de a APDP realizar o curso de cuidados às crianças e jovens com diabetes na escola, explica a responsável, informando
que a Escola da Diabetes já realizou 25 sessões para profissionais de 32 escolas, num total de 270 formandos.
DESTINATÁRIOS«A formação é dirigida a profissionais de equipas escolares, como professores, educadores, auxiliares, cozinheiros e motoristas, a colaboradores de apoio social e amas, bem como enfermeiros da Saúde Escolar e dos cuidados primários», acrescenta Marina Dingle.
OBJETIVOSO grande objetivo é «desenvolver competências em relação ao tratamento da diabetes tipo 1» e
«desmistificar o tratamento da diabetes», explica a enfermeira, acrescentado que a formação permite aos profissionais cuidadores de crianças e jovens com diabetes, «expor e partilhar as suas dúvidas e medos entre pares» para que «possam ser esclarecidos».
O QUE SE APRENDE Na formação aprende-se o essencial sobre a diabetes, quais os comportamentos a ter em termos de alimentação, atividade física e administração de insulina, bem como na gestão da doença em ocasiões especiais (festas). Demonstração de casos práticos é outra componente.
CUIDADOS ÀS CRIANÇAS E JOVENS COM DIABETES NA ESCOLA270 PROFISSIONAIS JÁ RECEBERAM FORMAÇÃO DA APDP PARA GARANTIR OS CUIDADOS ADEQUADOS ÀS CRIANÇAS E JOVENS COM DIABETES NA ESCOLA.
PRÓXIMA SESSÃO ACONTECE A 15 DE DEZEMBRO NA ESCOLA DA DIABETES
COMENTÁRIOS:
“Continuem a realizar estes cursos e procurem abranger cada vez mais a comunidade escolar.”
“Interativo e prático.”
“Tivemos oportunidade de tirar dúvidas e experimentar.”
“Simplificação na apresentação da doença e abordagem.”
INFORMAÇÃO SOBRE DATAS:
Consultar o Calendário dos Cursos no site da APDP (próxima formação: 15 de dezembro).
Pode agendar sessões adicionais ao calendário, às terças-feiras, das 9h30 às 13h30, na Escola da Diabetes.
Contactos: [email protected] ou [email protected] ou telefone: 21 381 61 01 (Cristina Silva).
Diabetes 73
Acontece na APDP
CUIDADOS ÀS CRIANÇAS E JOVENS COM DIABETES NA ESCOLA
PRÓXIMA SESSÃO ACONTECE A 15 DE DEZEMBRO NA ESCOLA DA DIABETES
No dia 7 de setembro foi apresentado, na Fundação Calouste Gulbenkian, o Desafio Gulbenkian “NÃO à Diabetes!”, que junta autarquias e instituições de saúde no combate à diabetes em Portugal. A participação da APDP decorrerá em articulação com o Programa Nacional para a Diabetes, a Associação Nacional de Municípios Portugueses
e parceiros. O projeto será acompanhado pela Comissão da Plataforma “Um Futuro para a Saúde”, e terá um Conselho de Supervisão que integra Nigel Crisp, responsável pelo relatório “Um Futuro para a Saúde”, Francisco George (Diretor-Geral da Saúde) e Jorge Soares (Programa Gulbenkian Inovar em Saúde).
DESAFIO GULBENKIAN “NÃO À DIABETES!” APDP NA APRESENTAÇÃO DO PROJETO
Luis Gardete, presidente da APDP, na assinatura do protocolo com a Fundação Calouste Gulbenkian, representada pelo presidente Artur Santos Silva e pela administradora Isabel Mota.
O diretor clínico da APDP João Filipe Raposo apresentou as linhas de ação da APDP no projeto.
A abertura do evento ficou a cargo de Artur Santos Silva, presidente da Fundação Calouste Gulbenkian.
Nigel Crisp integra o Conselho de Supervisão do relatório “Um Futuro para a Saúde”.
A apresentação do Desafio Gulbenkian “NÃO à Diabetes!” contou com a presença do Ministro da Saúde Paulo Macedo.
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74 Diabetes
Mais de 2 mil crianças e jovens, entre os 6 e os 18 anos, participaram em sessões de esclarecimento sobre diabetes e vida saudável, no âmbito da primeira fase do Programa para a Inclusão e Vida Saudável, que a Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP) desenvolve junto da comunidade escolar. No próximo ano letivo
haverá mais sessões, com o apoio da Direção-Geral de Saúde (DGS), nas escolas de crianças e jovens com diabetes tipo 1.
Dirigidas a crianças, jovens, professores e pais de escolas públicas do ensino básico ao secundário, as sessões abrangeram diversas escolas, nomeadamente de Silves, Porto, Évora, e da Grande Lisboa.
A equipa de formadores da APDP conta com profissionais na área da saúde e da educação.
Estas sessões aconteceram já em cerca de 20 escolas a nível nacional, nomeadamente de Silves, Porto, Évora e em diferentes cidades da Grande Lisboa, incluindo Amadora, Alcochete, Seixal, entre outras.
APDP PROMOVE VIDA SAUDÁVEL NAS ESCOLAS
REUNIÃO DA EASD EM ESTOCOLMO DE 14 A 18 DE SETEMBRO
Em Estocolmo, na Suécia, de 14 a 18 de setembro, decorreu a 51.ª Reunião Anual da EASD (European Association for the Study of Diabetes), onde a APDP marcou presença. O maior encontro do mundo sobre diabetes reúne, anualmente, especialistas da área da saúde, com novas ideias no campo da investigação e a discussão sobre novos tratamentos, programas de educação e caminhos para dar resposta a uma doença cuja prevalência tem aumentado exponencialmente nos últimos anos.
A sua APDP
O Centro de Congressos do Estoril acolhe o 9.º Fórum Nacional da Diabetes no dia 7 de novembro.
O evento dirige-se a todas as pessoas que contribuem para a luta contra a doença em Portugal, bem como a todos aqueles que pretendam saber mais sobre a diabetes, a sua prevenção e tratamento.
O programa apresenta diversos temas de debate e reflexão: “A diabetes”; “Vamos ter cuidados com os olhos, os dentes, o coração, os rins e os pés”;
“A Alimentação – Conversa com o Chef”; “Educação – Experiências e testemunhos”; e “Campanhas de Prevenção da diabetes – Experiências”. Está prevista uma sessão de dança no encerramento do Fórum.
O evento é uma iniciativa da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP), Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD), Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMCG), Ordem dos Médicos
Dentistas (OMD), Sociedade Portuguesa de Hipertensão, Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM), Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) e Associação Nacional das Unidades de Saúde Familiar (USF-AN).
O fórum conta com o apoio da Câmara Municipal de Cascais, da Direção-Geral de Saúde (DGS) e do Programa Nacional para a Diabetes.Mais informações: www.forum-diabetes.net.
9.º FÓRUM NACIONAL DA DIABETES
Núcleo Jovem
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Nos dias 27 e 28 de junho de 2015 realizou-se o 1.º Encontro para Jovens com Diabetes em Rio Maior. Este encontro foi organizado pelo NJA e pelo Pedro
Bernardes, família e amigos. A Joana, filha do Pedro e da Margarida, tem 7 anos e diabetes há apenas 5 meses. Foi a responsável por esta atividade ter sido realizada. Com a sua capacidade de adaptação e força, que percebemos imediatamente através do seu sorriso lindo e aberto, motivou os pais a terem esta iniciativa.
As inscrições abriram para pessoas com diabetes dos 0 aos 35 anos e seus familiares e amigos. Foi uma oportunidade fantástica para estarmos juntos durante um fim de semana a praticar atividades físicas diferentes e a conhecermo-nos pessoalmente, fora das redes sociais.
Como a abrangência de idades era grande, decidimos dividir o grupo em dois. No grupo das crianças até 13 anos, as atividades foram judo, expressão plástica, hip-hop, insufláveis e muita brincadeira e correria. No grupo dos mais velhos, houve uma caminhada matinal com a duração de três horas, cerca de 14 km, pelas Serras de Aire e Candeeiros. Passámos pelas Salinas de Rio Maior, e subimos ao topo
1.º ENCONTRO PARA JOVENS COM DIABETES EM RIO MAIOR
PARTILHA AS TUAS IDEIAS COM O NJA ATRAVÉS DE: [email protected] 21 381 61 51 WWW.FACEBOOK.COM/NUCLEOJOVEMAPDP
Obrigada a todos pelos
maravilhosos momentos
passados hoje, por todas
as hipo e hiperglicemias
partilhadas, mas
principalmente pela
alegria. Espero que o dia
de hoje sirva de exemplo
para o resto da vida, ou
seja, ter diabetes não nos
limita em nada, nem física
nem psicologicamente.
76 Diabetes
Núcleo Jovem
Agradecimentos: Joana, Daniel, Margarida e Pedro Bernardes; Alexandre; Amadeu; João Pedro; Rui Vieira; Mestre Júlio; Prof. Fátima; Prof. Bruno; Monitores Valdemar, Mário e Paulo do Clube do Mato; Enf. Sara; Enf. Sónia; Dr. Vítor Santos; APDP; ACES Lezíria; UCSP Rio Maior; USF Salinas; Câmara Municipal de Rio Maior; Junta de Freguesia de Rio Maior; Desmor; Fábrica da Alegria; Parque Natural Serra de Aire e Candeeiros; Cooperativa Terra Chã; Pingo Doce; Intermarché; Grupo Alves Bandeira; Campino & Pereira; Ribamoto; Casa Batata; Sociedade Panificadora Costa & Ferreira, Lda.; Nobre Alimentação.
da Serra. O almoço foi um belo piquenique à sombra em Merendas dos Chãos. À tarde fizemos escalada e rapel em paredes naturais com cerca de 25 metros de altura e uma vista magnífica. Estas oportunidades são únicas e valem sempre a pena! No domingo praticámos judo e dançámos hip-hop. Ficámos fãs destas atividades e prometemos voltar para o ano!Houve um momento de partilha em que falámos da diabetes e aspetos relacionados. Todos juntos. Pessoas com diabetes, familiares e amigos. Cada um escreveu num papel, de forma anónima, o que bem entendeu.Recebemos mensagens com objetivos mais concretos ao nível do tratamento, como por exemplo “Em hipoglicemia grave o que usar? Como reagir com as alterações de clima e as respetivas alterações de valores?”, onde a nossa querida enfermeira Sara Oliveira interveio e explicou devidamente.Surgiram também comentários com referência à necessidade de formação na área: “Dar formação aos bombeiros e outras pessoas importantes, ou seja, pessoas que
irão necessitar um dia para ajudar utentes com estas doenças...” ou “Criar mais workshops sobre a diabetes para a divulgação desta doença”.
Abordou-se o facto de como viver com a diabetes em sociedade, que comportamentos devemos adotar “Devo dizer aos meus amigos que tenho diabetes? Posso fazer tudo à frente das pessoas?” ou ainda a maneira como nos tratam ou nos veem “Ah és diabética? Não parece! Ser diabético não tem nada a ver com o aspeto nem com o modo de viver ou a personalidade da pessoa. Acho que há uma discriminação ou, às vezes, um medo/dúvida acerca da diabetes ou dos diabéticos por parte das pessoas não diabéticas. Não é que me incomode imenso, já quase que me habituei. Não podemos fazer muito ou mesmo nada sobre isto mas é algo que me deixa frustrada e aborrecida”. Todos mostrámos o nosso ponto de vista e partilhámos como ultrapassamos algumas dificuldades no nosso dia a dia. Através de desenhos também se ilustraram mitos comuns como: Diz a Avó – “Ah tens diabetes! É melhor não comeres isso. Come mais salada!”
As opiniões sobre o encontro são positivas. Reforça-se a importância de estarmos juntos em contextos diferentes, de forma a ajudarmo-nos na prática, a tomar decisões em conjunto, o que contribui para que tenhamos mais confiança a tratar da nossa diabetes em atividades semelhantes noutra ocasião.
Falou-se também dos aspetos positivos de ter diabetes, ou melhor, de como aproveitar aquilo que a vida nos dá, fazer das dificuldades, forças. Salientamos frases como “O bom que a diabetes me trouxe e traz à minha vida” ou “A diabetes trouxe-me um mundo novo”.
Deixaram-nos sugestões para futuros eventos, referindo-se ao local: “Residir em locais por vezes afastados impossibilita a participação em mais atividades.” E o reforço mais que positivo para continuarmos “É necessário fazer e promover mais encontros como o de hoje!”.
O facto de nos
encontrarmos fora do
ambiente de consulta/
reunião, e estarmos
de forma divertida e
descontraída, permitiu
conhecermo-nos melhor
e partilhar e incentivar
a prática das atividades
desenvolvidas hoje. Este
contacto é para muitos
o ponto de partida de
futuras experiências.
Núcleo Jovem
Diabetes 77
Realizou-se de 19 a 26 de julho, em Cluj (Roménia), mais uma edição do DiaEuro, o campeonato europeu de futebol de
salão para pessoas com diabetes. Pelo 3.º ano consecutivo, a equipa portuguesa, formada por jogadores de todo o país e em representação do NJA, AJDP e Diabentejo, participou no torneio.Após uma difícil fase de grupos, durante a qual Portugal defrontou a Rússia, a Sérvia e a Ucrânia, a equipa travou uma acesa disputa nos quartos de final da prova, contra a Hungria, detentora do título em 2013 e vice-campeã em 2014, tendo perdido o jogo por 2-0. Após seis jogos em seis dias, Portugal terminou a competição em 7.º lugar, de entre as 16 equipas representadas.
MISSÃO E OBJETIVOSO torneio visa promover a prática de exercício e momentos de partilha de experiências entre atletas com diabetes de vários países, contribuindo para fomentar estilos de vida saudável, reforçar a luta contra a diabetes e
contra a discriminação, e lutar pela igualdade de tratamento da diabetes no patamar europeu.
AGRADECIMENTOSAgradecimentos a quem tornou tudo possível: os jogadores presentes nos treinos semanais, treinadores Paulo Gonçalves e Bruno Rocha, enfermeiro Manuel Cardoso, o Manager Carlos, a nossa equipa no DiaEuro2015, e os patrocinadores Lilly, Medinfar, Abbott, Roche, Pharmaffairs, Menarini, Medtronic, Novo Nordisk e Bolinhas de Algodão.
ENCONTROS NJA Nos Encontros do NJA são abordados temas como Voluntariado, Exercício Físico, Discriminação, Atividades em Grupo, Hiperglicemia e Corpos Cetónicos. No total das seis sessões já realizadas, estiveram presentes 77 pessoas, com idades entre os 9 e os 56 anos. A avaliação das sessões tem sido muito positiva e os temas vão ao encontro das necessidades do grupo. A atividade é dirigida a pessoas com diabetes tipo 1, familiares e amigos. Não é necessária inscrição. Basta apareceres no piso 3 da APDP (antiga biblioteca), nas últimas terças‑feiras de cada mês, das 18h às 20h.
No dia 23 de agosto, 13 jovens com diabetes tipo 1 de vários países do mundo, entre os quais o português Pedro Pires, membro do NJA, partiram na expedição organizada pelo Projeto Sweet e pela Sanofi em Creta, Grécia. A sua missão foi percorrer o Desfiladeiro da Garganta de Samariá e subir a Montanha Gingilos, 2.080 m de altitude,
durante três desafiantes dias de caminhada. Esta foi a 3.ª expedição promovida por estas companhias, tendo já ocorrido nas montanhas do Kilimanjaro e Machu Picchu em 2013 e 2014, respetivamente. O objetivo principal é mostrar ao mundo que as pessoas com diabetes bem compensadas são capazes de tudo.
PORTUGUÊS COM DIABETES TIPO 1 VIAJOU ATÉ CRETA
PORTUGAL NO DIAEURO 2015DECORREU O CAMPEONATO EUROPEU DE FUTEBOL DE SALÃO PARA PESSOAS COM DIABETES. PORTUGAL TERMINA A COMPETIÇÃO EM 7.º LUGAR, ENTRE AS 16 EQUIPAS REPRESENTADAS.
EXPEDIÇÃO ORGANIZADA PELO PROJETO SWEET E PELA SANOFI
TERAPÊUTICA NA DIABETES TIPO 2LOCAL Escola da Diabetes Dirigido a médicos e a enfermeiros, o objetivo da formação é a discussão de níveis de intervenção terapêutica em diabetes.
PÉ DIABÉTICOLOCAL APDP Norte Dirigido a médicos, enfermeiros, podologistas e ortoprostésicos, o curso pretende melhorar conhecimentos sobre a área clínica do pé no contexto da diabetes.
A sua APDP
78 Diabetes
CONTACTOS
ESCOLA DIABETESDepartamento de FormaçãoRua do Sol ao Rato, 11 - 1250-261 Lisboa
Tel.: 213 816 140 Tlm.: 936 186 [email protected]
MAIS INFORMAÇÕESTel.: 213 816 140 Tlm.: 936 186 [email protected]
XX CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETESMais informação em www.diabetes2015.com
10.º CONGRESSO INTERNACIONAL DE SAÚDE CARDIOMETABÓLICAMais informação em www.cardiometabolichealth.org
XX CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETESLOCAL Centro de Convenções FIERGSO congresso internacional reunirá especialistas da área da diabetes, na Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre.
10.º CONGRESSO INTERNACIONAL DE SAÚDE CARDIOMETABÓLICALOCAL Boston/ Estados UnidosProfissionais da área clínica da diabetes juntam-se para o debate multidisciplinar na área da saúde cardiometabólica.
21-24outubro
09-10novembro
16-20novembro
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Para Profissionais de SaúdeEventos e Cursos de Formação
REFEIÇÕES LIGEIRASLOCAL Cozinha APDP / Escola da DiabetesNão são só as refeições de garfo e faca que são completas. Aprenda receitas rápidas e simples para uma refeição leve e equilibrada, como tartes, saladas ou sopas.
CONVERSAS DE DIABETES PARA PESSOAS COM DIABETES TIPO 2 LOCAL Escola de DiabetesCurso prático com o objetivo de ajudar as pessoas a assumir responsabilidade no controlo da sua diabetes, abordando os principais tópicos para uma gestão mais equilibrada da doença.
Agenda
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ESCOLA DIABETESDepartamento de FormaçãoRua do Sol ao Rato, 11 – 1250-261 Lisboa
Tel.: 213 816 140 Tlm.: 936 186 [email protected]
MAIS INFORMAÇÕESTel.: 213 816 140 Tlm.: 936 186 [email protected]
CUIDADOS À CRIANÇA E JOVEM COM DIABETES TIPO 1 LOCAL Escola de DiabetesO curso pretende desenvolver competências para o tratamento da criança e jovem com diabetes tipo 1, dirigidas a profissionais de equipas escolares (professores, educadores, auxiliares, cozinheiros e motoristas), colaboradores de apoio social e amas, bem como enfermeiros da Saúde Escolar e dos cuidados primários.
DOCES QUASE SEM AÇÚCARLOCAL Escola de DiabetesOs doces e as sobremesas devem ser reservados para os dias de festa. Mas mesmo em dias de festa, as sobremesas devem ser o mais saudáveis possível. Aprenda a fazer bolos, tortas ou gelados sem açúcar.
15dezembro
16-17novembro
10dezembro
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Diabetes 81
Dom Pedro II nasceu no Rio de Janeiro em 2 de dezembro de 1825.
Filho de D. Pedro I do Brasil, mais tarde Rei de Portugal, e de sua mulher a Imperatriz Leopoldina. Gabriel Gonzaga de Bourbon Bragança e Habsburgo foi o segundo e último Imperador do Brasil. Sucedeu a seu pai, D. Pedro I, que abdicou a seu favor em 7 de abril de 1831 para assumir a coroa de Portugal.
D. Pedro II tinha então
5 anos de idade quando foi aclamado Imperador. Teve como mestres os mais conceituados professores da sua época que instruíram e, principalmente, o formaram, sob a orientação do preceptor, o carmelita Frei Pedro de Santa Mariana, mais tarde Bispo de Crisópolis, que lhe ensinou a doutrina católica, latim e matemática. Com diversos mestres ilustres do seu tempo estudou também
português, francês, inglês, alemão, literatura, geografia, ciências naturais, dança, pintura, esgrima e equitação.
Quando aos 15 anos, adquirida a maioridade, recebeu uma delegação parlamentar que lhe fora perguntar se desejava esperar mais três anos ou assumir desde logo o poder respondeu: “Quero já.”
Coroado em 18 de julho de 1841 iniciou um reinado que durou 48 anos e terminou
Filho de D. Pedro I do Brasil, mais tarde Rei de Portugal, o governante iniciou um reinado que durou 48 anos e terminou com a implantação da República.
D. Pedro II do Brasil
LUÍS GARDETEPRESIDENTE
DA APDP
Diabético ilustre
Diabético ilustre
82 Diabetes
B.I.
Nome: D. Pedro II Biografia:Filho de D. Pedro I, iniciou um reinado no Brasil que durou 48 anos e terminou com a implantação da República.
com a implantação da República. Em maio de 1842 casou-se com a princesa Teresa Cristina Maria, filha de Francisco I, Rei das Duas Sicílias. Desse casamento nasceram quatro filhos: Afonso (1845-1847), Isabel, chamada a Redentora (1846 -1921), Leopoldina (1847 -1871) e Pedro (1848 - 1850). A morte dos dois varões foi um rude golpe para o Imperador.
Ao longo do seu reinado D. Pedro II exerceu a sua autoridade com discernimento, assegurou ao legislativo o pleno desempenho das suas funções e à imprensa uma inteira liberdade de expressão. Foi um amante das artes e das letras, homem tolerante que, em busca de consensos, procurou gerir sem grandes convulsões as transformações sociais que entretanto iam ocorrendo.
O Império não foi, no entanto, um período de grande desenvolvimento económico. O esclavagismo declinava e o país mantinha-se dependente do latifúndio e da monocultura. A luta entre conservadores e liberais, sobretudo depois dos anos 80, agudizava-se. O exército queria mais autonomia, resultado da força que lhe vinha do sucesso da Guerra do Paraguai e absorvia cada vez mais as ideias republicanas. A Igreja simpatizava cada vez menos com o Imperador, que era maçon, e queria estabelecer um estado
laico. Na questão religiosa de 1872 chegou mesmo a mandar prender os Bispos D. Vital e Macedo da Costa que desafiaram o poder real. Mas, após julgados pelo Supremo Tribunal, em 1875, e condenados, concedeu-lhes uma amnistia. Durante o seu reinado foi aberta a primeira estrada de rodagem, a União e Indústria; começou a rodar a primeira locomotiva a
vapor; foi instalado o cabo submarino, inaugurado o telefone e instituído o selo postal.
No início da década de 70 aparece-lhe uma diabetes que controla com muita dificuldade. Não se sentindo fisicamente bem vai-se lentamente afastando da política.
Em junho de 1887 parte para França (onde consulta Jean-Martin Charcot), Alemanha (onde é observado por Adolf Kussmaul) e Itália. Na Riviera, encontra Nietzsche. Em Milão
é acometido por uma pneumonia. É tratado com sucesso em Aix-les-Bains onde se mantém até meados de 1888, altura em que regressa ao Brasil. Dedica-se mais às artes e letras. Corresponde-se com Wagner e Pasteur. Em novembro de 1889 tenta sufocar uma intentona republicana. O movimento tem sucesso e são-lhe dadas, pelo governo provisório, vinte e quatro horas para abandonar o país. Recebe a República como um movimento natural da evolução brasileira, formulando “ardentes votos por sua grandeza e prosperidade”. Embarca em 17 de novembro, com a família, para Lisboa onde chega a 7 de dezembro, indo para o Porto. Nesta cidade, em 28, a Imperatriz morre. O Imperador vai para França e vive entre Paris, Versailles e Cannes, frequentando concertos e conferências.
D. Pedro II morre com uma pneumonia em Paris, em 5 de dezembro de 1891, no Hotel Bedford. Os seus restos mortais são trasladados para Lisboa e ficam juntos aos da Imperatriz no Convento de S. Vicente de Fora.
Em 1920 é revogada a Lei do Banimento, sendo seus restos mortais transladados para o Brasil onde repousam em Petrópolis, na Catedral, cuja construção teve início sob o seu generoso patrocínio. No ano de 1939 dão-se os funerais oficiais em cerimónia presidida pelo Presidente Getúlio Vargas.
No início da
década de 70
aparece-lhe
uma diabetes
que controla
com muita
dificuldade.
Acordos Convencoes APDP.indd 4 11/09/15 12:58
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256
Rev
.01/
15
* Dispositivos médicos para diagnóstico in vitro. Consultar cuidadosamente a rotulagem e as instruções de utilização para obter informações, avisos e precauções relacionados com a utilização dos medidores e tiras de teste do sistema FreeStyle, incluíndo FreeStyle Precision Neo.
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