Nosso corpo, nossa casa, nossa cidade
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7/28/2019 Nosso corpo, nossa casa, nossa cidade
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O Vila Mariana - abrilde 2013VILA MARIANA
Nosso corpo, nossa casa, nossa cida-
de
Mais um feriado. Milhares de carros
deixam So Paulo. Milhares de pessoas
indo atrs de cu, rvores, espaos, rios,
mar. Buscando o que j no h em nos-
sa cidade. Assim, cada vez mais, vive-
mos o cotidiano mirando o momento de
escapar para lugares onde a vida ainda
seja vivvel e assimilvel.
Nosso corpo regido por outra vida,
pela vida de outrora, a vida no campo.
Regido pela poca em que as cidades
no existiam. As cidades so uma in-
veno recente, de somente alguns s-
culos. Nossas clulas no levam em
conta o que para elas mera novidade.
Elas funcionam segundo ritmos que fo-ram regulados h mais de um milhar de
sculos. Nosso corpo todo formado de
movimentos internos, de pulsaes si-
lenciosas, dos quais nada sabemos. Nos-
so corpo pulsa de acordo com a terra, e
no com o cimento armado... (Therese
Bertherat).
E j que nosso corpo feito dessa
substancia claro perceber o grau de
sofrimento silencioso (ou no) a que nos
submetemos ao viver numa cidade sem
ar e gua, em que os espaos das casas
vo sendo tomados pelas incorporado-
ras, os espaos de convivncia preteri-
dos pelos espiges, os rios confinados e
virando depsito de lixo.
"Sob o solo da cidade de So Paulo
existe uma malha hidrogrfica. E bastauma forte chuva para que centenas de
crregos e riachos voltem a superfcie. O
concreto esconde a histria de quilme-
tros de rios em So Paulo. Essa uma
afirmativa da iniciativa Rios e Ruas
que, desenvolvida pelo urbanista Jos
Bueno com o gegrafo Luiz de Campos
Jr e a biloga Juliana Gatt , se prope
a revelar por meio de oficinas e expe-
dies urbanas uma realidade profunda
possibilitando uma mudana no olhar
dos paulistanos para os rios e rvores
da cidade onde moram e trabalham. Sua
misso: promover o reconhecimento e a
explorao in loco das cidades redesco-
brindo a natureza de rios soterrados porruas e construes contribuindo assim
para despertar em jovens e adultos uma
compreenso afetiva sobre o uso do es-
pao urbano. Despertar a conscincia
dos paulistanos para uma nova convi-
vncia com os elementos vivos da natu-
reza urbana de So Paulo aprofundar a
reflexo sobre o uso do espao pblico,
sobre o desenvolvimento da cidade onde
vivemos e sobre o futuro que deixare-mos como legado para nossos filhos e
netos.
Em importante matria veiculada
pela Folha de So Paulo (28/03/2013
Cotidiano), a secretria de planejamen-
to, oramento e gesto da cidade, Leda
Maria Paulani, declara que a fora do
capital em So Paulo construiu espaos
privados e deixou o interesse pblico de
lado, que o desenvolvimento urbano foi
pautado pela lgica mercantil, cuja fina-
lidade ltima no o ser humano.
Essa lgica mercantil entra em um
municpio como SP e vai varrendo, le-
vando de roldo as coisas. Nesse con-texto, o que acontece com o ser humano
e com necessidades humanas importa
menos. A fora do capital em So Paulo
foi construindo espaos privados cont-
guos e no espao pblico, que onde a
Nosso corpo, nossa casa, nossa cidade
As cidades so uma inveno recente, de somente alguns sculos.
cidade de fato existe.
Afirma ainda que a fora impositi-
va do setor imobilirio inversamente
proporcional fora do poder pblico
municipal, em seu papel de ordenar o
crescimento urbano.
A Secretaria de Planejamento, Ora-
mento e Gesto, em 90 dias a contar da
posse, ou seja, no final de maro, ter
que entregar o Programa de Metas e o
desafio ser justamente este: traduzir
uma viso articulada e holstica que, es-
peramos, comece a mudar um pouco a
realidade de So Paulo.
Nosso corpo e nossa cidade agrade-
cem...
Mnica PaolettiPsicoterapeuta clnica e
residente no bairro