No tom que faz a vida”: Música, Anatomia e Fisiologia na ... · Os defensores da tradição vão...

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No tom que faz a vida”: Música, Anatomia e Fisiologia na literatura médica francesa (1750 1789). João Luiz Garcia Guimarães [email protected] COC Casa de Oswaldo Cruz Introdução Na tradição pitagórica, o termo latino musica designou, nos séculos medievais, o estudo das proporções e razões de viés matemático “que supostamente governavam tanto o cosmos quanto os reinos humanos” (FIX, 2015:177). Ela era ensinada nas universidades junto à aritmética, à geometria e à astronomia, conjunto que foi denominado quadrivium (lat. “quatro vias”). Para muitos letrados a música do cotidiano nada mais era que uma forma inferior de tentar imitar as harmonias cósmicas. Esses valores sobreviveram até o século XVIII, momento em que o estatuto social do músico e de sua atividade foi denominado por Norbert Elias como “arte de artesão” (ELIAS, 1995: 49). Perto da década de 1750, entretanto, muitas dessas visões estavam em franca mudança. Já perto do fim do século XVII, a teoria musical não mais se contentava com a aritmética e se voltava para a física graças aos trabalhos do matemático Joseph Sauveur (1653 1716) e do músico Jean-Philippe Rameau (1683 1764). Segundo James Kennaway, o resultado disso é que o som adquire uma materialidade inédita, passando a ser considerado um agente físico capaz de atingir o corpo diretamente (KENNAWAY, 2012: 23). Não por acaso, a filosofia mecanicista reinante na medicina nas primeiras décadas do século XVIII muito ajudaria a produzir uma ideia também mecânica da ação da música sobre os indivíduos, fato este que está presente em abundancia nas fontes que considerei neste trabalho. A música fica associada às forças capazes de causar vibrações, movimentos e sensações no corpo, modificando o estado de saúde do paciente. Dentro da limitada literatura produzida nesse campo, alguns médicos assumiram posições próximas do que acabo de expor, outros, contudo, a entenderam dentro de um quadro teórico mais eclético como algo ideal apenas para tratar a melancolia; outros ainda, associaram a música à pulsação, desenvolvendo métodos de medir os batimentos utilizando a escrita musical. Mantendo em vista as possíveis divergências teóricas entre os seus escritos, uma constante é a presença de um ambiente cultural rico em que novas tendências e estilos musicais transparecem em alguns desses textos.

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  • “No tom que faz a vida”: Música, Anatomia e Fisiologia na literatura médica francesa

    (1750 – 1789).

    João Luiz Garcia Guimarães

    [email protected]

    COC – Casa de Oswaldo Cruz

    Introdução

    Na tradição pitagórica, o termo latino musica designou, nos séculos medievais, o estudo

    das proporções e razões de viés matemático “que supostamente governavam tanto o cosmos

    quanto os reinos humanos” (FIX, 2015:177). Ela era ensinada nas universidades junto à

    aritmética, à geometria e à astronomia, conjunto que foi denominado quadrivium (lat. “quatro

    vias”). Para muitos letrados a música do cotidiano nada mais era que uma forma inferior de

    tentar imitar as harmonias cósmicas. Esses valores sobreviveram até o século XVIII, momento

    em que o estatuto social do músico e de sua atividade foi denominado por Norbert Elias como

    “arte de artesão” (ELIAS, 1995: 49). Perto da década de 1750, entretanto, muitas dessas visões

    estavam em franca mudança. Já perto do fim do século XVII, a teoria musical não mais se

    contentava com a aritmética e se voltava para a física graças aos trabalhos do matemático

    Joseph Sauveur (1653 – 1716) e do músico Jean-Philippe Rameau (1683 – 1764). Segundo

    James Kennaway, o resultado disso é que o som adquire uma materialidade inédita, passando a

    ser considerado um agente físico capaz de atingir o corpo diretamente (KENNAWAY, 2012:

    23).

    Não por acaso, a filosofia mecanicista reinante na medicina nas primeiras décadas do

    século XVIII muito ajudaria a produzir uma ideia também mecânica da ação da música sobre

    os indivíduos, fato este que está presente em abundancia nas fontes que considerei neste

    trabalho. A música fica associada às forças capazes de causar vibrações, movimentos e

    sensações no corpo, modificando o estado de saúde do paciente. Dentro da limitada literatura

    produzida nesse campo, alguns médicos assumiram posições próximas do que acabo de expor,

    outros, contudo, a entenderam – dentro de um quadro teórico mais eclético – como algo ideal

    apenas para tratar a melancolia; outros ainda, associaram a música à pulsação, desenvolvendo

    métodos de medir os batimentos utilizando a escrita musical. Mantendo em vista as possíveis

    divergências teóricas entre os seus escritos, uma constante é a presença de um ambiente cultural

    rico em que novas tendências e estilos musicais transparecem em alguns desses textos.

  • Embora se tenha falado exclusivamente do curso das ciências do no século XVIII,

    acreditamos que as mudanças socioculturais – no gosto musical, na difusão de práticas culturais

    pelas camadas sociais, etc. – que se encontram em curso na sociedade francesa por volta de

    1750 tiveram enorme influência na produção das visões terapêuticas destes autores. Em outras

    palavras, todos os textos refletiriam certos elementos constitutivos da cultura musical francesa,

    cultura esta que se desenvolvera em relação com os valores de uma sociedade de corte, como

    denominaria Norbert Elias (2001). Por isso, as ideias sobre música – e principalmente sobre a

    “boa música” – estavam impregnadas de valores e visões de mundo. Além disso, as próprias

    óperas podem ser pensadas como a “encenação musical de crenças e identidades”

    (GEOFFROY-SCHWINDEN, 2015: 26).

    A música na sociedade parisiense do século XVIII

    A década de 1750 ficou marcada na capital francesa como um momento de profundas

    tensões políticas. Interconectado com esses acontecimentos estava a politização, ao longo do

    século XVIII, de esferas antes não atingidas por esse fenômeno, principalmente a da atividade

    musical. A historiografia da música nesses anos identificou um importante acontecimento que

    consistiu em uma guerra de panfletos em torno de dois estilos musicais que tinham o favor dos

    setores sociais cuja relação não deixava de apresentar algumas potencialidades de conflito. As

    virulentas críticas ao estilo francês – sobretudo o operístico – presentes na Lettre sur Omphale

    [Carta sobre Omphale], de Melchior Grimm (1723 - 1807 )1 desencadearam a famosa Querela

    dos Bufões (GOLDET, 1997: 501)2.

    Fenômeno político tanto quanto artístico, ela teve relevância porque o partido

    enciclopedista – desde o início sob ataque cerrado dos religiosos e conservadores

    (BADINTHER, 2007: 258) – se utilizou da crítica ao estilo francês e ao teatro de ópera nacional

    regulamentado pela poderosa Academia Real de Música para criticar indiretamente o

    stablishment político.

    1 Omphale, opera em estilo francês de André-Cardinal Destouches (1672 – 1749). 2 Os Bufões eram uma trupe de atores italianos que se instalara no teatro da Academia Real de Música

    e representara La Serva Padrona de Giovanni Pergolesi (1710 – 1736), causando instantânea sensação

    no público da capital. O sucesso da peça é compreendido por diversos historiadores como o estopim da

    guerra de panfletos que se seguiu. A Querela dos Bufões também é conhecida como Guerra dos Cantos

    (Guerre des Coins) pelo fato de que os partidários dos dois estilos se reuniam sob os camarotes do rei

    ou da rainha – este apoiava naturalmente o estilo nacional enquanto aquela amava os italianos – para

    defender seus artistas e atrapalhar os do canto adversário.

  • Os apoiadores da instituição real defenderam a ópera francesa, forjada nos

    princípios do classicismo francês e da ideologia absolutista, enquanto os

    proponentes do iluminismo viam a ópera italiana como um veículo para

    ataques subversivos ao estabelecimento (HIGGINS, 2012: 550).

    Não havia nada de que os franceses se orgulhassem mais do que sua ópera, executada

    na Salle du Palays Royal, espaço sede da Academia. Em vários sentidos, a ópera francesa era

    um espetáculo de corte, refletia os valores e as visões de mundo de uma aristocracia opulenta

    regida por uma etiqueta que determinava várias características da apresentação (JOHNSON,

    1995: 10). Para os partidários da música italiana, frequentadores de salões e filósofos

    enciclopedistas, a ópera parecia representar o estado francês (HIGGINS, 2012; 551); não se

    podia falar mal do espetáculo. Em A Nova Heloísa (1761), Rousseau comentava que a ópera

    francesa era um “monumento à magnificência de Luís XIV”, e que poucos se aventuravam a

    criticá-la, pois “tudo pode ser transformado em ponto de disputa aqui, excetuando música e

    ópera” (ROUSSEAU apud HIGGINS, 2012: 551).

    Do outro lado do campo do campo de batalha, o partido que defendia a tradição

    operística francesa, fundada por Jean-Baptiste Lully (1632 - 1689) sob os auspícios do Rei Sol,

    via a ópera italiana como frívola, excessivamente irreverente e, o que é mais, uma verdadeira

    ameaça à sua tradição musical, sua língua e ao seu estilo de vida3. O que tornava toda a situação

    mais absurda era o fato de que a ópera italiana parecia fazer sucesso exatamente por essas razões

    e, para piorar drenava receitas das companhias de teatro francesas (HIGGINS, 2012: 551; 559).

    Os defensores da tradição lullista foram descritos por Rousseau como uma “inquisição não

    menos arbitrária do que severa” (HIGGINS, 2012: 552). Diderot mostra uma atitude bastante

    semelhante com relação aos membros do stablishment no verbete “Partidário” da Enciclopédia:

    “Aquele que abraçou o partido de alguém ou alguma coisa; houve um tempo em que se pensou

    3 Além disso, os comediantes italianos que seguiam o estilo comedia dell’arte haviam sido expulsos da

    França por Luís XIV em 1697 após terem sido advertidos diversas vezes pela polícia. Eles haviam sido

    acusados de apresentarem indecências e licenciosidades nas suas comédias, criticar autoridades reais e

    membros da família real, o que parecia ferir a pureza que se esperava de um teatro subvencionado pelo

    Rei e coparticipe na construção de sua imagem. O banimento não teria efeito, uma vez que os atores

    italianos passaram a atuar nas proximidades de Paris nos Teatros de Feira, onde representavam peças

    satíricas e ópera-comiques apesar das tentativas reiteradas dos teatros oficiais de proibir sua prática. Em

    1709, os seus espaços nas feiras foram destruídos por ordem do Regente, e em 1744 um banimento

    definitivo fez com que os italianos fossem totalmente removidos de cena. Assim, a representação dos

    Bufões em 1752 adquire importância devido aos vários anos de ausência dos italianos.

  • tratar aqui dos partidários da música italiana como se fossem criminosos de estado”

    (DIDEROT, 1765: 105).

    Os defensores da tradição vão reunir-se, a partir de 1753, atrás do músico e teórico

    Jean-Philippe Rameau. Ele ficou conhecido como grande sistematizador, sobretudo após a

    publicação de seu tratado Traité de l’harmonie réduite a ses príncipes naturels [Tratado da

    harmonia reduzida a seus princípios naturais], em 1722.

    Pode ser evidente para nós, mas não o era, de maneira alguma, na época. Um

    som jamais é puro, ele é a combinação de um som fundamental com sons

    secundários que chamamos de “harmônicos”. O achado de Rameau consistiu

    em explorar até as últimas consequências o fato, comprovado empiricamente,

    de que o acorde perfeito maior constitui-se dos primeiros harmônicos naturais.

    Assim, toda a lógica da composição musical clássica vê-se fundada na razão.

    Um homem do século XVIII precisava disso para sentir-se à vontade. Em

    1722, Rameau voltou a instalar-se em Paris de onde não mais arredaria o pé.

    Já se tornara celebre, mas somente como teórico e filósofo; para a cabeça de

    seus contemporâneos era difícil aceitar que Rameau fosse “também” músico.

    É que naquela época os compositores não tinham habito de divagar

    longamente sobre a teoria; dali para a frente as coisas mudaram

    (BEAUSSANT, 1997: 494).

    A importância do estudo de Rameau foi capital, pois o músico conseguiu unificar

    teoricamente a prática composicional de seu tempo, dotando-a de princípios físicos, em um

    estilo que conquistou a simpatia da Academia Real de Ciências: esta emitiu um parecer

    favorável ao seu trabalho em 1749. Esse momento viu um rápido flerte do músico com o partido

    filosófico, mas as pretensões de Rameau de fundamentar a música em bases naturais – um

    “princípio da harmonia” presente na natureza e capaz de explicar a prática musical e informá-

    la – era visto como excessivamente ambicioso e insuficientemente fundamentado pelos

    enciclopedistas (CHANDLER, 2017: 19).

    Apesar da rusga com Diderot e d’Alembert, o trabalho de Rameau já gozava de intensa

    vulgarização; esse era o momento em que esse tipo de investigação ganhava as prensas e atrai

    cada vez mais o público (IORDANOU, 2011: 177). A partir de 1733, o músico também

    começara a se destacar como escritor de óperas, trazendo algumas reformas para a orquestra da

    Academia Real de Música e atingindo uma fama estrondosa que durará quase incólume até a

    Querela. Rameau assume a defesa do estilo francês, do qual ele era um praticante e ao mesmo

    tempo um reformista moderado após a publicação da virulenta Carta sobre a música francesa

    de Rousseau.

  • Em 1753 boa parte dos ânimos já avia se acalmado, estado que a Carta logo reverterá.

    Rousseau a conclui afirmando que a música francesa era incapaz de representar

    verdadeiramente as paixões da alma – à época, um dos paradigmas artísticos maiores de todas

    as artes –, sobretudo porque tinha uma harmonia complexa demais; as execuções da orquestra

    abafavam o poder de tocar o coração que pertencia apenas à melodia. Longe de ser a descoberta

    de um princípio seguro para tocar o coração humano pela semelhança das consonâncias com as

    nossas paixões, a harmonia era apenas uma forma de compor música agradável, mas não

    sublime ou voluptuosa. Concluindo a Carta, o genebrino afirma “que os franceses não têm

    música e não podem tê-la, ou, se alguma vez a tiverem, será tanto pior para eles” (ROUSSEAU,

    2005: 37).

    É interessante notar que a música que Rousseau defendia estava tipificada, para ele, na

    forma de composição italiana, mais leve, tragicômica e prosaica em seu enredo; ademais, a

    harmonia complexa, campo de Rameau por excelência, era vista como um “exercício de

    colégio” (ROUSSEAU, 2005: 37). Nem Lully escapa das críticas do enciclopedista, de modo

    que Rameau se sente profundamente provocado e responde, no ano seguinte, com suas

    Observations sur notre instinct pour la musique et son principe (RAMEAU, 1754). Nos anos

    seguintes, ele também publicou correções aos artigos da Enciclopédia, os Erreurs sur la

    musique dans l’Encyclopédie (RAMEAU, 1755) e os Suite des erreurs sur la musique dans

    (RAMEAU, 1765). Neles, o músico acusa a Rousseau de subverter propositalmente os

    princípios de sua ciência musical (O’DEA, 2011: 109). O resultado desse conflito foi que, pelo

    fim da década de 1750, os enciclopedistas estavam completamente distanciados de Rameau.

    Além disso, “o término e o resultado do debate entre Rameau e seus oponentes” contribuiu para

    definir “o gosto musical francês durante as décadas seguintes” (NEUBAUER, 1992: 121).

    Música e Medicina

    Jean-Joseph Ménuret de Chambaud se formou em Montpéllier, universidade que por

    volta dos anos 1740 vinha propagando um novo tipo de fisiologia. O modelo de compreensão

    mecânica do corpo já não era decerto o mais popular, contudo, ele ainda compunha em boa

    parte a base da nova escola – conforme Thomas Wolfe, essa fisiologia seria mais um

    “mecanicismo expandido” (WOLFE; TERADA, 2008: 535). Um arsenal conceitual renovado,

    construído principalmente por Théophile de Bordeu (1722 – 1776), Louis de Lacaze (1703 –

    1765) e Paul-Joseph Barthez (1734 – 1806), visava superar a dependência de modelos vindos

  • das matemáticas e ultrapassar uma linha traçada havia muito entre o homem físico e o homem

    psíquico – o homem “moral”, no dizer dos letrados. O campo da moral havia sido delegado a

    confessores e filósofos, o médico até então se preocupava quase exclusivamente com o corpo,

    entendido através das leis gerais da mecânica; as operações corporais eram pensadas como

    sendo estritamente dessa natureza. Outro elemento de destaque é a reabilitação dos “seis não-

    naturais”, efeito de um movimento europeu de recuperação do hipocratismo (RILEY, 1987: 9).

    Os não-naturais passam a assumir um peso importante na etiologia das doenças; as emoções,

    no caso da música, eram uma via importante de ação. Segundo John Neubauer, “a maioria dos

    escritores do século XVIII pensaram que os sons e as emoções estavam unidos por leis naturais”

    (NEUBAUER, 1992: 90).

    Ménuret foi um grande sintetizador da Escola de Montpellier, tendo colaborado com a

    Enciclopédia de Diderot a partir do tomo VIII até o XVII (c. 1758 – 1765), contexto em que

    produziu cerca de 90 verbetes. Neles, os ensinamentos de Barthez, Lacaze e Bordeu estão

    sucintamente resumidos e aplicados aos diferentes males humanos, como a mania, a melancolia

    e as doenças inflamatórias. Ménuret, curiosamente, dedicou bastante tempo para produzir uma

    teoria da aplicação da música ao tratamento de doenças diversas: o verbete “Efeitos da Música”

    (DE CHAMBAUD, 1765: 903-909). É possível traçar, no seu pensamento, uma divisão precisa

    entre os novos interesses dessa fisiologia e o mecanicismo; de acordo com ele, a música age no

    homem de duas maneiras: uma delas é puramente mecânica, a segunda, diz respeito à

    sensibilidade da “maquina humana” (DE CHAMBAUD, 1765: 907).

    A palavra sensibilidade é um conceito fundamental da Escola de Montpellier, pois é

    precisamente essa propriedade que caracteriza o ser vivo enquanto tal: é um ser dotado de

    movimento e sentimento. Anatomicamente, a música afeta o homem em suas fibras (nervos e

    músculos), que são como tantas cordas esticadas – à semelhança de um instrumento musical –

    e que vibrariam em consonância com os sons, produzindo movimentos que, de acordo com a

    sensibilidade individual, poderiam causar mais ou menos prazer e assim, induzir estados

    emocionais terapêuticos. Um melancólico precisa de músicas alegres, um frenético precisa de

    músicas lentas; elas devem ser adequadas ao estado do paciente. Em todo esse processo, a

    sensibilidade é condição sine qua non do tratamento pela música: ela é a capacidade das

    menores partes do ser vivo de serem afetadas, movidas e de reagirem provocando também

    movimentos e efeitos no corpo.

  • Dupla forma de ação da música: pelo movimento e pelo sentimento, canais que

    caracterizam o ser vivo como ser que se move e sente. A fibra é, como partícula elementar do

    corpo, dotada de sensibilidade e de tônus. Esses elementos já haviam sido reunidos por Bordeu

    em suas primeiras pesquisas:

    [...] aos nervos de um cadáver falta apenas uma coisa para que eles possam ter

    ação por si mesmos, que é estar colocados no tom que faz a vida (BORDEU,

    1751: 200).

    A sensibilidade une o físico ao moral, na medida em que as partes sensíveis do corpo

    vivem em uma troca de ações e reações. Na verdade, existem uma forte tendência redutiva do

    segundo para o primeiro: o próprio Ménuret diz que a sensibilidade é estritamente redutível à

    forma de ação mecânica. O médico define a música como um conjunto de sons organizado

    pelos “princípios da harmonia” (1765: 907). O vocabulário utilizado aqui é, como se pode notar,

    inspirado no trabalho de Rameau. Mas nem tudo é tão simples: há um outro registro em seu

    discurso que mostra a tensão entre as visões rameauistas e rousseaunianas (ou dos

    enciclopedistas), que se caracteriza pela crítica ao estado da música francesa. Ao falar da

    música de seu tempo, Ménuret usa termos bastantes pessimistas. Ecoando o Discurso

    Preliminar, ele comenta:

    Ao prazer que excita a Música, pode-se unir seu efeito sobre as paixões, parte

    em que a música moderna é muito inferior à antiga, sem dúvida pela simples

    falta de atenção de nossos músicos (DE CHAMBAUD, 1765: 908).

    A música antiga era “simples” e mais “imitativa”; escorada no patético, pouco

    informada dos “princípios da harmonia”, ela se voltava mais para “agitar o coração, para mover

    as paixões, do que para satisfazer a mente e inspirar prazer” (1765: 904). Deve-se notar, nesses

    trechos, a associação da música moderna à uma complexidade que se relaciona diretamente

    com a harmonia; assim, Ménuret mobiliza argumentos de ambos os partidos em disputa, por

    razões diferentes. Suponho, primeiramente, que adote a nova teoria harmônica por sua

    popularidade e sua aceitação ampla (mesmo Rousseau opera dentro do seu modelo, mas com o

    objetivo de criticá-lo e miná-lo); havia, contudo, um sentimento muito forte de cansaço com a

    música francesa e com os modelos que a Academia Real de Música impunha às novas

    composições, expresso no argumento da falta de dramaticidade das óperas encenadas no Palais

    Royal. As camadas médias e mais humildes da população, à essa época, se deleitavam nos

    teatros da Feira Saint Germain, onde o teatro italiano sobrevivia sob perseguição

  • (ISHERWOOD, 1978: 303). As óperas italianas – tal como a Serva Padrona dos Bufões – eram

    encenadas na Academia, onde só encontravam concorrência nos balés, que ainda atraiam

    muitos espectadores do espetáculo francês.

    À época em que Ménuret redige seu verbete, a tragédie lyrique soçobrava.

    Interessantemente, a própria estreia de Rameau como músico nesse gênero causou

    estranhamento pelo pouco costume que existia dos teóricos serem compositores e vice-versa;

    esse foi o fato que havia trazido glória à Rameau junto aos enciclopedistas, para os quais a

    filosofia havia finalmente feito progressos no campo da música, mas para quem o valor desses

    progressos não era tão grande quanto o que o compositor queria dar a entender. Talvez esses

    elementos expliquem a imbricação dos dois discursos sobre a música em Ménuret, mas para

    ficar mais claro o contraste, podemos evocar o texto de Tissot sobre a terapia musical. Esse

    médico de origem suíça passara por Montpellier entre 1745 e 1749 e escreveu dois tratados

    onde o tema da terapia musical é abordado: o Traité des nerfs et ses maladies (1784) e De

    l’influence des passions de l’âme dans les maladies (1798). Vejamos como esses livros podem

    contribuir para a discussão.

    Gosto musical em Tissot e Ménuret

    Enquanto Ménuret não recomenda nenhuma obra específica para o tratamento musical,

    Tissot recomenda explicitamente ouvir as óperas de Rousseau. Indo mais longe, ele cita um

    trecho do Ensaio sobre a Origem da Línguas, onde o genebrino havia feito uma importante

    crítica das teorias harmônicas. Nesse trecho, Rousseau aponta que nos efeitos da música, os

    “nervos não tem tanta importância quanto o espírito que os dispõe”. Assim, quanto ao ouvinte,

    se faz “necessário que ele ouça a língua que se lhe fala, para que aquilo que se lhe diz o possa

    mover” (ROUSSEAU apud TISSOT, 1798: 59).

    A naturalização e a universalização da harmonia, depreendida dos modelos de Rameau

    está totalmente fora de questão aqui; Ménuret admite que o homem traz uma “espécie de regra”

    da harmonia ao nascer; outro médico, seu contemporâneo e coeducando em Montpellier,

    Joseph-Louis Roger (m. 1761), exprime a mesma ideia. Quando fala da preferência por um

    estilo musical em detrimento de outros, Roger comenta:

    Nós poderíamos crer que esses homens receberam da natureza princípios da

    harmonia diferentes dos nossos. A natureza lhes deu os mesmos meios que a

    nós; mas esses meios, tendo sido diversamente modificados de acordo com o

  • caráter particular e o gênio próprio da sua nação, eles procuram prazeres

    acomodados a sua maneira de sentir (ROGER, 1803: 132).

    A diferença fundamental está, primeiramente, na ausência de comentário harmônico em

    Tissot. Em segundo lugar, as diferenças de gosto são atribuídas, em Ménuret e Roger, ao

    sentimento e à organização física (as fibras nervosas, ou os músculos) enquanto que em

    Rousseau e Tissot ela adquire um caráter mais linguístico-cultural (GOLDET, 1997: 505). O

    genebrino discorda totalmente de que a diferença no gosto seja uma questão de nervos:

    “Enquanto se continuar considerando os sons unicamente pela excitação que despertam em

    nossos nervos, de modo algum se terá verdadeiros princípios da música, nem noção de seu

    poder sobre os corações” (ROUSSEAU, 1978: 191). As instruções dadas por Ménuret, ademais,

    são voltadas para a produção de uma música talhada ao modo de sentir do paciente, de caráter

    variado demais para identificarmos um estilo ideal em detrimento do outro: os prazeres da

    harmonia e as convulsões passionais não são opostos, mas complementares.

    O Homem-Instrumento, ou o modelo vibratório dos nervos

    O pensamento francês sobre a fisiologia se vê, com frequência, povoado por imagens

    musicais. A analogia com a máquina, base do projeto mecanicista, ainda é uma relevante

    hipótese heurística: é preciso estudar o corpo do mesmo modo com que um relojoeiro monta e

    desmonta um relógio. É nesse sentido que as analogias mecânicas não são meras analogias, mas

    modelos de inteligibilidade do homem. Espalhados pelos autores médicos franceses que

    tratamos aqui se encontram argumentos muito semelhantes e que estabelecem conexões entre

    diferentes estirpes de discursos médicos: anatomia e fisiologia as fibras, a doutrina de

    Montpellier e mesmo a tradição hipocrático-galênica. Delas, extraímos uma significativa

    concordância quanto ao modo de funcionamento da música no homem, através da sonoridade:

    Se não se considerar o corpo humano como nada mais do que um conjunto de

    fibras mais ou menos tesas, e de licores de diferentes naturezas, feita a

    abstração das suas sensibilidades, suas vidas e seus movimentos, perceber-se-

    á sem dificuldade que a Música deve fazer o mesmo efeito sobre as fibras que

    aquele que ela faz sobre as cordas de instrumentos contíguos; que todas as

    fibras do corpo humano serão postas em movimento; que aquelas que são mais

    tesas, mais finas e mais ágeis serão preferencialmente afetadas, e que aquelas

    que estão em uníssono o conservarão por mais tempo [...] (DE CHAMBAUD

    1765: 907).

  • A expressiva descrição de Ménuret põe em jogo a analogia entre as fibras e as cordas

    dos instrumentos. Seu amigo e coeducando, Joseph-Louis Roger, descreveu o mesmo fenômeno

    da seguinte maneira:

    Dentre os sólidos, aqueles que têm mais semelhança com as partes do corpo

    humano são as cordas, que, como as fibras, tornam-se sólidas e sonoras pela

    tensão, e as caixas dos instrumentos, que semelhantes aos músculos em

    contração, são formadas de fibras juntas e tesas, isto é, partes sólidas de

    diferentes comprimentos (ROGER, 1803: 152).

    Constituindo um último modelo, comparemos os trechos citados acima com o seguinte

    texto do médico Pierre-Joseph Buchoz (1731 – 1807):

    A música que se deve empregar para a cura dos temperamentos melancólicos

    secos deve começar pelos tons mais baixos, e se elevar em seguida

    insensivelmente, até os mais altos; é por essa gradação harmônica que as fibras

    rígidas habituadas aos diferentes graus de vibração, se deixam

    insensivelmente flexionar (BUCHOZ, 1769: 198).

    É à anatomia e à patologia das fibras que se devem os modelos apresentados acima.

    Unida a isso, uma verdadeira “teoria vibratória dos nervos” (MAZZOLINI, 1991: 81) tenta dar

    conta da sua atuação, ao mesmo tempo em que admite, nos três autores, o modelo de

    funcionamento tradicional, baseado na circulação dos “espíritos animais” 4 . Outro médico

    popular, François-Nicolas Marquet (1687 – 1759), também se dedicou a usar a música como

    espaço de compreensão do corpo:

    À luz do “maravilhoso mecanismo de [Joseph Guichard] Duverney [1680 –

    1730]”, Marquet pensou que a cóclea causava a sensação de tom ao ressoar

    com as várias vibrações recebidas. Esse mecanismo então transmite essas

    vibrações para os fluidos internos, que a partir daí mudam seu estado de

    acordo com o caráter da música [...]. A música “estimula o nervo auditivo e

    outros nervos simpáticos, que sendo atingidos agradavelmente” afetam os

    sistemas linfático e cardíaco, “de onde vêm as doces e agradáveis ideias”

    (PESIC, 2015, 148).

    A questão é como explicar o processo pelo qual as qualidades do som se converterem

    em estímulos sensórios: nos casos acima, através da vibração simpática sofrida pelas estruturas

    do ouvido, e que os nervos transmitem para toda a “máquina humana”. Foucault chamou essa

    forma e explicação de “mecânica das qualidades”, operada da forma mais pura pela música

    4 Os espíritos animais, um tipo sutil de fluido, seriam responsáveis por transmitir os impulsos nervos

    através dos nervos. Sua existência dependia da ideia de que os nervos fossem ocos, o que investigações

    anatômicas vinham contestando em meados de 1750. Por causa disso, o modelo é citado com bastante

    cuidado em alguns autores.

  • (FOUCAULT, 2012: 323). Marquet havia também criado um método de caracterizar o pulso

    por meio das notas musicais que fez bastante fama em seu tempo, sobretudo por utilizar como

    referência a forma dos minuetos, uma dança cortesã. O estudo do pulso, terreno não apenas de

    Marquet, mas também de Bordeu e Ménuret, se assemelha ao estudo de uma estrutura cuja

    acústica pode revelar o estado de saúde do indivíduo.

    Ménuret, no verbete “Pulso”, comenta que “de acordo com os chineses, o homem é, por

    meio dos nervos, músculos, veias e artérias, como uma espécie de alaúde ou instrumento

    harmônico”. As diferentes partes do corpo têm seu temperamento:

    Os diferentes pulsos são como os vários sons e vários toques desses

    instrumentos, pelos quais se pode julgar infalivelmente sua disposição, bem

    como um cabo mais ou menos tenso, tocado em um lugar ou outro, de uma

    maneira ou mais forte ou mais fraca, faz sons diferentes, dando a conhecer se

    está muito tensa ou solta (DE CHAMBAUD, 1765b: 225).

    Assim, o corpo tem uma sonoridade. Essa sonoridade é tanto a capacidade de vibrar em

    seu todo como a de, ao fazê-lo, revelar ao médico os seus segredos. Mas as simpatias e

    sensibilidades que o impregnam fazem com que, longe de seguir apenas o percurso dos nervos,

    a vibração se transmita também pela simpatia – uma “mecânica das qualidades” –, primeiro do

    meio externo ao ouvido, e deste para toda a economia animal (termo presente em todos os

    autores, exceto Marquet) através da troca de sensibilidades. Desse modo, as analogias utilizadas

    têm uma enorme facilidade de se encaixar em um modelo harmônico como o rameauísta,

    sobretudo pelo fato deste modelo ter não apenas popularidade, como ser “o assunto do

    momento” em matéria de teoria musical – isso se vê em Ménuret e Roger, fontes muito

    próximas da Querela dos Bufões.

    Considerações Finais

    Ao longo deste artigo, tentei apontar como algumas transformações socioculturais e

    políticas influenciaram a formação ou a aceitação de teorias médicas e musicais. Comecei

    indicando as principais mudanças teóricas na música e na medicina e mostrando que as

    diferentes atitudes para com a primeira nesse momento acabam por interferir no discurso da

    segunda. Tomando como exemplo o texto de Ménuret, tentei explicar a sua aparente

    ambiguidade, apontando como as teorias de Rameau, tão populares por volta da época em que

    este médico escreve, apresentam uma afinidade com os modelos anatômicos e fisiológicos das

    fibras, mas não podem apagar o desinteresse da tragédia clássica (gênero que o músico

  • representava). A tragédia musicada foi atacada pelos enciclopedistas e proscrita pelo gosto das

    classes médias e de uma pequena nobreza, de cuja opinião os philosophes se consideravam

    portadores (CHARTIER, 1991: 37). Essas tendências seriam responsáveis pelo aparecimento

    da crítica de Ménuret à musica de seu tempo ao mesmo tempo em que adere às ideias de um

    expoente significativo dela.

    Ademais, o episódio da Querela dos Bufões ajuda a explicar porque a teoria rameauísta

    não se consolidou como o compositor tencionava, sobretudo junto aos membros da Academia

    Francesa. Longe de ser apenas devida à sua inconsistência lógica interna, a não aceitação da

    sua teoria parece mais o resultado de Rameau ter investido contra o empreendimento

    enciclopédico ao criticar Rousseau; ao fazê-lo, todos os envolvidos na Encyclopédie acabaram

    se enfileirando atrás do genebrino, mesmo não gostando da música italiana (O’DEA, 2011:

    113). O teatro da Academia Real de Música exigia etiqueta, e era lá onde se adquiria, segundo

    o costume da década de 1750, o bom gosto. Assim, a ópera francesa refletia os ideais de uma

    sociedade aristocrática, que “procurava ver no palco a representação de seus costumes e

    comportamentos” (LOPES, 2014: 264) – honra, dever, casamento e autocontrole – em contraste

    com os valores mais “liberais” que se difundia na ópera italiana.

    Por outro lado, existe outro registro, em que a expressão natural dos sentimentos em sua

    espontaneidade – uma cultura de sensibilidade surgida justamente da tentativa de criar espaços

    alternativos ao ambiente cortesão “opressor” (REDDY, 2014: 146) – começa a cobrar da

    música francesa uma maior naturalidade e verossimilhança. Não a encontrando, volta-se para a

    música italiana. Diante disso, a terapia musical de Ménuret pode mesmo utilizar o “princípio

    da harmonia” rameauísta, mas não consegue negar a flagrante impopularidade dos espetáculos

    franceses tradicionais. Tissot, por seu turno, era um eminente discípulo de Rousseau e um

    defensor da música italiana contra os modelos rameauístas; nele, a ausência de analogia

    harmônica das fibras nos parece um importante contraponto às tendências apresentadas pelos

    demais autores, cuja afinidade com o modelo harmônico de Rameau é bastante plausível.

    Esperamos ter exposto aqui, de forma clara, o modo com o qual as mudanças e tensões

    socioculturais e políticas influenciaram a recepção das teorias de Rameau na comunidade

    científica de seu tempo, e também nos círculos médicos. Parece-nos claro que a defesa do estilo

    italiano pela intelectualidade ligada à enciclopédia se fez em nome não apenas da defesa

  • (política) daquele empreendimento editorial, mas em nome de um movimento cultural maior

    de questionamento de um gosto musical que encarnava certos valores aristocráticos.

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