“NOVA” - PIRASSUNUNGA SP: ASPECTOS TÉCNICOS ... · 2 autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo...
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PAULO CESAR PAVÃO MIGLIORINI
REPOTENCIAÇÃO DA PEQUENA
CENTRAL HIDRELÉTRICA DE EMAS
“NOVA” - PIRASSUNUNGA – SP:
ASPECTOS TÉCNICOS,
SOCIOAMBIENTAIS E ECONOMICOS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
Escola de Engenharia de São Carlos, da Universidade
de São Paulo
Curso de Engenharia Elétrica com ênfase em
Sistemas de Energia e Automação
ORIENTADOR: Prof. Dr. Frederico Fábio Mauad
São Carlos
2011
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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Ficha catalográfica preparada pela Seção de Tratamento
da Informação do Serviço de Biblioteca – EESC/USP
Migliorini, Paulo Cesar Pavão.
M634r Repotenciação da pequena central hidrelétrica de Emas “NOVA”-
Pirassununga-SP : aspectos técnicos, socioambientais e econômicos. / Paulo Cesar Pavão
Migliorini ; orientador Frederico Fábio Mauad –- São Carlos, 2011.
Monografia (Graduação em Engenharia Elétrica com ênfase em Sistemas de Energia
e Automação) -- Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, 2011.
1. Pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). 2. PCH de Emas Nova. 3. Repotenciação. 4.
Rio Mogi Guaçu. I. Titulo.
3
4
Agradecimentos
Aos meus pais João Carlos Migliorini e Maria da Graça Pavão
Migliorini, meu irmão Pedro Luis pelo apoio e incentivo, na busca de
meus ideais e objetivos.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Frederico Fabio Mauad, exemplos de
dedicação e virtudes, pelo incentivo, participação e apoio.
A todas as pessoas que trabalham do Laboratório Hidráulica no CRHEA-
USP (Centro de Recursos Hídricos e Ecologia Aplicada) pelo apoio e por
terem possibilitado a ampliação de meus conhecimentos e a realização
desse trabalho.
Ao responsável pela usina Marcos Catalano, que sem ele não seria
possível realizar esse projeto.
Em particular para Paola Bello, que me apoiou e me ajudou a realizar
esse trabalho.
E a todos os meus amigos em especial para Bruno Faim, Cristiano Jose
dos Santos, Bruno Granzoto, Fernando Procópio, Gabriel Begas, Iruama,
Vitor Fressati e Washington Santa Rosa.
A todos que de alguma forma contribuíram direta ou indiretamente para
realização e conclusão deste trabalho, fica aqui minha gratidão.
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RESUMO
A maioria das pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) foi construída no início do século XX,
utilizando tecnologias e materiais que hoje estão ultrapassados, com isso muitas foram desativadas e outras
não geram o real potencial que poderiam. Assim, essas PCHs representam um grande potencial desperdiçado
no Brasil, que poderia ser somado ao sistema de geração brasileiro, evitando a construção de novas usinas.
Nesse contexto, o tema repotenciação se insere como solução para essas PCHs. Ou seja, uma usina que tem
características do começo do século XX se enquadra no perfil necessário para serem estudadas para possíveis
obras de melhorias. A repotenciação em empreendimentos hidrelétricos se define como investimentos em
melhorias no conjunto turbina-gerador, circuito hidráulico, que visem ganho de potência ou aumento de
índice de confiança ou índice de durabilidade. A pesquisa desenvolvida na PCH Emas Nova, localizada no
rio Mogi Guaçu no Estado de São Paulo, tem como objetivo mostrar os principais benefícios de se fazer
obras de repotenciação, tanto nos aspectos técnicos como em aspectos ambientais, sociais e econômicos. O
estudo de caso realizado na PCH de Emas Nova demonstrou que o processo de repotenciação aplicado a
PCHs que foram construídas antes da década de 70, é interessante do ponto de vista de ganho de potência,
pois é possível aproveitar grande parte das estruturas, assim diminuindo custos para o processo de
repotenciação.
Palavras-chave: Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), PCH de Emas Nova, Repotenciação, Rio Mogi
Guaçu.
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ABSTRACT
Most small hydro power (SHP) were built in the early twentith century, using Technologies and
materials that are outdated today, with so many were turned off and others do not produce the real potential
that could produce. Thus these SHP sare actually still a great potential in Brazil, which could be added to the
Brazilian generation system, avoiding the construction of new plants. In this context, the issueis part of
repowering as a solution to these SHPs, namely, a plant that has features of theearly twentieth century fits the
profile needed to be stutied for possibile improvement works. The repowering of hydropower projects is
defined as investments in improvements in the turbine-generator, hydraulic circuit, aimed at gaining power
or increased confidence índex of durability. The research developed in SHP Emas “Nova”, located in Mogi
Guaçu, aims to show the main benefits of doing works of repowering, both in technical aspects such as in
environmental, social and economic. The case study that was conducted in SHP Emas “Nova” demonstrated
that the process applied to repowering SHPs that were built before the 70’s, is interesting from the standpoint
of power gain, because you can enjoy many of trestructures of plant, thus reducing costs to the processo of
repowering. This type of activity applied to the plant showed that in addition to a power showed that in
addition to a power gain were also benefits in social and environmental aspects of the region of the plant.
Keywords: Small Hydro Power(SHPs), SHP of Emas Nova, Repowering, River Mogi Guaçu.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Indicadores sociais para diversos países .......................................................................................... 14
Figura 2: Representação esquemática dos principais componentes de uma PCH. .......................................... 17
Figura 3: Gerador elementar corrente alternada .............................................................................................. 20
Figura 4: Esquema de um gerador. .................................................................................................................. 21
Figura 5: Diagrama simplificado do procedimento de Licenciamento Ambiental. ......................................... 23
Figura 6: PCHs de Emas “Nova” e Emas “Velha” .......................................................................................... 36
Figura 7: PCH de Emas “Velha” ..................................................................................................................... 37
Figura 8:Casa de máquinas e gerador do conjunto I. ....................................................................................... 38
Figura 9: PCH Emas “Nova” de 1942 ............................................................................................................. 38
Figura 10: Barragem em 2011(esquerda) e em 1959(direita). ......................................................................... 42
Figura 11: Comportas do canal de adução situação em 2011. ......................................................................... 42
Figura 12: Escada de peixe vista frontal e vista lateral. .................................................................................. 43
Figura 13: Descarregadores de fundo (esquerda) e detalhe do mecanismo de elevação das comportas(direita).
......................................................................................................................................................................... 43
Figura 14: Vertedouro (esquerda) e detalhe das comportas (direita). .............................................................. 43
Figura 15: Canal de adução. ............................................................................................................................ 44
Figura 16: Comportas entre as usinas e o canal para a usina “Velha”............................................................. 44
Figura 17: Comportas da usina “Nova” ........................................................................................................... 45
Figura 18: Canal de fuga da usina “Nova” (esquerda) e da usina “Velha” (direita). ...................................... 45
Figura 19: Casa de máquinas da PCH de Emas “Nova”. ................................................................................ 46
Figura 20: Casa de máquinas da PCH Emas “Nova”. ..................................................................................... 46
Figura 21: Gerador (esquerda) e entrada da turbina (direita). ......................................................................... 46
Figura 22: Seleção do tipo de turbina .............................................................................................................. 56
Figura 23: Jardim da usina (esquerda) e vista do possível mirante (direita). .................................................. 73
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Classificação de usinas hidrelétricas ............................................................................................... 15
Tabela 2: Ganhos de repotenciação ................................................................................................................. 29
Tabela 3: Repotenciações, Reativações e Ampliações de UHE’s e PCH’s .................................................... 32
Tabela 4: Situação da PCH’s no Brasil até 1997. ............................................................................................ 34
Tabela 5: Dados de vazões médias mensais(m³/s). .......................................................................................... 50
Tabela 6: Tabela de freqüência acumulada de vazões mensais (m³/s) ............................................................ 51
Tabela 7: Comparação entre 1955 e 2011 ....................................................................................................... 59
Tabela 8: Impactos com as obras de repotenciação. ........................................................................................ 70
Tabela 9: Benefícios para economia local. ...................................................................................................... 70
Tabela 10: Avaliação da obra de repotenciação. ............................................................................................. 70
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANA Agência Nacional de Águas
ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica
CEEE Companhia Estadual de Energia Elétrica do Rio Grande do Sul
CEPTA Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Peixes Continentais
CPFL Companhia Paulista de Força e Luz
CERPCH Centro Nacional de Referência em Pequenas Centrais Hidrelétricas
CESP Companhia de Energética de São Paulo
COMASE Comitê Coordenador das Atividades de Meio Ambiente do Setor Elétrico
cv cavalo-vapor
DAEE Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo
EIA Estudo de Impacto Ambiental
EPE Empresa de Pesquisa Energética
f.e.m. força eletromotriz
FMI Fundo Monetário Internacional
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICMBio Núcleo de Biologia de Peixes fluviais "Dr. Pedro de Azevedo"
IEEE Institute of Electric and Electronic Engineers
MME Ministério de minas e energia
ONS Operador Nacional do Sistema
PCH Pequenas Centrais hidrelétricas
PVC Policloreto de vinila
RIMA Relatório de Impacto ao Meio Ambiental
RPM Rotação por minuto
UHE Usina Hidrelétrica
WWF World Wildlife Fund
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 11
2. OBJETIVOS .......................................................................................................................................... 12
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................................. 13
3.1 Energia e desenvolvimento ........................................................................................................... 13
3.2 Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) .................................................................................... 14
3.3 Turbinas Hidráulicas .................................................................................................................... 17
3.4 Geradores Elétricos ....................................................................................................................... 19
3.5 Impactos Socioambientais de Pequenas Centrais Hidrelétricas ................................................ 21
3.6 Repotenciação ................................................................................................................................ 23
3.7 Avaliação para repotenciação de Pequenas Centrais Hidrelétricas ......................................... 25
3.8 Impactos da repotenciação de Pequenas Centrais Hidrelétricas .............................................. 31
3.9 A repotenciação no Brasil ............................................................................................................. 32
3.10 Matriz de Impacto Ambiental ...................................................................................................... 34
4. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA EM ESTUDO ............................................................................... 35
4.1 Características de Pirassununga – SP.......................................................................................... 35
4.2 Histórico da PCH de Emas ........................................................................................................... 36
5. MATERIAIS E METODOS ................................................................................................................. 40
5.1. Materiais ......................................................................................................................................... 40
5.2. Metodologia de avaliação dos aspectos técnicos para a repotenciação. .................................... 40
5.3. Metodologia de avaliação dos aspectos socioambientais e econômicos ..................................... 41
6. RESULTADOS FINAIS........................................................................................................................ 42
6.1. Aspectos técnicos ........................................................................................................................... 42
6.1.1. Situação atual da PCH de Emas “velha” e PCH de Emas “nova” .................................... 42
6.1.2. Dados técnicos da PCH de Emas “velha” e da PCH de Emas “nova” .............................. 47
6.1.3. Estudo hidrológico atual: ...................................................................................................... 50
6.1.4. Proposta de Repotenciação e Reativação ............................................................................ 55
6.2. Aspectos socioambientais e econômicos ....................................................................................... 59
7. DISCUSSÃO .......................................................................................................................................... 71
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................ 75
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. ............................................................................................... 76
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO – ENTREVISTA PRESENCIAL ......................................................... 80
APÊNDICE B – MATRIZ DE IMPACTO SOCIOAMBIENTAL ................................................................. 81
APÊNDICE C – RELATOS DOS TRABALHADORES DA PCH DE EMAS “NOVA” ............................ 82
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1. INTRODUÇÃO
No início do século XX, foram implantadas no Brasil diversas pequenas centrais hidrelétricas (PCH)
para o abastecimento de energia em pequenas cidades. Essas usinas eram descentralizadas, de pequeno porte
e direcionadas às cidades próximas, atendendo a demanda local.
Com a criação dos centros industriais no período de industrialização da década de 50, a demanda por
energia aumentou e o governo brasileiro investiu na construção de usinas de grande porte para garantir o
abastecimento de energia no país. Nesse momento a maioria das pequenas centrais hidrelétricas (PCHs)
foram inutilizadas devido ao fato que geravam pouco comparados com as grandes usinas.
Atualmente as usinas hidrelétricas constituem a base do sistema de geração elétrica no Brasil,
correspondendo a cerca de 80% da matriz de geração de energia elétrica, mostrando que o país tem um
potencial hídrico interessante para a geração de energia (Agência Nacional de Energia Elétrica, ANEEL,
2010).
As PCHs que foram desativadas nas décadas de 1950 e 1960 poderiam hoje contribuir no sistema de
geração. No Brasil existem aproximadamente 545 PCHs que podem voltar ao sistema de geração e isso
representa aproximadamente 2.661 MW, 3,5% do parque nacional gerador (Ministério de Minas e Energia
MME), 2008). Entretanto, para reativar essas usinas no sistema de geração brasileiro é necessário efetuar
uma série de processos, denominado repotenciação.
Repotenciação consiste em determinar a capacidade de geração atual da usina e aplicar nela
melhorias para aumentar sua capacidade de geração ou a reativação com mesma capacidade de geração,
porém com equipamentos mais modernos e mais eficientes.
A recuperação de pequenas centrais hidrelétricas desativadas apresenta três grandes vantagens: a
realização do empreendimento é rápida, os custos são relativamente baixos quando comparados com usinas
de grande porte e a rapidez na obtenção de licenciamento ambiental.
Para que a obra de reabilitação seja viável, deve-se fazer uma avaliação do investimento que será
realizado e o possível retorno que este trará com a venda de energia. A maioria dos investimentos nesse tipo
de obra é viável.
A justificativa do trabalho está, portanto, na avaliação da PCH Emas Nova como exemplo para
outras centrai hidrelétricas, visando reintroduzir o potencial ocioso das PCHs desativas ou subutilizadas, que
se encontra na mesma, aumentando assim a capacidade do sistema de geração brasileiro e diminuindo o
número de impactos ambientais devido à construção de novas usinas. O trabalho justifica-se ainda por
demonstrar as principais vantagens do processo de repotenciação em usinas hidrelétricas, mostrando a
importância e atraindo os investidores.
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2. OBJETIVOS
O presente trabalho tem por objetivo, fazer um inventário da PCH de Emas Nova, localizada no rio
Mogi Guaçu em Cachoeira de Emas, distrito de Pirassununga – SP, com a finalidade de estudar seu novo
potencial energético para uma usina que já esteve em funcionamento e que será reativada hipoteticamente,
levando-se em consideração dados pré-existentes.
Objetivos Específicos:
Avaliar a pequena central hidrelétrica de Emas “Nova”, trançando um cenário hipotético de
repotenciação;
Elaborar uma matriz de impacto socioambiental baseada no início do empreendimento, na situação
atual do reservatório, produção energética futura;
Traçar um balanço econômico e ambiental do empreendimento com foco na época de construção,
cenário atual e futuro, bem como, sua participação na economia local.
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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 Energia e desenvolvimento
Desde a antiguidade, as sociedades têm necessidade de energia para a produção calor, cozimento dos
alimentos e aquecimento. Hoje em dia não é diferente, porém a energia que era obtida pelo do fogo e de
animais se transformou na energia elétrica, que é considerada necessidade básica para sociedade moderna
para uma vida confortável.
Com o aumento da população, a demanda por energia aumentou gradativamente, mas o que
ocasionou um acréscimo significativo foi a introdução de indústrias de produtos manufaturados na
revolução industrial. Os países que não participaram da revolução industrial ou não investiram no sistema de
produção de energia, não tiveram desenvolvimento econômico.
No decorrer dos séculos notou-se que o crescimento do país estava diretamente ligado à evolução das
suas demandas de energia. Nos países não desenvolvidos utilizava-se o índice de consumo de energia per
capita como um indicador de desenvolvimento. Segundo Goldemberg (1998) a energia é um ingrediente
essencial para o desenvolvimento, uma das aspirações fundamentais da população dos países
subdesenvolvidos.
Na Figura 1 é mostrada a dependência de energia em alguns indicadores sociais para diversos países,
entre eles o Brasil no ano de 1998 – taxa de analfabetismo, mortalidade infantil, expectativa de vida e taxa de
fertilidade total – em uma função do consumo de energia comercial - per capita.
Segundo previsões da Empresa de Pesquisa Energética o Brasil tem previsto para 2020 um
crescimento do consumo de energia de 7,7% se igualando a China e Índia, e superando os países
desenvolvidos como os Estados Unidos (2,8%) e Japão (0,8%). Paralelamente, a economia brasileira tem
previsões de crescer 5,5% segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), mostrando que o
desenvolvimento do país está diretamente ligado ao consumo de energia (AGÊNCIA BRASIL, 2010).
Além do crescimento econômico, o Brasil tem como desafio sediar uma Copa do Mundo em 2014 e
as olimpíadas no Rio de janeiro em 2016. Isso exigirá dos governos medidas para suprir a demanda por
energia. Existem diversas medidas já sendo tomadas pelos governantes, como construção de usinas de
grande porte e utilização de fontes alternativas como biomassa e eólica.
Nesse contexto a introdução de PCHs se torna interessante devido às inúmeras vantagens, dentre
elas, o baixo custo de implantação e reativação das PCHs desativadas, nas já construídas o baixo custo para
reativação e baixo índice de impactos socioambientais quando comparados as UHEs.
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Figura 1: Indicadores sociais para diversos países
Fonte: GOLDEMBERG, 1998
3.2 Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs)
Segundo a Resolução 652 da Agência Nacional de Energia Elétrica ANEEL(2003), pequenas centrais
hidrelétricas são aproveitamentos hidrelétricos com potência entre 1 e 30 MW e área inundada de até 3,0
km². Outras características de obras civis, licenciamento ambiental, documentação e estudos necessários para
a execução das obras estão especificados nas, Diretrizes para Elaboração de Projeto Básico de Pequenas
Centrais Hidrelétricas (ELETROBRÁS, 2000).
Existem usinas menores conhecidas como micro e mini centrais, conforme apresento na tabela 1 com os seus
respectivos parâmetros.
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Tabela 1: Classificação de usinas hidrelétricas
CLASSIFICAÇÃO DAS
CENTRAIS
POTÊNCIA - P QUEDA DE PROJETO - Hd (m)
(kW) BAIXA MÉDIA ALTA
MICRO P < 100 Hd < 15 15 < Hd < 50 Hd > 50
MINI 100 < P < 1.000 Hd < 20 20 < Hd < 100 Hd > 100
PEQUENAS 1.000 < P < 30.000 Hd < 25 25 < Hd < 130 Hd > 130
Fonte: ELETROBRÁS/ANEEL,(1997).
Os principais tipos de PCHs, também especificado pela Resolução 652 da ANEEL, são:
A fio d’água: esse tipo é empregado quando as vazões de estiagem do rio são iguais ou maiores
que a descarga necessária à potência a ser instalada para atender à demanda máxima prevista. No
projeto não há necessidade de estudo de regularização de vazões e de sazonalidades;
Com regulação diária do reservatório: quando as vazões estiverem menores que as estabelecidas
para conseguir alcançar a capacidade de geração da PCH (período de estiagem). Então é
projetado um reservatório que suprir a falta de vazão de forma a manter a geração, isso em um
período diário;
Com regulação mensal do reservatório: a regulação mensal é semelhante à regulação diária, a
com a diferença que a regulação ocorre num período maior, de um mês.
As pequenas centrais hidrelétricas são compostas por diversos componentes, definidos pela
ELETROBRÁS (2000) em Diretrizes para Elaboração de Projeto Básico de Pequenas Centrais Hidrelétricas.
Entre esses componentes de forma simplificada, tem-se:
Barragem: a barragem é a estrutura que tem a função de represar a água, visando, com a elevação
do nível d’água do rio, possibilitar a alimentação da tomada d’água. No caso de locais de baixa
queda, a barragem tem também a função de criar o desnível necessário à produção da energia
desejada.
Reservatórios: são lagos formados pelo represamento de água pela barragem, e onde a energia está
armazenada em forma de energia potencial. Para a construção dos reservatórios são necessários
estudos ambientais e sociais, pois eles são os principais causadores de problemas ambientais.
Vertedouro: é uma estrutura de concreto construída ao lado da barragem com a finalidade de verter
o excesso de água que o reservatório não tem capacidade de armazenar, seu controle é feito através
da abertura e fechamento comportas.
Tomada d’água: é uma estrutura de grande importância, pois conecta a câmara de carga ao conduto
forçado, pode haver falhas nessa estrutura, pois se houver vazamento durante a operação não são
possíveis reparos sem a paralisação da usina. Juntamente a está estrutura existe uma grade com uma
inclinação que tem a finalidade reter objetos que possivelmente venham na corredeira do rio, como
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galhos e animais mortos, para que não entrem na turbina e a danifiquem. A grade tem a inclinação
para empurrar um possível objeto para a superfície do rio, facilitando a retirada;
Desarenador: é uma câmara posicionada à montante da estrutura da tomada d’água, destinada à
decantação da totalidade ou parte do material sólido grosso, com granulometria compreendida entre
0,1 e 10 mm, transportado pelo escoamento;
Canal de adução: o canal tem grande importância na usina, pois é através dele que a água percorre a
distância entre o reservatório até a câmara de carga, esse canal pode ser construído de concreto ou de
outro material para o melhor fluxo de água;
Câmara de carga: está localizada entre o canal de adução e o conduto forçado. Sua função é
impedir a entrada de ar no conduto forçado. Esta câmara é construída de material semelhante ao
canal de adução.
Comportas: tem a finalidade de controlar a vazão de água para a unidade geradora para eventuais
manutenções ou limpezas. As comportas estão localizadas na tomada d’água, no vertedouro, na
entrada e saída da turbina e também existem comportas chamadas descarregadores de fundo, que é
uma estrutura com a finalidade de limpeza do fundo do reservatório;
Conduto forçado: é uma tubulação normalmente de metal que liga o canal de adução e turbina.
Nesse percurso a pressão aumenta para melhorar a geração e este apresenta uma inclinação.
Chaminé de equilíbrio: é uma estrutura de concreto construída no conduto forçado com duas
finalidades principais. A primeira é armazenar água para que no início da operação da usina, a água
tenha força suficiente para vencer a inércia da turbina. A segunda função dessa estrutura é evitar
golpes de aríete que são causados quando as comportas são fechadas a água bate na comporta e volta
o conduto forçado, assim danificando as estruturas da usina, então a chaminé evita o golpe de aríete;
Casa de máquinas: é uma construção de alvenaria para abrigar e proteger a turbina e o gerador, que
são responsáveis pela transformação da energia potencial da água do reservatório em energia elétrica
e abriga todos os equipamentos de medição e controle;
Painel de medição e painel de proteção: no painel de medição encontram-se todos os instrumentos
que farão as medidas necessárias para que a PCH opere corretamente e para o operador acompanhar
o funcionamento da usina. O painel de proteção serve para proteger os equipamentos da casa de
máquinas, como os geradores e reguladores de velocidades, contra possíveis problemas que as linhas
de transmissão tragam para a PCH, como lo, aumento da corrente na carga por algum problema;
Transformadores: são equipamentos baseados em princípios eletromagnéticos e são utilizados para
elevar a tensão que é gerada para ser transmitida com o mínimo de perdas, e também para isolar
fisicamente o sistema de geração do sistema de transmissão.
A Figura 2 apresenta de maneira simplificada os principais componentes de uma PCH.
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Figura 2: Representação esquemática dos principais componentes de uma PCH.
Fonte: Bortoni et.al. (1999).
3.3 Turbinas Hidráulicas
Turbina hidráulica é uma máquina que através do escoamento de um líquido como água e óleo tem
por finalidade transformar a energia cinética contida no fluido em energia mecânica, para ser aproveitada
como trabalho (ROMA, 2003).
Segundo Mauad (2003) existem basicamente dois tipos de turbinas convencionais: turbinas de ação e
de reação. As turbinas de ação são aquelas que transformam a energia potencial em energia cinética a
pressão constante. A turbina de ação mais usada é a de Pelton. Na turbina de reação a água tem pressão
variando desde a entrada até a saída da turbina, havendo conversão de energia cinética e de energia potencial
(pressão) em energia mecânica, sendo as mais usadas, a Francis, Hélice e Kaplan.
Os principais tipos de turbinas usados atualmente são definidos pelo Centro Nacional de Referência
em Pequenas Centrais Hidrelétricas (CERPCH, 2010):
Turbina Pelton: são turbinas tangenciais utilizadas para altas quedas (350 m até 1.100 m) e baixas
vazões, em regiões montanhosas. Este modelo de turbina é constituído por um rotor dotado de pás
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em forma de conchas e são igualmente espaçadas pela sua periferia e ainda é impulsionada por jatos
que variam de um a seis. O espaçamento desses jatos é necessário para o balanceamento dinâmico do
rotor e faz com que esse tipo de turbina tenha um bom desempenho em várias situações. Um dos
problemas é devido à alta velocidade que a água se choca com o rotor, pois isso causa um efeito
abrasivo nas pás;
Turbina Francis: são máquinas de reação, escoamento radial (lento e normal) e escoamento misto
(rápida) e é usada em desníveis pequenos de cerca de 20 metros até quedas altas de 600 metros.
Apresenta um alto rendimento, sendo ele proporcional à potência, ao grau de fabricação e ao
acabamento da turbina;
Turbina Kaplan: trabalham em quedas de 20 a 50 m e altas vazões e são semelhantes à turbina do
tipo Francis, mas com uma diferença no rotor. Essa turbina se assemelha a um propulsor de navio
com duas a seis pás móveis. Esse movimento necessita de um sistema montado dentro do cubo do
rotor composto por manivelas e um êmbolo. A Kaplan também apresenta uma curva de rendimento
“plana” garantindo uma boa faixa de operação.
Turbina Bulbo: é semelhante à turbina Kaplan, mas devido à baixa queda (inferior a 20 m), o
gerador encontra-se em um bulbo por onde a água flui ao seu redor antes de chegar às pás, e opera
em quedas inferiores a 20 m e altas vazões;
Turbina Michell-Banki: é largamente utilizada no mundo, mostra-se altamente indicada para o uso
em áreas rurais, particularmente em pequenas centrais hidrelétricas (PCH’s). De tecnologia simples
requer poucos equipamentos para sua fabricação e manutenção, permitindo sua construção em
oficinas pouco sofisticadas. O seu campo de aplicação atende quedas de 3 a 100 metros, vazões de
0,02 a 2,0 m³/s e potências de 1 a 100 kW. Devido à sua facilidade de padronização, pode apresentar
rotações específicas entre 40 e 200 rpm;
Turbina Turgo. essa turbina é semelhante à Turbina Pelton, mas o jato é lateral e incide no injetor
e no rotor lateralmente, formando um ângulo entre 100 e 200 graus. A água escoa pelas pás saindo
livremente do outro lado para o canal de fuga. Com rotações específicas (nq) variando de 15 a 65
rpm, a Turgo atende a quedas entre 15 a 100 m e vazões de 0,01 a 0,100 m3/s, com potências de 100
W a 100 kW. Devido às maiores vazões admissíveis nos injetores da roda Turgo, ocorrem uma
diminuição do número de injetores, e consequentemente, há uma simplificação no sistema de
controle de velocidade. Com a diminuição do diâmetro há um aumento na rotação, logo, sob quedas
menores, é possível obter rotações adequadas ao gerador;
Turbina Shiele: A Turbina Schiele é produzida somente pela empresa Water Power Engineering,
em Cambridge, Inglaterra, e apresenta-se como um interessante tipo de turbina de reação. De rotor
aberto, com fluxo em paralelo, ela opera submersa abaixo do nível de jusante. O seu campo de
aplicação cobre quedas de 1 a 10 m, vazões de 0,095 a 1,7 m3/s, gerando potências desde 1,7 a 58
kW. Pelos dados fornecidos pelo seu fabricante, a rotação específica adotada é da ordem de 60 rpm.
19
Trata-se de uma concorrente da Turbina Michell-Banki, sendo que as vantagens estão no fato de
assumirem diâmetros menores e, consequentemente, maiores rotações que as turbinas de impulso. O
rotor, que é fabricado em diâmetros padrões (200, 300, 400 e 600 mm), são instalados com eixo
vertical, dentro de uma caixa espiral que, por sua vez, é ligada à tomada d’água por uma tubulação
de PVC. A água que vem escoando pelo rotor é dividida, saindo tanto pela parte superior quanto
inferior do rotor, para daí escoar para o canal de fuga através de um curto tubo de sucção. Devido ao
emprego de polímeros na fundição do rotor, não se faz necessário a usinagem pós-fabricação. Com
um acabamento extremamente liso e de alta integridade, o polímero por ser flexível, dá à turbina
uma alta resistência à erosão dos detritos que por ventura passem pela grade.
3.4 Geradores Elétricos
Geradores elétricos são máquinas elétricas rotativas que utilizam conceitos de eletromagnetismo para
transformar energia mecânica de rotação em energia elétrica.
O funcionamento de um gerador é baseado na lei de Faraday-Lenz, que pode ser enunciada da seguinte
maneira: a f.e.m. (força eletromotriz) induzida num circuito é igual à taxa de variação do fluxo magnético
através do circuito com o sinal trocado, expressado pela equação abaixo em Volts (V) (HALIDAY,1984).
(1)
Onde,
fem = Força magnetomotriz;
dɸ = Variação de fluxo magnético
dt = variação do tempo.
E pode ser entendida através do gerador elementar representado pela Figura 3. O gerador elementar é
composto por uma única espira de fio de cobre de formato retangular conectada nas suas pontas anéis
também feitos de cobre, que entraram em contato com escovas de carvão, onde será retirada a tensão e a
potência.
20
Figura 3: Gerador elementar corrente alternada
Fonte: COPEL/EDUCAÇÃO, 2010
A essa espira imersa em um campo magnético criado entre os pólos Norte e Sul de um imã
permanente é aplicado um movimento rotativo por uma força externa, no caso das centrais hidrelétricas essa
força externa é o movimento da água. Surge uma corrente nessa espira e consequentemente uma tensão nas
escovas colocadas nos anéis, essa tensão é denominada força eletromotriz.
As máquinas que são usadas para geração em centrais hidrelétricas são baseadas no funcionamento
de um simples gerador elementar, mas devido às proporções de geração de potência e tensão, os geradores
são mais complexos e necessitam de outros componentes. Essas máquinas são chamadas de geradores
síncronos ou alternadores, e serão explicados a seguir segundo GRUPOZUG (2010).
Mecanicamente, o alternador é constituído por duas partes principais: uma fixa, que é a carcaça,
conhecida como estator, onde se encontram os pés de fixação, as ranhuras para alocação das bobinas, os
terminais de saída e as tampas da carcaça abrigam os mancais para o eixo. E a outra móvel, conhecida como
rotor, que é um eixo composto por bobinas e nas extremidades desse eixo encontram-se rolamentos que
apóiam nos mancais.
Eletricamente os geradores também são divididos em duas partes, sendo uma é responsável pelo
campo magnético, onde estão localizados os pólos do alternador, chamado de campo (ou indutor). E a outra é
onde aparece a força eletromotriz, a qual se denomina de induzido. Os posicionamentos do campo e do
induzido dão origem a dois tipos de máquinas. Quando o campo está localizado no estator, tem-se uma
máquina de pólos fixos, e ao contrário, quando o campo se encontra no rotor, tem-se uma máquina de pólos
girantes. As máquinas de pólos fixos são pouco utilizadas devido ao inconveniente da necessidade de
escovas para retirar a energia gerada. As máquinas de pólos girantes são as mais utilizadas por permitirem a
retirada de energia diretamente dos terminais das bobinas.
Os geradores explicados anteriormente são os monofásicos, porém os utilizados em usinas são
geradores trifásicos que têm uma pequena diferença: que deve-se ao fato de possuir três grupos
independentes de bobinas defasadas em 120º entre si, para obter as configurações desejadas de ligações e
21
assim conseguir diferentes tensões. Na Figura 4 é representado um esquema de um gerador trifásico com
seus componentes.
Figura 4: Esquema de um gerador.
Fonte: GRUPO ZUG,2010
3.5 Impactos Socioambientais de Pequenas Centrais Hidrelétricas
Os empreendimentos hidrelétricos, de uma forma geral, produzem grandes impactos negativos sobre
o meio ambiente, que são verificados ao longo e além do tempo de vida da usina e do projeto, bem como em
todo o espaço físico envolvido. Os impactos se focam nas relações com unidades físicas, biológicas e
socioeconômicas, associadas principalmente à área em estudo.
Para esse tipo de empreendimento é importante que haja uma gestão ambiental em todas as fases,
desde as fases iniciais do projeto, passando pela etapa de construção, e que continue ao longo da vida útil da
usina, para que possa minimizar os efeitos negativos e maximizar os benefícios da mesma (GYORI, 2007).
Os impactos ambientais negativos de uma PCH são (NILTON, 2009).:
Inundação de áreas agricultáveis;
22
Perda de vegetação e da fauna terrestres;
Interferência na migração dos peixes;
Mudanças hidrológicas a jusante da represa;
Alterações na fauna do rio;
Interferências no transporte de sedimentos;
Perda da biodiversidade, terrestre e aquática.
A construção de (PCHs), sem dúvida, também causa impactos ambientais negativos, porém em
proporções menores. O fato de o reservatório apresentar dimensões menores, muitos dos impactos
mencionados anteriormente são amenizados e, se forem consideradas as PCHs a fio d’água, alguns deles
podem ser evitados.
Nem todos os efeitos da construção de uma PCH são negativos. Devem-se considerar também os
diversos efeitos positivos, como (NILTON, 2009):
Produção de energia renovável: hidroeletricidade;
Retenção de água regionalmente;
Aumento do potencial de água potável e de recursos hídricos reservados;
Criação de possibilidades de recreação e turismo;
Aumento do potencial de irrigação;
Aumento e melhoria da navegação e transporte;
Aumento da produção de peixes e da possibilidade de aquicultura;
Regulação do fluxo e inundações;
Aumento das possibilidades de trabalho para a população local (NILTON, 2009).
Além dos impactos ambientais, as PCHs também proporcionam impactos no sentido sociais mais
complexos, devido ao fato de envolver pessoas:
Deslocamento da população à montante e à jusante da barragem;
As pessoas deslocadas por causa de outras partes do projeto (como por exemplo, as linhas de
transmissão, a casa de máquinas, etc.);
As famílias que perdem suas terras ou parte delas, mas que permanecem com suas casas;
As pessoas que utilizam as terras comuns para pastagem do gado, colheita de frutos, vegetais e
madeiras;
As pessoas que têm seu acesso a escolas, hospitais e comércio obstruído em função da destruição e
alagamento de estradas;
As pessoas cujas atividades econômicas dependiam da população deslocada, como por exemplo,
professoras de escolas inundadas, caminhoneiros que transportavam a população, etc.
23
Empreendimentos hidrelétricos são considerados uma alternativa sustentável e renovável para a
geração de energia elétrica, porém causam impactos socioambientais que podem inviabilizar ou encarecer a
construção da usina. Por isso a necessidade de fazer todos os procedimentos legais para avaliar o impacto da
usina, e apresentar ao empreendedor quais serão as ações que deverão ser tomadas para minimizar os
impactos. Assim o investidor pode calcular o valor real do investimento, considerando as medidas para
impedir ou diminuir os impactos. Na Figura 5 é apresentado um fluxograma simplificado de quais
procedimentos os empreendedores devem tomar para obter o licenciamento de uma PCH:
Figura 5: Diagrama simplificado do procedimento de Licenciamento Ambiental.
Fonte: Aguilar (2010).
3.6 Repotenciação
Na literatura existem diversas definições para repotenciação que, entre outros fatores, do tipo
do projeto no qual está se referindo. No caso de empreendimentos hidrelétricos uma boa definição é proposta
por Veiga (2001): “é todo projeto que visa gerar um ganho de potência ou de rendimento da usina”.
Existem também outras definições, como as definidas por Santos (2003):
24
“Redefinição da potência nominal originalmente projetada, através da adoção de avanços tecnológicos e
de concepções mais modernas de projeto”.
“Elevação da potência máxima de operação, em função de folgas devidamente comprovadas no projeto
originalmente concebido, sem incorporar novas tecnologias à unidade geradora”.
Esta classificação considera a extensão das obras no empreendimento. São os tipos adotados pela
ANEEL,segundo Veiga (2001), obtendo-se a seguinte classificação:
Repotenciação mínima: corresponde ao reparo do conjunto turbina gerador, recuperando seus
rendimentos iniciais;
Repotenciação leve: corresponde à classificação adotada pela ANEEL em que se obtém na ordem de
10% de ganho de capacidade, valor adotado por já existirem vários casos neste nível. Representa a
repotenciação da turbina e do gerador;
Repotenciação pesada: corresponde à classificação pela ANEEL com ganhos de capacidade de 20 a
30% pela troca de rotor com poucos casos registrados.
Não existe um perfil padrão para que se diga que determinada usina precisa passar por um processo
de repotenciação, porém nota-se um padrão nas usinas que já passaram por repotenciação ou mesmo
somente uma avaliação teórica.
Essas usinas, no caso as PCHs, são usinas com mais de 50 anos sem sofrer qualquer melhoria e que
geram potências inferiores às dimensionados. Somente uma avaliação completa dela poderá afirmar se a
usina deve ou não ser repotenciadas.
A realização prévia de avaliações técnicas a fim de se conhecer, criteriosamente, a eficiência da
geração de energia e o estado atual dos equipamentos têm como principais objetivos estimar o tempo de vida
residual da usina e assim introduzir corretivas ou intervenções, visando à otimização da geração elétrica
(redução de perdas) e o aumento da confiabilidade.
Após a avaliação do desempenho global de uma usina hidrelétrica e de suas unidades geradoras
individualmente, existem quatro opões do ponto de vista estritamente gerencial, que são: desativação, reparo,
reconstrução e reabilitação.
A desativação representa a retirada da usina de funcionamento ou até mesmo a demolição da mesma.
O reparo é um procedimento que ocorre diariamente em todas as usinas, porém existe um fator limitante, que
é a vida útil dos componentes da usina. Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME) (2008), as duas
primeiras opções representam inconstância na disponibilidade futura das máquinas causando baixa
confiabilidade e baixo fator de capacidade, não justificando novos investimentos no empreendimento.
Ainda segundo Ministério de Minas e Energia (MME) (2008), a opção de reconstrução é muito
aplicada a PCHs, com total substituição dos componentes de geração da usina, ou seja, a estrutura de
construção civil como barragens, casa de máquinas, entre outras, serão mantidas, o que sofrerá alteração são
25
os componentes de geração. Entretanto pode haver melhorias nos componentes estruturais, como por
exemplo, pinturas e impermeabilizações.
Por fim a reabilitação deve resultar em extensão da vida útil, melhoria do rendimento, incremento da
confiabilidade, redução da manutenção e simplificação da operação. Os dois últimos casos poderiam ser
chamados de repotenciação, pois têm justificativas suficientes para novos investimentos no empreendimento.
Os principais fatores que justificam a usina a passar pelo processo de repotenciação é a deterioração
dos equipamentos, obsolescência do dimensionamento da usina e defasagem tecnológica, Todos estão
relacionados com o fator tempo, e serão definidos a seguir segundo o Ministério de Minas e Energia (MME)
(2008).
Deterioração dos equipamentos: essa deterioração é natural e está relacionada à vida útil dos
equipamentos da usina. A velocidade e a intensidade da deterioração estão vinculadas aos materiais
utilizados e ao regime de operação e manutenção que foram efetuados;
Obsolescência do dimensionamento da usina: esse fator é o mais importante para a repotenciação,
pois dele podem-se retirar grandes ganhos de potência. A obsolescência está relacionada aos
parâmetros usados para dimensionar os equipamentos da usina, que podem ter sofrido alterações ou
até mesmo erros de medidas devido à tecnologia usada na época. Outros exemplos que podem
influenciar nesses parâmetros são a evolução da tecnologia de medição e restituição de vazões
afluentes que também é responsável por variações, por vezes significativas, encontradas em algumas
usinas. A construção de um novo aproveitamento hidrelétrico a montante de outros na mesma bacia
hidrográfica, pode implicar em alteração dos parâmetros de potência efetiva e energia firme a serem
atribuídos às usinas de jusante da bacia, ensejando uma revisão sequencial.
Defasagem tecnológica: a esse fator qualquer tipo de usina está sujeita devido à evolução
tecnológica dos componentes envolvidos. Em razão da defasagem tecnológica, a eficiência dos
antigos equipamentos instalados na usina poderá ser, em muitos casos, bastante inferior à de novos
equipamentos (turbina, gerador, sistemas de controle, etc.).
3.7 Avaliação para repotenciação de Pequenas Centrais Hidrelétricas
Antes de avaliar os meios possíveis de conseguir um aumento significativo na potência da usina
através do processo de repotenciação, é necessário entender a equação que determina a energia produzida por
ela. Para entender essa equação, tem-se que entender outros conceitos que serão explicados juntamente com
o desenvolvimento da equação da energia.
A potência instantânea natural disponível em uma central hidrelétrica é dada pela equação 2
(MAUAD, 2003):
P = g . ρ . ɳt . ɳg . h . Q (2)
26
Onde:
P = potência natural disponível ou capacidade instantânea de produção de energia elétrica (em MW);
g = constante que depende da aceleração da gravidade (m/s2)
ρ=densidade específica da água;
ɳt = rendimento da Turbina;
ɳg = rendimento do Gerador;
h = altura de queda líquida, correspondente à diferença entre os níveis de montante e de jusante, (em m);
Q = vazão total turbinada pelo conjunto de unidades geradoras (em m3/s).
A potência instalada da usina é determinada com base nos critérios de dimensionamento de usinas
hidrelétricas (MME, 2007), tendo em conta que os valores de h e Q podem variar significativamente com o
tempo e com a operação da usina. Assim, de forma simplificada, o cálculo da potência instalada é dado pela
seguinte expressão:
PI = g . ρ . ɳt . ɳg . hr . Qr (3)
Onde:
PI = potência instalada na usina ( MW);
hr = altura de queda líquida usada como referência para o projeto da turbina, ou seja, para a qual o
rendimento da turbina será máximo ( m);
Qr = vazão total turbinada de referência, ou seja, vazão nominal utilizada como referência para se determinar
a potência nominal dos geradores ( m3/s).
A capacidade de produção de energia elétrica de uma usina estará sempre limitada pela potência
efetiva total dos geradores. Além disso, em um instante qualquer, a potência total disponível para geração
pode estar reduzida devido às indisponibilidades forçadas e programadas de unidades geradoras. Assim, em
média, tem-se:
Pd = fd . PI (4)
Onde:
Pd = potência média disponível ou capacidade média de geração da usina ( MW);
fd = fator de disponibilidade média das unidades geradoras;
PI = potência instalada na usina ( MW).
27
Para se determinar a produção de energia de uma usina ao longo de um ano, é necessário conhecer a
evolução dos parâmetros h e Q ao longo do ano. Todavia, utilizando-se valores médios para os parâmetros r,
h e Q, ou seja, admitindo-se uma potência efetiva média constante ao longo do ano, pode-se estimar a
quantidade total de energia produzida pela usina hidrelétrica, através da seguinte expressão:
E = 8760 . fp . fd . PI (5)
Onde:
E = energia total gerada na usina ao longo de um ano, ou 8.760 horas ( MWh/ano);
fp = fator de permanência, que reflete a disponibilidade média anual de vazão e queda líquida na usina, ou
seja , do produto h x Q, para a produção de energia elétrica.
A energia firme de uma usina corresponde à sua geração média ao longo do período crítico: maior
período de tempo em que os reservatórios, partindo cheios e sem reenchimentos totais, são deplecionados ao
máximo, estando o sistema submetido à sua energia firme.
Desta forma, utilizando-se a equação (5), pode-se definir a energia firme (E*) de uma usina da
seguinte forma:
E* = 8.760 . fp* . fd . PI (6)
Onde: Ministério de Minas e Energia
fp* = fator de permanência crítico, ou seja, computado ao longo do período crítico do sistema de referência.
A expressão (6) pode ser usada também para se calcular o fator de capacidade (FC) da usina hidrelétrica,
definido como:
FC = E* / (8.760 . PI) = fp * . fd (7)
Substituindo a expressão (3) em (6), tem-se:
E* = 8760 . fp * . fd . g . ρ . ɳt . ɳg. hr . Qr (8)
Analisando-se a equação (8), pode-se verificar que basicamente são quatro formas de se aumentar a
produção de energia em uma usina hidrelétrica, através de ações de repotenciação que podem proporcionar
28
ganho: de rendimento (ɳ), na queda líquida (hr), na vazão turbinada (Qr), e de disponibilidade (fd), Essas
ações serão explicadas com mais detalhes a seguir.
3.7.1 Ganhos de rendimento (ɳ)
O ganho de rendimento pode ser obtido através de dois componentes principais de uma usina, que
são as turbinas hidráulicas e os geradores elétricos. Segundo a Ministério de Minas e Energia (MME) (2008),
o principal fator que favorece o ganho de rendimento é a introdução de novas tecnologias em equipamentos
de conversão eletromecânica, dentre elas, novos materiais em geradores elétricos e turbinas e diferentes
disposições das pás de turbinas tornando mais eficientes. Isso é decorrente das usinas terem sido construídas
há muitos anos, o que se agrava nas PCHs, que são mais antigas do que usinas de grande porte. Segundo a
WWF Brasil (2004) a média de idade das PCHs do Brasil é de 57 anos, pois foram construídas na década de
40 e 50. Portanto, uma simples substituição de parte ou total de componentes pode elevar o rendimento da
PCH.
Antes de iniciar qualquer tipo de ação de repotenciação em relação ao conjunto gerador-turbina é
necessário fazer um diagnóstico para mensurar qual é o atual rendimento da turbina e do gerador. Existe uma
sequência de procedimentos que devem ser seguidos para facilitar o diagnóstico. A seguir será explicado o
diagnóstico da turbina e do gerador.
Segundo Justino (2006), o diagnóstico da turbina para ações de repotenciação deve começar com o
levantamento da documentação da turbina, que é a documentação do projeto e o prontuário de manutenção.
Esses documentos fornecem dados importantes para os cálculos de repotenciação. Entretanto muitas usinas
não têm esses documentos, por serem usinas antigas.
O passo seguinte é fazer o ensaio de rendimento dessa turbina, conhecido como “Index test”, e por
meios dele serão determinado as alterações no rendimento ou potência fornecida ao eixo do gerador devido
ao envelhecimento, erosões e qualquer outro tipo de problema que afetem a turbina. Esse teste será
conclusivo no sentido em que viabiliza as ações de repotenciação em relação à turbina.
Segundo Veiga (2001), o diagnóstico do gerador é de grande importância, pois é o componente que
possibilita o maior ganho de rendimento como observado na Tabela 2, e deve-se começar o diagnóstico da
mesma maneira das turbinas fazendo o levantamento dos documentos de projeto e dos prontuários de
manutenção.
Segundo as recomendações da Proposta de Normatização de Institute of Eletric and Eletronic
Engineers (IEEE ,2005), que são normas que determinam um programa completo para avaliação das
condições dos componentes do gerador. As conclusões tiradas nesse programa são índices de confiabilidade
dos equipamentos e o rendimento do gerador em análise, além de avaliar as condições do sistema de
refrigeração.
29
Os resultados de ambos os testes serão conclusivos no sentido que eles viabilizam as ações de
repotenciação em relação ao conjunto turbina e gerador, e também indicam quais os pontos que necessitam
de intervenção para melhorar o rendimento da usina.
Tabela 2: Ganhos de repotenciação
Recapacitação Tipo Percentual de ganho
Hidrologia Energia/Potência 10 a 15%
Circuito Hidráulico Potência Até 1%
Turbina Potência 2 a 5%
Gerador Potência 20 a 30%
Fonte: Veiga (2001).
3.7.2 Ganho na queda líquida (hr)
Segundo a NOTA TÉCNICA MME (2008) para se obter um ganho em relação à queda líquida pode-
se alterar as cotas da usina tanto a montante como a jusante, porém isso demandaria o início de obras na
estrutura da usina e poderia encarecer o processo de repotenciação. Veiga (2001) sugere uma alternativa para
obter ganho na queda líquida que é diminuir as perdas no circuito hidráulico da usina compreendido entre a
tomada d’água e tubo de sucção na saída da turbina, que ocorrem devido ao envelhecimento, no caso das
usinas que tem o perfil para serem repotenciadas são muito antigas, e também devido à defasagem
tecnológica em materiais utilizados que aumenta a rugosidade do circuito hidráulico.
Fabiani et al.(2008) afirmam que é possível aumentar o ganho de potência fazendo recuperação no
circuito hidráulico através de manutenção de grades na tomada d’água e recuperação das paredes internas do
conduto forçado para melhorar a rugosidade e assim diminuir as perdas por atrito nas paredes. No trabalho
Fabiani et al.(2008) demonstram em duas PCHs quanto de potência pode-se obter quando o circuito
hidráulico, no caso o conduto forçado, passa por um processo de repotenciação através da aplicação de uma
resina que diminui a rugosidade interna do conduto forçado. No caso da PCH Fagundes houve aumento da
vazão máxima escoada de 5,36 m³/s para 7,31 m³/s, suficiente para instalar máquinas com potência total de 8
MW, ou invés dos 4,8 MW instalados atualmente. Em outro caso, a PCH Piabanha não possui condutos em
bom estado de conservação, e a recuperação dos condutos com resina permitirá o retorno a condições seguras
de operação. Permitirá, ainda, o aumento da vazão máxima escoada de 26,37 m³/s para 29,88 m³/s, suficiente
para instalar máquinas com potência total de 12 MW, ao invés dos 9 MW instalados atualmente.
Desse modo, para se obter ganho de queda líquida, do ponto de vista dos processos de repotenciação,
seria mais interessante atuar na diminuição das perdas do circuito hidráulico do que na queda propriamente
30
dita, pois demandaria a execução de obras nas partes estruturais, podendo inviabilizar a repotenciação devido
ao aumento do custo do projeto.
3.7.3 Ganho na vazão turbinada (Qr)
Segundo Ministério de Minas e Energia (MME) (2008) para se obter ganho na vazão turbinada deve-
se avaliar as condições hidrológicas do local, onde a usina está implantada para obter os valores de vazão em
que a usina estáoperando. Para que seja possível ações de repotenciação é necessário que a usina tenha sido
sub - dimensionada.
Segundo Veiga (2001), em pequenas centrais hidrelétricas é comum o sub – dimensionamento,
devido à prática de não esgotamento do potencial hídrico do rio. Como as PCHs são centrais antigas o
levantamento das séries históricas de vazões do rio utilizou-se instrumentos que não tem a precisão atual, e
isso pode gerar erros consideráveis nos cálculos de energia das usinas.
Ainda segundo Veiga (2001) é necessário seguir um procedimento para os estudos hidrológicos que
estão listados a seguir:
Coleta de vazões do rio onde a usina está alocada, através do Serviço de Informações hidrológicas da
ANA (Agencia Nacional de Águas);
Verificação das estações fluviométricas na região da bacia hidrográfica do rio;
Medições de vazões na usina;
Estudo de regressão, se necessário;
Comparação de dados novos com os dados antigos da usina.
O resultado da avaliação hidrológica fornecerá os parâmetros necessários para avaliar quais os locais
que deverão sofrer ações de repotenciação e assim garantir o ganho de vazão turbinada para aumentar a
energia da usina ou voltar com a energia idealizada na sua construção.
3.7.4 Ganho na disponibilidade (fd)
O fator de disponibilidade (fd) apresentado na equação (7) é definido pelo Informe Técnico da
Empresa de Pesquisa Energética –(EPE, 2006) como sendo a capacidade de usina estar em condições de
gerar, em um dado instante ou durante um intervalo de tempo, levando em considerações alguns aspectos
como confiabilidade e a manutenção conforme apresentação na equação 9.
fd = (1 – TEIF) . (1 – IP) (9)
Em que:
31
TEIF = taxa equivalente de indisponibilidade forçada no ano;
IP = índice de indisponibilidade programada no ano.
Os índices TEIF e IP são calculados anualmente com base nos registros históricos de operação a
usina pela ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), e são definidos pelo Informe Técnico EPE 2006):
Indisponibilidade programada - IP: percentual do tempo em que a usina não está apta a operar, devido à
execução de programa de manutenção preventiva.
Taxa equivalente de indisponibilidade forçada - TEIF: percentual de um período de tempo em que a usina
não está apta a operar, devido à ocorrência de falha ou interrupção de emergência em condições não
programadas.
Segundo o Relatório do Operador Nacional do Sistema Elétrico (NOS, 2010) as usinas hidrelétricas
brasileiras apresentam valores relativamente baixos tanto para a TEIF (inferior a 2,5%) quanto para IP (na
faixa de 5 a 8%). Assim não é possível obter grandes melhorias através de ações de repotenciação no fator de
disponibilidade devido ao bom planejamento do sistema elétrico brasileiro.
3.8 Impactos da repotenciação de Pequenas Centrais Hidrelétricas
No Brasil, não existe nenhuma legislação específica para obras de repotenciação de usinas, porém
devem ser seguidas as diretrizes da regulamentação em vigor para novos ou expansão de aproveitamentos
hidrelétricos. Assim todo acréscimo de geração deve ser registrado e autorizado pela ANEEL.
As Resoluções da ANEEL que se aplicam à repotenciação de grandes e pequenas centrais hidrelétricas
(COMASE/LAISE, 2007) são:
A Resolução ANEEL 395/98 (ANEEL, 1998): estabelecem procedimentos gerais para registro e aprovação
de estudos de viabilidade e projeto básico de empreendimentos de geração hidrelétrica, assim como fornece
autorização para exploração de centrais hidrelétricas e declara de utilidade pública, para fins de
desapropriação, áreas necessárias à implantação de instalações de geração de energia elétrica. Os estudos e
projetos serão avaliados quanto: ao desenvolvimento dos estudos ou projetos fundamentados em estudos
básicos consistentes e adequados à etapa e ao porte do empreendimento; ao atendimento da boa técnica em
nível de projetos e soluções para o empreendimento, especialmente quanto às condições de atualidade,
eficiência, segurança e apresentação de custos com precisão adequada às diversas etapas de desenvolvimento
dos estudos, de modo a garantir uma correta definição do dimensionamento ótimo, de acordo com as normas
técnicas e procedimentos instituídos pela ANEEL; à articulação com os órgãos ambientais e de gestão de
recursos hídricos, nos níveis federal e estadual, bem como junto a outras instituições com interesse direto no
empreendimento, quando for o caso, visando a definição do aproveitamento ótimo e preservando o uso
múltiplo das águas; e à obtenção do licenciamento ambiental pertinente (Art. 12 e incisos).
Resolução ANEEL 112/99 (ANEEL, 1999): estabelece requisitos necessários à obtenção de registro ou
autorização para a implantação, ampliação ou repotenciação de centrais geradoras termelétricas, eólicas e de
32
outras fontes alternativas de energia, como as PCHs. A autorização de centrais geradoras com potência
superior a 5.000 kW deverá ser solicitada à ANEEL, mediante requerimento acompanhado de relatório
contendo a obtenção das licenças ambientais, entre outros (Art.5º). Para início das obras de implementação e
início de operação a Autorizada deverá, previamente ao início da construção da central geradora e de sua
operação, remeter à ANEEL cópia da LI (Licença de instalação) e LO (Licença de Operação) (Art. 16). A
Autorizada deverá manter em seu arquivo, à disposição da ANEEL, o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e
Relatório de Impacto do Meio Ambiente (RIMA) ou estudo ambiental formalmente requerido pelo órgão
ambiental conforme legislação específica de meio ambiente (Art. 17).
Tendo em vista a legislação ambiental citada acima referente a empreendimentos hidrelétricos, nota-
se que construir novas usinas terá muito mais impacto do que realizar a repotenciação e reativação das usinas
já existentes, assim eleva-se a oferta de energia elétrica do sistema, com impactos negativos menores ou
mesmo inexistentes (MALDONADO et al., 2006).
Supondo que as usinas a serem repotenciadas existem há mais de vinte anos, a maioria dos impactos
provocados no período da construção já foi absorvida pela natureza no decorrer dos anos, de modo que a
fauna e a flora já estão readaptadas ao ambiente (GYORI, 2007).
Segundo Gyori (2007) na repotenciação tipo reabilitação, onde não seja necessária a alteração do
nível do reservatório, não há possibilidade de novos processos erosivos à margens do reservatório, de
inundações de terras agrícolas e matas nativas e de novas decomposições orgânicas que afetem a qualidade
da água. Este tipo de repotenciação não é praticado em usinas de grande porte, pois qualquer alteração no
nível do reservatório poderia causar impactos de grandes proporções, elevando o custo do empreendimento e
consequentemente inviabilizando a obra.
Obras de repotenciação que resultam na reativação de usinas sem interferir no nível do reservatório
representam uma opção que não gera impactos ao meio ambiente além de reativar a economia local, no
sentido de aumentar as arrecadações municipais, gerar novos empregos à comunidade, incentivar o turismo e
a pesca recreativa (GYORI, 2007).
Incentivar atividades culturais na própria usina como: projetos educacionais para a população em
parceria com instituições municipais, abordando temas como piscicultura, agricultura, preservação
ambiental, preservação das espécies em extinção, uso racional de energia elétrica, uso racional da água, entre
outros. Projetos educacionais voltados para a conscientização sobre a importância da preservação e do uso
racional dos recursos disponíveis são fundamentais para diminuir os impactos socioculturais, melhorando a
qualidade de vida da população local.
3.9 A repotenciação no Brasil
A primeira repotenciação que ocorreu no Brasil foi a da Usina Ilha dos Pombos em Carmo – RJ da
empresa Light, com contrato assinado com a ABB/ALSTON em julho de 1997(AVRUCH, 1997). A partir
dessa data ocorreram diversas pelo país como pode ser observado na Tabela 3, alguns exemplos:
Tabela 3: Repotenciações, Reativações e Ampliações de UHE’s e PCH’s
33
Fonte: ANEEL, Superintendência de Fiscalização dos Serviços de Geração (SFG), (2001).
Atualmente a repotenciação se tornou uma atividade comum para os empreendedores e empresas do
setor elétrico. No Brasil existem empresas responsáveis pelas usinas investindo em repotenciação, algumas
notícias de exemplo:
“A Companhia Estadual de Energia Elétrica do Rio-Grande do Sul (CEEERS) decidiu no final do ano
passado voltar a investir na área de geração de energia elétrica. Para 2010, a estratégia do grupo é apostar na
repotenciação de suas pequenas centrais hidrelétricas.” (Jornal da energia, 2010).
“As medidas tomadas pela CPFL(Companhia Paulista de Força e Luz), para assegurar maior eficiência na
UHE Monte Claro, estão afinadas com o seu Projeto de Repotenciação e Modernização das Pequenas
Centrais Hidrelétricas (PCHs). Algumas das 19 PCHs da empresa já foram repotenciadas, o que significou
acréscimo de 10 MW na produção própria de energia.” (Planeta sustentável, 2011).
Essas notícias demonstram que as atividades de repotenciação em PCHs estão se tornando uma
prática comum entre as empresas responsáveis e fazendo com que não haja a necessidade de construir novas,
e assim aumente o fornecimento de energia sem agredir o meio ambiente.
Do ponto de vista das pequenas centrais hidrelétricas, o Brasil é um país que possui muitas PCH’s
devido à necessidade de energia no início do século XX para mineradoras. Entretanto, era um processo
descentralizado fazendo com que as usinas se espalhassem pelo país.
34
A situação de muitas dessas usinas é desconhecida como pode ser observado na Tabela 4 de dados
levantados até 1997. Essas usinas representam um potencial energético parado que poderia estar no sistema
de energia do Brasil, aumentando a capacidade de geração e reduzindo gastos com a construção de novas
usinas.
Tabela 4: Situação da PCH’s no Brasil até 1997.
Situação Quantidade Cap. Total Instalada(MW) Cap. Média instalada(MW)
Em operação 331 604,6 1,83
Em recapacitação 3 7,8 2,59
Reativação 7 16,6 2,36
Abandonadas 428 154,5 0,36
Desconhecidas 1089 327 0,3
Total 1.858 1.111,30 0,59 Fonte: AMARAL, (1999)
3.10 Matriz de Impacto Ambiental
Segundo Sánchez (2008) existem diversos tipos de matrizes para diversas aplicações, mas todas têm a
mesma função apresentar os impactos ambientais e classificá-los e suas ações de mitigação de forma a
qualquer pessoas entender.
Um tipo de matriz muito conhecida é a de Leolpold (1971), que foi o pioneiro a utilizar esse método
para apresentar impactos. Essa matriz permite uma rápida identificação dos problemas ambientais de um
projeto. E bastante abrangente, pois envolve aspectos físicos, biológicos e socioeconômicos. Entretanto há
desvantagens como, por exemplo, não pode avaliar a frequência das interações e nem fazer projeções no
tempo.
Leolpold (1971) informa que nesse tipo de matriz os impactos apresentam dois atributos: a
magnitude e a importância. Magnitude é a grandeza, em escala espacial e temporal, de um impacto (em
termos absolutos), importância é a intensidade do efeito relacionado com um dado fator ambiental, com
outros impactos ou determinadas características, como: direto/indireto, local/regional, imediato ou a
médio/longo prazo, temporário/permanente, reversível/irreversível.
Outro tipo de matriz apresentada por Sánchez (2008) é mais utilizada para pessoas que não são
especialistas na área, por exemplo, a população atingida pela construção de uma usina. Nessa matriz constam
os impactos, a fase do empreendimento, a classificação dos impactos, as medidas de controle e mitigação e
os programas ambientais.
Essa matriz não será utilizada pelo responsável dos projetos de medidas de mitigação, pois tem uma
interpretação subjetiva dos impactos.A matriz teria função de comunicação, pois serviria como um resumo
35
do texto de avaliação ambiental e possibilitaria que os vários leitores dos estudos de impacto determinem
rapidamente quais são os impactos considerados significativos e sua importância relativa (LEOPOLD, 1971)
Todo projeto que envolva meio físico, biológico e antrópico é preciso que tenha elaboração dos
estudos de ambiental com todas as exigências legais, para que não ocorra problemas no período da
implantação do empreendimento e posteriormente.
Sánchez (2008) afirma que uma matriz é suficiente para ser usada como uma lista de verificação de
referência ou como uma recordação do amplo espectro de ações e impactos ambientais que podem estar
relacionados às ações propostas.
4. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA EM ESTUDO
4.1 Características de Pirassununga – SP
Pirassununga está Localizada na latitude 21º59'46" Sul e longitude 47º25'33" Oeste, estando a uma
Altitude média de 627 metros.Conforme o Censo 2010 do IBGE (IBGE,2010), sua população é de 70.138
habitantes, e seu território possui uma área de 727km².
A economia de Pirassununga é bastante diversificada, baseada na agropecuária, indústrias de base e
de produtos, empresas de prestação de serviços e turismo (IBGE, 2009).
Na cidade encontram-se a Academia da Força Aérea (AFA), onde são formados oficiais dos quadros
de infantaria, intendência e aviação, todos de carreira e futuros comandantes de Organizações Militares
da Força Aérea Brasileira; a Universidade de São Paulo (USP), com os cursos de Engenharia de Alimentos,
Engenharia de Biossistemas, Medicina Veterinária e Zootecnia; o Forte Anhanguera, que abriga o 13º
Regimento de Cavalaria Mecanizado do Exército Brasileiro; o CEPTA - Centro Nacional de Pesquisa e
Conservação de Peixes Continentais, ligado ao ICMBio; Núcleo de Biologia de Peixes fluviais "Dr. Pedro de
Azevedo" e o Distrito de Cachoeira de Emas, recanto turístico, onde se encontram restaurantes
especializados na culinária à base de peixes, passeios de barco, pescaria, praias, quiosques e a cachoeira,
onde é comemorada a festa da piracema.
É interessante ressaltar que a indústria é composta por empresas de papel, metalúrgica, moveleira e
de materiais médicos e odontológicos, no nível de exportação. No setor agrícola é bem variada à produção,
desde frutas até sementes, entre elas produção de algodão, laranja e cana de açúcar. Na pecuária a criação de
frango para consumo é de grande expressão, porém há criação de todos os outros tipo de animais (ovinos,
bovinos e outros) e além dos seus derivados (IBGE,2009).
36
4.2 Histórico da PCH de Emas
Em Cachoeira de Emas existem duas PCHs denominados da seguinte maneira PCH de Emas
“Velha” e PCH de Emas “Nova”. Elas estão localizada na mesma barragem, porém o canal de adução de
uma é derivado da outra, na(Figura 6).
Figura 6: PCHs de Emas “Nova” e Emas “Velha”
Fonte: Google Maps(2011)
A PCH de Emas “Velha” (Figura 7) foi construída com a finalidade de ajudar a suprir a demanda de
energia, que era somente abastecida pela Usina de Corumbataí em Rio Claro -SP, cuja maior parte da energia
produzida era consumida pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Em 1916 foi adquirida a primeira
parte das terras à margem do rio Mogi Guaçu do proprietário Theodore Wille & Cia, e a segunda parte foi
adquirida em 1920 do proprietário Dr. Alberto de Almeida Prado. Assim, em 1922 iniciaram-se os trabalhos
de construção da captação e represamento. As obras se desenvolveram lentamente devido às condições do
37
rio, mas foram terminadas em setembro de 1922 fornecendo energia através da linha de Rio Claro-SP com
12 mil volts e 50 Hz. (CATALANO,2011)
Figura 7: PCH de Emas “Velha”
Fonte:CATALANO(2011)
Características da PCH Emas “Velha” (CATALANO,2011):
Canal adutor escavado em rocha até a câmara de carga e a barragem do tipo gravidade composta por
parte de madeira e concreto;
Na casa de máquinas se encontram três conjuntos geradores (Figura 8). Os conjuntos I e II são
constituídos por Turbina “Morgan-Smith” tipo Francis, eixo vertical, 1000HP e Gerador
“Westinghouse”, 750kVA e transformador “Oerlikon” 1500kVA. O conjunto III com Turbina “F.
Neumayer”, tipo Propeller, eixo vertical, 1925HP, gerador “Asea” 1750kVA e transformador
“Asea” de 1750kVA.
38
Figura 8:Casa de máquinas e gerador do conjunto I.
Fonte:CATALANO(2011)
Em 1936 um empresário renomado chamado Dr. Eloy Chaves investiu em empreendimentos
hidrelétricos na região. Então foi iniciada a construção de mais uma usina junto à antiga, que com
inauguração em 1942(Figura 9), fornecia energia através de uma linha de 44 kV com frequência de 50 Hz
para as cidades de Pirassununga, Araras, Limeira e Rio Claro, por uma interligação em paralelo com as
Usinas do Lobo, Tatu, Mogi Guaçu, Corumbataí e Eloy Chaves. (PIORINI,2010).
Além disso, foi feito o melhoramento da usina antiga que hoje abriga o ecomuseu, o primeiro museu
de peixes de água doce do Brasil.
Figura 9: PCH Emas “Nova” de 1942
Fonte: TELES (2005)
A duas PCHs funcionaram por vários anos fornecendo energia para as cidades ao seu redor até que
em 1970, ocorreu uma grande enchente que inundou ambas as Casa de Forças. Mas logo após foram feitos os
reparos nos equipamentos e voltou a funcionar até 1974, quando foi desativada.
39
Em janeiro de 1981, a PCH de Emas foi adquirida pela CESP, fazendo parte da Gerência Regional
de Operação do Pardo, então foi reconstruída e voltou a funcionar em 22 de dezembro de 1982, com
características novas, em paralelo com a Usina SE de Pirassununga através de uma linha de 11,5 kV e em
frequência de 60 Hz .
Em 1987 a PCH de Emas “Nova”foi desativada devido a problemas mecânicos na Turbina,
permanece assim atualmente. Durante as últimas cheias em 1989, 1990,1991,1994 e1995; houve acúmulo de
entulho obstruindo todos os órgãos de descargas. Em 1995 o acúmulo foi tão intenso que ocorreu o
rompimento da barragem na margem esquerda, esse problema foi solucionado com a demolição das 24
colunas de concreto ao longo da barragem, transformando a barragem em um vertedouro de superfície
(CATALANO,2011).
40
5. MATERIAIS E METODOS
5.1. Materiais
Foram utilizados livros, revistas científicas, dissertações, teses, programas computacionais como o
Microsoft Excel, Power Point e Word. Além disso, foram levantados dados técnicos junto aos órgãos
responsáveis, tais como: IBGE, ANA, ANEEL, Prefeitura Municipal de Pirassununga – SP, Biblioteca da
USP – Pirassununga e o ECOMUSEU de Cachoeiras de Emas – SP, também foram realizados entrevistas
com a população local para a elaboração do presente trabalho.
5.2. Metodologia de avaliação dos aspectos técnicos para a repotenciação.
Para o levantamento do inventário energético da PCH Emas “Nova” e sua hipotética repotenciação
hipotética foram necessários a definição de três frentes de coletas de dados: levantamento de dados referentes
a hidrologia do rio onde a PCH está localizada, dos dados técnicos da turbina, gerador e outros equipamentos
e finalmente avaliação do circuito hidráulico e estruturas civis. A seguir serão detalhados os procedimentos
para cada frente de coleta de dados.
Para a coleta de dados da hidrologia referente, as vazões do rio Mogi Guaçu, foram obtidas através
de órgãos responsáveis por essas medições, neste caso foi o DAEE (Departamento de Águas e Energia
Elétrica do Estado de São Paulo). Com esses dados foi traçado a curva de duração do rio e através dela foi
mostrado o perfil hidrológico do rio e quais as vazões usadas para dimensionar a usina.
Os dados da turbina e do gerador foram obtidos através do manual de operação da usina e de artigos
de revistas fornecidos por Marcos Catalano, responsável pela operação e manutenção da PCH de Emas e
também da PCH do Lobo em Itirapina-SP. Esses dados são informações sobre os materiais utilizados no
circuito hidráulico, potência da turbina e do gerador, tipos de turbina, queda bruta, números de pólos e etc.,
que foram usados para calcular a potência quando a usina foi construída e até sua desativação. Esses
parâmetros foram usados como referência para comparar com os novos parâmetros que foram calculados,
ressaltando que alguns deles não foram alterados devido a obra de repotenciação, portanto é interessante
trabalhar com parâmetros que aumentem potência e não aumentem custos.
Baseados nesses dados foram propostas as medidas de melhorias nas quatro formas de ganhos:
Ganho de rendimento (ɳg e ηt), na queda líquida (hr), na vazão turbinada (Qr) e na disponibilidade (fd). Após
determinadas as ações de reativação serão calculadas as novas potências.
Os dados serão apresentados em tabelas mostrando claramente quais os tipos de rearranjos que foram
feitos e que possivelmente acarretem em aumento da potência da hidrelétrica e custos envolvidos para a
realização dos estudos e obras.
41
5.3. Metodologia de avaliação dos aspectos socioambientais e econômicos
Para a avaliação dos aspectos socioambientais e econômicos foi necessários o levantamento dos
impactos e de ações de mitigação referentes a cada impacto no período da construção, durante a operação e
em uma situação hipotética de repotenciação.
Devido à idade do aproveitamento hidrelétrico(1942) o levantamento de dados referentes aos
impactos socioambientais no período da construção e operação foi feito através de relatos de pessoas que tem
idade superior a 50 anos em busca de material histórico desta usina, de Pirassununga-SP e do distrito de
Cachoeira de Emas-SP.
Para avaliar o impacto social e ambiental da situação hipotética de repotenciação do empreendimento
optou-se por entrevistas presenciais que foram realizadas in loco com moradores nas proximidades da usina e
de todas as faixas etárias de forma a tentar abranger todas as pessoas que podem ser atingidas pelos impactos
da usina. Ainda sobre as entrevistas, utilizou-se o questionário apresentado no Apêndice A, com perguntas
de fácil entendimento e de simples resposta para facilitar para o entrevistador a coleta de dados.
Foram construídas três matrizes de impacto para cada fase do empreendimento (construção, operação
e repotenciação) com os dados coletados e com as informações obtidas nas entrevistas, utilizando o modelo
de matriz apresentado no Apêndice B, que contém os impactos encontrados, uma classificação dos impactos
que permite analisar a importância e a magnitude, local de ocorrência, medidas de controle e mitigação e
programas ambientais relacionados.
As três matrizes têm como finalidade facilitar a avaliação dos impactos socioambientais na PCH de
Emas, e também possibilitam a comparação dos impactos causados em diferentes períodos da usina
(construção, operação e repotenciação).
42
6. RESULTADOS FINAIS
6.1. Aspectos técnicos
6.1.1. Situação atual da PCH de Emas “velha” e PCH de Emas “nova”
Em relação às partes estruturais de ambas as usinas, apontam que:
Barragem: foi retirada a parte superior que era construída de concreto para evitar o acúmulo de
resíduos, assim o rio pode escoar, pois a PCH está desativada (Figura10).
Figura 10: Barragem em 2011(esquerda) e em 1959(direita).
Fonte: Elaboração própria a esquerda e (CATALANO,2010) a direita.
Comportas da entrada do canal de adução: existem 11 comportas de ferro fundido que
alimentam o canal de adução com acionamento manual, que exige dois homens para manobrá-
las. As comportas e mecanismos de manobra estão atualmente enferrujados e travados, como
pode ser observado pela Figura 11.
Figura 11: Comportas do canal de adução situação em 2011.
Fonte: Elaboração própria
Escada para peixe: a escada de peixe não apresenta nenhuma avaria na sua estrutura, porém o
acúmulo de galhos e sujeira nela impede que parte dos peixes subam (Figura 12).
43
Figura 12: Escada de peixe vista frontal e vista lateral.
Fonte: Elaboração própria.
Descarregadores de fundo: são quatro comportas utilizadas para limpeza do fundo do
reservatório e também podem ser utilizadas de vertedouro (Figura13).
Figura 13: Descarregadores de fundo (esquerda) e detalhe do mecanismo de elevação das comportas(direita).
Fonte: Elaboração própria.
Vertedouro: as estruturas do vertedouro estão em boas condições de operação (Figura14),
porém suas comportas são tábuas colocadas lado a lado.
Figura 14: Vertedouro (esquerda) e detalhe das comportas (direita).
Fonte: Elaboração própria
44
Canal de adução: O canal encontra-se em condições normais sem nenhum dano estrutural e
com a profundidade correta (Figura 15), porém com a construção da PCH de Emas “Nova” foi
feita uma bifurcação no canal.
Figura 15: Canal de adução.
Fonte: Elaboração própria.
Comportas entre a usina “Velha” e a “Nova”: são 5 comportas que estão em boas condições e
também são automatizadas, porém será necessário verificar as condições dos motores
(Figura16).
Figura 16: Comportas entre as usinas e o canal para a usina “Velha”.
Fonte: Elaboração própria.
45
Comportas da usina “Nova”: estão em boas condições e também são automatizadas, porém os
motores foram retirados. (Figura 17).
Figura 17: Comportas da usina “Nova”
Fonte: Elaboração própria.
Desanerador: atualmente está fechado com uma chapa de ferro para que os peixes não entrem
no canal de adução.
Canal de fuga: De ambas as usinas estão em ótimas condições estruturais, entretanto as
comportas não existem mais. (Figura18).
Figura 18: Canal de fuga da usina “Nova” (esquerda) e da usina “Velha” (direita).
Fonte: Elaboração própria.
Casa de máquinas PCH Emas “Nova”: a estrutura está em ótimas condições, somente com um
desgaste. (Figura 19).
46
Figura 19: Casa de máquinas da PCH de Emas “Nova”.
Fonte: Elaboração própria.
Casa de máquinas da PCH Emas “Velha”: a parte estrutural da casa de máquinas encontra-se
em ótimas condições preservando a característica da construção atual, como pode ser visto na
Figura 20, entretanto as turbinas e geradores foram retirados quando utilizaram o prédio para o
ecomuseu. Atualmente, o ecomuseu encontra-se fechado e passando por reformas.
Figura 20: Casa de máquinas da PCH Emas “Nova”.
Fonte: Elaboração própria.
Turbina e Gerador: os elementos da PCH de Emas “Velha” não existem mais e não há relatos
de onde foram encaminhados. Os da PCH de Emas “Nova” estão desmontados e estão
espalhados dentro da casa de maquina (Figura 21).
Figura 21: Gerador (esquerda) e entrada da turbina (direita).
Fonte: Elaboração própria.
47
Linhas de Transmissão: os cabos e o transformador da linha de transmissão deverão ser
trocados devido às condições que se encontram, entretanto, podem-se aproveitar as estruturas de
fixação como a saída da casa de máquina e poste de sustentação dos cabos e o cercado de
proteção do transformador.
6.1.2. Dados técnicos da PCH de Emas “velha” e da PCH de Emas “nova”
Dados hidrológicos antigos:
Em consulta a empresa responsável pelas PChs não foi encontrado nenhum documento com
a empresa responsável pela usina atualmente sobre os estudos hidrológicos que foram feitos para a
construção de ambas as PCHs. Além disso, os órgãos públicos responsáveis pelas coletas desses
dados não existiam na época da construção da usina, por tanto não foi possível obter dados através
deles.
Características Hidráulicas de ambas as PCHs:
Área da bacia hidrográfica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9670 km2.
Área do espelho d’água na cota 549,00m. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19 ha
Tipo de barragem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Gravidade de concreto
Comprimento da Barragem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 254,30+36,00m
Cota de crista. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 549,00m até a escada
Cota de Vertedouro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 546,82 m
Cota da Soleira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 542,93 m
N.A. Max. Maximorum. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 549,00 m
N.A. Normal de Operação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 548,30 m
N.A. mínimo útil. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 546,40m
Descarregadores de fundo. . . . . . 4 comportas de madeira acionadas pelo pórtico motorizado
Escada para peixe:
Quantidade de vão das comportas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6 unidades
Cota de soleira montante. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 546,00 m
Cota do rio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 542,00 m
Quantidade de tanque. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .5 unidades
Desnível total. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .4,5 m(cada tanque 0,9m)
Vertedouro de superfície vão livre:
Comprimento total. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147,44 m
48
Cota do início ao lado da Escada para peixe. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .546,82 m
Cota do final, ao lado do Muro Esquerdo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .546,87 m
Canal de Adução:
Comprimento do canal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .131,40 m
Número de comportas montante. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11unidades
Desarenador: dentro do canal de adução começando na cota 544,00 e vai até a tomada d’
água da usina “Nova” com uma única comporta.
Característica: escavado em rocha do lado direito e lado esquerdo com um muro de concreto
de altura 6,10m.
Comportas manutenção jusante: são duas principais e duas auxiliares colocadas por guindaste
tipo modal.
Canal de fuga da PCH de Emas “Nova”:
Cota de piso da tampa: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .546,84 m
Cota de soleira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .535,00 m
Comprimento do canal de fuga. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6,00 m
Características da Turbina da PCH de Emas “Nova”:
Marca. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . OERLIKON
Tipo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Kaplan de eixo vertical
Potência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4600 cv
Quantidade de pás diretrizes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12unidades
Quantidade de pás motrizes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5undidades
Engolimento. . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .30 m3/s
Rotação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 225 rpm
Velocidade de disparo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 350 rpm
Vazão 35,66m3/s.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2000 kW
Vazão 19,33m3/s. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1500 kW
Vazão 17,80m3/s.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1000 kW
Vazão 08,90m3/s.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 500 kW
Queda. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6.5 m
Característica do Gerador da PCH de Emas “Nova” :
Marca. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .OERLIKON
Tipo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56V-70096
49
Potencia aparente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4200kVA
Tensão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2200 V
Corrente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1105 A
Potencia ativa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4000kW
Freqüência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60Hz
Fator de potência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .0,8
Excitatriz principal e Regulador de tensão da PCH de Emas “nova”:
Marca. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Ateliers de const. OERLIKON
Tipo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . E6-34
Número. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 792620 M2
Tensão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130 V
Corrente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 345 A
Potência ativa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 kW
Característica do conjunto Gerador (turbina e gerador) PCH de Emas “Velha”:
Na casa de máquinas se encontrava três conjuntos geradores.
O conjunto I e II:
Turbina
Marca. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Morgan-Smith
Tipo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Francis de eixo vertical
Potência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1000 HP
Gerador
Marca. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Westinghouse
Potência aparente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 750 kVA
Transformador
Marca. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Oerlikon
Potência aparente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1500 kVA
O conjunto III:
Turbina
Marca. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . F. Neumayer
Tipo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Propeller de eixo vertical
Potência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1925 HP
Gerador
50
Marca. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Asea
Potência aparente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1750kVA
Transformador
Marca. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Asea
Potência aparente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1750kVA
Todos os dados referentes à característica da turbina, do gerador, da excitatriz principal e do
regulador de tensão para ambas as usinas foram retirados do Manual da PCH de Emas “Nova”, por
artigos de revista fornecidos pelo Sr. Marcos Catalano, responsável pela operação e manutenção, e
também por inspeção da PCH in loco.
6.1.3. Estudo hidrológico atual:
Os dados hidrológicos do rio Mogi Guaçu onde a usina esta localizada foram obtidos pelo
DAEE (Departamento de Água e Energia Elétrica do Estado de São Paulo) através do Banco de
Dados Fluviométricos do Estado de São Paulo.
Abaixo são apresentados os resultados obtidos pela tabela de vazões médias mensais (Tabela
5) que são a tabela de frequência e a curva de duração do ponto de monitoramento 4C-005, latitude
21°54'39'' e longitude 47°23'51'' no curso d’ água Rio Mogi Guaçu.
Tabela 5: Dados de vazões médias mensais(m³/s).
Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
1970 283,9 377,43 332,91 179,41 123,3 103,42 85 71,39 107,25 87,79 104,24 121,67
1971 97,84 63,4 137,68 120,36 86,82 110,47 68,25 54,12 50,9 91,03 61,07 123,4
1972 186,17 316,44 224,38 138,85 97,05 73,14 114,17 92,64 62,64 119,5 177,62 145,04
1973 194,72 203,25 138,46 160,81 113,51 72,89 74,86 63,99 57,02 54,21 71,68 247,74
1974 372,04 209,64 270,58 162,26 111,1 108,57 86,01 62,45 49,15 55,67 59,28 181,01
1975 199,16 267,49 186,02 126,12 85,96 63,1 60,69 44,82 32,41 62,86
1976 186,24 175,69 169,68 169,45 194,17 240,79
1977 194,14 246,88 140,46 134,22 85,16 65,53 85,83 77,86 105,23 250,27
1978 234,47 141,62 140,7 75,2 80,74 87,57 71,82 50,9 49,4 42,71 111,92 127,96
1979 142,93 197,24 156,39 108,82 147,38 83,84 69,78 64,5 90,16 79,15 111,5 152,91
1980 243,75 241,18 190,4 250,64 132,29 117,01 93,91 69,25 76,38 72,86 93,78 211,8
1981 421,21 198,25 164,17 127,33 99,42 108,29 66,04 56,58 48,16 89,32 196,73 270,49
1982 249,94 227,05 353,59 212,84 142,95 146,8 133,16 107,28 74,46 159,57 130,74 319,65
1983 525,6 526,24 543,06 321,13 303,78 447,85 238,11 154,86 235,29 285,63 245,89 447,38
1984 312,96 209,31 169,52 149,24 134,77 93,71 65,81 88,19 81,53 60,64 67,71 189,21
1985 300,53 228,52 288,35 180,63 126,4 109,61 75,78 51,41 64,44 41,96 70,77 75,14
1986 109,68 192,95 194,98 137,77 105,38 69,45 53,52 69,79 45,93 45,14 61,53 339,36
1987 93,32
51
1988 220,47 223,17 295,87 178,99 148,93 127,3 83,2 61,68 47,66 98,53 117,2 98,43
1989 271,47 332,64 282,62 185,38 126,29 102,17 83,63 94,16 84,66 56,41 88,66 141,11
1990 321,89 129,58 197,39 128,58 103,1 69,14 57,15 69,29 62,5 80,48 68,94 78,67
1991 133,35 240,79 271,36 381,09 212,64 133,4 107,34 70,48 55 112,98 59,26 162,4
1992 155,1 150,31 125,39 138,25 73,45 77,27 196,66 178,08
1993 162,64 312,85 270,11 195,52 151,85 132,21 85,01 71,99 101,06 97,48 69,7 96,19
1994 158,01 147,79 173,22 120,85 99,44 69,9 60,45 44,39 32,71 36,07 52,74 133,95
1995 170,27
Fonte: (DAEE,2011)
Tabela 6: Tabela de freqüência acumulada de vazões mensais (m³/s)
Intervalo Mínimo Maximo Freqüência Freqüência
em %
Inverso da
freqüência
1 32,41 42,41 4 1,449 98,551
2 42,41 52,41 16 5,797 94,203
3 52,41 62,41 34 12,319 87,681
4 62,41 72,41 63 22,826 77,174
5 72,41 82,41 74 26,812 73,188
6 82,41 92,41 98 35,507 64,493
7 92,41 102,41 114 41,304 58,696
8 102,41 112,41 131 47,464 52,536
9 112,41 122,41 140 50,725 49,275
10 122,41 132,41 154 55,797 44,203
11 132,41 142,41 171 61,957 38,043
12 142,41 152,41 179 64,855 35,145
13 152,41 162,41 188 68,116 31,884
14 162,41 172,41 202 73,188 26,812
15 172,41 182,41 202 73,188 26,812
16 182,41 192,41 208 75,362 24,638
17 192,41 202,41 220 79,710 20,290
18 202,41 212,41 224 81,159 18,841
19 212,41 222,41 227 82,246 17,754
20 222,41 232,41 231 83,696 16,304
21 232,41 242,41 237 85,870 14,130
22 242,41 252,41 244 88,406 11,594
23 252,41 262,41 244 88,406 11,594
24 262,41 272,41 250 90,580 9,420
25 272,41 282,41 250 90,580 9,420
26 282,41 292,41 254 92,029 7,971
27 292,41 302,41 256 92,754 7,246
28 302,41 312,41 257 93,116 6,884
52
29 312,41 322,41 263 95,290 4,710
30 322,41 332,41 263 95,290 4,710
31 332,41 342,41 266 96,377 3,623
32 342,41 352,41 266 96,377 3,623
33 352,41 362,41 267 96,739 3,261
34 362,41 372,41 268 97,101 2,899
35 372,41 382,41 270 97,826 2,174
36 382,41 392,41 270 97,826 2,174
37 392,41 402,41 270 97,826 2,174
38 402,41 412,41 270 97,826 2,174
39 412,41 422,41 271 98,188 1,812
40 422,41 432,41 271 98,188 1,812
41 432,41 442,41 271 98,188 1,812
42 442,41 452,41 273 98,913 1,087
43 452,41 462,41 273 98,913 1,087
44 462,41 472,41 273 98,913 1,087
45 472,41 482,41 273 98,913 1,087
46 482,41 492,41 273 98,913 1,087
47 492,41 502,41 273 98,913 1,087
48 502,41 512,41 273 98,913 1,087
49 512,41 522,41 273 98,913 1,087
50 522,41 532,41 275 99,638 0,362
51 532,41 542,41 275 99,638 0,362
52 542,41 552,41 276 100,000 0,000
Através da tabela acima obtém a curva de duração apresentada abaixo, e nela é possível observar
as diferentes vazões (Q95%,Q50%,Q5%,Q90%,Qmax, Qmin).
Pela curva de duração (Gráfico 1) é possível determinar as principais vazões para o
dimensionamento correto dos componentes, no caso de repotenciação. Podem ser usados também
para essa determinação novos elementos ou confirmação dos dados que foram usados para o
dimensionamento. Pela Tabela 5 é possível retirar os valores de vazão média mensal máxima (Qmax)
e vazão média mensal mínima (Qmin).
Q95%=52,41m3/s
Q50%= 112,4m3/s
Q5%= 322,41m3/s
Q90%= 62,41m3/s
Qmax= 543,06m3/s
Qmin=32,41m3/s
53
Com os dados do DAEE além de obter a curva de duração também foi possível determinar a
vazão Q7,10, que é a menor vazão média em sete dias consecutivos em um período de 10
anos(ELETROBRÁS, 2000).
Vazão ecológica: é a vazão mínima necessária entre a saída da usina e a barragem, No caso de
Estado de São Paulo é definido pelo DAEE(MENESE,2008) em 20% da vazão Q7,10.
Q7,10=23,27m3/s
Vazão ecológica=4,654m3/s
0
100
200
300
400
500
600
0,000 10,000 20,000 30,000 40,000 50,000 60,000 70,000 80,000 90,000 100,000
V
A
Z
Õ
E
S
M
E
N
S
A
I
S
FRENQUECIA
GRÁFICO1:CURVA DE DURAÇÃO
6.1.4. Proposta de Repotenciação e Reativação
Para fazer a propostas de repotenciação e reativação da PCH de Emas foi necessária análise
da situação atual das usinas, dos dados hidrológicos atuais, das características hidráulicas e
característica do conjunto turbina-gerador da antiga usina (apresentada na seção anterior).
Proposta estrutural
O principais pontos a serem trabalhados na PCH de Emas “Nova” para que a repotenciação
seja bem sucedida são a reconstrução da barragem e a utilização da casa de máquinas da PCH de
Emas “Velha” e não mais a de Emas “Nova”, pois haverá um aumento da queda bruta de 6,5 m para
8,5 m, assim haveria um ganho de potência. Além disso, evitaria um problema encontrado na PCH
de Emas “Nova” que é o “afogamento”, ou seja, no canal de saída a água começa a subir ao ponto de
diminuir a queda da usina. Esse problema foi relatado por dois trabalhadores da usina até 1970
conforme apresentado no apêndice C.
Uma outra mudança de grande importância seria o fechamento do canal de adução da PCH
de Emas “Nova” e a retirada das comportas entre as duas usinas, pois essas estruturas causam perda
de carga no circuito hidráulico diminuindo a energia gerada.
Proposta de Automatização das comportas
Na PCH de Emas existem diversas comportas que eram acionadas manualmente, então a
necessidade de automatizar este acionamento seria interessante para facilitar o procedimento de
manobras e diminuir o numero de operadores da usina, pois foi constatado através do relatados dos
trabalhadores e da atual empresa que é responsável pela manutenção da usina, que era muito
perigoso e lento o processo de colocação de tábuas para o fechamento das comportas, prejudicando
assim o desempenho da usina e os funcionários. As comportas que passaram pelo processo de
automação são:
Comportas da entrada do canal de adução: a estrutura e o mecanismo estão em boas
condições, porém será necessário substituir as manivelas do mecanismo por motores
capazes de levantar a comporta e fazer todo o sistema de comandos elétricos para acioná-
las;
Comportas do vertedouro: não existe comportas e sim tábuas que são colocadas lado a
lado. Será necessário então colocar 7 comportas de aço e construir um sistemas para
movimentá-las podendo ser através de um pórtico ou motores semelhante aos das
comportas da entrada do canal de adução;
Comportas dos descarregadores de fundo: são quatro comportas de madeira e acionadas
pelo pórtico, será necessário substituir o material das comportas por aço;
56
Comportas da escada de peixe: eram comportas de madeira colocadas manualmente,
porém não existem mais as comportas, somente os vãos. Então será necessário adquirir 8
comportas de aço, e construir um prolongamento da estrutura do pórtico que faz a manobra
das compostas dos descarregadores de fundo, para que possa ser usado esse pórtico para
manobrar essas comportas;
Comportas entre a PCH “Velha” e a “Nova”: a estrutura que sustenta as comportas será
retirada;
Comportas da usina “Nova”: como o canal será fechado, não será necessário alterar algo
nessas comportas.
Proposta da turbina
A turbina a ser escolhida foi determinada pela potência, vazão líquida e queda líquida. O tipo
da turbina foi determinado pela Figura 22 utilizando a vazão e a queda.
Figura 22: Seleção do tipo de turbina
Fonte: Harker turbinas hidráulicas, (2011)
Pelo gráfico as possibilidades de turbinas (H=9m e Q=30m3/s) são turbina Bulbo ou turbina
Kaplan. A turbina escolhida foi a Kaplan de eixo vertical, pois é o tipo de turbina que estava
instalada, assim não há necessidade alterações na estrutura para instalá-la.
57
Outro ponto a ser levantado é que a turbina Kaplan tem rendimento maior que a turbina
Bulbo que é em média de 0,9 na faixa de operação de vazão sendo de 5 a 100% da vazão máxima.
Essas informações foram obtidas pelo Gráfico 2.
Grafico 2: Rendimento da turbina
Fonte: Harker turbinas hidráulicas, (2011)
Características da turbina:
Marca. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . WEG-HISA
Tipo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Kaplan de eixo vertical
Potência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3000 cv
Engolimento. . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .30 m3/s
Rotação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 227 rpm
Queda. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8,55 m
Rendimento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .0.9
Proposta do gerador
Utilizando o catálogo de geradores para pequenas centrais hidrelétricas da WEG (2011), é
possível escolher um determinado gerador para as características determinadas acima no cálculo de
potência.
Características do gerador:
Marca. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .WEG
58
Modelo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . SH10-10D28SKM
Potência aparente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2650 kVA
Tensão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4160 a 6900 V
Potência ativa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2120kW
Frequência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 Hz
Pólos Salientes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28
Coseno. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .0,8
Rendimento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .0,96
Calculo da nova potência
Dados para os cálculos abaixo:
Aceleração da gravidade(g). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9,8 m/s
Massa especifica da água (ρ) . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1000 kg/m3
Fator de permanência crítico, (computado ao longo do período crítico do sistema de referência) (fp). .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
Fator de disponibilidade (fd). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0,93
Queda bruta (h). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9m
Vazão útil (Q). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .30 m3/s
Rendimento da turbina (ɳt). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .0,9
Rendimento do gerador (ɳg). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .0,96
Potência bruta instalada
Aplicando os valores na Equação (3) encontra-se a potência instalada bruta de:
PIb=2.286,144kW
Energia Bruta em um ano
Obtida pela equação (8)
Eb = 18.624.757,93kWh/ ano
Perdas Circuito hidráulico
As perdas no circuito hidráulico são importantes para determinar à potência líquida da usina
e consequentemente a energia líquida gerada. Todas as perdas são calculadas em metros, ou seja,
todas representam uma diminuição na queda da usina.
59
Para a PCH de Emas “Nova” não foi possível calcular as novas perdas associadas ao circuito
hidráulico, devido a necessidade de empresas especializadas para esse tipo de medição e recursos
financeiros para contratar essas empresas. Mas por observação dos dados de geração da usina
quando estava em operação pode ser notado que em média existe uma perda de aproximadamente
5%, portanto a queda da usina passa de 9m para 8,55m. Com essa nova queda pode-se calcular
aproximadamente a potência líquida e a energia líquida gerada.
Potência líquida instalada
Aplicando os valores novamente na Equação (3) encontramos a potência líquida instalada
de:
PI=2.171,8368kW
Energia líquida em um ano
Obtida pela Equação (8)
E =17.693.520,0335kWh/ ano
Para efeito de comparação foram obtidos dados da geração da PCH de Emas “Nova” em
1955 apresentados na Tabela 7. Essa tabela demonstra que com a repotenciação a usina aumentaria
sua potência e sua energia gerada em aproximadamente 8,5% em relação a 1955. Esse valor parece
ser pequeno comparado com o tamanho da usina, porém essa usina esteve por mais de 40 anos
parada sem gerar energia, agora pode voltar para o sistema.
Tabela 7: Comparação entre 1955 e 2011
Parâmetro/ano 1955(CATALANO,2011) Repotenciação (2011)
Potência Instalada (kW) 2.000 2.171, 8368
Energia Gerada (kWh/ano) 16.963.000 17.693.520, 0335
6.2. Aspectos socioambientais e econômicos
Os dados necessários para avaliar os impactos socioambientais que a PCH de Emas causou
no período de construção e operação e os que causariam com uma obra de repotenciação, foram
levantados através de entrevistas com moradores da região, livros históricos de Pirassununga-SP e
Cachoeira de Emas-SP e relato de dois trabalhadores da PCH de Emas. As entrevistas foram feitas
60
em uma amostra de 300 pessoas que moram próximo a usina de uma população de 3000 pessoas,
com faixa etária de 18 a 60 anos utilizando as perguntas apresentadas no Apêndice A.
Os dados obtidos estão apresentados nas três matrizes (construção, operação e repotenciação
de impacto para facilitar a avaliação desses aspectos. Os impactos serão caracterizados pela
natureza (negativo ou positivo), forma (direto ou indireto), abrangência (local, regional ou global),
duração (permanente ou temporário), reversibilidade (reversível ou irreversível), magnitude
(pequena ou média ou alta), probabilidade (pequena ou média ou alta), importância (grande ou
média ou pequena), local de ocorrência, medidas de mitigação e programas ambientais.
Impactos na construção da PCH de Emas
MATRIZ DE IMAPCTOS SOCIOAMBIENTAIS – CONSTRUÇÃO
Meios Impactos
Classificação dos Impactos
Local de
Ocorrência
Medidas
de
mitigação
Programas
Natu
reza
Form
a
Ab
ran
gên
cia
Du
raçã
o
Rev
ersibilid
ad
e
Magn
itud
e
Pro
bab
ilidad
e
Imp
ortâ
ncia
Físico
Desenvolvimento
de focos erosivos NEG DIR LOC PER IRR ALT ALT GRA
Canteiros
de obras Nenhuma Nenhuma
Diminuição da
vazão do rio entre
barragem e o canal
de fuga
NEG DIR LOC PER IRR ALT ALT GRA Rio Mogi-
Guaçu Nenhuma Nenhuma
Restrição do uso
da terra NEG DIR LOC PER IRR MED MED GRA
Canteiros
de obras Nenhuma Nenhuma
Alteração da
paisagem natural NEG DIR LOC TEM REV BAI MED GRA
Canteiros
de obras Nenhuma Nenhuma
Supressão da
vegetação NEG DIR LOC PER IRR ALT ALT GRA
Canteiros
de obras Nenhuma Nenhuma
62
Alteração de
características do
solo NEG DIR LOC PER IRR ALT ALT GRA
Canteiros
de obras Nenhuma Nenhuma
Biológico
Alteração
microbiológicas na
água NEG DIR REG TEM REV BAI ALT MED
Rio Mogi-
Guaçu Nenhuma Nenhuma
Deslocamento e
alteração
comportamental da
fauna
NEG IND REG PER IRR BAI MED MED
Entorno do
canteiro de
obras
Nenhuma Nenhuma
Impactos sobre a
ictiofauna NEG DIR REG TEM REV ALT ALT GRA
Rio Mogi-
Guaçu Nenhuma Nenhuma
Antrópico
Alteração do ritmo
da vida população POS DIR LOC PER REV ALT MED GRA
Entorno do
canteiro de
obras
Nenhuma Nenhuma
Valorização
imobiliária no
entorno da usina POS DIR LOC PER IRR ALT MED GRA
Entorno da
usina Nenhuma Nenhuma
Alterações na
qualidade da água NEG DIR REG TEM REV ALT ALT GRA
Rio Mogi-
Guaçu Nenhuma Nenhuma
Aumento do
tráfego de veículos NEG DIR LOC PER IRR ALT ALT MED
Entorno do
canteiro de
obras
Nenhuma Nenhuma
Riscos de
acidentes NEG DIR LOC TEM REV ALT ALT MED
Canteiros
de obras Nenhuma Nenhuma
Aumento de
arrecadação de
impostos POS DIR REG PER IRR ALT ALT GRA
Comercio
local Nenhuma Nenhuma
63
Empregos diretos
e indiretos POS DIR REG PER IRR ALT ALT GRA
Cidades
próximas
Utilização
de
moradores
da região
para
trabalhar
na usina
Nenhuma
Impactos na operação da PCH de Emas
MATRIZ DE IMAPCTOS SOCIOAMBIENTAIS - OPERAÇÃO/DESTIVAÇÃO
Meios Impactos
Classificação dos Impactos
Local de
Ocorrência
Medidas
de
mitigação
Programas
Natu
reza
Form
a
Ab
ran
gên
cia
Du
raçã
o
Rev
ersibilid
ad
e
Magn
itud
e
Pro
bab
ilidad
e
Imp
ortâ
ncia
Físico
Desenvolvimento
de focos erosivos NEG DIR LOC PER IRR ALT ALT GRA Reservatório Nenhuma Nenhuma
Diminuição da
vazão do rio
entre barragem e
o canal de fuga
NEG DIR LOC PER IRR ALT ALT GRA Rio Mogi-
Guaçu Nenhuma Nenhuma
64
Transformação
do ambiente
lótico em lêntico
na área do
reservatório
NEG DIR LOC PER IRR MED MED GRA Reservatório Nenhuma Nenhuma
Restrição do uso
da terra NEG DIR LOC TEM REV BAI MED GRA
Margens do
reservatório Nenhuma Nenhuma
Eutrofização do
reservatório NEG DIR LOC PER IRR ALT ALT GRA Reservatório Nenhuma Nenhuma
Alteração da
paisagem natural NEG DIR LOC PER IRR ALT ALT GRA Reservatório Nenhuma Nenhuma
Supressão da
vegetação NEG DIR REG TEM REV BAI ALT MED
Rio Mogi-
Guaçu Nenhuma Nenhuma
Biológico
Instalação e
desenvolvimento
de focos de
invertebrados
vetores de
doenças
NEG DIR REG TEM REV ALT ALT GRA Rio Mogi-
Guaçu Nenhuma Nenhuma
Alterações
microbiológicas
na água POS DIR LOC PER REV ALT MED GRA Reservatório Nenhuma Nenhuma
Deslocamento e
alteração
comportamental
da fauna
POS DIR LOC PER IRR ALT MED GRA Entorno da
usina Nenhuma Nenhuma
Impactos sobre a
ictiofauna NEG DIR REG TEM REV ALT ALT GRA
Rio Mogi-
Guaçu
Construção
de escada
de peixes
Nenhuma
65
Antrópico
Alteração do
ritmo da vida
população POS DIR LOC PER REV ALT MED GRA
Entorno da
usina Nenhuma Nenhuma
Valorização
imobiliária no
entorno da usina POS DIR LOC PER IRR ALT MED GRA
Entorno da
usina Nenhuma Nenhuma
Alterações na
qualidade da
água NEG DIR REG TEM REV ALT ALT GRA
Rio Mogi-
Guaçu Nenhuma Nenhuma
Aumento do
tráfego de
veículos POS DIR REG PER IRR ALT ALT GRA
Cidades
próximas Nenhuma Nenhuma
Riscos de
acidentes NEG DIR LOC PER IRR ALT ALT MED Usina Nenhuma Nenhuma
Aumento de
demanda de
energia NEG DIR LOC TEM REV ALT ALT MED Usina Nenhuma Nenhuma
Aumento de
arrecadação de
impostos POS DIR REG PER IRR ALT ALT GRA
Comercio
local Nenhuma Nenhuma
Empregos diretos
e indiretos POS DIR REG PER IRR ALT ALT GRA
Cidades
próximas
Utilização
de
moradores
da região
para
trabalhar
na usina
Nenhuma
66
Impactos na repotenciação da PCH de Emas
MATRIZ DE IMAPCTOS SOCIOAMBIENTAIS - REPOTENCIAÇÃO
Meios Impactos
Classificação dos Impactos
Local de
Ocorrência
Medidas de
mitigação Programas
Natu
reza
Form
a
Ab
ran
gên
cia
Du
raçã
o
Rev
ersibilid
ad
e
Magn
itud
e
Pro
bab
ilidad
e
Imp
ortâ
ncia
Físico
Desenvolvimento
de focos erosivos NEG DIR LOC PER IRR ALT ALT GRA Reservatório Nenhuma Nenhuma
Diminuição da
vazão do rio
entre barragem e
o canal de fuga
NEG DIR LOC PER IRR ALT ALT GRA Rio Mogi-
Guaçu Nenhuma Nenhuma
Transformação
do ambiente
lótico em lêntico
na área do
reservatório
NEG DIR LOC PER IRR MED MED GRA Reservatório Nenhuma Nenhuma
Restrição do uso
da terra NEG DIR LOC TEM REV BAI MED GRA
Margens do
reservatório
Ampliação de
terras inundadas
Empresa
responsável
pela usina
entra em
acordos com
produtores
rurais
67
Eutrofização do
reservatório NEG DIR LOC PER IRR ALT ALT GRA Reservatório
Retiradas das
macrófitas
Manutenção
do
reservatório
Alteração da
paisagem natural NEG DIR LOC PER IRR ALT ALT GRA Reservatório Reflorestamento
Revitalização
devido às
obras e ao
reservatório
Supressão da
vegetação NEG DIR REG TEM REV BAI ALT MED
Rio Mogi-
Guaçu
Reflorestamento
em outras áreas
Revitalização
devido às
obras e ao
reservatório
Alteração de
características do
solo NEG DIR LOC PER IRR ALT ALT GRA
Canteiros de
obras Nenhuma Nenhuma
Biológico
Instalação e
desenvolvimento
de focos de
invertebrados
vetores de
doenças
NEG DIR REG TEM REV ALT ALT GRA Rio Mogi-
Guaçu
Investimento no
controle de
vetores nas
proximidades da
usina
Programa de
controle de
vetores
Alterações
microbiológicas
na água POS DIR LOC PER REV ALT MED GRA Reservatório
Manutenção da
qualidade da
água
Programa de
qualidade de
água
68
Deslocamento e
alteração
comportamental
da fauna
POS DIR LOC PER IRR ALT MED GRA Entorno da
usina
Medidas para
recolocar e
readaptar a
fauna
Programa de
controle de
fauna
Impactos sobre a
ictiofauna NEG DIR REG TEM REV ALT ALT GRA
Rio Mogi-
Guaçu
Medidas para
reintroduzir
peixes e
construção de
escada de peixes
Programa
para proteção
da fauna
Antrópico
Alteração do
ritmo da vida
população POS DIR LOC PER REV ALT MED GRA
Entorno da
usina
Minimização de
transtornos e
placas de avisos
Programa
para a obra
não
prejudicar a
população
Valorização
imobiliária no
entorno da usina POS DIR LOC PER IRR ALT MED GRA
Entorno da
usina Nenhuma Nenhuma
Alterações na
qualidade da
água NEG DIR REG TEM REV ALT ALT GRA
Comercio
local
Medidas de
monitoramento
da água
Programa de
qualidade de
água
69
Aumento do
tráfego de
veículos POS DIR REG PER IRR ALT ALT GRA
Cidades
próximas
Sinalização nas
vias de acesso a
usina
Programa
para a obra
não
prejudicar a
população
Riscos de
acidentes NEG DIR LOC PER IRR ALT ALT MED
Entorno do
canteiro de
obras
Disponibilização
de equipamentos
de segurança
Programa de
segurança do
trabalho
Aumento de
demanda de
energia NEG DIR LOC TEM REV ALT ALT MED
Canteiros de
obras Nenhuma Nenhuma
Aumento de
arrecadação de
impostos POS DIR REG PER IRR ALT ALT GRA
Comercio
local Nenhuma Nenhuma
Empregos diretos
e indiretos POS DIR REG PER IRR ALT ALT GRA
Cidades
próximas
Utilização de
moradores da
região para
trabalhar na
usina
Nenhuma
Além das entrevistas auxiliaram na complementação dos dados obtidos nas bibliotecas e na
inspeção ao local da PCH, elas também foram utilizadas para demonstrar quais são as preocupações
da população em relação à repotenciação. Para obter esses dados foram necessárias entrevistas mais
direcionadas utilizando alternativas para determinar a opinião da população local qual impacto
prejudicaria mais e qual a satisfação em relação à obra de repotenciação.
Na Tabela 8 foram levantados os principais impactos socioambientais que poderia prejudicar
a população em relação as obras de repotenciação.
Tabela 8: Impactos com as obras de repotenciação.
Impactos Entrevistados (%)
Interdição das vias 70
Diminuição de turistas 23
Ruído 4
Contaminação da água 2
Outros 1
Na Tabela 9 foram levantados os principais benefícios que a repotenciação da usina poderia
trazer para a cidade.
Tabela 9: Benefícios para economia local.
Benefícios Entrevistados (%)
Turismo 65
Empregos 25
Novas empresas 5
Outros 1
Na Tabela 10 foi obtida a partir de uma pesquisa para determinar se as obras de
repotenciação do ponto de vista da população seria ótima, boa, regular ou ruim para a cidade.
Tabela 10: Avaliação da obra de repotenciação.
Critério Entrevistados (%)
Ótimo 87
Bom 10
Regular 2
Ruim 1
71
7. DISCUSSÃO
A PCHs de Emas “Nova” é uma usina ideal para passar pelo processo de repotenciação, pois
nela foi encontradas todas as dificuldades que um projeto desse tipo pode enfrentar, tanto nos
aspectos técnicos como nos aspectos socioambientais. A discussão desse projeto será dividido em
duas partes, primeiro serão discutidos os aspectos técnicos e segundo os aspectos socioambientais.
O primeiro ponto a ser discutido é a deterioração dos equipamentos e a destruição de partes
da usina. Na PCH de Emas “Nova” nota-se que os equipamentos estão deteriorados devido à
exposição ao clima e a falta de manutenção pela empresa responsável, além disso, algumas partes da
usinas foram destruídas para manter a vazão do rio e evitar o acúmulo de árvores e plantas. Na usina
de Emas será necessário reconstruir as partes que foram destruídas para garantir o ganho de vazão
turbinada e o ganho na queda líquida.
A usina de Emas “Nova” foi construída num período em que esse tipo de construção era
descentralizada e com uma finalidade específica, no caso desta PCH foi para garantir a iluminação
da cidade de Pirassununga em 1942. Atualmente, a usina não consegue atender a essa finalidade,
mostrando o fator da obsolescência do dimensionamento que é um dos que determina que a usina
necessite do processo de repotenciação. Além disso, existe um fator agravante, PCH foi projetada
errada em relação ao canal de saída, que ocasionou o problema denominado afogamento, que foi
decisivo para mudança de casa de maquinas.
. Para resolver esse problema optou-se em utilizar a casa de máquinas da PCH de Emas
“Velha” que atualmente é o ecomuseu (Museu de Peixes de Água Doce), além de resolver o
problema do afogamento também proporciona um aumento de queda líquida.
Com o problema técnico resolvido, surge um problema social e financeiro, pois seria
necessária a retirada do museu, o que tornaria a obra inviável, pois seria um custo muito alto a
remoção do museu. Então foi feito a troca entre os prédios das casas de máquinas e a criação de um
museu sobre a história de Pirassununga e da PCH de Emas juntamente com o ecomuseu no prédio da
casa de máquinas, aproveitando os equipamentos da usina e o espaço do prédio. Com a criação desse
museu a atividade turística aumentaria favorecendo a entrada de recursos através do museu,
restaurantes e pousada, melhorando assim a qualidade de vida da população residente próxima a
PCH.
O principal ponto para obter um ganho de potência considerável e tornar o processo de
repotenciação viável, é a defasagem tecnológica. Nessa PCH notou-se que, apesar de construída em
1942 durante sua operação foram aplicadas novas tecnologias, como a utilização do pórtico para
movimentação das comportas de descarregadores de fundo.
No projeto de repotenciação da PCH de Emas foi necessário aplicar novas tecnologias no
conjunto turbina-gerador, pois com o advento da alteração da casa de máquinas é mais interessante
comprar um conjunto novo do que utilizar o antigo. Também foi necessário aplicar novas tecnologias
72
no mecanismo de movimentação das comportas, pois tal era feito manualmente e isso demandava
muitos trabalhadores consequentemente aumento do custo de operação e utilização de materiais
novos para as comportas devido à deterioração com o tempo.
A proposta de repotenciação visou suprir a maioria dos todos os defeitos de forma a
aproveitar o que já existia e melhorar a geração da PCH visando os três pontos de ganho de potência.
Deste modo, os principais pontos a serem ressaltados são:
Troca do conjunto turbina - gerador que proporcionou um ganho de rendimento e de
potência;
Reconstrução da barragem e troca da casa de máquinas proporcionando um ganho de queda
liquida;
Fechamento do canal de adução da PCH de Emas “Nova” proporcionando uma diminuição
nas perdas de carga e consequentemente um aumento na queda líquida
As outras alterações apresentadas nos resultados são importantes, porém não trazem
benefícios diretos para um ganho de potência, e sim a diminuição do custo de operação e
manutenção.
Nos aspectos socioambientais e econômicos a análise foi feita através das matrizes de
impactos, pelos resultados das entrevistas e os relatos dos dois trabalhadores na usina em três
períodos de tempo; construção, operação e repotenciação.
No período da construção os impactos sociais foram mínimos, pois a região era de lavoura e
moravam poucas pessoas. Porém, com a construção da PCH a região foi beneficiada com o
desenvolvimento e o surgimento de estabelecimentos comerciais como restaurantes e pousadas e
também pessoas vieram morar na região em busca de empregos e um local para se estabelecer.
Em relação aos impactos ambientais pode ser constatado que na construção da PCH não se
tomou nenhuma medida para evitar os impactos, por exemplo, alguns dos impactos: alterações das
margens do rio devido ao enchimento do reservatório, retirada de algumas espécies de fauna e flora e
descarte no rio dos restos da construção da usina. Pode ser dizer através da análise da matriz de
impacto do período da construção que a usina causou diversos impactos negativos e poucos impactos
positivos, mas este fato pode ser justificado pois na época da construção da central hidrelétrica não
havia um preocupação tão grande quanto as questões ambientais, uma vez que os interesses políticos
e financeiros tinham maior relevância
No período de operação a região continuou desenvolvendo o comércio, apresentando uma
valorização imobiliária e aumentando o número de pessoas que moram na região que poderiam se
envolver com a usina direta ou indiretamente, evidenciando alguns impactos positivos. Os impactos
ambientais verificados foram menores que no período da construção, pois muitos deles foram
absorvidos pelo meio, sem que houvesse alguma ação humana para minimizá-los durante o período
de operação. Um dos impactos que permaneceram durante a operação da usina foram os aqueles
73
associados ao reservatório como: alteração de paisagem, focos erosivos, redução de áreas
agricultáveis e alteração no comportamento da fauna.
No momento atual em que os impactos causados pela construção e operação já foram
absorvidos pelo meio ambientes devido ao fato que a PCH ficou um período estagnada, desde sua
desativação na década de 70. Com o processo de repotenciação novos impactos surgiram, porém não
com a intensidade que aconteceu na construção e na operação, devido as medidas mitigadora que
foram tomadas.
Com a repotenciação algumas melhorias poderiam ser feitas para aumentar atividade
turística, são elas:
Com o advento da troca da casa de máquinas com o ecomuseu (Casa de máquinas da usina
“Velha”), poderia ser utilizado o prédio da casa de máquinas para o ecomuseu, e completar
esse museu com a história de cachoeira de Emas e sobre a história de PCH de Emas.
Existe um jardim entre o canal de adução e o rio que é acessado pela casa de máquinas da
PCH de Emas “Nova”( que no caso se tornaria o museu). Esse jardim poderia ser reformado
e transformado em um mirante para tirar fotos da barragem e vertedouro. A figura 23 duas
fotos uma com a visão do possível mirante e a outra do jardim.
Figura 23: Jardim da usina (esquerda) e vista do possível mirante (direita).
Criar um programa de visitas técnicas para escolas e universidades na nova usina reformada.
Todas essas melhorias têm a finalidade de aumentar o número de turistas em Cachoeira de
Emas e consequentemente aumentar o fluxo financeiro nos estabelecimentos comerciais e pousadas.
A repotenciação do ponto de vista social tem pontos positivos a longo prazo, porém o processo de
obras para executar reforma causou alguns impactos negativos como ruído, aumento de tráfego de
veículos, prejudicar as atividade pesqueiras, mas em contrapartida deve trazer empregos e consumo
de material de construção civil e serviços como restaurante e hotéis.
Para os impactos ambientais a discussão é mais complexa, pois pensando na obra de
repotenciação novos impactos vão surgiu devido às melhorias que serão feitas na PCH, porém os
principais impactos já foram causados no período da construção e operação e já foram absorvidos
74
pelo meio ambiente assim de certa forma os impactos serão menores comparados com o período
inicial. Entretanto os novos impactos causados serão minimizados com medidas de mitigação
apresentadas na matriz de impacto socioambiental- repotenciação, assim mostrando que o processo
de repotenciação no ponto de vista de impactos ambientais é mais interessante do que a construção
de uma usina inteira em um novo local.
75
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O processo de repotenciação é indicado para pequenas centrais hidrelétricas com mais de 50
anos de operação onde sempre são encontrados os fatores: deterioração dos equipamentos,
defasagem tecnológica e obsolescência do dimensionamento da usina. Além das melhorias que são
proporcionadas aos fatores técnicos o processo favorece na região onde a PCH está localizada em
fatores socioambientais e econômicos.
O estudo de caso apresentado nessa pesquisa demonstrou que a PCH de Emas “Nova” é uma
usina que se enquadra para processo de repotenciação devido a situação dos seus componentes e por
ter gerado energia por 28 anos e ter hoje 69 anos de idade. Na pesquisa pode ser observado que a
usina passaria a gerar de 16.963.000,000kWh/ano para 17.693.520,0335kWh/ano um ganho de 4,3%.
Para obter esse aumento foram efetuadas algumas mudanças simples e de baixo investimento como
troca do conjunto turbina-gerador, e a mudança da casa de máquinas, reforma da barragem e
fechamento do canal de adução para a usina de Emas “Nova”.
Além dos investimentos que ocorrerão na usina para ganho direto de potência e energia,
também serão necessários investimentos em alguns componentes para automatizar a usina e diminuir
o número de funcionários para tornar mais eficiente a operação.
No caso da PCH de Emas “Nova” existem outros aspectos que tornam o processo de
repotenciação mais interessante que são os aspectos socioambientais e econômicos, devido ao fato
que a usina está localizada em uma região turística de Pirassununga-SP. Pelo fato de ter sido
construída na década de 40 os maiores impactos ambientais já foram absorvidos pelo meio ambiente,
então os impactos ambientais que a obra de repotenciação podem causar serão inferiores aos da obra
de construção e se forem feitas as medidas de mitigação desses impactos serão reduzidos ainda mais.
Os impactos sociais na sua maioria são positivos, pois a obra de repotenciação visa melhorar
o turismo na região de Cachoeira de Emas-SP, através de melhorias no ecomuseu e implantando um
museu sobre a história e a região da PCH, além de um mirante para observação da central
hidrelétrica, porém, deve-se destacara também que haveria impactos negativos com as obras de
repotenciação na maioria de curto prazo, mas segundo as entrevistas realizadas, os moradores não se
mostraram preocupados com esses impactos.
Após avaliar todos os resultados proporcionados no estudo de caso da PCH de Emas “Nova”,
verificou-se que o processo de repotenciação é interessante e poderia para ser aplicado nas PCH do
Brasil principalmente no que diz respeito aspectos técnicos e ambientais e dependendo do caso pode
proporcionar melhorias sociais e econômicas para a população da região. Finalmente , cabe ressaltar
que o Brasil possui aproximadamente 545 PCHs desativadas, e que este potencial poderia ser
reaproveitado, tendo em vista a importância desta fonte de energia na matriz de geração de energia.
76
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
AGÉNCIA BRASIL(2010),Consumo de energia deve crescer 7,7% no ano. Disponível
em:http://info.abril.com.br/noticias/mercado/consumo-de-energia-deve-crescer-7-7-no-ano-
25072010-10.shl. Acesso em: 11/09/2010.
AGUILAR, T. Graziela. Licenciamento Ambiental para Implantação de PCH no Brasil, Artigos
técnicos, Universidade Federal de Itajubá, Itajubá-MG, 2010.
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APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO – ENTREVISTA PRESENCIAL Idade:
Distância aproximada que mora da usina:
Na situação de repotenciação (qualquer pessoa que more em Cachoeira de Emas):
1. Quais os benefícios que a usina acarretaria para a economia local?
R.:_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________
2. Se a usina voltasse a funcionar o que melhoria na cidade para você?
R.:_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________
3. As obras para reativar a usina iriam atrapalhar a população?De que forma?
R.:_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________
4. Julgar se a usina volta a funcionar é: (Ótimo, bom, regular, ruim)
R.:_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________
APÊNDICE B – MATRIZ DE IMPACTO SOCIOAMBIENTAL
Fonte: Elaboração própria
MATRIZ DE IMAPCTOS SOCIOAMBIENTAIS
Meios Impactos
Classificação dos Impactos
Local de
Ocorrência
Medidas
de
mitigação
Programas
ambientais Natureza Forma Abrangência Duração Reversibilidade Magnitude Probabilidade Importância
Físico Impacto1
Impacto2
Biológico Impacto3
Impacto4
Antrópico Impacto5
Impacto6
APÊNDICE C – RELATOS DOS TRABALHADORES DA PCH DE EMAS
“NOVA”
RELATO 1:
Funcionário A, 84 anos, começou a trabalhou na usina aos 14 anos como jardineiro e com o passar
do tempo teve a oportunidade aprender um ofício com um dos trabalhadores da usina. Durante muitos anos
trabalhou como auxiliar desse operador aprendendo as operações e manutenções na usina, Quando o
operador se aposentou ele assumiu seu lugar e trabalhou até se aposentar como “engenheiro” de barragem
nessa função.
Relatou que a PCHprecisava de muitos operadores para opera-la, pois para efetuar algumas
manobras necessitava de muita força, como por exemplo, fechamento do vertedouro com tábuas ou abertura
das comportas do canal de adução. Outra atividade que necessitava de muitos trabalhadores era a limpeza da
barragem pelo acúmulos de arvores e outro materiais. Antigamente não existia moto-serra, então era
necessário entra na água com uma serra e diminuir o tamanho das toras de árvore para sua retirada, o
funcionário relata que devido essa esforço físico hoje ele encontra-se com diversos problemas físicos como
hérnias e problemas na coluna.
Outro fato interessante que o funcionário contou foi que a PCH de Emas “Velha” em 1942 já existia
e operava com três turbinas Kaplan com correias de pele de boi, nesse mesmo ano foi quando terminou a
construção da PCH de Emas “Nova” com investimento de Drº Eloy Chaves, grande amigo dos trabalhadores
da PCH.
A PCH de Emas “Nova” quando começou a operar foi observado um problema que foi chamado por
ele de afogamento que ocorre quando a saída não consegue escoar a água fazendo com que a queda da usina
diminua, não conseguindo operar com a potência máxima.O funcionário também relatou que em 1970
quando ocorreu a grande enchente, as casas de máquinas foram danificadas e logo após aposentou-se da
usina pela CESP.
Ainda segundo o funcionário, o distrito de cachoeira de Emas surgiu devido à PCH, pois quando foi
construída através de doação de terras de fazendeiros, muitas pessoas vieram morar próximo a central
hidrelétrica e contribuíram direta ou indiretamente para que a mesma funcionasse. Assim fez com que a
região se desenvolvesse e atraiu diversas atividades para a região como AFA (Academia da Força Área),
centro de pesquisa, bairro residencial e atividades comerciais e de agricultura e entre outros.
RELATO 2:
Funcionário B, 82 anos, aposentado pela CESP como operador de máquinas, porém não trabalhou só
na PCH de Emas, mas também na em outras centrais hidrelétricas que pertenciam a Drº Eloy Chaves.
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O funcionário relatou que seus pais moravam em Cachoeira de Emas antes da PCH em ranchos na
beira do rio Mogi Guaçu. As pessoas que moravam nesses ranchos viviam da pesca e da lavoura de
subsistência, esses ranchos cresceram e se tornaram uma pequena vila quando o Drº Eloy resolveu investir na
ampliação da PCH de Emas, construindo a Emas “Nova”, que para a construção foi doado o terreno por um
fazendeiro. Então se iniciou o processo de desenvolvimento da região com a vinda de restaurantes,
comércios e a construção de casas.
Ocorreram duas grandes cheias no rio Mogi Guaçu, uma em 1922 antes da construção de ambas as
usinas e outra em 1970 quando danificou a estrutura da central hidrelétrica e causando a desativação delas.