Nota Sobre Um Caso de Neurose Obsessiva

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INÍCIO DO TRATAMENTO Freud faz o paciente comprometer-se que vai submeter- se às condiçoes do tratamento que é dizer tudo que lhe viesse à cabeça, ainda que fosse desagradável, que lhe parecesse sem importância, irrelevante ou sem sentido. O paciente começa falando de um amigo a quem o sempre procurava quando estava atormentado por algum impulso criminoso e este amigo sempre lhe dava apoio moral. Em outra parte de sua vida ele procurou um estudante mais velho o qual elevou sua auto-estima e era muito admirado. SEXUALIDADE INFANTIL O jovem senhor, que afirmou sofrer de obsessões desde a infância, aceitou iniciar o tratamento psicológico sob a condição de que deveria relatar tudo que viesse a sua mente ao psicólogo. Quando começou a falar de sua vida sexual, disse que a mesma teve início muito cedo, por volta dos 4 ou 5 anos de idade. Ao falar no assunto, veio uma lembrança a qual ele relatou: a governanta, jovem e bonita, a qual trabalhava em sua casa, permitiu que o menino a tocasse em seus genitais e a partir disso ele começou a ter desejos relacionados à mulheres, queria vê-las despidas e ficava ansioso para tomar banho com suas irmãs e a governanta. O menino começou a ficar atormentado com esses desejos e começou a sentir algo estranho, sentia que algo deveria acontecer se ele tivesse esse tipo de pensamento, como uma punição. Então

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INÍCIO DO TRATAMENTO

Freud faz o paciente comprometer-se que vai submeter-se às condiçoes

do tratamento que é dizer tudo que lhe viesse à cabeça, ainda que fosse

desagradável, que lhe parecesse sem importância, irrelevante ou sem sentido.

O paciente começa falando de um amigo a quem o sempre procurava quando

estava atormentado por algum impulso criminoso e este amigo sempre lhe

dava apoio moral. Em outra parte de sua vida ele procurou um estudante mais

velho o qual elevou sua auto-estima e era muito admirado.

SEXUALIDADE INFANTIL

O jovem senhor, que afirmou sofrer de obsessões desde a infância,

aceitou iniciar o tratamento psicológico sob a condição de que deveria relatar

tudo que viesse a sua mente ao psicólogo.

Quando começou a falar de sua vida sexual, disse que a mesma teve

início muito cedo, por volta dos 4 ou 5 anos de idade. Ao falar no assunto, veio

uma lembrança a qual ele relatou: a governanta, jovem e bonita, a qual

trabalhava em sua casa, permitiu que o menino a tocasse em seus genitais e a

partir disso ele começou a ter desejos relacionados à mulheres, queria vê-las

despidas e ficava ansioso para tomar banho com suas irmãs e a governanta. O

menino começou a ficar atormentado com esses desejos e começou a sentir

algo estranho, sentia que algo deveria acontecer se ele tivesse esse tipo de

pensamento, como uma punição. Então vinha a sua cabeça pensamentos

como os de que o pai deveria morrer. Nesta situação pode-se observar o

Complexo de Édipo, pois o seu desejo de que o pai morra deve

relacionado à sua paixão pela mãe. Ele sente ódio pelo pai, mas como

sabe que não deve sentir isso, tem pensamentos de morte em relação a

ele, assim ele poderia sentir desejo pela mãe.

A criança estava dominada pelo seu instinto sexual, por isso o menino

tinha constantes desejos intensos relacionado com mulheres, queria vê-las

nuas. Esse desejo corresponde a uma ideia compulsiva ou obsessiva, se a

qualidade da compulsão ainda não estava presente no desejo, era porque o

ego ainda não havia se colocado em oposição a isso e ele ainda não encarava

isso como algo estranho. Aqui podemos observar o ego, que constitui-se

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diante dos desejos do ID para encarar a realidade e poder satisfazer esses

desejos.

A oposição a esse desejo já estava em atividade, sua ocorrência era

regularmente acompanhada de um afeto aflitivo. Um conflito estava

progredindo na mente de P.. Paralelamente ao desejo obsessivo, e com ele

intimamente associado, havia um medo obsessivo; sempre que ele tinha um

desejo desse tipo, não podia evitar temer que algo terrível fosse acontecer.

Essa coisa terrível já estava vestida de uma indefinição característica, que

desde então deveria ser um aspecto invariável de toda manifestação da

neurose. Contudo, numa criança não é difícil descobrir o que é que está oculto

por trás de uma indefinição desse tipo. Se o paciente pode ser uma vez

induzido a fornecer um exemplo particular, pode-se aceitar que o exemplo é a

coisa original e real que tentou esconder-se por trás da generalização.

Portanto, o medo obsessivo do paciente, quando restabelecido seu significado

original, seria como se segue: ‘Se tenho esse desejo de ver uma mulher

despida, meu pai deverá fatalmente morrer.’

Casos como esse, possuem invariavelmente a característica de uma

atividade sexual prematura. As neuroses obsessivas, mais do que as histerias,

tornam óbvio que os fatores que formarão uma psiconeurose podem ser

encontrados na vida sexual infantil do paciente, e não em sua vida atual.

O GRANDE MEDO OBSESSIVO

O paciente teve uma experiência como tenente, em que conhecera um

capitão de nome tcheco, que considerava gostar de crueldade e que defendia a

introdução do castigo corporal. P. tinha uma certa resistência a falar desse

evento traumático, este conteúdo estava reprimido, impedindo que

pensamentos dolorosos chegassem à consciência. O médico disse então

que a superação das resistências era uma lei do tratamento terapêutico, deste

modo o paciente devia relatar essa situação dolorosa para posteriormente

poder superá-la. A lembrança que o paciente tinha era que o tal capitão

amarrava o homem condenado, um vaso era virado nas suas nádegas e alguns

ratos eram colocados dentro dele. Sendo assim, os ratos cavavam um caminho

no ânus do condenado. P. ficava horrorizado de lembrar dessa situação, com "

uma face de horror ao prazer todo seu do qual ele mesmo não estava ciente".

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O paciente tinha medo que aquilo que acontecera ao homem

condenado, acontecesse com seu próprio pai, ou com uma dama a quem

admirava. Como seu pai havia falecido muitos anos antes, esse medo era mais

ainda mais absurdo do que o primeiro em relação à moça, portanto o paciente

evadia-se de confessar esse medo por algum tempo. Simultaneamente à

idéia, sempre aparecia uma ‘sanção’, isto é, a medida defensiva que ele

estava obrigado a adotar, a fim de evitar que a fantasia fosse realizada.

A crença de que deveria algum dinheiro ao capitão, relacionado com um

pacote que havia recebido faria com que ele tivesse medo de que aquilo

acontecesse novamente em relação ao seu pai e à dama, caso ele devolvesse

o pagamento em dinheiro ao tenente cruel. Seus relatos eram confusos, com

erros de memórias e deslocamentos dos acontecimentos. O paciente havia

deslocado um evento traumático que presenciou, acreditando que aquilo

iria acontecer com seu pai (que já estava morto) e com outra pessoa que

apreciava caso fizesse o pagamento em dinheiro ao tenente em questão.

Também deslocou o termo "capitão", para o próprio terapeuta, uma

pessoa menos perigosa.

INICIAÇÃO NA NATUREZA DO TRATAMENTO

Na quarta consulta o paciente resolve contar sobre a doença de seu pai,

que morreu de enfisema. Quando ele veio a morrer, o paciente não estava

junto sendo, por isso se censurou. Isso foi intensificado quando a enfermeira

conta que seu pai em seus últimos dias pergunta por ele. Por certo tempo essa

censura não o tormenta, sem compreender o fato do pai haver morrido. Em

sua imaginação seu pai ainda podia vir a vê-lo, mesmo sabendo que o mesmo

estava morto, porém poderia aparecer em forma de aparição e assim era

desejado.

Dezoito meses depois a veio a lembrança de sua negligência e começou

a atormentá-lo, passando a tratar-se como um criminoso. Isso se deu ao visitar

uma tia que acabará de falecer. “A partir daquele tempo, ele ampliou a

estrutura de seus pensamentos obsessivos de maneira a incluir o outro

mundo“. O que lhe deu apoio foi seu amigo que afastava suas autocensuras.

Esse sentimento de culpa pertence ao inconsciente e exige uma busca por ele.

“conteúdo ideativo conhecido só entrou em sua posição real graças a uma falsa

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conexão”. A idéia de ser criminoso gerou conflito no rapaz, pois como ele podia

ser criminoso se crime algum cometeu contra o pai. O deslocamento é que

ele se sente como um criminoso, porque acha que cometeu um crime

com o pai. Ele se sente culpado. Mas eles só conseguir sentir isso porque

o sentimento fez uma falsa conexão. Após em outra consulta Freud dar uma

explicação sobre o inconsciente e o consciente o jovem chegou a conclusão de

“que uma autocensura só podia originar-se de um rompimento dos próprios

princípios morais internos de uma pessoa e não do de quaisquer outros

princípios externos.” Logo se tem uma explicação do “eu moral” e do “eu mau”

onde um era o consciente e o outro o inconsciente, respectivamente.

Durante essa discussão, o paciente fala que havia feito coisas em sua

infância que eram do eu mau, assim atingindo a relação do inconsciente com o

infantil, a parte que ficou reprimida onde se encontrava o responsável por

esses pensamentos sobre o pai. Na sessão seguinte o homem dos ratos volta

a contar sobre o medo de seus pais lerem seus pensamentos, e que esse

medo persistia por toda sua vida. Aos 12 anos ao ter gostado de uma menina e

logo veio a ideia de que ela seria afável se alguma desgraça viesse a ocorrer, e

o que veio em sua mente foi a morte de seu pai, ele ainda não podia pensar na

possibilidade de que poderia ser um “desejo” esse tal pensamento. Freud tenta

falar que poderia ser um desejo para o rapaz a morte de seu pai, ele ainda

repudia a ideia.

O moço diz que seis meses antes da morte de seu pai, um pensamento

idêntico a esse veio a aparecer, quando não tinha dinheiro para dar uma

aliança a uma dama, e pensou que se seu pai morresse ele conseguiria o

dinheiro. Um dia antes da morte de seu pai o jovem pensa: “Agora posso estar

perdendo o que mais amo‟, e então viera a contradição: “Não, existe alguém

mais, cuja perda seria bem mais penosa para você.‟ “Esses pensamentos

surpreenderam-no muito, de vez que ele estava bem seguro de que a morte de

seu pai jamais poderia ter sido objeto de seu desejo, mas apenas de seu

medo”. Freud diz que todo medo corresponde a um desejo primeiro, agora

reprimido, e que seria obrigado acreditar no contrário daquilo que o jovem

universitário afirmaria.

Se ajustando na teoria de que o inconsciente é o oposto do consciente,

o rapaz afirma um amor imenso pelo seu pai então, Freud adverte sobre que

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exatamente um amor assim intenso era a precondição necessária do ódio

reprimido. O amor intenso pelo seu pai escondia o ódio reprimido e esse amor

não destruía o ódio por estar ligado a uma fonte indestrutível. Assim o ódio

ainda estava vivo, mas inconscientemente, impedido pelo amor a vir pro

consciente, (Nota: aqui se pode observar o ID trazendo a pulsão do ódio

enquanto o superego não pode permitir com o amor a vinda desse ódio

ao consciente, então o ego traz esses pensamentos desejando a morte de

seu pai). O jovem acha plausíveis as afirmativas de Freud, porém não estava

convencido pelo fato. Negação se pode ser encontrada quando o jovem

nega para Freud que haveria possibilidade dele odiar seu pai.

O homem fala sobre ele ser o melhor amigo do pai e o pai o seu, porém

não em algumas ocasiões e que houvera uma grande intimidade entre os dois.

Em sua infância os impulsos sensuais foram muito maiores do que em sua

puberdade. “A fonte da qual sua hostilidade pelo pai tirava a sua

indestrutibilidade era, evidentemente, algo da natureza de desejos sensuais” e

seu pai foi uma interferência de alguma forma nessa relação. “Esse desejo (de

livrar-se de seu pai como uma interferência) deve ter-se originado numa época

em que as circunstâncias foram muito diferentes - numa época, talvez, em que

ele não amava seu pai mais do que amava a pessoa a quem ele desejava

sensualmente, ou quando era incapaz de tomar uma decisão nítida.” Assim

provavelmente foi em sua primeira infância, antes da chegada dos seis anos.

Em outra sessão o jovem traz a lembrança de que com uma espingarda

de brinquedo e um graveto, quis machucar seu irmão, dando-lhe um tiro na

testa, porém que não feriou, mas houve a intenção. Outra memória de

vingança foi com uma dama a que ele tanto gostava, e que não podia amar a

ele, então pretendia se tornar rico e casar-se com outra para visitar essa dama

e ferir seus sentimentos, e essa sua esposa sendo totalmente indiferente,

tendo que morrer. O homem dos ratos reconhece sua covardia e que lhe era

tão terrível particularmente. Freud diz que não poderia levar-se como covarde,

pois tudo isso vem do inconsciente e na infância não se pode levar a

moralidade ”seu sentimento encontrara uma expressão patológica em sua

doença”.

ALGUMAS IDÉIAS OBSESSIVAS E SUA EXPLICAÇÃO

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As idéias obsessivas, como bem se sabe, têm uma aparência de não

possuírem nem motivo nem significação, tal como os sonhos. O primeiro

problema é de como dar um sentindo a elas e fazer com que o sujeito a

compreenda. Mesmo parecendo insolúveis, não podemos nos deixar enganar

por essa ilusão. A solução esta no passado do paciente. Investigando sua

primeira aparição e em que circunstancias internas elas ocorreram. Quanto

maior a freqüência de suas aparições, mais fáceis são de ser desvendadas.

O paciente conta de um impulso suicida quando de sua amada viajou

para a casa de sua avó que estava mal e o homem deseja matar a avó. O

inconsciente faz com que ele fique com raiva e deseje matar a velha, porém a

ordem é de se matar para conter os impulsos selvagens e assassinos “O

processo na mente obsessiva do sujeito” acompanhando-se do mais violento

afeto e numa ordem inversa: em primeiro lugar veio a ordem de punição, e a

seguir, enfim, a menção da culpa”.

No exemplo do primo Richard de sua amada também se nota um

impulso indiretamente suicida. Que ao desejar mal a Richard, por estar

enciumado e com raiva se tem um impulso para o emagrecimento pois se

achava gordo.A relação que acontecia era o pelo fato de chamaram Richard de

“Dick” e gordo em alemão é “dick”. A semelhança dos dois exemplos é que

ambos se emergiram como reações a raiva muita grande e inacessível ao

consciente e dirigido contra alguém que surgira como uma interferência no

curso de seu amor.

As obsessões do paciente estavam todas centradas em sua dama, porém

mostravam diferentes mecanismos. Como o passeio de barco e obrigá-la a por

o gorro com a obsessão de proteger. A do barco contando ate 40 ou 50 de um

trovão após o outro, ou a da pedra no caminho da estrada. A obsessão por

compreensão dos significados das palavras dita pelos amigos e pela sua

mulher. Projeção pois ele projeta sua angustia de estar sem a mulher e ela

amar ele ou não para a avó, o primo Richard, a proteção com o gorro.

“Sua obsessão de contar, durante a tempestade, pode ser interpretada, com o

auxílio de algum material fornecido por ele, como uma medida defensiva contra

temores de que alguém estivesse em perigo de morte”. As obsessões estavam

ligadas a raiva da dama. A duvida da compreensão da frase de sua mulher

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estava ligado a duvida entre se ela o ama ou não. Existindo uma luta entre o

amor e o ódio onde se mostra quando ele tira a pedra da estrada e depois a

coloca novamente. Deslocamento ao retirar e colocar novamente a pedra

na estrada. Transferindo a angustia do amor pela mulher e o ódio por ela.

“O mútuo antagonismo entre os seus sentimentos em relação a sua dama era

forte demais para ter escapado completamente à sua percepção consciente,

embora possamos concluir das obsessões nas quais o antagonismo se

manifestara que ele não avaliava corretamente a profundidade de seus

impulsos negativos. A dama havia recusado sua primeira proposta, dez anos

atrás. Desde então, ele tinha conhecimento de que passara por períodos

alternados em que ora ele acreditava que a amava intensamente, ora se sentia

indiferente com relação a ela.”

A CAUSA PRECIPITADORA DA DOENÇA

Freud fala que muitas vezes o paciente não tem ciencia de que um

acontecimento em sua vida tem grande importância e significado, seja para a

histeria seja para as neuroses obsessivas.

Na Histeria, via de regra, as causa precipitadoras da doença cedem

lugar à amnésia, como é também o caso das experiências infantis, com cujo as

causas precipitadoras conseguem transformar em sintomas sua energia

afetiva. O paciente não vai lembrar-se do que aconteceu e a energia afetiva vai

tornar-se um sintoma. Quando a amnésia não pode ser completa, submete a

causa precipitadora traumática recente a um processo de erosão e, ao menos,

dela subtrai seus componentes mais importantes. Nessa amnésia percebemos

a evidência da repressão que teve lugar.

Já na neurose obsessiva, o caso é diferente. O acontecimento muitas

vezes pode ser recolhido pela amnésia, mas só parcialmente. Mas os motivos

imediatos da doença são retidos na memória. A repressão utiliza-se de um

mecanismo mais simples. O trauma não é esquecido mas perde seu valor. Na

consciência o que se resta é o seu conteúdo ideativo, e ele é acarretado um

papel de pouco importância ou pouco interesse. A distinção entre o que ocorre

na neurose obsessiva e na histeria reside nos processos psicológicos que nos

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é possível reconstruir por trás dos fenômenos. O resultado é quase sempre o

mesmo, de vez que o conteúdo mnêmico apagado raramente se reproduz e

desempenha papel algum na atividade mental do paciente,.

A diferença da repressão na histeria é que se utiliza que a certeza de

que o paciente sempre soube de tal acontecimento. Já na neurose obsessiva, o

paciente esqueceu isso há muito tempo. Freud admite que esses dois tipos de

conhecimento do trauma podem acontecer na forma em que o paciente tem

recordação do trauma, nunca o esqueceu, mas este não possui significância

nenhuma. Repressão: Em conjunto com a resistência, impede que

pensamentos dolorosos cheguem à consciência. Freud fala como muitas

vezes, no caso da neurose obsessiva, o paciente tem ciencia de algum

acontecimento ou trauma, se recorda do que aconteceu mas não sabe a

importância e significado do mesmo.

Freud conta do seu primeiro caso de neurose obsessiva quer fala de um

paciente que sempre o pagava com notas muito bem esticadas, pois estas

eram passadas com um ferro. O paciente contou que fazia isso pois se sentia

mal de repassar notas contaminadas a outras pessoas. Mas ao mesmo tempo,

o mesmo homem tinha falta de escrúpulos por abusar de jovens. Conta então,

como é claro o processo de deslocamento, pois se suas autocensuras se

permitissem permanecer no lugar pertinente a elas, ele teria de abandonar

determinada forma de gratificação sexual à qual provavelmente fosse

compelido por alguns determinantes infantis muito fortes. Deslocamento:

Descarregamos sentimentos acumulados em pessoas ou objetos menos

perigosos. Como pode ser observado no caso contado por Freud sobre

seu primeiro paciente com neurose obsessiva, em que o objeto de

autocensura torna-se deslocado acarretando em um constrate de

explicações.

Voltando ao caso, o paciente relatou que seu pai antes de se casar com

sua mãe havia cortejado uma jovem de poucos recursos. Após a morte de seu

pai, a mãe do paciente o contou que havia arranjado para ele casar uma moça

de família bem sucedida, filha de um parente rico da mesma. Esse plano

familiar desencadeou no paciente muito conflito, pois não sabia se se

permanecia fiel à sua amada ou seguia a persistente influência dos desejos de

seu pai. A consequência do conflito resultou em uma doença o que acarretou

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na impossibilidade de trabalhar e o adiantamento da conclusão de sua

educação. O que pareceu ser a consequência da doença na verdade é a causa

ou motivo de ficar doente.

O COMPLEXO PATERNO E A SOLUÇÃO DA IDEIA DO RATO

Mesmo após a morte de seu pai, o paciente sentia-se influenciado pelos

desejos de seu pai o que se confundia com suas próprias inclinações

amorosas. E como fala Freud, através dos primeiros relatos do paciente, crê-se

que tal conflito existe há muito tempo, com origem na infância

Não pode haver dúvida de que existia algo, no âmbito da sexualidade,

que permanecia entre pai e filho, e de que o pai assumira alguma espécie de

oposição à vida erótica do filho, prematuramente desenvolvida. Muitos anos

depois da morte de seu pai, na primeira vez que experimentou as prazerosas

sensações da cópula, irrompeu em sua mente uma idéia: ‘Que maravilha! Por

uma coisa assim alguém é até capaz de matar o pai!’ Isto foi, ao mesmo tempo,

um eco e uma elucidação das idéias obsessivas de sua infância.

Outro fato que chama atenção de Freud, é em relação a masturbação.

Está foi impregnada na infância, estranhamente não na adolescência. O

paciente relata um caso em que o fez após a morte de seu pai enquanto lia um

livro onde havia o tema de proibição e de desafio a uma ordem.

Na elucidação dos efeitos produzidos pela história do rato, narrada pelo

capitão, é preciso acompanhar mais de perto o curso da análise. O paciente

começou a elaborar grande volume de material associativo, o qual, contudo,

não esclareceu as circunstâncias nas quais se havia dado a formação de sua

obsessão. A idéia da punição realizada por meio de ratos atuara t estíamuudlo

a muitos de seus instintos e evocara um conjunto de recordações; de sorte

que, no curto intervalo entre a história do capitão e seu pedido para reembolsar

o dinheiro, os ratos tomaram uma série de significados simbólicos aos quais

outros, recentes, se foram acrescentando, durante o período que se seguiu.

Devo confessar que posso apenas fornecer um relato muito incompleto

de toda a situação. Aquilo que a punição com ratos nele incitou, mais do que

qualquer outra coisa, foi o seu erotismo anal, que desempenhara importante

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papel em sua infância e se mantivera ativo, por muitos anos, por via de uma

constante irritação sentida por vermes.

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Referências:

FREUD, Sigmund. Duas Histórias Clínicas ( O “pequeno Hans” e o “Homem dos Ratos”) 1909, Imago Editora Ltda, Rio de Janeiro.