Noções de Hidrogeografia – Conhecendo o Meu Rio Madeira

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  1. 1. ?naum- da aum- Elali alma Autumn n AnmbmAFASE E MANAUSEDUCACAO aa;Luciana da Silva Muniz v . . 1 .. .. ., ."""' . '."i3 Nazlano Pantoja FIIIzoIa Junior N.FAwmwro naaomu n zsounsm mx AMAZONIA@UOFEIIIIPA , A . zrs
  2. 2. Copyright 2014, Instituto Nacional de Pesquisas da AmazniaPRESIDENTE DA REPBLICA Dilma Vana RousseffMINISTRO DA CINCIA E TECNOLOGIA Cllia Campolina DinizDIRETOR DO INPA Luiz Renato de FranaGOVERNADOR DO ESTADO DO AMAZONAS Jos Melo de OliveiraSECRETRIA DE ESTADO DE CINCIA E TECNOLOGIA Ana Alcdia de Arajo MoraesDIRETORA DA FUNDAO DE AMPARO PESQUISA DO ESTADO DO AMAZONAS Maria OIvia de Albuquerque Ribeiro SimoUNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS Professora Doutora Mrcia Pera/ es Mendes SilvaM966 Muniz,Luciana da Silva Noes dc hidrogcograa:conhecendo o meu Rio Madcira/ Luciana da Silva Muniz,Naziano Pantoja Filizola . Inior.--- Manaus:Editora do INPA,2015. 36 p,: i1, color. ISBN:978-85-211-0141-3 Projeto PRONEXLHdrOgewgraHa.2. Rio Madeira,l.Filizola Jnior,Naziano Pantoja.Il.Titulo. CDD 551.48Editora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amaznia Av.Andr Arajo,2936 - Caixa Postal 2223Cep :69067-375 Manaus-AM,BrasilFax :55 (92) 364273438 Tel:55 (92) 364373223 www. inpa. gov. br e-mail:editora@inpa. gov. br
  3. 3. NO( ES DE HIDROGEOGRAFIA r Conhecendo o meu Rio MadeiraSOBRE OS AUTORESLuciana da Silva Muniz Gegrafa formada pelo Departamento de Geografia do Instituto de Cincias Humanas e Letras da Universidade Federal do Amazonas,Mestra em Geografia Fisica pela Universidade Federal do Amazonas.Professora de Geografia da Secretaria Municipal de Educao de Manaus e professora credenciada de Geografia Fisica da graduao modular do Programa de Formao de Professores- PARFOR/ UFAM. Naziano Pantoja Filizola Junior Gelogo formado pelo Instituto de Geocincias da Universidade de Brasilia (IG/ UnB,1992),Mestre em Geologia Regional (IG/ UnB,1997) e Doutor em Hidrologia & Geologia pela Universidade Paul Sabatier - Toulouse III,Frana (2003).Professor Adjunto de Geografia Fisica (Graduao e Ps-Graduao) na Universidade Federal do Amazonas (UFAM),coordena o Laboratrio de Potamologia Amaznica (LAPA),alm de ser professor colaborador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amaznia (INPA) no Programa de Ps-Graduao em Clima e Ambiente. AgradecimentosAo professor Dr.Flvio Jesus Luizo pelo convite a participao do projeto PRONEX/ FAPEAM Sul doAmazonas; professora Dra.Muriel Saragoussi pela reviso de texto e inmeras sugestes; E aos amigos que colaboraram com sugestes e ajustes de imagens e textos:Amarilis Rodrigues Donald,Edivana Aquino de Souza,Jess Burlamaque,Dra.Maria Terezinha F.Monteiro e Dillings Maqun. CrditosParte dos estudos desta cartilha integram a pesquisa de mestrado "Anlise dos Padres Fluviomtricos da Bacia do Rio Madeira no Brasil" de Luciana da Silva Muniz (MUNIZ,LS. , 2013) executada entre os anos de 20112013 com apoio da FAPEAM e SEMED.Esta pesquisa foi desenvolvida no periodo de vigncia do Projeto PRONEX Sul do Amazonas. 353' f) MANAUS %ipA FW g4 i PHill CIGEQCEIIAFL/ '. CONHECENDO O MEU RIO MADEIRA Luciana da Silva Muniz Naziano Pantoja Filizola JniorManaus AM Dezembro 2014, r magra, ... .' gF a FAPEAMedntoraumi: UUUAAU INSTITUTO mama n:visoumxoAAMAzouiAWin , um u Cl7lCl1,'! (llD| Dl ... .mmL. .
  4. 4. PROJETO: Potencialidades e susceptibilidades ambientais da mesorregio Sul do Amazonas:clima,hidro/ ogia e biogeoquimica numa fronteira de expanso agropecurio e hotspotdebiodiversidade. Coordenador do Projeto:Flvio J.LuizoFinanciamento: Fundao de Amparo Pesquisa do Estado do Amazonas/ FAPEAM Universidade doAmazonas/ UFAMInstituto Nacional de Pesquisas da Amaznia/ INPAPrograma de Grande Escola Biosfera-Atmosfera no Amaznia/ LBAEquipe:DMSc Luciana da Silva Muniz - PARFOR/ UFAM Dr Naziano Pantoja Filizola Junior - UFAM /INPARevisora:Dra.Muriel Saragoussi - FDB/ LBAEditorao eletrnica:Manoel NetoApoia - Editora INPAEditor:Mario Cohn-Ha ft. Produo editorial:Rodrigo Verosa;Shirley Ribeira Cavalcante,Tito Fernandes.Bolsistas:Gabriel de Andrade,Henrique Silva,Izabele Lira,Lucas Almeida,PauloNaranjo,Tiago Nascimento. NOCES DE l-llDROGEOGRAF/ A - Conhecendo a meu Rio MadeiraPARA SABER MAISANA,Agncia Nacional de guas.Dados Hidrolgicos.http: //www. ana. gov. br.Acesso:10/03/2010.CASTRO,A.L,C, ; CALHEIROS,L.B.CUNHA,M.I.R. ; BRINGEL,M.L.N.C.Manual de Desastres:Desastres Naturais.Braslia:Ministrio de Integrao Nacional,2007. 182p. OBT.Coordenao Geral de Observao da Terra/Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais INPE.Imagens de satlite LANDSAT/ TM.http: //www. obt. inpe. br/ . Acesso:12/12/2014.FILIZOLA,N. , GUYOT,J. L.,MOLINIER,M.GUIMARES,V. , OLIVEIRA,E.FREITAS.M. A. Caracterizao hidrolgica da bacia Amaznica.In.RIVAS,A.& FREITAS,C. E.DEC.Amaznia uma perspectiva interdisciplinar,Manaus,Brasil.EDUA,2002. p.33-53. MMA- Ministrio do Meio Ambiente.Caderno da Regio Hidrogrfica Amaznica/Ministrio do Meio Ambiente,Secretaria de Recursos Hdricos.- Braslia:MMA,2006. 124 p. MUNIZ,L.S.Anlise dos Padres Fluviomtricos da Bacia do Rio Madeira - Brasil.Dissertao de mestrado,Universidade Federal do Amazonas - UFAM.FILIZOLA JUNIOR,N.P.(Orientador),2013.146p. NOVO,E.M.Ambientes fluviais.In:FLORENZANO,T.G.(org. ). Geomorfologia:conceitos etecnologias atuais.So Paulo:Oficina de Textos,2008. p 219-247. SANT'ANNA,L.0 maior rio do Mundo.In:Amaznia - Ainda possvel salvar?Grandes Reportagens de O Estado de So Paulo.Nov./ Dez.2007. p.12- 13.SIOLI,H.Amaznia:fundamentos da ecologia da maior regio de florestas tropicais.3a ed.Petrpolis:Vozes,1991. p.46-61.
  5. 5. NOS ES DE HlDROGEOGRAF/ A - Conhecendo o meu Ria MadeiraCom base na anlise dos documentos oficiais,os efeitos dos eventos de cheias e estiagem na bacia do Rio Madeira,em territrio brasileiro,so mais significativos nos municpios do estado do Amazonas do que nos de Rondnia.At 2010, o municipio de Humait no possua registros importantes de eventos extremos.Em 2014, ele foi um dos mais atingido,sendo decretado estado de calamidade pblica por causa da cheia. DEUNO JORNAL:"HUMAIT EST O RETRATO DO CAOS COM A CHEIA (2014) NO RIO MADEIRA. rugas-w-; ujnvf O Municipio de Humait vive um caos nunca antes visto.A cidade que tem 46 mil habitantes est com quase 40% da ' sede submersa e 100% da rea de vrzea,onde moram 2 mil famlias alagada.O municipio o nico do V Amazonas em Estado de Calamidade Pblica.Oito dos 13 bairros foram - inundados e a populao sofre com apages de energia eltrica,falta ~.0 combustiveleatde alimentos". Fato:i.Renato QueirozFonte:MESQUITA,FLORNCIO.A crtica.Portal Amaznia.24 de maro de 2014. Disponivel em:http: //acritica. uoLcom. br/ amazonia/ Humaita-retrato-cheia-Rio-Madera. PARA TERMINAREsta cartilha adota a bacia hidrogrfica como unidade de estudo do meio natural.Apresentamos,de forma introdutria,as caractersticas da Bacia do Rio Amazonas e de sua sub-bacia do Rio Madeira,a partir da tica da Hidrogeografia,que pe em evidncia a relao entre os rios e o ser humano,buscando entender e melhorar a relaoentre os dois. Rios e homens sero cada vez mais teis um ao outro medida em que o ser humano perceber o que j dizia o escritor Amaznida Leandro Tocantins,[. ..] " o rio quem comanda avida na Amaznia! "34SUMRIOApresentao". ... ... ... ... ... Vamos entender o que e' Hidrogeografia Como entender "bacia hidrogrfica em uma area too grande quanto a Amaznia? ... ... ... ... ... ... ... .. 0 que o ciclo hidrolgica?Quais asformas dos rias? ... ... ,.. ... ... ... ... . Quais elementos fazem parte dos rios?Tipos de Rios Amaznicas . ... ... ... ... .....O que e' variabilidade das guas?Estao fluviomtrica. .. Enchentes. .. Vazantesm. .Quais as relaes entre a variabilidade das guas e a sociedade Redes de Monitoramento. .. A maior bacia hidrogrfica do mund Rio Amazonas:maior do mundo . ... ... ... ... .. . . As principais sub-bacias da Bacia Amaznica A variabilidade hidrolgica . ... ... ... . . . A bacia do Rio Madeira. .. Curiosidades sobre a bacia da Rio Madeira Vamos conhecer o Regime Hidralgico do Rio Madeira?O Regime F/ uviomtrico da bacia do Madeira Eventos de cheia e estiagem. ... ... ... ... ... ... . Consequncias sociais dos eventos extremos Para Para saber mais. . Sobre os autores.
  6. 6. NOS ES DE HIDROGEOGRAFIA - Conhecendo o meu Rio MadeiraAPRESENTAOCom a tenso crescente em torno dos recursos hdricos,o nmero de estudos hidrolgicos vem crescendo.Apesar de inmeras instituies e pesquisadores apresentarem resultados acadmicos,estes so pouco conhecidos pelo pblico em geral,primeiro devido dificuldade de acesso s revistas cientficas ou bibliotecas universitrias onde estes estudos ficam armazenados e,em segundo lugar,devido linguagemtcnica formal quedificulta sua compreenso. Esta cartilha produto do Projeto PRONEX - Potencialidades e susceptibilidades da regio Sul do Amazonas s mudanas ambientais e climticas - que inclui trs volumes de divulgao e auxlio ao ensino mdio e superior baseados nas pesquisas sobre os ciclos biogeoqumicos em ecossistemas distintos,a caracterizao climtica e a caracterizao hidrolgica da regio no sul do estado do Amazonas.Elaborada com informaes tcnicas,mas de linguagem acessvel ao pblico alvo de estudantes e comunitrios da regio,espera-se que este material sirva para melhorar a compreenso dos aspectos hidrogrficas e do regimedos rios em geral,eda bacia do Rio Madeira em especial. Neste trabalho o leitor tambm encontrara' noes de procedimentos de mensurao e monitoramento dos rios amaznicos,inclusive sobre como ocorrem os eventosdecheiasesecas no Rio Madeira. Acredita-se que a informao pode motivar uma nova postura frente gesto e uso dos recursos hdricos,bem como alertar sobre as visveis e significativas alteraes ao meio ambiente que esto ocorrendo,ajudando o leitor a reconhecer os processosdestas mudanasesuasconsequncias. 04N05 ES DE HlDROGEOGRAF/ A - Conhecendo o meu Rio MadeiraCONSEQUNCIAS SOCIAIS DOS EVENTOS EXTREMOSCheias e secas,bem como a variabilidade natural do regime hidrolgica,influenciam a vida das pessoas,na zona rural e nas cidades.Situaes diversas ocorrem como:falta d'gua,dificuldades de transporte,e consequentemente a falta de mercadorias no interior,problemas de gerao de energia,inundaes,perdas de plantio,afogamento e outras,resultando em condio de situao de emergncia ou estado decalamidade nos municpios. Os municpios historicamente mais atingidos por eventos extremos de cheias e de estiagens (secas) no Rio Madeira so:Porto Velho,Manicor,Novo Aripuan e Borba(Fig.28).Encontramos estes dados nos registros da Defesa Civil Nacional de enchentes ou inundaes graduais e estiagens.A _ -, ,B "'- emmvum Aux-ruHama.mmMaracan "'*Nwumw .NmaArpnlid g m.-ikm ginga uma -zikmFigura 28. Distribuio dos municpios da bacia do Rio Madeira mais frequentemente afetados pelas cheias em azul (A) e pelas estiagens em bege (B).Fonte:Luciana Muniz,2013.Situao de emergncia e estado de calamidade pblica:so definidas por portarias pelas quais o poder pblico reconhece uma situao de anormalidade,provocada por desastre,causando danos comunidade afetada.A emisso desses documentos pr-requisito essencial para a disposio de recursos financeiros a serem empregados nas aes assistenciais emergenciais de reas afetadas. 33
  7. 7. NOS ES DE HlDROGEOGRAF/ A - Conhecendo o meu Ria MadeiraOs meses em que ocorrem os picos de guas altas foram agrupados em domnios de cheias,constituindo 3 zonas de domnio de guas bem definidas (Fig.27A).Em cada um deles,h uma nica e gradual propagao nas mximas de cotas fluviomtricas de monta nte (parte alta) para jusante (parte baixa) no rio principal.As regies medidas pelas estaes das zonas de domnio l,II,e III apresentam,respectivamente,picos de mximas nos meses de maro,abril e maio. Para as guas baixas (Fig.27 B) verificou-se a existncia de apenas duas regies:Domnio l- guas baixas em setembro para maioria das estaes da bacia;e Domnio II - em outubro,principalmente incluindo as estaes que abrange as reas de jusante do Madeira. EVENTOS DE CHEIA E ESTIAGEMDe acordo com os dados hidrolgicos disponveis,eventos de cheias so mais frequentes na bacia do Rio Madeira do que estiagem.As 4 cheias mais importante para toda a rea da bacia ocorreram nos anos de 1997, 2006, 2009 e 2012. 0 ano que apresentou maiores valores na srie histrica foi o de 1997. O ano que mais sensibilizou a sociedade,no entanto,foi o de 2014, com uma cheia recorde,mas no entre as quatro maiores. Para a Amaznia,a seca de 2010 foi citada como mais drstica que a de 2005. Os dados de nveis dos rios mostraram a mesma intensidade para ambos eventos na bacia do Madeira. Os eventos crticos de cheia e estiagem no se comportam da mesma forma ao longo da calha do Rio Madeira,isso porque existe um efeito reta rdatrio dos picos de cheia e vazante de montante para jusante.Estas caractersticas das variaes do nvel d'gua na Amaznia devem-se a diferena de tempo entre os picos de vazo dos grandes tributrios que provocam um efeito de barramento hidrulico (uma "barragem" formada pelas guas de um rio impedindo que outro rio baixe) e com o armazenamento sazonal de guas em plancies de inundao ou "vrzeas". No curso principal,so observadas diferenas nos nveis desde a parte alta da bacia (montante) at prximo foz (jusante).Na foz do Madeira,ocorre um remanso,ou seja,um barramento hidrulico do Rio Amazonas sobre o Rio Madeira,e com isso as guas vo ficando represadas e se alastram pelas vrzeas medida em que se aproxima da foz. 31NO ES DE HlDROGEOGRAF/ A - Conhecendo o meu Rio Madeira VAMOS ENTENDER O QUE HIDROGEOGRAFIA? !Dentre as muitascincias que estudam a gua doce,seus processose distribuio no planeta,poucas so as que incluem a influncia do ser humano.No entanto,e principalmente quando falamos do ambiente amaznico, evidente a influncia dos rios sobre a vida da populao e cada,_ _ HIDROGEOGRAFIA vez mais evidentes os impactos da Hidrohgia s Homem + Hidrografia atuao da populao sobre os muda a,Emma sistemas aquticos,usando e ''55?5" 5"I'9_ V _ _ da superficie da massas de agua alterando as caracteristicas dos rios.1m e sua a ; ups-mas da - dinmica .' _u_ Terra (fluviais,A Hidrogeografia (Fig.1) e uma (proprkdades acumes abordagem que envolve geografia e iislcas e ocenicas ouA ~ l .. _ . . .circulaao da agua neste caso da numca mmgua dce m) pIaneta' aSSIm mmo das Figura 01. Hidrogeografia - uma abordagem principais consequncias de sua ampla e diferenciadautilizao pelo ser humano.Seus estudos podem ser efetuados em vrias escalas de anlise:global,de bacias hidrogrficas (regional) e local. coMo ENTENDER BACIA HIDROGRFICA" EM UMA REA TO GRANDE QUANTO A AMAZNIA? A bacia hidrogrfica a rea da superfcie terrestre drenada por um rio principal e seus tributrios,tambm denominados de afluentes (Fig.2).Isto quer dizer que dentro de uma bacia hidrogrfica toda a gua que chega,das chuvas e ou de outras fontes,corre pa ra um mesmo rio principal. Divisor de guas/ Canal principal Figura 02. Esquema simplificado de uma bacia hidrogrfica.05
  8. 8. N05 0ES DE HIDROGEOGRAFIA - Conhecendo o meu Rio MadeiraA forma da bacia,ou seja,o seu desenho no terreno, descrito pelos pontos mais elevados (divisores topogrficos) que separam esta bacia de outras e que fazem com que toda a gua escoe para um nico ponto de sada do rio,conhecido por foz,exutrio ou desembocadura. A bacia hidrogrfica um sistema aberto e complexo.Os canais de escoamento transportam,alm da gua,terra (partculas constituintes do solo,sedimentos),folhas decompostas e nutrientes,alm de galhos,troncos e outros detritos orgnicos e inorgnicos carregados pela gua at a desembocadura. Assim,conhecer os fatores que possuem relevncia no ciclo da gua,tambm chamado de ciclo hidrolgica, essencial para analisar o comportamento hidrolgica de uma determinada bacia,incluindo aquilo que transportado pela gua atravs dos rios. o QUE E o cicLo HIDROLGICO? A permanente circulao da gua no planeta chamada de ciclo hidrolgica.Uma das melhores formas de represent-lo por meio do modelo de balano hdrico. O balano hdrico de uma bacia hidrogrfica representa o equilbrio hdrico local a partir das entradas e sadas de gua que l ocorrem (Fig.03).A principal entrada por meio da precipitao (chuvas,neve ou geadas) e as principais sadas a evapotranspirao e o escoamento. O balano hdrico igual a precipitao menos a evaporao,menos o escoamento menos a infiltrao.Sua equao se escreve AH= P-E-R-l_ AH= P-E-R-i Q' P a Precipitao f,E:Evaporao A R =Escoamento f 3 I =infiltrao ' RFigura 03. Esquema simplificado do balano hldrico05 N05 ES DE H/ DROGEOGRAF/ A - Conhecendo o meu Rio MadeiraA maior parte das estaes da Bacia do Madeira registra perodos de enchente nos meses de maro,abril e maio,com pico em abril,e perodo de vazante nos meses de setembro e outubro (Fig.27).Os grficos das estaes fluviomtricas tambm mostraram um nico pico de cheia evazante por ano. Pensando bem!O Rio Madeira pode chegar a mais de 18 m entre a altura mxima de enchente a cheia e a mnima de vazantes - a seca - a altura de um prdio de 6 andares! DOMINIOS DE CHEIAS DOMINIOS DE VZNTES _ V.A _ B jInc ii 4 w I .l ' v" ; v e q** _ f" "i N .i ) > f i . , 7.a - lv i *".m.I '-''"' Ltgondl Q "' sauaaakinrhx- . o sazmadsmux *WWW * ' rap/ mtu M 'M o m : um sem;g ' mms-u 'rum : :um 0* . jmFigura 27. Mapa classificao de dominios de cheias (A) e Dami'nos de vazantes (B) na Bacia do Rio Madeira.Fonte:Luciana Muniz,2013.31
  9. 9. N05 ES DE HIDROGEOGRAFIA - Conhecendo o meu Rio MadeiraO REGIME FLUVIOMTRICO DA BACIA DO MADEIRAPara este tipo de estudo normalmente se utiliza um perodo de 30 anos de dados.No caso,utilizamos o perodo compreendido entre 1980 a 2010, antes portanto da entrada em operao das Usinas Hidreltricas de Jirau e Santo Antnio localizadas em Rondnia. O nvel do Rio Madeira pode chegar a uma diferena de mais de 18 m entre seus perodos de cheia e de seca.Como a bacia do Rio Madeira muito ampla,drenando terrenos com distribuio de chuvas diferenciada,constatamos nas estaes fiuviometricas que a diferena dos nveis entre a mxima de enchente e minima de vazante (a amplitude) maior ao longo desse rio do que nos seus tributrios.O que acontece no canal principal resultado da soma e interao do que acontece em cada um dostributrios. Na Figura 26, podemos ver a variao entre as guas altas (em azul) e baixas (em rosa),registrada na estao de Manicor,abrangendo um raio de 50 km na frente desta cidade,atingindo uma rea de at a 2.313 km'.(Fig.26)"""W 51'3'"W m-nnww cs-nvn-w mnww 5'4B'0"S 5'4B'0"S m-v-s s-a-ms mm- wir-s wii-s wv'cm275o 2550 muiconz 215o2150195017501550 _sem1350_m _masso -. .um 75o55|'0"S 55|'0"Sm ! i2 us iu il51l6 in va v9 im) im m2 Meses EIZI'O"W 61| B'|1"WFigura 26. Imagens de satlite com modelo colorido,mostrando a variao do nivel do Rio Madeira nas anos de 2005 e 2009 em frente cidade de Manicure'.Fonte:Muniz,et al.2013.30 N05 ES DE H/ DROGEOGRAF/ A - Conhecendo o meu Rio MadeiraOs rios so canais de escoamento de gua que permitem sua transferncia,por gravidade,das regies mais altas para as mais baixas.O escoamento fluvial parte integrante do ciclo hidrolgico e sua alimentao se d por meio das guas superficiaisesubterrneas. Os cursos d'gua (rios de todos os tamanhos) so classificados conforme o ordenamento dos canais de escoamento.Os canais de primeira ordem correspondem queles que se localizam nas nascentes dos rios que formam a bacia.So de primeira ordem os cursos que no recebem outros canais de escoamento,ou seja,os rios que no tm afluentes.Assim,as nascentes desguam em outros canais que se diferenciam em ordem hierrquica crescente (do menor para o maior) at chegar ao rio principal,que sempre ser o de maior ordem hierrquica da bacia hidrogrfica (Fig.4). Ampliando o vocabulrio:Geomorfologia:e' o ramo da Geografia Fsica que estuda os processos e as formas relacionadas com o escoamento dos rios.Fluvial:adjetivo,vem do latim "fluviale".Que se refere a rio.Figura 04. Classificao hierrquica de bacias.Segundo Strahler (1954),adaptada de Christofoletti,1980.07
  10. 10. NOS ES DE H/ DROGEOGRAF/ A - Conhecendo o meu Ria Madeira N05 ES DE H/ DROGEOGRAF/ A - Conhecendo a meu Rio Made/ raOs rios so grandes agentes formadores emodificadores do relevo.Eles atuam por meio de 3 processos:eroso,deposio e assoreamento.Cada rio nico. QUAIS AS FORMAS DOS RIOS? A ao do escoamento,ao erodir,depositar e Anastomosado transportar sedimentos,produz canais comEni da Rin umnin saci Anuzomn nn Brnildiferentes desenhos.Cada rio apresenta um tipo, tamanho e volume de acordo com quantidade de material dissolvido por ele transportado desde que passou a existir. RetilneoOs principais padres de canais fluviais so:anastomosado,meandrante,retilneo eanabranching(Fig.05).Os canais anastomosados so formados emcondies especiais altamente relacionados com ID!N HHL ACU ms smci-x FLUVIUNIFFRICAI_ noNuoNiA m maa Mwumui .Paim Nnzgrau | 'i N Viiallelada xl Slhiuludt Ialcndallmilnnrt m( _v ,anuluhui NM k K.,EN Pmwnia : um rm N K JIrPnmn ! IP WYD GROSSOlalvunm 1 AIJ uma Guarha ea.*agem Sucundun sLc Nom Fptrana wr hmm. buno ABU Pano wmv wa - Estaes Fluvlommcls Hvmai HUM Mmimv MAN fazenda visa Alegre FVA i:gm,d.m. , mu" uma Now 01mm ao Numa CIM FTMPIcarga sedimentar (terra e materiais finos) no leito,principalmente quando no possuem fora para levar os sedimentos at o nvel de base final (seu ponto Meandrante mais baixo),criando assim inmeros bancos de Figura U5: Tpas de canais materiais sedimentaresem seu leito.f/ uwms_Os canais retilneos so aqueles cujo trajeto reto,sem se desviar significativamente,da nascente foz. O padro meandrante o mais comum na Amaznia:os rios descrevem curvas sinuosas,largas,harmoniosas e semelhantes entre si,resultado de um trabalho3.a. ; Municipaiscontinuodeerosodasmargensdosrios.Existe ainda,um padro misto de canal denominado de anabranching(anastomosadoe retilneo).Um nico rio pode apresentar diferentes padres devido variao do nvel de guaem determinadas pocas do ano' como O rio Madeira por exemplo' Figura 25. Mapa de localizao de 17 estaes fluviomtricas com dados de boa qualidade, na bacia do Rio Madeira na Brasil.Fonte:ANA,2010.08 29
  11. 11. NO ES DE HlDROGEOGRAF/ A - Conhecendo o meu Ria Madeira VAMOS CONHECER O REGIME HIDROLGICO DO RIO MADEIRA? _. .~-'-'. '.. ,_.Figura 24, Imagens de estaesfluvlamtricas da Rio Madeira - (A) Estao de Porta Velho (RO),(B) estao de Borba (AM),(C) estao de Humait (AM),e (D) estao de Manicure' (AM). Fonte:Muniz,et al.2013.A bacia do Rio Madeira (Fig.23) representada no sistema da rede hidromtrica nacional pelo cdigo 15. At 2014, possuia ao todo 90 estaes de cota fluviomtrica (nivel do rio) (Fig.24) e 48 estaes de vazo.Para determinar o regime hidrolgica desta bacia foram tomadas informaes de 17 estaes (Fig.25) em boas condies,que apresentaram dados permitindo uma avaliao de boa qualidade das principais caractersticas hidrolgicas da regio. 28NO ES DE HlDROGEOGRAF/ A - Conhecendo a meu Rio Madeira Vocsabia?Devido dinmica,variao do nvel,velocidade,volume de gua e carga sedimentar,um rio pode mudar seu curso (caminho).Meandros abandonados no entorno dosriassoaprovadestefenmeno.Os meandros (curvas dos rios) podem se transformar em lagos,como podemos ver na Figura 06. Eles podem seralimentadasduranteosperiodosde enchentesdorio.Figura D6. Meandro abandonado prximo ao Rio Madeira,entre as municpios de Humait e Mancore'.Imagem Landsat de 11/9/2014.Fonte:OST/ INPE,2015,QUAIS ELEMENTOS FAZEM PARTE DOS RIOS? Na paisagem fluvial amaznica,encontramos inmeros elementos e formas,entreos quais destacamos os furos,lagos,parans e igaraps (Fig.O7). Barra LateralIlha Paran Figura 07. Esquema simplificado dos elementos da drenagem amaznica.
  12. 12. NOS ES DE HlDROGEOG/ ?AFIA - Conhecendo o meu Ria MadeiraPopularmente,rios pequenos e mdios so denominados de igaraps;e furos so canais estreitos que ligam um rio a outro ou a um Iago,"cortando" o caminho de um ponto a outro de um meando ou de um meando para outro.So uma espcie de atalho no caminho dos rios e,as vezes,s existem no periodo de cheia (guas altas).Furos so diferentes de parans ou parans,que so braos de rios que contornamilhas,sempre ligados ao mesmo rio.Nem todas as formas so perceptveis primeira vista e,na realidade,podem at ser confundidas.Observe a imagem abaixo (Fig.08). Figura 08. Imagem de satlite do Rio Madeira no municpio de Novo Olinda do Norte.A A Lago,B ~ meandro abandonado,C ~ Ilha e D - Parans em meio a barras laterais de deposio (formas resultantes da deposio de carga sedimentar)Imagem LANDSAT,4/9/2014 Fonte:DST/ INPE,2015.TIPOS DE RIOS AMAZNICOSNos seus primeiros estudos sobre rios Amaznicos,em 1967, Sioli props classifica- los conforme a colorao das suas guas:rios de guas brancas,pretas e claras.Ele descreveu a relao dos rios amaznicos com os tipos de solos e caractersticas florestais que atravessavam.Atualmente,estudos mostram maiorcomplexidade das caracteristicas dos rios amaznicos,principalmente quanto quantidade de carga de sedimentos em suspenso,como resumido na tabela 1.10 N05 ES DE HlDROGEOGRAF/ A - Conhecendo o meu Rio MadeiraA caracteristica mais marcante da sub-bacia do Rio Madeira a quantidade de material em suspenso e descarga slida que leva para o rio Amazonas,fazendo dele o seu principal afluente quanto a estetpico. Os sedimentos e volume de gua do Madeira vm em sua maior parte dos grandes rios andinos que o formam (Fig.23),principalmente os rios Beni e Madre de Dios.No Brasil,escoa sobre terrenos diferenciados entrelaados entre corredeiras (pores dos cha mados cratns neoproterozicos) e terrenos al uviais. A bacia do Madeira apresenta relevo variado com altitudes elevadas na regio Andina (Bolivia),acima dos 6.000 m.No Brasil,desce de altitudes inferiores a 500m,chegando a 30m acima do nivel do mar,em sua foz no Rio Amazonas.O rio Madeira,nas montanhas,tem corredeiras e cachoeiras at chegar ao escudo brasileiro,principalmente prximo a Porto Velho,quando entra na regio da plancie amaznica. Os terrenos aluviais da bacia correspondem aos depsitos sedimentares quaternrios nas reas de plancies que representam estreita faixa no entorno do rio principal.So terrenos jovens do ponto de vista de sua formao geolgica,e,por isto,ainda tm muito material facilmente erodido.A partir dos sedimentos transportados pelos rios,formam-se vrzeas ou plancies de inundao. O Rio Madeira classificado como um rio misto,ou seja,um rio que drena terrenos de montanha,de plataforma e de plancie,alternando com trechos aluviais amplos,e que tem alta carga sedimentar. Pensando bem!A quantidade de carga sedimentar (de fundo e em suspenso) levada pelo Rio Madeira ao Amazonas de 450.000.000 toneladas por ano.Seriam necessrios aproximadamente 1200 navios-cargueiros para carregar todo este sedimento! 27
  13. 13. NOS ES DE HIDROGEOGRAFIA - Conhecendo o meu Ria Madeira0 Rio Madeira se forma ainda na poro andina da Bacia Amaznica (Rios Beni e Madre de Dios).Com o encontro do Rio Mamor pela sua margem esquerda,drena toda bacia Amaznica boliviana em meio a cachoeiras.Sua descarga mdia anual de 31.200 m3/s. Em terras brasileiras torna-se navegvel aps as corredeiras de Santo Antnio no estado de Rondnia at desaguar no grande Amazonas,1.285 km depois.Sua foz principal est a cerca de 50 km da cidade de Itacoatiara (AM). CURIOSIDADES SOBRE A BACIA DO RIO MADEIRAAs propores e contribuies da Bacia do Rio Madeira ja' foram destaque em vrios trabalhos cientficos na Amaznia.Como j dissemos,representa a maior rea de drenagem e maiorcontribuio em vazo para o Rio Amazonas. o quarto maior rio tropical do mundo,atrssomente dograndeAmazonas,doCongoe do Orinoco (Tab.3).0 Rio Nilo e' o segundo maior do mundo em extenso.Todavia,somente as suas cabeceiras esto nos trpicos. Tabela 03. Caractersticas dos 5 maiores rios em sistemas tropicais no mundo. Rio Pak da fo Descarga mdia anual rea de drenagem Qs anual (mt/ s) (103 km1) (105 ton/ ano) Amazonas Brasil 209.000 6.000 1.000 Congo Zaire 40.900 3.700 32,8 Orinoco Venezuela 35.000 950 150 Madeira Brasil 31.200 1.360 450 Negro Brasil 28.400 696 8Fonte:Latrubesse,et al.2005.Ampliando o Vocabulrio Tropical:refere-se a faixa climtica entre os trpicos de Cncer e Capricrnio,onde ocorre a maior incidncia de raios sola res.as anual: a descarga slida ou vazo slida,a quantidade de sedimentos transportados pelo rio. calculada em toneladas por ano (ton/ ano).No caso dos grandes rios apresentados na tabela 3, esta medida to grande que falamos em milhes (105) de toneladasporano. 26N05 ES DE HlDROGEOGRAF/ A - Conhecendo o meu Rio MadeiraTabela 1. Resumo das caractersticas dos tipos de rios amaznicos.Tipo de ., .Origem das 4 .. .gua Rio Tmlco guas pH css (mg. l ) Ambientes luvlals Solimes,. ,. Branca Madeira,:Sggfna 6,6 a 7 >100 ? (22135 mum) Juru e Purus Trombetas,Terrenos rochosos Tapajs e Escudos 5 a 5