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    Galo que hoje canta, ainda ontem era pinto: uma anlise sobre o processo deformao religiosa no candombl e na umbanda

    !or "#ntia Ra$mundo

    %relha no passa a cabea di& os antigos 's religi(es de matri&afrobrasileiras se caracteri&am por um comple)o sistema hierrquicomerit*rio, temporal e, principlamente, predeterminado

    % candombl possu# um sistema classi+cat*rio de formao religiosa: abi,$a- e eb-mi

    'bi o adepto na fase inicial dos ritos iniciticos .le aprender o que forpermitido /er integrado a comunidade e ter tempo para se certi+car desuas decis(es 0uitos, por determinao do ori), continuam abi por muito

    anos % $a- aquele com menos de sete anos de iniciao, onde o ne*+to consagrado ao %ri) 'ssim de+niu o etn*logo ers2o3its

    % iniciado agora feito, um membro j4nior habilitado do grupo decandombl "omo tal, o no3o ia- tem a oportunidade, no concedida aestranhos, de aprender o trabalho dos deuses e participar do culto p4blico

    %s eb-mis so os iniciados que completaram a obrigao de sete anos /o

    consideradas pessoas a quem de3e respeito e a quem sempre de3em serou3idas .struturam o que o antrop*logo 5i3aldo da "osta 6ima denominou7princ#pio da senioridade8 9m comple)a rede socioreligiosa constru#da comtempo, abnegao e merecimento ' partir da obrigao de sete anos, oeb-mi se torna apto a assumir cargos dentro do a) % cargo de santo umaatribu#o determinada pelo odu e pelo %ri) !r determinado, ancestral'tribu#o de cargo por moti3os pessoais sempre ocasiona, com o passar dotempo, brigas e rupturas % ori) sempre fa& 3aler a sua 3ontade

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    ' relao entre o candomblecista e a di3indade fundamentada atra3s das7obriga(es8, liturgias p*s iniciao que se denomina respecti3amente:obrigao de 1 ano, obrigao de anos e obrigao de ; anos .las no

    necessariamente obedecem ao tempo decorrido 9ma pessoa com 3inte anosde iniciada que no completou o ciclo de obrigao de sete anos no serconsiderada eb-mi'ssim como um pessoa com seis ou menos anos jamaispoder passar pela obrigao de ; anos%s antigos preser3aram eperpetuaram essa tradio de formao religiosa , o folclorista ?dison "arneiro analisou casos de pessoas quese torna3am &eladores sem obedecer a uma tradio de candombl 0uitoseram candombls de caboclos onde o encantado assumia a responsabilidadesobre o preparo religioso do sacerdote .ra, na poca,um no3o segmento,que embora fosse muito questinado, e)iste e possu# muitos adeptos'tualmente, muitos desses candombls adotam o sistema de obriga(escicl#cas

    % processo de formao religiosa na umbanda caracteri&ado peladoutrinao 0dium e entidade seguem a doutrina de determinada casa tradi(es de umbanda direcionada por preto 3elho, com forte in@uAnciaafricanista %utras seguem a tradio dos caboclos, marcados pela pajelanae jurema e outros seguem uma orientao esp#rita eBou esotrica ' umbandapossu# rituais de senioridade: camarinhas, +rme&as, batismos e amacis0uitas obedecem ao sistema de sete anos, com rituais ciclicos e espec#+cosde cada tradio Cmportante ressaltar que o determinante para a 9mbandaso as entidades .las so as donas de gong, determinam o caminho daespiritualidade do mdium e a orientao da casa religiosa No h

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    sacerd*cio na 9mbanda sem .ntidade .spiritual % mdium a qual a entidadedetermina a abertura de uma casa de3e ser preparado, passar porobriga(es, saber preparar defesas, familiri&ar com os c*digos de santo 'briruma casa de umbanda sem preparo signica lidar com o desconhecido,ocasionando danos a 3ida dos sacerdotes e de terceiros

    % mais importante tanto na umbanda e no candombl saber que sacerd*cio ancestralidade, comprometimento e abnegao% candombl chamar deod4 e alguns umbandistas chamar de misso"omo di& o ditado 7Galo quehoje canta, ainda ontem era pinto8, ou seja preciso aprender para ensinar

    Dual o signi+cado de um Cgb

    !or !aulo dE.su

    Na religio Forb, Cgbs HaIn igbJ so assentamentos de ori) HKrLMJ 9massentamento uma representao do ori) HKrLMJ no espao f#sico, nomundo, no aL$ /ob o ponto de 3ista sacro no e)istem representa(eshumanas de ori) HKrLMJ

    ' religio Forb no tem imagens para representar suas di3indades, o querepresenta uma di3indade o seu Cgb, ao olharmos um Cgb como seesti3ssemos olhando para a di3indade /ecularmente e)istemrepresenta(es em forma de desenhos e esculturas mas que so frutosapenas de criati3idade de artistas e no tem uso sacro

    %s ori) HaIn KrLMJ so adequadamente representados por s#mbolos egra+smos pr*prios de cada um e por e)tenso por outros elementos como

    folhas, ar3ores, fa3as e contas 0as o Cgb a sua representao maisadequada

    5ale refa&er a a+rmao, j e)plicada em outro material, de que o ori)HKrLMJ no so elementos da nature&a, assim 7olhar8 o 3ento no signi+caolhar para o$a, olhar uma pedra no signi+ca olhar para Oango HMng*J, olhar

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    para o mar no signi+ca olhar para $emoja, etc

    % mesmo sentimento que um cat*lico tem ao olhar para uma imagem de umsanto em sua igreja e altar, o po3o de santo tem ao olhar para um igb ?

    muito comum as pessoas, nos seus quartos de santo, 73estirem8 seus Cgbcom suas roupas de ori) HKrLMJ como se fosse o pr*prio ori) HKrLMJ"ontudo, igb so de acesso muito restrito, de uso e)clusi3amente sacro eritual#stico, no tem 3isibilidade p4blica e +cam guardados dos olhos detodos

    Pessa maneira, cada Cgb representa uma di3indade atra3s de umcontinente H5aso, in3*lucro, recipienteJ e seu conte4do, e esse conjunto,continente e conte4do espec#+co de cada di3indade .sses continentes

    podem ser de porcelana Hsubstituindo cabaasJ, barro ou madeira e seroempregados distintamente para cada di3indade que ele representa /ousados elementos f#sicos comuns, como tigelas, sopeiras, pratos, bacias ealguidares

    % iniciado no seu processo de feitura Hque distinto de uma iniciao masmuitas 3e&es essas e)press(es se confundemJ poder receber um ou 3riosCgb, dependendo do seu status na religio e da pr*pria tradio da casa emcondu&ir este ritual

    0as o igb no o ori) HKrLMJ no aL$ .ssa religio no coloca um ori)HKrLMJ dentro de uma sopeira, no uma religio animista % igb representaapenas a ligao entre os Q espaos, o espao f#sico aL$ e o espaoespiritual o %run HIrunJ ? uma 7ponte8 entre os Q espaos /ua funo no tra&er o ori) HKrLMJ para o aL$ porque os ori) HKrLMJ j esto presentesem nossa 3ida o tempo todo, no e)iste secularismo na religio /ua funo completamente ritual#stica

    % igb , de fato, dentro de toda a religio Forb uma dos elementos maisimportantes e signi+cati3os por tradu&ir a cont#nua relao entre o %runHIrunJ e o aL$ .le representa o reconhecimento da e)istAncia do espaoespiritual, o %run HIrunJ, e a ligao perene que e)iste entre os Q espaosHIrunSaL$J na forma de um cont#nuo duplamente alimentado e da circulao,transformao e reposio de a) HMTJ Pessa maneira o seu 3alor no esta

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    somente na sua e)istAncia como instrumento ritual#stico, como foi ressaltadono in#cio, mas tambm no que ele representa

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    dessa ligao como esta sendo dito reali&ar isso junto a eles fa&er esseinstrumento funcionar

    ? importante lembrar que um .b*s HTbIJ, uma oferenda um parte de um

    processo de transmisso e reposio de a) HMTJ e os elementos utili&adosso transmutados em energia, em a) HMTJ

    Pessa maneira ao se fa&er isso atra3s de um Cgb esta se fa&endo chegar aoduplo do %run HIrunJ referenciado por aquele Cgb a transmutao da energiados elementos a+ns a ele que foram usados no sacrif#cio

    % ponto que esta sendo ressaltado que o Cgb em um .b* HTbIJ oinstrumento que direciona, potenciali&a e agili&a a este ase chegar ao %runHIrunJ % Cgb no um instrumento para 7alimentar8 o iniciado no aL$

    % Cgb pode ser coleti3o ou indi3idual Duando coleti3a chamaSse 'job*HajIbIJ e liga uma comunidade a sua comunidade espiritual, ao coleti3o queela representa e a di3indade que a protege Duando indi3idual liga a pessoaao seu re@e)o no %run HIrunJ

    Po que feito um CgbW

    % Cgb feito usando materiais que esto ligados di3indade que elerepresenta 'ssim o material e o seu conte4do ajudam a estabelecer arelao, de3endo ser utili&ados sempre elementos completamente a+ns coma di3indade e que tradu&em a matria original do %run HIrunJ "onheceressas rela(es e a+nidades parte do aprendi&ado de um iniciado durantesua 3ida e somente aqueles que as conhecem tero 3erdadeiro sucesso no

    seu trabalho ritual#stico

    % principal elemento dentro de um Cgb a pedra, o o2uta 'cima de todosos demais componentes ela receber todo o trabalho ritual de preparao epor essa ra&o muitos di&em que a 4nica coisa importante, todo o demais apenas decorati3o % pedra para os Forb signi+ca a longe3idade a

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    e)istAncia perene %s demais elementos fa&em parte do enredo do ori)HKrLMJ de maneira que no so apenas decorati3os .ntretanto muitos itensque so colocados em um igb pode ser meramente decorati3os

    %s demais elementos em um Cgb 3ariam entre metais, fa3as, folhas e outrosmateriais que remetem ao ori) HKrLMJ original % elemento escolhido para ocontinente do Cgb tambm ter relao direta com ele

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    9ma questo importante quando falamos de Cgb o que ele tradu& de fato ea questo de a quem pertence e o que ele tradu& "omo e)plicado, je)tensi3amente, um elemento de ligao e pode ser coleti3o ou

    indi3iduali&ado, mas, como e)plicado nunca o ori) HKrLMJ no aL$

    %s aspecto coleti3oSindi3#duo tambm uma das caracter#sticas marcantesda ritual#stica da religio .stamos todo o tempo lidando com essas Q facesdo di3ino que coleti3o como todo o di3ino, mas, para os iniciados, ossacerdotes totalmente indi3iduali&ado em sua manifestao

    % e)emplo mais indi3iduali&ado poss#3el do di3ino o do Cgb ori Nada

    mais pr*prio, pessoa e indi3iduali&ado do que um Cgb %ri /eguindo o querepetimos a e)austo, o Cgb a representao no aL$ do duplo no %runHIrunJ, o ori no %run HIrunJ a di3indade pessoal, que esta no %run HIrunJ enos protege, guia nossos passos, abre e fecha nossos caminhos e esta acimade qualquer ori) HKrLMJ em nossa 3ida No representa o %ri que est noaL$ uma 3e& que esta resida na pr*pria pessoa 9samos o Cgb ori parachegar ao %ri no %run HIrunJ o duplo por e)celAncia No processo quechamamos de Yori a oferenda ao %ri, o processo de reposio de a) HMTJ,duas entidades sero alimentadas com a) HMTJ o duplo do %run HIrunJ e o%ri que esta no aL$

    % Cgb %ri nesse processo e durante o processo, criado e por e)celAncia oelemento fundamental na e)ecuo de um Yori mas pode no mais e)istirap*s a sua e)ecuo 9ma 3e& reali&ado o Yori ele pode ser desfeito,despachado junto com os demais elementos utili&ados e oferecidos "ontudonada impede, como pro3a3elmente na maior parte das 3e&es, ele serpreser3ado tornando mais perene e forte o 3#nculo %runSaL$ HIrunSaL$J

    ? claro que esse 3#nculo no se perde quando despachamos o Cgb, damesma forma que nenhum 3#nculo de desfa& quando despachamos um Cgbou no o temos % Cgb um instrumento de intensi+cao disso a ser criadoe usado por que sabe o que esta fa&endo

    Na tradio do "andombl onde o culto ao %ri se mante3e sempre presente e

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    importante no se fa& um Yori sem que seja criada a representao no aL$do %ri No me interessa tratar aqui da forma como outras tradi(esreligiosas da mesma base fa&em isso porque muitas delas no o fa&iam eadotaram tardiamente copiando o que 3iam ou ou3iam falar e muito menos oque tradi(es africanas que perderam a sua origem no processo de

    cristiani&ao e islami&ao tendo que buscar em literatura suas origens No"andombl sempre foi feito assim

    Pessa maneira o Cgb %ri um e)emplo 3i3o, conhecido e forte do que foidito aqui sobre o que um Cgb, sua +nalidade, seu uso e aplicao prtica

    5oltando ao ponto do coleti3o indi3idual, no caso dos ori) HKrLMJ, na feiturade um olori) o processo de ritual todo 3oltado para a indi3iduali&ao

    'ssim, se inicia com o genrico que o ori) HKrLMJ e se fa& aindi3iduali&ao deste atra3s da ligao %runSaL$ HIrunSaL$J para apessoa, e isso reali&ado no momento em que se cria a ligao %runSaL$HIrunSaL$J atra3s do Cgb %s animais que sero usados, os elementoscolocados e dispostos, a ritual#stica de elaborao 9ma determinadaqualidade ser feita com o o2uta indo ao fogo, etcZ ' indi3iduali&aonascer nesse momento e o Cgb por e)celAncia a marcao dessecaminho, distinguindo assim um assento coleti3o de um assento indi3idualatra3s da ligao %riSo2uta % processo de indi3iduali&ao passar pelaritual#stica e tambm por materiais, metais, fa3as e folhas, espec#+cos

    daquele ori) HKrLMJ para aquela pessoa

    U o ori) HKrLMJ genrico ser ligado atra3s do Cgb genrico aquele queno passar pelo processo de indi3iduali&ao

    Pito isso 3oltamos ao ponto de que um Cgb KrLM criado dentro do processode feitura no um Cgb genrico ou coleti3o, ele foi indi3iduali&ado atra3sda ligao %riSo2uta e sempre estar ligado aquele %ri

    Pentro da ritual#stica de3emos lembrar que a pessoa preparada para serele pr*prio o receptculo do ori) HKrLMJ, o seu Cgb 3i3o 9m [$a* umCgb 3i3o do seu ori) HKrLMJ % Cgb f#sico complementa isso ligando nomais o ori) HKrLMJ genrico mas sim o ori) HKrLMJ indi3iduali&ado no [$a*ao ori) HKrLMJ origem no %run HIrunJ atra3s de uma ligao

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    indi3iduali&ada, do Cgb indi3iduali&ado

    .sse aparato f#sico rituali&ado na iniciao dei)a de ser matria ordinria,barro, metal, ou fa3a e passa a constituir o caminho metaf#sico para o ori)

    HKrLMJ 0as tambm no mais uma ponte para o a) HMTJ genrico doori) HKrLMJ e sim a sua +sicali&ao indi3idualida naquele [$a* 'ssimtemos Q caminhos, o caminho coleti3o e genrico e o caminhoindi3iduali&ado %s Cgb so os instrumentos de ampli+cao dessa relaoentre os Q espaos e o acesso ao ase de cada ori) HKrLMJ

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    ori) HKrLMJ e o Cgb ou assentamento do .)u bara H\M baraJ do seu ori)HKrLMJ .sta conjunto Cgb ori) ] .)u bara bsico e imprescind#3el

    ' este conjunto bsico outros elementos podem ser adicionados como o Cgb

    do seu junt* que o seu segundo ori) HKrLMJ, e os Cgb do seu enredo deori) HKrLMJ Pe3e se entender por enredo o conjunto de ori) HKrLMJ queformam sua energia no aL$ e isto esta diretamente ligado ao processo deindi3iduali&ao 'ssim a quantidade e qualidade dos Cgb que uma pessoater como parte do seu 7enredo8 depende da sua qualidade de ori) HKrLMJ ede seu pr*prio caminho na religio, coisa que s* determinado durante oprocesso de feitura e consultas ao %rculo

    'lgumas casas fa&em todos esses Cgb durante o processo de iniciao,

    outras 3o adicionando isso ao longo das obriga(es de 1, e ; anos /e apessoa ter %$e de babalori) Hbabal*rLMJ ou dependendo o o$e que essapessoa 3enha a ter, o conjunto de Cgbs HaIn igbJ ser distinto de pessoasque no tero o$e ^ cargo sacerdotal %bser3e que nem todo mundo que iniciado nessa religio ser um babalori) Hbabal*rLMJ ou i$alori) HL$al*rLMJ' maior parte sera formada de egbons, mais 3elhos

    9m iniciado em uma casa ter ento uma quantidade signi+cati3a de Cgbs0as, a quem pertence isso, a quem pertencem esses CgbsW Pigo isso porque

    todos de3em ter conhecimento do problema en3ol3ido na posse de Cgbori) 0uitas casas no permitem que nunca a pessoa retire os Cgb dedentro dela, nem mesmo quando seria natural que quando a pessoacompleta seus ; anos

    % mais comum que ap*s desa3enas durante o seu per#odo de [$a* apessoa quera dei)ar o ClA ') HCl MTJ e naturalmente queira le3ar consigo osseus Cgbs 0uitos as 3e&es nem conseguem mais entrar e +campreocupados tendo dei)ado para trs seus Cgbs de3ido a eles representarem

    um ponto de 3ulnerabilidade

    Pe fato, todos tem ra&o 9m Cgb sempre ser um ponto de 3ulnerabilidade,principalmente o igb ori .sse jamais de3eria estar em um ClA ') HCl MTJ0as a primeira coisa que tenho a di&er tome cuidado com o que fa& da sua3ida Nunca entre em nada sem a3aliar tudo antes

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    primeiro a casa, o dirigente e as pessoas que frequentam a casa 's pessoasse do mal porque se precipitam, colocam a 3aidade na frente 'ssim se adeciso de iniciao for mais consciente os problema sero menores/egundo no se sai de um ClA ') HCl MTJ por qualquer moti3o f4til /e foiseu ori) HKrLMJ que escolheu aquela casa Hessa a tradio, o ori) HKrLMJ

    que escolhe onde quer ser iniciado e no a pessoaJ ento se submeta aoscaprichos de outros 0antenha o seu respeito e sua indi3idualidade mas3aidade por 3aidade a sua de3e ser a menor

    Purante uma feitura no e)iste apenas um processo de indi3iduali&aoe)iste tambm um processo de ligao com o a) HMTJ da casa e doiniciador 9m [$a* est fortemente ligado a casa e a pessoa que o iniciou %processo ritual#stico le3a componentes que criam essa ligao, assim oiniciador considera que aqueles igb no so independentes, eles

    adicionaram a) casa e receberam a) da casa Voram parte de um conjunto? entendido que seu sentido de e)istir dentro daquela casa

    /e a pessoa sair, que faa seus Cgb na sua pr*)ima casa Pe maneira queno estamos discutindo a propriedade de louas e barro e sim de as Csso 3erdade /e 3ocA dei)a para trs os seus Cgbs, no se preocupe, faa outrosno pr*)imo lugar que 3ai, o ori) HKrLMJ 3ai com 3ocA

    .u entendo que o ningum segura ou +)a um ori) HKrLMJ na sua casamantendo o Cgb de um iniciado que se foi % Cgb uma indi3iduali&ao es* tem sentido, s* tem funo junto ao pr*prio iniciado /e quiser manter umori) HKrLMJ em casa que trate melhor as pessoas

    % Cgb e a morte

    "om a morte do iniciado o Cgb dei)a de ter sentido ' ligao no maise)iste e se 3ocA no quer con3i3er com um egun atrs de 3ocA recomendado que despache tudo junto .)istem pessoas que entendem quese de3e consultar o %rculo para saber se o ori) HKrLMJ quer ir embora ouno, ou seja, se o Cgb 3ai ou no no carrego e em 3itude dessa consultamuitos Cgb +cam no ClA ') HCl MTJ .ntendo que um forma de 3er isso'cho mais natural que tudo se 3, no h moti3o para se manter um 3#nculo%runSaL$ HIrunSaL$J com um ori que no mais e)iste no aL$ isso 3ai contra

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    o fundamento do a)e)e HaMeMeJ, mas, cada um siga sua consciAncia e o queaprendeu

    's

    !aulo P_`s

    % processo de formao do "andombl e a construo de suas tradi(es

    !or "#ntia Ra$mundo H"#ntia dE%)umJ

    7%s mitos caminham sempre junto com a hist*ria e com ela se transformam8

    'ssim Regina "elestino conclui em seu trabalho 70etamorfoses Cnd#genas8que aborda3a quest(es de identidades entre grupos ind#genas no Rio de

    Uaneiro % mito transcrito acima pertence, e)clusi3amente, ao conjunto demitos dos candombls iorubs no Yrasil e relata o processo m#tico dein3eno do candombl "andombl uma pala3ra de origem banto quesigni+ca culto, lou3or, re&a 1 .sse termo denomina comple)os sistemas decultos religiosos de matri& africana institu#dos no Yrasil: os cultos aos %ri)s,5oduns e Cnquices "onhecidas como religi(es afroSbrasileiras estes cultos secaracteri&am pela heterogeneidade ritual, tnica e social !ossuem emcomum a ritual#stica da possesso e a adoo de rigorosos ritos de passagem

    e de hierarquia merit*ria

    "ompreender o processo m#tico de in3eno do candombl implica ematentar para as singularidades hist*ricas que promo3eram no3as formas deinterao do homem iorub com a nature&a, produ&indo no3as simbologiaslit4rgicas 'ssim como "laude 63iS/trauss a+rma:

    HZJ o que nos obser3amos e de3emos descre3er so antes as tentati3as para

    reali&ar uma espcie de compromisso entre, por um lado, certas orienta(eshist*ricas e certas propriedades do meio ambiente e, por um outro lado, ase)igAncias mentais que, em cada poca, prolongam as que tAm a mesmanature&a daquelas que as precederam no tempo 'o ajustarSse uma outra,estas duas ordens de realidades fundemSse e constituem ento um conjuntosigni+cante Q

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    % candombl possui 3rias tipologias de cultos 's principais so ocandombl 2etu, o candombl jeje e o candombl de angola Nos 4ltimosanos do sculo O5CC e na primeira metade do sculo OCO, chegam ao Yrasil,principalmente s regi(es Norte e Nordeste, um grande contingente denegros oriundos da frica %cidental Hnag-sB$orubas, jejesJ Grande parte

    destes negros ser3iram de mo de obra escra3a nas planta(es de fumo ealgodo na Yahia /egundo alguns autores, a chegada tardia a Yahia dos$orubanos e jejes em relao aos negros bantos contribu#ram para umasuposta 7pure&a8 de culto e , por esta ra&o, jejes e $orubs tendem a ser3isto como um grupo que resistiu a mestiagem preser3ando organi&a(ess*lidas de cooperao .sta caracter#stica teria contribu#do para uma maiororgani&ao de cultos de matri& africanas no Yrasil %s bantos ti3eram seu@u)o migrat*rio bastante diminu#do no sculo OCO, porm seus in4meroscontatos com crioulos e caboclos permitiram no3as possibilidades de formassimb*licas como os candombls de caboclo %s candombls jejesSnag-scompreendem os modelos de candombls nag-sB$orubanos H2etu, ije),ijebu, )ang-s, egbJ e jejes Hdaomeanos, mahi, ee e fonsJ %s candomblsbantos compreendem os cultos de candombls angola, congo, mu)icongo,benguela, cambinda e caboclo ' estas di3is(es se con3encionou denominarde 7na(es8 de candombl

    %s primeiros candombls organi&ados e registrados so de origem nag-.ntre eles est o candombl da Yarroquinha conhecido como "asa Yranca do.ngelho 5elho da Vederao e chamado o+cialmente de ClA ') C$ Nass- %2em homenagem a uma das suas fundadoras, Fa Nass- % candombl daYarroquinha, segundo tradi(es orais, foi fundado em um terreno locali&adoatrs da capela de Nossa /enhora da Yarroquinha, em /al3ador no ano de1; /egundo relatos, os fundadores deste terreiro eram pro3enientes deuma irmandade de negros pertencentes a capela da Yarroquinha %grande ineditismo do ') da "asa Yranca foi introdu&ir um modelo de cultoorgani&ado em 7sociedade8, em $orub egb % pioneirismo da "asa Yrancado .ngenho 5elho um dos principais elementos de defesa de um modelohierrquico de cultos 'ssim, 7pure&a africana8 e 7pure&a nag-8 se tornaramindissoci3eis nos discursos sobre os cultos afroSbrasileiros

    % candombl possui um comple)o de signi+cados que so transmitidoshistoricamente atra3s da oralidade.stes signi+cados so dinamicamentereelaborados produ&indo diferentes formas simb*licas que so perpetuadaspelos adeptos dos cultos

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    ' cosmo3iso iorub considera que omem e Nature&a no constituemelementos complementares %s iorubs consideram que o omem Nature&a e suas a(es podem ser lidas nos usos dos espaos ambientais ?na tradio do uso dos recursos naturais que nasce o culto aos %ri)s .ssesso ancestrais di3ini&ados, representados miticamente como deuses

    manipuladores de determinada fora da nature&a; .ssa est di3ida porquatro elementos principais: aff Har, 3entoJ, omi HguaJ, inn HfogoJ e ilHterraJ "onforme descre3e Ru$ !*3oas, dentre o po3o de santo

    HZJ se crA na estruturao do uni3erso humano com base nos quatroelementos:

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    ' relao de ancestralidade 3is#3el atra3s de sistemas oraculares iorubscomo o jogo de Cf e o jogo de meridilogum, o popular jogo de b4&ios .stesse baseiam no sistema de %du HdestinoJ, um sistema binrio compostos por

    3ersos denominados itans Pi3idos em 1 odus principais, o orculopossibilita Q combina(es de resposta ' relao de ancestralidade materialmente dramati&ada atra3s dos ritos de possesso onde o adepto possu#do por um %ri) pessoal, ou seja, um ancestral pessoal No rito depossesso encenada a relao do homem com as foras da nature&a

    % sistema s*cioSreligioso iorub estruturado pela crena em dois espaos: oorun e o ai$A %run o espao sagrado, morada dos %ri)s % ai$A oespao f#sico, morada dos 3i3os .sses dois espaos no so distantes um dooutro No h ruptura entre o orun e o ai$A continuidades 'ssim como alenda citada no in#cio do te)to, os %ri)s podem 73isitar8 o ai$A atra3s dorito de possesso !ara tal preciso que o mundo humano se afaste do

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    profano, sacrali&andoSse ' puri+cao do omem para o contato com osagrado 3iabili&ada pelo processo de iniciao denominado 7feitura desanto8, per#odo de recluso que dura entre 1 a Q1 dias 'lm disso, hritual#sticas de limpe&as como eb*s e prticas lit4rgicas +toterpicas comoagbo Hgua dos ori)sJ e omiero Hgua de calmaJ

    ' senioridade e a hierarquia so quest(es fundamentais para os iorubs 'estrati+cao dos candombls iorubs estruturada por 7tempo de santo8,ou seja, tempo de iniciao ritual#stica !essoas ainda para ser iniciadas sodenominadas abi Haquele que ainda 3ai nascerJ, aquelas com menos de seteanos de santo so denominadas $ao HesposaJ 'o completar sete anos desanto, o adepto se torna egbomi Hirmo mais 3elhoJ ? a partir dos sete anosde santo que os predestinados a serem sacerdotes podem abrir seu pr*priacasa religiosa ' maior autoridade no candombl o babalori) Hpai de

    santoJ ou a $alori) Hme de santoJ, chefes dos terreiros e principaisrespons3eis pelos rituais lit4rgicos 'p*s, aos babalori)s e $alori)s, temosos baba2e2ere Hpai pequenoJ ou $a2e2ere HmeS pequenaJ, estas pessoasrespondem pela organi&ao ci3il e ritual na ausAncia dos chefes principais ainda os ogs e ajoiAs %g, termo jeje que signi+ca senhor, so pessoasfundamentais no terreiro trAs tipos de ogs: o alabA, o que entoa ascantigas sagradas HorinJ e dirige os toques de atabaques nas liturgias opegig, respons3el por &elar e resguardar o peji Haltar sagradoJ e o a)ogun,respons3el pelas matanas rituais, so aqueles que o po3o de santo serefere como pessoas com 7mo de ob HfacaJ8 %s cargos de og soe)clusi3amente masculinos e para pessoas que no entram em transe 'joiAou e2edi um cargo e)clusi3amente feminino 's ajoiAs tambm no entramem transe e tem como funo &elar pelos ori)s e responder pelo bomfuncionamento do ilA nas obriga(es p4blicas e pri3adas

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    op(em s con3en(es ou rotinas pragmticas, sendo in3entadas quandoocorrem mudanas amplas eBou rpidas no ambiente social comportandotambm adapta(es no intuito de conser3ar alguns costumes ou comple)ossimb*licos em condi(es no3as, 0aria 6ina

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    +tolatria e na dendrolatria nos cultos iorubs no Yrasil

    !retendeSse, assim, desen3ol3er o que Ponald korster denomina de terceiron#3el de anlise da ist*ria ambiental

    HZJ um terceiro n#3el de anlise para o historiador, 3em aquele tipo deinterao mais intang#3el e e)clusi3amente intelectual, no qual percep(es,3alores ticos leis, mitos e outras estruturas de signi+cao se tornam partedo dilogo de um indi3iduo ou de um grupo com a nature&a1

    No primeiro cap#tulo apresento uma discusso bibliogr+ca sobre o tema,

    atentando para os diferentes discursos na literatura sobre cultos afroSbrasileiros.sses discursos so ferramentas importantes para entender oprocesso de formao do candombl "onstituem interpreta(es do sagradoque nos permite conhecer os di3ersos tipos de agAncias en3ol3idas nasrein3en(es de tradi(es no candombl

    % segundo cap#tulo aborda a readaptao de r3ores e dos bosques sagradosno Yrasil .le busca entender a reestruturao do espao sagrado e suaarticulao com no3as formas simb*licas praticadas pelos adeptos Cn3estigo

    aspectos como a dendrolatria Hcultos das r3oresJ e os diferentes usos da@oresta para +ns religioso

    % terceiro cap#tulo aborda o uso lit4rgico das er3as nos candombls no Yrasile sua articulao com o culto da di3indade %ssaim, demonstrando, atra3sda seleo de er3as importantes do culto que ocorreu uma articulao entrefrica e No3o 0undo pela *tica da etnobot=nica

    % cap#tulo seguinte intitulado "omo o Yrasil alimenta os deuses africanos:apropria(es da 0ata 'tl=ntica na culinria ritual dos candombls iorubas,in3estiga como a mudana de continente e , conseqentemente, de espaoambiental in@uenciou as comidas 3oti3as aos deuses africanos 'tento paraos diferentes usos da 3egetao da 0ata 'tl=ntica em substituio deespcies africanas na culinria ritual nos cultos aos %ri)s no Yrasil

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    % 4ltimo cap#tulo aborda as ressimboli&a(es dos cultos das guas Cdenti+coas diferenas entre os cultos dos ori)s %)um e Femonj na frica e no Yrasil,analisando as principais rein3en(es reali&adas pelos iorubas nos cultosdestas duas di3indades no Yrasil

    's quest(es selecionadas para serem discutidas nessa monogra+arepresentam o anseio de reali&ar um trabalho de hist*ria ambiental doscandombls iorubas ' farta e prestigiada literatura sobre os cultos afroSbrasileiros, comumente, relega a nature&a um papel +gurante, secundrio.sse trabalho busca inserir a nature&a em um dos processo mais polAmicos edebatidos sobre a temtica das religio afroSbrasileiras: o processo dein3eno do candombl

    .ntre o po3o do santo acreditaSse que para adentrar em qualquer localsagrado se de3e pedir ag- HpermissoJ .m homenagem a esta crenacomeo este trabalho reali&ando uma restropecti3a e uma anlise dosescritos dos 7mais 3elhos8 ? a forma particular de se pedir ag- lonanHpermisso para os caminhos ou para caminharJ aos pioneiros dessesestudos

    17% termo "andombl, a3erbado em todos os dicionrios portugueses paradesignar genericamente os chamados cultos afroSbrasileiros na YahiaHZJ

    3em do timo banto aSnSd*mSd ou mais freqentemente 2aSnSd*mbSlS,ao de re&ar , de orarHJ 6ogo, "andombl igual a culto, lou3or, re&a,in3ocao, ou local de culto8H"'/J

    Q 63i ^ /trauss, "laude 7% %lhar Pistanciado8, 1

    Reis ,Uoo Uos Pomingos /odr, um sacerdote africano: escra3ido,liberdade e candombl na Yahia do sculo OCO /o !aulo: "ompanhia das6etras, Q>>

    Y'/

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    7Fa Nass- no um nome pr*prio, antes um t#tulo, um oiA HcargoJ, que seatribui s pessoas para determinar ou modi+car o seu status na estrati+caosocial do grupo a que pertencem No caso, Fa Nass- um t#tulo altamentehono r#+co , pri3ati3o da corte do 'la+m de %i*, isto , do rei de todos osiorubs % t#tulo corresponde a fun(es religiosas espec#+cas e da maior

    signi+cao na cultura dos iorubs ? F Nass- quem, em %$o, a capital danao pol#tica dos iorubs, encarregaSse do culto de Oang-, a principaldi3indade dos iorubs e o ori) pessoal do rei"abe a Fa Nass- cuidar dosanturio pri3ado do 'la+m relai&ar todas as cerim-nias proporciat*rias doculto, os sacrif#cios, as oferendas, 7&elar8,en+m, pelo santo do rei8 H"osta6ima, 1;;, pQJ

    /il3eira, Renato8% "andombl da Yarroquinha8, Q>>;

    ; 7%s ori)s so ancestrais di3ini&ados, intermedirios entre humanos eforas da nature&a e diretamente relacionados aos elementos da 3idacotidiana8 H"onduru,Q>>,p11J

    !5%'/, Ru$ do "armo Pentro do Duarto Cn: Vaces da >,pg1J

    1> %GY.Y'R', 'of H'dilson de %)alJ Cgbadu: a cabaa da e)istAncia:mitos nag-s re3elados Rio de UaneiSro: !allas, 1, p ;J

    11 0aupoil, Yernard6a ge*mancie lEancienne c-te dAs escla3es, !aris:Cnstitut dE ?thnologie,1, p

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    1Q Q

    Po Cgbo ao ClA: 's r3ores e os Yosques /agrados no Yrasil

    !or "#ntia Ra$mundo H"intia dE%)umJ

    7%banla o rin nEeru oji2utu sEeru %b nEille Cfon alabalase oba patapata nEilleiranje % $o 2ele2ele o ta mi lEore % gba a giri lEoo osi2a % + lEemi asotolEoo %ba igbo oluai$e re e o 2e bi ou la % $i ala %sun lEala o + 2o2o alarumo %b igbo

    Rei das roupas brancas que nunca teme a apro)imao da morte !ai do!ara#so eterno dirigente das gera(es Gentilmente ali3ia o fardo de meusamigos PASme o poder de manifestar a abund=ncia Re3ela o mistrio da

    abund=ncia !ai do bosque sagrado, dono de todas as ben(es queaumentam minha sabedoria .u me fao como as Roupas Yrancas !rotetordas roupas brancas eu o sa4do !ai do Yosque /agrado 7

    %ri2i de %)al1

    Cgbo em iorub quer di&er VlorestaBbosque !ara os iorubs, r3ores, plantas,

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    animais, rios, e montanhas representam foras sagradas !aisagens contendobosques, rios so consideradas manifesta(es dos deuses e consagradaspara sua adorao ClA, casa religiosa, a denominao do espao religiosono Yrasil Vatores hist*ricos como o sistema escra3ista e a represso policialaos cultos afroSbrasileiros, +&eram que muitos ilAs fossem constru#dos em

    lugares afastados dos centros urbanos !orm a geogra+a do ilA te3e que seadaptar a uma l*gica transatl=ntica: a l*gica dos bosques sagrados

    's referAncias aos Yosques /agrados so antigas 7/anturios ao ar li3reforam os primeiros templos dos deuses 9m lugar sagrado demarcado parauma deidade era chamado de temenos em grego e templum em latim8H"handran, Gadgil, Q>>J ' pala3ra que os celtas usa3am para designarsanturio possui ra#&es pr*)imas com a pala3ra nemus que em latim signi+cabosqueE e)iste uma @oresta sagrada dedicada deusa da caa Piana que se

    chama Nemi Hnome que se refere nemusJ, este bosque +ca pouco distantede Roma HVra&er, 1QJ Na antiga l#ngua germ=nica Hteut-nicoJ a pala3ratemplo tambm era estreitamente ligada sem=ntica de @oresta ' 9N./"%H%rgani&ao das Na(es 9nidas para a .ducao, a "iAncia e a "ulturaJreconhece a e)istAncia de @orestas sagradas em regi(es mundiais como:ndia, DuAnia, 'ustralia 9m dos mais conhecidos Yosques /agradosHsacredgro3eJ o de %shogboHNigriaJ neles encontraSse o magn#+co /anturio dadi3indade do panteo iorub %)um % bosque sagrado de %)umS %shogbo foireconhecido como sacred gro3e pela 9nesco em Q>>

    ' pala3ra ilA como sin-nimo de terreiro uma prtica brasileira % ilA umespao estruturado conforme os des#gnios dos %ri)s, que objeti3a estreitaros laos de parentesco de santo atra3s de rotinas regulares de preceitoslit4rgicos No ilA , comumente, encontraSse uma salo principal, quartossagrados dos ori)s, r3ores sagradas, peji Haltar sagradoJ,co&inha de santo,quarto de jogo e um quarto especial denominado ronc*, onde acontece oprocesso inicitico de 7feitura de santo8 %s ori)s tAm sua preferAncias eseus interditos % ori) %)al no gosta de barulho e de dendA .sse ori)normalmente possui uma quarto e uma co&inha especial para seus rituais %sori)s caadores HodesJ que na frica possu#am moradas nos bosquestambm tAm seus correspondentes locais nos ilAs 0oram no lado de fora dacasa principal, assentados em ps de r3ores

    .ssa caracter#stica se remete ati3idade de caa, primordial para o po3oiorub 'ssim %)ossi, %gum %baluai$e tero suas moradas no bosquesagrado dos terreiros %)*ssi o %ri) caador, rei da nao etu e patrono

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    de todas as casas de etu ' morada de %)ossi nas matas, tem dom#niosobre os animais de grande porte assim como os pssaros noturnos %)*ssi um ori) ode, caador, no suporta +car preso 'ssim como seus +lhos arredio, independente e amante da liberdade Pi& um trecho de um dos seusori2is Hre&asJ:

    7%)ossi, rLs que 3i3e tanto em casa de barro, como em casa de folhas8Q

    ? essa imagem arquetipica de %)*ssi e isso re@ete na escolha de seusassentamentos nos bosques sagrados %gum, irmo mais 3elho de %)ossi, o guerreiro, o desbra3ador de estradas, o que abre caminhos %gum nogosta de nada que incomode a sua caminhada %gum tambm caador esentinela por isso est sempre assentado no lado de fora da casa principal

    'inda, segundo os iorubs, %gum irmo de .)u e com este ronda, 3igia epune os malfeitores RessaltaSse tambm o ori) %balua$e, ori) cujo culto oriundo do 'ntigo Paom, dos denominados po3o jeje %balua$e tem funode caador na frica No Yrasil, caracteri&ouSse como ori) das molstias epor esta ra&o, muitas 3e&es, e)plicado a ra&o de seu assentamento serfora das casa principal uma conhecida lenda que conta e e)plica aausAncia dos objetos sagrados de %balua$e da casa principal:

    9m dia, Nan foi conquistar o reino de o)al e se apai)onou por ele

    0as este no queria se en3ol3er com outra ori) que no

    fosse sua amada esposa $emanj !or isso, e)plicou tudo a nan,

    mas ela no se fe& de rogada

    /abendo que o)al adora3a 3inho de palma, embriagouSo

    .le +cou to bAbado que se dei)ou sedu&ir por nan,

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    que acabou +cando gr3ida 0as por ter transgredido

    uma lei da nature&a, deu a lu& a um menino horr#3el,

    no suportando 3ASlo, lanoSo no rio

    ' criatura foi mordida por caranguejos, +cando toda deformada

    !or sua terr#3el aparAncia, passou a 3i3er longe dos outros ori)s

    Pe tempos em tempos os ori)s se reuniam para uma festa

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    Fans, a mais curiosa de todas, apro)imouSse, e neste momento,

    formouSse um turbilho e o 3ento le3antou a palha,

    re3elando um rapa& muito bonito

    Pesde ento os dois ori)s 3i3em juntos,

    e os dois passaram a reinar sobre os mortos8

    ' @oresta tem papel central nos cultos iorubs tanto na frica, quanto noYrasil Na frica os santurios, os templos, a morada dos deuses dentro dasmatas, aos ps de r3ores sagradas Na frica, os ritos iniciticos soreali&ados na @oresta Roger Yastide e !ierre 5erger, ao pesquisarem o rito deOang- na frica e no Yrasil constataram que as $a-s +ca3am encerradas na@oresta para rituais de iniciao No Yrasil, os ronc*s so cobertos defolhagens e muitos ainda utili&am cho batidos de terra para resgatar uma

    equi3alAncia simb*lica das @orestasBsanturios africanos

    ' @oresta alm de ser3ir de morada para os %ri)s, tambm o local dosombrio, das foras que precisam ser controladas ? na Vloresta que moramos mortos

    %s mortos so denominados .guns Hesp#ritos de mortosJ ou .gungumHesp#ritos de mortos que foram sacerdotes do culto aos %ri)sJ % culto de

    e)clusi3idade masculina !ara que a morte 3olte terra em forma espiritual e3is#3el aos olhos dos 3i3os preciso de ritos espec#+cos e)ecutados pelasmos dos %j HsacerdotesJ munidos de um instrumento in3ocat*rio, umbasto chamado Lsan, que quando tocado na terra por trAs 3e&es eacompanhado de pala3ras e gestos rituais, fa& com que a 7morte se torne3ida8 No Yrasil a casas mais antigas de culto a .gungun ClA 'gboul, emCtaparica, Yahia

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    ' ancestralidade feminina recebe o nome de F mi 'gb Hminha me anciJ/ua energia como ancestral aglutinada de forma coleti3a e representadapor F mi %)orong Hminha me feiticeiraJ, chamada tambm de F Nl, a

    grande me 's sociedades HegbsJ que representa este poder deancestralidade coleti3a feminina so denominadas 7/ociedades GeledA8,compostas e)clusi3amente por mulheres, e somente elas detAm emanipulam este tem#3el poder % medo da ira de F mi nas comunidadesafricanas tamanha que, nos festi3ais anuais na Nigria em lou3or ao poderfeminino ancestral, os homens se 3estem de mulher e usam mscaras comcaracter#sticas femininas, danam para acalmar a ira e manter, entre outrascoisas, a harmonia entre o poder masculino e o feminino ' morada das Fa mi%)orong so as grandes r3ores dos bosques sagrados

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    .las di&em, sete residAncias so os sete pilares da

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    .las di&em, elas +caro sobre a r3ore srLn,

    .las di&em, uando elas dei)arem a srLn,

    .las di&em, elas +caro sobre a r3ore KbKbK,

    que o chefe das r3ores dos campos

    5erger identi+ca seis dessas r3ores % or*gb* r3ore de orob- HGarciniali3ingstoni

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    .ntre as r3ores de origem africanas relacionadas ao culto de Fa mi %)orongesto a caja&eira conhecida em ioruba pelos nomes de ig# #$e$ e o2in2n,tambm denominada no Yrasil como tapereb .sta planta estdisseminada por 3rias regi(es do Yrasil esta r3ore atribu#da fortes3alores m#sticos, sendo uma planta de muito fundamento nos cultos afroS

    brasileiros !or ser um relacionada ao poder ancestral feminino, muitas casasreligiosas pro#bem o consumo dos seus frutos pelos candomblecistas

    %utra forma de dendrolatria o culto a Cro2o, o ori) que habita a gamaleirabranca HV#cus doliaria 0J ' Gameleira uma r3ore de grande porte /uasra#&es se espalham, formando uma base caracter#stica da espcie ? tambmconhecida como +gueira ou 7mata pau8, pois se origina como uma parasita,sufocando o hospedeiro com o tempo para se tornar uma r3ore aut-noma

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    oferendas: alimentos, quartinhas Hrecipientes com guaJ e sacrif#cios 3oti3osso regularmente reali&ados Roger Yastide em duas obras distintas Cmagens do Nordeste 0#stico em Yranco e !reto e em "andombl da Yahia ^fa& uma importante aluso ao interdito de tocar em uma r3ore CrK2Kconsagrada 9m dos mitos relata uma terr#3el punio sofrida por uma

    mulher que teria tocado o CrK2K sem ter cumprido o per#odo de abstinAnciase)ual antes de fa&er as oferendas ao deus Hfoi engolida pelo tronco dar3oreJ

    7'lguns terreiros possuem igualmente uma r3ore sagrada que 3estida,enfeitada de +tas, coberta de tecidos, rodeada por um c#rculo mgico ^ agameleira que os nag-sE chamam de Cro2o e os gAgesE de 6o2o se cortasseum ramo dessa r3ore brotaria sangue8

    !ierre 5erger e)p-s no seu memorial li3ro Notas sobre o "ulto aos %ri)s e5oduns, 1J uma srie de te)tos sobre a di3indade Cro2o ou 6o2o, entre os

    jejes .ntre estes te)tos se destaca o de Nina RodriguAs e de 0el3illeers2o3its

    Pi& Rodrigues que:

    ' +tolatria africana na Yahia parece ter duplo sentido ' r3ore pode ser um3erdadeiro fetiche animado ou, ao contrrio, mal representa a morada oualtar de um santo ' gameleira branca H"hlorofora e)celsaJ, r3oreabundante neste .stado, o tipo da planta deus "om o nome de Croco objeto de um culto fer3oroso 0ais de uma me de terreiro e)ortouSme a

    jamais permitir que se abatesse uma gameleira em um terreiro de minhapropriedade, pois tal sacrilgio foi causa de grandes infort4nios para muitagente

    ers2o3its a+rma sobre 6o2o, ori) da gameleira entre os jejes:

    7Zeste deus importante para a compreenso da religio daomeana, namedida em que oferece uma 3iso das interSrela(es dos di3ersos cultos noPaom .ntre as di3indades do cu, 6o2o encarregado de cuidar dasr3ores que se encontram na terra e suas fun(es so de tal modo

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    signi+cati3as que ele tem como assistente seu jo3em irmo, 0edje 'sr3ores tAm alma e so associadas aos esp#ritos denominados '&i&a, que, porum lado, do a magia aos homens, por outro, so associados ao culto dosantepassados Due 6o2o seja o deus das r3ores e que as r3ores tenhamuma alma e)plica a import=ncia do emprego das folhas na prtica medicinal

    e religiosa no Paom e estabelece a declarao de um informante,sacerdote: 7/e algum souber o nome e a hist*ria de todas as folhas damata, saber tudo o que e)iste para saber a respeito da religio daomeana81>

    %utras r3ores sagradas para os iorubs so as de obi H"ola acuminataJ,orob- HGarcinia li3ingstoni

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    % orob- apresenta duas espcies principais: a li3ingstoni e a Garcinia ola,conhecida na frica como i* ' primeira considerada mais apropriadapelos especialistas, contudo a 4ltima encontrada com mais facilidade %orob- o fruto dos ori) Oang- e pertence ao elemento fogo ? utili&ada em

    jogos di3inat*rios, em oferendas /egundo a crena iorub, quando ralado e

    misturado a determinados banhos de er3as tem a capacidade de tra&erprosperidade e proteo

    Vruto em formato de pAssego e cuja semente em formato liso e o3alado indispens3el nas oferendas a /ngK 7 %r*gb* n# ob# bb miB% orKgb* oobi de meu pai8 'o contrrio do ob# , no abre em gomos, sendo, portanto,necessrio um tipo de corte especial para ser oferecido como oferenda emodalidade de jogo1Q

    % arid uma r3ore de origem africana culti3ada no Yrasil graas ao seuuso lit4rgico nos candombls %s frutos do arid so fa3as que segundo osiorubs so important#ssimas para combater feitios inclusi3e os das temidas

    Fa mi o)orong Has mes feiticeirasJ !ertence ao %ri) %ssaim e est ligadoao elemento

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    "oqueiroSdaSbahia"aboclo

    Yambu %ri) %$a

    !inho Yranco %ri)s %gum, %)ossi , %$a

    Uaqueira%ri) 'pao2a, Oang- e .)u

    "actus5odum '&i&S culto jeje

    !eregum%ri) %ssaim

    Ginjeira

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    7%s terreiros reelaboraram a noo de fam#lia e o sentimento depertencimento comunitrio, social e etnocultural, dando me Hde santoJ,irmos Hde santoJ, casa Hde santoJ e fam#lia Hde santoJ aos que nada tinham

    ' partir da relao de f proporcionada pelo ad3ento religioso consolidaram arepresentao do continente negro africano no Yrasil, reprodu&indo, por meiode pequenas casinholas ou quartos destinados a di3indades espec#+cas, asregi(es de culto aos ori)s do que hoje, representa a frica Negra"onstru#ram, assim, a frica nos quintais brasileiros, por meio de recorda(esou mesmos da in3eno de prticas oriundas das terras africanas emcomposio com a realidade brasileira81

    Nestas constantes mudanas, parafraseando o po3o de santo, cada um pu)a

    a sua folha para seu lado

    1 http:BBaps1sitesuolcombrBori2iosalahtml

    Q lendasori)asnombr

    ori)ascombr

    75ara feita de um galho de r3ore denominada t*ri H Gl$phaea 6teri@oraJou feita das ner3uras da folha do Cgi Kpe H .lais GuineensisJ, entre n*sconhecida como dende&eiro de altura e, quando no utili&ada, de3epermanecer de p/o os oj que se utili&am do Lsan para in3ocar e condu&iros esp#ritos .g4ng4n, alm de impedir que as pessoas toquem em seustecidos8 HY.NC/>J

    ceaophlufbabrBphlBpopupsBsntrQpdf

    5erger,!ierre Vatumbi 7.splendor e PecadAncia do culto de [$miKsKrKng 0inha me VeiticeiraS entre os iorubasin:'rtigosB!ierre5erger.ditora "orrupio,/o !aulo,1Q

    http://aps18.sites.uol.com.br/oriki_osala.htmlhttp://var/www/apps/conversion/tmp/scratch_1/www.lendas.orixas.nom.brhttp://var/www/apps/conversion/tmp/scratch_1/www.orixas.com.brhttp://var/www/apps/conversion/tmp/scratch_1/www.ceao.phl.ufba.br%2Fphl8%2Fpopups%2Fsnt_r2.pdfhttp://var/www/apps/conversion/tmp/scratch_1/www.lendas.orixas.nom.brhttp://var/www/apps/conversion/tmp/scratch_1/www.orixas.com.brhttp://var/www/apps/conversion/tmp/scratch_1/www.ceao.phl.ufba.br%2Fphl8%2Fpopups%2Fsnt_r2.pdfhttp://aps18.sites.uol.com.br/oriki_osala.html
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    ; !R'NPC, Reginaldo 0itologia dos %ri)s /o !aulo: "ompanhia das6etras, Q>>1 p 1

    Y'/CYP.0 HQJ

    11 Y.NC/>p11

    1QCbdem,Q>>p1>

    1 "onduru,Robertoon olod: os senhores da caaRio deUaneiro:C!'N,"NV"!,Q>>,pg1Q

    %ni .: o culto de %ssaim e o uso lit4rgico das plantas nos candomblsiorubs no Yrasil

    !or "intia Ra$mundo H"intia dE%)umJ

    %r#2L f4n s*n$Ln

    [ba s*n$Ln

    [ba oni \

    2* si arun

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    * si a2oba

    se

    %r#2L para s*n$Ln

    .logio para o esp#rito do medicamento das folhas

    .u elogio o dono do medicamento das folhas

    0e li3re de adoecer

    0e li3re da coisa negati3a

    .u dou graas ao dono do medicamento

    ')1

    ' +tolatria uma caracter#stica central dos candombls iorubs 's folhasso consideradas sagradas e sua utili&ao um dos principais a*HsegredoJ dos sacerdotes % uso lit4rgico das folhas um dos maiscomple)os rituais e requer sacerdotes especiali&ados denominadosbabalossaim

    's folhas ou er3as sagradas pertencem ao %ri) %ssaim, o %ni . Hdonodas folhasJ 9m dos mais conhecidos mitos iorubs justi+ca esse

    pertencimento:

    %ssaim era o +lho caula de Cemanj e %)al e, desde pequeno, 3i3ia nomato

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    delas Pessa forma, %ssaim considerado o senhor do Cgbo, da @oresta e opatrono do curandeirismo e da medicinaQ

    %ssaim o ori) masculino do ar li3re, go3erna a @oresta, juntamente com

    %)ossi /enhor do a) Hfora J e)istentes nas folhas e nas er3as, ele no sea3entura nos lugares onde o homem modi+ca os espaos, construindoedi+ca(es ? bastante cultuado no Yrasil sendo o %ri) da cor 3erde, docontato mais #ntimo e misterioso com a nature&a /eu dom#nio estendeSse aoreino 3egetal, s plantas, mais especi+camente s folhas, onde corre o sumo!or tradio, no so consideradas adequadas ao %ri) %ssaim, as folhasculti3adas em jardins ou estufas, mas as plantas sel3agens, que crescemli3remente sem a inter3eno do homem 's reas consagradas a %ssaimnos candombls iorubs so os pequenos recantos e as passagens maisisoladas das @orestas, onde s* determinados sacerdotes HbabalossaimJ

    podem entrar ' cerim-nia onde as folhas de ossaim so colhidas eencantadas so denominadas sassa$im % emblema de %ssaim uma hastecentral de ferro rodeada de outras seis, com um pssaro de ferro nae)tremidade da haste central representando seu poder de feitiaria %ssaim uma di3indade de e)trema signi+cao, pois praticamente todos os rituaisimportantes utili&am, de uma maneira ou de outra, o sangue escuro que 3emdos 3egetais, seja em forma de folhas, infus(es para uso e)terno ou debebida ritual#stica

    's folhas no sistema lit4rgico iorub pode ser classi+cadas de acordo com osquatro elementos da nature&a: ar, terra, fogo e gua 'ssim, e)iste as folhasdo ar He affJ, as folhas do fogo He inJ, as folhas da gua He omiJ eas folhas da terra He il ou e igboJ Pessa di3iso, as folhas soreclassi+cadas quanto a sua propriedade de ser quente ou fria, ou seja, suacapacidade de agitar ou acalmar uma pessoa Duando a folha fria denominada de e erro, quando quente se denomina e gun 's folhasfrias esto relacionadas aos ori)s do elemento ar e do elemento gua como%)al, %)um, Femonj .ssas folhas so as recomendadas para os chamadosbanhos da cabea aos ps 's folhas quentes so relacionadas aos ori)s daterra e do fogo e seus banhos de3em ser, e)ceto em casos especiais, dopescoo aos ps

    's folhas tambm se classi+cam quanto s suas caracter#sticasmasculinoBfeminino, negati3oBpositi3o, esquerdaBdireita, fecundantesBfecund3eis 's folhas masculinas so consideradas folhas positi3as e dadireita He apa Kt4nJ e as folhas femininas so compreendidas como folhas

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    negati3as e de esquerda He apa Ks#J 's e in e as e aff soconsideradas folhas fecundantes e as e il e e omi so consideradasfolhas fecund3eis

    % agb* sagrado, mistura de sangue 3egetal fundamental em 3rios aspectosda liturgia dos candombls iourubs, compreendido de 1 folhas, sendo folhas gerais H+)asJ e folhas 3ari3eis conforme o carrego de santo decada pessoa 's oito folhas gerais, segundo a classi+cao de !essoa deYarros, so: p\r\gun, toto, r#nr#n, e K, t\t\regun, arepp, eogbK, gbKrK a$aba

    .ssas folhas juntamente com elementos com ossum, agi e efum constituemelementos primordiais e sua ocorrAncia no Yrasil dependeu, principalmente,

    da utili&ao nas seitas religiosas

    Pentre as plantas oriundas do continente americano ou nati3as do Yrasilesto:

    ' folha de p\r\gun Hdracena fragans HlJ er GalJ popularmente conhecidacomo dracena, nati3o, pauSdEgua e coqueiroSdeS3Anus !ertencente ao ori)

    %gum e ao elemento terraBmasculino, uma planta de origem africana elargamente difundida no Yrasil % peregun possui grande import=ncia naliturgia dos candombls iorubas ? uma folha protetora dos espaos,demarcando ambientes sagrados "onstitui ainda uma folha para decoraodos salo p4blicos, pejis e assentamentos de %ri)s, alm de entrar naindumentria de muitos %ri)s como %ssaim

    % t\t\regun H"ostus spicatus /art&J, planta nati3a do Yrasil conhecida comocana Sdo Sbrejo, considerada a 7folha da 3ida e da morte8, entrando nasliturgias de iniciao ? uma folha representati3a dos ritos de passagem einserida nos cultos aos %ri)s no Yrasil

    ' planta arepp H/pilanthes acmellaJ nati3a da 'mrica do /ul eencontrada em todo Yrasil Nesse recebe os nomes de agrioSdoSpar, jambue tremeStreme !ertence aos ori)s %)al e %)um ? uma das plantas queentra nas misturas 3egetais para 7abrir a fala8 dos ori)s 0uito utili&ada na

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    culinria do norte do pa#s, constitui de outra readaptao 3egetal na liturgiaiorub

    % gbKrK a$aba HCpomoeapesScapraeJ, conhecida como salsaSdaSpraia no

    Yrasil, uma planta originria da 'mria tropical !ertence ao %ri) Femonje ao elemento gua Femonj est relacionada ao culto de or#HcabeaJ Fa %r#Hme das cabeasJ um dos t#tulos desse %ri)

    's plantas de origem asiticas compreendem:

    % e K HGoss$pium barbadenseJ, folha conhecida no Yrasil como

    algodoeiro, pertence aos %ri) %)al e %rumil sendo representante doelemento ar !lanta originria da "hina, o algodo tem ampla utilidade nasliturgias dos candombls % algodo uma planta pertencente ao odu %s,signo feminino do sistema oracular de Cf, respons3el pelo @u)o menstrual epelo 4tero %s o principal signo das Fa mi o)orong, as grandes feiticeirasafricanas Na +toterapia, o algodo indicado para combater disfun(es dociclo menstrual e dores no 4tero

    % t*t* H'pinia &erumbetJ conhecida no Yrasil como a folha de col-nia

    !ertence aos %ri)s %)um, Femonj e %)al !lanta originria da sia e,largamente, culti3ada no Yrasil de3ido sua adaptao ao clima tropical!lanta de fundamental import=ncia nos candombls iorubas, recomendadapara acalmar as pessoas e no combate histeria

    Pentre as de origem africanas esto:

    ' folha de r#nr#n H!eperomia pelluciaJ, conhecida no Yrasil como alfa3aquinha

    de cobra eBou oriri de %)um, uma planta de origem africana que seproliferou por todo o Yrasil !ertence ao %ri) %)um , estando articulada aoelemento gua.ssa planta est articulada com os olhos pois %)um a 4nicadi3indade feminina relacionada ao culto de Cf%)um aptebi Ht#tulohonor#+co no culto de CfJ do culto do deus da ad3inhao, por isso asprticas oraculares recorrem freqentemente a essa planta No Yrasil, o oriride %)um alm de ser uma planta 3oltada para 3idAncia de jogo de b4&ios,tambm uma planta utili&ada em trabalhos para +ns amorosos Csso,

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    possi3elmente, se de3e ao fato do %ri) %)um ser considerada o ori) doamor

    ' folha de e ogbK H!eriploca nigrescensJ, pertence aos ori)s %)ossi e

    %ssaim %riginria da frica tropical, tra&ida pelos iorubas para o Yrasil, estaplanta est aclimatada no pa#s ? uma das plantas utili&adas para alterar oestado de consciAncia dos +lhos de santo % e ogb* popularmenteconhecido no Yrasil como ramaSdeSleite, cip*SdeSleite ou orelha de macaco

    .fum, agi e ossum so trAs elementos africanos largamente utili&ados noYrasil .sses elementos simboli&am a iniciao sagrada nos candomblsnag-s Representam as trAs cores da iniciao: o branco, o a&ul e o 3ermelhoNa festa p4blica, onde o $a- tra&ido ao salo p4blico, o rito compreende

    7trAs sa#das8, ou seja, trAs apari(es p4blicas do $a- .sse triplo momentorelacionaSse diretamente com o efum, uagi e ossum % efum um p* mineralbranco, conhecido no Yrasil como pemba africana? substitu#do no Yrasil pelopemba brasileiraHgi&J% agi o p* 3egetal a&ul e seu uso largamenteusado no Yrasil, sendo freqentemente importado da Nigria % ossum ump* 3ermelho de origem 3egetalNo Yrasil seu suced=neo o urucum,elemento muito utili&ado na culinria brasileira