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NOVAS FORMAS PARA A EDUCAÇÃO: OS DOCENTES ESTÃO PREPARADOS PARA O SÉCULO XXI? Área temática: Educação em Sistema de Gestão Cleonice Nazaré do Nascimento [email protected] Arnaldo José França Mazzei Nogueira [email protected] Júlio Araújo da Silva Jr. [email protected] Resumo: A mudança da realidade em sala de aula, ocorrida ao longo do tempo, provoca uma reflexão sobre a atuação docente quanto a elaboração e aplicação das aulas, no cenário atual. Os modelos clássico e antigo não conquistam, nem tornam fieis mais os alunos. Os professores são requisitados para entender que existem novas ferramentas e possibilidades, como por exemplo a utilização da tecnologia. Em tempos de “Modernidade Líquida” muito bem delineada por Zigmunt Bauman (2001), onde tudo muda rapidamente, valeria pensar se os docentes estão preparados para as necessidades que emergem, nas novas formas para a educação. Sendo assim o tema central abordado é: Os educadores, docentes atuantes na formação de nossos cidadãos, conseguem acompanhar esta realidade, se adaptando as novas formas de educação que emergem da tradicional sala de aula, para o Século XXI Palavras-chaves:. ISSN 1984-9354

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NOVAS FORMAS PARA A EDUCAÇÃO: OS DOCENTES

ESTÃO PREPARADOS PARA O SÉCULO XXI?

Área temática: Educação em Sistema de Gestão

Cleonice Nazaré do Nascimento

[email protected]

Arnaldo José França Mazzei Nogueira

[email protected]

Júlio Araújo da Silva Jr.

[email protected]

Resumo: A mudança da realidade em sala de aula, ocorrida ao longo do tempo, provoca uma reflexão sobre a atuação

docente quanto a elaboração e aplicação das aulas, no cenário atual. Os modelos clássico e antigo não conquistam, nem

tornam fieis mais os alunos. Os professores são requisitados para entender que existem novas ferramentas e

possibilidades, como por exemplo a utilização da tecnologia. Em tempos de “Modernidade Líquida” muito bem

delineada por Zigmunt Bauman (2001), onde tudo muda rapidamente, valeria pensar se os docentes estão preparados

para as necessidades que emergem, nas novas formas para a educação. Sendo assim o tema central abordado é: Os

educadores, docentes atuantes na formação de nossos cidadãos, conseguem acompanhar esta realidade, se adaptando as

novas formas de educação que emergem da tradicional sala de aula, para o Século XXI

Palavras-chaves:.

ISSN 1984-9354

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XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015

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1. INTRODUÇÃO

O avanço acelerado da tecnologia trouxe grandes mudanças na realidade organizacional

em todos os setores, a chamada 3ª Revolução Industrial. As fronteiras se tornaram linhas pontilhadas e

as distancias se estreitaram, o acesso a informação ganhou velocidade e hoje temos muito mais

disponibilidade de conhecimento e conteúdo. Uma era que o poder está nas mãos de quem possui o

conhecimento como apresenta Zigmunt Bauman em sua obra Modernidade Líquida, publicada no ano

2000 e traduzida para a Língua Portuguesa em 2001.

O título da obra de Bauman (2001) origina-se da modernidade da sociedade, um discurso da

pós-modernidade em que nós vivemos. Em um espaço de grande liquidez, tudo muda, muito rápido se

transforma. Seu discurso dialoga com Prigogine, que falava que no ponto de equilíbrio você identifica,

com uma certa facilidade, o que é solido. Em um novo ponto de equilíbrio a matéria jamais será a

mesma. Bauman passa a utilizar o termo “líquido” fazendo uma analogia ao estado da matéria onde o

que é líquido toma novas formas, conforme o recipiente, sofrendo as pressões e adaptando-se a elas.

Utilizando a metáfora da liquidez na sociedade, apresenta a quebra dos sólidos como uma forma de

quebrar e limpar as obrigações “irrelevantes”, limpar a área para novos e aperfeiçoados sólidos.

Quebrar o molde, buscar novas formas perante aquelas que já estão ultrapassadas.

A tarefa dos indivíduos livres era usar sua nova liberdade para encontrar o

nicho apropriado e ali se acomodar e adaptar: seguindo fielmente as regras e

modos de conduta identificados como corretos e apropriados pra aquele lugar.

São esses padrões, códigos e regras a que podíamos nos conformar, que

podíamos selecionar como pontos estáveis de orientação e pelos quais

podíamos nos deixar depois guiar, que estão cada vez mais em falta. (Bauman,

2001, pags.13 e 14)

Na modernidade pesada, o poder estava relacionado a conquista de espaço e território, muros

sólidos definindo limites e excluindo aqueles que não pertenciam aquele lugar. A conquista do espaço

era o objetivo supremo, foi a era da conquista territorial. Os desbravadores eram aplaudidos na partida,

onde buscavam novas conquistas de territórios e ovacionados no retorno, demonstrando suas

conquistas e descobertas. A riqueza e o poder dependiam da qualidade do hardware, complexos e

lentos e não disponíveis a todos.

No mundo fluido, o espaço fica maior com as máquinas mais velozes, com invenções e

desenvolvimento de tecnologia, e cada vez mais cabem mais coisas, com eventos simultâneos, rápidos,

conjugados e assim ampliando também o espaço. Sujeitos fluem com os sistemas, simbolizados no

software, com as pessoas dispersas desenvolvendo capital intelectual e interligando a si mesmas a

tecnologia, objetos, espaço e tempo. Desta forma o espaço físico, delimitado, perde valor, pois a

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instantaneidade descortina as fronteiras e deixa acessíveis os lugares e oportunidades, antes sob o

poder de alguns. A rapidez do software no tempo desvaloriza a ideia de espaço, aquele espaço físico

onde as pessoas se reuniam, trabalhavam e conviviam. O espaço torna-se irrelevante, aniquilando a

diferença entre “longe” e “aqui”. Não havendo mais limitações impostas pelo espaço, podemos ir a

qualquer hora, em qualquer lugar. Define a instantaneidade como realização imediata, tendo a exaustão

e desinteresse como consequência desta mesma realização.

O poder na modernidade leve está nas mãos daqueles que são ágeis e se movem rapidamente,

aqueles que mais se aproximarem do aqui e agora. São eles que mandam sobre aqueles que não têm a

mesma liberdade, cabendo a esses serem influenciados a obedecer. A modernidade fluida é a época do

desengajamento, mandam os que são livres para se mover.

Neste cenário que se apresenta, um dos pilares voltados ao desenvolvimento do conhecimento e

compartilhamento das informações, está relacionado a Educação de uma sociedade. A tecnologia

avança e novas ferramentas são pensadas a cada dia. Até que ponto os profissionais da educação estão

avançando na mesma velocidade? Os educadores, docentes atuantes na formação de nossos cidadãos,

conseguem acompanhar esta realidade, se adaptando as novas formas de educação que emergem da

tradicional sala de aula, para o Século XXI? A geração conectada, vivendo em uma sociedade em rede

solicita uma importante atenção mais do que apenas a disponibilização dos aspectos tecnológicos.

Sendo assim temos dois objetivos a saber: verificar se um dos “atores” principais, o docente, está

alinhado com esta nova realidade e em um segundo momento algumas ferramentas disponíveis na

atualidade para o ensino versus aprendizagem. Frente abrir espaço para clarear este novo caminho

buscamos auxilio nos autores tais como Antunes (2009), Cortella (2014), Dowbor (2013 e 2011),

Masetto (2010), Peña (2007), Ronca (1995) e Zagury (2009), convergindo com suas impressões e

abordagens sobre o tema proposto.

METODOLOGIA DE PESQUISA

A metodologia utilizada foi a pesquisa exploratória em bibliografia, sites e artigos científicos

disponíveis que tratassem temas como era tecnológica, profissão docente, didática no ensino-

aprendizagem, ferramentas para a educação e o perfil atual do aluno em sala de aula, bem como suas

necessidades atuais referentes a educação. Esse tema apresenta uma diversidade de pesquisas

demonstrando a relevância do assunto. Apresenta a necessidade de novas abordagens e continua busca

para clarear o caminho que vem se desenhando. É um grande desafio a ser superado.

DA ESCOLA TRADICIONAL PARA O PENSAMENTO DA “NOVA ESCOLA”

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Segundo Antunes (2009), acreditava-se que o professor, durante muitos anos deveria ser o

centro do processo de aprendizagem e, o aluno, apenas um mero captador, um depositório de

conhecimentos, que somente aprendia quando estivesse habilitado a repetir as lições e aprendizados

que conseguia memorizar. O docente mais valorizado era o que possuía mais conhecimento, por meio

de suas horas e horas de estudo, ou vivência profissional, sendo uma fonte de informações diversas,

uma cultura múltipla e abrangente em diversos assuntos. No passado sempre foi valorizado a

obediência, o silêncio do aluno, a atenção a mensagem transmitida pelo professor, sendo assim o

caminho da aprendizagem era de fora para dentro. Do mestre para o aluno.

Pensamentos novos começaram a surgir ainda timidamente no século XIX, eclodindo no

século XX, que vieram a questionar a escola convencional surgindo sugestões e novas abordagens em

diversas obras, conforme alguns fundamentos deste período apresentados na Tabela 1.

Algumas Escolas Algumas Teorias e Métodos Alguns Representantes

Abbotsholme, de Cecil Reddie.

Inglaterra, 1889

Centros de Interesse (Ovídio

Decroly)

John Dewey, Nascido em

Burlington. Estados Unidos (1859-

1932)

University Elementary School, de

John Dewey, Estados Unidos,

1896

Método Montessori (Maria

Montessori). Casa dei Bambini,

1907.

Maria Montessori. Nascida na

Italia (1870-1952)

École des Roches, de Edmond

Desmolins. França, 1899

Método dos Projetos (Kilpatrick) Cèlestin Freinet. Nascido em Gars

(França) (1896-1966)

Escolas Waldorf (F. Steiner) Métodos dos Grupos Móveis

(Claraparède)

Paulo Freire Nascido em Recife

(PE) (1921-1997)

Educação Funcional

(Claraparède). Suiça

Métodos de Trabalho em Equipe

(Cousinet)

Antón S. Makarenko. Nascido em

Bielopolie (Ucrânia/URSS) (1888-

1939)

Tabela 1. Alguns fundamentos, Escolas, Teorias e Representantes (ANTUNES, 2009, p. 19)

No florescer destas novas abordagens, sugerindo mudança de conceitos e criticas as práticas

pedagógicas, não se perde a importância de uma base sólida de conhecimentos, um plano de ensino

bem estruturado e ainda se mantém a característica de uma avaliação rígida nos mesmos modelos.

Ilustrando algumas características abordadas por Antunes (2009) do que diferenciaria a

definição de professores e de “professauros” (alusão aos extintos dinossauros) os primeiros estariam

baseados em alguns princípios tais como:

Autonomia ao educando com parabenização na presença de iniciativa;

Alunos são diferentes, aprendem de forma particular;

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A curiosidade natural do aluno constitui o foco do seu interesse;

Participação ativa do aluno como protagonista e não mero espectador;

Valorização de atividades fora de sala;

Interligação da aprendizagem teórica com a vida prática;

Na abordagem apresentada pela “Nova Escola” as luzes dos holofotes se distribuem, com a

certeza que o professor não é mais o centro, distribuindo conhecimento aos seus alunos, mas sim, um

contribuinte no aprendizado do aluno. O docente jamais ensina; na verdade contribui para que o aluno

aprenda, sendo de extrema importância a ação dinâmica do aluno, assumir sua responsabilidade no

aprendizado. Desta forma caberá ao professor incentivar e mostrar caminhos e alternativas. Um

incentivador!

“Ainda uma vez, parece claro descobrir que a essencial diferença no conceito de

“aprendizagem” não agrega mais ou menos dificuldade ao professor, mas exige uma

consciência crítica sobre meu papel e sobre a importância do mesmo em ajudar seus

alunos a localizar, meditar, comparar, classificar e usar ainda outras habilidades

reflexivas.” (ANTUNES, 2009, p.35)

Questiona-se sobre qual é o objetivo da aula? Qual o motivo de sua existência? Segundo

Masetto (2010) a aula é um tempo e um espaço existentes para que o aluno aprenda e desenvolva ainda

atitudes que o auxiliem neste mesmo processo. Por exemplo, Pozo, em seu livro Aprendizes e mestres

(2002) escrevendo sobre o sistema de aprendizagem afirma que:

[...] toda situação de aprendizagem... pode ser analisada a partir de três

componentes básicos: os resultados da aprendizagem, também chamados

conteúdos, que consistiriam no que se aprende, ou o que muda como

consequência da aprendizagem; os processos da aprendizagem, ou como se

produzem essas mudanças; e as condições de aprendizagem, ou o tipo de

prática que ocorre para pôr em marcha esses processos de aprendizagem.

(POZO, 2002, p.67-68)

A aprendizagem acontecerá sempre na interação dos aprendizes, exigindo estudo e participação

ainda que se afirme que os mesmos possuam cada vez menos tempo disponível para que possam se

dedicar aos estudos. Em sala, tanto professor e aluno, aprendem desde que essa interação ocorra em

uma realidade cada vez mais dinâmica e com recursos múltiplos. Aprender é um processo. Influenciar

e motivar alunos a se tornarem eternos aprendizes, com seu próprio esforço e ação. O incentivo de

aprender a “aprender”.

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Os alunos do ensino superior, como novo exemplo, pesquisados por Grigoli (1990, apud

Masetto 2010), apontam dois tipos de comportamentos essenciais aos professores que são esperados e

desejados por eles sendo:

a) Estimular os alunos à independência, delegando responsabilidades e acreditando em seus

potenciais com feedback para aprendizado em suas realizações.

b) Organização e direcionamento do ensino com foco na autonomia intelectual do aluno seja na

leitura de textos, pesquisas entre outros.

Masetto (2010) afirma que o comportamento do professor de forma tradicional como

especialistas em um assunto exige profunda revisão. Uma mudança para o docente do ensino superior

que andará na contramão do que vem sendo praticado em sala de aula.

EVOLUÇÃO: DESAFIOS NO SÉCULO XXI

Conforme Dowbor (2013) o mundo de hoje constitui, ao mesmo tempo, um desafio ao mundo

da educação e uma oportunidade. Torna-se uma questão de sobrevivência buscar alternativas para se

transformar a presente insatisfação dos alunos em sala de aula, o “saco cheio” dos alunos por modelos

ultrapassados. Hoje os alunos possuem “a mão” recursos mais estimulantes e ágeis tais como filmes,

vídeos, reportagens que são postadas diariamente na internet, ou até mesmo por meio da televisão, que

está presente na maioria dos lares brasileiros independente da classe social, raça ou região. Entende-se

que, em breve, a internet esteja acessível a todos, desta forma se faz necessário não apenas entender e

utilizar as ferramentas disponíveis, mas sim, repensar o processo do conhecimento em um sentido mais

abrangente e consequentemente o novo papel do docente neste processo.

Em um novo momento vivenciado no século XXI aqueles que estiverem avessos a novas

propostas, reticentes no entendimento desta nova tecnologia e suas ferramentas, poderão terminar

desembocando no conceito anteriormente abordado, uma nova era de extinção dos “professauros

tecnológicos”, mantendo-se na retaguarda de um movimento sem volta. Cortella (2014) coloca que

essa realidade demanda certo cuidado pelos docentes para não abarcar na precarização das

competências e habilidades próprias.

Ronca (1995) também aborda as constantes críticas discutidas entre docentes tais como a

indisciplina e quantidade excessiva de alunos em sala de aula, que limitam as metodologias e

abordagens no aprendizado. Em contrapartida a necessidade do professor se manter economicamente

versus a quantidade de horas empenhadas no desenvolvimento da função. Mas esta é a realidade que se

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apresenta. Será suficiente para justificar uma inércia para tornar as aulas mais atraentes e alinhadas ao

que aluno hoje requer? A tecnologia não seria uma forma de dinamizar ou abrir novas possibilidades?

A tecnologia é um dos instrumentos disponíveis e desta forma sempre haverá a necessidade de adequá-

las ao objetivo pré-definidos de aprendizagem.

“Estas precisam ser usadas de modo a centrar-se no aluno e em sua

aprendizagem; a incentivar a aprendizagem ativa e colaborativa; a facilitar a

atitude de mediação do professor e o desenvolvimento da relação de

parceria e colaboração entre professor-aluno, aluno-aluno e entre os

grupos.” (MASETTO, 2010, p. 142)

Dowbor ainda afirma que o desafio não é simples: como professores, precisamos preparar os

alunos para trabalhar com um universo tecnológico no qual nós mesmos (docentes) ainda somos

principiantes. O mundo está mudando, é a modernidade líquida de Bauman (2001) e as pessoas

precisam acompanhar. De forma abrangente acompanhar seja no papel de aluno que aprende, nas

formas de ensino e na atuação do educador, que tem papel ativo no processo de todo esse

desenvolvimento.

ALGUMAS ALTERNATIVAS PARA O ENSINO VERSUS APRENDIZAGEM

As redes de comunicação e a introdução das TIC´s (Tecnologias da Informação e

Comunicação) na Educação agregaram a possibilidade de potencializar uma aprendizagem mais

flexível e colaborativa, de modo a delinear novos cenários de aprendizagem e darem apoio às

atividades em aulas presenciais, tornando mais interessantes, dinâmicas e alinhadas a esta nova

realidade.

“Por TIC´s queremos entender o uso da informática, do computador, da

Internet, do CD-Rom, da hipermídia, de ferramentas para a educação a

distância, como chat, grupos ou listas de discussão, correio eletrônico, etc. e

de outros recursos e linguagens digitais de que atualmente dispomos e que

podem colaborar significativamente para tornar o processo de educação

mais eficiente.” (MASETTO, 2010, p. 141-142)

Segundo Masetto (2010) os jovens de hoje cresceram com a tecnologia participando de sua

realidade desde a infância, permitindo a continua conexão com informações, redes, pessoas, em uma

simultaneidade e multiplicidade de informações descontínuas. Essa realidade proporciona novas

formas de integração de recursos como luz, som, imagem, vídeos, entre outros. Abre a oportunidade de

se orientar o aluno fora das paredes da sala de aula, abrangendo horários maiores e antes não

acessíveis. O desafio a este jovem será filtrar esta sobrecarga de informações, com uma visão crítica do

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que é realmente importante e necessário. Para Cortella (2014) a tecnologia poderá impactar tanto de

forma positiva ou negativa sobre o aluno, por um lado reativou a escrita por conta da tecnologia via

texto mas ao mesmo tempo o acesso veloz as informações causam a dispersão da atenção.

Ao considerar sobre a aprendizagem colaborativa, podemos citar duas possibilidades

educativas de recursos como Wiki e Blogs (PEÑA, 2006). Essas duas ferramentas têm sido utilizadas

na Educação com a característica de alta interatividade, disponibilizando e distribuindo informações,

sendo um espaço propício para o desenvolvimento da aprendizagem colaborativa. Segundo Baggetun

(2006, apud PESCE 2010), a Wiki é uma ferramenta de código aberto, cujo conceito está baseado na

escrita participativa com compartilhamento e colaboração de informações, mediante uma base de

igualdade e facilidade de acesso. Fundamenta-se em pressupostos construtivistas, pois dá

oportunidade, como ferramenta, para se explorar, construir seu próprio conteúdo e criar significado,

possibilitando ao aluno tornar-se o agente do próprio aprendizado. Não há hierarquia, todos podem

escrever de forma igualitária, exigindo-se apenas um planejamento especifico e inovação por parte do

docente.

Outra ferramenta também muito utilizada são os Blogs, uma página da Web que originalmente

iniciou-se como a disponibilização de um diário pessoal ou de um grupo, sobre assuntos específicos.

São considerados como um sistema de gestão de conhecimento, onde as informações que são inseridas

podem ser compostas e ampliadas com a participação de leitores e seguidores, através de comentários,

gerando debates, redirecionando interesses. Com foco na Educação os Blogs podem ser utilizados para

anotações de aula, compartilhamento de material, conteúdos, links e vídeos interessantes

correlacionados com os temas discutidos em aula, apresentação de trabalhos, entre outros.

Segundo PESCE (2010), na aprendizagem colaborativa, os sujeitos sociais em interação

situam-se como coparticipantes do processo de aprendizagem no qual estão envolvidos, e devem desta

forma, estar a par do cenário global, das etapas do programa de estudo/pesquisa, dos objetos almejados

e das estratégias utilizadas. O docente neste ambiente faz uma liderança compartilhada não se

colocando como centro do estudo e sim permitindo que os integrantes atuem igualmente na construção

deste ambiente de aprendizagem. Caso o docente imponha sua marca neste trajeto pode inibir a

participação ou até mesmo anular a colaboração do grupo, se houver caracterização da dominância.

Nesta nova era digital além dos ambientes de redes sociais e espaços de coautoria existem

também os repositórios de conteúdos abertos. Conforme Dowbor (2011), O MIT (Massachusetts

Institute of Technology) usando de bom senso tomou a decisão de tornar público, e de forma gratuita,

toda a produção de seus docentes e pesquisadores.

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Mais um exemplo a ser considerado é o Projeto OpenScout (http://www.openscout.net), que

teve início em setembro de 2009 e término em Agosto de 2012. Em parceria com a Associação

Europeia de Tecnologia (EATEL) foi criado o Special Interest Group (SIG), em setembro de 2012. As

atividades continuaram por meio deste grupo com conteúdo aberto para as áreas de negócios e gestão,

onde o principal objetivo é dirigir e promover a educação mesmo após a finalização formal do projeto.

O SIG mantém e amplia o portal, a comunidade de usuários e serviços do OpenScout e pretende ser o

ponto de acesso único para as pessoas envolvidas neste campo. O projeto é financiado conjuntamente

com o programa eContentplus da Comissão Europeia como um Projeto de destino, no domínio dos

conteúdos educativos (Grant ECP 2008 EDU 428.016). Com o OpenScout o potencial de conteúdos e

materiais de aprendizagem abertos, já existentes, podem ser plenamente explorados, tanto no setor

empresarial, por alunos, docentes, pesquisadores e outros interessados relacionados. Trata-se de uma

plataforma integrada de Recursos Educacionais Abertos (REA). Possui o objetivo principal de oferecer

serviços e recursos tecnológicos, educacionais e culturais, promovendo gestão de conhecimento com

fácil localização, acesso e uso. Financiado pela comunidade Europeia é resultado de um consórcio de

universidades e centros de pesquisa, que contribuem conjuntamente com a realização de todo o

processo.

A OpenScout Tool Library reúne pessoas que estão desenvolvendo ou usando

recursos de aprendizagem e dá condições a elas de compartilhar suas histórias e

recursos. Pessoas de diferentes realidades, formações e referências. Que estejam

ainda envolvidas em diferentes estágios do uso de recursos de aprendizagem,

formando um ecossistema de pessoas, histórias e recursos. Fornecendo serviços de

educação na internet, permitindo aos usuários encontrar facilmente acesso, uso de

conteúdo aberto, troca de educação e formação em gestão. Pode ser usado por

alunos diretamente, mas também por instituições de formação e educação que

buscam conteúdos de aprendizagem para ser integrado em suas ofertas de

aprendizagem.

O governo brasileiro vem implementando programas e ações de inclusão digital, visando a

participação e desenvolvimento de discentes e docentes. Tem em grande parte o papel de reduzir a

desigualdade da sociedade e a disponibilização de forma mais igualitária das oportunidades geradas

pelo acesso a tecnologia.

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Podemos perceber nas iniciativas citadas que existem alternativas diversas, que estão sendo

disponibilizadas diariamente, no intuito de acessar informações no ciberespaço, revolucionando o

processo de aprendizagem, bem como o funcionamento das instituições de ensino (em todos os níveis).

Existe um descompasso entre a velocidade de aprendizado das novas tecnologias entre alunos e

professores. A maioria dos professores atuantes, diferentemente dos jovens de hoje, nasceram em

época em que a tecnologia ainda caminhava a passos lentos. Muitos por iniciativa própria tentaram,

mediante recursos disponíveis, acompanhar essa transformação.

O Centro de Estudos e Pesquisa da Fundação Victor Civita (2010) (FVC) que, juntamente com

o Ibope e o Laboratório de Sistemas Integráveis da Universidade de São Paulo (LSI-USP), realizou

uma pesquisa no ano de 2009 sobre o uso de computadores e de Internet nas escolas públicas de

capitais brasileiras. Um dos índices apontado, relacionado ao tema em questão, revelou que 70% dos

professores sentiam-se pouco ou nada preparados para o uso das tecnologias da educação.

Segundo Masetto (2010) os objetivos que poderão ser alcançados por estas tecnologias são:

“-Valorizar a autoaprendizagem, incentivar a formação permanente, a pesquisa de informações básicas e das novas informações, o debate, a discussão, o diálogo, o registro de documentos, a elaboração de trabalhos, a construção da reflexão pessoal, a construção de artigos e textos - Desenvolver a interaprendizagem: a aprendizagem como produto das inter-relações entre as pessoas.” (p. 143)

Fica claro que algumas ações são necessárias para tentar amenizar essas diferenças de geração.

O docente precisa recuperar essa perda, talvez com a possibilidade de frequentar cursos de formação

continuada, novas abordagens de aprendizagem, tecnologia, ferramentas multimídia, entre outros e

assegurar o desenvolvimento de competências essenciais para se manter ativo nesta profissão,

atendendo as necessidades emergentes da nova geração que é multifacetada.

O OUTRO LADO DA MOEDA

A necessidade de acompanhar esse movimento, utilizando a tecnologia e novas práticas,

é sem dúvida, um desafio para o professor. Sempre nas discussões no campo da Educação, se levanta a

necessidade de se aumentar a qualidade, buscar inovação, formar alunos mais preparados, desde a

Educação Básica até o Ensino Superior.

Precisamos analisar outros impactos que o docente vivencia em sua carreira. Se a educação é de

má qualidade, também foi essa má qualidade de ensino que o professor, em muitos casos, recebeu em

sua formação. Segundo Cortella (2014) o professor não é exclusivamente responsável pelas

possibilidades de sua formação. Bem ou mal, as vezes aos “trancos e barrancos”, ele passou pelo

processo educacional e está formado. E logo começa a trabalhar, colocar em prática todo o

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conhecimento absorvido no manancial dos mestres em sala de aula. Agora é a sua vez, poderá começar

a trabalhar, por exemplo, em um colégio, mas, rapidamente percebe que a remuneração não é

suficiente para saldar suas necessidades pessoais. Sendo assim surge a necessidade de buscar novas

oportunidades, procurar mais aulas para compor sua grade e disponibilidade de horários. Em pouco

tempo está em outros dois colégios ou instituições – e começa a corrida desenfreada para poder

cumprir as exigências e normas de cada instituição. Cumprir prazos, elaborar as avaliações,

lançamento de notas, corrigir as provas, elaboração e participação em eventos acadêmicos, entre

outros. Resultado: Sobrecarga, falta de tempo, ansiedade.

A cada dia, a cada ano, novos objetivos, novas metodologias, novas formas de avaliação vem

surgindo. Mas o tempo é tão escasso que até as correções de provas de múltipla escolha causam

estresse, por conta inclusive da quantidade de alunos que este professor administra em sala de aula. Em

um Centro Universitário, de iniciativa privada, na capital de São Paulo, professores do ensino superior

chegam a ministrar aulas magnas para 200 alunos, em cada turma! Como avaliar, como saber afinal

quem é quem!? A coordenação explica em certa reunião que o importante a partir de agora é que os

professores trabalhem em conjunto, integrando os componentes curriculares. Fazer com que os alunos

participem mais, e inclusive discutem o cenário que descrevemos no início deste artigo referente as

ferramentas tecnológicas, a produção acadêmica, mais e mais. Os docentes até concordam –

teoricamente. Mas a maioria não tem tempo para se reunir, outros não querem mais trabalho do que já

tem, ou não vem importância nas colocações apresentadas. Por que vou fazer tudo isso se vou ganhar a

mesma coisa?? Comentam e permanecem na zona de conforto.

Pela simbiose existente entre um assunto abstrato, “a aula”, e um assunto concreto, “o

professor”, Ronca (1995) aborda a dicotomia errônea que possa existir sobre a figura docente,

navegando entre culpado e vítima de aulas ultrapassadas, que não ecoam mais no perfil dos

estudantes de hoje. Analisando de uma forma mais ampla o docente é apenas parte de uma

engrenagem no ambiente do aprendizado e seria perigoso uma crítica exacerbada sobre essa figura

responsabilizando como estrito “culpado” pela falta de identidade vivida no momento da aula.

“Ao mesmo tempo, vemos professores que, embora vivendo sob o teto dessa

estrutura, conseguem fazer um trabalho sério, gratificante e, por que não

dizê-lo, maravilhoso. Não se contentam com certas frases ouvidas à boca

pequena: Por que alterar o que está dando certo? ou, trabalho assim há

anos e não preciso mudar! ou, eu faço o que eu posso!” (RONCA, 1995, p.

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Zagury (2009) em 2002 iniciou a elaborar um projeto de pesquisa com o principal objetivo de

colher dados concretos sobre o pensamento do professor brasileiro que atua em sala de aula. Uma

abordagem sobre alguns aspectos polêmicos da prática docente, tais como progressão continuada,

auto-avaliação, avaliação qualitativa, metodologia, entre outros, diretamente relacionados à qualidade

de ensino, foco que sempre permeia as discussões no campo da Educação. A seguir apresentamos

alguns dados importantes a serem analisados como resultado da Pesquisa de Zagury (2009).

O estudo foi concluído com 1.172 entrevistas válidas (especialistas em Estatística Aplicada a

Educação indicaram uma amostra necessária de 1.000), abrangendo 42 cidades, em 22 estados da

federação, sendo colhida de forma espontânea e não identificada. Professores regentes de turmas do

Ensino Básico, predominantemente mulheres (93%) e faixa etária concentrada em 25 a 40 anos (69%).

O grau de instrução concentrado em formação apenas no ensino superior (50%), 31% com

especialização e apenas 2% em mestrado. Esse dado é interessante ser comentado, a necessidade da

continuação nos estudos acadêmicos e a desproporção entre especialistas e mestres. 67% dos

professores eram da rede publica, com concentração de 83% no ensino fundamental.

Observamos a seguir um dos temas da pesquisa que refere-se as três maiores dificuldades em

sala de aula, segundo entrevistas. Foram delineados 07 prováveis problemas e solicitado aos

respondentes que assinalasse apenas uma opção (a mais importante), com a possibilidade de em uma

oitava opção o professor poder apontar outra possibilidade caso não achasse as outras alternativas

como mais graves em sua opinião.

Maior dificuldade do professor Dados %

Manter a disciplina em sala 22

Motivar os alunos 21

Fazer a avaliação dos alunos 19

Manter-se constantemente atualizado 16

A escolha da metodologia adequada a cada unidade ou aula 10

Usar recursos audiovisuais 3

Falta de participação e interesse dos pais 1

Trabalhar com classes cheias 1

Desrespeito/falta de limite dos alunos 1

Dominar o conteúdo de sua disciplina 1

Outras 4

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Não respondeu 2

Base 1.172

Tabela 2. As maiores dificuldades em sala de aula (ZAGURY,2009, p. 83)

Como podemos observar na Tabela 2, a disciplina em sala de aula e a falta de motivação são os

dois itens mais votados. Não se pode separar um do outro e seria até impossível definir quem é a causa

ou efeito. Não há disciplina por falta de motivação ao estudo, por ter parado de aprender ou não há

motivação pelo excesso de indisciplina em sala de aula? O que podemos afirmar que se os dois

problemas forem solucionados 43% dos problemas estariam resolvidos. Nesse ponto as novas formas

de educação, abordagens e ferramentas da tecnologia poderiam auxiliar nesse processo, trazendo

inovação e maior movimento na dinâmica da aula e envolvimento do aluno (responsabilidade

compartilhada). Alunos desmotivados e/ou indisciplinados acabam resultando em um só problema, que

deve ter outras causas individuais. Não seria justo atribuir ao docente toda responsabilidade de resgatar

e superar essas dificuldades. Mas quando o próprio professor admite que não está dando conta da

situação, esse pedido de “socorro” não pode ser ignorado, afinal com alunos desmotivados e

indisciplinados, a qualidade do ensino não vai melhorar.

Analisando ainda a Tabela 02 podemos observar que os cinco problemas mais citados pelo

professor brasileiro referem-se a sua própria atuação, em função de seu papel docente que obterá um

melhor ou pior desempenho. Veremos a seguir as Dificuldades versus Causas, sob três ângulos que

conversam entre si (quatro itens mais citados), conforme segue:

Dificuldades x Causas

Manter-se atualizado em sua disciplina

%

Tempo/Falta de tempo 52

Falta de recursos financeiros 49

Não respondeu 20

Falta de oportunidade de atualização, incentivo, instituições não

oferecem ao professor

7

Tabela 3. Adaptado ZAGURY,2009, p. 103

Dificuldades x Causas

Escolha da metodologia adequada a unidade ou aula

%

Despreparo dos professores 23

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Falta de tempo 9

Turmas heterogêneas 6

Falta de recursos audiovisuais:slides, Videos 5

Tabela 4. Adaptado ZAGURY,2009, p. 104

Dificuldades x Causas

Deficiência na formação e/ou treinamento continuado

%

Dificuldade financeira para custear cursos e livros de atualização 50

Falta de tempo/excesso de trabalho 48

Acomodação/desmotivação dos professores 10

Grande quantidade de mudanças do mundo atual 5

Tabela 5. Adaptado (ZAGURY,2009, p. 105)

Com professores sobrecarregados, cansados, estressados, desatualizados, e desmotivados,

dando aulas antigas e cansativas, sem foco na melhoria e a corresponder com as necessidades

emergente atuais, os alunos se tornarão ainda mais desmotivados e indisciplinados. Sabemos que esse

assunto abre possibilidade para outros tantos que causam impacto na Educação porém esse ciclo

vicioso entre aluno e professor precisa ser quebrado onde Zagury (2009) afirma: Os alunos (crianças

ou não) dizem: “Já que é tudo sempre a mesma coisa, então, vamos bagunçar, porque assim, ao menos

a gente se diverte!”, enquanto os docentes afirmam: “Os alunos de hoje não têm mais jeito, na minha

época era diferente”.

Um círculo vicioso, que se auto-alimenta, se faz e refaz continuamente, o qual requer urgente

rompimento possibilitando rever e reconstruir o processo do Ensino com qualidade, formando

cidadãos e profissionais preparados para o desempenho de um papel íntegro perante a sociedade. A

tecnologia não deve ser vista, segundo Cortella (2014) como a única prioridade na esperança que o

cenário mude e a qualidade do aprendizado se alavanque única e exclusivamente por meio destas

ferramentas.

Caberá ao docente avaliar, são duas gerações convivendo na sociedade como um todo, ainda

segundo Cortella (2014) são os “nativos digitais”, pessoas com idade inferior a 30 anos e os

“migrantes digitais” que passaram pela transição da época sem tecnologia para os dias atuais da

tecnologia veloz e sua pluralidade de recursos. Conviver em paz será o desafio, nem em uma postura

totalmente aversa a tecnologia (informatofobia) ou acreditar que a tecnologia será a resolução para

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todos os problemas da educação (informatolatria). Se posicionar nos polos é uma postura inadequada,

sendo o desafio entender que esta realidade cobra do docente um movimento que responda este cenário

apresentado garantindo sua permanência ativa no mercado de trabalho.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Muitos são os desafios no século XXI para que o docente consiga se preparar para atender esse

cenário atual, um caminho sem volta e independente das ferramentas o docente precisa compreender

que novas formas de educação estão se construindo. Não de maneira determinada e definida mas sim a

necessidade de desenvolver competências em um comportamento flexível e atento, adaptável, ousando

em formas e recursos objetivando a aprendizagem do aluno. Também pudemos observar que em

nenhum momento as ferramentas apresentadas, bem como a tecnologia, são tratadas como soluções

exclusivas para os problemas de aprendizagem, mas sim como instrumentos, recursos que devam ser

agregados a esta geração que nasce totalmente familiarizada com essa acessibilidade e velocidade de

informações. Notamos ainda que o docente acaba sendo impactado em diversas variáveis tais como as

oportunidades de seu próprio aprendizado, condições de trabalho insuficientes ou inadequadas, o perfil

do aluno de hoje e a própria disponibilidade da tecnologia. É um assunto que cabe novas pesquisas e

debates para se gerar compartilhamento de ideias e novas propostas a serem testadas e refletidas ,

sobre o papel profissional docente e as oportunidades que se descortinam.

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