NoS - Curso de artes visuais UERJ.
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Turma 02 – 2014.1
NóS
Universidade do Estado do Rio De Janeiro Rio de Janeiro.
2015
Trabalho referente à disciplina
Arte e antropologia II solicitado
pelas professoras Vânia Araujo
e Carolina Rodrigues com base
nos cadernos de campo
desenvolvidos e
supervisionados junto à
professora Sara Panamby..
Sumário Introdução ................................................................................................................................. 4
Descrição ................................................................................................................................... 5
Paulo Victor Costa de Oliveira ................................................................................................... 6
Priscilla B. ................................................................................................................................ 10
Raquel Cappelletto .................................................................................................................. 14
Vitor Rocha Farah Gomes ........................................................................................................ 17
Maria Clara Soares .................................................................................................................. 19
Luciana Andrade ...................................................................................................................... 23
Georgina Soares Bianchi .......................................................................................................... 26
Paula Rodrigues M. Leite ......................................................................................................... 30
Ricardo Fernandes ................................................................................................................... 34
Maisa Taião Pires..................................................................................................................... 38
André Camello Costa ............................................................................................................... 42
Beatriz Albuquerque .............................................................................................................. 46
Victoria Lopes .......................................................................................................................... 50
Matheus Ferreira Abbade ....................................................................................................... 53
Paula Romanog ....................................................................................................................... 57
Mateus Alves Ferreira ............................................................................................................. 60
Rafaele Ferreira ....................................................................................................................... 64
Luiza Bohrer ............................................................................................................................ 69
Ricardo Magalhães .................................................................................................................. 73
Mariana Vidal .......................................................................................................................... 77
Rafaela DE Souza ..................................................................................................................... 81
Lisa Miranda ............................................................................................................................ 85
Introdução
A revista “NóS” é um coletivo de diversos trabalhos da matéria “Arte e
Antropologia” do curso de Artes Visuais(UERJ), que procura amarrar nossos
processos criativos, e, respectivamente, temas discutidos em sala junto a
professora Sara Panamby durante o primeiro período e dois terços do segundo
período do ano de 2014. Como é de fácil percepção, os trabalhos neste coletivo
tocam bastante no âmbito pessoal e social. Alguns procuram expressão em
fotos de seus corpos, outros em desenhos, outros ainda em colagens e até
mesmo em paisagens. Tudo sob o auxílio da professora Vânia Maria Mourão
Araújo e sua coadjutora Carolina Rodrigues, tornou-se possível a produção
desta auditoria.
Descrição
Este registro contém pensamentos, sentimentos e muitas histórias,
contadas através de diversas formas: desenhos, fotografias, palavras e
expressões corporais.
Os trabalhos aqui contidos são de natureza pessoal. Alguns se expressam
com facilidade; outros são mais reclusos. O fato mais interessante a ser
considerado é que cada um se expressa em seu tempo e de maneiras diferentes.
Os tímidos usam imagens, os mais extrovertidos adoram escrever e aparecer
em suas fotos, outros só buscam encontrar algo. Posso passar horas e horas
tentando descrever cada um, mas é exatamente isso que irá te surpreender: a
grande gama de possibilidades e individualidades formadas e enraizadas em
cada uma destas pessoas.
Os “NóS” desta auditoria é como se todos tivessem se amarrado e se
desfeito em momentos e pensamentos. Estas páginas podem surpreender o
leitor da mesma forma como me surpreenderam, e se possível abrirão novos
sentidos de vida. Memórias.
Paulo Victor Costa de Oliveira
“Sempre gostei de desenho, independente do
estilo. Desde a infância a área artística do
desenho sempre me cativou e me motivou a
seguir nesse caminho. Meu caderno de campo
reflete um pouco esses gostos. Sonho em
trabalhar com HQs, filmes, jogos, enfim, me
tornar um autor completo.
“Gosto de seguir meu sonho mais livre. Se eu
parar ele vai fugir de mim!”
Vida sentimental
Meu caderno de campo
mostra um pouco do que sou.
Meus gostos, meus sonhos,
minha essência. Mostra
também um pouco da criança
que vive em mim. Reflete uma
pessoa que ainda não
abandonou a imaginação, a
inocência, os sonhos e as
esperanças. Mostra alguém
que ainda vê o mundo com
olhos de criança, que só quer
brincar, sem muitas
preocupações, mesmo a vida
cobrando seriedade e não
tendo como fugir das
responsabilidades e
obrigações. Gosto de ser
quem eu sou. Gosto dessa
identidade. Não pretendo
abandoná-la nunca. Esses
três desenhos aí ao lado,
retirados de meu caderno de
campo, representam uma
micro parcela de tudo que eu
escrevi antes.
Esse é um dos meus principais projetos. Não posso dar muitos detalhes agora, mas estou me
esforçando muito pra fazer um trabalho competente.
Priscilla B.
Nome real: Priscilla Barbosa dos Santos Sousa
Idade. 24
Nacionalidade/estado em que nasceu. Brasileira
Rio de Janeiro
Processos criativos. Escultura, desenhos e gravura.
"A vida é uma peça de teatro que não
permite ensaios. Por isso, cante,
chore, dance, ria e viva intensamente,
antes que a cortina se feche e a peça termine sem
aplauso." Charles Chaplin
Estrada da vida
Quando fiz esse primeiro
desenho do meu caderno de campo,
em minha mente... se passava um
turbilhão de pensamentos e desejos.
Em abril de 2014 conquistei a minha
entrada pra a faculdade e isso me fez
pensar em como seria a minha vida
dali pra frente. Eu num sei o que eu
posso conquistar, os desafios que
posso passar... mas de um coisa tenho
certeza, estou na estrada certa.Estou
fazendo o que faço com prazer e os
meus sonhos me motivarão a
caminhar. Grandes propósitos me
fazem avançar...
Estou no meio entre linhas e dobraduras.
circuito performático assistido em
antropologia I... me fez refletir o
quanto nosso corpo produz efeitos
surpreendentes e o quanto dele
emana poder. Estou num processo
de libertação..não física.. mas
mental. A minha língua fala, os meus
olhos vêem e o meu corpo sente a
necessidade de protestar... protestar
contra as deconjunturas de uma
sociedade desigual. Recortes
retirados de uma revista secular.
Obras:
Imagem capturada no parque lage.
imagem capturada no Parque de madureira
Raquel Cappelletto
19anos
Brasil / Rio de Janeiro
Estudante do 2° período de artes
visuais. Gosto de fazer colagens e filosofar
sobre a vida. Diários sempre foram
complicados para mim. A minha dificuldade em me expressar fez com que
abandonasse diversos diários. O caderno de campo foi um grande desafio, pois
seria algo que eu não poderia “abandonar”. Até hoje o caderno de campo é algo
com que eu não me acostumei, porém nunca desisti. No primeiro semestre fiz
um diário semelhante a um caderno escolar com anotações de trabalhos e aulas.
Passado as férias comecei a desenvolver um projeto mais “sensível” no meu
caderno. Construí um diário pessoal, quase não escrevo palavras, prefiro me
expressar através de imagens.
“Primeiramente o homem existe, se descobre, surge no
mundo e só depois se define.” - Jean Paul Sartre.
Rabisco
O caderno de campo veio a
calhar nos momentos sensíveis e
filosóficos. Rabisca-lo é como uma
terapia. Solto as emoções em forma
de cores e figuras. Eu compreendo
meus rabiscos, sei quando um
rabisco quer dizer felicidade e
quando quer dizer tristeza. As vezes
não quer dizer nada, apenas uma
vontade louca de criar, como foi na
primeira figura. As imagens saem
mais facies do que as palavras, mas
o caderno tambem tem me ajudado
a organizar minhas ideias no papel.
A segunda imagem é uma dúvida
existencial. No momento em que
escrevi a frase eu sabia que estava
viva, mas estava realmente apenas
respirando. Busco minhas
inspirações em textos de filosofia e
minhas proprias teorias. Muitas
dúvidas existenciais preenchem as
paginas do meu caderno. A terceira
imagem eu queria passar o
sentimento de paixão. Queria
representar esse sentimento em
figuras, cores e palavras. Não estava
mergulhada nesse sentimento
quando preenchi a pagina, mas
estava com voltande de solta-lo. Meu
caderno é umenigma. Cheio de
metaforas. Decifro ele através das
minhas expressões artísticas.
Vitor Rocha Farah Gomes
20 anos.
Brasil/Rio de Janeiro/Baixada Fluminense/Nilópolis
Anotações e desenhos, nisso que meu
caderno se focou. Nunca tive vontade de fazer mais,
sou assim: admiro as colagens mas não quero me
sujar de cola. Gosto da certeza da caneta e a
expressão do grafite. Uso suas páginas para não
usar outras, muitas dessas virtuais. Escrevo o que
preciso escrever para não perder minhas criações
originais, já citei muitas vezes a mim mesmo por
não saber de que parte do meu cérebro as palavras
jorraram. O caderno não foi um trabalho e nem um
experimento, foi uma necessidade para um
esquecido, codificando pensamentos através de
versos. Como um cheiro que revive o passado os
versos desempenham função de me lembrar do
futuro, dos sonhos que não se realizaram aos que
ainda não se realizaram. Se mudou minha vida? Sim,
me atormenta o ter em um local específico, não
perdido nas minhas gavetas ou pastas de
computador com títulos escritos por cabeçadas no
teclado, mas ao mesmo tempo não o esquecerei. E
até o final de suas páginas ficará guardado no fundo
da minha mochila.
UERJ
O que mais me afetou durante
o tempo da construção do caderno
foi a UERJ, com a explicação óbvia
de tornar me parte dela e a recíproca
tão óbvia quanto. Não que eu a não
a conhecesse antes, mas a vivência
interna é altamente modificadora de
opiniões. A UERJ impressiona com
suas rampas unindo prédios e
institutos, o vai e vem de tanta gente
para tantos lugares. O desenho
representa esses caminhos, o visível
delas como um mural de retas e
vazios.
Trem
O uso de transporte público
sempre esteve na minha vida,
peguei muito trem e metrô antes,
mas quando se torna rotina uma
nova dimensão se apresenta,
daquelas em que se reconhece um
estranho por tê-lo visto durante toda
a semana.
O transporte público no Rio de
Janeiro é visivelmente caótico, então
por que escrever do tremor do trem?
Algo que por sinal é natural as suas
propriedades.
Maria Clara Soares
“Uma parte de mim é só vertigem: outra parte,
linguagem. Traduzir-se uma parte na outra parte
- que é uma questão de vida ou morte - será arte?”
– Gullar, Ferreira.
Processos Criativos: “Fragmental”
“Fragmental” não existe em
português. Se apenas
traduzíssemos, de inglês para
português, teríamos a palavra
“fragmentário”. Porém, por uma
questão de sonoridade e
singularidade, criei sua existência e
significação, na nossa língua,
baseada em uma qualidade do que
está em partes, dividido, daquilo que
não está inteiro, não é completo. E
mais, “fragmental” define o que meu
caderno é: não funciona só como um
estado, ou como um tipo de adjetivo,
mas como sua essência de ‘ser’. E,
antes de entregá-lo no primeiro
semestre, foi a última das coisas que
criei para preenchê-lo. Achei, que o
conjunto de coisas que fiz e juntei
precisava de um título: um que
fisgasse seu sentido de forma
sucinta e clara, e, esta palavra, com
sucesso, o fez.
Sua ordem não é cronológica, pois o
construí de forma que só eu saberia
quando fiz/pensei um determinado
texto (isso se eu lembrasse, pois
procurei me desligar do tempo
quando ele não fosse útil). Voltei
muitas vezes a uma mesma página
para completá-la e pulei páginas
para criar espaços vazios entre uma
coisa e outra... Não que eu tivesse
um plano, era mais sobre como
achar uma forma de expressar uma
determinada poética sem que ela se
misturasse muito com a próxima ou
o contrário: aproximá-las por que
tinham algo em comum.
Ele foi composto por dois tipos de
tons: usei o “ton” de cores diversas,
sempre ao som de um “tom” musical
para inteirá-lo. Ou seja, ele está
repleto de tonalidades, nos dois
sentidos. E estas, escolhi com
cuidado de fazer como que
expressassem de forma completa o
que eu queria que chegasse a
superfície do papel.
Além disso, nele inteiro eu tentei
falar de mim e da vida de forma
visceral e sutil ao mesmo tempo. E,
por isso, além de ser quase que
como um hábito desde pequena eu
pegar coisas deixadas por ai, ele
está cheio de folhas, papéis, fitas,
pedaços de coisas colados. Isso,
inclusive lhe atribuiu um cheiro
específico (com o qual eu me
acostumei ao abri-lo): de cola de
isopor e folhas em decomposição.
Alguns vestígios incomuns que existem nele
são cílios, um fio de cabelo, furos com um
brinco, e um pouco de sangue de um corte que
abriu no meu dedo.
“Made Of Scars” foi uma letra minha que
escolhi para dar início ao caderno por se
adequar a proposta do que eu queria
inserir nele. Ela é um rascunho, sem rima,
mas já com todo o sentido que darei a
música. Aliás, ela também será em inglês,
o que irá me ajudar a formatá-la: e isso é
mais um pouco sobre sonoridades que
prefiro... Além de eu ter criado uma
ilusão(ou não): quando escrevo em inglês,
o que está dito na letra não me alcança se
eu não prestar atenção: se eu não me der
ao trabalho de traduzi-la quando a ouço,
ela não me penetrará com sua letra,
como, integralmente, deveria. O foco será
na melodia, o que é uma intensidade que
amo explorar.
Termino dizendo que não coloquei nele
tudo que achei em sua forma original: em
sua maioria, eu os transformei e moldei
de acordo com o que eu pensava que eles
poderiam ser. Seja uma ideia, seja um
texto, seja algo material. Uma forma de
esculpir, escrever, desenhar, pintar,
desconstruir, sonhar e viver na
intensidade que eu designei que fosse, é
seu resultado final.
Luciana Andrade
19 anos.
Rio de Janeiro.
Procuro me dedicar a desenho e pintura desde criança.
O caderno de campo tem sido muito útil para
tentar entender o que se passa em minha própria
mente, como uma forma de diário artístico.
“Não deixe que sua felicidade
dependa de algo que você
pode perder.” - C. S. Lewis
Foto
Metamorfose sentimental.
O caderno de campo tem sido um
trabalho difícil para mim, mas por
uma questão extremamente
pessoal. Disseram que eu deveria
colocar o que quisesse nele, meus
pensamentos, meus sentimentos...
E essa liberdade funciona no sentido
oposto quando se trata de expressar
meus próprios pensamentos.
Sempre tentei colocar pra fora tudo
que sentia, e esse sempre foi
justamente o meu maior obstáculo.
Aos poucos, sinto que meu caderno
passou a ser algo tão pessoal que
não acho que deva ser
compartilhado publicamente, com
exceção de algumas páginas em que
tentei explorar o que sentia numa
forma mais subjetiva, sem expor
demais.
Coloquei um pouco de tudo.
Desenhos, colagens, textos. Utilizei
como ferramenta para treinar novas
técnicas de desenho, e por isso
acredita que tenha sido um trabalho
muito produtivo, e que tenha me
ajudado nessa busca de conseguir
me expressar.
O que mais vi presente em
meu caderno foram criações que
significassem mudança, e textos
relacionados à sensação de
pertencer a algo, algum lugar ou a
alguém. Foram tantas formas
diferentes de abordagem sobre esse
tema, que eu acredito que tenha sido
refletido em minha vida. Como disse,
se tornou algo pessoal demais.
Capa do caderno
Georgina Soares Bianchi
“Oi , sou Georgina, melhor, sou Gina, Gê ou
Geo, melhor, serei o que essas páginas forem,
serei, apenas serei”...
(Essa foi a apresentação que fiz de mim mesma
nas páginas iniciais do meu caderno, e é ela que
deixo aqui como meu perfil.)
“Sem deixar que a boca diga aquilo que meu coração
não sentir!”
Reserva Indígena Pataxó
Porto Seguro - Baiha
Ao lado segue uma
página do
caderno.
Ao lado segue uma
página do
caderno.
Começar o caderno de campo foi um
processo muito lento. Comprei - o, mas não
sabia o que fazer com ele. Esperei, esperei,
esperei... até que uma reportagem com
Manuela Pimentel atravessou o meu caminho
e então eu soube o que queria fazer, daí
segui...
As aulas de Antropologia I foram fontes de
inspiração para preencher muitas folhas
desse caderno: os vídeos eram
provocadores de reflexões; os textos
trabalhados suscitavam reações e as
experiências vivenciadas e relatadas por
Sara traziam realidades que não poderiam
ficar sem registro em meus registros, como
a viagem ao México, onde os terremotos
criaram um México remendado de cacos de
vida, criaram colagens de almas, de vidas
e de fé. Senti necessidade de colar, e colei
pedaços para montar o meu altar.
A medida que ia escrevendo, memórias iam
sendo revisitadas e ressuscitadas,
questionamentos passados iam se
reconhecendo nesse presente. E voltei a
pensar sobre o mundo, sobre a sociedade
em que vivo, redefinir conceitos, opiniões...
voltei a fazer parte de tudo e me redesenhei
no mundo.
Paula Rodrigues M. Leite
20 anos
Araruama/Rio de Janeiro
Processo criativo: por
observação principalmente
Frase que defina: “E se perecer, pereci.”
Não sou muito de escrever sobre
a minha vida ou algo do tipo, também
não sou do tipo que tem um caderno de
campo, por isso ter um foi um grande
desafio para mim. Sou muito
pragmática e por vezes insensível até,
e gosto de ser assim, por isso para mim
ter um caderno de campo onde o meu
interior e sensibilidade fossem exibidos
não faz sentido. Se for para me expor,
prefiro fazer da forma que para mim é a
mais simples possível: através de fotos.
Não necessariamente fotos de mim
mesma, mas do modo como eu
enxergo tudo a minha volta. Então,
quando foi para escrever no meu
caderno de campo, eu escrevi sobre o
que vi e o que estava vivendo, não
exatamente sobre mim. Em termos de
conhecer alguém acho um caderno
muito limitado.
Trechos das cartas de amor:“[...]
eu vou fazer de tudo pra te ter nas
minhas mãos, eu posso até morre, mais
vou sabe que nunca desisti de você.”
“E o que o presente pede? Pede
poucas ações, mas que todas elas
tenham como base o amor. Sim, esta
carta pretende o amor.”
As cartas não tem assinatura e foram
feitas para serem distribuídas por aí.
Cartas de amor que me
deram no Femina.
Ingressos do CCBB dos filmes do Fritz
Lang. Uma das melhores descobertas
que tive, “A mulher na lua” é agora um
dos meus filmes preferidos e poder ver
o filme com acompanhamento ao vivo
de um pianista foi lindo.
A mulher na lua, 1929
Internacional de Cinema Femino
Foi interessante perceber por outros
olhares e ouvir diferentes relatos sobre
o que é ser mulher, sobre a feminilidade
e sobre os problemas ainda
persistentes na atualidade. O mais
interessante foi que as opiniões e
relatos não se restringiram a nenhum
ideal, nem permaneceram no
ostracismo brasileiro. Pude ver relatos
de mulçumanas que usam burca e não
veem nenhum problema nisso, pelo
contrário se ofendem com o fato das
pessoas ficarem desconfortáveis com
isso; como também vi relatos de
mulheres que não suportam a ideia de
lavar louça, pois acham que isso as
rebaixa já que este é um papel
doméstico estigmatizado por algumas
sociedades.
Sobre a minha ida ao Femina em 2014.
E finalmente, o meu olhar da UERJ <3
Ricardo Fernandes
18 anos
18 anos
Brasileiro/ Rio de Janeiro
Descobrindo-se
Começar algo é sempre difícil ainda mais um caderno. O que fazer primeiro o
que escrever primeiro, por que escrever? e se for melhor desenhar?
Diversas perguntas e nenhuma resposta, na verdade como o caderno é seu você
pode fazer o que achar melhor, e eu escolhi desenhar, bom sendo bem sincero
eu só desenhei.
"todos nós somos bons em algo só precisamos
descobrir no que"
DESENHO 1
Um desenho simples de e divertido de fazer, depois foi complicando...
DESENHO 2
Desenhar mulher é sempre mais difícil. Mas quando você aprende vira a coisa
mais divertida de fazer.
DESENHO 3
E tem muito mais disso no caderno, mas ai já vai entrando muito na minha
intimidade, mas algo eu posso dizer construir esse caderno fiz algo muito
divertido, principalmente as paginas finais...
Maisa Taião Pires
“Conhece alguém as fronteiras à sua alma para que possas dizer– eu sou eu? Mas sei que o que eu sinto, sinto-o eu”
Fernando Pessoa
Não sou capaz de dizer quem sou...! Não posso sequer traçar um perfil meu que
seja coerente ou verossível, pois como é possível determinar qualquer identidade que
dê conta de qualquer coisa, verddeiramente? Vou assim me fazendo, me rabiscando e
me fermantando na quentura do chão do existir, bem aos pouquinhos. Para depois me
desmanchar... Posso dizer hoje que tenho quarenta e três anos, que dizem que meu
sexo é feminino e que a cor de minha pele é branca. Posso até dizer que tenho distintos
interesses, algumas poucas habilidades e um milhão de impossibilidades. Mas isso não
sou eu. FATO. Isso “é” apenas enquando estou sendo, até que me tansmute em outra
coisa, até que descubra outros mundos. Só poderei dizer definitivamente quem sou
quando deixar de existir, quando será cessado o movimento. Mas aí já não importará
quem sou...
Linhas de um contorno
Materializar impressões, traduzir
imagens, sofrer catarses sobre o papel,
recolher o mundo em palavras e signos
e fazê-lo sair pelos olhos... são as
possibilidades abertas por um caderno
de campo.
Tenho por hábito a escrita.
Escrevo as histórias que ouço no eco
produzido em mim. Mas a forma como
escrevo é fragmentária... folhas
perdidana bolsa, verso de nota fiscal do
conserto do telefone, e enredos e sons
plenamente internos que jamais
encontrarão a forma...
Este caderno de campo trouxe
certa normativa ao meu escrever.
Condensou em um agrupado de
papéis o que recolho do dia. E deu
forma e imagens para o pensamento por
meio de processos, de materiais e
técnicas que nunca pensei transformar
em expressões.
O que muitas vezes era efêmero
e perecível, agora é corpo e cor.
Imag
inár
ias
Imag
inad
o
Página sobre minha mãe, sobre a
Pessoa-mulher que me ensinou a ser...
André Camello Costa
Vida como território (pegadas, manuscritos,
obras) e Caderno como arquivo de mapas.
Registro nos Cadernos o que identifico como
ideias-chave, termos que me interessam para
pesquisa, pistas, insights e bibliografias
possíveis, como um Arquivo-mor que vai
mapeando e traçando possibilidades de
atuação, seja em termos de pesquisa teórica,
seja em termos de criação.
O mapa e o territóri
.
Beatriz Albuquerque Beatriz Sampaio Iacillo de Albuquerque
19 anos
Brasileira, natural do Rio de janeiro
Fazer um caderno de campo foi uma ótima proposta para organizar ideias soltas e repentinas.
“nem melhor, nem pior, apenas diferente”
Antítese
Em meu caderno de campo reuni
pensamentos soltos.
Significados e poesia, dúvidas e
certezas, criações e “copiações”,
abstrações recentes e antigas,
conteúdos adquiridos dentro e
fora da sala de aula.
Construção e desconstrução das
minhas ideias cheias de aspas e
reticências.
Victoria Lopes
Idade: 18
Nacionalmente do Rio, naturalmente do mundo.
Processos criativos: Descrevo um mundo a volta
com uma visão própria, cito as minhas alegrias,
minhas tristeza, indignação e um pouco de tudo
que me interesse; além de anotar o que não quero
esquecer. A sensação de produzir fez-me relembra momentos do passado, só
presente e do possível futuro. Usei colagens, pinturas, e principalmente o lápis.
Contudo, criei o meu mundo a partir de folhas de papel.
Uma frase que te defina: "Temos de nos tornar a mudança que queremos
ver no mundo. Você tem que ser o espelho da mudança que está propondo. Se
eu quero mudar o mundo, tenho que começar por mim." Mahatma Gandhi
Ideologica(mente)
Meu caderno teve ênfase no
meu objetivo de ser uma artista
contemporânea. Subjetivamente, meu
trabalho se baseia nas realidades ou
não vividas por mim, e nos meus
propósitos de conquistas futuras.
Além disso, consiste em várias
pesquisas interessantes de meu
gosto, como o bory-art e o bory-
piercing, adquiridos dentro e fora de
aula.
Esse trabalho me deu a
oportunidade de expressar o
que eu sinto sobre a
contemporaneidade onde vivo,
o mundo devir, atual.
Escolhi essas páginas por ter
o que mais me interessa e por
mesclar tudo que eu gosto
resumidamente em algumas
paginas.
Essas páginas mostram uma direção
a modificação do corpo e a
contemporaneidade, subjetivamente
não muito paralela a realidade.
Matheus Ferreira Abbade
“O caderno é a prática da emergência. A
economia para quando se tem apenas o relato. O
non-site demente emerge como costura no meu
corpo.”
“O catálogo de formas é interminável: enquanto cada
forma não encontra a sua cidade, novas cidades
continuarão a surgir” - CALVINO, Italo. As cidades
invisíveis.
Dia Um.
O artista, o guerrilheiro.
A arte é o artefato. O meu
corpo é o motor.
Paula Romanog
Nome: Paula Romano
dade: 26
Uma falsa -loira- cabocla-nordestina-quase Portuguesa
que não sabe o que é e nem precisa saber... Porque o
mundo é minha casa.
Processos criativos: Desenvolvi ao longo da feitura deste
caderno trabalhos diversos. A maioria deles conta com
métodos mais despretensiosos, uma vez que fazem alusão à procedimentos
anteriores. Essas colagens, gravuras e técnicas de estamparias, tão recorrentes
ao longo das páginas, foram necessárias entretanto, para suscitar a persistência
imprescindível à conclusão de processos mais longos. Ao longo desse conjunto
de folhas ideias floresceram e formaram uma contextura tecida de erros acertos
e experimentações.
Foi a descoberta de uma etnografia de mim mesma.
“É necessário ter o caos cá dentro para gerar uma
estrela”.
Friedrich Nietzsche.
In Linea: Sobre Raízes, Corpos e Caminhos
Gosto de pensar em camadas,
talvez por isso tenha tanta inclinação
por colagens. Quando observo esse
conjunto, percebo o poder que
imagens, antes separadas, ganham
quando são aglutinadas em uma
totalidade. Passam a falar de algo,
sem que seja preciso explicar
através de palavras. As próprias
imagens são micro textos,
constituindo uma iconografia
intrincada e revelando um lugar de
fuga, uma memória e uma vontade.
Escolhi essas imagens, pois são pra
mim, uma espécie de poesia visual e
apesar de serem trabalhos
relativamente simples, difundem
energias expressivas, por estarem
em escala cromática.
Percebi através desses microtextos escritos
ao longo do caderno, como todos seguiam o
mesmo fluxo.
As próprias colagens passaram a
fazer parte das outras, como pequeninos
pontos que se transmutavam em algo fluido
e infinito.
Vi nascer a ideia de linhas, que me
acompanham desde então... Que a linha é
um indício que pode significar o caminho,
trajetória, movimento e as linhagens. Tudo
aquilo que fazia de maneira intuitiva através
de colagens.
Mateus Alves Ferreira
Eu costumava procurar me entender, me procurar e me
reinventar, mas notei que sou do jeito que eu quiser ser e ser
quem eu sou é sempre a opção mais logica. Não adianta
passar a vida inteira procurando uma identidade se não
conseguir aceitar a sua própria.
“A vida é apenas uma das
pequenas partes que movem o
universo, mas seu universo apenas
você pode mover” - Eu
Alma, a única capa que não
pode ser substituída.
Quando comecei a fazer o
meu primeiro caderno de
campo, fiz de uma maneira
solta sem me prender as
páginas, criavas folhas e
mais folhas com a intenção
de reuni-las mais tarde, com
isso consegui gerar a minha
essência bagunçada e sem
ordem. Já no segundo
caderno comecei a notar
mais os assunto tratos em
sala de aula, e usei este
caderno como um objeto de
forças, como discutido em
sala muitas tribos como as
dos “Homens Crocodilos” da
Nova Guiné que utilizam ou
utilizavam de rituais de “dor “
( no caso escarificações -
modificação corporal à partir
de cicatrizes) afim de abrir
feridas para assim tornarem-
se mais fortes, então utilizo
esse caderno para escrever
coisa que não seria comum
dizer e muitas da vezes nem
pensar, afim de abrir feridas
em mim para que assim eu
me torne mais forte e
preparados para “Guerras
futuras”.
Essa imagem tem muito significado pra mim, mas não sei o motivo apenas gosto.
Rafaele Ferreira Meu nome é Rafaele
Ferreira , mas se me chamar
de Rafa será um prazer.
Nasci em 18/01/1991
no Rio de janeiro.
Estudo Artes Visuais
licenciatura na Universidade
Estadual do Rio de Janeiro.
Meu processo criativo gira quase que no geral em torno do corpo, ele é
meu objeto de estudo.
Tenho como grande referência Sara Panamby, minhx primeirx professorx
de antropologia, que me fez despertar o interessa por performance e corpos em
trânsito.
Nossos corpos são
construídos sobre inúmeras
influências do meio em que vivemos,
essas influências são tão fortes que
de certa forma se tornam ditatoriais,
selecionando quem fará, ou não,
parte de um suposto meio e quem
ficará a margem dele. Um meio
construído na base da padronização
onde corpos deixam de ser corpos
funcionais e com suas codificações
próprias e valiosas em suas
especificidades e se tornam apenas
peças, objetos, inferiores a pedaços
de carne.
O corpo é um templo, uma
casa, é o nosso local, nosso refugio,
é nele que habitamos, ás vezes
pensamos em mudar, mas nele
permanecemos, ele é transitável
mas intransferível.
Meu corpo como meu eu, é a
inexistência de qualquer outro ser
habitando nele, corpo esse que não
necessita de nenhum controle
imposto por uma minoria reprimida,
que tenta reprimir a maioria, fazendo
com que isso se propague gerando
descontroladamente uma tentativa
de controle.
Luiza Bohrer
19 anos. Brasileira, carioca.
Meu processo criativo não tem etapa de preparação.
Isso porque quando escrevo ou desenho algo no caderno de
campo, não o faço como algo planejado. Faço o que sinto que
quero fazer. Acredito que assim minha natureza interna
e subconsciente é retratada de forma mais verdadeira. Crua.
No meu caso, pensar muito me faz raciocinar sobre algo que
não
se deve colocar lógica, pois nasceu para ser sentido.
Comecei com o caderno de campo porque era um trabalho
da faculdade.
Depois que o trabalho terminou, eu encontrei um caderno
antigo e passei a realmente fazer uso dele e escrever novas coisas : pensamentos, letras de
músicas, poesias, desenhos, livros, etc. Esse eu considero o primeiro caderno de campo, pois
foi feito espontaneamente, e assim foi se mantendo.
À partir daí, ele virou uma espécie de ralo emocional, onde ponho os sentimentos que nem eu
mesma sei definir de onde vem ou o que significam.
"Mas que sente muito cala. E quem quer dizer quando sente
fica sem alma, nem fala. Fica só. Inteiramente."
À flor da pele. Na ponta do lápis. Na
folha de papel.
Este foi um dos primeiros
desenhos que fiz no caderno. Gosto de
casas antigas e grandes, pois pra mim
elas são repletas de memórias. Esta eu
fiz me inspirando na casa do Parque
Lage. A série Downtown Abbey
alimenta parte dessa minha fixação por
casarões europeus e suas histórias.
Por vezes desenho algumas paisagens, apesar de
não conseguir ser muito criativa na hora de
imagina-las. São poucas as vezes que consigo fazer
uma paisagem sem uma foto ou imagem para me
inspirar.Esta foi uma das primeiras conquistas que
tive. Como a maioria do que está no caderno, este
desenho foi feito em um momento de tédio, onde
aparentemente meu fluxo de ideias é maior.
Como disse no início, muitos dos meus
desenhos são feitos sem porquê, e sem
pensar. Este foi feito enquanto eu estava
no trabalho, num momento de ócio. Me
veio à cabeça a imagem de um rosto, e
sua testa e seus cabelos seriam as raízes
de uma árvore enorme. Na hora, eu
imaginei algo muito mais elaborado,
então fiz este rascunho para que a ideia
não fosse embora. Penso em fazer deste
desenho um quadro, mas ainda preciso
praticar mais a minha técnica, tanto em
desenho quanto em pintura. Não
consigo dar de pronto uma definição ou
significado para ele. Meu palpite seria
que o mundo das ideias e dos
sentimentos se ramifica intensamente e
pode chegar a magnitudes impensáveis.
A mente pode lhe dar uma liberdade de
expressão complexa, que pode te fazer
voar ou mesmo te fazer calar.
Ricardo Magalhães
Ricardo Augusto Cerqueira Magalhães
31 anos.
Minas Gerais.
Desenho, pintura, escultura, poesia.
”Se vim ao mundo, foi para desflorar florestas virgens, pisar meus pés na areia
inexplorada, do mais que faço não vale nada.” José Regio
I(n)dentidade
Meu trabalho consiste numa
descoberta de uma investigação
intima de desidentificação. Na busca
de me livrar de tudo em mim que era
iden e assim encontrar algo que
fosse realmente Eu, e não fosse um
mero reflexo de um exterior e
estranho a mim, investigando se
poderia eu encontrar uma auto-
identidade parecer-me comigo
mesmo. Nesse esvaziamento, na
retirada do entulho de mundo que
incrusta nossa superfície existencial,
claro que não atingi esse ideal
budista, mas no processo foi
possível enxergar o vazio que há no
centro de mim. Com isso não foi
difícil concluir que o que nos
identifica é não o nosso ser
existencial, mas sim o que entulha
sobre esse vazio. E essas partes de
mundo esta em todos e é esse
entulho que vai formar a impressão
digital de uma identidade.
Mas não seria completamente
descartada a ideia de que algo em
nos poderia ser intimo, próprio,
essencial, genético. A ultima dessas
palavras me levou imediatamente ao
sexo dos indivíduos: xx ou xy. O que
o cromossomo x ou y poderia definir
na identidade de alguém? Seu
gênero?
Um grande aparato cultural e
mercadológico se estabeleceu
durante os milênios de civilização
definindo masculino e feminino: cor,
forma, comportamento, sentimento
etc. Um para pessoas do gênero
masculino outro para o feminino. Há
também as coisas unissex que se
destinam a ambos, algo como o
universo do gênero neutro. A
identificação de pessoas de um sexo
com as coisas definidas como do
sexo oposto é comum, o que já
coloca em terra o gênero genético
definido pelo cromossomo sexual.
Ainda está muito simplificada essa
ideia, fácil: o gênero não está
definido pelo sexo. A questão toma
sua real forma quando a
identificação não ocorre para um ou
outro conjunto de coisas, mas para
uma “seleção” autentica de
interesses e comportamentos que
permeia os três universos. Isso dilui
o que temos por identidade de
gênero: que temos uma ou outra.
Temos alguma identidade? Vejo que
nem mesmo o gênero está em nossa
essência. É muito mais algo
atribuído a nós.
Assim como todo o resto, o
gênero não é algo que nos é próprio,
mas sim algo que está no exterior,
em definições, senso comum,
histórico e cultura. Existem um
conjunto de objetos, vestuário e
comportamento que estão
enquadrados dentro do universo
punk, outro conjunto que pertencem
ao universo pop ou ao universo
favela, negro, brasileiro, sertanejo, e
outros. A peculiaridade dos gêneros
é que trata-se de universos
organizados dicotomicamente e é
permeado por todos os outros.
Até a pouco tempo as
pessoas não estavam moralmente
autorizadas a usar de atributos de
diferentes tribos (universos). O punk
não seria bem aceito se fizesse
meditação, ou uma pessoa que
flertasse com o universo punk
e pop seria tachada como sem
identidade. Isso nos tempos
modernos em que um marxista não
poderia concordar em nada com um
ideólogo capitalista, mas os tempos
mudaram e as culturas se
permearam, ideias se fundiram, e as
pessoas passaram a aproximar-se
do que em cada universo as
interessam. Ainda falta muito pra
isso acontecer com os gêneros.
Um Punk não é um “ser” Punk,
é um ser vazio entulhado de universo
punk. Um marxista não é um “ser”
marxista, apenas está entulhado de
ideias e ideais marxistas. Um
homem é um homem? Uma mulher
é uma mulher? Ou são seres do sexo
masculino ou feminino entulhados de
universo homem e mulher?
O homem e o mundo 2014.
Mariana Vidal
Mariana Vidal
20 anos
Brasileira/Rio de Janeiro
“Faço uso do confuso.”
Autognose
No início o que deveria ser feito no
caderno era um pouco confuso para
mim. Por ser uma pessoa tímida
tenho muita dificuldade de me expor
e também de compreender como
sou, eu não fazia ideia do que
poderia fazer para compor o trabalho.
Ao mesmo tempo que eu pensava
em colocar apenas as coisas que
gostava eu me questionava se
estaria colocando coisas
desnecessárias, mas aos poucos
percebi que aqueles meus gostos
formavam quem eu sou.
O caderno tem me ajudado a
trabalhar isso. Como disse a Sara,
aos poucos vamos traçando nossa
própria etnografia. Fui montando
com colagens, desenhos, textos e
músicas que tinham um significado
ou que simplesmente gostava.
Percebi que toda vez que abria o
caderno para acrescentar alguma
coisa, eu tinha a mesma sensação
de gostar, como se fosse de outra
pessoa e eu me identificasse com o
conteúdo. Estava satisfeita por
perceber que eu gostava do que via.
Foi um trabalho que adorei fazer e
que vou levar para a vida. Não só a
experiência, mas também porque
continuarei a construí-lo.
Autores
Rafaela DE Souza
Oxalá!
Me chamo Rafaella de Souza, mas pode me chamar do
que você quiser.
Tenho 18 anos
Tento de tudo um pouco.
O que importa é poder expressar o que eu penso e sinto sobre o mundo e a
sociedade em que vivemos e descontruí-la. SEMPRE. Por isso estou sempre
com meu caderninho na mão, qualquer coisa ou pensamento que me chamem
a atenção logo estarão nele. Meus temas mais usuais são sobre as injustiças
cotidianas e temas mais subjetivos, voltados para o eu. Me interesso muito por
movimentos sociais, tais como o LGBT e o Feminismo, logo, eles acabam,
mesmo sem intenção, fazendo parte do meu trabalho.
“O segredo da felicidade e o cúmulo da arte é viver como
todo mundo e ser como ninguém.” (Simone de Beauvoir)
DES(construção)
Quando comecei a ter aulas de
Antropologia com a Sara, eu
ainda carregava comigo uma
postura bem academicista, até
mesmo classicista, em que o
professor dá a matéria que você
tem de saber para a prova e vai
embora, bem objetivo e frio.
Apesar de sempre ter
abominado essa visão de
aprendizado, foi assim que eu fui
criada para pensar. Com as
aulas da Sara eu comecei a
entender que esse não é o único
jeito de aprender, esse é o jeito
que o sistema quer que
aprendamos. Com essa primeira
lição, fui aos poucos
des(construindo) as visões de
mundo que foram acrescidas em
mim desde pequena e fui criando
as minhas, sem mais ter limites
pra me apoiar, pra me manter na
minha “zona de conforto”. Assim
fui conhecendo diversas formas
de fazer arte que eu nem sabia
que podiam ser arte, uma delas
é a colagem.
A foto ao lado é da primeira
colagem que eu fiz e minha
preferida também. Fiquei com
uma vontade enorme de explica-
la, mas se assim eu fizesse, ela
perderia sua graça, então
pensem o que quiser.
Essa é uma das fotos que estão no
meu caderno, eu a tirei indo para a
UERJ. E a acho muito importante,
porque ela é um registro do caminho
que faço para chegar até a faculdade.
Eu passo por essa escada oito vezes
por semana (quatro pra ir, quatro
para voltar) e um pensamento que
sempre me bate é que nunca será a
mesma coisa, a escada e o lugar
podem ser os mesmos, mas todo dia
terá pessoas diferentes, com
caminhos diferentes, eu estarei
diferente, logo penso na teoria de
que nada é estável de Heráclito,
tanto que no meu caderno está
escrito a frase mais célebre dele:
“Ninguém entra em um mesmo rio
uma segunda vez, pois quando isso
acontece já não se é o mesmo,
assim como as águas que já serão
outras.”
Essa é uma ilustração e algumas
anotações que fiz na aula da Vânia e
a acho muito significativa, pois ela
marca a passagem entre uma
professora e outra e mostra o quanto
eu cresci e aprendi durante esse ano,
pra mim ela é uma espécie de
fechamento de ciclo, seguida de uma
renovação. Não consigo falar muito
sobre ela, por ser muito visceral,
então deixo o pensamento e
questionamento pra vocês.
Imaginem o que quiser.
Lisa Miranda
Lisa Nascimento Gomes de Miranda
Te mandar por anexo.
20 anos
Rio de Janeiro, Brasil
Processos
criativos:Fotografia,escrita,
desenho, dança.
"A vida é uma
aventura audaciosa, ou
não é nada. A segurança
é geralmente uma
superstição. Ela não
existe na natureza. "
A sutil percepção de um vulto chamado
momento. Iniciei processo do
caderno de campo tardiamente
pois não estudei Antropologia I
com a professora Sara, só pude
adentrar nesse trabalho por volta
do mês de setembro, no entanto
consegui fazer alguns processos
do que eu pensava ser um
caderno de campo: registros.
O tema do meu caderno
de campo " A sutil percepção de
um vulto chamado momento",
representa a forma como
interpreto o tempo, como é
efêmero, e dessa maneira, tudo é
sentido e dado significação
através da percepção; que é uma
via de possibilidade para ser
canalizada
de forma artística.
Autores
Discentes
Paulo Victor Costa de Oliveira
Priscilla B.
Raquel Cappelletto
Vitor Rocha Farah Gomes
Maria Clara Soares
Luciana Andrade
Georgina Soares Bianchi
Paula Rodrigues M. Leite
Ricardo Fernandes
Maisa Taião Pires
André Camello Costa
Beatriz Albuquerque
Victoria Lopes
Matheus Ferreira Abbade
Paula Romanog
Mateus Alves Ferreira
Rafaele Ferreira
Luiza Bohrer
Ricardo Magalhães
Mariana Vidal
Rafaella De Souza
Lisa Miranda
Docentes
Sara Panamby
Vania Mourão
Coadjuntora
Carolina Rodriguês
Curador e diretor.
Mateus Alves Ferreira
Outros colaboradores
Mariana Vidal
Maria Clara Soares
André Camello Costa