Noções Teóricas e Práticas de CAPÍTULO Fotointerpretação · número de espaços de ar porque...

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_________ ___Capítulo 2 – Noções Teóricas e Práticas de Fotointerpretação Noções Teóricas e Práticas de Fotointerpretação 03 CAPÍTULO Neste capítulo você irá compreender alguns conceitos importantes relacionados com o universo da FOTOINTERPRETAÇÃO. Esses conceitos serão de muito importantes para a resolução dos exercícios práticos no final deste capítulo. Os objetivos propostos para esse capítulo são: Noções teóricas de FOTOINTERPRETAÇÃO. Noções práticas de FOTOINTERPRETAÇÃO. 3.1 TONALIDADE FOTOGRÁFICA Denomina-se tonalidade fotográfica ao matiz ou nuance do cinza com que a imagem de um objeto aparece registrada em uma fotografia aérea pancromática preto e branco. O critério da tonalidade pode ser desenvolvido baseado no seguinte: A retina* do globo ocular humano possui células sensíveis às CORES que são chamadas de cones (Figura 3.1). Figura 3.1 As células sensíveis às TONALIDADES são chamadas de bastonetes. Os CONES são sensíveis ao VERMELHO, VERDE E AZUL. Os BASTONETES são sensíveis às nuances do CINZA. As nuances do cinza nada mais são do que 10 matizes do cinzento (Figura 3.2). São dez tonalidades do cinza, tonalidades essas que poderão ser observadas e estudadas nas aerofotos pancromáticas preto e branco. Referidas tonalidades vão do BRANCO ao PRETO, sendo as cores branca e preta os extremos da nuance. Figura 3.2 Pode-se, pois, registrar em uma aerofoto pancromática preto e branco, essas 10 tonalidades, mediante as quais poder-se-á fazer várias interpretações no que diz respeito a SOLO, ÁGUA e VEGETAÇÃO. Evidentemente que o estudo das tonalidades que se faz em uma aerofoto irá depender de uma série de fatores que poderão afetar em muito na tonalidade fotográfica. Dentre esses fatores, os principais são: ____________________________________________________________ . 87

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_________ ___Capítulo 2 – Noções Teóricas e Práticas de Fotointerpretação

Noções Teóricas e Práticas de

Fotointerpretação 03

CAPÍTULO

Neste capítulo você irá compreender alguns conceitos importantes relacionados com o universo da FOTOINTERPRETAÇÃO. Esses conceitos serão de muito importantes para a resolução dos exercícios práticos no final deste capítulo.

Os objetivos propostos para esse capítulo são: Noções teóricas de FOTOINTERPRETAÇÃO. Noções práticas de FOTOINTERPRETAÇÃO.

3.1 TONALIDADE FOTOGRÁFICA Denomina-se tonalidade fotográfica ao matiz ou nuance do cinza com que a imagem de um objeto aparece registrada em uma fotografia aérea pancromática preto e branco. O critério da tonalidade pode ser desenvolvido baseado no seguinte: A retina* do globo ocular humano possui células sensíveis às CORES que são chamadas de cones (Figura 3.1).

Figura 3.1

As células sensíveis às TONALIDADES são chamadas de bastonetes. Os CONES são sensíveis ao VERMELHO, VERDE E AZUL. Os BASTONETES são sensíveis às nuances do CINZA. As nuances do cinza nada mais são do que 10 matizes do cinzento (Figura 3.2). São dez tonalidades do cinza, tonalidades essas que poderão ser observadas e estudadas nas aerofotos pancromáticas preto e branco. Referidas tonalidades vão do BRANCO ao PRETO, sendo as cores branca e preta os extremos da nuance.

Figura 3.2

Pode-se, pois, registrar em uma aerofoto pancromática preto e branco, essas 10 tonalidades, mediante as quais poder-se-á fazer várias interpretações no que diz respeito a SOLO, ÁGUA e VEGETAÇÃO. Evidentemente que o estudo das tonalidades que se faz em uma aerofoto irá depender de uma série de fatores que poderão afetar em muito na tonalidade fotográfica. Dentre esses fatores, os principais são:

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FATORES DO TERRENO: esses fatores são: relevo, solo, rocha, tipo e coloração da vegetação, umidade e matéria orgânica. A reflexibilidade luminosa do objeto é um dos fatores mais importantes neste caso.

FATORES DE ORDEM TÉCNICA: são as característica dos materiais e equipamentos

utilizados: tipo de filme, filtro utilizado nas câmeras; técnicas de exposição e processamento de laboratório.

FATORES CLIMATOLÓGICOS E METEREOLÓGICOS: em que irá influir a estação do

ano em que as aerofotos foram coletadas, e ângulos de elevação do sol. 3.1.1 FATORES DO TERRENO 3.1.1.1 TONALIDADE NA VEGETAÇÃO As diferentes características das associações vegetais: densidade, espécie, altura, diâmetro e forma da copa das árvores, são registradas nas aerofotos por graduações de tonalidades. Não é muito difícil de fazer-se uma separação entre folhosas e coníferas, em virtude de as folhosas tomarem uma coloração bem mais clara do que as coníferas. Justifica-se a cor clara apresentada pelas pelas folhosas, devido a existência de uma super reflectância espectral que as mesmas apresentam, em virtude de seu parênquima lacunoso permitir um maior poder de reflexão dos raios emitidos pelo sol. O mesmo não acontecerá com as coníferas, pois o seu parênquima paliçádico absorve mais os raios luminosos solares (Figura 3.3).

Figura 3.3

Na Amazônia devido ainda à grande densidade de vegetação natural existente, torna-se muito difícil a um fotointerprete fazer a separação dos inúmeros tipos de vegetais aerofotografados. As associações vegetais, por sua vez, estão também condicionadas às condições climáticas da região e ao tipo de aerofoto analisada. São as aerofotos PANCROMÁTICAS COLOTIDAS E INFRAVERMELHAS COLORIDAS em escalas de 1:800 a 1:5000, as que melhor identificam alguns espécimes arbustivos. PROPRIEDADES ESPECTRAIS DAS PLANTAS SUPERIORES As propriedades espectrais das plantas superiores dependem da:

Morfologia das folhas; Estrutura interna das folhas; Composição química; Estado fisiológico; Geometria das plantas (disposição espacial); Etapa de crescimento ou de desenvolvimento na qual encontra práticas culturais;

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Condições climáticas antes e durante o ciclo de vida das plantas.

As folhas absorvem, refletem e transmitem as radiações incidentes seguindo o padrão das células pigmentadas que contêm soluções aquosas. A refletividade das folhas (plantas superiores) é atribuída à estrutura interna das mesmas.

Teoria de WILLSTATE & STOLL (1918): baseia-se na reflexão crítica da r.e.m. nas

paredes celulares (reflexão especular) (Figura 3.4):

Figura 3.4. Esquema da teoria de WILLSTATER & STOLL.

Observação:

Cutícula: difunde bastante e reflete pouco; Tecido palicádico: contém pigmentos (clorofila) e absorve as radiações visíveis; Mesófilo esponjoso: têm muitos espaços inter-celulares os quais refletem r.e.m. Nele

acontecem trocas entre O2 e CO2 (fotossíntese e respiração).

Teoria de SINCLAIR: a refletividade no IV próximo (0,7 – 1,3 μ m) está relacionada com o número de espaços de ar existentes entre células. A refletividade é maior quanto maior é o número de espaços de ar porque as r.e.m. passam com maior freqüência das partes da folha que tem alto índice de refração para aquelas partes que têm baixo índice de refração (Figura 3.5).

Figura 3.5. Esquema da teoria de SINCLAIR.

A r.e.m. atinge a parede celular e é difundida em todas direções na cavidade inter-celular. Exemplo: As folhas de algodão durante o ciclo vital aumenta o número de espaços de ar, aumenta a refletividade e diminui a transmissão. A Figura 3.6 mostra a seção transversal de uma folha mostrando possíveis trajetórias das radiações eletromagnéticas (GATES, 1970).

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Figura 3.6. Seção transversal de uma folha mostrando possíveis trajetórias das radiações

eletromagnéticas (GATES, 1970). 3.1.1.2 TONALIDADE NO SOLO As modificações efetuadas pelo homem referem-se às áreas de recente aração, escavações de terra e terraplenagem, cujas tonalidades poderão ser observadas em um cinzento não muito carregado, ou quase que totalmente esbranquiçada. No caso de a área trabalhada mostrar-se com um cinzento não muito carregado, significará que as aerofotos foram tomadas logo após o término de remoção superficial da terra. Caso a área trabalhada mostre-se com uma tonalidade totalmente esbranquiçada, significará que as aerofotos foram tomadas muito após os trabalhos de campo efetuados pelo homem. Justifica-se essa tonalidade totalmente clara, em virtude da total evapotranspiração superficial sofrida pela área trabalhada (Figura 3.7).

Figura 3.7

Muitos destaques de TONALIDADES levam a analisar fatores do terreno nas aerofotos pancromáticas preto e branco. Dentre tais destaques citam-se os de: A) TONALIDADE UNIFORME: mostra geralmente a cor CINZA CLARA, tendendo quase ao

BRANCO. Essa nuance do cinza poderá indicar os solos arenosos; cascalhos; cursos d’água rasos; estradas; áreas de pasto natural, etc.

B) TONALIDADE BANDEADA: essa tonalidade apresenta grande tendência ao setor

geológico, caracteriza-se por partes claras alternadas por partes escuras. Esse bandeamento mostra os seguintes elementos: a’- falha; b’-diáclase; c’-fratura.

A’- falha: a falha geológica é geralmente motivada pelo fator EROSÃO. Referida erosão provocará a falha ou vale, local esse que costuma receber o acúmulo de materiais férteis. O fundo da falha ou vale se caracteriza por uma mancha cinza escura. Lateralmente à falha, formar-se-ão os morros (Figura 3.8). Caso a área seja destituída de vegetação de grande porte, o topo (cume) do morro tornar-se-á claro, em virtude da lavagem erosiana que vai

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sofrendo. Na fotointerpretação, a falha é observada estereoscopicamente pela altura existente entre os morros. Sempre uma parte será mais alta que a outra. Ao dar-se um corte transversal na formação de uma falha, poder-se-á observar da seguinte maneira.

Figura 3.8

B’- diáclase: na diáclase, a separação das rochas é feita de maneira que a largura do vale formado não é bastante largo como o que foi observado na falha, e as alturas dos morros formados serão aproximadamente idênticas. Geralmente na diáclase a formação é decorrente de rochas eruptivas, em que ao sofrerem o esfriamento foram dotadas de uma contração, rachando-se ao meio. Posteriormente com a erosão, as rochas formadas modelam-se, havendo a formação, entre as mesmas, de um vale não muito largo (Figura 3.9).

Figura 3.9

C’-fratura: a fratura é provocada por tectonismo de abalos sísmicos. Esses abalos sísmicos provocarão um vale profundo e estreito, permanecendo os morros formados em alturas aproximadamente idênticas (Figura 3.10).

Figura 3.10

C) TONALIDADE PONTILHADA: são minúsculas pontuações vistas estereoscopicamente

nas aerofotos (Figura 3.11). Muitos são os elementos que poderão aparecer nas aerofotos dotadas deste tipo de tonalidade. Como exemplo pode-se citar:

• Cercas divisionárias de estacas e moirões; • Cercas divisionárias de lotes; • Formadas por árvores; • Armação de montes de milho, trigo ou outros cereais durante a fase da colheita;

termiteiros e murundus formados por insetos, dos quais pode-se citar formigas e cupins.

Evidentemente que para se decifrar esse tipo de tonalidade, necessário será que se faça uso de aerofotos, cujo valor da escala seja numericamente pequeno. São, por exemplo, as aerofotos coletadas de 1:3000; 1:5000 e 1:8000.

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Figura 3.11

D) TONALIDADE BRANCA NO SOLO: caracteriza o pousio, que significa, em termo espanhol, terra cansada. Muitas vezes esse pousio demonstra um aspecto financeiro em compras de terras, levando-se em consideração que terras cansadas valerão menos. Além do pousio, muitos outros elementos poderão dar tonalidade branca no solo, tais como:

• Neve; • Dunas de areia; • Recifes de corais; • Região de calcáreo, etc.

E) TONALIDADE CINZA ESCURO: Caracteriza a presença de solos úmidos; solos

recentemente lavrados; solos pantanosos; solo trabalhado com matéria orgânica; igarapés e rios estreitos (3.12).

Figura 3.12

3.1.2 FATORES DE ORDEM TÉCNICA Tais fatores são as características dos materiais e equipamentos utilizados no laboratório (tipo de filme, revelação, copiagem, etc). O tipo de filme utilizado, bem como a técnica de traspasse laboratorial do negativo para o positivo, demonstram a tonalidade fotográfica de uma imagem coletada. Havendo esses fatores de ordem técnica, poderá haver variância em tonalidade de uma aerofoto para outra aerofoto, sendo que algumas aerofotos mostram-se com uma tonalidade cinza correta, enquanto que outras poderão se apresentar com uma tonalidade cinzenta bastante carregada. Isto é bastante observado quando se monta o mosaico de uma área aerofotografada. Muitas vezes em um mosaico, nota-se a diferença imediata no que diz respeito à tonalidade de uma ou duas aerofotos. Tais aerofotos poderão vir dotadas de uma tonalidade cinzenta carregada, destacando-se das demais aerofotos, ou, também, poderão estar dotadas de uma tonalidade cinzenta bastante clara, tendendo ao branco. Normalmente essas diferenças de tonalidades, existentes nos positivos de aerofotos, ocorrem durante a passagem laboratorial do negativo para o positivo.

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3.1.3 FATORES CLIMATOLÓGICOS E METEREOLÓGICOS A hora de tomada da aerofoto é um fator muito importante, pois, dependendo desta, haverá uma variação no ângulo de inclinação do Sol e, por conseguinte, nas sombras projetadas pelos objetos aerofotografados. Tanto a hora do dia, como também o mês do ano, em determinadas regiões poderão afetar a tonalidade fotográfica. Fotografias de uma mesma região, tomadas em diferentes estações, podem apresentar contrastes marcantes de tonalidade. A própria posição relativa do Sol também afeta a tonalidade fotográfica. Esta fator deve ser considerado, pois, devido às condições de tempo na tomada da aerofoto, podem ser registradas tons que não correspondem às características reais do solo. Como exemplo observa-se que, após uma chuva, é possível que os materiais sempre registrados por uma tonalidade clara, em condições normais apresentem-se com tons cinza claro ou escuro, devido ao conteúdo superficial de umidade ainda presente. 3.2 CRITÉRIO DOS SISTEMAS DE DRENAGEM Este critério é um dos que fornecem maior número de informações via aerofotogramétrica. Evidentemente que o estudo de referido critério torna-se bastante válido para os filmes pancromáticos preto e branco. A água está relacionada com a capacidade de campo, e a capacidade de campo nada mais é do que o máximo possível de retenção de água no solo. Sabe-se que o solo retém o máximo de água, sendo que o restante escoará por sobre a superfície. Referido escoamento superficial provocará um fator erosional, fator esse que dirá os vários sistemas de drenagem existentes no solo, e que poderão ser observados estereoscopicamente em pares de aerofotos pancromáticas preto e branco. Em análise fotointerpretativa, os sistemas de drenagem são enquadrados em:

Básicos: Modificados.

Os sistemas básicos indicam características especiais de unidades litológicas (estudo de pedras) e estruturais (estudo de morros e montanhas), que não sofreram modificações durante o seu desenvolvimento. Logo, a drenagem que existia a 1.000.000 de anos em uma determinada região permanece sem modificações até os dias atuais. Existem 6 sistemas básicos de drenagem (Figura 3.13), que são:

Arborescente ou dendrítico Retangular Paralelo Parreira ou treliça Radial Anular

3.2.1 ARBORESCENTE OU DENDRÍTICO Dendrítico deriva do grego dendros, cujo significado é árvore. Caracteriza-se por apresentar ramificações semelhantes aos galhos de uma árvore. E o modelo mais comum nas nossas condições, sendo típico dos climas tropicais úmidos. Este modelo de drenagem se forma na presença de rochas que oferecem resistência uniforme na horizontal. Referido sistema de drenagem poderá identificar a presença dos seguintes materiais (Figuras 3.14):

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Figura 3.13

Figura 3.14

3.2.2 RETANGULAR Caracteriza-se por apresentar um bom controle em sua drenagem, com muitos ou poucos ângulos de controle dos drenos são de aproximadamente 90º (Figura 3.15). O sistema de drenagem, sendo retangular, poderá identificar a presença dos seguintes materiais:

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Figura 3.15

3.2.3 PARALELO Referido padrão básico de drenagem caracteriza-se pelo paralelismo existente entre seus afluentes (Figura 3.16). Este tipo de drenagem indicará sistema de falhamento ou diaclasamento; com montanhas distribuídas em seqüência. É um tipo de drenagem correspondente às rochas metamórficas.

Figura 3.16

3.2.4 PARREIRA OU TRELIÇA Referido padrão de drenagem apresenta o aspecto de uma planta trepadeira (Figura 3.17). Este sistema de drenagem encontra-se em regiões muito onduladas, regiões essas em que existem muitas falhas geológicas.

Figura 3.17

3.2.5 RADIAL É caracterizado pela disposição com os quais os afluentes se mostram, partindo todos como se fosse de um só ponto central (Figura 3.18). Normalmente este aspecto radial de drenagem indica a presença de cones vulcânicos (rochas ígneas); nas quais se nota a presença do granito.

Figura 3.18

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3.2.6 ANULAR Tal padrão de drenagem assemelha-se bastante ao padrão radial, todavia, os afluentes dão um aspecto de contorno, como se fossem anéis (Figura 3.18). Geralmente este aspecto anular de drenagem caracteriza a presença de rochas sedimentares.

Figura 3.18

3.3 SISTEMAS MODIFICADOS DE DRENAGEM Para análise fotointerpretativa, citam-se 4 sistemas modificados de drenagem (Figura 3.19):

Subdendrítico Pincer – like Sink – hole Shalow – hole

Figura 3.19

3.3.1 SUBDENDRÍTICO É uma modificação do padrão dendrítico, diferenciando-se deste pela diminuição de sua ramificação e um controle mais sinuoso em seu percurso (Figura 3.20). Desenvolve-se sempre em rochas sedimentares de estratos horizontais. São os solos arenosos.

Figura 3.20

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3.3.2 PINCER – LIKE (formado por pinça) Caracteriza-se por apresentar formatos de pinças em suas cabeceiras. Os afluentes tributários deste sistema de drenagem apresentam-se no formato de semi-arcos (Figura 3.21).

Figura 3.21

3.3.3 SINK – HOLE Tal sistema é característico de solos que se apresentam com infiltrações intensas. Neste sistema, existem várias depressões concêntricas em que a água cai e afunda com grande facilidade (Figura 3.22). São os chamados poços de infiltrações. Geralmente este sistema modificado de drenagem define os solos sedimentares em que nos mesmos existem materiais solúveis, como calcário; gesso e gipsita.

Figura 3.22

3.3.4 SHALOW – HOLE (BURACO RASO) Como o próprio nome indica, vê-se neste sistema a presença de buracos rasos, pelos quais a água também infiltra-se com facilidade (Figura 3.23). É também característico de rochas sedimentares, muito embora o principal sistema de drenagem que leva a identificar esse tipo de rocha seja o sistema arborescente ou dendrítico, já especificado nos 6 padrões básicos de drenagem.

Figura 3.23

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3.4 FATORES QUE CONTRIBUEM PARA A FORMAÇÃO DA REDE DE DRENAGEM SUPERFICIAL

Tais fatores são os seguintes:

Condições climáticas Características físicas do solo Tipo e densidade de vegetação

3.4.1 CONDIÇÕES CLIMÁTICAS Onde chove, há drenagem. Dependendo do tipo de solo da região, a drenagem poderá ser grande ou pequena. Evidentemente que a vegetação e a declividade que o solo apresenta influirão grandemente na formação da rede de drenagem na área. 3.4.2 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DO SOLO Também são responsáveis a formação da drenagem. Partículas consolidadas existentes no solo formarão um tipo de drenagem. Por sua vez, partículas não consolidadas darão um outro tipo de drenagem. Solos dotados de partículas consolidadas (solos argilosos) darão uma drenagem superficial densa (Figura 3.24).

Figura 3.24. Drenagem arborescente ou dentrítica (Solos argilosos)

Solos dotados de partículas não consolidadas (solos arenosos) darão uma drenagem superficial suave (Figura 3.25).

Figura 3.25. Drenagem subdendrítica (Solos arenosos).

3.4.3 TIPO E DENSIDADE DE VEGETAÇÃO No que tange ao tipo de vegetação, pode-se encontrar 3 drenagens superficiais diferentes. DRENAGEM PARA GRAMÍNEAS Em virtude de as gramíneas absorverem menor quantidade de água, haverá grande rede de drenagem superficial e, por conseguinte, um lençol freático interno pequeno (Figura 3.26).

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Figura 3.26

DRENAGEM PARA ARBUSTOS Onde existem arbustos, a rede de drenagem superficial já será menos intensa (Figura 3.27). Os arbustos, ao contrário das gramíneas, absorverão uma quantidade maior de água, proporcionando, com isso, um lençol freático interno um pouco maior.

Figura 3.27

DRENAGEM PARA ÁRVORES Existindo árvores, o poder de absorção da água será bem maior, havendo, por conseguinte, pequena rede de drenagem superficial (Figura 3.28). Neste caso, o lençol freático interno se apresentará com um maior volume d’água e mais próximo à superfície do solo.

Figura 3.28

3.5 ANÁLISE DE TIPOS DE ROCHAS Pela característica da drenagem superficial existente em uma região, poder-se-á analisar tipos de rochas que formam respectiva região. Cada tipo de rocha apresenta-se com uma tendência especial à formação de uma rede de drenagem. Assim é que: Para rochas ÍGNEAS a drenagem será RADIAL (Figura 3.29).

Figura 3.29

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Para rochas SEDIMENTARES a drenagem será ARBORESCENTE ou DENTRÍTICA (Figura 3.30).

Figura 3.30

Para rochas METAMÓRFICAS a drenagem será PARALELA (Figura 3.31).

Figura 3.31

A própria composição mineral da rocha proporcionará a apresentação de um tipo de drenagem superficial. Rochas duras possibilitam uma drenagem superficial mínima, ou mesmo inexistente. É o caso das rochas ígneas. Para referido tipo de rocha, pode-se verificar a formação de um sistema de drenagem radial. Para os materiais aluviais a drenagem já se apresentará com maior intensidade e tomará um novo aspecto. É o que se pode observar nos solos argilosos e solos areno argilosos, em que a drenagem apresenta-se como sendo arborescente ou dendrítica. 2.5.1 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS QUE LEVAM A IDENTIFICAR OS 3 TIPOS DE

ROCHAS: ÍGNEA, SEDIMENTAR E METAMÓRFICA. 2.5.1.1 ROCHAS ÍGNEAS DRENAGEM: Radial e Pincer – like

Radial

Pincer – like Figura 3.32

RELEVO: 2 (dois) declives distintos (Figura 3.33). Ao observar-se estereoscopicamente as aerofotos, ver-se-á montanhas ou morros de vários portes e irregularmente distribuídos.

Figura 3.33

VEGETAÇÃO: Poderá haver uma vegetação uniforme ou uma vegetação de pequeno porte (Figura 3.34). Se estiver-se observando estereoscopicamente a vegetação em solos derivados de rochas ígneas e, notar-se uma queda brusca em altura e densidade das árvores existentes

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em determinadas áreas do terreno, poder-se-á fazer uma análise de que para essas áreas, poderá existir a presença do granito.

Figura 3.34

2.5.1.2 ROCHAS SEDIMENTARES DRENAGEM: Dendrítica (Figura 3.35); sub-dendrítica; parreira; anular; retangular; sink – hole e shalow – hole.

Figura 3.35

RELEVO: Os relevos em solos sedimentares apresentam-se em formatos de estratos; terraços; dunas e cones aluviais (Figura 3.35). Quando o relevo apresenta-se em formato de estratos, estes poderão ser observados em formados ondulados ou plano – horizontais. É o que se pode observar nos desenhos abaixo tracejados.

Estrato ONDULADO

Estrato PLANO-HORIZONTAIS Figura 3.35

VEGETAÇÃO: Em solos sedimentares, poderá existir vegetação de grande, médio e pequeno porte. São vegetações normalmente densas nos argilitos, em regiões semi-áridas e também densas, nos arenitos, em regiões temperadas e tropicais. 2.5.1.3 ROCHAS METAMÓRFICAS DRENAGEM: Paralela e retangular (Figura 3.36)

PARALELA

RETANGULAR Figura 3.36

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RELEVO: Existe certa regularidade e seqüência em sua distribuição (Figura 3.37). As rochas formadas apresentam –se em cadeia e bastante ponteagudas. No respectivo relevo, ao fazer-se a junção das falhas nele existentes, elas se mostrarão em formatos de ângulos quase que aproximadamente retos.

Figura 3.37

VEGETAÇÃO: Poderá existir uma vegetação uniforme, com árvores de médio ou pequeno porte. ESTUDO DE CASOS a) Espigões: os espigões (pontas de cristas/cumeadas de morros) normalmente têm formas

topográficas convexas (Figura 3.38). Exceções relacionam-se a regiões com erosão glacial ou com veios ou camadas muito resistentes a erosão e com mergulhos fortes, originando cristas pontiagudas.

Figura 3.38. Representação esquemática de um “espigão”.

b) Vales em "V": a Figura 3.39 mostra um esquema representativo desta formação de

relevo. ]

Figura 3.39. Representação esquemática de vales em “V”.

c) Vales abertos e em "U": a Figura 3.40 mostra um esquema representativo desta

formação de relevo.

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Figura 3.40. Representação esquemática de vales abertos em “U”.

d) Selas: a Figura 3.41 mostra um esquema representativo desta formação de relevo.

Figura 3.41. Representação esquemática de “selas”.

e) Morros redondos: a Figura 3.42 mostra um esquema representativo desta formação de relevo.

Figura 3.42. Representação esquemática de “morros redondos”.

EXERCÍCIO PRÁTICO 8: PERFIL TOPOGRÁFICO Para estabelecermos um perfil topográfico traçamos sobre uma carta ou mapa um segmento de reta, na direção desejada, que será denominada linha de corte. (Segmento AB da Figura 3.43). Em segundo lugar estabelecemos as escalas horizontal e vertical. A escala horizontal poderá ser a mesma da carta e a vertical será estabelecida a partir de um critério do observador, segundo a movimentação do relevo e o fim a que se destina o perfil. Para uma boa representação do perfil, pode-se adotar para a escala vertical um número 5 a 10 vezes maior que a escala horizontal (Ex: se H = 50.000 e V = 10.000, o exagero vertical será igual a 5).

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_________ ___Capítulo 2 – Noções Teóricas e Práticas de Fotointerpretação

Estabelecida a linha de corte poderemos utilizar dois processos iniciais para lançar os pontos cotados que deverão constar do perfil, medidas acumuladas e “fita de papel”. No primeiro tomamos as medidas das posições dos pontos cotados através de uma régua, que deverá ter sua origem zero colocada em uma das extremidades da linha de corte. A partir daí tomamos as medidas acumuladas dos pontos correspondentes à cota lida na carta. Este procedimento é muito utilizado pois permite efetuar eventuais medidas de modificações na escala horizontal com relativa facilidade (Figura 3.44). O outro processo de determinação utiliza uma fita de papel (colocada tangenciando a linha de corte) na qual marcamos todos os pontos onde a linha referida secciona as curvas de nível, a hidrografia, rodovias, ferrovias, cidades, etc., sem deixar de anotar as cotas correspondentes (Figura 3.44). Utilizados quaisquer desses processos, traçamos em seguida dois segmentos de reta: um horizontal com a mesma medida da linha de corte e outro vertical, perpendicular à primeira linha traçada, onde será lançada a escala vertical. Com as medidas acumuladas ou a “fita de papel” com as cotas marcadas, transferimos para o segmento horizontal as distâncias (Figura 3.45). Os pontos cotados que indicam as alturas serão marcados na linha vertical segundo uma escala previamente escolhida. Completada a operação unem-se todos os pontos cujas alturas foram determinadas através de um traço contínuo, formando uma linha curva polida (desenhada). Teremos assim o traçado de um perfil topográfico.

EXERCÍCIO PRÁTICO 9: PERFIL TOPOGRÁFICO PARA A BACIA HIDOGRÁFICA DO RIO TURVO SUJO, VIÇOSA, MG

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_________ ___Capítulo 2 – Noções Teóricas e Práticas de Fotointerpretação

PRÁTICA 2PRÁTICA 2: Gerando o modelo numérico do terreno (MNT) para o quadrante à qual a Bacia Hidrográfica do Rio Turvo Sujo insere-se.

Abra o ArcMap e siga os passos a seguir, utilizando os arquivos disponibilizados pelo professor.

1. Clique no botão Add Data da barra de ferramentas Standard e adicione o shapefile curvasnivel_brts localizado no diretório ProjetoBRTS (C:\ ProjetoBRTS) e clique sobre o botão Add.

2. Na tabela de conteúdos, clique com o botão direito do mouse sobre a layer

curvasnivel_brts e, na janela de menu rápido, clique sobre a opção Open Attribute Table. Na tabela que se abrirá, observe que o campo que contém a cotas altimétricas que desejamos interpolar para gerar o MNT chama-se ELEVATION. Então, feche a tabela.

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_________ ___Capítulo 2 – Noções Teóricas e Práticas de Fotointerpretação

3. Se o ArcMap não apresenta as barras de ferramentas Spatial Analyst e 3D Analyst, clique

sobre o menu View, aponte para Toolbar e clique sobre estas barras de ferramentas para disponibiliza-las no ArcMap.

3. Se o ArcMap não apresenta as barras de ferramentas Spatial Analyst e 3D Analyst, clique sobre o menu View, aponte para Toolbar e clique sobre estas barras de ferramentas para disponibiliza-las no ArcMap.

4. Clique sobre o menu 3D Analyst, aponte para Create/Modify TIN e clique sobre a opção

Create TIN From Features.

5. Na janela Create TIN From Features, marque a layer curvasnivel_brts e no dropdow da

opção Height Source (Origem da altitude), escolha o campo ELEVATION. No dropdown da opção Triangulate as escolha a opção mass point (pontuação em massa). Na caixa de entrada Output TIN, digite o nome mnt_tin dentro do diretório de trabalho (C:\ProjetoBRTS\mnt_tin). Então, clique sobre o botão OK.

Após o processamento, você deverá visualizar o modelo numérico do terreno (MNT) para o quadrante à qual a Bacia Hidrográfica do Rio Turvo Sujo insere-se. Observa-se na legenda que a menor cota altimétrica é 440 m e a maior é 1000 m.

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_________ ___Capítulo 2 – Noções Teóricas e Práticas de Fotointerpretação

OBS: Utilize a ferramenta Identify e clique em pontos alternados sobre o MNT e observe que qualquer ponto do mapa agora é representado por uma cota altimétrica.

Agora você irá calcular o perfil topográfico seguindo as seguintes etapas: 6. Na barra de ferramenta 3D Analyst, clique sobre a ferramenta Interpolate Line e,

posteriormente, clique com o botão esquerdo do mouse sobre a parte de baixo da área deestudo e arraste o mouse até a parte superior da área e, então, dê um clique duplo paraterminar a linha.

7. Na barra de ferramenta 3D Analyst, clique sobre a ferramenta Create Profile Graph .

Então, observe o perfil topográfico gerado.

6 7

8. Clique com o botão direito do mouse sobre a barra de título da janela Profile Graph Title e, na janela de menu rápido, clique sobre a opção Show on Layout. Logo, o perfil topográfico será exibido na página de layout.

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_________ ___Capítulo 2 – Noções Teóricas e Práticas de Fotointerpretação

8

9. Feche a janela Profile Graph Title. 10. Feche a barra de ferramentas 3D Analyst.

are o layout final do mapa.

ÇÃO DA HIDROGRAFIA

hidrológico fechado, uma onstante. Entretanto, é comum o estudo, pelos hidrólogos, de subsistemas abertos.

rtância prática devido a

HARBAUGH e KNAPP (1972), bacia hidrográfica é uma área definida ada por um curso d’ água ou um sistema conectado de cursos d’ água,

.6.2.1. DIVISORES DE ÁGUA

recipitações em bacias vizinhas, ncaminhando o escoamento superficial para um ou outro sistema fluvial.

ra 3.46):

9 10

Após os conhecimentos adquiridos, prep 2.6. ANÁLISE E INTERPRETA

2.6.1. INTRODUÇÃO

O ciclo hidrológico, se considerado de maneira global, pode ser visto como um sistema vez que a quantidade total da água existente em nosso planeta é

c A bacia hidrográfica destaca-se como região de efetiva impoimplicidade de que oferece na aplicação do balanço hídrico. s

.6.2. A BACIA HIDROGRÁFICA 2

Segundo VIESSMAN,

pograficamente, drentodispondo de uma simples saída para que toda vazão efluente seja descarregada. 2 O primeiro passo a ser seguido na caracterização de uma bacia é, exatamente, a delimitação

e seu contorno, ou seja, a linha de separação que divide as pde

ão 3 os divisores de uma bacia (FiguS

Geológico Freático Topográfico

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_________ ___Capítulo 2 – Noções Teóricas e Práticas de Fotointerpretação

Dadas as dificuldades de se efetivar o traçado limitante com base nas formações rochosas (os ento sistemático e a água precipitada pode escoar antes

e infiltrar) e no nível freático (devido as alterações ao longo das estações do ano), o que se estratos não seguem um comportamdfaz na prática é limitar a bacia a partir de curvas de nível, tomando pontos de cotas mais elevadas para comporem a linha da divisão topográfica.

Figura 3.46. Esquema de uma bacia hidrográfica com o seu divisor topográfico e freático. 2.6.2.2. CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DE UMA BACIA As características físicas de uma bacia compõem importante grupo de fatores que influem no escoamento superficial. A seguir, faremos, de forma sucinta, uma abordagem de efeitos relacionados a cada um deles, tendo como exemplo os dados da Bacia do Rio Turvo Sujo, pertencente à bacia hidrográfica do Rio Doce, compreendida entre as coordenadas geográficas 42o40’ e 43o00’ de longitude Oeste e 20o39’ e 20o55’ de latitude Sul, abrangendo parte dos municípios de Viçosa, Cajuri, Coimbra, Teixeiras e Guaraciaba, no Estado de Minas Gerais

igura 3.47 e 3.48). Esta bacia foi utilizada pelo professor Alexandre Rosa dos Santos para a al da

a do Rio Turvo Sujo, micro-região de Viçosa, MG”).

.6.2.2.1. ÁREA DE DRENAGEM

rmato. É evidente que este rmato tem uma influência sobre o escoamento global; este efeito pode ser mais bem

emonstrado através da apresentação de 3 bacias de formatos diferentes, porém de mesma o de mesma intensidade (Figura 3.49) . Dividindo-as em

egmentos concêntricos, dentro dos quais todos os pontos se encontram a uma mesma

acia de formato B precisará de 5 horas e a C, de 8,5 horas. Assim a água erá fornecida ao rio principal mais rapidamente na bacia B, depois em C e A, nesta ordem.

rma de uma bacia hidrográfica por meio de índice numérico não tarefa fácil. Apesar disto Gravelius propôs dois índices:

(Frealização de sua tese de Doutorado (Caracterização morfológica, hidrológica e ambientbacia hidrográfic 2 A área de uma bacia é a área plana inclusa entre seus divisores topográficos. É obtida com a utilização de um planímetro ou por meio de um SIG. A bacia do Rio Turvo Sujo tem uma área de 406.437 Km2 . 2.6.2.2.2 FORMA DA BACIA Após ter seu contorno definido, a bacia hidrográfica apresenta um fofodárea e sujeitas a uma precipitaçãsdistância do ponto de controle, a bacia de formato A levará 10 unidades de tempo (digamos horas) para que todos os pontos da bacia tenham contribuído para a descarga (tempo de concentração). A bs Exprimir satisfatoriamente a foé

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_________ ___Capítulo 2 – Noções Teóricas e Práticas de Fotointerpretação

RIO TURVO SUJO

Figura 3.47. Localização da bacia hidrográfica do rio Turvo Sujo.

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_________ ___Capítulo 2 – Noções Teóricas e Práticas de Fotointerpretação

Figura 3.48. Bacia hidrográfica do Rio Turvo Sujo, micro-região de Viçosa, MG.

Figura 3.49. O efeito da forma da bacia hidrográfica (Fonte: WILSON, 19569).

. COEFICIENTE DE COMPACIDADE (KC)

um círculo de área igual a da bacia:

A É a relação entre os perímetros da bacia e de

r2PKcπ

= eq.1

om, c

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_________ ___Capítulo 2 – Noções Teóricas e Práticas de Fotointerpretação

π=∴=π

Ar Ar2 eq. 2

Substituindo eq.2 na eq. 1, temos:

AP0,28Kc

A2

PKc =∴

ππ

= eq. 3

Em que, P = Perímetro (medido com o curvímetro ou um SIG e expresso em Km); A = Área da bacia (medida com o planímetro ou um SIG, expressa em Km2 ). Um coeficiente mínimo igual a 1 corresponderia à bacia circular; portanto, inexistindo outros fatores, quanto maior o Kc menos propensa à enchente é a bacia. A bacia hidrográfica do Rio Turvo Sujo apresenta os seguintes dados: A = 406,437 Km2

P = 140,930 Km2

Assim,

957,1406,437

140,93028,0A

P0,28Kc ===

Concluiu-se, então que esta bacia não é susceptível a enchentes. B. FATOR DE FORMA (KF) É a relação entre a largura média da bacia ( L ) e o comprimento axial do curso d’ água (L). O comprimento “L” é medido seguindo-se o curso d’ água mais longo desde a cabeceira mais distante da bacia até a desembocadura. A largura média é obtida pela divisão da área da bacia pelo comprimento da bacia.

LAL mas ,

LLKf == eq. 4

Então,

2LAKf = eq. 5

Este índice também indica a maior ou menor tendência para enchentes de uma bacia. Uma bacia com Kf baixo, ou seja, com o L grande, terá menor propensão a enchentes que outra com mesma área, mas Kf maior. Isto se deve a fato de que, numa bacia estreita e longa (Kf baixo), haver menor possibilidade de ocorrência de chuvas intensas cobrindo simultaneamente toda a sua extensão. A bacia hidrográfica do Rio Turvo Sujo apresenta os seguintes dados: A = 406,437 Km2

L = 145,857 Km

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_________ ___Capítulo 2 – Noções Teóricas e Práticas de Fotointerpretação

Assim, Assim,

019,0857,145437,406

LAKf

22===

Concluiu-se, então que esta bacia não é susceptível a enchentes. C. O SISTEMA DE DRENAGEM O sistema de drenagem de uma bacia é constituído pelo rio principal e seus efluentes; o padrão de seu sistema de drenagem tem um efeito marcante na taxa do “runoff”. Uma bacia bem drenada tem menor tempo de concentração, ou seja, o escoamento superficial concentra-se mais rapidamente e os picos de enchente são altos. A Figura 3.50 os tipos de densidade de drenagem.

a. Esparsa. b. Média. c. Densa.

Figura 3.50. Densidade de drenagem. Existe uma grande variedade de padrão de drenagem, ocasionando assim uma grande confusão para sua classificação. Pode-se dividir os padrões de drenagem em três grupos diferentes (Figura 3.51): a) terrenos aluviais; b) zonas de erosão, onde se observa pouco ou nada da influência estrutural sobre a rede de drenagem; c) zonas de erosão, onde a influência estrutural é evidente.

Figura 3.51. Os principais padrões de drenagem.

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As características de uma rede de drenagem podem ser razoavelmente descritos pela ordem dos cursos d’ água, densidade de drenagem, extensão média do escoamento superficial e sinuosidade do curso d’ água. D. ORDEM DOS CURSOS D’ ÁGUA A ordem dos rios é uma classificação que reflete o grau de ramificação dentro de uma bacia. Existe dois critérios para se determinar a ordem dos cursos d’água: a) Classificação proposta por HORTON (1945): nesta classificação os canais de primeira

ordem não possuem tributários, os canais de segunda ordem têm afluentes de primeira ordem, os canais de terceira ordem recebem afluentes de canais de segunda e podem receber diretamente canais de primeira ordem e assim por diante. Nesta classificação, a maior ordem é atribuída ao rio principal, valendo esta designação em todo o seu comprimento, desde o exutório da bacia até sua nascente (Figura 3.52).

Figura 3.52. Classificação hierárquica da rede de drenagem de acordo com o critério de

HORTON (1945). b) Classificação proposta por HORTON e modificado por Strahler: designam-se todos os

afluentes que não se ramificam (podendo desembocar no rio principal ou em seus ramos) como sendo de primeira ordem. Os cursos d’ água que somente recebem afluentes que não se subdividem são de segunda ordem. Os de terceira ordem são formados pela reunião de dois cursos d’ água de segunda ordem, e assim por diante (Figura 3.53).

A Figura 3.54 apresenta o mapa de hidrografia (classificação de HORTON, 1945) da bacia hidrográfica do rio Turvo Sujo. Observa-se que o rio principal (ordem 6) aparece em destaque, sendo que seu movimento se dá da direção Sudeste para Noroeste da bacia. A ordem do rio principal mostra a extensão da ramificação da bacia.

Figura 3.53. Classificação proposta por Strahler.

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_________ ___Capítulo 2 – Noções Teóricas e Práticas de Fotointerpretação

Figura 3.54. Hidrografia da bacia hidrográfica do rio Turvo Sujo, micro-região de Viçosa, MG.

E. DENSIDADE DE DRENAGEM (DD)

A densidade de drenagem (Dd) é o índice que indica o grau de desenvolvimento do sistema de drenagem, ou seja, fornece uma indicação da eficiência da drenagem da bacia. A densidade de drenagem é definida pela relação entre o somatório dos comprimentos de todos os canais da rede e a área da bacia. Segundo VILLELA & MATTOS (1975), este índice varia de 0,5 km/km2 para bacias com drenagem pobre a 3,5 ou mais para bacias bem drenadas. Este índice pode ser determinado utilizando-se da seguinte equação:

AL

Dd t= eq. 6

Em que, Lt = somatório dos comprimentos de todos os canais da rede (Km). Para a bacia hidrográfica do Rio Turvo Sujo, temos os seguintes dados: Lt = 1883,336 Km; A = 406,437 Km2. Então,

634,4437,406336,1883

AL

Dd t === Km/Km2

Conclui-se que a bacia hidrográfica do Rio Turvo Sujo apresenta uma boa densidade de drenagem. F. CURVA HIPSOMÉTRICA DE UMA BACIA HIDROGRÁFICA Representa o estudo da variação da elevação dos vários terrenos da bacia com referência ao nível do mar. Esta curva é traçada lançando-se em sistema cartesiano a cota versus o

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percentual da área de drenagem com cota superior; para isto deve-se fazer a leitura planimétrica parceladamente. Os dados serão dispostos em um quadro de distribuição de freqüência. O Quadro 1 mostra os resultados dos cálculos necessários para a geração da curva hipsométrica da bacia hidrográfica do Rio Turvo Sujo mostrada na Figura 3.55. 3.0. Exercícios práticos do capítulo 3 EXERCÍCIO 1 Calcule o coeficiente de compacidade de uma bacia que apresenta área de 300 km2 e perímetro de 125 Km. De acordo com o resultado a bacia é susceptível ou não à ocorrência de enchentes. Explique. Quadro 1. Curva hipsométrica da bacia hidrográfica.

1 2 3 4 5 6 7

COTAS Ponto médio

(m)

Área (km2)

Área acumulada

(km2)

% % acumulada

Coluna 2 X

Coluna 3 939 – 920 930 0,076 0,076 0,019 0,019 70,680 919 – 900 910 0,084 0,160 0,021 0,040 76,440 899 – 880 890 1,195 1,355 0,294 0,334 1063,550 879 – 860 870 2,197 3,552 0,541 0,874 1911,390 859 – 840 850 2,458 6,010 0,605 1,479 2089,300 839 –820 830 9,288 15,298 2,285 3,764 7709,040 819 – 800 810 7,484 22,782 1,841 5,606 6062,040 799 – 780 790 42,717 65,499 10,510 16,116 33746,430 779 – 760 770 52,941 118,440 13,026 29,141 40764,570 759 – 740 750 39,979 158,419 9,836 38,978 29984,250 739 – 720 730 85,623 244,042 21,067 60,045 62504,790 719 – 700 710 33,782 277,824 8,312 68,356 23985,220 699 – 680 690 67,465 345,289 16,599 84,955 46550,850 679 – 660 670 40,808 386,097 10,040 94,996 27341,360 659 – 640 650 20,340 406,437 5,004 100,000 13221,000

TOTAL 406,437 297080,910

m 940,730437.406

297080,910média Altitude ==

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640660680700720740760780800820840860880900920940

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Porcentagem acumulada (%)

Cot

as (m

)

Altitude máxima = 940 mAltitude mínima = 660 mAltitude média = 730,940 mAltitude mediana = 728 m

Figura 3.55. Curva hipsométrica da bacia hidrográfica.

EXERCÍCIO 2 Uma bacia hidrográfica apresenta área de 250 Km2 e comprimento do rio principal de 95 Km. Para estas condições, calcule o valor do coeficiente de forma desta bacia. De acordo com o resultado, a bacia é susceptível ou não à ocorrência de enchentes. Explique. EXERCÍCIO 3 Classifique os cursos d’água abaixo de acordo com a hierarquia fluvial proposta por Strahler.

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EXERCÍCIO 4 Uma bacia hidrográfica apresenta área de 280 Km2 e comprimento total dos cursos d’água de 1300 Km. Para estas condições, calcule a densidade de drenagem desta bacia. De acordo com o resultado, a bacia é susceptível ou não à ocorrência de enchentes. Explique. EXERCÍCIO PRÁTICO 10: PRODUÇÃO DE MOSAICO DIGITAL SEMI-CONTROLADO A PARTIR DE AEROFOTOS NÃO-CONVENCIONAIS PARA PLANEJAMENTO RURAL E URBANO � Joanito A. Oliveira (1); João Luiz Lani (2); Elpídio Inácio F. Filho (3); Sérvulo B. de Rezende(2). (1) UFV/DEC. Curso de Eng. de Agrimensura, [email protected]; (2) DPS/UFV, Viçosa- MG, 36.570-000, Brasil, [email protected] (3) DPS/UFV, Viçosa-� MG, 36.570-000, Brasil, [email protected] Palavras chave: Mosaico semi-controlado, aerofotos não-convencionais, planejamento, Uso da terra Há relatos de que a aerofotogrametria já era realizada desde o século XIX, recebendo um grande impulso com a ocorrência das Primeira e Segunda Guerras Mundiais, onde o reconhecimento aéreo era fundamental no planejamento das ações militares. A fim de melhorar a precisão do aerolevantamento, desenvolveram-se tecnologias fotográficas para evitar a ocorrência de deformações nas imagens, tais como: ótica com correção de esfericidade, plataforma giroscópica estabilizada, câmara de vácuo, registro das informações de vôo no próprio negativo e outras. As máquinas fotográficas de pequeno formato tiveram uma grande evolução nestes últimos anos, passando a contar com óticas dotadas de correção de deformação de esfericidade (USM) e o surgimento de filmes de grão pequeno e de grande sensibilidade. As informações geográficas, obtidas pelas diferentes formas de mapeamento, dão base à realização de análises espaciais que se destinam à compreensão e à descrição da organização e da gestão do território nacional (IBGE, 1996). Este trabalho tem como objetivo a obtenção de um mosaico semi-controlado digital, utilizando fotografias aéreas não-convencionais de baixo custo, no intuito de auxiliar mais diversas atividades de planejamento, caracterização, monitoramento e obtenção de informações sobre a paisagem . Como o recurso financeiro é sempre escasso, torna-se pouco provável para pequenas prefeituras almejarem um planejamento adequado para o desenvolvimento do município, em muitos casos, simplesmente, por desconhecerem seu próprio território. Assim, o mosaico poderá ser um elemento eficaz e econômico ao desenvolvimento municipal e até regional. Nos últimos anos tem-se tornado popular a obtenção de fotografias aéreas de pequeno formato (FAPEF) para aplicações relacionadas com meio ambiente, engenharia e planejamento DISPERATI (1991). Ele afirma que tais fotografias são utilizadas, analisadas e interpretadas para o trabalho de compilação de mapas topográficos e, ou, temático. A aplicação da FAPEF tem sido mais intensa no mapeamento temático, em diversos assuntos relacionados à geologia, uso dos solos urbano e rural, florestas, geografia, arqueologia e estudo de regiões costeiras, etc. Todavia, já existem estudos procurando avaliar a potencialidade das FAPEF para mapeamento topográfico, como meio de obtenção de dados para sistemas de informações geográficas e produção de modelos digitais de terreno. A área escolhida para executar o trabalho foi no município de Viçosa, especificamente, no Campus da Universidade Federal de Viçosa. Utilizou-se fotografias do levantamento aéreo, executado pelo NEPUT (Núcleo de Estudos de Planejamento e Uso da Terra), da Universidade Federal de Viçosa em 1999. As fotografias em cores, escala 1: 10.000, foram obtidas a partir de uma câmara Hasselblad (modelo 553 ELX

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grande angular, abertura angular de 75º 45”, com uma lente de 50 mm de distância focal e filme de 70 mm). A câmara foi acoplada à fuselagem de um avião, modelo CESSNA 182-Skylane. No auxilio da navegação foi utilizado o GPSMAP 190, GARMIN e para aquisição dos pontos de controle utilizou-se GPS, GARMIN III. Separou-se três linhas de vôo com oito fotos cada uma, que foram escaneadas com resolução de 300 dpi. Para confecção do mosaico, utilizou-se o software PanaVue Visual Stitcher Version 2.0. A correção geométrica do mosaico foi executada no software ArcInfo 8.1 e para a montagem do layout utilizou-se software ArcView 3.1.Para efetuar todo o trabalho foi utilizado um computador Pentium II 400 MHZ, com 12 GB de winchester e 256 MB de memória RAM. Foram efetuados sobrevôos no município para a obtenção das fotos com negativo colorido na escala de 1:40.000, que foram ampliadas e reproduzidas em papel na escala 1:10.000. No auxilio da navegação foi utilizado o GPSMAP 190, GARMIN. Após a fase de campo, selecionou-se duas linhas de vôo, “1” e “2”, que cobrem parte da Universidade Federal de Viçosa - MG. Os números de fotos que compõem cada linha de vôo são os seguintes: linha “1” (nove), linha “2” (nove). No total, foram utilizadas 10 fotografias em cores, que se encontram na forma de copiões (fotografia revelada através do contato entre o papel fotográfico e o negativo, menores distorções na revelação), com tamanho de 8,0 x 8,3 cm. Escaniou-se os copiões num scanner Hp ScanJet 4C, com 300 dpi de resolução, gerando arquivos com 1,7 MB de tamanho. As imagens foram trabalhadas no Adobe Photoshop, cortando-as lateralmente um cm, com o objetivo de diminuir a sobreposição, visto que o excesso de sobreposição prejudica elaboração do mosaico. Posteriormente, as imagens foram abertas no Visual Stitcher, que permite a confecção de mosaicos a partir de um conjunto de fotografias (Figura 1). Neste processo, as fotografias foram abertas em pares, uma ao lado da outra. O operador seleciona e marca dois pontos coincidentes entre as duas fotografias. Marcados os pontos coincidentes, o programa efetua a sobreposição das fotos e este processo normalmente deve ser repetido até que se encontre uma sobreposição de maior coerência. Deste modo, iniciou-se a montagem das linhas de vôo. �

Figura 1.Esquema que permite a confecção de mosaicos a partir de um conjunto de

fotografias� Fez-se necessário a união das fotografias em blocos menores e depois agregou-se uns com os outros, até formar o mosaico final. Esses agregados foram esquematizados da seguinte maneira: Na linha de vôo “1” utilizou-se fotografias no intervalo da segunda até a quinta, sendo que na linha de vôo “2” o intervalo foi de primeira até a sexta fotografia (Figura 2). Com elas montadas, o próximo passo foi sobrepô-las, sendo um processo demorado, devido algumas variações de altitude da aeronave, podendo, possivelmente, encontrar certa diferença de escala nas fotos.

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� Figura 2. Fotografias utilizadas na confecção do mosaico.�

O processo de correção geométrica do mosaico iniciou-se com aquisição de 25 (vinte e cinco) pontos de controle, utilizando o método de receptores Garmin 100 SRVYII (GPS diferencial). Após essa fase, utilizou o software ARC INFO 8.1 (ESRI) para o georeferrenciamento. Dos 25 pontos de controle, 13 foram eliminados, pois acarretavam em erros elevados, provavelmente devido ao baixo sinal do satélite. Após esta etapa, obteve-se o mosaico semi-controlado que serviu como uma base cartográfica para confeccionar os diversos mapas digitais e impressos tais como: uso atual, solos, cobertura vegetal, áreas de instabilidade, rede de drenagem, localização de aterros sanitários que serão úteis no planejamento do município. Devido a algumas distorções de cores e tonalidades, o mosaico foi processado no software Adobe Photoshop para fazer as reparações. Com as últimas reparações efetuadas, foi utilizado o Arc View3.2 (ESRI) para fazer a montagem do layout (Figura 3). Quanto aos custos do trabalho de montagem do mosaico digital semi-controlado, utilizando fotos aéreas não-convencionais, pode-se dizer que varia de acordo com o tamanho da área a ser sobrevoada. Este custo não cresce proporcionalmente com a medida da área, pois existe um valor fixo de gastos, como, por exemplo, o deslocamento do avião até a área que será fotografada. Com o uso de fotografias em cores, o trabalho do fotointérprete é facilitado, já que se conta com o critério adicional da cor. Quanto ao filme, o tipo utilizado é o reversível, apresentando-se sensível a todas as cores do espectro, reproduzindo quase que fielmente as cores vistas pelo olho humano. O filme reversível, dependendo do processamento, pode produzir transparências ou cópias e sua sensibilidade em relação ao espectro eletromagnético está entre 0,4 e 0,7m. A inovação do projeto foi a utilização do software PanaVue Visual Stitcher Version 2.0, que apesar de não ter sido desenvolvido para trabalhar especificamente com fotografias aéreas, mostrou-se eficiente para tal, já que na maior parte do mosaico não se identifica a linha de união das fotografias Sem uma base cartográfica confiável torna-se inviável a aplicação da fotografia área de pequeno formato em meio digital, a menos que sejam materializados e devidamente sinalizados pontos de controles, bem como a obtenção de suas coordenadas.

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Figura 3. Layout do mosaico utilizando Arcview 3.2�

� Referências DISPERATI, A.A. Obtenção e uso de fotografias aéreas de pequeno formato. Curitiba: UFPR/FUPEF, 1991. 290p. GARCIA, Gilberto José. Sensoriamento remoto: princípios e interpretação de imagens. São Paulo. Ed . Nobel. 1982. 334p IBGE. A DGC no contexto do IBGE – plano de trabalho 1996. Rio de Janeiro: IBGE, 1996. 12p. IBGE. A DGC no contexto do IBGE – plano de trabalho 1996. Rio de Janeiro: IBGE, 1996. 12p. REZENDE, S.B. de Levantamento de solo e uso atual, erosão e cobertura vegetal de três microbacias, no vale do rio Turvo Sujo com a utilização de aerofotos não-convencionais. Viçosa, MG: UFV, 1986. 13p.

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