NoS - Curso de artes visuais UERJ.

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NòS é um auditoria feita por alunos de Artes Visuais da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e tem como objetivo listar e relacionar os nos entre nós.

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Turma 02 – 2014.1

NóS

Universidade do Estado do Rio De Janeiro Rio de Janeiro.

2015

Trabalho referente à disciplina

Arte e antropologia II solicitado

pelas professoras Vânia Araujo

e Carolina Rodrigues com base

nos cadernos de campo

desenvolvidos e

supervisionados junto à

professora Sara Panamby..

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Sumário Introdução ................................................................................................................................. 4

Descrição ................................................................................................................................... 5

Paulo Victor Costa de Oliveira ................................................................................................... 6

Priscilla B. ................................................................................................................................ 10

Raquel Cappelletto .................................................................................................................. 14

Vitor Rocha Farah Gomes ........................................................................................................ 17

Maria Clara Soares .................................................................................................................. 19

Luciana Andrade ...................................................................................................................... 23

Georgina Soares Bianchi .......................................................................................................... 26

Paula Rodrigues M. Leite ......................................................................................................... 30

Ricardo Fernandes ................................................................................................................... 34

Maisa Taião Pires..................................................................................................................... 38

André Camello Costa ............................................................................................................... 42

Beatriz Albuquerque .............................................................................................................. 46

Victoria Lopes .......................................................................................................................... 50

Matheus Ferreira Abbade ....................................................................................................... 53

Paula Romanog ....................................................................................................................... 57

Mateus Alves Ferreira ............................................................................................................. 60

Rafaele Ferreira ....................................................................................................................... 64

Luiza Bohrer ............................................................................................................................ 69

Ricardo Magalhães .................................................................................................................. 73

Mariana Vidal .......................................................................................................................... 77

Rafaela DE Souza ..................................................................................................................... 81

Lisa Miranda ............................................................................................................................ 85

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Introdução

A revista “NóS” é um coletivo de diversos trabalhos da matéria “Arte e

Antropologia” do curso de Artes Visuais(UERJ), que procura amarrar nossos

processos criativos, e, respectivamente, temas discutidos em sala junto a

professora Sara Panamby durante o primeiro período e dois terços do segundo

período do ano de 2014. Como é de fácil percepção, os trabalhos neste coletivo

tocam bastante no âmbito pessoal e social. Alguns procuram expressão em

fotos de seus corpos, outros em desenhos, outros ainda em colagens e até

mesmo em paisagens. Tudo sob o auxílio da professora Vânia Maria Mourão

Araújo e sua coadjutora Carolina Rodrigues, tornou-se possível a produção

desta auditoria.

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Descrição

Este registro contém pensamentos, sentimentos e muitas histórias,

contadas através de diversas formas: desenhos, fotografias, palavras e

expressões corporais.

Os trabalhos aqui contidos são de natureza pessoal. Alguns se expressam

com facilidade; outros são mais reclusos. O fato mais interessante a ser

considerado é que cada um se expressa em seu tempo e de maneiras diferentes.

Os tímidos usam imagens, os mais extrovertidos adoram escrever e aparecer

em suas fotos, outros só buscam encontrar algo. Posso passar horas e horas

tentando descrever cada um, mas é exatamente isso que irá te surpreender: a

grande gama de possibilidades e individualidades formadas e enraizadas em

cada uma destas pessoas.

Os “NóS” desta auditoria é como se todos tivessem se amarrado e se

desfeito em momentos e pensamentos. Estas páginas podem surpreender o

leitor da mesma forma como me surpreenderam, e se possível abrirão novos

sentidos de vida. Memórias.

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Paulo Victor Costa de Oliveira

“Sempre gostei de desenho, independente do

estilo. Desde a infância a área artística do

desenho sempre me cativou e me motivou a

seguir nesse caminho. Meu caderno de campo

reflete um pouco esses gostos. Sonho em

trabalhar com HQs, filmes, jogos, enfim, me

tornar um autor completo.

“Gosto de seguir meu sonho mais livre. Se eu

parar ele vai fugir de mim!”

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Vida sentimental

Meu caderno de campo

mostra um pouco do que sou.

Meus gostos, meus sonhos,

minha essência. Mostra

também um pouco da criança

que vive em mim. Reflete uma

pessoa que ainda não

abandonou a imaginação, a

inocência, os sonhos e as

esperanças. Mostra alguém

que ainda vê o mundo com

olhos de criança, que só quer

brincar, sem muitas

preocupações, mesmo a vida

cobrando seriedade e não

tendo como fugir das

responsabilidades e

obrigações. Gosto de ser

quem eu sou. Gosto dessa

identidade. Não pretendo

abandoná-la nunca. Esses

três desenhos aí ao lado,

retirados de meu caderno de

campo, representam uma

micro parcela de tudo que eu

escrevi antes.

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Esse é um dos meus principais projetos. Não posso dar muitos detalhes agora, mas estou me

esforçando muito pra fazer um trabalho competente.

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Priscilla B.

Nome real: Priscilla Barbosa dos Santos Sousa

Idade. 24

Nacionalidade/estado em que nasceu. Brasileira

Rio de Janeiro

Processos criativos. Escultura, desenhos e gravura.

"A vida é uma peça de teatro que não

permite ensaios. Por isso, cante,

chore, dance, ria e viva intensamente,

antes que a cortina se feche e a peça termine sem

aplauso." Charles Chaplin

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Estrada da vida

Quando fiz esse primeiro

desenho do meu caderno de campo,

em minha mente... se passava um

turbilhão de pensamentos e desejos.

Em abril de 2014 conquistei a minha

entrada pra a faculdade e isso me fez

pensar em como seria a minha vida

dali pra frente. Eu num sei o que eu

posso conquistar, os desafios que

posso passar... mas de um coisa tenho

certeza, estou na estrada certa.Estou

fazendo o que faço com prazer e os

meus sonhos me motivarão a

caminhar. Grandes propósitos me

fazem avançar...

Estou no meio entre linhas e dobraduras.

circuito performático assistido em

antropologia I... me fez refletir o

quanto nosso corpo produz efeitos

surpreendentes e o quanto dele

emana poder. Estou num processo

de libertação..não física.. mas

mental. A minha língua fala, os meus

olhos vêem e o meu corpo sente a

necessidade de protestar... protestar

contra as deconjunturas de uma

sociedade desigual. Recortes

retirados de uma revista secular.

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Obras:

Imagem capturada no parque lage.

imagem capturada no Parque de madureira

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Raquel Cappelletto

19anos

Brasil / Rio de Janeiro

Estudante do 2° período de artes

visuais. Gosto de fazer colagens e filosofar

sobre a vida. Diários sempre foram

complicados para mim. A minha dificuldade em me expressar fez com que

abandonasse diversos diários. O caderno de campo foi um grande desafio, pois

seria algo que eu não poderia “abandonar”. Até hoje o caderno de campo é algo

com que eu não me acostumei, porém nunca desisti. No primeiro semestre fiz

um diário semelhante a um caderno escolar com anotações de trabalhos e aulas.

Passado as férias comecei a desenvolver um projeto mais “sensível” no meu

caderno. Construí um diário pessoal, quase não escrevo palavras, prefiro me

expressar através de imagens.

“Primeiramente o homem existe, se descobre, surge no

mundo e só depois se define.” - Jean Paul Sartre.

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Rabisco

O caderno de campo veio a

calhar nos momentos sensíveis e

filosóficos. Rabisca-lo é como uma

terapia. Solto as emoções em forma

de cores e figuras. Eu compreendo

meus rabiscos, sei quando um

rabisco quer dizer felicidade e

quando quer dizer tristeza. As vezes

não quer dizer nada, apenas uma

vontade louca de criar, como foi na

primeira figura. As imagens saem

mais facies do que as palavras, mas

o caderno tambem tem me ajudado

a organizar minhas ideias no papel.

A segunda imagem é uma dúvida

existencial. No momento em que

escrevi a frase eu sabia que estava

viva, mas estava realmente apenas

respirando. Busco minhas

inspirações em textos de filosofia e

minhas proprias teorias. Muitas

dúvidas existenciais preenchem as

paginas do meu caderno. A terceira

imagem eu queria passar o

sentimento de paixão. Queria

representar esse sentimento em

figuras, cores e palavras. Não estava

mergulhada nesse sentimento

quando preenchi a pagina, mas

estava com voltande de solta-lo. Meu

caderno é umenigma. Cheio de

metaforas. Decifro ele através das

minhas expressões artísticas.

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Vitor Rocha Farah Gomes

20 anos.

Brasil/Rio de Janeiro/Baixada Fluminense/Nilópolis

Anotações e desenhos, nisso que meu

caderno se focou. Nunca tive vontade de fazer mais,

sou assim: admiro as colagens mas não quero me

sujar de cola. Gosto da certeza da caneta e a

expressão do grafite. Uso suas páginas para não

usar outras, muitas dessas virtuais. Escrevo o que

preciso escrever para não perder minhas criações

originais, já citei muitas vezes a mim mesmo por

não saber de que parte do meu cérebro as palavras

jorraram. O caderno não foi um trabalho e nem um

experimento, foi uma necessidade para um

esquecido, codificando pensamentos através de

versos. Como um cheiro que revive o passado os

versos desempenham função de me lembrar do

futuro, dos sonhos que não se realizaram aos que

ainda não se realizaram. Se mudou minha vida? Sim,

me atormenta o ter em um local específico, não

perdido nas minhas gavetas ou pastas de

computador com títulos escritos por cabeçadas no

teclado, mas ao mesmo tempo não o esquecerei. E

até o final de suas páginas ficará guardado no fundo

da minha mochila.

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UERJ

O que mais me afetou durante

o tempo da construção do caderno

foi a UERJ, com a explicação óbvia

de tornar me parte dela e a recíproca

tão óbvia quanto. Não que eu a não

a conhecesse antes, mas a vivência

interna é altamente modificadora de

opiniões. A UERJ impressiona com

suas rampas unindo prédios e

institutos, o vai e vem de tanta gente

para tantos lugares. O desenho

representa esses caminhos, o visível

delas como um mural de retas e

vazios.

Trem

O uso de transporte público

sempre esteve na minha vida,

peguei muito trem e metrô antes,

mas quando se torna rotina uma

nova dimensão se apresenta,

daquelas em que se reconhece um

estranho por tê-lo visto durante toda

a semana.

O transporte público no Rio de

Janeiro é visivelmente caótico, então

por que escrever do tremor do trem?

Algo que por sinal é natural as suas

propriedades.

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Maria Clara Soares

“Uma parte de mim é só vertigem: outra parte,

linguagem. Traduzir-se uma parte na outra parte

- que é uma questão de vida ou morte - será arte?”

– Gullar, Ferreira.

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Processos Criativos: “Fragmental”

“Fragmental” não existe em

português. Se apenas

traduzíssemos, de inglês para

português, teríamos a palavra

“fragmentário”. Porém, por uma

questão de sonoridade e

singularidade, criei sua existência e

significação, na nossa língua,

baseada em uma qualidade do que

está em partes, dividido, daquilo que

não está inteiro, não é completo. E

mais, “fragmental” define o que meu

caderno é: não funciona só como um

estado, ou como um tipo de adjetivo,

mas como sua essência de ‘ser’. E,

antes de entregá-lo no primeiro

semestre, foi a última das coisas que

criei para preenchê-lo. Achei, que o

conjunto de coisas que fiz e juntei

precisava de um título: um que

fisgasse seu sentido de forma

sucinta e clara, e, esta palavra, com

sucesso, o fez.

Sua ordem não é cronológica, pois o

construí de forma que só eu saberia

quando fiz/pensei um determinado

texto (isso se eu lembrasse, pois

procurei me desligar do tempo

quando ele não fosse útil). Voltei

muitas vezes a uma mesma página

para completá-la e pulei páginas

para criar espaços vazios entre uma

coisa e outra... Não que eu tivesse

um plano, era mais sobre como

achar uma forma de expressar uma

determinada poética sem que ela se

misturasse muito com a próxima ou

o contrário: aproximá-las por que

tinham algo em comum.

Ele foi composto por dois tipos de

tons: usei o “ton” de cores diversas,

sempre ao som de um “tom” musical

para inteirá-lo. Ou seja, ele está

repleto de tonalidades, nos dois

sentidos. E estas, escolhi com

cuidado de fazer como que

expressassem de forma completa o

que eu queria que chegasse a

superfície do papel.

Além disso, nele inteiro eu tentei

falar de mim e da vida de forma

visceral e sutil ao mesmo tempo. E,

por isso, além de ser quase que

como um hábito desde pequena eu

pegar coisas deixadas por ai, ele

está cheio de folhas, papéis, fitas,

pedaços de coisas colados. Isso,

inclusive lhe atribuiu um cheiro

específico (com o qual eu me

acostumei ao abri-lo): de cola de

isopor e folhas em decomposição.

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Alguns vestígios incomuns que existem nele

são cílios, um fio de cabelo, furos com um

brinco, e um pouco de sangue de um corte que

abriu no meu dedo.

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“Made Of Scars” foi uma letra minha que

escolhi para dar início ao caderno por se

adequar a proposta do que eu queria

inserir nele. Ela é um rascunho, sem rima,

mas já com todo o sentido que darei a

música. Aliás, ela também será em inglês,

o que irá me ajudar a formatá-la: e isso é

mais um pouco sobre sonoridades que

prefiro... Além de eu ter criado uma

ilusão(ou não): quando escrevo em inglês,

o que está dito na letra não me alcança se

eu não prestar atenção: se eu não me der

ao trabalho de traduzi-la quando a ouço,

ela não me penetrará com sua letra,

como, integralmente, deveria. O foco será

na melodia, o que é uma intensidade que

amo explorar.

Termino dizendo que não coloquei nele

tudo que achei em sua forma original: em

sua maioria, eu os transformei e moldei

de acordo com o que eu pensava que eles

poderiam ser. Seja uma ideia, seja um

texto, seja algo material. Uma forma de

esculpir, escrever, desenhar, pintar,

desconstruir, sonhar e viver na

intensidade que eu designei que fosse, é

seu resultado final.

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Luciana Andrade

19 anos.

Rio de Janeiro.

Procuro me dedicar a desenho e pintura desde criança.

O caderno de campo tem sido muito útil para

tentar entender o que se passa em minha própria

mente, como uma forma de diário artístico.

“Não deixe que sua felicidade

dependa de algo que você

pode perder.” - C. S. Lewis

Foto

Page 24: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

Metamorfose sentimental.

O caderno de campo tem sido um

trabalho difícil para mim, mas por

uma questão extremamente

pessoal. Disseram que eu deveria

colocar o que quisesse nele, meus

pensamentos, meus sentimentos...

E essa liberdade funciona no sentido

oposto quando se trata de expressar

meus próprios pensamentos.

Sempre tentei colocar pra fora tudo

que sentia, e esse sempre foi

justamente o meu maior obstáculo.

Aos poucos, sinto que meu caderno

passou a ser algo tão pessoal que

não acho que deva ser

compartilhado publicamente, com

exceção de algumas páginas em que

tentei explorar o que sentia numa

forma mais subjetiva, sem expor

demais.

Coloquei um pouco de tudo.

Desenhos, colagens, textos. Utilizei

como ferramenta para treinar novas

técnicas de desenho, e por isso

acredita que tenha sido um trabalho

muito produtivo, e que tenha me

ajudado nessa busca de conseguir

me expressar.

Page 25: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

O que mais vi presente em

meu caderno foram criações que

significassem mudança, e textos

relacionados à sensação de

pertencer a algo, algum lugar ou a

alguém. Foram tantas formas

diferentes de abordagem sobre esse

tema, que eu acredito que tenha sido

refletido em minha vida. Como disse,

se tornou algo pessoal demais.

Capa do caderno

Page 26: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

Georgina Soares Bianchi

“Oi , sou Georgina, melhor, sou Gina, Gê ou

Geo, melhor, serei o que essas páginas forem,

serei, apenas serei”...

(Essa foi a apresentação que fiz de mim mesma

nas páginas iniciais do meu caderno, e é ela que

deixo aqui como meu perfil.)

“Sem deixar que a boca diga aquilo que meu coração

não sentir!”

Page 27: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

Reserva Indígena Pataxó

Porto Seguro - Baiha

Page 28: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

Ao lado segue uma

página do

caderno.

Ao lado segue uma

página do

caderno.

Page 29: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

Começar o caderno de campo foi um

processo muito lento. Comprei - o, mas não

sabia o que fazer com ele. Esperei, esperei,

esperei... até que uma reportagem com

Manuela Pimentel atravessou o meu caminho

e então eu soube o que queria fazer, daí

segui...

As aulas de Antropologia I foram fontes de

inspiração para preencher muitas folhas

desse caderno: os vídeos eram

provocadores de reflexões; os textos

trabalhados suscitavam reações e as

experiências vivenciadas e relatadas por

Sara traziam realidades que não poderiam

ficar sem registro em meus registros, como

a viagem ao México, onde os terremotos

criaram um México remendado de cacos de

vida, criaram colagens de almas, de vidas

e de fé. Senti necessidade de colar, e colei

pedaços para montar o meu altar.

A medida que ia escrevendo, memórias iam

sendo revisitadas e ressuscitadas,

questionamentos passados iam se

reconhecendo nesse presente. E voltei a

pensar sobre o mundo, sobre a sociedade

em que vivo, redefinir conceitos, opiniões...

voltei a fazer parte de tudo e me redesenhei

no mundo.

Page 30: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

Paula Rodrigues M. Leite

20 anos

Araruama/Rio de Janeiro

Processo criativo: por

observação principalmente

Frase que defina: “E se perecer, pereci.”

Page 31: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

Não sou muito de escrever sobre

a minha vida ou algo do tipo, também

não sou do tipo que tem um caderno de

campo, por isso ter um foi um grande

desafio para mim. Sou muito

pragmática e por vezes insensível até,

e gosto de ser assim, por isso para mim

ter um caderno de campo onde o meu

interior e sensibilidade fossem exibidos

não faz sentido. Se for para me expor,

prefiro fazer da forma que para mim é a

mais simples possível: através de fotos.

Não necessariamente fotos de mim

mesma, mas do modo como eu

enxergo tudo a minha volta. Então,

quando foi para escrever no meu

caderno de campo, eu escrevi sobre o

que vi e o que estava vivendo, não

exatamente sobre mim. Em termos de

conhecer alguém acho um caderno

muito limitado.

Trechos das cartas de amor:“[...]

eu vou fazer de tudo pra te ter nas

minhas mãos, eu posso até morre, mais

vou sabe que nunca desisti de você.”

“E o que o presente pede? Pede

poucas ações, mas que todas elas

tenham como base o amor. Sim, esta

carta pretende o amor.”

As cartas não tem assinatura e foram

feitas para serem distribuídas por aí.

Cartas de amor que me

deram no Femina.

Page 32: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

Ingressos do CCBB dos filmes do Fritz

Lang. Uma das melhores descobertas

que tive, “A mulher na lua” é agora um

dos meus filmes preferidos e poder ver

o filme com acompanhamento ao vivo

de um pianista foi lindo.

A mulher na lua, 1929

Page 33: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

Internacional de Cinema Femino

Foi interessante perceber por outros

olhares e ouvir diferentes relatos sobre

o que é ser mulher, sobre a feminilidade

e sobre os problemas ainda

persistentes na atualidade. O mais

interessante foi que as opiniões e

relatos não se restringiram a nenhum

ideal, nem permaneceram no

ostracismo brasileiro. Pude ver relatos

de mulçumanas que usam burca e não

veem nenhum problema nisso, pelo

contrário se ofendem com o fato das

pessoas ficarem desconfortáveis com

isso; como também vi relatos de

mulheres que não suportam a ideia de

lavar louça, pois acham que isso as

rebaixa já que este é um papel

doméstico estigmatizado por algumas

sociedades.

Sobre a minha ida ao Femina em 2014.

E finalmente, o meu olhar da UERJ <3

Page 34: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

Ricardo Fernandes

18 anos

18 anos

Brasileiro/ Rio de Janeiro

Descobrindo-se

Começar algo é sempre difícil ainda mais um caderno. O que fazer primeiro o

que escrever primeiro, por que escrever? e se for melhor desenhar?

Diversas perguntas e nenhuma resposta, na verdade como o caderno é seu você

pode fazer o que achar melhor, e eu escolhi desenhar, bom sendo bem sincero

eu só desenhei.

"todos nós somos bons em algo só precisamos

descobrir no que"

Page 35: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

DESENHO 1

Um desenho simples de e divertido de fazer, depois foi complicando...

Page 36: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

DESENHO 2

Desenhar mulher é sempre mais difícil. Mas quando você aprende vira a coisa

mais divertida de fazer.

Page 37: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

DESENHO 3

E tem muito mais disso no caderno, mas ai já vai entrando muito na minha

intimidade, mas algo eu posso dizer construir esse caderno fiz algo muito

divertido, principalmente as paginas finais...

Page 38: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

Maisa Taião Pires

“Conhece alguém as fronteiras à sua alma para que possas dizer– eu sou eu? Mas sei que o que eu sinto, sinto-o eu”

Fernando Pessoa

Page 39: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

Não sou capaz de dizer quem sou...! Não posso sequer traçar um perfil meu que

seja coerente ou verossível, pois como é possível determinar qualquer identidade que

dê conta de qualquer coisa, verddeiramente? Vou assim me fazendo, me rabiscando e

me fermantando na quentura do chão do existir, bem aos pouquinhos. Para depois me

desmanchar... Posso dizer hoje que tenho quarenta e três anos, que dizem que meu

sexo é feminino e que a cor de minha pele é branca. Posso até dizer que tenho distintos

interesses, algumas poucas habilidades e um milhão de impossibilidades. Mas isso não

sou eu. FATO. Isso “é” apenas enquando estou sendo, até que me tansmute em outra

coisa, até que descubra outros mundos. Só poderei dizer definitivamente quem sou

quando deixar de existir, quando será cessado o movimento. Mas aí já não importará

quem sou...

Page 40: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

Linhas de um contorno

Materializar impressões, traduzir

imagens, sofrer catarses sobre o papel,

recolher o mundo em palavras e signos

e fazê-lo sair pelos olhos... são as

possibilidades abertas por um caderno

de campo.

Tenho por hábito a escrita.

Escrevo as histórias que ouço no eco

produzido em mim. Mas a forma como

escrevo é fragmentária... folhas

perdidana bolsa, verso de nota fiscal do

conserto do telefone, e enredos e sons

plenamente internos que jamais

encontrarão a forma...

Este caderno de campo trouxe

certa normativa ao meu escrever.

Condensou em um agrupado de

papéis o que recolho do dia. E deu

forma e imagens para o pensamento por

meio de processos, de materiais e

técnicas que nunca pensei transformar

em expressões.

O que muitas vezes era efêmero

e perecível, agora é corpo e cor.

Imag

inár

ias

Imag

inad

o

Page 41: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

Página sobre minha mãe, sobre a

Pessoa-mulher que me ensinou a ser...

Page 42: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

André Camello Costa

Vida como território (pegadas, manuscritos,

obras) e Caderno como arquivo de mapas.

Registro nos Cadernos o que identifico como

ideias-chave, termos que me interessam para

pesquisa, pistas, insights e bibliografias

possíveis, como um Arquivo-mor que vai

mapeando e traçando possibilidades de

atuação, seja em termos de pesquisa teórica,

seja em termos de criação.

Page 43: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

O mapa e o territóri

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.

Page 45: NoS - Curso de artes visuais UERJ.
Page 46: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

Beatriz Albuquerque Beatriz Sampaio Iacillo de Albuquerque

19 anos

Brasileira, natural do Rio de janeiro

Fazer um caderno de campo foi uma ótima proposta para organizar ideias soltas e repentinas.

“nem melhor, nem pior, apenas diferente”

Page 47: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

Antítese

Em meu caderno de campo reuni

pensamentos soltos.

Significados e poesia, dúvidas e

certezas, criações e “copiações”,

abstrações recentes e antigas,

conteúdos adquiridos dentro e

fora da sala de aula.

Construção e desconstrução das

minhas ideias cheias de aspas e

reticências.

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Victoria Lopes

Idade: 18

Nacionalmente do Rio, naturalmente do mundo.

Processos criativos: Descrevo um mundo a volta

com uma visão própria, cito as minhas alegrias,

minhas tristeza, indignação e um pouco de tudo

que me interesse; além de anotar o que não quero

esquecer. A sensação de produzir fez-me relembra momentos do passado, só

presente e do possível futuro. Usei colagens, pinturas, e principalmente o lápis.

Contudo, criei o meu mundo a partir de folhas de papel.

Uma frase que te defina: "Temos de nos tornar a mudança que queremos

ver no mundo. Você tem que ser o espelho da mudança que está propondo. Se

eu quero mudar o mundo, tenho que começar por mim." Mahatma Gandhi

Page 51: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

Ideologica(mente)

Meu caderno teve ênfase no

meu objetivo de ser uma artista

contemporânea. Subjetivamente, meu

trabalho se baseia nas realidades ou

não vividas por mim, e nos meus

propósitos de conquistas futuras.

Além disso, consiste em várias

pesquisas interessantes de meu

gosto, como o bory-art e o bory-

piercing, adquiridos dentro e fora de

aula.

Esse trabalho me deu a

oportunidade de expressar o

que eu sinto sobre a

contemporaneidade onde vivo,

o mundo devir, atual.

Escolhi essas páginas por ter

o que mais me interessa e por

mesclar tudo que eu gosto

resumidamente em algumas

paginas.

Page 52: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

Essas páginas mostram uma direção

a modificação do corpo e a

contemporaneidade, subjetivamente

não muito paralela a realidade.

Page 53: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

Matheus Ferreira Abbade

“O caderno é a prática da emergência. A

economia para quando se tem apenas o relato. O

non-site demente emerge como costura no meu

corpo.”

“O catálogo de formas é interminável: enquanto cada

forma não encontra a sua cidade, novas cidades

continuarão a surgir” - CALVINO, Italo. As cidades

invisíveis.

Page 54: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

Dia Um.

O artista, o guerrilheiro.

A arte é o artefato. O meu

corpo é o motor.

Page 55: NoS - Curso de artes visuais UERJ.
Page 56: NoS - Curso de artes visuais UERJ.
Page 57: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

Paula Romanog

Nome: Paula Romano

dade: 26

Uma falsa -loira- cabocla-nordestina-quase Portuguesa

que não sabe o que é e nem precisa saber... Porque o

mundo é minha casa.

Processos criativos: Desenvolvi ao longo da feitura deste

caderno trabalhos diversos. A maioria deles conta com

métodos mais despretensiosos, uma vez que fazem alusão à procedimentos

anteriores. Essas colagens, gravuras e técnicas de estamparias, tão recorrentes

ao longo das páginas, foram necessárias entretanto, para suscitar a persistência

imprescindível à conclusão de processos mais longos. Ao longo desse conjunto

de folhas ideias floresceram e formaram uma contextura tecida de erros acertos

e experimentações.

Foi a descoberta de uma etnografia de mim mesma.

“É necessário ter o caos cá dentro para gerar uma

estrela”.

Friedrich Nietzsche.

Page 58: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

In Linea: Sobre Raízes, Corpos e Caminhos

Gosto de pensar em camadas,

talvez por isso tenha tanta inclinação

por colagens. Quando observo esse

conjunto, percebo o poder que

imagens, antes separadas, ganham

quando são aglutinadas em uma

totalidade. Passam a falar de algo,

sem que seja preciso explicar

através de palavras. As próprias

imagens são micro textos,

constituindo uma iconografia

intrincada e revelando um lugar de

fuga, uma memória e uma vontade.

Escolhi essas imagens, pois são pra

mim, uma espécie de poesia visual e

apesar de serem trabalhos

relativamente simples, difundem

energias expressivas, por estarem

em escala cromática.

Page 59: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

Percebi através desses microtextos escritos

ao longo do caderno, como todos seguiam o

mesmo fluxo.

As próprias colagens passaram a

fazer parte das outras, como pequeninos

pontos que se transmutavam em algo fluido

e infinito.

Vi nascer a ideia de linhas, que me

acompanham desde então... Que a linha é

um indício que pode significar o caminho,

trajetória, movimento e as linhagens. Tudo

aquilo que fazia de maneira intuitiva através

de colagens.

Page 60: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

Mateus Alves Ferreira

Eu costumava procurar me entender, me procurar e me

reinventar, mas notei que sou do jeito que eu quiser ser e ser

quem eu sou é sempre a opção mais logica. Não adianta

passar a vida inteira procurando uma identidade se não

conseguir aceitar a sua própria.

“A vida é apenas uma das

pequenas partes que movem o

universo, mas seu universo apenas

você pode mover” - Eu

Page 61: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

Alma, a única capa que não

pode ser substituída.

Quando comecei a fazer o

meu primeiro caderno de

campo, fiz de uma maneira

solta sem me prender as

páginas, criavas folhas e

mais folhas com a intenção

de reuni-las mais tarde, com

isso consegui gerar a minha

essência bagunçada e sem

ordem. Já no segundo

caderno comecei a notar

mais os assunto tratos em

sala de aula, e usei este

caderno como um objeto de

forças, como discutido em

sala muitas tribos como as

dos “Homens Crocodilos” da

Nova Guiné que utilizam ou

utilizavam de rituais de “dor “

( no caso escarificações -

modificação corporal à partir

de cicatrizes) afim de abrir

feridas para assim tornarem-

se mais fortes, então utilizo

esse caderno para escrever

coisa que não seria comum

dizer e muitas da vezes nem

pensar, afim de abrir feridas

em mim para que assim eu

me torne mais forte e

preparados para “Guerras

futuras”.

Page 62: NoS - Curso de artes visuais UERJ.
Page 63: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

Essa imagem tem muito significado pra mim, mas não sei o motivo apenas gosto.

Page 64: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

Rafaele Ferreira Meu nome é Rafaele

Ferreira , mas se me chamar

de Rafa será um prazer.

Nasci em 18/01/1991

no Rio de janeiro.

Estudo Artes Visuais

licenciatura na Universidade

Estadual do Rio de Janeiro.

Meu processo criativo gira quase que no geral em torno do corpo, ele é

meu objeto de estudo.

Tenho como grande referência Sara Panamby, minhx primeirx professorx

de antropologia, que me fez despertar o interessa por performance e corpos em

trânsito.

Page 65: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

Nossos corpos são

construídos sobre inúmeras

influências do meio em que vivemos,

essas influências são tão fortes que

de certa forma se tornam ditatoriais,

selecionando quem fará, ou não,

parte de um suposto meio e quem

ficará a margem dele. Um meio

construído na base da padronização

onde corpos deixam de ser corpos

funcionais e com suas codificações

próprias e valiosas em suas

especificidades e se tornam apenas

peças, objetos, inferiores a pedaços

de carne.

O corpo é um templo, uma

casa, é o nosso local, nosso refugio,

é nele que habitamos, ás vezes

pensamos em mudar, mas nele

permanecemos, ele é transitável

mas intransferível.

Meu corpo como meu eu, é a

inexistência de qualquer outro ser

habitando nele, corpo esse que não

necessita de nenhum controle

imposto por uma minoria reprimida,

que tenta reprimir a maioria, fazendo

com que isso se propague gerando

descontroladamente uma tentativa

de controle.

Page 66: NoS - Curso de artes visuais UERJ.
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Luiza Bohrer

19 anos. Brasileira, carioca.

Meu processo criativo não tem etapa de preparação.

Isso porque quando escrevo ou desenho algo no caderno de

campo, não o faço como algo planejado. Faço o que sinto que

quero fazer. Acredito que assim minha natureza interna

e subconsciente é retratada de forma mais verdadeira. Crua.

No meu caso, pensar muito me faz raciocinar sobre algo que

não

se deve colocar lógica, pois nasceu para ser sentido.

Comecei com o caderno de campo porque era um trabalho

da faculdade.

Depois que o trabalho terminou, eu encontrei um caderno

antigo e passei a realmente fazer uso dele e escrever novas coisas : pensamentos, letras de

músicas, poesias, desenhos, livros, etc. Esse eu considero o primeiro caderno de campo, pois

foi feito espontaneamente, e assim foi se mantendo.

À partir daí, ele virou uma espécie de ralo emocional, onde ponho os sentimentos que nem eu

mesma sei definir de onde vem ou o que significam.

"Mas que sente muito cala. E quem quer dizer quando sente

fica sem alma, nem fala. Fica só. Inteiramente."

Page 70: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

À flor da pele. Na ponta do lápis. Na

folha de papel.

Este foi um dos primeiros

desenhos que fiz no caderno. Gosto de

casas antigas e grandes, pois pra mim

elas são repletas de memórias. Esta eu

fiz me inspirando na casa do Parque

Lage. A série Downtown Abbey

alimenta parte dessa minha fixação por

casarões europeus e suas histórias.

Por vezes desenho algumas paisagens, apesar de

não conseguir ser muito criativa na hora de

imagina-las. São poucas as vezes que consigo fazer

uma paisagem sem uma foto ou imagem para me

inspirar.Esta foi uma das primeiras conquistas que

tive. Como a maioria do que está no caderno, este

desenho foi feito em um momento de tédio, onde

aparentemente meu fluxo de ideias é maior.

Page 71: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

Como disse no início, muitos dos meus

desenhos são feitos sem porquê, e sem

pensar. Este foi feito enquanto eu estava

no trabalho, num momento de ócio. Me

veio à cabeça a imagem de um rosto, e

sua testa e seus cabelos seriam as raízes

de uma árvore enorme. Na hora, eu

imaginei algo muito mais elaborado,

então fiz este rascunho para que a ideia

não fosse embora. Penso em fazer deste

desenho um quadro, mas ainda preciso

praticar mais a minha técnica, tanto em

desenho quanto em pintura. Não

consigo dar de pronto uma definição ou

significado para ele. Meu palpite seria

que o mundo das ideias e dos

sentimentos se ramifica intensamente e

pode chegar a magnitudes impensáveis.

A mente pode lhe dar uma liberdade de

expressão complexa, que pode te fazer

voar ou mesmo te fazer calar.

Page 72: NoS - Curso de artes visuais UERJ.
Page 73: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

Ricardo Magalhães

Ricardo Augusto Cerqueira Magalhães

31 anos.

Minas Gerais.

Desenho, pintura, escultura, poesia.

”Se vim ao mundo, foi para desflorar florestas virgens, pisar meus pés na areia

inexplorada, do mais que faço não vale nada.” José Regio

Page 74: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

I(n)dentidade

Meu trabalho consiste numa

descoberta de uma investigação

intima de desidentificação. Na busca

de me livrar de tudo em mim que era

iden e assim encontrar algo que

fosse realmente Eu, e não fosse um

mero reflexo de um exterior e

estranho a mim, investigando se

poderia eu encontrar uma auto-

identidade parecer-me comigo

mesmo. Nesse esvaziamento, na

retirada do entulho de mundo que

incrusta nossa superfície existencial,

claro que não atingi esse ideal

budista, mas no processo foi

possível enxergar o vazio que há no

centro de mim. Com isso não foi

difícil concluir que o que nos

identifica é não o nosso ser

existencial, mas sim o que entulha

sobre esse vazio. E essas partes de

mundo esta em todos e é esse

entulho que vai formar a impressão

digital de uma identidade.

Mas não seria completamente

descartada a ideia de que algo em

nos poderia ser intimo, próprio,

essencial, genético. A ultima dessas

palavras me levou imediatamente ao

sexo dos indivíduos: xx ou xy. O que

o cromossomo x ou y poderia definir

na identidade de alguém? Seu

gênero?

Um grande aparato cultural e

mercadológico se estabeleceu

durante os milênios de civilização

definindo masculino e feminino: cor,

forma, comportamento, sentimento

etc. Um para pessoas do gênero

masculino outro para o feminino. Há

também as coisas unissex que se

destinam a ambos, algo como o

universo do gênero neutro. A

identificação de pessoas de um sexo

com as coisas definidas como do

sexo oposto é comum, o que já

coloca em terra o gênero genético

definido pelo cromossomo sexual.

Ainda está muito simplificada essa

ideia, fácil: o gênero não está

definido pelo sexo. A questão toma

sua real forma quando a

identificação não ocorre para um ou

outro conjunto de coisas, mas para

uma “seleção” autentica de

interesses e comportamentos que

permeia os três universos. Isso dilui

o que temos por identidade de

gênero: que temos uma ou outra.

Temos alguma identidade? Vejo que

nem mesmo o gênero está em nossa

essência. É muito mais algo

atribuído a nós.

Page 75: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

Assim como todo o resto, o

gênero não é algo que nos é próprio,

mas sim algo que está no exterior,

em definições, senso comum,

histórico e cultura. Existem um

conjunto de objetos, vestuário e

comportamento que estão

enquadrados dentro do universo

punk, outro conjunto que pertencem

ao universo pop ou ao universo

favela, negro, brasileiro, sertanejo, e

outros. A peculiaridade dos gêneros

é que trata-se de universos

organizados dicotomicamente e é

permeado por todos os outros.

Até a pouco tempo as

pessoas não estavam moralmente

autorizadas a usar de atributos de

diferentes tribos (universos). O punk

não seria bem aceito se fizesse

meditação, ou uma pessoa que

flertasse com o universo punk

e pop seria tachada como sem

identidade. Isso nos tempos

modernos em que um marxista não

poderia concordar em nada com um

ideólogo capitalista, mas os tempos

mudaram e as culturas se

permearam, ideias se fundiram, e as

pessoas passaram a aproximar-se

do que em cada universo as

interessam. Ainda falta muito pra

isso acontecer com os gêneros.

Um Punk não é um “ser” Punk,

é um ser vazio entulhado de universo

punk. Um marxista não é um “ser”

marxista, apenas está entulhado de

ideias e ideais marxistas. Um

homem é um homem? Uma mulher

é uma mulher? Ou são seres do sexo

masculino ou feminino entulhados de

universo homem e mulher?

Page 76: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

O homem e o mundo 2014.

Page 77: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

Mariana Vidal

Mariana Vidal

20 anos

Brasileira/Rio de Janeiro

“Faço uso do confuso.”

Page 78: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

Autognose

No início o que deveria ser feito no

caderno era um pouco confuso para

mim. Por ser uma pessoa tímida

tenho muita dificuldade de me expor

e também de compreender como

sou, eu não fazia ideia do que

poderia fazer para compor o trabalho.

Ao mesmo tempo que eu pensava

em colocar apenas as coisas que

gostava eu me questionava se

estaria colocando coisas

desnecessárias, mas aos poucos

percebi que aqueles meus gostos

formavam quem eu sou.

O caderno tem me ajudado a

trabalhar isso. Como disse a Sara,

aos poucos vamos traçando nossa

própria etnografia. Fui montando

com colagens, desenhos, textos e

músicas que tinham um significado

ou que simplesmente gostava.

Percebi que toda vez que abria o

caderno para acrescentar alguma

coisa, eu tinha a mesma sensação

de gostar, como se fosse de outra

pessoa e eu me identificasse com o

conteúdo. Estava satisfeita por

perceber que eu gostava do que via.

Foi um trabalho que adorei fazer e

que vou levar para a vida. Não só a

experiência, mas também porque

continuarei a construí-lo.

Page 79: NoS - Curso de artes visuais UERJ.
Page 80: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

Autores

Page 81: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

Rafaela DE Souza

Oxalá!

Me chamo Rafaella de Souza, mas pode me chamar do

que você quiser.

Tenho 18 anos

Tento de tudo um pouco.

O que importa é poder expressar o que eu penso e sinto sobre o mundo e a

sociedade em que vivemos e descontruí-la. SEMPRE. Por isso estou sempre

com meu caderninho na mão, qualquer coisa ou pensamento que me chamem

a atenção logo estarão nele. Meus temas mais usuais são sobre as injustiças

cotidianas e temas mais subjetivos, voltados para o eu. Me interesso muito por

movimentos sociais, tais como o LGBT e o Feminismo, logo, eles acabam,

mesmo sem intenção, fazendo parte do meu trabalho.

“O segredo da felicidade e o cúmulo da arte é viver como

todo mundo e ser como ninguém.” (Simone de Beauvoir)

Page 82: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

DES(construção)

Quando comecei a ter aulas de

Antropologia com a Sara, eu

ainda carregava comigo uma

postura bem academicista, até

mesmo classicista, em que o

professor dá a matéria que você

tem de saber para a prova e vai

embora, bem objetivo e frio.

Apesar de sempre ter

abominado essa visão de

aprendizado, foi assim que eu fui

criada para pensar. Com as

aulas da Sara eu comecei a

entender que esse não é o único

jeito de aprender, esse é o jeito

que o sistema quer que

aprendamos. Com essa primeira

lição, fui aos poucos

des(construindo) as visões de

mundo que foram acrescidas em

mim desde pequena e fui criando

as minhas, sem mais ter limites

pra me apoiar, pra me manter na

minha “zona de conforto”. Assim

fui conhecendo diversas formas

de fazer arte que eu nem sabia

que podiam ser arte, uma delas

é a colagem.

Page 83: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

A foto ao lado é da primeira

colagem que eu fiz e minha

preferida também. Fiquei com

uma vontade enorme de explica-

la, mas se assim eu fizesse, ela

perderia sua graça, então

pensem o que quiser.

Essa é uma das fotos que estão no

meu caderno, eu a tirei indo para a

UERJ. E a acho muito importante,

porque ela é um registro do caminho

que faço para chegar até a faculdade.

Eu passo por essa escada oito vezes

por semana (quatro pra ir, quatro

para voltar) e um pensamento que

sempre me bate é que nunca será a

mesma coisa, a escada e o lugar

podem ser os mesmos, mas todo dia

terá pessoas diferentes, com

caminhos diferentes, eu estarei

diferente, logo penso na teoria de

que nada é estável de Heráclito,

tanto que no meu caderno está

escrito a frase mais célebre dele:

“Ninguém entra em um mesmo rio

uma segunda vez, pois quando isso

acontece já não se é o mesmo,

assim como as águas que já serão

outras.”

Page 84: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

Essa é uma ilustração e algumas

anotações que fiz na aula da Vânia e

a acho muito significativa, pois ela

marca a passagem entre uma

professora e outra e mostra o quanto

eu cresci e aprendi durante esse ano,

pra mim ela é uma espécie de

fechamento de ciclo, seguida de uma

renovação. Não consigo falar muito

sobre ela, por ser muito visceral,

então deixo o pensamento e

questionamento pra vocês.

Imaginem o que quiser.

Page 85: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

Lisa Miranda

Lisa Nascimento Gomes de Miranda

Te mandar por anexo.

20 anos

Rio de Janeiro, Brasil

Processos

criativos:Fotografia,escrita,

desenho, dança.

"A vida é uma

aventura audaciosa, ou

não é nada. A segurança

é geralmente uma

superstição. Ela não

existe na natureza. "

Page 86: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

A sutil percepção de um vulto chamado

momento. Iniciei processo do

caderno de campo tardiamente

pois não estudei Antropologia I

com a professora Sara, só pude

adentrar nesse trabalho por volta

do mês de setembro, no entanto

consegui fazer alguns processos

do que eu pensava ser um

caderno de campo: registros.

O tema do meu caderno

de campo " A sutil percepção de

um vulto chamado momento",

representa a forma como

interpreto o tempo, como é

efêmero, e dessa maneira, tudo é

sentido e dado significação

através da percepção; que é uma

via de possibilidade para ser

canalizada

de forma artística.

Page 87: NoS - Curso de artes visuais UERJ.
Page 88: NoS - Curso de artes visuais UERJ.

Autores

Discentes

Paulo Victor Costa de Oliveira

Priscilla B.

Raquel Cappelletto

Vitor Rocha Farah Gomes

Maria Clara Soares

Luciana Andrade

Georgina Soares Bianchi

Paula Rodrigues M. Leite

Ricardo Fernandes

Maisa Taião Pires

André Camello Costa

Beatriz Albuquerque

Victoria Lopes

Matheus Ferreira Abbade

Paula Romanog

Mateus Alves Ferreira

Rafaele Ferreira

Luiza Bohrer

Ricardo Magalhães

Mariana Vidal

Rafaella De Souza

Lisa Miranda

Docentes

Sara Panamby

Vania Mourão

Coadjuntora

Carolina Rodriguês

Curador e diretor.

Mateus Alves Ferreira

Outros colaboradores

Mariana Vidal

Maria Clara Soares

André Camello Costa

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