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TERMO DE APROVAÇÃO NOELE ALVES DORNELLES ”98 na rede”: Um estudo sobre os Gêneros opinativos e informativos Trabalho de conclusão de curso aprovado com nota 7,0 como requisito parcial para a obtenção do grau de bacharel em Jornalismo pelo UniBrasil Centro Universitário, mediante banca examinadora composta por: Prof.Orientador(a) e Presidente: Rodolfo Stancki Prof.(a) Maura Martins Prof.(a) Hendryo André Curitiba, 16 de Março de 2015.

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TERMO DE APROVAÇÃO

NOELE ALVES DORNELLES

”98 na rede”: Um estudo sobre os Gêneros opinativos e informativos

Trabalho de conclusão de curso aprovado com nota 7,0 como requisito parcial

para a obtenção do grau de bacharel em Jornalismo pelo UniBrasil Centro

Universitário, mediante banca examinadora composta por:

Prof.Orientador(a) e Presidente: Rodolfo Stancki

Prof.(a) Maura Martins

Prof.(a) Hendryo André

Curitiba, 16 de Março de 2015.

CENTRO UNIVERSITÁRIO AUTÔNOMO DO BRASIL – UNIBRASIL

ESCOLA DE COMUNICAÇÃO

NOELE ALVES DORNELLES

“98 na rede”: Um estudo sobre os Gêneros opinativos e informativos

CURITIBA

2015

NOELE ALVES DORNELLES

“98 na rede”: Um estudo sobre os Gêneros opinativos e informativos

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito para a obtenção de grau de Bacharel em Jornalismo à Escola de Comunicação do Centro Universitário Autônomo do Brasil - UniBrasil.

Orientador: Prof. Msc. Rodolfo Stancki

CURITIBA

2015

“ Tudo o que acontece no universo tem uma razão de ser; um objetivo. Nós como

seres humanos, temos uma só lição na vida: seguir em frente e ter a certeza de que apesar de as vezes estar no escuro, o sol vai voltar a brilhar”.

Dulce Espinoza

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho para o meu pai Davio Ernesto Dornelles

AGRADECIMENTOS

Quero agradecer a toda a minha família (Davio, Aparecida, Viviane,

Samia e Eduardo), pelo apoio que me deram na escolha da minha profissão.

Um agradecimento mais do que especial a minha companheira de faculdade a

Samia Leiza por ter me incentivado em todos os momentos, por sempre estar

comigo.

Ao meu querido orientador Rodolfo Stancki, por tudo que me ensinou

nesses anos. Agradecer por todos os dias estar me cobrando sempre que

poderia ser melhor. O incentivo a escrever não somente aquilo que eu gosto,

por ter acreditado em mim. Muito obrigada, por ter me deixado fazer parte do

projeto “Radioweb UniBrasil”. Muito obrigada, por ter aceitado ser meu orientar.

Muito obrigada a todas as orientações e aos esforços para a conclusão desta

monografia.

Ao Diego Juliano por ter me incentivado, por estar comigo sempre que

eu preciso, por me apoiar, por me deixar mais segura em relação a escolha da

minha faculdade, por me fazer pensar no futuro sempre.

Agradecer a uma das pessoas mais importantes que eu conheci ao

longo do curso de jornalismo, a minha amiga Jaqueline Lopes, obrigada por

todo apoio, pelos dias de descontração e por fazer parte da minha vida.

Ao meu mestre Felipe Harmata por ter me apresentado o veículo rádio,

por ter me ensinado a gostar e amar o rádio, pelas brincadeiras e

ensinamentos.

Não poderia deixar de agradecer a um mestre muito especial que

passou na minha vida (in memoriam) Victor Folquening, obrigada por ser tão

importante em vida, pelos ensinamentos, por me incentivar a escrever e por ter

me dado um grande presente na minha vida acadêmica. Obrigada por tudo

onde quer que esteja eu te agradeço muito por tudo.

Agradecer ao Felipe Marques que se tornou um grande amigo, que me

incentivou a terminar meu trabalho, por me fazer sorrir quando estava

desesperada, por fazer parte da minha vida, obrigada pelas conversas e por

me aguentar esse tempo todo.

Agradecer ao Unijornalismo foi bom fazer parte dessa turma, meu muito

obrigada pelos aprendizados, brigas, conflitos, e ensinamentos da vida

acadêmica.

Agradecer aos mestres que passaram nessa jornada de quatro anos em

especial a Maura Martins e o Hendryo André.

Este trabalho eu dedico aos futuros jornalistas e a todos que assim

como eu gostam do rádio e querem cada vez mais estudar sobre esse meio de

comunicação.

LISTA DE TABELA

1. TABELA GÊNERO NOTA......................................................................39

2. TABELA GÊNERO NOTÍCIA.................................................................39

3. TABELA GÊNERO REPORTAGEM......................................................40

4. TABELA GÊNERO COMENTÁRIO.......................................................41

5. TABELA GÊNEROS..............................................................................44

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo analisar o programa de rádio paranaense “98

na rede” para identificar os gêneros jornalísticos presentes. O objetivo é

descobrir qual o principal gênero jornalístico predominante no “98 na rede”.

Para isso, foram utilizados cinco edições do programa entre setembro e

outubro de 2014. Aborda-se, na discussão teórica, o conceito de jornalismo

opinativo e jornalismo informativo. A metodologia aplicada foi a de Análise de

Conteúdo, com foco no procedimento da semana artificial, elaborada por

Bardin. As primeiras conclusões apontam para um desequilíbrio entre os

gêneros com presença massiva de comentários.

PALAVRAS-CHAVE: “98 na rede”, Jornalismo Informativo, Gêneros

Jornalísticos e Rádio.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...............................................................................................14

2. DELIMITAÇÃO DO TEMA ...........................................................................15

2.1 Futebol em Curitiba...........................................................................15

2.2 Rádio e Futebol.................................................................................16

2.3 Rádio no Brasil................................................................................. 17

2.4 Rádio no Paraná.............................................................................. 18

2.5 98 FM............................................................................................... 19

2.6 “98 na rede” .....................................................................................20

3. PROBLEMA................................................................................................ 23

4.HIPÓTESES................................................................................................. 24

5. OBJETIVOS..................................................................................................25

5.1 Objetivo Geral...................................................................................25

5.2 Objetivos Específicos........................................................................25

6. JUSTIFICATIVA........................................................................................... 26

7. REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................29

7.1 Jornalismo Opinativo ........................................................................29

7.2 Gêneros radiofônicos....................................................................... 30

7.3 Setoristas..........................................................................................34

8. METODOLOGIA........................................................................................... 35

8.1 Análise de Conteúdo........................................................................ 35

8.2 Pesquisa............................................................................................37

8.2.1 Análise.................................................................................38

8.2.1.1 Nota................................................................................38

8.2.1.2 Notícia............................................................................ 39

8.2.1.3 Reportagem................................................................... 39

8.2.1.4 Comentário.................................................................... 36

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................42

10. REFERECIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................44

APÊNDICES.....................................................................................................47

14

1. INTRODUÇÃO

A presente monografia apresenta uma análise de conteúdo do programa

“98 na rede”, da rádio 98 FM, da cidade de Curitiba. O trabalho tem como

objetivo principal identificar os gêneros jornalísticos predominantes na atração.

O “98 na rede” era um programa esportivo que tratava do futebol

curitibano. A atração acabou sendo interrompida no final de 2014 devido a

mudanças que a 98 FM estava preparando para 2015.

Os autores Machado e Chrestenzen foram escolhidos para contar a

história do futebol em Curitiba. Milton Jung, autor que vê no rádio um veículo

de comunicação que alcança grande parte das camadas da sociedade, foi

usado para mostrar como o meio é capaz de mobilizar a comunidade.

A fundamentação teórica se deu pelo estudo dos jornalismos opinativo e

informativo, além de discutir os gêneros radiofônicos. A metodologia utilizada

foi feita com base na Análise de Conteúdo. Para isso, se utilizou a autora

Laurence Bardin, que diz que o procedimento é mais adequado para qualificar

os conteúdos dos produtos da mídia.

Além disso, foi utilizado como base de pesquisa para referências o

trabalho “Uma jornada comunitária trazida em números- Rádio Itaperuçu FM-

Uma Análise de Conteúdo do programa Bom dia Comunidade”, do autor Omar

Fagundes Leal de Lima.

A pesquisa defendida na UniBrasil- Centro Universitário serviu como

inspiração metodológica para este trabalho.

Na delimitação o tema, o trabalho apresentou o futebol em Curitiba, a

relação do rádio com esporte, o rádio no Brasil e no Paraná, além de discutir a

emissora 98 FM e o “98 na rede”. Por fim, a última parte do trabalho traz os

resultados da pesquisa.

15

2. DELIMITAÇÃO DO TEMA

Este trabalho tem como objetivo analisar o programa “98 na Rede”,

buscando desenvolver uma Análise de conteúdo para identificar os gêneros

jornalísticos radiofônicos presentes no programa. Para isso, é preciso entender

como surgiu o futebol em Curitiba, a relação do rádio com o esporte, o

surgimento do rádio no Paraná, além da criação da rádio 98 FM e da trajetória

do programa a ser analisado.

2.1 Futebol em Curitiba

O futebol começou a ser praticado na Inglaterra, mas só no Brasil

passou a ser reconhecido como uma modalidade esportiva e ganhou novos

admiradores e praticantes do esporte, sendo moldado e aprimorando ao longo

dos tempos. Segundo Machado e Chrestenzen (1991), em Curitiba, o futebol

começou em julho de 1909 com o jovem Frederico Essenfelder, que reuniu

amigos para uma partida. O evento ocorreu entre as ruas Marechal Floriano

Peixoto e João Negrão.

Logo após o evento que reuniu os amigos de Essenfelder, o futebol

ganhou expressão na capital paranaense, fazendo com que surgisse o primeiro

time profissional da cidade: o Coritiba, fundado em 12 de outubro de 1910.

Com o esporte estabelecido na cidade, novos clubes surgiram e, com

isso, o primeiro Campeonato Paranaense1, em 1915. O Clube Atlético

Paranaense, hoje um dos times mais importantes da cidade, nasceu da junção

das equipes Internacional Futebol Clube e América, em 1924 (MACHADO;

CHRESTENZEN, 1991). Outro clube que contribuiu para a história do futebol

curitibano foi Clube Atlético Ferroviário, fundado em 1930 por uma associação

de empregados de uma rede ferroviária local.

Para organizar os clubes da região, havia na época a Liga Esportiva

Paranaense. Em 1937, com a popularização do esporte, a entidade se

transformou na Federação Paranaense de Futebol2.

1É o principal torneio de futebol do estado do Paraná. A sua primeira edição aconteceu em

1915. O Coritiba é o time que conquistou mais títulos, ao todo 37 (MACHADO; CHRESTENZEN, 1991). 2Até os dias de hoje a Federação organiza o futebol profissional no Estado do Paraná.

Atualmente, o seu presidente é o Hélio Cury (FUTEBOL, 2014).

16

Na década de 1970, por causa do excesso de times na cidade, os

dirigentes dos clubes resolveram fazer fusões. Com isso, o Britânia Sport Club,

Palestra Itália Futebol Clube e o Atlético Ferroviário se uniram no que se

tornaria o Colorado Esporte Clube. O Pinheiros Esporte Clube, por sua vez,

surgiu da junção do Savóia com o Água Verde, em 1971. Em 1989, a união

entre o Colorado e o Pinheiros se tornaria o Paraná Clube.

2.2 Rádio e Futebol

Um dos principais segmentos do rádio é a transmissão de partidas de

futebol, com as narrações. Ainda hoje muitas pessoas têm o costume de

acompanhar as partidas de futebol pelo rádio quando estão nos estádios.

O programa esportivo, segundo Barbosa Filho (2009), se preocupa em

fazer a divulgação, a cobertura e a análise dos eventos de esporte. O conteúdo

esportivo de rádio pode ser veiculado de várias maneiras, como notícias,

comentários, reportagens, entrevistas, radiojornais esportivos e programas

específicos, entre outros.

Essa relação do futebol com o rádio começou em 1931, quando ocorreu

a primeira transmissão de uma partida que foi narrada por Nicolau Tuma. O

jogo foi das seleções paulistas e paranaenses no campo da Chácara da

Floresta, no bairro da Ponte Grande, em São Paulo (PRADO, 2012).

A linguagem do rádio mudou para que os ouvintes pudessem “ver” o que

acontecia em campo. O rádio serviu para levar o futebol a mais pessoas,

enquanto o esporte popularizou aquele veículo de massa que ainda era jovem

(Id).

Em 1930 e 1950, começaram a surgir as figuras dos repórteres e

comentaristas. Com o avanço das transmissões, esses profissionais

começaram a ganhar espaço (WITIUK, 2007).

Os repórteres foram os primeiros a trazer notícias dos vestiários e de

dentro do gramado. A maior dificuldade era a mobilidade e o peso dos

equipamentos (PRADO, 2012). Os comentaristas começaram a ser presença

constante nas partidas. Na década de 1930, os locutores passaram o

microfone para os profissionais dos jornais para perguntar a opinião deles

17

sobre a partida, assim surgiram os comentários que avaliavam os jogos e a

arbitragem (MONTEIRO, 2007).

O rádio e o futebol sempre andaram juntos. Até hoje, o rádio é

fundamental na transmissão de notícias, de debates e de jogos, assim como o

futebol alimenta muitas emissoras com seus grandes patrocínios (PRADO,

2012). O rádio também é um dos veículos mais importantes no quesito de ter o

futebol como carro chefe das emissoras. O meio contribuiu para que se

formassem novos torcedores e ouvintes.

2.3 Rádio no Brasil

No Brasil, o rádio teve a sua primeira transmissão em 1922, com um

pronunciamento do então presidente da República Epitácio Pessoa. A primeira

rádio do Brasil foi a Rádio Clube de Pernambuco, que foi inaugurada em 1919,

por jovens pernambucanos (JUNG, 2004).

Na década de 1930 foram criadas algumas rádios, como a Rádio Record

(1931) e a Rádio Tupi (1937), ambas de São Paulo. Em 1936, era transmitida

pela primeira vez a frequência da Rádio Nacional, do Rio de Janeiro.

O rádio teve um papel importante no governo de Getúlio Vargas de 1930

a 1945. Nessa época, ele começou a usar o rádio como aliado político, um

meio de divulgação de seu governo interna e externamente. Isso representava

uma forma de repressão e controle de informações feitas pelo Estado (PRADO,

2012).

Foi nessa época que começou a ser produzido o programa “A Voz do

Brasil”, criado em 1935 e no ar até hoje. Quando surgiu, a atração era

chamada de “A Hora do Brasil”. O programa tem como objetivo levar

informações sobre os três poderes aos pontos mais distantes do país e é

obrigatório nas emissoras. “A Voz do Brasil” é o programa mais antigo no ar na

América Latina, além de ser o responsável por pautar alguns outros veículos de

comunicação e procurar ceder informações oficiais da República aos brasileiros

(Id).

Em 1941, a Rádio Nacional inaugurou o radiojornalismo brasileiro com a

criação do Repórter Esso. O Esso tinha como objetivo trazer as notícias com

18

agilidade, rapidez e de fácil compreensão para a população. O programa ficou

no ar até 1968,quando migrou para a televisão (Ibid).

Com a evolução do rádio no país, em 1950 começou a revolução

tecnológica. O rádio se liberou dos fios e das tomadas com a invenção do

transistor, proporcionou a criação de uma nova linguagem e uma alta

mobilidade. As transmissões podiam ser levadas para vários lugares (Ibid).

Nos anos de 1960, algumas rádios começaram a ser produzidas na

Frequência Modulada (FM). Começavam aí as grandes transformações nas

emissoras da época. Na década de 1970, a popularização das rádios

comunitárias no Brasil fez com que a população tivesse uma rádio que

dialogava com os problemas locais.

Nos anos 1990, o rádio começou a ter informações locais, sendo

transmitidas em cadeia nacional. Além disso, era lançada no período a primeira

emissora de jornalismo 24 horas: a Central Brasileira de Notícias (CBN)

(PRADO, 2012).

Uma pesquisa encomendada pela Associação das Emissoras de

Radiodifusão do Paraná (AERP) 3, através do Instituto Ipson Marplan, em 2012,

revelou que o rádio é o único que leva informações e entretenimentos para

determinadas pessoas. No Brasil, 73% da população ouve rádio

frequentemente. Em Curitiba, a média é de 77% de ouvintes.

2.4 Rádio no Paraná

O rádio começou no Paraná com a Rádio Clube Paranaense, fundada

em 1924. Na época, a emissora era a terceira a surgir no país. Alguns anos

depois, a Rádio Clube recebeu o prefixo de PRB-2, que ficou conhecida como

B2. Em 1934, a B2 transmitiu pela primeira vez uma partida de futebol. O jogo

foi entre o Coritiba e o Atlético.

Segundo Lustosa (2003), o rádio já era visto como lazer para a

população paranaense na época. As transmissões esportivas deram à Rádio

Clube a popularidade e o aumento dos ouvintes. As radionovelas, que

3Pesquisa sobre o rádio brasileiro. Disponível em: http://www.aerp.org.br/inicio/?p=9609>

Acesso em 18 de setembro de 2014.

19

dominavam o meio, tiveram muita força no Paraná, chegando a ter 13 títulos

simultâneos no ar.

Em 1960 e 1970, começaram as crises financeiras no mercado

radiofônico, provocadas pela expansão da televisão para dentro da casa das

pessoas. Somente nos anos 1980 houve uma recuperação (WITIUK, 2007).

2.5 98 FM

A rádio 98 FM foi criada em 27 de novembro de 1988 e faz parte do

Grupo Paranaense de Comunicação (GRPCom). O primeiro diretor da

emissora foi Gilberto Fontoura. Entre 1986 e 1988, a rádio se chamou de

Inter99, depois 99, até ser definitivamente denominada 98 FM, que tinha o

objetivo de seguir o mesmo padrão da 98FM do Rio de Janeiro4 (BONUCCI,

2013).

Em 1989, a rádio começou a investir em uma programação local. Com

mais investimentos, a emissora apostou no gênero musical pagode e resolveu

investir em outros segmentos musicais (Id).

Com a chegada da tecnologia, os LPs e CDs foram substituídos por

arquivos virtuais de um computador. Com a internet, a interação e a forma de

falar com os ouvintes tornaram-se mais dinâmicos (Ibid).

Em 2002, a emissora investiu em novas tecnologias para melhorar as

transmissões. O som se tornou limpo e com mais qualidade. Com a evolução

do segmento musical sertanejo, a 98FM investiu e criou o programa Butinada

98, que trouxe os novos artistas do sertanejo para bate-papos, entrevistas,

entre outros (Ibid).

O primeiro comunicador da emissora foi Paulo Chaves, que transmitia a

programação das 6 horas às 10 horas. Atualmente, o horário é comandado

pelo radialista André Nogueira, que apresenta um programa musical, chamado

“Dia Lindo” (Ibid).

Atualmente, a 98 FM conta com uma programação variada. Com a

interação com os ouvintes, ela se tornou a terceira emissora mais ouvida de

4Criada em 1978, era chamada de El Dourado até que passou a 98 FM e em 2008 se

transformou em BEAT9 (BONUCCI, 2013).

20

Curitiba, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião

Pública e Estatística em março de 20145.

O diretor artístico da emissora 98FM, Cristiano Stuani, afirma que o

jornalismo “está sendo inserido atualmente no período das 6 às 8 horas da

manhã com notícias rápidas entre as músicas” (STUANI, 2015) 6.

2.6 “98 na rede”

Em 2011, a emissora 98 FM de Curitiba começou a produzir uma

programação de jornalismo esportivo, voltada basicamente para o futebol. Com

uma hora de duração de segunda a sexta, a atração trazia informações,

debates e comentários sobre os campeonatos que os times estão participando

(BONUCCI, 2013).

O programa acompanhava os times de Curitiba, além de fazer

transmissões dos jogos e a cobertura jornalística após a partida. O “98 na

rede” buscava dinamismo e interatividade, além de matérias especiais sobre

jogos, fatos da atualidade e entrevistas com personalidades que marcaram a

história do futebol7.

Ao começar as transmissões, o programa tinha como objetivo conquistar

novos públicos de audiência, diversificar o conteúdo e apresentar um trabalho

de alta qualidade. Além disso, os apresentadores Edilson de Souza8, Marcelo

Ortiz9 e Anderson Luis10 ficavam incumbidos de realizar um programa esportivo

descontraído e provocar uma integração maior com o público.

5Disponível em: http://tudoradio.com/noticias/ver/8821-audiencia-pr-massa-fm-assume-a-lideranca-

geral-em-curitiba > Acesso em 30 de setembro de 2014. 6Ver apêndices.

7Matéria publicada no jornal Gazeta do Povo. Disponível em:

http://www.gazetadopovo.com.br/esportes/conteudo.phtml?id=1079070> Acesso em 20 de

setembro de 2014. 8Formado em jornalismo pela Faculdades Integradas do Brasil, pós graduado em Sociologia

Política, narrador de futebol no rádio e na TV, até 2014 estava trabalhando no programa "98 na rede". 9Formado em jornalismo pela Universidade Tuiuti do Paraná. Trabalhou na Radio Banda B, em

2011 aceitou o desafio de produzir o programa "98 na rede", que permaneceu no ar até o final de 2014. Atualmente trabalha no programa de "Os Donos da Bola Paraná". 10

Estuda jornalismo na Faculdade Internacional de Curitiba. Trabalhou na Rádio Banda B como

repórter, em 2011 foi contratado para atuar como narrador no programa "98 na rede", onde permaneceu até 2o final de 2014. Atualmente e repórter no canal a cabo Premiere.

21

O “98 na rede” contava com a participação de um apresentador,

repórteres e comentaristas. O projeto, interrompido em 2014, tinha um estúdio

à parte da rádio 98 FM, no bairro Mercês, em Curitiba.

As edições da atração eram divididas em três blocos. O primeiro trazia

informações dos clubes. No segundo, os comentaristas falavam sobre o

desempenho do Coritiba e do Atlético Paranaense e apresentavam matérias

dos repórteres, que frequentemente estavam no estúdio para levar informações

que ficavam de fora das reportagens. No terceiro bloco, o assunto era o Paraná

Clube, as tabelas do campeonato e os próximos jogos dos times locais. Como

forma de interação, o programa contava com várias promoções para os

ouvintes. Essa estrutura ocorria nas edições que iam ao ar de segunda a

quinta-feira (BONUCCI, 2013).

Na sexta-feira, o “98 na rede” mudava sua dinâmica e realizava um teste

de conhecimentos com a equipe de apresentadores. A primeira rodada de

perguntas era feita pelo âncora do programa. Nas próximas rodadas, os

ouvintes mandavam perguntas para a equipe.

O projeto esportivo da emissora em seu primeiro ano ganhou o Troféu

Imprensa Esportiva do Paraná como a melhor equipe do ano, melhor narrador,

melhor comentarista e narrador revelação (Id, 2013). Em março de 2014, a 98

FM criou uma parceira com o jornal da Tribuna do Paraná, que rendeu a coluna

“Tribuna 98” no impresso. A coluna, que também foi descontinuada, tinha a

ideia de colocar os repórteres para participar dos dois projetos de esporte dos

veículos, não havendo distinção de cada um dos meios de comunicação. Com

a unificação da equipe, a Tribuna 98 cobriria todos os eventos do nosso

futebol.

O “98 na Rede” era um programa transmitido de segunda a sexta feira

às 18 horas. Em sua publicidade, ele se afirmava como jornalístico. A atração

era apresentada por Marcelo Ortiz, Anderson Luiz e Edilson de Sousa, que se

revezavam no microfone. Além disso, havia os comentários de Cristian

Toledo11 e Guilherme de Paula12. Os repórteres eram Eduardo Luiz13, Irapitan

11

Formado em jornalismo pela PUC-PR, foi repórter do jornal O Estado do Paraná,

comentarista da Rádio Transamérica. Foi convidado em 2011 para ser comentarista do programa "98 na rede". Atualmente trabalha como comentarista no programa Globo Esporte Paraná.

22

Costa14, Gustavo Marques15 e Roberson Januzzi16. A produção era de Henry

Xavier17. Essa equipe ficou no programa entre 2012 e 2014.

No “98 na rede”, o jornalismo estava presente nas informações dos

repórteres. Roberson Januzzi era o repórter que trazia as informações que não

faziam parte do cenário local. Essas matérias eram pautadas por sites que

fazem parte do Grupo Paranaense de Comunicação (GRPCom): o

GloboEsporte.com, Paraná Online, Gazeta do Povo e o do próprio GRPCom.

Além, claro, de informações dos bastidores dos clubes da cidade (Id).

Em 2014, por causa da instabilidade financeira provocada pela perda de

audiência nos meios jornalísticos tradicionais, o programa “98 na rede” foi

cancelado pela emissora. A sua última transmissão ocorreu no dia 12 de

dezembro. Segundo o site Tudo Rádio18, “a 98 FM produzirá uma nova grade

em 2015, por isso o programa saiu do ar por uma estratégia artística da

emissora” 19.

12

Formado em Jornalismo pela Universidade Tuiuti do Paraná. Trabalhou como comentarista

na Rádio Banda B, em 2011 foi contratado para o programa "98 na rede". 13

Formado em Jornalismo pela Universidade Positivo. Trabalhou como repórter no jornal

Tribuna do Paraná, em 2011 integrou a equipe do programa "98 na rede" até 2014. Atualmente e repórter do jornal Gazeta do Povo. 14

Trabalhou na Transamérica, além do jornal Estado do Paraná, em 2014 estreou no "98 na

rede", como setorista do Coritiba. Atualmente trabalha no jornal Tribuna do Paraná. 15

Formado em Jornalismo pela Universidade Tuiuti do Paraná, foi repórter do programa "98 na

rede”, repórter do jornal Tribuna do Paraná. 16

Formado em Jornalismo pela Universidade Tuiuti do Paraná. Trabalhou como repórter na

Rádio Banda B em 2006, em 2011 foi convidado a fazer parte da equipe "98 na rede". Atualmente e editor chefe da Rede Massa. 17

Trabalhou na Rádio Banda B, em 2011 integrou o elenco do "98 na rede" até 2014. 18

Disponível em: http://tudoradio.com/noticias/ver/12121-exclusivo-98-fm-nao-tera-futebol-em-2015-e-anuncia-nova-grade-em-curitiba> Acesso em: 22 de Janeiro de 2015 19

O tema deste trabalho já tinha sido decidido antes do anúncio oficial de cancelamento do

programa na emissora 98 FM.

23

3. Problema

Mesmo com uma proposta de ser um produto jornalístico, conforme

descrito pela publicidade da 98 FM, a presença excessiva de opinião pode

descaracterizar o “98 na rede” como um radiojornal, que, como veremos

adiante, é formado por produções informativas? A informação é desprivilegiada

diante da opinião? Qual o principal gênero jornalístico predominante no “98 na

rede”?

24

4. Hipóteses

- Há, no “98 na rede”, somente gêneros informativos e opinativos.

- Há um predomínio do comentário sobre outros gêneros.

25

5. Objetivos

5.1 Objetivo Geral

Identificar os gêneros jornalísticos no programa “98 na rede”.

5.2 Objetivos Específicos

- Categorizar os gêneros jornalísticos do “98 na rede”.

- Identificar subgêneros opinativos no “98 na rede”

- Apontar gêneros predominantes no programa analisado.

26

6. Justificativa

Esta pesquisa parte de uma abordagem sobre o futebol paranaense

através do programa “98 na rede”. Partindo desse principio é proposto um

estudo sobre dois gêneros jornalísticos: jornalismo opinativo e jornalismo

informativo. Em 2012, a Pluri Consultoria20, realizou uma pesquisa que afirma

que 64,4% da população paranaense não torce para os clubes de Curitiba,

sendo apenas 35,6% os adeptos dos clubes da região. Contudo, atualmente, o

ranking21 oficial da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) mostra que o

Atlético Paranaense é o melhor classificado entre os três principais clubes do

Paraná.

Por meio dos dados apresentados ao longo do texto, das categorias

analisadas e dos estudos feitos, poderemos apresentar um breve panorama

representativo do tratamento midiático regional dá aos times paranaenses.

De um modo mais ambicioso, a pesquisa também pode apontar como a

cobertura local difere da nacional. Ao falarmos em imagem na cobertura dos

grandes veículos brasileiros do futebol paranaense, lembramos de um fatídico

evento que comprometeu, em 2009, o Coritiba, que sofreu com a depredação e

a invasão dos torcedores dentro de campo. O ocorrido foi transmitido ao vivo

pela principal emissora do país. Outro evento que manchou a imagem de um

dos clubes paranaenses aconteceu em 2013, quando as torcidas do Atlético

Paranaense e do Vasco da Gama se enfrentaram nas arquibancadas. A

imagem nacional do clube ficou ligada ao confronto.

Por vezes, esses fatos isolados marcam a história dos clubes, uma vez

que a mídia passa informações. Uma cobertura diária como a do “98 na rede”

pode evitar que os clubes do Paraná fiquem vistos perante a mídia local e

nacional.

20

CONSULTORIA, Pluri. PLURI PESQUISAS ESPORTIVAS 1ª Pesquisa PLURI sobre o

Potencial de Consumo das Torcidas Brasileiras Parte I: O tamanho das Torcidas. 2012. Disponível em: <http://www.pluriconsultoria.com.br/uploads/relatorios/Pluri Pesquisas - POTENCIAL DE CONSUMO - TAMANHO DAS TORCIDAS.pdf>. Acesso em: 20 set. 2014. 21

ESPORTE, Globo. Ranking dos times. 2014. Disponível

em:<http://globoesporte.globo.com/futebol/noticia/2013/12/gremio-lidera-rankingda-cbf-de-2014-campeao-brasileiro-cruzeiro-e-oitavo.html>. Acesso em: 23 set. 2014.

27

Ao estudar um programa que dialogasse com o futebol paranaense foi

preciso escolher um meio de comunicação. Para isso, pensamos no rádio.

Atualmente, o meio está em 90,2% dos domicílios brasileiros. O rádio hoje

atinge todas as camadas da sociedade, desde as grandes metrópoles até os

locais mais afastados e ermos do país (JUNG, 2004).

O “98 na rede” se tornou base deste estudo por ser um programa que

está no rádio em Frequência Modulada (FM) e por ser uma atração que já fazia

parte do cotidiano da pesquisadora. Além disso, trata-se de uma proposta que

ganhou notoriedade local quando foi criado em 2011 por ter montado uma

equipe de profissionais reconhecidos em vários segmentos do jornalismo

esportivo paranaense.

O “98 na rede” também se tornou objeto desta pesquisa por seu formato

ser híbrido. Os apresentadores e repórteres, diariamente, passam para o

público o conteúdo de uma maneira diferente através de matérias ou até

mesmo de jogos entre os componentes do programa mesclando opinião,

informação e humor22.

Nesta pesquisa, os gêneros jornalísticos têm presença fundamental.

Sem eles, não encontramos um dinamismo nas informações. A escolha de

estudar esse tema se deu por notarmos que o programa tinha muito a contribuir

com a pesquisa de gêneros jornalísticos, ao ser formado com diferentes estilos.

O que pode ajudar para futuros estudos sobre o tema.

O impacto almejado por esta pesquisa é criar um levantamento de dados

que possa ser desenvolvido mais a fundo em outros trabalhos. Especialmente

os que discutirem a relação entre jornalismo, futebol e opinião.

O esporte está na identidade do povo. É o que faz com que as pessoas

tenham uma distração, seja num jogo ou apenas acompanhando as análises

produzidas nos programas jornalísticos. Estudá-lo é revelar um aspecto

fundamental da nossa sociedade.

22

Outro programa com característica semelhante é o Transamérica Esportes, que começou em

2001 como um programa irreverente e ousado. A Transamérica apostou no humor como carro chefe da atração, além de não narrar jogos dos clubes de fora. O programa está há 14 anos no

ar e tem o lado humorístico muito forte nas suas transmissões (TRANSAMÉRICA, 2015).

28

Esta monografia também se justifica na medida em que serve como um

registro da história do futebol e do rádio paranaense. Como o programa “98 na

rede” foi cancelado em 2014, este trabalho tem como o objetivo deixar uma

memória sobre atração. Para as futuras gerações.

29

7. Referencial Teórico

7.1 Jornalismo Opinativo

Em 1968, as discussões sobre os gêneros jornalísticos foram tomando

forma na América Latina por meio do professor Martínez Alberto. Com isso,

surgiram debates teóricos sobre os gêneros informativos, explicativos e

opinativos. É preciso haver uma seleção para que o assunto seja digno de

expressar opinião (SEIXAS, 2009).

Em 1985, José Marques de Melo fez uma classificação dos gêneros

opinativos e os segmentou entre editorial, comentário, resenha/crítica, artigo,

crônica, coluna, caricatura e carta. Luiz Beltrão (1980) os definiu como editorial,

artigo, crônica, opinião ilustrada e opinião do leitor (Id).

Melo (2003) e Beltrão (1980), ao estudarem os gêneros opinativos,

constataram que eles tinham características semelhantes na impessoalidade

(texto sem assinatura), topicalidade (assunto específico), condensado (ênfase

nas afirmações, poucas ideias) e plasticidade (flexibilidade).

Segundo Beltrão (1980), a fase essencialmente opinativa da imprensa

brasileira durou o período regencial até século XIX. Atualmente, a opinião no

jornalismo encontra uma diversidade de ideias. Com a evolução da internet, o

jornalismo opinativo começou a ganhar voz nas redes. Alguns sites já fazem

blogs com os colaboradores dos seus veículos de comunicação (SEIXAS,

2009).

Para compreender um pouco dos gêneros é preciso explicar cada um

deles. O editorial tem como objetivo expressar a opinião do proprietário do

jornal. A crônica é o relato da atualidade de uma forma mais sensível, que

utiliza do jornalismo literário (BELTRÃO, 1980).

Beltrão (1980) diz que a carta tem o objetivo de expressar a opinião do

leitor. A coluna é um espaço no jornal que determinado jornalista ou

especialista escreve diariamente. O artigo representa a opinião de

personalidades representativas da sociedade civil que buscam espaço no

jornalismo (MELO, 2003).

30

Segundo Melo (2003), o comentário logo é um gênero opinativo

importante ele é ligado a uma notícia e procura explicá-la, fornecendo detalhes

sobre causa, consequências e alcance. A figura do comentarista é vista como

um jornalista especializado em determinado assunto e com boa carga cultural,

o que o permite expressar a sua opinião, porém nem sempre é explícita.

No rádio, os gêneros opinativos e informativos estão sempre presentes,

isso se dá pelo imediatismo do rádio com o seu conteúdo. Segundo Ortriwano

(1985), o rádio não exige a elaboração da mensagem a ser divulgada. Ele

permite trazer o mundo ao ouvinte enquanto os acontecimentos estão se

desenrolando.

O jornalismo informativo usado no rádio, na maioria das vezes, é feito de

notas. Segundo Barbosa Filho (2009), a nota é um informe sintético do fato que

está ocorrendo, com poucos segundos de duração e mensagens diretas.

No rádio, o formato mais utilizado é o dos comentários. Segundo

Barbosa Filho (2009), os gêneros radiofônicos são classificados por nota,

notícia, boletim, reportagem, entrevista, documentário, editorial, crônica e,

como já vimos comentários.

O comentário está presente sempre nos programas e transmissões

esportivas. Ele traz as análises dos jogos (BARBOSA FILHO, 2009).

7.2 Gêneros jornalísticos

Os gêneros surgiram na Grécia Antiga através de Platão que propôs

uma classificação em dois segmentos: sério (Epopeia e Tragédia) e o burlesco

(Comédia e Sátira). Jacques Derrida (1980) afirma que é impossível não

misturar os gêneros e propõe a discussão de que essas formas sofrem

mutações ao longo do tempo.

Ao estudar os gêneros jornalísticos, Marques de Melo (1998) afirma que

os gêneros jornalísticos são o maior desafio do jornalismo como campo do

conhecimento. Isso porque eles ajudam na configuração da identidade

enquanto objeto científico e no alcance da autonomia jornalística.

Segundo Wolf (1985), os gêneros jornalísticos são sistema de regras

aos quais se faz referência (implícita ou explícita) para realizar o processo

comunicativo, seja do ponto de vista da produção ou da recepção.

31

Segundo Machado (2000 apud WITIUK 2007), a melhor definição de

gêneros é de Mikhail Bakhtin: o gênero é uma força aglutinadora e

estabilizadora dentro de uma determinada linguagem, um modo de organizar

ideias, meios e culturas, de modo a garantir a comunicabilidade dos produtos e

a continuidade dessa forma junto às comunicações futuras (MACHADO,

2000,p.68).

Marques de Melo (1998) conclui que os gêneros são determinados pelo

estilo que o jornalista deve manter. Elas são “as formas de expressão do

jornalismo, no momento da produção do texto. O gênero é um mecanismo de

codificação, é uma ferramenta, um código de escrita” (MELO 1998, p.64).

Os gêneros jornalísticos têm de servir de estilos de organização aos

profissionais da mídia, ao informar os leitores ou opinar, divertir, orientar,

criticar e esclarecer.

Barbosa Filho (2009 apud Melo23), os gêneros são “as formas de

expressão do jornalismo24, no momento da produção do texto, o gênero é um

mecanismo de codificação, é uma ferramenta, um código de escrita”.

O gênero radiofônico pode ser classificado como: informativo, educativo,

de entretenimento, participativo, cultural (religioso), de mobilização social e

publicitária. A classificação se relaciona com a recepção do público e suas

expectativas (BARBOSA FILHO, 2009).

Para Barbosa Filho (2009), o gênero é um instrumento para atualizar seu

público por meio da divulgação e das análises dos fatos. Os formatos que

Barbosa Filho (2009) cita para os gêneros são os seguintes:

Nota

São pequenas informações que correspondem ao relato de

acontecimentos que estão em processo de configuração. A nota tem que ser

transmitida com rapidez e síntese de um fato atual (BARBOSA FILHO, 2009, p.

90).

Notícia

23

MARQUES DE MELO, Gêneros jornalísticos...,cit.,p.39 24

Filho, 2009 apud Marques de Melo, 1985, p.57

32

A notícia no rádio é apresentada por meio de flash que entra em

qualquer momento da programação. Segundo Marques de Melo25, “é o relato

integral de um fato que já eclodiu no organismo social” (BARBOSA FILHO,

2009, p. 90).

Boletim

Pequeno programa informativo ao longo da programação que é

constituído por notas e notícias e, às vezes, por pequenas entrevistas e

reportagens (BARBOSA FILHO, 2009, p. 92).

Reportagem

Segundo Emílio Prado26, a reportagem é um "agrupamento de

representações fragmentadas da realidade que em conjunto dão uma ideia

global de um tema". A reportagem é uma narrativa que engloba as diversas

variáveis do acontecimento, ela amplia o caráter minimalista do jornalismo

(BARBOSA FILHO, 2009, p. 93).

Entrevista

A entrevista radiofônica, segundo Walter Sampaio27, "é um

acontecimento jornalístico eventual e normalmente se apresenta na inserida no

corpo da notícia”. A entrevista ainda é um dialogo entre repórter e fonte, sob a

forma de perguntas e respostas, para obter informações (BARBOSA FILHO,

2009, p. 95).

Comentário

Segundo Marques de Melo (1992), o comentário pressupõe autoria

definida e explicitada, pois este é o indicador que orienta a sintonização do

receptor. Barbosa Filho (2009) afirma que o comentário procura não somente

informar, como também orientar o ouvinte, influir sobre ele e incliná-lo em fator 25

MARQUES DE MELO. Gêneros jornalísticos...,cit,p.49. 26

PRADO. Emílio. Estrutura da informação radiofônica. São Paulo, Summus, 1985.p.85. 27

SAMPAIO, Walter. Jornalismo audiovisual: rádio, TV e cinema. Petrópolis, Vozes, 1971.p.67.

33

de determinada interpretação do fato, considerada justa e correta. O

comentário aprova ou condena, aplaude ou censura (BARBOSA FILHO, 2009,

p. 97).

Editorial

O editorial é a peça jornalística utilizada no rádio que tem como

característica informar a opinião da instituição radiofônica. (BARBOSA FILHO,

2009, p. 97).

Crônica

A crônica é o formato que transita nas fronteiras do jornalismo e da

literatura. No rádio, a crônica ainda é cultivada nas pequenas emissoras das

cidades do interior e permanece com a estrutura da crônica para o jornal

impresso: trata-se de um texto escrito para ser lido, com recursos de

sonoplastia, criando ambientação especial para sensibilizar o ouvinte

(BARBOSA FILHO, 2009, p. 98).

Radiojornal

O radiojornal é constituído por diversas seções ou editoriais (notícia,

nota, boletim, comentários, entrevistas, reportagem) e tem periodicidade diária

(BARBOSA FILHO, 2009, p. 100).

Mesas Redondas ou debates

Espaços de discussões coletivas em que participantes apresentam suas

ideias, compostas por especialistas e comentaristas que procuram esclarecer o

público sobre um os mais temas abordados (BARBOSA FILHO, 2009, p. 103).

Programa esportivo

34

Segundo Barbosa Filho (2009), os programas esportivos são veiculados no

formato de notícias, comentários, entrevistas e mesas redondas, entre outros.

Tem como objetivo divulgar, cobrir e analisar os eventos (BARBOSA FILHO,

2009, p. 106).

7.3 Setoristas

Os repórteres setoristas começaram a aparecer em 1950. Esses

jornalistas são designados para fazer a cobertura de um clube diariamente e

levar às informações ao torcedor. Os repórteres setoristas entram no ar, então,

com grande “liberdade” para definir o que é notícia e como apresentá-la

(COTTI, 2000).

Segundo Cotti (2000), o repórter setorista manteve o formato padrão do

radiojornalismo. A liberdade do jornalista de produzir notícias sem aparentes

“filtros” tem sua contraface, na estrutura da cobertura esportiva por repórteres

setoristas que têm a obrigação diária de apresentar histórias sobre os clubes e

órgãos que cobrem.

35

8. Metodologia

8.1 Análise de Conteúdo

A Análise de Conteúdo começou nos Estados Unidos, nas Ciências

Humanas. Para Bardin (2009), a análise de conteúdo é uma técnica de

investigação que tem por finalidade a descrição objetiva, sistemática e

quantitativa do conteúdo manifesto da comunicação.

De acordo com Bardin (2009), qualquer transporte de significações de

um emissor para um receptor, controlado ou não por este, deveria poder ser

escrito, decifrado pelas técnicas de análise de conteúdo.

Segundo Krippondorff (apud FONSECA JUNIOR, 2005), a análise de

conteúdo possui várias características fundamentais: orientação

fundamentalmente empírica, exploratória, vínculo a fenômenos reais,

transcendência das noções normais de conteúdo envolvendo as ideias de

mensagem, canal, comunicação e sistema e a metodologia própria.

A análise de conteúdo é um método eficiente e replicável que serve para

avaliar um grande volume de informação cujas palavras, frases, parágrafos,

imagens ou sons podem ser reduzidos a categorias baseadas em regras

explícitas previamente definidas com o objetivo de fazer inferências lógicas

sobre mensagens (HERSCOVITZ, 2008).

A definição de análise de conteúdo jornalístico passa pela ideia de um

método de pesquisa que recolhe a analisa textos, sons, símbolos e imagens

impressas, gravadas ou veiculadas em forma eletrônica ou digital encontrados

na mídia a partir de uma amostra aleatória ou não dos objetos estudados com

o objetivo de fazer inferências sobre seus conteúdos e formatos enquadrando-

os em categorias previamente testadas, mutualmente exclusivas e passíveis de

replicação (HERSCOVITZ, 2008).

Esse método de pesquisa procura identificar aspectos relativos à

construção das mensagens, procurando evidenciar, segundo Bardin (2009), as

conotações de produção dos textos.

36

A análise de Conteúdo aparece como um conjunto de técnicas de análise das comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens. [...] A intenção da Análise de Conteúdo é a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção (ou, eventualmente, de recepção), inferência esta que recorre a indicadores (quantitativos ou não) (BARDIN, 2009, p.38).

Bardin (2009) diz que existem três fases para se produzir uma análise.

Elas se organizam em pré-análise, que é a busca pelos documentos que serão

estudados, a formulação das hipóteses e objetivos para a fundamentação da

pesquisa. A segunda fase é a exploração do material. Nessa etapa, o

pesquisador vai começar a analisar os documentos separando-os em

categorias. A última parte do processo é o tratamento dos resultados. A análise

de conteúdo pode ser refeita caso haja alguma dúvida em relação ao resultado

estabelecido.

A análise de conteúdo pode ser aplicada em diversas áreas da

comunicação: rádio, televisão e jornais impressos. Em programas de rádio é

preciso se utilizar os áudios das edições.

Segundo Bauer (apud Bardin, 2009), existem duas maneiras que são

utilizadas para fazer a análise, uma delas é uma amostra estratificada das

matérias a serem analisadas, utilizando as datas do calendário como

referência. Ou a técnica mais usada, que é a semana artificial, que tem o

objetivo de selecionar um dia da semana de cada semana no mês. Um

exemplo seria a utilização da primeira segunda-feira de uma semana, e na

semana seguinte, a terça-feira, e assim sucessivamente até fechar sete dias,

quinze dias ou um mês.

37

8.2 Pesquisa

A análise do programa “98 na rede” levou em conta cinco dias de

gravação entre 22 de setembro e 17 de outubro. As edições foram

apresentadas de segunda a sexta, às 18 horas. Para esta pesquisa foi preciso

adotar alguns critérios para a categorização de cada conteúdo proposto neste

trabalho.

Para a seleção dos dias foi preciso utilizar a amostra estratificada. A

amostra constituída porque seleciona cada dia da semana pelo calendário. Ex:

primeira segunda-feira do mês, a primeira terça-feira do mês e assim por

diante. A forma de coleta é o que sugere técnicas de amostragem na análise

de conteúdo são econômicas, poupam tempo e são confiáveis (BARBETTA,

2004).

Ao escolher a metodologia deste trabalho foi pensado na Análise de

Conteúdo, pois ela dá suporte à pesquisa que foi aplicada sem grandes riscos

de gerar juízo de valor para o programa “98 na rede”. É preciso deixar claro

que foi analisado o conteúdo que a emissora transmitia dentro das edições do

programa.

Um trabalho que dá uma amostra da semana artificial é o estudo

produzido pelo jornalista Omar de Lima (2013). Sua pesquisa vê o objetivo de

produzir uma amostra artificial dentro do programa “Bom dia Comunidade” da

Rádio Itaperuçu. Utilizaremos o trabalho dele como base de pesquisa para um

melhor entendimento das amostras que coletamos ao longo das gravações.

A pesquisadora precisou fazer uma coleta dos áudios dos programas.

Para isso, foram utilizados gravador e celular para registrar as edições desta

análise. A partir da coleta foi produzida uma decupagem do programa, tirando

os seguintes gêneros radiofônicos: notícia, comentário, vinhetas, reportagem e

nota.

Com a decupagem já pronta foi preciso fazer uma seleção do que seria

estudado. Para isso, foi dividido em gêneros jornalísticos radiofônicos. Como

afirma Martin Barbero (1987 apud BARBOSA FILHO, 2009), “os gêneros são

sistemas de regras aos quais se faz referência de modo explícito e /ou implícito

para realizar o processo comunicativo: tal referência se justifica seja do ponto

38

de vista da produção do texto (de qualquer natureza possa ser), seja do ponto

de vista de sua própria fruição” 28.

A partir daqui foi preciso selecionar os gêneros que seriam estudados

neste trabalho. No referencial teórico foram apresentado os gêneros definidos

pelo autor Barbosa Filho (2009), mas no decorrer da decupagem só foi possível

encontrar os seguintes gêneros identificados: nota, notícia, boletim, reportagem

e comentário.

Partindo desses preceitos foi separado cada um dos itens acima nas

edições que foram utilizadas para análise. Os dias foram os de 22 e 23 de

setembro e 8,16 e 17 de outubro, seguindo o modelo proposto por Bardin de

amostra estratificada. Para isso, foi preciso separar cada edição em que se

encontrariam os itens acima já mostrados.

A partir disso, os gêneros foram categorizados de acordo com sua

função dentro do programa. Há uma ressalva com relação aos gêneros”,

mesas-redondas”, “editorial”, “boletim”, “entrevista” e “crônica” apresentados

por Barbosa Filho (2009), que não foram encontrados nesta pesquisa. Este já

pode ser um primeiro resultado desta pesquisa, que mostra que não há

recorrência em todos os gêneros radiofônicos no radiojornal “98 na rede”.

8.2.1 Análise

A análise foi proposta da seguinte maneira: primeiro foram separados os

gêneros que seriam analisados. A partir daí, foram selecionados os áudios e

decupados em textos para facilitar a identificação dos gêneros.

8.2.1.1 Nota

Os textos encontrados para a análise do gênero “nota” foram os que

apontavam principalmente para informações dos futuros jogos dos times da

capital paranaense. Além disso, eles estavam presentes em todas as edições e

em várias passagem da atração. Como vimos anteriormente, a “nota” é um

informe sintético de um acontecimento atual que prioriza a informação de

maneira rápida e sucinta.

28MARTIN-BARBERO, Jesus. De los médios a lãs mediaciones. México, Gustavo

Gilli,1987.p239.

39

Data: 22-09-2014- Henry Xavier- “O ABC estava atrás do Paraná e venceu o

jogo contra o Avaí. O Paraná é o 16º colocado com 33 pontos contra 29 do

América, que abre a zona de rebaixamento.”

Tabela 1: Gênero Nota.

Como podemos ver acima, as notas propostas nesta análise tiveram os

três times de Curitiba como tema. Ao analisarmos, notamos que seguem o

critério proposto pelo autor Barbosa Filho de serem factuais e de rápida

compreensão. Na semana artificial que foi proposta como meio de pesquisa

tiveram 15 entradas de“nota” com uma porcentagem de 7% no total da

programação analisada. Os temas predominantes foram os jogos dos clubes.

Como diferencial, havia o complemento da classificação dos clubes.

8.2.1.2 Notícia

A “notícia” é classificada como “modelo extemporâneo de intervenção

informativa e que interessa unicamente a conhecer o fato com maior rapidez

possível” (BARBOSA FILHO 2009).

Data: 22-09-2014- Irapitan Costa- “O Coritiba é o 17º colocado com 23

pontos e voltou à zona de rebaixamento. Hoje, o Coritiba precisa fazer 16

pontos. Isso pela média de hoje para ficar fora com 39 pontos.”

Tabela 2: Gênero Notícia.

As notícias encontradas no “98 na rede” têm o objetivo de orientar o

ouvinte em determinados assuntos dos times. Neste exemplo, encontramos

desde qual jogador não vai jogar até a primeira partida da arena moderna em

1999. Na nossa semana artificial encontramos 21 inserções de notícias, com o

tema predominante de classificação e o diferencial de trazer os rendimentos

dos clubes no campeonato. O conteúdo noticioso ocupou 8% da grade nas

cinco edições.

8.2.1.3 Reportagem

A reportagem é definida como um conjunto de providências necessárias

à elaboração de uma matéria. Engloba pesquisa, entrevista e seleção de dados

40

relacionados à mensagem a ser veiculada (Barbosa Filho 2009 apud Porchat

1989).

Data: 23-0-2014- Irapitan Costa- “Com certeza, mudanças forçadas já que o

treinador perdeu o Robinho e o Helder. O Robinho que teve o terceiro cartão

amarelo e o Helder por faça contratual. O treinador tem ainda as

possibilidades de utilizar o Dudu que vinha sendo utilizado com frequência ou

Martinuccio. O atacante Joel falou sobre essa partida decisiva para o futuro do

Coritiba;

O jogo vai ser difícil como foi diante do São Paulo e temos que encarar o jogo

com maior seriedade possível dentro de casa e somos fortes e vai ser um jogo

muito importante.

O atacante camaronês também falou sobre a seguinte questão em que pese

viver um momento difícil na tabela.

Aquela partida mostrou que temos condição de enfrentar qualquer time do

campeonato brasileiro. Então eu acho que temos que se preparar da mesma

maneira que foi contra o São Paulo.

O atacante também está contando com o apoio da galera amanhã...

Com certeza o torcedor é um fator importante nas partidas principalmente nas

difíceis como vai ser diante do Cruzeiro líder nesse momento.

O Joel tem três gols até aqui neste campeonato brasileiro. O jogo de amanhã

às sete e meia da noite no Couto Pereira contra o Cruzeiro.”

Tabela 3- Gênero Reportagem

Em cinco edições foram encontradas 5 matérias sobre os times, sendo 3

do Paraná Clube, uma do Coritiba e uma do Atlético. Não existe um tema que

predomine entre as reportagens, como vimos nas matérias acima. Ao todo, há

3% desse gênero nas edições analisadas. Assim, também podemos afirmar

que a reportagem engloba o que é proposto, por Barbosa Filho, ao trazer as

principais informações do clube e com dados objetivos e pesquisas.

8.2.1.4 Comentário

41

O comentário, como já vimos anteriormente, “procura não somente

informar, como também orientar o ouvinte, influir sobre ele e incliná-lo em favor

de uma determinada interpretação do fato considerada justa e correta.

Data: 23-09-2014- Cristian Toledo- “O Jean que é o titular, o Lucas Otavio é

mais talentoso, tem mais passes sem dúvida nenhuma é o cara que pode

mudar a cara do meio de campo, hoje um pouco menos até pela condição do

gramado da Vila Capanema. Mais o Leandro Vilela não só pelo gol que

marcou no último jogo, mas ele não assunto, não é um cara que pegue a bola

e assuste, ele tem a capacidade de dar passe, contra o Luverdense entrou até

como meia que fez essa função nas categorias de base.”

Tabela 4- Gênero Reportagem

O comentário está presente em todas as edições pesquisadas. Notamos

que ele atende a ideia de Kaplun, ao orientar o ouvinte e informar ao mesmo

tempo. Em determinado comentário, Cristian Toledo aponta que, “em 2003, o

Coritiba conquistou uma vaga na libertadores”. Isso é um exemplo de como o

“98 na rede” orienta e contextualiza o ouvinte de um momento em que o

Coritiba viveu 12 anos atrás. Guilherme de Paula mostrou que “O Coritiba vai

ter que jogar no limite da motivação, qualidade e da entrega pra conseguir um

bom resultado no jogo”, o que faz o ouvinte ter um panorama de como está a

situação do clube na tabela.

Os comentários são presença constante e formam o gênero majoritário

do “98 na rede”. Ao todo foram encontrados 82% de comentários. São 229

inserções na pesquisa. Porém, não se pode determinar um tema que ficou em

evidência porque os dois comentaristas falaram sobre os três times em

diferentes momentos. Notamos que a linguagem utilizada é a popular, pois eles

tentam falar de uma maneira fácil para o seu ouvinte.

42

9. Considerações finais

Quando o programa “98 na rede” foi criado ele tinha uma proposta de

ser descontraído, informar o torcedor dos times de Curitiba e buscar fazer o

melhor programa esportivo da cidade (BONUCCI, 2013). Após quatro

temporadas, o programa, que se definia como jornalístico, se tornou um dos

principais esportivos da capital paranaense até seu encerramento em

dezembro de 2014.

Para esta pesquisa foi preciso buscar os critérios que foram

apresentados em nossa análise para desenvolver o problema de tentar

descobrir se o “98 na rede” pode ser considerado um radiojornal. Se seguimos

a definição de radiojornal feita pelo autor Barbosa Filho (2009), entendemos

que essa produção é constituída por diversas seções e editorias, tem notícias,

comentários e presença de diferentes assuntos. Partindo disso, podemos dizer

que o “98 na rede” é um radiojornal, mas o programa entraria em uma

categoria chamada de “Rádio jornal de esporte”.

Em nossa análise, percebemos que a informação é desprivilegiada

diante da opinião. Há uma inserção de opiniões muito maior do que de

informação dentro do “98 na rede”. Ao todo, temos 41 inserções de gêneros

informativos contra 229 de gêneros opinativos.

Para um melhor entendimento dos resultados desta pesquisa

produzimos uma tabela para mostrar como os gêneros estão inseridos dentro

da atração “98 na rede”. Confira abaixo:

.

Tabela de Gêneros Jornalísticos

Gênero Jornalístico

Número de entradas

Porcentagem Tema predominante

Diferencial

Nota 15 7% Jogos dos times.

Classificação dos times.

Notícia 21 8% Baixas no elenco.

Aproveitamento dos times.

3% Momento em que o clube estava vivendo.

Uma seleção de dados dos diferentes temas.

Reportagem 5

43

Comentário 229 82% São determinados conforme o time que está sendo comentado.

Ter um especialista comentando. Há linguagem popular.

TOTAL 306 100%

Tabela 5: Análise dos gêneros

A primeira hipótese pensada nesta pesquisa foi saber se existia somente

gêneros informativos e opinativos dentro do “98 na rede”. Os resultados obtidos

apontam que sim, existem somente esses dois gêneros. Portanto, esta

hipótese foi comprovada como podemos notar na tabela. Os gêneros

informativos do “98 na rede” são: nota, notícia e reportagem. Já o gênero

opinativo é representado pelo comentário.

Na segunda hipótese, tentou-se descobrir se existia um predomínio do

comentário sobre outros gêneros. Com a análise, foi comprovada uma inserção

de 229 comentários. Isso representa 82% da programação. Os gêneros

informativos somam 41 entradas ou 18% da programação.

Concluímos, portanto que o “98 na rede” era uma atração hibrida, com

preponderância do gênero opinativo. No entanto, concluímos também que é

preciso um aprofundamento das pesquisas no tema para um melhor

entendimento sobre os gêneros jornalísticos dentro de outros programas

esportivos semelhantes para termos um panorama maior sobre a inserção

neste tipo de produção radiofônica.

44

10. Referencias bibliográficas

BARBETTA, Pedro Alberto. Estatística Aplicada às Ciências Sociais. 5. ed.

Florianópolis: Editora da UFSC, 2004.

BARBOSA FILHO, André. Gêneros radiofônicos: Os formatos e os

programas em áudio. 2. ed. São Paulo: Paulinas, 2009. (Coleção comunicação

estudos).

BARDIN, I. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições Setenta, 1994. 226 p.

BELTRÃO, Luiz. Jornalismo opinativo. Porto Alegre: Sulina, 1980.

BONUCCI, Murilo. Vida da Voz: 98 Fm. Curitiba: Desdobra, 2013. 84 p.

Disponível em <http://www.youblisher.com/p/812548-Vida-da-Voz> Acesso em:

30 set. 2014.

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