Norma para a Elaboração Gráfica de...

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COPPE/UFRJ COPPE/UFRJ ANÁLISE NÃO LINEAR DA APLICAÇÃO DO TANQUE DE ESTABILIZAÇÃO PASSIVO TIPO U NA DIMINUIÇÃO DO BALANÇO PARAMÉTRICO José Carlos Villagómez Rosales Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Oceânica, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Engenharia Oceânica. Orientador: Marcelo de Almeida Santos Neves Rio de Janeiro Outubro de 2010

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COPPE/UFRJCOPPE/UFRJ

ANÁLISE NÃO LINEAR DA APLICAÇÃO DO TANQUE DE

ESTABILIZAÇÃO PASSIVO TIPO U NA DIMINUIÇÃO DO

BALANÇO PARAMÉTRICO

José Carlos Villagómez Rosales

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-graduação em Engenharia

Oceânica, COPPE, da Universidade Federal do

Rio de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de Mestre em

Engenharia Oceânica.

Orientador: Marcelo de Almeida Santos Neves

Rio de Janeiro

Outubro de 2010

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ANÁLISE NÃO LINEAR DA APLICAÇÃO DO TANQUE DE ESTABILIZAÇÃO

PASSIVO TIPO U NA DIMINUIÇÃO DO BALANÇO PARAMÉTRICO

José Carlos Villagómez Rosales

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO

ALBERTO LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE

ENGENHARIA (COPPE) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE

JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A

OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA

OCEÂNICA.

Examinada por:

_________________________________________________Prof. Marcelo de Almeida Santos Neves, Ph.D.

_________________________________________________

Prof. Paulo de Tarso Themístocles Esperança, D.Sc.

_________________________________________________

Prof. Alexandre Teixeira de Pinho Alho, D.Sc.

_________________________________________________

Prof. Marcelo Amorim Savi, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

OUTUBRO DE 2010

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Villagómez, José Carlos R.

Análise Não Linear da Aplicação do Tanque

de Estabilização Passivo Tipo U na Diminuição

do Balanço Paramétrico/ José Carlos Villagómez Rosales.

Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE,2010.

XV, 90 p. 29,7 cm

Orientador: Marcelo de Almeida Santos Neves

Dissertação (Mestrado) – UFRJ/COPPE/Programa de

Engenharia Oceânica, 2010.

Referências Bibliográficas: p. 82-90

1. Tanque de Estabilização em Navios. 2. Estabilidade

Dinâmica de Navios. 3. Ressonância Paramétrica

4. Analise Não Linear. I. Neves, Marcelo de Almeida

Santos. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE

Programa de Engenharia Oceânica. III. Título.

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iv

DEDICATÓRIA

Aos meus pais José e Norma,

e à minha irmã Rocío,

fontes de fortaleza, alento,

alegria e inspiração permanentes

na minha vida.

E a todos os espíritos livres que

procuram,

através do intelecto, vislumbrar a

beleza de nosso universo.

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AGRADECIMENTOS

Ao professor Marcelo de Almeida Santos Neves pela amizade,

estímulo constante e orientação no desenvolvimento do presente trabalho.

Aos professores do Programa de Engenharia Oceânica da

COPPE/UFRJ pelos ensinamentos, a todos os amigos da Área de Hidrodinâmica

pelo companheirismo e a todo o pessoal do PENO e DENO pela amizade e apoio.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior e

ao Programa de Engenharia Oceânica da COPPE/UFRJ pelo suporte financeiro.

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Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

ANÁLISE NÃO LINEAR DA APLICAÇÃO DO TANQUE DE

ESTABILIZAÇÃO PASSIVO TIPO U NA DIMINUIÇÃO DO BALANÇO

PARAMÉTRICO

José Carlos Villagómez Rosales

Outubro/2010

Orientador: Marcelo de Almeida Santos Neves

Programa: Engenharia Oceânica

Nos últimos anos evidenciou-se a importância da ressonância paramétrica

na estabilidade de embarcações. Trata-se de um fenômeno no qual a embarcação

pode, em poucos ciclos, atingir grandes amplitudes de jogo (jogo paramétrico),

não pela excitação direta das ondas, mas sim por uma excitação interna devido às

variações periódicas de certos parâmetros do sistema oscilatório (excitação

paramétrica). Por outro lado, é sabido que o fenômeno da ressonância paramétrica

é de natureza fortemente não linear, pelo que é muito suscetível às variações de

condições iniciais do sistema.

O presente trabalho aplica técnicas modernas de análise não linear ao problema do

controle do balanço paramétrico utilizando tanques estabilizadores tipo U. É

analisado o efeito da aplicação do tanque na dinâmica de um navio pesqueiro

Transom Stern (TS). Foi mostrado experimental e numericamente que este navio é

propenso à ressonância paramétrica, (Pérez et al., 2000, Neves et al., 2002). A

metodologia aplicada neste trabalho tenta incluir a influência das condições

iniciais na resposta final do sistema tanque-navio. Um sistema de equações

diferenciais não lineares descreve o movimento do fluido dentro do tanque e as

forças e momentos que o tanque gera no navio (Neves et al., 2009). Este sistema é

resolvido numericamente em função do tempo para diferentes condições iniciais e

excitações de onda. É apresentada a análise da dinâmica não linear das respostas

em forma de limites numéricos de estabilidade, bacias de segurança, curvas e

superfícies de integridade e finalmente de curva de amplitude crítica da onda.

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Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

NONLINEAR ANALISYS OF THE APLICATION OF PASSIVE U-TYPE

ANTI-ROLL TANK ON THE REDUCTION OF PARAMETRIC ROLLING

José Carlos Villagómez Rosales

October/2010

Advisor: Marcelo de Almeida Santos Neves

Department: Ocean Engineering

This work applies modern numerical techniques of nonlinear dynamics to

the problem of control of the roll motion employing U-shaped anti rolling tanks

(ART). A transom stern small vessel, well known for her tendency to develop

strong parametric excitation, is investigated. Nonlinear equations are employed to

describe the liquid motion inside the tank, the forces and moments generated by

the tank on the ship and the coupled ship motions (heave, roll and pitch). These

are numerically solved for different initial conditions. An analysis of the

dynamical behavior of the vessel with stabilization is presented in the form of

numerical limits of stability, safe basins, integrity curves and integrity surfaces.

Finally, curves of critical wave amplitude for different wave tunings are

computed. A design procedure for quantitative assessment of the level of

parametric rolling mitigation by means of ART´s is discussed.

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INDICE

CAPITULO 1 INTRODUÇÃO 01

1.1 Generalidades 02

1.1.1 Balanço Clássico 02

1.1.2 Balanço Paramétrico 02

1.2 Estabilização do Movimento de Balanço 07

1.3 Classificação dos Tanques de Estabilização 10

1.3.1 Segundo a Natureza de Trabalho 10

1.3.2 Segundo a Geometria 11

1.4 Ferramentas de Análise da Dinâmica Não-linear 12

1.5 Antecedentes e Cenário Atual 14

1.6 Objetivo e Conteúdo da Tese

22

CAPITULO 2: MODELO MATEMÁTICO 24

2.1 Generalidades 24

2.2 Sistemas de Referência 25

2.3 Equação do Movimento de Fluido Dentro do Tanque 28

2.4 Forças e Momentos Exercidos sobre o Navio Devido ao

Movimento do Fluido Dentro do Tanque

32

2.5 Equação Linear do Tanque 39

2.6 Movimento do Navio em Ondas 42

2.7 Coeficientes Hidrodinâmicos e as Forças de Excitação 44

2.8 Coeficientes de Amortecimento em Balanço 45

2.9 Equações Não-Lineares do Comportamento do Navio em

Ondas

46

2.10 Equações Acopladas do Sistema Navio-Tanque com

Coeficientes de Quarta Ordem

47

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CAPITULO 3: ANÁLISES E RESULTADOS 50

3.1 Generalidades 51

3.2 Mapeamento no Plano Aw vs 4/e n 53

3.3 Variação dos Limites de Estabilidade Devido às

Condições Iniciais

57

3.4 Análise das Bacias de Segurança 59

3.5 Curvas de Integridade 66

3.6 Superfícies de Integridade 71

3.7 Curva de Amplitude de Onda Crítica 75

CAPITULO 4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 78

4.1 Conclusões e Recomendações Gerais 78

4.2 Trabalhos Futuros 81

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 82

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LISTA DE SÍMBOLOS

GERAL

g - aceleração da gravidade;

ug

- vetor unitário na direção da aceleração da gravidade;

x, y, z - eixos do sistema de coordenadas móveis (solidário ao navio);

X,Y,Z - eixos do sistema de coordenadas inerciais (fixo à terra);

NAVIO E ONDA

wA - amplitude da onda (m);

Fn - número de Froude;

wL - comprimento da onda (m);

k - número de onda;

χ (ksi) - ângulo de incidência da onda (º);

m - massa do navio;

,xx yyJ J - momentos de inércia do navio com respeito aos eixos x e y ,

respectivamente;

w - freqüência da onda (rad/s);

e - freqüência de encontro (rad/s);

4n - freqüência natural de jogo (rad/s);

, ,x y z - deslocamento do navio na direção dos eixos, x, y, z ,

respectivamente (avanço, desvio e afundamento);

, ,u v w - velocidade do navio na direção dos eixos x, y, z , respectivamente;

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xi

, , - deslocamentos angulares do navio na direção dos eixos, x, y, z ,

respectivamente (balanço, arfagem e guinada);

, , ,p q r - velocidade angular do navio e as componentes na direção dos eixos

x, y, z , respectivamente;

, ,p q r - aceleração angular do navio na direção dos eixos x, y, z ,

respectivamente;

0 0v ,a - velocidade e aceleração absoluta da origem de coordenadas O,

respectivamente;

U - velocidade do navio;

, ,w w wZ K M - excitação externa exercida sobre o navio devido às ondas nos

movimentos de afundamento, balanço e arfagem;

TANQUE DE ESTABILIZAÇÃO

a A - aceleração absoluta do diferencial de volume de fluido;

,r dA A - área da seção transversal do reservatório e do duto,

respectivamente;

tB - amortecimento devido às paredes dentro do tanque;

2,,, HWHB rdw - parâmetros geométricos do tanque (vide Figura 2.2);

1 2, ,wB C C - constantes;

b, db - posição e largura do diferencial de volume de fluido no duto

horizontal, com respeito ao ponto O;

h, dh - posição e altura do diferencial de volume de fluido nos

reservatórios, com respeito à posição de equilíbrio;

rH - altura de equilíbrio de fluido dentro do tanque;

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d ,dr dVol Vol - diferencial de volume do fluido, no reservatório e no duto,

respectivamente;

t - amortecimento adimensional do tanque;

tL - comprimento longitudinal do tanque na direção do eixo x (m);

,r d - esforços tangenciais nas paredes do reservatório e do duto,

respectivamente;

,x yN N - componentes normais das ações que as paredes do tanque exercem

sobre o fluido, nas direções do eixo x e y , respectivamente;

E - potência entregue pela bomba ao fluido;

acelF - força exercida sobre o fluido do tanque devido à aceleração

absoluta e da gravidade;

tanqueF , , ,ta ta taX Y Z - força que o fluido do tanque exerce sobre o navio, e suas

componentes na direção dos eixos x, y e z , respectivamente;

tanqueM , , ,ta ta taK M N - momento que o fluido do tanque exerce sobre o navio e suas

componentes na direção dos eixos x, y e z , respectivamente;

K - coeficiente de perda de carga nas uniões internas do tanque;

,x zL L - componentes do vetor posição do centro do duto com respeito ao

ponto O, na direção dos eixos x e z , respectivamente;

r , v ,aB B B - posição, velocidade e aceleração absoluta do diferencial de volume,

respectivamente;

dF ,dF ,dFpeso pressao paredes - forças devidas ao peso, à pressão e às paredes do tanque

sobre o diferencial de volume;

d tm - massa do diferencial de volume;

tm - massa do fluido dentro do tanque;

t - densidade do fluido dentro do tanque;

P, dP - pressão e diferencial de pressão exercido sobre o diferencial de

volume;

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,p sP P - pressão interna ao tanque nos reservatórios de bombordo e boreste,

respectivamente;

1 2 3 4 5 6P ,P ,P ,P ,P ,P - pressões internas em diferentes seções do tanque (vide Figura

2.2).

,r dPe Pe - perímetro da seção transversal do reservatório e do duto,

respectivamente;

R - relação entre as áreas do reservatório e do duto, respectivamente;

t - freqüência natural do tanque (rad/s);

( ) ( ) ( ), ,t t tZ Z Z - posição, velocidade e aceleração relativa do fluido dentro do

tanque;

Coeficientes Devido ao Tanque

, , , , , , , , , ,

, , , , , , , ,

z x y

ext y x z

T T T T T T T T T T

T T T T T T T T T

- da Equação do TANQUE nos seis

graus de liberdade do navio

, , , , , , , ,

,

zZ Z Z Z Z Z Z Z

Z Z

- das forças devido ao tanque na equação

de AFUNDAMENTO

, , , , , , ,

, , , , , ,

z z

z

K K K K K K K

K K K K K K K

- dos momentos devido ao tanque na

equação de BALANÇO

, , , , , , , ,

, , , , , ,

z z

z

M M M M M M M M

M M M M M M M

- dos momentos devido ao tanque na

equação de ARFAGEM

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COEFICIENTES DE MASSA ADICIONAL E AMORTECIMENTO

, ,zZ K M - Coeficientes de massa adicional em afundamento,balanço e

arfagem, respectivamente;

, zZ M - Coeficientes de massa adicional entre os modos acoplados de

afundamento e arfagem;

, ,zZ K M - Coeficientes de amortecimento linear em afundamento, balanço e

arfagem, respectivamente;

K - Coeficientes de amortecimento quadrático em balanço;

COEFICIENTES DE RESTAURAÇÃO

Linear

, ,zZ K M - Coeficientes de restauração linear em afundamento, balanço e

arfagem, respectivamente;

, zZ M - Coeficientes de restauração linear entre os modos acoplados de

afundamento e arfagem;

Segunda ordem

, , ,zz zZ Z Z Z - Coeficientes de restauração em afundamento;

,zK K - Coeficientes de restauração em balanço;

, , ,zz zM M M M - Coeficientes de restauração em arfagem;

Terceira ordem

, , , , ,zzz zz z zZ Z Z Z Z Z - Coeficientes de restauração em afundamento;

, ,zzK K K - Coeficientes de restauração em balanço;

, , , , ,zzz zz z zM M M M M M - Coeficientes de restauração em arfagem;

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zK - Coeficientes de restauração entre os modos acoplados de

afundamento, balanço e arfagem;

Devido à Passagem da Onda

Segunda Ordem

,zZ Z - em afundamento;

K - em balanço;

,zM M - em arfagem;

Terceira ordem

, , , , ,z zz zZ Z Z Z Z Z - em afundamento;

, ,zK K K - em balanço;

, , , , ,z zz zM M M M M M - em arfagem

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CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

Na atualidade muitas organizações e instituições internacionais vinculadas ao

setor naval vêm dando grande importância ao estudo da estabilidade dinâmica do navio

em ondas, com o crescente interesse por parte dos pesquisadores e instituições do setor em

analisar a sensibilidade das embarcações aos fatores externos que possam levar a

emborcamentos. Freqüentemente os emborcamentos ocorrem em condições extremas, nas

quais as embarcações têm que responder de forma segura e econômica, com boa

manobrabilidade e adequados níveis de acelerações.

Dentro deste contexto são estudados os modos potenciais de emborcamento, sendo

um deles o fenômeno conhecido como Ressonância Paramétrica. France et al (2003)

publicaram e estudaram a ocorrência da Ressonância Paramétrica num navio porta-

contentor tipo post-Panamax C11 atingindo grandes acelerações e ocasionando danos à

carga. Em navios pesqueiros, pode afetar diretamente a segurança da tripulação e

ocasionar danos aos equipamentos e aparelhos de pesca. Nas plataformas offshore, navios

militares e de suporte, é recomendável uma estabilidade eficiente para não ocorrer a

interdição do heliponto e outros itens cujas operações sejam limitadas por altos níveis de

aceleração. O mesmo aplica-se para navios de passageiros, onde o critério de conforto a

bordo é exigente. Para diminuir os grandes movimentos que o navio sofre no mar, o

capitão se vê forçado a alterar a rota ou diminuir a velocidade; isto pode produzir

indesejáveis limitações na missão de navios militares ou reduzir os ganhos nos navios

comerciais.

Assim, ao longo da historia da arquitetura naval se vem desenvolvendo e

otimizando diversos dispositivos para eliminar ou controlar os grandes movimentos e

acelerações a que o navio é submetido em condições extremas. Um desses dispositivos é o

tanque estabilizador passivo Tipo-U. Este trabalho está inserido na linha de pesquisa que

tenta melhorar a compreensão da dinâmica envolvida no processo de estabilização e sua

efetividade na redução da ressonância paramétrica.

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1.1 Generalidades

Como é conhecido da teoria de movimento do navio, este é causado

fundamentalmente pela excitação das ondas e pode ser decomposto em seis

graus de liberdade. Do ponto de vista da estabilidade em ondas, o mais

crítico desses movimentos é o de roll, devido aos baixos momentos de

inércia e amortecimentos presentes no fenômeno, existindo a propensão

desse modo a alcançar grandes amplitudes, seja por excitação direta (Roll

Ressonante Clássico) ou interna (Roll Paramétrico). Para uma melhor

compreensão dos dois mecanismos de ressonância, descreveremos

brevemente a seguir suas características essenciais.

1.1.1 Balanço Ressonante Clássico

O Balanço Clássico é causado pela excitação direta das ondas do

mar sobre o navio. Se o navio, com certa velocidade de avanço, é atingido

por ondas com certa freqüência e ângulo de incidência, determinando uma

freqüência de encontro próxima à freqüência natural de jogo do navio,

podem ocorrer condições ressonantes que levem o navio a atingir

movimentos de grandes amplitudes. Esse balanço ressonante clássico pode

ocorrer em ondas de través ou ondas oblíquas. Em ondas estritamente

longitudinais e cascos simétricos o movimento de jogo causado pela

excitação direta das ondas não é possível (Bhattacharyya, 1978, Lewis,

1989, Lloyd 1989.).

1.1.2 Balanço Paramétrico

Quando o navio atinge certas freqüências de encontro, em mar de

proa ou popa (ondas longitudinais), o movimento de balanço pode ser

excitado indiretamente e atingir grandes amplitudes. Esse movimento de

excitação indireta, denominado “movimento excitado auto-

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parametricamente” e usualmente conhecido como “balanço paramétrico”, é

causado por uma excitação interna devido às variações periódicas de certos

parâmetros do sistema oscilatório. Froude (1863) foi um dos primeiros a

notar a existência do fenômeno da ressonância paramétrica.

O Balanço Paramétrico deriva da variação periódica do momento de

restauração como resultado da modificação da forma submersa produzida

pelas ondas, principalmente quando o navio navega em ondas longitudinais

em sua forma mais pura.

Apresenta-se na Figura 1.1 a distribuição não-uniforme da superfície

da onda sobre o casco, na condição do navio em ondas longitudinais. A

onda, junto com os movimentos verticais de heave e pitch, faz com que a

geometria do volume submerso varie ao longo do tempo. Esta variação tem

como conseqüência mudanças cíclicas das características restaurativas do

navio, como a curva de restauração (curva de GZ), que envolve a

estabilidade estática de roll.

Figura 1.1: Curvas do braço de endireitamento (GZ ) em função do

ângulo de inclinação (φ ) em ondas regulares. Fonte: Celis (2008)

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Na Figura 1.1 apresenta-se o caso A quando a crista da onda

encontra-se na meia nau do navio. Já para o caso B o cavado da onda

encontra-se na meia nau do navio: esta variação cíclica faz variar as

características restaurativas do navio no domínio do tempo. Por decorrer da

variação de parâmetros que são definidos na equação linear, o fenômeno

dinâmico é chamado de excitação paramétrica. Isto acontecerá passando da

condição A até B e vice-versa.

A condição mais crítica da instabilidade paramétrica é quando o

navio navega em ondas longitudinais e com comprimentos de onda da

ordem do comprimento do navio, resultando uma freqüência de encontro

próxima a duas vezes a freqüência natural de roll do navio. Sob esta

consideração, a dinâmica do movimento paramétrico é determinada tal que

quando a crista da onda passa pela meia-nau do navio, como se mostra na

Figura 1.1 A, a estabilidade do navio em roll se reduzirá consideravelmente,

enquanto passe por aquela posição com relação à onda, permitindo que um

grande ângulo de roll para um dos bordos possa ser alcançado; mas a onda

continuará passando pelo navio e em seguida o cavado se posicionará na

meia-nau, como se mostra na Figura 1.1 B, resultando então um aumento

temporário da estabilidade. Isto fará com que o navio ainda adernando-se,

volte para a posição de equilíbrio com maior restauração, fazendo com que

na hora de passar por esta posição, o navio tenha atingido uma alta

velocidade angular em roll no sentido da banda contrária. Entretanto, outra

crista da onda já estará passando pela meia-nau do navio, reduzindo

novamente a estabilidade, e acrescentando a tendência do navio para adernar

a essa mesma banda contrária, favorecida pela diminuição da restauração.

Isto acontecerá da mesma forma para a outra banda do navio e continuará

repetindo-se e atingindo em cada ciclo, progressivamente, maiores ângulos

de roll. Em ondas regulares este sincronismo se repetirá amplificando até

alcançar um equilíbrio dinâmico do tipo chamado ciclo limite ou até o navio

emborcar.

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Dependendo da amplitude da excitação interna, esse processo de

amplificação do jogo pode provocar o emborcamento do navio em poucas

oscilações (Pérez, 1985, Valério, 1994). No caso de navios de pequeno

porte, como é o caso de um grande número de pesqueiros que operam no

litoral do Brasil e do Peru, a instabilidade paramétrica se torna

potencialmente bem mais perigosa, com a agravante de que pode

desenvolver-se em condições de mar moderadas (Neves, 2002). Com a

intenção de analisar a ressonância paramétrica, (Pérez e Sanguinetti, 1995)

realizaram ensaios experimentais com modelos de navios pesqueiros. Os

resultados desses ensaios mostram que a instabilidade paramétrica pode

ocorrer para valores de altura metacêntrica transversal dentro dos valores

exigidos pelos regulamentos internacionais.

Por outro lado, com a finalidade de estudar a estabilidade da equação

de jogo e reproduzir as características dinâmicas da ressonância paramétrica,

foram desenvolvidos vários modelos matemáticos (analíticos e numéricos).

Um estudo analítico da equação de jogo permite analisar sistematicamente

vários parâmetros do sistema dinâmico que influem no comportamento do

navio em jogo.

Usando estes modelos matemáticos podem ser obtidos limites de

estabilidade, geralmente por meio da equação variacional linear

desenvolvida a partir da equação não linear de jogo. Sanguinetti (1985)

estuda analiticamente a estabilidade do jogo paramétrico, para o navio sem

velocidade e com três graus de liberdade (afundamento, balanço e arfagem),

utilizando um modelo não linear de segunda ordem, nesse trabalho foram

utilizados dois navios pesqueiros semelhantes com forma de popa

diferentes. Posteriormente, Pernambuco (1990) aprimora o modelo anterior

considerando seis graus de liberdade e incorporando o amortecimento não

linear em jogo assim como a velocidade de avanço em mar de popa. Salas

(1991) analisa os limites de estabilidade dos mesmos navios utilizados por

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Sanguinetti (1985), confirmando a existência de jogo paramétrico em zonas

de baixas freqüências, característica da condição de mar de popa.

Seguindo com a mesma linha de pesquisa, Valério (1994) estuda a

estabilidade desses navios pesqueiros incorporando termos de restauração

devido ao efeito da passagem da onda, aprimorando assim o modelo

analítico desenvolvido anteriormente. Posteriormente, Neves et al. (1999)

estudaram analítica, numérica e experimentalmente a estabilidade desses

navios pesqueiros, analisando a influência das formas da popa na

estabilidade paramétrica de jogo. O estudo analítico foi baseado na equação

de Mathieu utilizando um modelo de segunda ordem. Valério (2000)

aprimora o modelo de Valério (1994) adicionando não linearidades nas

equações de afundamento e arfagem e analisando os limites de estabilidade,

compara os resultados numéricos obtidos com os experimentais, obtendo

limitação nos resultados para grandes ângulos de balanço. Lorca (2001)

estuda analítica e experimentalmente a influência da velocidade do navio

sobre a ressonância paramétrica em jogo em mar de proa, obtendo os

respectivos limites de estabilidade baseado na equação de Mathieu.

A desvantagem de fazer uma análise de estabilidade a partir da

equação de Mathieu (modelo com termos de segunda ordem na restauração)

é que no caso de movimentos de balanço intensos este modelo não reproduz

eficientemente a dinâmica da ressonância paramétrica (Rodriguezs, 2004).

Por este motivo Rodriguezs (2004) desenvolve um modelo não linear de

terceira ordem para o navio com três graus de liberdade. Os resultados

obtidos reproduzem eficientemente a dinâmica da ressonância paramétrica,

obtendo respostas numéricas de balanço que apresentam boa concordância

com os resultados experimentais. A existência de termos de terceira ordem

dá origem a termos bi-harmônicos na equação variacional de balanço,

fazendo inaplicável a equação de Mathieu para a análise de estabilidade,

caindo esta análise agora na equação de Hill, com características próprias do

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modelo de terceira ordem. O modelo de terceira ordem é capaz de

reproduzir adequadamente as respostas do navio quando atinge grandes

ângulos de balanço paramétrico (Neves e Rodrigues, 2004), em mar de proa.

Outros trabalhos relativos ao desenvolvimento de modelos

matemáticos e testes experimentais para reproduzir a ressonância

paramétrica podem encontrar-se em Skomedal (1982), Dallinga et al.

(1998), Spyrou (2000), Bulian et al. (2003), ABS (2004), Munif et

al.(2006), Ahmed et al. (2006), Harukuni et al. (2006).

1.2 Estabilização do Movimento de Balanço

Para reduzir os movimentos que se produzem no navio, são

comumente empregados mecanismos estabilizadores. Com a ajuda desses

estabilizadores, as amplitudes dos movimentos, em geral o movimento de

balanço, podem ser reduzidas consideravelmente. No estudo da

estabilização de navios é importante saber o tipo e magnitude das forças que

deveriam ser aplicadas para obter uma redução significativa nas amplitudes

e nas acelerações dos movimentos. Alguns estabilizadores e outros meios

usualmente empregados no controle do movimento de jogo são apresentados

a seguir:

A bolina pode ser o dispositivo mais simples empregado para

diminuir o movimento de jogo. Ela atua gerando forças de arrasto,

incrementando consideravelmente a dissipação de energia devido ao fluxo

viscoso. Essas forças de arrasto se opõem ao movimento de balanço,

aumentando o amortecimento e consequentemente diminuindo esse

movimento. No entanto, a eficiência da bolina pode ser limitada por razões

de tamanho e fixação na parte externa do casco, aumentando a resistência ao

avanço.

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Aletas de estabilização ativas. Este sistema de estabilização trabalha

fora do casco e geralmente é composto por pelo menos um par de aletas

móveis na parte submersa, uma de cada lado do navio. O ângulo de

incidência das aletas é continuamente ajustado por um sistema de controle

que é governado pelos movimentos do navio. As aletas exercem forças de

sustentação que fornecem momentos em jogo. Esses momentos são

arranjados para se opor ao momento de excitação das ondas,

consequentemente diminuindo o movimento de balanço. A grande

desvantagem da bolina e das aletas de estabilização é que a eficiência delas

depende da velocidade de avanço do navio e no caso das aletas de

estabilização, a instalação e a manutenção têm custos elevados.

O giroscópio é um mecanismo que, em geral, consiste em um pesado

anel que gira em torno de seu próprio eixo, confinado por um marco externo

que novamente gira livre sobre um eixo perpendicular ao eixo do anel. Esta

massa giratória produz uma maior oposição contra as excitações externas,

trabalhando para alterar a direção do movimento. A desvantagem do

giroscópio é que ele precisa de uma grande massa para ter um desempenho

aceitável, o que pode ocupar um grande espaço dentro do navio, diminuindo

a capacidade de carga. Além disso, é importante notar que os cascos dos

navios, na maioria, não são construídos para alojar cargas altamente

concentradas. Essas cargas pesadas e concentradas tendem a causar grandes

esforços de torção no casco durante os movimentos de afundamento,

balanço e/ou arfagem.

Movimentação de peso transversalmente, em geral no convés do

navio. É um sistema dinâmico que produz um momento que, sintonizado

devidamente, se opõe ao momento externo exercido pelas ondas. As

desvantagens são que a resposta do sistema pode não ser suficientemente

rápida, o grande peso no convés diminui a estabilidade do navio e

problemas mecânicos são produzidos pela montagem e operação dos

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grandes pesos a bordo. Treakle et al (2000) apresenta um método, usando

um controlador ativo, para avaliar o movimento de pesos a bordo na redução

do movimento de balanço.

Ação do leme. Quando o plano diametral do leme está fora da linha

de centro do navio, o leme exerce uma força de sustentação que geralmente

atua num ponto situado abaixo do centro de gravidade do navio. Essa força

fornece momentos em balanço e guinada. Esse momento em balanço,

devido ao leme, pode ser empregado para contra-arrestar o momento devido

às forças externas. As desvantagens são que os momentos fornecidos pelo

leme são relativamente pequenos e o movimento do leme pode mudar a rota

estabelecida para o navio. Baitis (1989) reporta os resultados que obteve a

Marinha Americana utilizando um sistema de estabilização de jogo por ação

do leme.

Tanques de estabilização. É um sistema dinâmico que consiste em

reservatórios que contêm uma quantidade determinada de fluido, geralmente

água. As oscilações do fluido dentro dos reservatórios podem causar

momentos que, sintonizados devidamente, podem opor-se à excitação

aplicada pelas ondas ou pela excitação interna (excitação paramétrica).

Vantagens:

a) Reduz o movimento de balanço, diminuindo a resistência ao

avanço.

b) Podem trabalhar eficientemente em baixa ou sem velocidade.

c) Fácil instalação e funcionamento simples, quase não precisam de

manutenção (no caso de tanques passivos).

d) O espaço dentro dos tanques pode ser utilizado para levar fluidos

consumíveis.

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Em Sellars e Martin (1992) se pode encontrar uma comparação de

vários sistemas de estabilização de jogo onde bolinas, tanques passivos,

aletas ativas, e a ação do leme foram consideradas. Nesse trabalho são

descritos e discutidos procedimentos para a seleção e avaliação da eficiência

de diferentes sistemas de estabilização com o objetivo de diminuir o

movimento.

Outros detalhes com respeito a esses estabilizadores são

apresentados por Vasta et al. (1961), Parker (1965), Bhattacharyya (1978).

1.3 Classificação dos Tanques de Estabilização

1.3.1 Segundo a Natureza de Trabalho:

a) Passivos: quando o fluido dentro do tanque pode movimentar-se

livremente.

b) Passivos controlados: quando o movimento do fluido é controlado

pelo uso de obstrutores de fluxo (chicanas) ou pela limitação do

fluxo utilizando pressão de ar, isto para aumentar o

amortecimento interno do tanque.

c) Ativos: quando é fornecida energia para movimentar o fluido

dentro do tanque, com a finalidade de obter uma resposta mais

rápida, aumentar o amortecimento e/ou modificar a freqüência

natural do tanque.

Em geral tem-se como referência que os tanques de estabilização

passivos trabalham bem em navios com baixas velocidades embora, em

geral, eles não sejam tão efetivos como os tanques de estabilização ativos

trabalhando em navios com altas velocidades, Lloyd (1989).

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1.3.2 Segundo a Geometria:

a) Superfície Livre ou Flume: comumente constituído de

reservatórios de água na parte superior dos navios. A

característica principal desse tanque é o amortecimento que

produz contra o movimento de jogo. Em geral não é muito

eficiente em baixas freqüências de onda, (ondas compridas de

grande período), além do que reduz consideravelmente a altura

metacêntrica, e conseqüentemente, a estabilidade do navio.

b) Tipo U: geralmente consiste em dois reservatórios, colocados nas

duas bandas do navio e conectados entre si, na parte inferior, por

um duto horizontal transversal. A parte superior dos

reservatórios pode estar aberta à atmosfera ou conectada por um

duto horizontal de ar que pode controlar a freqüência natural do

tanque.

Esta geometria é mais eficiente, devido à menor perda de

estabilidade por superfície livre e à grande capacidade de mudar

seus parâmetros geométricos na fase de projeto. É sempre

desejável incorporar ao projeto algum nível de controle sobre a

freqüência natural do tanque, de maneira a atingir as faixas de

freqüências que o navio encontra ao longo de seu percurso. A

Figura 1.2 mostra esquematicamente os diferentes tipos de

tanques segundo a classificação apresentada.

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Figura 1.2 Classificação dos Tanques de Estabilização

Devemos assinalar que segundo a natureza do trabalho: as

Figuras 1.2 (a) e (c) são tanques passivos, as Figuras 1.2 (b), (d)

e (e) são tanques passivos controlados e a Figura 1.2 (f) é um

tanque ativo. Segundo a geometria: as Figuras 1.2 (a) e (b) são

tanques de superfície livre ou Flume, as Figuras 1.2 (c), (d), (e) e

(f) são tanques tipo U.

1.4 Ferramentas de Análise da Dinâmica Não-linear

Em geral, nas últimas décadas tem-se apresentado grande

desenvolvimento no estudo dos fenômenos não-lineares. Isto devido a que a

maioria de sistemas físicos são inerentemente não-lineares na natureza e é

necessário aprofundar cada vez mais na sua compreensão e entendimento.

As equações não lineares são difíceis de resolver e podem causar fenômenos

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interessantes como o caos. Por exemplo, no caso do clima, uma mudança

pequena em uma região isolada pode gerar efeitos complexos em outra

região afastadaO clima é um fenômeno completametne não linear, onde

mudanças simples em um aporção dos efeitos complexos do produto de todo

o sistema. Geralmente, os problemas não-lineares são difíceis, se possíveis,

de resolver e são muito mais menos compreensíveis do que problemas

lineares. Mesmo se não exatamente resolvíveis, o resultado de um problema

linear é muito mais predizível que o resultado de um problema não-linear.

Outra característica dos sistemas não lineares é sua dependência

sensibilidade das condições iniciais do sistema representado.

Assim, entre as ferramentas mais utilizadas no estudo de sistemas

não lineares podemos citar os seguintes:

• Mapeamento de Poincaré - uma maneira de simplificar a análise de um

sistema contínuo é mediante a seção de Poincaré, que permite a eliminação

de uma dimensão do sistema, podendo-se assim analisar a estabilidade da

série temporal por meio da análise da periodicidade e das órbitas caóticas do

sistema dinâmico.

• Expoentes de Lyapunov - é uma das ferramentas de análise de sistema

global de um espaço de estado, que avalia a sensibilidade às condições

iniciais verificando a taxa de divergência/convergência das trajetórias das

respostas, que no nosso caso vem a ser a dinâmica do movimento da

ressonância paramétrica.

• Diagrama de Bifurcação - permite observar as soluções da equação a

analisar, observar a cascata de bifurcações e as rotas possíveis para o caos,

conseguindo-se ver o tipo de comportamento com a mudança de um

parâmetro de controle (no nosso caso, Aw, amplitude da onda). Permite-nos

visualizar o início da duplicação de períodos, como também o início da

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resposta caótica do nosso sistema dinâmico do navio em ressonância

paramétrica.

• Bacias de Atração - em sistemas não-lineares que apresentam um

comportamento de muita complexidade, este sistema tem uma forte

dependência às condições iniciais. A bacia de atração é capaz de distinguir

as zonas estáveis e instáveis associadas ao emborcamento em nossa análise,

para um conjunto de condições iniciais, tanto em posição como em

velocidade, tomando em conta a mudança de outros parâmetros de controle,

como as características das ondas (amplitude e comprimento), velocidade de

avanço, etc.

1.5 Antecedentes e Cenário Atual

A idéia de utilizar tanques de superfície livre para estabilizar o

movimento de jogo foi introduzida pela primeira vez por William Froude

em 1862, seguida de uma aplicação práatica de P. Watts em 1880. O tanque

utilizado foi de seção transversal retangular e ocupava toda a boca de um

navio de guerra. Obstrutores de fluxo longitudinais dentro do tanque

forneciam amortecimento interno ao fluido. Esses tanques de superfície

livre, com diferentes geometrias, estão ainda em uso.

Em 1910, H. Frahm propôs o uso de um tanque com forma de U para

a estabilização de jogo e demonstrou que essa geometria é mais eficiente do

que o sistema do tanque com superfície livre.

Vasta et al. (1961) apresentam um resumo de vários sistemas de

estabilização e desenvolvem um sistema de equações, no domínio da

freqüência, para descrever a dinâmica de um navio com tanque de

estabilização passivo em forma de U. A derivação começa a partir das

equações de Lagrange e o sistema tanque navio é considerado como um

pêndulo duplo. A principal desvantagem desse trabalho é que foram

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utilizadas técnicas de aproximação e simplificação para resolver diretamente

a equação do movimento no domínio da freqüência, considerando os

movimentos do navio como movimentos desacoplados.

Stigter (1966) desenvolve um modelo linear para o sistema tanque-

navio considerando excitação de ondas lineares no mar de través. Faz um

estudo variando o amortecimento do tanque colocando uma placa obstrutora

no duto central, obtendo boa coerência com testes experimentais

estacionários de um modelo de tanque U. Os coeficientes de amortecimento

são obtidos a partir dos experimentos.

Webster et al. (1967) investigaram um sistema de controle ativo de

um tanque em U para estabilizar o movimento de balanço. Nesse trabalho os

autores formulam as equações do movimento do navio, do tanque, e da

bomba que fornece energia ao fluido. As respostas lineares para o

movimento do navio foram formuladas e resolvidas no domínio da

freqüência. Os autores descrevem a modelagem do controle da bomba

utilizando um tipo de controlador retro-alimentado com a aceleração de

jogo. As equações do tanque ativo foram formuladas com efeitos de

saturação e resolvidas no domínio do tempo usando o método de integração

de Runge Kutta. Devido a que a resposta do navio foi calculada no domínio

da freqüência, teve-se que calcular a resposta do tanque, acoplado com

balanço, desvio e guinada, para cada freqüência. Como conclusão desse

trabalho o tanque ativo mostra resultados mais favoráveis na redução do

movimento de balanço, quando comparado com o tanque passivo.

Webster et al. (1988) discutem um método para avaliar o

desempenho de tanques de estabilização externos de livre inundação. Um

estudo da eficiência desses tanques de livre inundação foi realizado no navio

USS Midway. Esses tanques externos se compõem de dois reservatórios, um

a boreste e outro a bombordo, e têm a principal característica de ter contato

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direto com o mar. O modelo analítico utilizado é simplificado, e o

amortecimento dentro do tanque é controlado utilizando dutos de ventilação,

livres à atmosfera ou pressurizados. Nesse trabalho se conclui que essa

forma de tanque não precisa ter um duto que comunique os reservatórios

para diminuir o movimento de jogo. No entanto, na prática, tem-se a

desvantagem de que esse tanque aumenta a resistência ao avanço, além de

precisar de maior manutenção devido a que os reservatórios externos estão

em contínuo contato com a água de mar altamente corrosiva.

Francescutto e Armenio (1990) estudam os limites de estabilidade

para os movimentos anti-simétricos de desvio, balanço e guinada, além do

movimento da água no tanque. Para este estudo consideram os autovalores e

autovetores de um sistema de equações diferenciais acopladas em forma

linear. Nesse trabalho é utilizado um modelo com tanque de estabilização

passivo tipo U, em uma determinada condição de carga e velocidade em mar

de través. Como conclusão desse trabalho se mostra que o movimento da

água dentro do tanque não tem influência considerável sobre os movimentos

de desvio e guinada.

Bass (1998) apresenta um trabalho na qual compara

experimentalmente e em escala real a eficiência de dois sistemas de

estabilização diferentes, utilizando paravanes

e tanque de estabilização

passivo, em três embarcações pesqueiras similares e de pequeno porte. A

principal conclusão desse trabalho é que o tanque passivo é mais eficiente

para este tipo de embarcações.

Balcer (2001) analisa a resposta do navio utilizando um tanque

passivo com superfície livre. Nesse trabalho se deduz e compara um modelo

analítico, desenvolvido a partir das equações de Lagrange de segunda

ordem, e um modelo físico do sistema navio-tanque baseado na idéia de dois

pêndulos acoplados matematicamente com dois graus de liberdade. Concluí-

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se que nesse tipo de tanque a eficiência será maior quanto maior seja o raio

metacêntrico, ou seja, que se encontre localizado mais acima do centro de

gravidade do navio.

Gawad et al. (2001) utilizam a teoria do tanque de estabilização

passivo tipo U, similar à Lloyd (1989), para estudar a influência da

freqüência, do amortecimento, dos parâmetros geométricos e da massa do

fluido na diminuição do movimento de balanço. Para obter os resultados

numéricos assume as respostas de balanço e do tanque como harmônicas,

resolvendo as equações do movimento a nível linear. Como resultado desse

trabalho obtém uma metodologia para a o projeto do tanque escolhendo os

parâmetros mais adequados, priorizando a sintonização do tanque em

função da altura da coluna de água dentro dos reservatórios. Os resultados

apresentados mostram que o tanque tipo U é um amortecedor eficiente do

movimento de balanço para um navio navegando em mar de través.

Youssef et al. (2002) utilizam a teoria do tanque de estabilização

passivo tipo U apresentada por Lloyds (1989), sendo que a equação do

movimento da água dentro do tanque é apresentada em forma linear. Para

obter resultados numéricos utilizam um navio cargueiro da Série 60

(Cb=0.7) navegando em mar de través com velocidade constante. Utilizam a

teoria do fluido potencial incompressível para resolver as equações do

movimento, e integram estas equações no domínio do tempo. Os resultados

apresentados forem calculados para diferentes ângulos de incidências de

onda. Como parte desse trabalho se analisa o amortecimento, a quantidade

da massa da água e o efeito da freqüência natural do tanque na diminuição

do movimento de jogo. Os resultados mostram que se pode atingir ate 95%

da redução do movimento de balanço. Posteriormente, Youssef et al. (2003)

aprimoram esse modelo matemático e modelam o movimento da água

dentro de tanque a nível não linear, tomando em consideração as perdas de

energia devido às uniões internas do tanque. Nesse trabalho são utilizados

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vários tubos em forma de U para distribuir estes simetricamente ao longo do

comprimento do navio. São obtidos resultados aceitáveis tanto para mar

regular como irregular.

Iglesias et al. (2003) realizaram ensaios experimentais em um tanque

retangular, para avaliar a deformação da superfície livre e calcular os

momentos que a água exerce neste tanque. Os resultados foram comparados

com resultados numéricos. O amortecimento é mudado utilizando

obstrutores de fluxo (chicanas) tanto nos resultados experimentais como

numéricos. Os resultados numéricos são obtidos utilizando o método de

malha-partícula SPH (Smoothed Particle Hydrodynamics) para resolver a

equação de Navier-Stokes, obtendo resultados quantitativos aceitáveis

quando comparados com os experimentais.

Harukuni et al. (2003) investigam numérica e experimentalmente o

movimento do jogo de um pequeno navio pesqueiro com tanque de

estabilização passivo tipo U. O ensaio experimental é realizado em

condições normais e de baixa estabilidade com ondas regulares em mar de

través. No modelo numérico, não linearidades são apresentadas no momento

de restauração do navio. Utiliza-se uma expressão aproximada para definir a

curva de estabilidade; esta expressão é incluída nas equações acopladas

entre o jogo e o movimento da água dentro do tanque. Finalmente apresenta-

se uma análise utilizando diagramas de bifurcação para encontrar as zonas

de instabilidade em função da freqüência e inclinação (steepness) da onda.

O trabalho de Jones et al. (2003) compara resultados numéricos e

experimentais, utilizando um tanque em forma de U e outro de superfície

livre, respectivamente; ambos em um navio pesqueiro de arraste (Forever

Grateful). Nos testes experimentais, estuda a influência do amortecimento

do tanque utilizando diferentes formas de obstrutores de fluxo, testados a

diferentes ângulos de incidência em relação à linha de fluxo da água dentro

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do tanque. Para obter os resultados numéricos é utilizado um sistema de

equações diferenciais acopladas linearmente com dois graus de liberdade.

Nesse trabalho se demonstra a maior eficiência do tanque tipo U comparado

com o de superfície livre, ambos passivos, podendo-se alcançar uma maior

eficiência utilizando um tanque de estabilização de superfície livre com

obstrutores de fluxo controláveis.

Webster et al. (2003) apresentam uma análise estatística baseada no

monitoramento, feito no mesmo navio pesqueiro em escala real, para avaliar

as respostas do navio com e sem tanque de estabilização.

Shin et al. (2004) apresentam critérios para análise da existência da

ressonância paramétrica em mar de proa e popa e utiliza um tanque de

estabilização passivo tipo tubo em U para diminuir o movimento de balanço

paramétrico. Para obter a equação do movimento e as forças e momentos

que a água do tanque gera no navio, utilizam a teoria apresentada por

Youssef et al. (2003). Nesse trabalho se analisa a influência da massa da

água dentro do tanque para obter a resposta de balanço em um navio porta-

contentor. Os resultados são apresentados em função da freqüência de

encontro. Adicionalmente, apresentam diagramas polares para analisar a

eficiência do tanque passivo, obtendo resultados satisfatórios para diferentes

ângulos de incidência de onda e várias velocidades.

No intuito de melhorar a rapidez da resposta em balanço do navio em

mar de través com tanque de estabilização, Phairoh e Huang (2005) utilizam

um tanque de estabilização ativo tipo tubo em U. Para isto fornece-se

energia ao fluido utilizando uma bomba de água. Posteriormente estudam o

efeito dos parâmetros do tanque e da bomba sobre o movimento de jogo.

Apresentam a derivação de um modelo não linear para representar o

movimento da água dentro do tanque, assim como as forças e momentos que

esse movimento exerce sobre o navio. Para obter os resultados numéricos o

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modelo matemático é linearizado. O autor mostra que o sistema ativo é mais

eficiente no que concerne à rapidez de resposta, comparado com o sistema

passivo. Assim como também mostram a importância da sintonia e

amortecimento do tanque para diminuir o movimento de jogo.

Merino (2007) apresenta um modelo de terceira ordem do navio

acoplado ao tanque passivo Tipo-U nos modos de heave, pitch e roll. Se faz

um estudo variando as características do tanque analisando as respostas

utilizando limites de estabilidade numérico. Basicamente, no presente

trabalho será feita uma extensão deste modelo nas análises não lineares

variando sistematicamente as condições iniciais para avaliar seu efeito sobre

a dinâmica final do sistema.

Por outro lado, a aplicação de ferramentas de analises da dinâmica

não linear na ressonância paramétrica em navios é um campo bastante novo;

os trabalhos neste caso são poucos, dentre os quais podemos citar o trabalho

de Umeda et al., (2003) onde se estuda a ressonância paramétrica de um

navio porta-contentor em mar de frente, avaliando o momento de

restauração como uma função não-linear da amplitude da onda. Apresenta

os correspondentes mapeamento de Poincaré, dobradura de períodos e caos

e a ocorrência de bifurcação subcrítica, associada à resposta de roll.

Neves e Rodríguez (2007) - neste trabalho é discutida a ressonância

paramétrica em mar regular de proa com o uso de um conjunto de equações

não lineares descrito pelos modos acoplados de heave-roll-pitch. O trabalho

explora a influência das não linearidades de terceira ordem, assim como a

relevância dos acoplamentos entre os modos verticais e o movimento de roll

nos limites de estabilidade. São analisadas as influências das condições

iniciais sobre o desenvolvimento das amplificações da resposta de roll,

identificando-se a ocorrência do fenômeno do salto.

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Bulian e Francescutto (2008) - analisaram o problema da presença de

múltiplos estados de estabilidade em ondas longitudinais em mar regular

baseado em um modelo analítico para roll desacoplado (1-DOF), por meio

da predição analítica e da verificação experimental, pelo qual foi possível

determinar analiticamente a região de instabilidade e o estado estável para a

amplitude de roll. Apresentaram uma análise das bacias de atração e a

sensibilidade às condições, mudando a velocidade do navio, também

achando para quais valores da velocidade se apresentava o salto dinâmico

(jump at fold).

Mañuico (2009) apresenta o estudo da dinâmica não linear de um

navio pesqueiro nas regiões próximas ao emborcamento, utilizando um

modelo matemático para reproduzir ressonância paramétrica em mar de

frente com três graus de liberdade. Utiliza ferramentas de análise não linear

como bacias de atração, mapas de Poincaré, diagramas de bifurcação, entre

outros.

Como se pode perceber, muitas pesquisas estão sendo feitas na

análise da estabilização de movimentos na área naval e oceânica. Vale a

pena mencionar que uma área relativa à estabilização de movimentos é o

controle de movimento de edifícios. Nos últimos anos, se tem utilizado a

movimentação de pesos e sistemas tanque-fluido para a estabilização do

movimento de edifícios devido ao vento, terremotos e vibrações de tráfego.

Tamura et al. (1995) apresentam um estudo sobre o controle do movimento

de uma torre no aeroporto de Nagasaki, onde é utilizada uma coluna

amortecedora sintonizada com líquido, para reduzir a vibração induzida por

vento sobre a torre. O autor mostra que os movimentos na parte superior da

torre diminuem em 35-50%, dependendo da velocidade e direção do vento.

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1.6 Objetivo e Conteúdo da Tese

Dando continuidade a esta linha de pesquisa sobre tanques

estabilizadores e ressonância paramétrica, se trata nesta tese, em primeiro

lugar, de continuar aprimorando o modelo matemático do sistema tanque-

navio tendo em consideração suas não linearidades e, em segundo lugar,

propor uma metodologia de avaliação quantitativa do efeito estabilizador do

tanque sobre o navio no controle do balanço paramétrico.

É assim que este trabalho tem como objetivo explorar a influência

das condições iniciais na avaliação global da estabilidade dinâmica do

sistema tanque-navio e propor a partir desta, uma metodologia que

quantifique o efeito estabilizador do tanque e assim, possa ser de utilidade

no desenvolvimento do projeto do navio.

Para obter os resultados numéricos será utilizado um navio pesqueiro

de pequeno porte e propenso a forte ressonância paramétrica. Será analisado

um projeto de tanque específico e o efeito que este produz sobre a dinâmica

do navio, variando sistematicamente as condições iniciais, amplitude de

onda e freqüência de encontro em mar de frente. Para fazer isto, se recorrerá

a ferramentas de analises de dinâmica não linear com o objetivo de

estabelecer uma metodologia aplicável na escolha da configuração ótima

tanque-navio.

Neste Capítulo 1, como parte da motivação deste trabalho, se define

e explica a dinâmica do Balanço Ressonante Clássico e do Balanço

Paramétrico, com um resumo sobre os principais sistemas de estabilização

em navios, assim como também uma definição e classificação dos tanques

de estabilização. Faz-se um resumo de trabalhos realizados sobre os tanques

de estabilização em navios no intuito de estabilizar o movimento de jogo. Se

faz uma breve apresentação das ferramentas de análise da dinâmica não

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23

linear utilizadas no estudo de fenômenos como o comportamento do navio

no mar.

No Capítulo 2 apresenta-se o aprimoramento do modelo matemático

utilizado para definir o movimento do fluido dentro do tanque, assim como

as equações das forças e momentos que este movimento fornece ao navio. É

apresentada e descrita detalhadamente a maneira como são usadas as

matrizes de transformação para fazer o intercambio de informação entre os

sistemas inercial e o sistema fixo no navio. São apresentados os termos de

acoplamentos entre os movimentos de afundamento, arfagem e balanço no

navio sem tanque. Finalmente, apresenta-se o sistema de equações

diferenciais não lineares acopladas que representa o sistema navio-tanque,

mostrando-se os termos de acoplamento entre os três graus de liberdade do

navio e o movimento do fluido dentro do tanque.

No Capítulo 3 inicialmente se explora a dependência das respostas

permanentes do balanço paramétrico às condições iniciais através de limites

de estabilidade numéricos. Utilizam-se bacias de atração para quantificar as

áreas de segurança em conjuntos amplos de condições iniciais e analisam-se

suas tendências com curvas de integridade. O conceito é estendido para

incorporar não só uma, mas uma faixa ampla de sintonias a partir da qual

surge a curva de Amplitude Críitica de Onda como uma ferramenta de

projeto na avaliação do efeito estabilizador global de um projeto de tanque

sobre a dinâmica do navio. Ao final são feitas as recomendações para

trabalhos posteriores na continuação dessa linha de pesquisa.

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24

CAPÍTULO 2

MODELO MATEMÁTICO

No presente capitulo será apresentada a equação diferencial que governa

o movimento do fluido dentro do tanque, assim como as forças e momentos que

este movimento gera no navio. O movimento do fluido no tanque e suas ações

externas sobre o navio são calculados com respeito a um sistema não-inercial

fixo no navio. O modelo utilizado neste trabalho considera as transformações de

coordenadas deste sistema fixo no navio ao sistema inercial e vice-versa para o

cálculo das respostas dinâmicas do navio em cada instante de tempo. Também

será apresentado o sistema de equações não lineares, até a terceira ordem, que

governa o movimento do navio em mar regular. Finalmente, se apresentará o

sistema acoplado navio-tanque com quatro graus de liberdade, três para os

movimentos do navio em afundamento, jogo e arfagem, e o movimento do fluido

dentro do tanque.

2.1 Generalidades

Com o objetivo de simular os movimentos do navio implementado com

um tanque estabilizador passivo de tipo U, se usa como base as formulações

desenvolvidas por Merino (2007). Nessa referência é desenvolvida a equação

diferencial não linear que governa o movimento do fluido dentro do tanque, assim

como as forças e momentos que este movimento gera no navio nos seis graus de

liberdade. Nessa mesma referência é apresentado o sistema acoplado navio-tanque

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25

com quatro graus de liberdade, três para os movimentos do navio em

afundamento, balanço e arfagem, e o movimento do fluido dentro do tanque,

assumindo a hipótese de pequenos ângulos. O presente trabalho incorpora ao

modelo anterior as matrizes de transformação das componentes das forças e

momentos – calculados com respeito ao sistema fixo no navio - para o sistema

inercial que acompanha a posição média do navio a velocidade constante. As

componentes dos movimentos, velocidades e acelerações lineares e angulares do

navio são transformadas para o sistema não-inercial fixo no navio a partir do qual

são calculadas as forças e momentos atuantes no tanque. Esta transformação direta

e inversa é calculada em cada passo de tempo e permite incrementar a precisão

das respostas que envolvem ângulos maiores, assim como velocidades e

acelerações mais significativas do movimento do navio e do fluido dentro do

tanque. Assim, a seguir serão apresentadas as formulações utilizadas, aprimoradas

com as transformações de coordenadas.

2.2 Sistemas de Referência

Para descrever o movimento do fluido dentro do tanque e os movimentos

do navio são usados dois sistemas de referência. Um sistema inercial CXYZ

deslocando-se com a mesma velocidade de avanço do navio (U), tal que no

instante t=0 o plano XY coincide com a superfície livre em águas calmas, com o

ponto C na mesma vertical que o centro de gravidade G do navio. O segundo

sistema de referência é o sistema móvel Oxyz , utilizado para definir o

movimento do fluido dentro do tanque. Este sistema móvel está fixo no casco e o

plano xy coincide inicialmente com o plano de flutuação do navio em águas

calmas, o eixo Ox pertence ao plano diametral, sendo positivo no sentido do

avanço, o eixo Oy aponta na direção de bombordo e o eixo Oz passa sempre

pelo centro de gravidade G do navio com sentido positivo para cima.

Com os sistemas de referência definidos, denominamos os movimentos

de translação do navio na direção dos eixos X, Y, Z como avanço (surge), desvio

(sway), e afundamento (heave), respectivamente. Definiremos χ como o ângulo

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de incidência das ondas em relação ao curso do navio, notando que χ = 0º

representa mar de popa e χ = 180º mar de proa. Os sistemas de referência

descritos anteriormente estão ilustrados na Figura 2.1, assim como a convenção de

sinais aplicada para os movimentos do navio, notando-se que estes sistemas são

sistemas destrógiros (definidos pela regra da mão direita).

Figura 2.1: Sistemas de referências em equilíbrio

O tanque tipo U consiste em dois reservatórios verticais unidos por um

duto horizontal na parte inferior, todos de seção retangular constante, como se

mostra na Figura 2.2. Nesta Figura 2.2 podem notar-se, esquematicamente, as

características geométricas do tanque, as quais devem ser arranjadas para

sintonizar o sistema navio-tanque. Pode notar-se ainda que o movimento do fluido

dentro do tanque está definido inicialmente pelo deslocamento ( )Z t , sendo ( )Z t a

velocidade do fluido relativa ao tanque. Vale notar que o ponto O não coincide

necessariamente com o centro de gravidade G do navio.

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Figura 2.2: Representação esquemática do tanque em forma de U

É importante notar que na Figura 2.2 é apresentado o movimento do fluido

em função do deslocamento Z(t), embora na formulação final do movimento do

fluido do tanque é utilizada também a variável de deslocamento angular , ao

qual chamaremos ângulo do tanque. Da Figura 2.3 pode notar-se que as variáveis

estão relacionadas geometricamente pela expressão:

tan( )w

Z

B (2.1)

Figura 2.3: Definição do movimento do fluido dentro do tanque

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28

É importante assinalar neste ponto que o sistema inercial que acompanha

o navio é utilizado para calcular os movimentos, velocidades e acelerações do

navio, enquanto que o sistema fixo no navio é utilizado para calcular as forças e

momentos gerados pelo tanque sobre o navio. Estes dois sistemas de referência

estão relacionados por matrizes de transformação direta e inversa, descritos com

detalhe na seção 2.32.

2.3 Equação do Movimento do Fluido dentro do Tanque.

A seguir se apresenta a equação que governa o movimento do fluido

dentro do tanque, sendo que este, por sua vez, é influenciado pelos movimentos

do navio. A equação é obtida a partir de um volume elementar no qual é feito um

balanço de forças usando-se a segunda Lei de Newton, e posterior integração ao

longo do comprimento do tanque.

Aplicando a Segunda Lei de Newton neste volume elementar temos:

dF dF dF dF a dpeso paredes pressao t r AA h (2.2)

onde t é a massa específica do fluido dentro do tanque, a A é a aceleração

absoluta do volume elementar, com as componentes expressadas no sistema

móvel fixo no navio. Deve notar-se na Equação (2.2) que a massa do volume

elementar é t t rdm A dh .

As forças envolvidas no diagrama de corpo livre do volume elementar são:

a força da gravidade (peso), a força da pressão e a força que as paredes do tanque

exercem sobre o fluido. Deve notar-se que haverá um diferencial de pressão ( dP )

na parte inferior do volume elementar causado pela coluna de fluido na parte

superior. Além disso, note-se que a tensão tangencial ( r ) sempre se opõe à

direção do movimento do fluido Z(t).

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29

Figura 2.4: Diagrama de corpo livre do volume elementar do fluido no reservatório de

bombordo.

Fazendo a integração correspondente ao longo dos reservatórios e o duto

se obtêm como resultado a equação que governa o movimento do fluido dentro do

tanque em função de Z(t). Ver Merino (2007).

2

2 2

2

( )2

[ cos cos ( ) ( ) ]

[ sen cos ( ) ( )2

( ) ]

w dr rr w d r r

d r t d t r t r

x

p s

x z

t

r w

B PeH Pe EW Z B H KZ

H W A A A Z

g w pv qu q pr L p q H Z

P Pg v ru pw r pq L p qr L

p qr H B

(2.3)

onde pP e sP são as pressões internas nos reservatórios de bombordo e boreste,

respectivamente. Em geral a diferença de pressão e a potência entregue à bomba

tem lugar como ação externa, seja para aumentar o amortecimento ou entregar

energia ao fluido. Tendo em vista estas considerações, vamos representar estas

ações externas como extT .

Neste trabalho, embora vários autores já tenham assinalado o

compartamento a tendência não linear do amortecimento do fluido dentro do

tanque (vide Stigter (1966), Holden et al.(2010)), é assumido – como uma

primeira aproximação - que as forças de amortecimento são proporcionais à

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velocidade Z e que existe um coeficiente de amortecimento equivalente ( B ).

Ou seja, fazemos a seguinte aproximação:

2d rw d r r

t d t r

Pe PeB H KZ B Z

A A

(2.4)

É importante ter em conta que na Equação 2.2 todas as variáveis do

sistema (velocidades e acelerações lineareis e angulares) estão referidas ao

sistema fixo no navio. Assim, os vetores instantâneos de velocidade e aceleração

angular do navio são, respectivamente:

ˆ ˆ ˆi j kp q r

(2.5)

ˆ ˆ ˆi j kp q r (2.6)

Onde, é claro, as componentes p, q, r dependem da variação dos ângulos (ângulos

referidos ao sistema inercial) com o tempo. Vamos apresentar as relações

existentes entre os dois conjuntos de variáveis p,q,r e , , .

Tem-se então que para as velocidades angulares com respeito ao sistema

não-inercial fixo ao navio se utiliza a matriz de transformação, Clayton e Bishop

(1982):

1 0

0 cos cos cos cos

0 cos cos cos cos

p sen sen

q Q sen sen

r sen sen

(2.7)

e a formulação para o cálculo das acelerações angulares no sistema fixo ao navio

da mesma forma se usa a matriz de transformação:

cos

cos cos cos cos

cos cos cos cos cos

p sen

q sen sen sen sen

r sen sen sen

(2.8)

, ,

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31

ou ainda:

0 cos 0

cos cos

cos cos cos

p

q Q sen sen sen Q R

r sen sen

(2.9)

onde:

0 cos 0

cos cos

cos cos cos

R sen sen sen

sen sen

(2.10)

Por outro lado, só com o intuito de avaliar melhor os acoplamentos na

Equação (2.2) e obter uma nomenclatura compatível com as equações do navio,

assume-se a hipótese de pequenos ângulos para o movimento de fluido

( tan ). Então, podemos definir a partir de agora o movimento fluido em

função do ângulo do tanque ( ), substituindo wZ B (vide Equação 2.1).

Pode definir-se uma nova nomenclatura para os coeficientes do tanque,

transformando a Equação (2.2) para:

2 2

cos cos

[ sen cos ]

w q uq vp

pp qq pr ext

v ur wp r pq p qr

T T T w T q T uq T vp T

T p T q T pr T

T T v T ur T wp T r T pq T p T qr

(2.11)

No presente trabalho se considera que os reservatórios estejam abertos na

parte superior, sendo as pressões iguais à pressão atmosférica. Além disso, se

considera a bomba como desligada (E = 0), trabalhando o tanque de estabilização

como passivo, então 0extT .

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A definição de cada coeficiente da Equação (2.11) mostra-se na Tabela 2.1

Tabela 2.1 Coeficientes da Equação do Tanque.

Primeira Ordem

22 w r

t r w r

d r

B HT A B W

H W

22 t r wT A B B 22v t r wT A B

22 ( )p t r w z rT A B L H

22r t r w xT A B L

Segunda Ordem

22ur t r wT A B

22w t r wT A B 22wp t r wT A B

22 t r wT A B g *

22q t r w xT A B L

22 ( )qr t r w z rT A B L H 22pq t r w xT A B L

Terceira Ordem

22uq t r wT A B

22vp t r wT A B 22 t r wT A B g *

2

22pp t r wT A B H 2

22qq t r wT A B H 22pq t r w xT A B L

* Estes coeficientes mudam para primeira ordem quando a equação do

tanque é linearizada.

Deve notar-se que a Equação (2.11) é uma equação com não linearidades

de até a terceira ordem, na qual se avalia melhor os acoplamentos entre o

movimento do tanque e os seis graus de liberdade do navio. Deve assinalar-se que

para obter os resultados numéricos no presente trabalho se considerará que o

navio pode movimentar-se em afundamento, balanço e arfagem, sendo eliminados

os coeficientes relacionados aos outros três graus de liberdade.

2.4 Forças e Momentos Exercidos sobre o Navio Devido ao Movimento do

Fluido Dentro do Tanque

Depois de apresentar a equação que governa o movimento do fluido dentro

do tanque se apresentam agora as equações para as forças e momentos que o

tanque exerce sobre o navio. Estas forças e momentos são inseridos dentro das

equações do navio e trabalham como ações externas, as quais poderão estabilizar

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os movimentos do navio. Estas ações externas são calculadas com respeito ao

sistema não-inercial fixo no navio, pelo que suas componentes devem ser

transformadas ao sistema inercial que acompanha o navio com sua velocidade

média para obter a resposta do navio neste sistema de referência.

O procedimento para avaliar estas forças e momentos devido ao tanque se

desenvolve a partir da Segunda Lei de Newton, (vide Equação 2.2), a força

exercida sobre qualquer volume elementar do fluido devido às forças superficiais

(forças devido à pressão e às paredes do tanque) será igual à força devida à

aceleração absoluta menos a força peso:

pressao paredes aceldF +dF =dF (a +g )dA u tg m

(2.12)

onde, sen i sen cos j cos cos kug

é o vetor unitário, na direção da

força de gravidade, com as componentes expressas no sistema móvel.

Deve notar-se que na Equação (2.12) a força peso passa para o outro lado

da igualdade com sinal trocado. Da Terceira Lei de Newton, a força exercida

sobre o navio devido ao volume elementar será dada por:

tanque aceldF dF (2.13)

tanquedF = (a +g )dA u tg m

(2.14)

Onde d t tm dVol é a massa do volume elementar. Integrando a equação

(2.14) ao longo dos reservatórios e do duto, da mesma forma como se obtém a

força exercida sobre o navio com respeito ao sistema não-inercial fixo no navio:

tanqueF i+ j+ kta ta taX Y Z (2.15)

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onde:

2 2

1

2

{ [ sen ( )] 2 ( )

( ) 4( ) }

ta t r x w

w

X A C g u qw rv L q r B r pq Z

C q pr B r qZ Z

(2.16)

1

2 2

2

{ [ sen cos ( )] 4

( ) 2 ( ) 2 }

ta t r x

w w

Y A C g v ru pw L r pq pZZ

C p qr B p r Z B Z

(2.17)

1

2 2

2

{ [ cos cos ( )] 4

( ) 2 ( ) 2 }

ta t r x w

w

Z A C g w pv qu L q pr B pZ

C p q B p qr Z ZZ

(2.18)

onde:

ww

BB

R , 1 2( )r wC H B e

2 2 2

2 2 2z z wC L H Z L B . (2.19)

Em seguida calculamos o momento exercido pela força elementar em

relação ao ponto O:

tanque tanquedM r dFB (2.20)

tanquedM r (a +g )dB A u tg m

(2.21)

Em seguida, integra-se a Equação (2.21) ao longo dos reservatórios e do

duto. Assim, o momento aplicado ao navio devido ao movimento de fluido dentro

do tanque referido ao sistema não-inercial fixo ao navio é:

tanqueM i+ j+ kta ta taK M N (2.22)

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onde:

2

2 1

2 2

2

2 2 2 2 3

2 2 2

2

{2 ( ) 4 1/ 3 ( 4 )( )

2 [ cos cos ( ) ( )]

2 / 3(3 3 3 3 )( )

[ sen cos ( )]}

ta t r w r z w r

w x

w z r r r

x

K A B H L Z H pZZ B C H p qr

B g w pv qu L q pr H q r Z

B L H H H Z H H H p qr

C g v pw ru L r pq

(2.23)

2

1

2 2 2 2 3

2 2 2

2

2 2

2

{ 2 4( )

[ cos cos ( )]

2 / 3(3 3 3 3 )( )

2 ( ) 2 ( )

[ sen ( )]}

ta t r x w z w x

x x

w z r r r

w w x

x

M A L ZZ H qZ B L r B L p Z

L C g w qu pv L q pr

B L H H H Z H H H q pr

B H r pq Z B L p qr Z

C g u rv qw L p r

(2.24)

2

2 2

2

2 1

{2 4( ) 2 / 3 ( 3 )( )

2 [ sen ( ) ( )]

( ) [ sen cos ( )]}

ta t r x w x w r w w r

w x

x x x

N A L B Z L pZ B H q Z B B H r pq

B g u rv qw L p q H q pr Z

C L p qr C L g v ru pw L r pq

(2.25)

Aplicando-se a mesma mudança de variáveis utilizada para desenvolver a

Equação (2.11), podemos representar as forças e momentos devido ao tanque, nos

graus de liberdade de afundamento, balanço e arfagem, da seguinte forma:

2 2

2 2 2 2

cos cos

ta w q

p pp qq p

pp qq

Z Z w Z q

Z p Z p Z q Z Z p Z

Z p Z

(2.26)

2 2

2 2 2

sen cos

cos cos( )

sen cos( )

ta p w q wp pq

qq p p

wp pq

K K K p K w K q K wp K pq K

K q K p K p K

K K wp K pq

(2.27)

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2

2

2 2 2

sen

cos cos

sen

ta w q

p p pp wq

q q pq

pp qw

M M w M q M

M p M p M p M wq M M

M q M q M M pq

M p M qw

(2.28)

onde cada coeficiente é definido em função da ordem das variáveis. Estas

variáveis podem ser encontradas nas Tabelas 2.2: (a), (b), (c), (d). Assim,

podemos notar que nas Equações (2.26) a (2.28) encontramos termos de até quarta

ordem. Ademais, deve assinalar-se que nesta nomenclatura, nos coeficientes que

incluem como sub-índice a variável à direita das variáveis ,z ou ,

representa-se um grau a mais de liberdade. Se estiver no lado esquerdo,

significa que esse coeficiente está relacionado com o tanque, mas não representa

um grau de liberdade adicional.

Estas forças e momentos devido ao tanque estabilizador foram calculados

com respeito ao sistema não-inercial fixo no navio. Para avaliar o comportamento

do navio respondendo a estas excitações, elas devem ser expressas no sistema

inercial que acompanha a posição de equilíbrio do navio com velocidade

constante.

Assim, sendo Ftanque y Mtanque magnitudes vetoriais podem ser expressas

respeito de qualquer sistema de referencia, podemos re-escrever as Equações

(2.15 e 2.22) como:

tanqueˆ ˆ ˆF I+ J+ Kta ta taX Y Z (2.29)

tanqueˆ ˆ ˆM I+ J+ Kta ta taK M N (2.30)

onde Xta, Yta, Zta e Kta, Mta, Nta são as componentes da força e do momento

respectivamente expressas no sistema inercial de vetores unitários ˆ ˆ ˆI, J, K . Estas

componentes são calculadas utilizando a matriz de transformação de ângulos de

Euler de acordo com:

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( )

ta ta

ta ta

ta ta

X X

Y T Y

Z Z

(2.31)

( )

ta ta

ta ta

ta ta

K K

M T M

N N

(2.32)

onde a matriz de transformação é:

cos cos coscos cos

cos

coscos

cos cos cos

cos cos

sen sen sen

sen sen sen

sen sen sen sen senT sen

sen

sen sen sen

(2.33)

Tabela 2.2 (a) Coeficientes de Primeira Ordem das Forças e Momentos devido

ao Tanque em Afundamento, Balanço e Arfagem.

Afundamento Balanço Arfagem

Primeira Ordem

0Z 22 ( )t r w z rK A B L H 0M

1w t rZ A C 0wK 1w t r xM A L C

0pZ

2

2 2 3

2 2

2

1

2 [

3

( 4 ) 6]

p t r w z

r r r

w r

K A B L

H H H H H

B C H

0pM

0Z 0K

2 2

2(

2 )

t r z

z w

M A g L H

L B

1q t r xZ A C L 0qK

2

2 2 3

2 2

2

1

2 (

3

2)

q t r w z

r r r

x

M A B L

H H H H H

L C

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38

Tabela 2.2 (b) Coeficientes de Segunda Ordem das Forças e Momentos devido ao

tanque em Afundamento, Balanço e Arfagem.

Afundamento Balanço Arfagem

Segunda Ordem

22 t r wZ A B 0K

22 t r w xM A B L

0zZ 22w t r wK A B 0wM

22p t r wZ A B 0pK

22p t r w xM A B L

0qZ 22q t r w xK A B L 0qM

24p t r wZ A B 0pK

24p t r w xM A B L

2 2

2(

2 )

pp t r z

z w

Z A L H

L B

0ppK

2 2

2(

2 )

pp t r z

z w

M A L H

L B

2 2

2(

2 )

qq t r z

z w

Z A L H

L B

0qqK 0qqM

1t rZ A C g **

2 2

2(

2 )

t r z

z w

K A g L H

L B

** 1t r xM A L C g **

0wpZ

2 2

2(

2 )

wp t r z

z w

K A L H

L B

0wpM

0pqZ

2 2

2(

2 )

pq t r x z

z w

K A L L H

L B

0pqM

0wqZ 0wqK

2 2

2(

2 )

wq t r z

z w

M A L H

L B

** Estes coeficientes viram de primeira ordem quando as forças e momentos são

linearizados.

Tabela 2.2 (c) Coeficientes de Terceira Ordem das Forças e Momentos devido ao

tanque em Afundamento, Balanço e Arfagem.

Afundamento Balanço Arfagem

Terceira Ordem

0Z 0K 2

t r wM A B g

0qZ 0qK 2

24q t r wM A B H

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39

0qZ 0qK 2

22q t r wM A B H

0qqZ 2

22qq t r wK A B H 0qqM

0Z 2

24 t r wK A B H 0M

0Z 22 t r wK A B g ** 0M

0pqZ 0pqK 2

22pq t r wM A B H

0pZ 2

22p t r wK A B H 0pM

** Este coeficiente vira de primeira ordem quando as forças e momentos são linearizados.

Tabela 2.2 (d) Coeficientes de Quarta Ordem das Forças e Momentos devido ao tanque

em Afundamento, Balanço e Arfagem.

Afundamento Balanço Arfagem

Quarta Ordem

2

pp t r wZ A B 0ppK 2

pp t r w xM A B L

2

qq t r wZ A B 0qqK 0qqM

0wpZ 2

wp t r wK A B 0wpM

0Z 2

t r wK A B g ** 0M

0pqZ 2

pq t r w xK A B L 0pqM

0qwZ 0qwK 2

qw t r wM A B

** Este coeficiente vira de terceira ordem quando as forças e momentos são linearizados

2.5 Equação Linear do Tanque

Com o objetivo de analisar com mais profundidade as características

dinâmicas da equação do tanque linearizamos a Equação (2.11), tendo em

consideração que o navio pode movimentar-se em afundamento, balanço e

arfagem; eliminamos as não linearidades e assumimos a hipótese de

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40

pequenos ângulos, cos cos 1 , sen , obtendo-se a seguinte

equação linear:

( )pT T T T T p (2.34)

As forças e momentos devidos ao tanque também podem ser

linearizados, de forma similar à equação do tanque, obtendo-se as seguintes

expressões:

ta zZ Z z Z Z (2.35)

taK K K K K

(2.36)

ta zM M z M M M (2.37)

Aqui deve-se notar que devido à hipótese de pequenos ângulos, os

coeficientes não-lineares , , ,Z K K M passaram a participar de

termos lineares. Se comparamos essas excitações externas com o modelo

proposto por Lloyd (1989) notamos que suas expressões tem sinal trocado.

Devemos lembrar que estas excitações segundo nosso modelo são externas,

o seja, elas são aplicadas ao navio devido á dinâmica do fluido dentro do

tanque. Assim, podemos comprovar que o termo K da Equação (2.36) é

negativo (vide Tabela 2.2c) o que representa que o momento estático da

água do tanque sempre será em sentido oposto ao reservatório que contenha

um maior nível de água, ou seja, representa o momento devido ao próprio

peso da água, o que concorda com a física do problema e mostra o erro na

abordagem de Lloyd.

Um parâmetro importante é o amortecimento do tanque devido à sua

relevância na definição do movimento e excitações produzidas pelo fluido

no tanque. Para obter uma avaliação comparativa precisamos

adimensionalizar este coeficiente. Assim, a partir da Equação (2.34)

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41

podemos adimensionalizar linearmente o coeficiente de amortecimento B ,

conforme é apresentado por Lloyd, 1989:

22 ( )

t

w rr

d r

T B

T T B HgW

H W

(2.38)

onde t é também conhecido como coeficiente de decaimento, o qual pode

ser determinado experimentalmente utilizando um modelo do tanque fixado

numa plataforma de testes.

Adicionalmente, outra característica importante a ser analisada é a

freqüência natural do tanque t . A partir da Equação (2.34) pode se –

aplicar aplicar-se a definição da freqüência natural de um sistema dinâmico,

encontrando-se que a freqüência natural do tanque é:

tr w

r

d

T g

W BTH

H

(2.39)

Nesta Equação (2.39) é importante notar os parâmetros geométricos

dos quais depende a freqüência natural t . Assim, na prática, quando o

tanque já esteja construído e se esteja na necessidade de mudar a freqüência

natural do tanque, o único parâmetro que pode ser modificado é a altura do

fluido nos reservatórios ( rH ).

Finalmente, outro parâmetro importante a ser analisado no projeto do

tanque é a massa do fluido dentro do tanque. Esta massa será avaliada, em

forma percentual, em relação à massa do navio (m). Pode notar-se da Figura

2.2 que a massa do fluido dentro do tanque pode ser definida como:

2t t t w d r rm L B H H W (2.40)

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42

No presente estudo será avaliada só uma configuração de tanque

estabilizador, o qual foi escolhido como o mais eficiente a partir das análises de

limites numéricos de estabilidade apresentadas no trabalho de Merino (2007).

2.6 Movimento do Navio em Ondas

A resposta do navio movimentando-se num fluido, que ademais tem o

efeito das ondas, é um fenômeno muito complexo devido a que contém a

interação entre a dinâmica do navio, a hidrodinâmica do fluido, a coexistência

entre dois meios diferentes, fluido e ar, e o efeito adicional das ondas. Utilizando

a Teoria das Faixas (vide Lloyd, 1989), podem obter-se os coeficientes

hidrodinâmicos das equações diferenciais, a nível linear, que geram

comportamento muito semelhante ao comportamento real do navio. Porém, é bem

conhecido, o comportamento real do navio é não linear, por isso serão utilizados

termos não lineares no amortecimento de jogo, na restauração entre os modos

acoplados de afundamento, balanço e arfagem e na restauração adicional devido à

passagem da onda.

A formulação apresentada a seguir representa os movimentos do navio

considerando as seguintes hipóteses:

a. Navio intacto.

b. Movimentos do navio como corpo rígido.

c. Navio deslocando-se com velocidade de avanço constante.

d. Ondas incidentes longitudinais regulares correspondentes às

descritas pela Teoria de Ondas Lineares.

e. Emersão da proa e popa associada à ocorrência de cargas de

culapada (slamming) não consideradas.

f. Efeito da água no convés desprezível.

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43

A seguir define-se a freqüência de encontro e como a freqüência com a

qual o navio, deslocando-se a velocidade constante U, encontra as ondas de

freqüência w e ângulo de incidência χ . Esta freqüência de encontro tem

influência direta sobre os movimentos do navio. A seguinte relação existe entre as

freqüências de encontro e as das ondas:

2 (χ)e w w

UCos

g (2.41)

No caso de ondas longitudinais e mar de proa ( χ = 180º ), a Equação (2.41)

simplifica-se:

2

e w w

U

g (2.42)

A equação da superfície da onda, segundo a Teoria Linear de Airy, é

definida por:

eζ( , , , χ) = [ (χ) + (χ) ]wX Y t A Cos kXCos kYSen t (2.43)

onde:

wA - Amplitude da onda;

k - Número de onda para águas profundas dado por:

2

2w

w

kg L

wL - Comprimento da onda

Para ondas longitudinais e mar de proa, a equação da superfície da onda

referida ao sistema inercial ficará sendo:

eζ( , ) = [ + ]wX t A Cos kX t (2.44)

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44

2.7 Coeficientes Hidrodinâmicos e as Forças de Excitação:

A avaliação dos coeficientes de massa adicionada e amortecimento,

assim como as forças e momentos de excitação devido às ondas podem ser

obtidos utilizando a Teoria Potencial bidimensional. Assume-se que o

potencial de velocidade que caracteriza o campo de velocidades no entorno

do navio está dividido em uma parcela permanente associada à velocidade de

avanço do navio e outra parcela não permanente (em função do tempo)

associada às ondas incidentes e ao movimento permanente do navio. Para a

análise de comportamento em ondas este potencial não permanente é mais

importante e pode ser dividido em três componentes: potencial de onda

incidente, potencial de onda de difração e potencial de irradiação, sendo neste

último um potencial para cada grau de liberdade do navio. Com a solução

numérica dos correspondentes problemas de valor de contorno (PVC) pode

obter-se o potencial total, para logo aplicar a equação de Bernoulli e obter as

pressões na superfície do casco, e com isto, as forças atuando no navio. As

ações que derivam do potencial incidente e difratado correspondem às forças

e momentos de excitação e as ações associadas ao potencial de irradiação

fornecerão as forças e momentos hidrodinâmicos.

As forças e momentos hidrodinâmicos são decompostas em parcelas

proporcionais à aceleração e à velocidade, onde definem-se os coeficientes de

massa adicional e amortecimento. Para obtenção desses coeficientes se utiliza

a Teoria das Faixas definida por Salvesen, Tuck e Faltinsen (1971), que

modela o problema tridimensional complexo como se fora a integração de

problemas bidimensionais. Ainda mediante a Teoria das Faixas podem ser

também calculadas as forças e momentos de excitação, as quais são

decompostas em duas parcelas: forças de Froude-Krilov e de difração.

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45

Para o caso de ondas regulares, as forças de excitação para os

movimentos de afundamento, balanço e arfagem são expressas da seguinte

maneira:

( , ) cos( )wo e wZ t Z t 3

( , ) cos( )wo e wK t K t 4 (2.45)

( , ) cos( )wo e wM t M t 5

2.8 Coeficientes de Amortecimento em Balanço

Como foi mencionado anteriormente, a Teoria Potencial é incapaz

de representar adequadamente os fenômenos de origem viscosa,

reconhecidamente relevantes no caso do amortecimento em balanço.

Conhecidas essas limitações, os efeitos viscosos foram tratados

separadamente, com a utilização de métodos semi-empíricos, que foram

obtidos a partir de experimentos com modelos em escala reduzida e alguns

resultados analíticos.

A formulação de Ikeda, apresentada por Himeno (1981), pode

adequar-se a uma grande variedade de formas de navios, além de levar em

conta o efeito de bolina e de velocidade de avanço. Levando em conta os

fenômenos físicos envolvidos no amortecimento de balanço ligados às

propriedades do escoamento fluido em torno do casco, o amortecimento em

balanço pode ser subdividido em cinco componentes principais, que são

expressas da seguinte maneira:

D F E L BKB B B B B B (2.46)

onde:

B : Amortecimento total em jogo

DB : Amortecimento de onda do casco sem bolinas (wave damping).

FB : Amortecimento de fricção.

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46

EB : Amortecimento por formação de vórtices (eddy damping).

LB : Amortecimento devido à sustentação (lift damping).

BKB : Amortecimento devido às bolinas (bilge keel damping)

O amortecimento devido à presença de bolinas não será avaliado,

devido a que está fora do objetivo deste trabalho.

As diferentes componentes do amortecimento possibilitam a

determinação de um coeficiente de amortecimento para um movimento

oscilatório forçado de jogo para uma dada freqüência e amplitude máxima

de balanço.

O momento de amortecimento não linear em balanço é definido

como sendo do tipo:

21 BBB (2.47)

2.9 Equações Não-Lineares do Comportamento do Navio em Ondas

Devido a que o modelo linear clássico tem limitações para reproduzir

alguns fenômenos físicos da ressonância paramétrica, foram desenvolvidos

vários modelos matemáticos para reproduzir eficientemente estes

fenômenos. Um desses modelos, que se compara satisfatoriamente com

resultados experimentais, é apresentado por Rodríguez (2004), que

desenvolve equações não-lineares para descrever os acoplamentos entre

afundamento, balanço e arfagem, incorporando termos não lineares até a

terceira ordem.

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47

zZZZzZZzZZZzZzZm zzzzzz

222

2

1

2

1

2

1

322223

6

1

2

1

2

1

2

1

2

1

6

1 ZzZZzZzZzZ zzzzzzz

22 tZztZtZztZztZtZztZ zzzzz

2( ) wZ t Z t (2.48)

KzKKKKKJ zxx

zKKKzK zzz 2

1

6

1

2

1 232

( )z wK t K t K t z K t K t (2.49)

zMMMzMMzMzMzMMMJ zzzzzzyy

222

2

1

2

1

2

1

322223

6

1

2

1

2

1

2

1

2

1

6

1 MzMMzMzMzM zzzzzzz

22 tMztMtMztMztMtMztM zzzzz

2( ) wM t M t (2.50)

Nas Equações (2.48), (2.49) e (2.50) pode notar-se, além dos termos

lineares, o termo quadrático no amortecimento de balanço, o qual ajuda a

reproduzir eficientemente o amortecimento devido aos efeitos viscosos.

Os termos de segunda e terceira ordem na restauração, assim como

os termos de restauração devido à passagem da onda, incorporam os

acoplamentos dinâmicos do balanço com afundamento e arfagem, os quais

são fundamentais para reproduzir os efeitos da ressonância paramétrica

(Neves e Rodriguez, 2004, Neves e Rodriguez, 2005).

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48

2.10 Equações Acopladas do Sistema Navio-Tanque com Coeficientes de

Quarta Ordem

A seguir apresenta-se este sistema de equações não lineares incluindo-se,

no lado direito das equações as forças e momentos devido ao movimento do

fluido dentro do tanque , ,ta ta taZ K M apresentados nas Equações (2.31) e (2.32).

Ademais, consideramos o navio em mar de proa. Então, para o movimento de

balanço, a excitação devido às ondas é nula, ( ) 0wK t .

Finalmente, com estas considerações o sistema de quatro equações não

lineares que representa o sistema dinâmico navio-tanque com quatro graus de

liberdade no sistema inercial fica definido:

zZZZzZZzZZZzZzZm zzzzzz

222

2

1

2

1

2

1

322223

6

1

2

1

2

1

2

1

2

1

6

1 ZzZZzZzZzZ zzzzzzz

z zZ t z Z t Z t z (2.51)

2 2 2( ) ( ) ( )zz z w taZ t z Z t Z t z Z t Z t Z t Z t

KzKKKKKJ zxx

zKKKzK zzz 2

1

6

1

2

1 232

( )z taK t K t K t z K t K t (2.52)

zMMMzMMzMzMzMMMJ zzzzzzyy

222

2

1

2

1

2

1

322223

6

1

2

1

2

1

2

1

2

1

6

1 MzMMzMzMzM zzzzzzz

z zM t z M t M t z

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49

2 2 2( ) ( ) ( )zz z w taM t z M t M t z M t M t M t M t

(2.53)

2 2

sen cos

cos cos( ) 0

p w q wp pq

pp qq

T T T p T w T q T T wp T pq

T p T q T

(2.54)

Deve notar-se que os coeficientes , , , , ,Z K K K M M e M

representam as influências do peso do fluido dentro do tanque. Além disso,

notamos que este sistema não linear inclui termos de até quarta ordem devido aos

acoplamentos do tanque com os outros movimentos. Este sistema será resolvido

numericamente e se apresentará os resultados no Capitulo 3.

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50

CAPÍTULO 3

ANÁLISES E RESULTADOS

No presente capítulo apresenta-se a análise do sistema tanque-navio a partir das

respostas do balanço paramétrico permanente. O navio pesqueiro Transom Stern

(TS) adaptado com um tanque estabilizador é utilizado para avaliar o efeito sobre

a resposta do balanço paramétrico incluindo a influência da variação das

condições iniciais. Foi mostrado experimental e numericamente que este navio é

propenso à ressonância paramétrica, (Pérez et al., 2000, Neves et al., 2002). O

projeto do tanque incorporado no navio é o considerado como ótimo no trabalho

de Neves et al. (2009) a partir de uma variação sistemática de seus parâmetros.

Inicialmente, são mostrados os limites de estabilidade numérica do navio COM e

SEM tanque estabilizador, verificando sua dependência às condições iniciais. São

apresentados os gráficos de bacias seguras usando como parâmetro de controle a

amplitude da onda. O gráfico de amplitude crítica é construído em função da

sintonia. Finalmente, são apresentadas as superfícies de integridade e os gráficos

de amplitude crítica para o navio COM e SEM tanque, sendo estes já

completamente independentes das condições iniciais do sistema. Assim, se

apresenta uma metodologia de avaliação da dinâmica não linear do sistema

navio-tanque em termos de amplificação paramétrica que poderia ser de interesse

e utilidade no desenvolvimento de projetos do navio.

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51

3.1 Generalidades

Como foi apresentado no Capítulo 2, o objetivo do presente trabalho é analisar

a influência do tanque estabilizador passivo tipo U sobre a ressonância paramétrica

considerando a influência da variação das condições iniciais do sistema tanque-navio.

Devemos, portanto, analisar a resposta do balanço paramétrico variando

sistematicamente a amplitude e a freqüência da onda, assim como as condições

iniciais do sistema.

Sabe-se que, em geral, os movimentos do navio podem ser definidos

linearmente por equações diferenciais ordinárias, sendo estas facilmente

resolvidas em forma analítica, obtendo-se os resultados em função da freqüência.

Os movimentos do navio causados pela excitação das ondas podem ser

decompostos em seis graus de liberdade. Do ponto de vista da estabilidade em

ondas, o mais crítico desses movimentos é o de roll, devido aos baixos momentos

de inércia e amortecimentos presentes no fenômeno, existindo a propensão desse

modo a alcançar grandes amplitudes, seja por excitação direta (Roll Ressonante

Clássico) ou interna (Roll Paramétrico). A excitação interna pode acontecer

quando a freqüência da onda e a velocidade de avanço, assim como o ângulo de

incidência da onda, fornecem valores tais que a freqüência de encontro torna-se

aproximadamente uma ou duas vezes o valor da freqüência natural de roll.

No entanto, para reproduzir a dinâmica da ressonância paramétrica

precisamos usar equações não lineares. Um conjunto dessas equações não lineares

acopladas em heave, roll e pitch, comparado satisfatoriamente com resultados

experimentais, foi desenvolvido por Rodríguez (2004) e apresentado no Capítulo

2. Por outro lado, um modelo matemático que representa a dinâmica do fluido

dentro de um tanque estabilizador Tipo-U acoplado com os movimentos do navio

foi desenvolvido por Neves et al. (2009) . Assim, essas equações configuram um

sistema de equações diferenciais não lineares acopladas que NÃO têm soluções

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52

analíticas conhecidas, e para serem solucionadas devemos integrá-las

numericamente em função do tempo.

No presente trabalho foi utilizado um algoritmo de integração baseado no

método de Runge Kutta de 4a ordem para solucionar esse sistema de 4 equações

diferenciais não lineares. Assim, podem ser obtidas as respostas para uma faixa de

freqüências e amplitudes de onda, a partir do regime permanente de cada série

temporal e a partir de uma condição inicial dada. Em todas as simulações

apresentadas neste trabalho considera-se mar de proa, devido a que nesta

incidência – além de mar de popa - se produz o fenômeno de ressonância

paramétrica no seu estado mais puro. Outras condições importantes para as

simulações deste trabalho são a velocidade de avanço do navio, nesse caso

correspondente a Fr=0,3 e a altura metacêntrica GM=0,37m. A condição inicial

será especificada em cada caso quando esta não seja uma variação sistemática.

Uma das principais vantagens de se obter resultados numéricos, que representam

os movimentos do navio, é que podem ser analisadas outras zonas de instabilidade

para diferentes sintonias, com tempo e custos muito menores ao serem

comparados com testes experimentais.

Como foi mencionado no Capitulo 2, Neves et al. (2009) fazem variações

sistemáticas dos parâmetros do tanque para escolher um tanque ótimo em termos

de redução do balanço paramétrico. Esta avaliação é feita basicamente em função

de limites de estabilidade numérica, que mesmo sendo úteis para o projeto de

navios, apresentam o inconveniente de serem dependentes das condições iniciais

da simulação, pois é sabido que a ressonância paramétrica é um fenômeno

extremamente não linear, e em conseqüência, altamente dependente das condições

iniciais. Assim, o presente trabalho tenta apresentar uma metodologia que inclui

na análise da dinâmica do sistema tanque-navio a influência da variação das

condições iniciais. Com este objetivo, temos que recorrer a ferramentas de análise

não linear para avaliar finalmente o efeito do tanque sobre o navio no controle do

balanço paramétrico.

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53

3.2 Mapeamento no plano Aw vs 4/e n

Os parâmetros mais importantes a serem analisados com respeito às

respostas em ondas são amplitude e freqüência. Para uma análise mais detalhada

da influência destes parâmetros construímos os gráficos Aw vs. 4/e n , onde as

amplitudes de roll são apresentadas em função de cores conforme as legendas

mostradas. Esses gráficos representam as zonas de instabilidade em roll. Os

limites de sintonia ( 4/e n ) e amplitude de onda (Aw) foram escolhidos tratando

de não atingir valores de declividade (steepness) a partir da qual a onda quebra

(Hw/Lw ≤1/11).

Estas zonas de instabilidade foram analisadas por Valério (1994), que

mostrou que os limites de estabilidade da equação não linear de segunda ordem de

balanço podem ser obtidos por expansão da equação de Mathieu utilizando o

método das perturbações. Desse trabalho podemos ressaltar que da equação não

linear de balanço (de segunda ordem) podemos encontrar duas zonas marcantes de

instabilidade: a primeira zona de instabilidade próxima à sintonia 4/e n =2

com uma maior região instável, e a segunda zona de instabilidade próxima à

sintonia 4/e n =1. O autor apontou que a segunda zona de instabilidade é mais

sensível ao amortecimento comparado com a primeira zona.

O modelo anterior foi aprimorado por Rodriguez (2004), que apresentou o

modelo não linear de terceira ordem e mostrou que este modelo tem melhor

concordância com os testes experimentais. Também analisou os limites de

estabilidade analiticamente, baseado na metodologia apresentada por Hsu (1963).

O autor concluiu que, neste novo modelo, não pode ser aplicada a equação de

Mathieu para a análise da estabilidade, devido aos termos bi-harmônicos

associados ao modelo de terceira ordem, sendo a alternativa mais adequada a

Equação de Hill. Posteriormente, Neves e Rodriguez (2006) propuseram uma

metodologia numérica para o levantamento dos limites de estabilidade do sistema

de terceira ordem, que é a sistemática que será empregada aqui. Os dados do

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54

navio e os parâmetros do tanque estudados neste trabalho são apresentados nas

Figuras 3.1 e 3.2 e tabelas 3.1 e 3.2.

Figura 3.1. Linhas de Forma do Navio TS

Parâmetros do Tanque

Bw [m] 3.00

Wr [m] 1.50

Hr [m] 1.50

Hd [m] 0.381

m% [%] 3.00

t [ ] 0.30

4/ nt [ ] 1.00

Figura 3.2. Geometria do tanque Tabela 3.1. Parâmetros do Tanque

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55

Denominação Navío TS

Comprimento total [m] 25.91

Comp. entre perpendiculares [m] 22.09

Boca [m] 6.86

Pontal [m] 3.35

Calado [m] 2.48

Deslocamento [Ton] 170.30

Raio de Giro Longitudinal [m] 5.52

Tabela 3.2. Características do navio TS

Na Figura 3.3a apresenta-se o limite de estabilidade para o navio sem

tanque e uma condição inicial de ângulo de roll 0

0 0.8 . Observa-se que a

primeira zona de instabilidade inicia-se numa sintonia próxima de 4/e n =2 e

continua para freqüências e amplitudes de onda maiores. Pode notar-se na

primeira zona de instabilidade (pela diferença de cores), que numa mesma

sintonia o roll paramétrico aumenta progressivamente com a amplitude de onda

até atingir grandes amplitudes. Neves, Vivanco e Rodríguez (2009) mostraram

que os fenômenos de multi-estibilidade, assimetria, comportamento caótico e

finalmente o emborcamento estão presentes em diferentes regiões interiores aos

limites de estabilidade.

Também podemos notar na Figura 3.3a que para uma sintonia 4/e n =2,25

o balanço paramétrico apresenta-se a partir de uma amplitude de onda em volta de

0,2m aumentando progressivamente até atingir o emborcamento

aproximadamente numa amplitude de onda de 0,7m. Note-se a existência de um

limite superior onde o jogo decresce muito rapidamente até estabilizar-se, a partir

de 0,8m de amplitude da onda. Esta característica é capturada pelo modelo de

terceira ordem, onde os parâmetros do sistema dinâmico estabilizam o movimento

de jogo para amplitudes de ondas maiores. Deve apontar-se que esta característica

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não é reproduzida pelo modelo de segunda ordem, como apontado por Neves e

Rodrigues (2005).

É possível fazer uma primeira avaliação do efeito do tanque estabilizador

comparando os limites de estabilidade numérico das simulações realizadas ao

comportamento do navio com e sem tanque. Nas Figuras 3.3a e 3.3b são

mostrados os gráficos dos limites de estabilidade do navio SEM e COM tanque (à

esquerda e à direita, respectivamente) para a condição inicial 0

0 0.8 .

Figura 3.3a

GM=0,37,Fn=0,3,ksi=180º, o=0,8º

- Sem tanque Estabilizador -

Figura 3.3b

GM=0,37,Fn=0,3,ksi=180º, o=0,8º

- Com tanque Estabilizador -

Pode se perceber - inicialmente à simples vista - a redução da primeira e

segunda área de instabilidade. No gráfico do limite de estabilidade sem tanque

(Fig. 3.3a) nota-se que a primeira área de inestabilidade começa a partir de uma

sintonia ( 4/e n ) em volta de 1,85 enquanto que no limite do navio com tanque

(Fig. 3.3b) este só começa a partir de uma sintonia ( 4/e n ) de 2,05. A zona de

emborcamento (vermelho de acordo com a legenda de cores) se reduz

consideravelmente também, sendo que no caso do navio sem tanque a zona de

emborcamento começa em volta da sintonia ( 4/e n ) de 2,0 e quando o tanque é

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incorporado, ela começa a partir da sintonia ( 4/e n ) de 2,25. Pode perceber-se

também um leve aumento da amplitude de onda na qual começa a zona de

emborcamento de 0,6m a 0,65m aproximadamente. Com respeito à segunda zona

de instabilidade, nota-se, neste caso especifico, a eliminação do balanço

paramétrico para amplitudes de onda menores que 0,9m. Para amplitudes de onda

maiores não se observa quase nenhuma redução nesta segunda zona de

instabilidade.

É importante lembrar, como foi dito anteriormente, que estes limites de

estabilidade foram obtidos a partir de simulações numéricas utilizando uma

condição inicial especifica de 0,8°. A seguir serão analisados distintos limites de

estabilidade obtidos a partir de distintas condições iniciais de roll com o objetivo

de avaliar as variações nas suas fronteiras.

3.3 Variação dos limites de estabilidade devido às condições iniciais

Sendo a ressonância paramétrica um fenômeno fortemente não linear

altamente dependente das condições iniciais do sistema, é importante explorar e

analisar as distintas respostas obtidas a partir de diferentes condições iniciais.

Neste trabalho se explora unicamente a influencia da variação das condições

inicias do balanço mantendo as condições iniciais dos outros graus de liberdade

zeradas. A influencia de estas deverá sobre o balanço paramétrico deverá ser

aprofundada em trabalhos futuros.

Na Figura 3.4 é mostrada esta comparação notando-se inicialmente várias

diferenças entre as zonas de instabilidade. Em primeiro lugar, pode-se observar

em geral um incremento importante das áreas de instabilidade à medida que a

condição inicial aumenta. Na primeira área de estabilidade para o navio sem

tanque, basicamente não há uma variação do limite inferior, que permanece num

patamar de 0,2m.

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É importante assinalar que a área de emborcamento aumenta dentro desta

primeira zona de instabilidade, embora aparentemente em nosos casos

apresentados a zona de emborcamento (área vermelha) começa em volta de uma

amplitude de onda de 0,6m. Na segunda zona de instabilidade pode-se perceber

um incremento progressivo da área de emborcamento na sua fronteira esquerda,

enquanto o ângulo inicial de roll aumenta.

Sem Tanque Com Tanque

A

B

Figura 3.4

Limites de estabilidade e variação de condições iniciais

GM=0,37,Fn=0,3,ksi=180º

A) o =2,6°; B) o =5,0°

Nos limites de estabilidade do navio com tanque, pode se - perceber-se

também um aumento progressivo da área de emborcamento com o incremento da

condição inicial de roll. É interessante notar que o tanque consegue quase eliminar

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a amplitude de jogo na segunda zona de instabilidade. Basicamente, nota-se a

mesma tendência -que no caso do navio sem tanque - a aumentar a primeira zona

de instabilidade para cima (para amplitudes de onda maiores) numa sintonia

( 4/e n ) aproximadamente em volta de 2,0.

Se compararmos os limites de estabilidade do navio sem e com tanque,

notaremos a redução geral das áreas de instabilidade devido ao efeito do tanque.

Porém, esta diminuição das áreas de instabilidade é complexa, dado que não segue

um padrão homogêneo, nem na redução de tamanho ou alteração de sua forma dos

limites, na medida que variam as condições iniciais do sistema. Esta característica

exige alguma forma de avaliação mais elaborada que consiga integrar essa

dependência das condições iniciais e nos forneça algum parâmetro completamente

independente das outras variáveis e possa ser de utilidade prática para o projetista.

3.4 Análise das bacias seguras

A complexidade das respostas do sistema tanque-navio devido a sua

natureza não linear e a grande dependência das condições iniciais apresenta

dificuldades na avaliação do efeito final na dinâmica do navio. Assim, é preciso

recorrer a algumas ferramentas de análise não linear. Uma ferramenta simples e

útil neste sentido são as bacias de segurança. Como já foi dito no Capitulo 2, as

bacias de segurança são utilizadas para realizar análises baseadas na variação

sistemática de condições iniciais. Essas são definidas como zonas nas quais as

trajetórias atingem um conjunto determinado de amplitudes máximas de roll

(segundo a escala de cores) num intervalo de 600 segundos. O critério de

emborcamento que é implementado considera que o navio não consegue recuperar

o seu equilíbrio quando atinge 90 graus. Este critério é tomado em conta mesmo

no período transiente da simulação. Neste trabalho uma resolução de 120 x 80

condições iniciais separadas regularmente com intervalos de 1º (um grau) na

amplitude e velocidade angular de roll é empregada.

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60

Na Figura 3.5 é apresentada a bacia de segurança do navio sem tanque e

sem excitação da onda, ou seja, no decaimento de roll simples (Aw=0,0m). Os

eixos horizontal e vertical representam o ângulo de roll inicial em graus e a

velocidade angular de roll em graus por segundo, respectivamente. A amplitude

dos ângulos de roll permanentes são plotados segundo a escala de cores na direita

do gráfico. Note-se uma grande região na parte central de cor azul (ver a escala de

cores) que não tem amplificação para essas combinações de amplitude e

velocidade angular de roll iniciais, pois são muito baixas e o sistema consegue se

estabilizar. Podem ser observados também braços da região estável que se

estendem para os extremos de condições iniciais de ângulo e velocidade de roll

com sinais contrários. Em termos do navio, essa condição significa que mesmo

tendo um ângulo inicial de roll grande (o que se associa com uma situação de

instabilidade) também possui uma velocidade angular em sentido contrario à

inclinação inicial. Assim, o navio está movimentando-se com uma grande

velocidade angular para sua condição de equilíbrio e consegue se estabilizar nos

valores mostrados. A região de cor vermelha do gráfico representa condições em

que o ângulo de roll atinge 90°, o que significa o emborcamento.

Figura 3.5. Bacia de atração do decaimento simples para o navios sem tanque

Aw=0,0m , 4/e n =2,154, ksi=180º

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É esta combinação que dá essa configuração típica das bacias de segurança com

um centro grande de estabilidade e dois braços que se estendem em sentidos

opostos.Essa área de bacia de segurança é particularmente importante porque

servirá como parâmetro para adimensionalizar os valores enquanto mudamos a

amplitude de onda para o navio com e sem tanque. Assim, a área

adimensionalizada desta bacia de decaimento simples para o navio sem tanque é

igual a 1.

Na Figura 3.6a e 3.6b pode-se observar a comparação entre as bacias de

segurança no decaimento simples entre o navio sem tanque (Fig. 3.6a) e o navio

com tanque (Fig. 3.6b). Observa-se uma redução da área de segurança quando

incorporamos o tanque no navio, o que significaria em termos práticos uma perda

de estabilidade do sistema, condição que é não desejável. Esse efeito, mesmo que

pareça contraditório, era previsível, dado que é sabido - da teoria clássica de

tanques estabilizadores para redução de movimento de roll em mar de través – que

os tanques de estabilização passivos possuem essa característica devido à perda de

altura metacêntrica inicial pelo efeito de superfície livre provocado pelo fluido

dentro do tanque. Isso produz a redução de área de segurança na simulação do

decaimento simples, mantendo-se para amplitudes de onda baixas. Para essas

amplitudes baixas os efeitos dinâmicos de forças e momentos restauradores

exercidos pelo fluido dentro do tanque sobre o navio ainda não são importantes,

devido à pouca excitação do sistema, como será analisado mais adiante.

Figura 3.6a. Bacia de atração do Navio

Sem tanque

Figura 3.6b. Bacia de atração do Navio

Com tanque

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A seguir, na Figura 3.7 é apresentada uma análise qualitativa do

comportamento e características das bacias de segurança dos navios com tanque

(coluna da esquerda) e sem tanque (coluna da direta) enquanto se varia

sistematicamente a amplitude da onda, utilizada neste caso como parâmetro de

controle.

Em primeiro lugar, pode-se observar nas bacias do navio SEM tanque um

incremento progressivo das áreas de segurança à medida que vai se incrementando

a amplitude de onda, aproximadamente desde 0 até 0,4m. Neste mesmo intervalo

pode-se verificar também um aumento progressivo da amplitude do balanço

paramétrico (escala de cores). Em volta de uma amplitude de onda de 0,5m pode-

se perceber o começo de erosão fractal nas fronteiras laterais da bacia. Mesmo

assim, a área de segurança continua crescendo até atingir aproximadamente 0,6m

de amplitude da onda. Perto dessa amplitude crítica da onda a crescente erosão

fractal predomina na bacia de segurança e começa um processo de desintegração

súbita que destrói a área de segurança rapidamente ao aumentar a amplitude da

onda. Por outro lado, na coluna das bacias de atração do navio COM tanque,

pode-se perceber, como já foi dito anteriormente, uma redução inicial do tamanho

da área de segurança com respeito a área de segurança do navio SEM tanque para

amplitudes de onda baixas.

Pode se observar também – assim como no caso do navio sem tanque – o

incremento progressivo da amplitude do balanço paramétrico (escala de cores). A

área de segurança vai aumentando de tamanho sem apresentar erosão fractal até

uma amplitude de onda em volta de 0,6m. Cabe lembrar que a erosão fractal no

caso do navio sem tanque começa com uma amplitude de onda menor,

aproximadamente 0,5m. Similarmente, o tamanho da área continua aumentando,

mesmo com a crescente erosão. Pode-se perceber também que a desintegração das

bacias devido à erosão ocorre nas amplitudes de onda mais altas que no caso do

navio sem tanque.

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Figura 3.7. Evolução de bacias de atração, 4/e n =2,154 , ksi=180º

Sem tanque Com tanque

Aw=0,00m

Aw=0,20m

Aw=0,40m

Aw=0,50m

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Aw=0,58m

Aw=0,60m

Aw=0,66m

Aw=0,68m

Aw=0,70m

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Aw=0,72m

Aw=0,74m

Aw=0,76m

Aw=0,80m

Aw=0,82m

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Aw=0,84m

Aw=1,00m

A análise feita até agora mostrou o comportamento da variação da forma e

tamanho das bacias apresentando aspectos interessantes da sua evolução enquanto

se aumenta a amplitude de onda. Indo além disso, com objetivo de obter valores

numéricos que nos sirvam para avaliar a dinâmica do tanque em termos de

emborcamento, precisamos fazer uma análise QUANTITATIVA do

comportamento das bacias.

3.5 Curvas de Integridade

Como foi estabelecido no Capitulo 2, as curvas de integridade nos

permitem fazer uma análise quantitativa e das principais tendências das áreas de

integridade na medida em que se varia a amplitude da onda que se estabelece

como parâmetro de controle.

Na Figura 3.8 podemos observar a curva de integridade do navio sem

tanque para uma sintonia ( 4/e n ) de 2,154. Neste gráfico se apresenta a área de

bacia de segurança adimensionalizada com respeito à área da bacia do

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decaimento. São marcados na curva pontos característicos que nos permitirão

fazer uma melhor descrição da sua tendência. No ponto A temos a bacia de

segurança do decaimento (Aw=0,0) com respeito à qual estão adimensionalizadas

todas as áreas; é por isso que no gráfico se apresenta com o valor de 1. Dentro do

intervalo A, B e C pode-se perceber a tendência crescente da curva e ao mesmo

tempo o incremento da amplitude do roll paramétrico (coluna da direita). No

ponto C correspondente a uma amplitude de 0,5m começa a desintegração fractal

das bacias nas laterais (ver bacia C na direita). Mesmo com a crescente erosão da

bacia em forma de línguas, a área global continua crescendo até o ponto D

(Aw=0,6m). Sendo essa a “amplitude de onda críitica” na qual a área da bacia

começa a cair dramaticamente. Já no ponto E (Aw=0,66m) além das línguas

aparece rapidamente uma desintegração interna da bacia.

Por outro lado, na Figura 3.9 podemos observar a curva de integridade do

navio com tanque para a mesma freqüência ( 4/e n ) de 2,154. Como no caso

anterior, se apresenta a área de bacia de atração adimensionalizada com respeito à

área da bacia do decaimento do navio sem tanque. Pode-se observar que a curva

de integridade começa num ponto mais baixo (em volta de 0,8m) que no caso do

navio sem tanque (1.00) devido à redução da estabilidade inicial pelo efeito da

superfície livre, como já foi apontado anteriormente. Como no caso anterior, nos

pontos A, B e C pode-se perceber a tendência crescente da curva e ao mesmo

tempo o incremento da amplitude do roll paramétrico (coluna da direita).

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A

B

C

D

E

F

Figura 3.8.

Curva de Integridade do navio sem tanque e bacias de segurança ( 4/e n =2,154)

A) Aw=0,0m; B) Aw=0,4m; C) Aw=0,5m

D) Aw=0,6m; E)Aw=0,66m; F)Aw=0,7m

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A

B

C

D

E

F

Figura 3.9.

Curva de Integridade do navio com tanque e bacias de segurança ( 4/e n =2,154)

B) Aw=0,0m; B) Aw=0,4m; C) Aw=0,66m

E) Aw=0,7m; E)Aw=0,76m; F)Aw=0,8m

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No ponto C correspondente a uma amplitude de 0,66m começa a

desintegração fractal das bacias pelos extremos, em contraste com o inicio da

desintegração no caso do navio sem tanque; naquela começa numa amplitude da

onda de 0,5m. A área global continua crescendo até o ponto D (Aw=0,7m), sendo

esta a amplitude de onda crítica na qual a área da bacia começa a cair

dramaticamente. No caso sem tanque essa amplitude críitica foi de 0,6m. Este

aumento da amplitude critica de 0,6m para 0,7m é já um dado que independe das

condições iniciais do sistema, embora - dado que foi calculado para uma só

sintonia - ainda depende deste parâmetro.

Na Figura 3.10 são apresentadas as curvas das áreas de integridade do

navio -com e sem tanque- superpostas para contrastar melhor suas características

dinâmicas. Pode-se perceber claramente a diminuição das áreas do navio com

tanque com relação às do navio semcom tanque no inicio da curva para o

decaimento e amplitudes baixas. Esta diminuição vai ficando menor na medida

em que as amplitudes aumentam. Já para amplitudes da onda maiores que 0,6m as

áreas de integridade do navio com tanque começam a ser maiores. Pode-se notar

também que a área de integridade máxima da curva do navio com tanque é

levemente maior que a do navio sem tanque.

A característica principal a ser percebida neste gráfico é o “corrimento” da

amplitude crítica para a direita. Em outras palavras, a queda das áreas de

integridade do sistema ocorre com amplitudes de onda maiores, o que fisicamente

representa que o sistema consegue resistir a uma maior excitação antes de se

desestabilizar completamente e atingir o emborcamento.

Como foi dito anteriormente, esse aumento da amplitude crítica é um dado

que independe das condições iniciais do sistema, embora continue sendo

dependente da sintonia para as quais essas curvas de integridade foram calculadas.

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Figura 3.10. Curvas de Integridade do navio sem e com tanque

( 4/e n =2,154)

3.6 Superfícies de Integridade

Para conseguir avaliar a dinâmica do sistema completamente tomaremos

agora a sintonia como parâmetro de controle e repetiremos o procedimento

variando-a sistematicamente. Assim, estas curvas de integridade se converterão

em superfícies de integridade quando fizermos a variação sistemática da sintonia.

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Na figura 3.11 mostra-se a superfície de integridade para o navio SEM

tanque. Neste tipo de gráfico são apresentadas as áreas de integridade em função

da amplitude da onda para um intervalo de sintonias estabelecido. O intervalo das

amplitudes calculadas é de 0 a 0,9m e o intervalo das sintonias é desde 1,6 até 3,2

para avaliar a estabilidade nas zonas de ocorrência de amplificação paramétrica.

Nota-se que na borda que corresponde ao decaimento (Aw=0) os valores são

sempre unitários para todas as freqüências, pois é a referência para

adimensionalizar todos os outros valores de área.

Figura 3.11. Superfície de Integridade para o navio SEM tanque

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Pode-se observar que a tendência inicial das áreas das curvas para todas as

sintonias graficadas é sempre a de aumentar com a amplitude da onda até atingir a

amplitude crítica, onde estas caem dramaticamente. Esta tendência geral dá esse

aspecto final às superfícies de integridade, embora existam sintonias nas quais as

curvas atingem a amplitude crítica com ondas menores (sintonias críticas). No

caso do navio sem tanque essas sintonias (críiticas) estão em volta de 4/e n =2,3

até 4/e n = 2,5, como apresentadas ressaltadas na Figura 3.12.

Figura 3.12. Faixa de sintonias (criticas) na superfície de Integridade

para o navio SEM tanque

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No caso da superfície de integridade do navio COM tanque apresentada na

Figura 3.13, o extremo de decaimento (Aw=0) se encontra em volta de 0,8m,

sempre mais baixo em todas as sintonias calculadas, como já foi comentado

anteriormente, embora a superfície cresça mais rapidamente e atinja amplitudes de

onda críticas levemente maiores.

Figura 3.13. Superfície de Integridade para o navio COM tanque

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Figura 3.14. Faixa de sintonias críticas na superfície de Integridade para

o navio COM tanque

Pode-se perceber uma faixa de sintonias nas quais a superfície cai antes,

ou seja, em amplitudes de onda menores. Esta faixa se encontra entre as sintonias

de 4/e n =2,4 e 4/e n =2,7, que são apresentadas ressaltadas na Figura 3.14.

3.7 Curva de amplitude de onda crítica

Desses dois diagramas de superfícies de integridade podemos estabelecer

as curvas de amplitudes criticas em função da freqüência para o navio com e sem

tanque. Este tipo de curvas configura um parâmetro, envolvido com a dinâmica

não linear do navio, que consegue incluir o efeito da variação das condições

iniciais do sistema e fornece informação relevante sobre o efeito estabilizador do

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tanque - em condições propensas à ressonância paramétrica - em termos das

amplitudes críticas de onda que o sistema consegue suportar.

Na Figura 3.15 são apresentadas as curvas de amplitudes críticas para o

navio com e sem tanque. Em geral, pode-se observar um incremento das

amplitudes críticas quando o tanque estabilizador é ativado. Na faixa de sintonias

calculadas a curva de amplitudes críticas do navio com tanque aparece sempre

acima da curva do navio sem tanque até uma sintonia em volta de 4/e n =2,55.

A partir deste valor as curvas aparecem quase superpostas, indicando que para

essas sintonias o efeito do tanque em termos de diminuição do emborcamento não

é significativo.

Figura 3.15. Curvas de Amplitude Crítica para o navio

SEM e COM tanque.

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Embora na faixa entre 1,6 e 3,2 este aumento éseja notório, mesmo não

sendo muito grande (aproximadamente 0,1m de aumento de amplitude de onda

crítica) mostra um resultado completamente independente das condições iniciais e

nos assinala o efeito estabilizador da atuação do tanque nestas sintonias.

Em geral, o incremento da amplitude crítica é considerado benéfico – e

agora quantificável - em termos da dinâmica do navio, devido a que revela uma

maior resistência do sistema ao emborcamento mantendo o navio estável para

maiores amplitudes de onda.

É importante lembrar que neste trabalho é feita uma avaliação do efeito de

um tanque passivo. A eficácia da estabilização do navio devido ao tanque pode ser

incrementada introduzindo-se um controle ativo que permita dominar com maior

precisão o movimento interno do fluido no tanque.

A importância deste tipo de metodologia descrita acima reside em que

atinge uma maior capacidade de avaliação quantitativa objetiva do efeito

estabilizador do tanque em situações propensas a desenvolver ressonância

paramétrica, levando-se em conta não apenas os ganhos em redução dos níveis de

oscilação, mas principalmente mensurando-se quanto mais seguro o navio passa a

ser quando dotado de um tanque estabilizador. Assim, esta metodologia pode ser

útil para avaliar numericamente – sem o tempo e dinheiro envolvidos na

realização de testes experimentais - diferentes configurações de tanque (e de

casco) em etapas iniciais do projeto no processo de otimização da dinâmica do

navio, pelo que pode ser de relevância e utilidade para o projetista naval.

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CAPÍTULO 4

CONCLUSÕES E

RECOMENDAÇÕES

No presente trabalho foi utilizado um modelo matemático que descreve o

movimento, forças e momentos do fluido de um tanque passivo tipo U, acoplado

ao modelo dinâmico de um navio com três graus de liberdade para avaliar as

respostas do sistema em termos de balanço paramétrico em mar de proa

considerando um conjunto amplo de condições iniciais. Foram utilizadas bacias

de segurança para quantificar as regiões de estabilidade do sistema numa faixa

determinada de amplitudes de onda e sintonias. Foram apresentadas as curvas e

superfícies de integridade. Finalmente foi obtida curva de amplitude de onda

crítica como um indicador que quantifica a segurança do sistema e sua

capacidade de resistir ao emborcamento para uma ampla faixa de excitações

externas e condições iniciais de simulação. No presente capítulo se apresentarão

as conclusões e recomendações com base nos resultados obtidos. Finalmente são

feitas recomendações para trabalhos futuros.

4.1 Conclusões e Recomendações Gerais

• Foi utilizado um modelo de uma equação não linear de terceira ordem

para descrever o movimento do fluido dentro do tanque com um grau de

liberdade. Este modelo do tanque está acoplado a um modelo não linear de

terceira ordem, que representa eficientemente as respostas do navio em

mar de proa. Considerando um conjunto amplo de condições iniciais

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79

podemos mostrar que o tanque incrementa a rigidez do sistema

aumentando a região de estabilidade para a faixa de amplitudes e sintonias

propensas a desenvolver ressonância paramétrica.

• Estendendo o estudo para um conjunto amplo de condições iniciais

comprova-se, a partir da análise de bacias de segurança do navio sem

tanque em relação ao navio com tanque, uma diminuição da região de não-

emborcamento para baixas amplitudes de onda, devido ao efeito de

superfície livre, como também ocorre no caso de mar de través. É

importante perceber que essa diminuição de área de bacias indica só a

redução da capacidade do navio a resistir ao emborcamento e não reflete

os efeitos positivos na redução dos níveis de acelerações e amplitudes do

movimento de balanço paramétrico em termos de comportamento em

ondas para essas amplitudes de onda.

• A curva de integridade do navio com tanque começa por baixo da curva do

navio sem tanque, mas ela cresce mais rapidamente até superá-la nas

amplitudes de onda maiores. Este efeito é considerado positivo em termos

da segurança do navio, pois implica um incremento da resistência do

sistema ao emborcamento em condições de mar mais perigosas, onde com

certeza se terão grandes amplitudes e acelerações no navio..

• A metodologia proposta neste trabalho consegue mostrar através do gráfico

de amplitude crítica de onda o aumento da resistência ao emborcamento e

da região de segurança do navio considerando não só uma condição inicial

específica, mas um conjunto bastante amplo de condições iniciais dentro

da faixa de sintonias analisadas. Esta metodologia permite constatar e

quantificar o aumento da amplitude crítica para as sintonias mais

susceptíveis a desenvolver balanço paramétrico. Esta característica pode

ser de utilidade para o arquiteto naval no desenvolvimento do projeto do

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navio, já que representa um parâmetro quantificável relacionado com a

resistência do navio ao emborcamento devido á excitação paramétrica.

• Ao aumentar progressivamente a amplitude de onda, o inicio da erosão

fractal das bacias de segurança e a queda dramática das áreas de

integridade do sistema são retardadas devido ao efeito do tanque

estabilizador implementado. Esta característica é considerada positiva em

termos da segurança do sistema e sua capacidade a resistir ao

emborcamento nas condições analisadas.

• Os gráficos de limites de estabilidade numéricos são úteis como uma

primeira aproximação ao problema do estudo do emborcamento do navio.

Mesmo sendo dependentes das condições iniciais, dão informações

importantes sobre a configuração e tendências das zonas de instabilidade e

emborcamento, sendo assim, úteis em etapas iniciais do projeto do tanque.

Sua capacidade de capturar não só os limites de estabilidade mas o valor

do ângulo da resposta ressonante permanente do sistema é uma vantagem

indiscutível.

• Foi utilizada uma equação não linear e acoplada até terceira ordem para

descrever o movimento do fluido, porém a modelação do amortecimento

do fluido empregado é linear. É importante representar direito o

movimento do fluido - que está diretamente envolvido com o nível de

dissipação no tanque - devido a que é a origem das forças e momentos que

atuarão sobre o navio para estabilizá-lo. Assim, a modelação do

amortecimento necessita ser aprofundado, devido a que seu complexo

comportamento acoplado à dinâmica do navio (com altas velocidades e

acelerações) deverá incorporar características não lineares.

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Trabalhos Futuros

• No atual ponto da pesquisa em tanques estabilizadores é indispensável

comparar e validar os resultados numéricos obtidos no presente trabalho

com resultados experimentais feitos com modelos em escala reduzida.

Uma especial atenção deve ser posta no estudo do amortecimento não

linear do fluido. Este deve ser feito através de testes experimentais num

modelo de tanque em escala reduzida, com o objetivo de implementar um

novo modelo com amortecimento não-linear na equação do tanque.

• Explorar a resposta do sistema utilizando a metodologia proposta neste

trabalho utilizando um tanque ativo tipo U, seja de bomba de água no

duto e/ou pressão interna nos reservatórios. Comparar e quantificar o

ganho sobre o sistema passivo na redução do balanço paramétrico. O

tanque ativo pode ser governado por sistemas de controle que podem ser

alimentados pelos movimentos do navio, especificamente o balanço.

• Considerar o movimento do fluido dentro do tanque com seis graus de

liberdade acoplados com os seis graus de liberdade do navio, analisando

a influência dos acoplamentos do tanque com os movimentos de avanço

(surge), desvio (sway) e guinada (yaw).

• Investigar a influência do tanque sobre o navio em diferentes ângulos de

incidência da onda, utilizando a metodologia proposta, sobretudo em mar

de popa, onde podem iniciar-se outros tipos de instabilidades dinâmicas.

• Implementar uma metodologia para avaliar o efeito do tanque

estabilizador em mar irregular, que consiga incorporar também uma faixa

ampla de condições iniciais.

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