Novo bispo elogia · que só acentuam a fragmentação do corpo ... de “esperança forte” para...

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04 - Editorial: Tolentino Mendonça06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14- A semana de... Margarida Duarte16- Entrevista Maria Conceição Moita28- Dossier 25 de Abril40 - DNPJ

42 - Internacional48 - Cinema50 - Multimédia52 - Estante54 - Vaticano II56- Agenda58 - Por estes dias60 - Programação Religiosa61 - Minuto YouCat62 - Liturgia64 - Fundação AIS66 - Luso Fonias68 - Cáritas Portuguesa

Foto da capa: D.R.Foto da contracapa: Agência Ecclesia

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Opinião

Novo bispo elogiaalma do Porto[ver+]

Bispo toma possecomo capelão-chefe[ver+]

Os católicos e o25 de Abril[ver+] Tolentino Mendonça| João MIguelAlmeida |Jorge Revez| Tony Neves |Márcia Carvalho | Luís Salgado deMatos

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Falar e ser entendido

José Tolentino Mendonça

Durante muito tempo o desafio da renovaçãoeclesial esteve centrado na necessidade deencontrar uma nova linguagem. Um dado era (econtinua a ser) evidente: a linguagem habitualnão só dos documentos, mas até da pregação daIgreja, já não é entendida pelos nossoscontemporâneos. Podemos simplesmente cruzaros braços e denunciar a falta de uma formaçãocristã de base. Contudo, o desencontro entre amensagem e os seus destinatários continua lá. Eo “desencontro” não é só “ad extra”: dentro dasnossas próprias comunidades contam-se pelosdedos os que resistem a uma leitura integral deum texto mais longo do magistério. Ora isso gerauma desarticulação e uma incomunicabilidadeque só acentuam a fragmentação do corpoeclesial. Não funcionamos como arquipélagos,mas como desagregadas ilhas.Este é certamente um dos aspectos em que opontificado do Papa Francisco se tem reveladoprovidencialmente inovador. Ele tem mostrado àIgreja no seu conjunto que é possível falar e serentendido; que se pode anunciar o kerygmaevangélico a um auditório diversificado, do pontode vista humano e cultural, e cada um entendê-lo, de forma relevante, na sua própria língua; quea palavra serve para ensinar, mas também paraconsolar, comover e reconciliar; que a palavraganha profundidade sempre que se torna

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simples e transparente; que apalavra que une razão e coração éaquela parabólica; que a linguagemque não se esquece é a que temuma qualquer sonoridade maternal.Nesse sentido, é fundamental que oexemplo de Francisco inaugure einspire, de facto, uma nova estaçãona forma como a Igreja secomunica. Mas para isso a própriaIgreja é chamada a redescobrir-seela própria em novas imagens.

Os discursos do Papa estãorepletos delas. Que a Igreja não éuma ONG. Que a Igreja não é umamãe por correspondência. Que anossa não é uma fé-laboratório comsoluções prontas para tudo, masuma fé-caminho. Que a Igreja é umhospital de campanha, disponívelpara as grandes feridas do coraçãohumano.

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«Este gesto de D. António Francisco Santos ficará na história da diocese doPorto»

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«Lembra-te que a Igreja te pôs namão um báculo; não te ofereceuumas muletas…» (D. AntónioFerreira Gomes; In: StimulusPastorum – Pensamentos sobre aProfissão de Bispo) «Saberemos ajoelhar diante deDeus em oração, para servir depé, com passos serenos masdecididos, a Igreja e o mundo,como nos ensinou D. AntónioFerreira Gomes, generososervidor desta Igreja, que partiuao encontro de Deus faz agoravinte e cinco anos.» (Homilia deD. António Francisco Santos, Sédo Porto, 06 de abril de 2014)

«Vou construindo caminhos deunidade, tentarei congregar enão separar» (D. Manuel Lindano discurso de tomada de posseoficial como bispo das ForçasArmadas e de Segurança, 08 deabril 2014) «Se a Igreja no Porto persistir empráticas clericalizadas, correrá orisco de pecar por omissão,impedindo a voz e a vez dos leigos»(Rui Osório, Voz Portucalense, 09de abril 2014)

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Novo bispo elogia alma portuenseO novo bispo do Porto elogiou estedomingo a “alma” da populaçãolocal e pediu um esforço conjuntoem favor dos “frágeis, os pobres eos que sofrem” que envolva a Igrejae a sociedade. “Grande é a almaportuense, solidária e exemplar, atépara o todo nacional”, disse D.António Francisco dos Santos, naCatedral diocesana, na homilia daMissa que assinalou a sua entradasolene.O sucessor de D. Manuel Clemente,nomeado pelo Papa Francisco a 21de fevereiro, destacou ascaraterísticas próprias de um “povoconsistente e nortenho”, emparticular a sua “tenacidade” e“criatividade”

face às dificuldades, que são motivode “esperança forte” para o futuro.D. António Francisco dos Santosreferiu-se particularmente à“capacidade de criar, empreender einovar” com que se tem conseguidoresistir e até “superar” asdificuldades criadas pela crise. Oresponsável prometeu “diálogo” comtodas as autoridades locais, parapromover “o serviço da vida, aprocura do bem comum, o valor dadignidade humana, o respeito pelaliberdade e o esforço da coesãosocial”.“Apenas quem serve com amor eternura, que são as linhas do rostode Deus, é capaz de cuidar, deproteger, de promover e de salvar oseu povo”, referiu anteriormente,numa intervenção em que mostrou aintenção de transmitir umamensagem centrada na “esperança”e nas “boas notícia de Deus”.D. António Francisco declarou nãotrazer consigo planos pastoraispredefinidos, pedindo atenção

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à inspiração do “Espírito de Deus”.“Saberemos ajoelhar diante deDeus em oração, para servir de pé,com passo serenos mas decididos,a Igreja e o mundo, como nosensinou D. António Ferreira Gomes[1906-1989]”, sublinhou, numapassagem em que evocou os seuspredecessores mais recentes.A cerimónia contou com a presençade autoridades políticas, civis,judiciais, académicas e religiosas,

incluindo o presidente da CâmaraMunicipal do Porto, Rui Moreira.O autarca disse à AgênciaECCLESIA que este é um “dia dealegria para o Porto” e que o novobispo é visto como alguém quedesenvolveu um “trabalhofantástico” na relação com asociedade.D. António Francisco dos Santos, de65 anos, tomou posse este sábadoperante o Colégio de Consultoresda diocese no Paço Episcopal,numa cerimónia privada.

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Catequese é apelo à promoçãohumanaO vogal da Comissão Episcopalpara a Educação Cristã, D. ManuelPelino, incitou os jovens afrequentarem a catequese,lembrando que esta é “um apelo àliberdade e à promoção enquantoseres humanos”. “A catequese é umapelo à liberdade, são os própriosjovens que aceitam as regras, elesgostam e precisam de regras,sentem-se promovidos e isso nota-se na catequese, nas aulas deEMRC, no escutismo e noutrosmovimentos de jovens”, disse obispo de Santarém à AgênciaECCLESIA.O responsável falava durante o 53.ºEncontro Nacional de Catequeseque decorre até sexta-feira emAlfragide, arredores de Lisboa, quepromove a reflexão sobre o tema‘pedagogia da fé e da vida paraadolescentes’. Os valores a passaraos jovens na adolescência são“determinantes para no futuroserem adultos comprometidos” e porisso é importante que estes vivameste tempo de crescimento com“sentido de comunidade, defraternidade, de serviço e departicipação ativa” evitando que

os meios tecnológicos sirvam comoferramentas que os “vão fechar parao mundo e para a comunidade”,sustenta o vogal da ComissãoEpiscopal para a Educação Cristã. Acolaboração entre as váriaspropostas da Igreja Católica é aliásum dos trunfos para captar aatenção dos jovens “ pois em todasestas frentes educativas passam-sevalores cristãos e humanos quefazem muita falta”. Maria João Pena,professora universitária no ISCTE,abordou o tema ‘Adolescentes dehoje, espaços educativos, desafiospara crescer’. “ A adolescência é umperíodo de mudança em que porvezes nem os próprios adolescentespercebem que estão a mudar tendodificuldade em perceber o que sepassa”, disse à Agência ECCLESIA.

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Bispo das Forças Armadas tomouposse como capelão-chefeO bispo das Forças Armadas e deSegurança, D. Manuel Linda, tomouposse do cargo de capelão-chefeda Igreja Católica, esta terça-feira,numa cerimónia que decorreu noMinistério da Defesa, após terassumido funções canónicas emjaneiro.“A minha missão é trabalhar econstruir no silêncio uma Igreja queé constituída por homens emulheres concretos”, disse oprelado aos jornalistas, que oquestionaram sobre as suasprioridades.D. Manuel Linda foi nomeado peloPapa Francisco a 10 de outubro de2013, sucedendo a D. JanuárioTorgal Ferreira, e rejeitou qualquercenário de desentendimento com oGoverno no processo que impediu,até hoje, a sua tomada de posse.“Da minha parte não houvequalquer mal-estar”, sublinhou.O bispo das Forças Armadas e deSegurança disse querer fazer o seu“caminho próprio”, pregando a“mesma fé” de forma atenta àrealidade, numa “grande estrutura”que continua

a assegurar os valoresindispensáveis da “segurança e apaz”.O ministro da Defesa Nacional, JoséPedro Aguiar-Branco, sublinhou porsua vez que foi preciso asseguraruma solução legal para que o bispopudesse “integrar a estrutura dasForças Armadas” e que o problemanão esteve no salário. “Não houvemal-estar com a Igreja”, sustentou,frisando que não quer “condicionar”a ação de D. Manuel Linda.A tomada de posse contou com apresença do presidente daConferência Episcopal Portuguesa,D. Manuel Clemente, e do núncioapostólico [embaixador da SantaSé], D. Rino Passigato.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosem www.agencia.ecclesia.pt

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Basílica de Nossa Senhora do Rosário vai fechar para obras apósperegrinação de maio

Entrevista a Manuel Matias, coautor do livro «O Inimigo em Casa»

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Em reunião… para ajudar os pobres!

Margarida DuarteAgência ECCLESIA

“Que se lixem os pobres”, é o nome de umacampanha de alerta para a pobreza, que chamoua atenção dos ingleses de uma forma muitopeculiar. Um homem foi para as ruas de Londres,no Reino Unido, com um cartaz com uma frasemuito ofensiva direcionada aos maiscarenciados.Ao longo de cerca de 30 segundosde vídeo podemos perceber que o homem nemprecisa de falar, apenas a mensagemprovocadora que ostenta no cartaz gera aindignação dos transeuntes que se mostramrevoltados e exaltados com tamanhaofensa.Estranho é que na segunda parte dovídeo o mesmo homem troca de cartaz e agorapede apenas “ajuda para os pobres” pedindoefusivamente algum apoio monetário. A rua é amesma mas o contraste da mensagem é igual àindiferença de quem passa pelo homemignorando-o e nada dizendo ou fazendo.O vídeo é da responsabilidade de uma fundação,a Pilion Trust e foi publicado na internet apenasna segunda-feira mas já leva mais de um milhãoe meio de visualizações, sendo que se tornou jáum vídeo viral. Duvido se esta será a melhor forma de despertara atenção das populações para a pobreza efragilidade em que milhões de pessoas vivematualmente mas este vídeo revela o desprezo e odesinteresse com que se lida com essa realidadeno dia-a-dia, sendo preciso reinventara abordagem levando-a neste caso ao exageropara se tornar incómoda e levar à reação.

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A vida passa a correr, cada um temos seus próprios problemas, assuas próprias preocupações e namaior parte das vezes ospensamentos fazem-nos perder anoção da realidade em que vivemos outros. Algo que acontece a nívelindividual mas também em muitasorganizações, partidos políticos egoverno onde o apoio ao maiscarenciado é muitas vezesdivulgado amplamente como afinalidade teórica mas quepouco interessa na realidade.Discursos bem preparados, cheiosde lugares comuns, promessas deestudos, de ações de formação eensino. “É preciso educar ascrianças e jovens logo na escolapara que não entrem na pobrezacomo os pais entraram”, ouvi há unsdias… Se ser pobre ou não, se terfome ou não, se ter dinheiro, água eluz dependesse só da educaçãoentão todos os alunos fariam por terboa nota nessa "disciplina".

Num dia ouve-se um políticoprometer que quando chegar"ao poleiro" acaba com os sem-abrigos, noutro ouve-se então “queser pobre é uma escolha e que épreciso educar para evitar essecaminho”. Tantas reuniões,encontros, formações, debates,almoços e jantares se fazem poreste país e mundo para debater apobreza e a carência social em quecada vez mais caem seres humanosvítimas da insegurança laboral eeconómica. No fim muitas dessas‘reuniões’ revelam-se apenas ocas edemagógicas onde as conclusõesnão existem ou se existem estavamjá pré-definidas à partida e nãopassarão do papel.“É como estar num quarto cominúmeros espelhos fantásticos quetorcem para reflexões falsas umaúnica anterior realidade que nãoestá em nenhuma e está em todas”,já dizia Fernando Pessoa quandoreunia com os seus heterónimos.

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Memórias do dia da libertaçãopessoal e do paísMaria Conceição Moita estava presa em Caxias no dia 25 de abril de1974. Participou em ações contra a ditadura e sobretudo contra aguerra nas colónias portuguesas. E teve um papel determinante nosacontecimentos da Capela do Rato: leu a declaração que convocava avigília de 48 horas.

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Agência Ecclesia – Que liberdadeconquistou no dia 25 de abril de1974?Maria Conceição Moita – No dia 25de abril de 1974 estava presa, nacadeia de Caxias, como estavammuitos cristãos. Não soubemos quetinha havido a revolução nem ogolpe militar pelo Movimento dasForças Armadas. Apenas tivemosconhecimento vagamente no finaldo dia 25. Percebemos que haviaalgumas alterações nas rotinas nacadeia, alguns companheiros queseriam julgados nesse dia e quenão foram.Houve um automóvel que tentoucomunicar com os presos de Caxias.Através de sinais sonoros, a partirda autoestrada. Disse que tinhahavido um golpe de estado e queiriamos ser libertados. Mesmo semouvir toda a mensagem,percebemos as duas últimaspalavras: “derrubado” e “coragem”.Ficamos muito entusiasmadas, eu eas três pessoas que estavam nacela comigo, porque queríamos queaquele pesadelo acabasserapidamente.No dia 26 de abril a horas tardias, jánoite, fomos libertados depois

de algumas diligências para quetodos os presos políticos fossemlibertados e não alguns comoinicialmente tinha sido anunciado.Foi uma libertação que teve umsignificado pessoal enorme! Estavapresa há seis meses. Tinha passadopela tortura, isolamento numa celasozinha e finalmente com outrascompanheiras.Foi uma libertação única. Era aminha libertação pessoal depois deuma situação de cativeiro; alibertação do meu país, que tantodesejava; o fim da ditadura e aconquista da palavra “liberdade”que faltava; e depois a libertaçãodos povos das colónias, uma lutaonde estava particularmenteimplicada. AE – Por que motivos foi presa? MCM – Eu estava presa porquecolaborei com as brigadasrevolucionárias nalgumas ações,tinha uma casa em meu nome ondese refugiavam algumas pessoas queviviam na clandestinidade ecolaborei com boleias para ações debrigadas revolucionárias.

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AE – Pertencia ao grupo decatólicos que se opunham aoregime. Essa determinaçãoimplicava a rutura com a IgrejaCatólica?MCM – Não necessariamente. Emuitos de nós não fizemos ruturacom a Igreja. Eu, por exemplo, ia àmissa todos os domingos e estavacompletamente integrada. Algunssim, mas não por razões denecessidade para a sua açãopolítica.A rutura ou desencantamento com aIgreja institucional aconteceu deuma maneira natural porque oscristãos viviam muito entristecidospelo facto dos frutos maravilhososdo Concílio Vaticano II não terematingido a Igreja Católica emPortugal de uma maneira manifesta.Houve bolsas muito interessantes,de padres e leigos, que viveram agrande abertura que foi o Concílio eas suas orientações, em queparticipei, e que tiveram uma grandeimportância na nossa consciênciapolítica. A mesma importânciativeram as encíclicas de João XXIII ede Paulo VI, que apontavam para agrande importância dodesenvolvimento humano, dademocracia e da

vivência em liberdade, o que eraincompatível com o que aconteciaem Portugal. Afastaram-se, por isso,da Igreja de uma maneira muitoentristecida e dorida… AE – Vencidos do catolicismo?MCM – Não sei se vencidos…Vencedores, não, de certeza, masmuito entristecidos. Muitos delesnão perderam a fé, mas afirmaram agrande tristeza em relação àcumplicidade que a hierarquia daIgreja mantinha quer ao fascismoquer à guerra colonial. AE – Qual o papel dos “católicosprogressistas” na construção deuma consciência política nova e departicipação ativa?MCM – Os católicos da altura foramverificando que o que se viviaenquanto cidadãos erainsustentável e insuportável para asua consciência cristã. As liberdadeseram coatadas, não havia direito àinformação, que era completamentevigiada e cortada pela censura; nãohavia o direito à reunião e, quandonos queríamos reunir para questõesmais melindrosas tinha de ser naclandestinidade. Um grupo

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cada vez maior de cristãos foramtomando consciência destasrealidades e ligando-se entre si.Houve pessoas e marcos dereferência. Mas a tomada deconsciência da situação em que sevivia aconteceu em grupo. Aídebatíamos e combinávamos comoajudar outros cristãos a tomarconsciência destas realidades,concertávamos

estratégias para ações concretas…E estas ações foram cada vez maisimportantes à medida que nosaproximávamos do 25 de abril.Aumentava o número departicipantes, de vários quadrantese com várias sensibilidades políticasque tomavam medidas querpessoais quer em grupo para darvolta à situação.

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AE – A divulgação de uma novaconsciência política gerou-se emtorno de pensadores e publicações.Qual a importância do “Tempo e oModo”?MCM – Eu não estive muito ligadaao “Tempo e o Modo”. Era de umageração um pouco mais nova.Foram iniciadores de umpensamento muitíssimoaprofundado e aberto ao que sepensava lá fora e ao que de melhorse pensava cá dentro. Foramintelectuais que abriram um grandeclarão na Igreja “cinzenta” a queestávamos habituados.Eu fui uma leitora do “Tempo e oModo” e ainda tenho algunsexemplares que guardoreligiosamente.Depois, saiu um jornal que sechamava “O Direito à Informação”.Denunciava o que se passava nopaís, com a ditadura, a ausência deliberdades, o aumento da pobreza,da emigração, pela qual as pessoasfugiam à miséria extrema queacontecia no país. Foi um meio deluta contra a guerra colonial, quetinha envolvido muitos cristãosdesde 1964.

O “Direito à Informação” durou certade 8 ou 9 anos, tendo saído 18exemplares, o que é muito porquese tratava de uma publicação feitana mais rigorosa clandestinidade,escrita à máquina por três mulheres. AE – E Cadernos GEDOC, ligadosao padre Felicidade Alves?MCM – Os Cadernos GEDOC foramnotáveis no contributo para aconsciencialização de muitoscatólicos. Eles adotaram umaestratégia muito interessante parafugir à censura. Cada um tinha umnome diferente, normalmente nomesbíblicos: um chamava-se Juditeoutro um nome diferente da Bíblia.O padre Felicidade teve uma grandeimportância aí e muitos leigosligados a ele. Posteriormentecomeçou a editar-se o “Boletim Anti-colonial” que também teve muitoimportância na divulgação do que sepassava nos palcos de guerra.

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AE – Foi uma dos “101 católicos”que assinou o “Manifesto”, em1965?MCM – Não me recordo! Naquelaaltura havia muitos documentos queera assinados e não me recordo seo meu nome está no “Manifesto dos101 católicos”. Por vezes nãoconvinha assinar porque estávamosligados a outro tipo de iniciativas enão era bom que figurássemosentre essas assinaturas. Haviaestratégias de defesa de nóspróprios e das ações em queestávamos implicados para não“espantar os pardais”.

AE – Que importância teve o padreAlberto Neto, uma das liderançascatólicas da época a lutar não por“outra Igreja” mas por uma “Igrejaoutra”, como dizia?MCM- De facto, queríamos umaIgreja outra, como o padre Albertodizia, que fosse mais fiel àEvangelho de Jesus e umapresença de Jesus consentâneacom essa mensagem.O padre Alberto Neto foi um dosmuitos clérigos formidáveis dessaaltura. Lembro-me de tantos queforam influenciadores da juventudee outros setores que tiveram umpapel determinante na tomada deconsciência de jovens e não jovenspara a situação em que se vivia.

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AE – Particularmente marcante noseu percurso de luta pela liberdadefoi a participação na vigília daCapela do Rato. Como foipreparada e porque foi a Maria doConceição Moita a ler a declaraçãoque anunciava a realização de umavigília, em jejum, durante 48 horas?MCM – Os acontecimentos daCapela do Rato foram preparadoscom grande rigor. Tinha havido umainiciativa na igreja de S. Domingos,dois anos antes. Mas tinha sido umepisódio efémero e com poucoimpacto. O que levou a pensarnuma outra ação, no interior daIgreja mas aberta a não cristãos,que tivesse mais impacto quer doponto de vista eclesial quer político.Um grupo de seis pessoasdecidiram dar a cara para que essaação fosse realizada. Escolheu-se acapela do Rato não por causa dopadre Alberto Neto, mas por ser um“antro” onde a mensagemevangélica era proclamada e vividade uma maneira muito intensa poruma pequena comunidade.Havia um ambiente que noschamava para o melhor de nóspróprios enquanto cristãos. O padreAlberto fazia umas homiliasnotáveis. A PIDE estava

sempre a assistir, mas nuncaconseguiu prendê-lo porque, apesarde fazer a denúncia clara dassituações que se viviam emPortugal, mantinha uma linguagemsempre próxima do Evangelho dodia. E por isso não podia seracusado de intervenção política. Eleproclamava a mensagem doEvangelho, apenas.Estávamos todos presentes namissa vespertina de sábado, dia 30de dezembro de 1972, celebradapelo João Seabra Dinis. No fim eudirigi-me aos microfones dizendoaos presentes que nos queríamoscomprometer a ficar dois dias emjejum completo e em greve de fome,em solidariedade com as vítimas daguerra, como protesto contrasituação de guerra que se vivia emPortugal e contra a ausência detomadas de posição da hierarquiacatólica condenando a situação daguerra.Os acontecimentos da Capela doRato tiveram muito impacto. Foramuma pedrada no charco muitogrande, sobretudo pelapossibilidade de discussão e debateque aconteceram durante todo otempo, pela oração e pela enormeparticipação que teve.

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AE – A entrada da política e asprisões que fez aumentaram arepercussão dos acontecimentos?MCM – De facto, muitas pessoasforam presas, algumas sem sequerestar ligadas aos acontecimentos,nomeadamente muitos jovens.Eu estranhamente não fui presa. Eé impossível que não tenhampercebido que eu tinha lido aqueladeclaração.Uns dias depois fui interrogada pelaPIDE. Perguntaram-me se tinhaestado na Capela e disse-lhesobviamente que sim,

que concordava completamente comos objetivos da vigília da Capela doRato; que estava completamente deacordo coma mensagem do Papapara o Dia Mundial da Paz, que esseano tinha por título “A Paz épossível”. E eu disse aos inspetorda PIDE que “a paz é possível”, quetodos tínhamos de fazer um esforçode encontrar formas e processos deresolver os conflitos entre oshumanos de maneiras humanas.Tínhamos de encontrar maneiras depor fim à guerra!

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AE – Que significado teve o facto deo cardeal Ribeiro ter condenado ainvasão da Capela pela polícia?MCM – Ele foi ultrapassado pelosacontecimentos! Pediu aos padresque celebravam missas na capelado Rato que não deixassem de ofazer, foi muito solícito em relaçãoaos padres que foram presosdepois de terem celebrado e foi àPIDE libertá-los, concretamente opadre Janela e padre Armindo. Masnão se pode opor à entrada dapolícia. AE – Mas reagiu negativamente.Terá sido uma afirmação desimpatia contra as causas queestavam a ser debatidas?MCM – Não o lemos assim. Teriahavido tantas possibilidades de tertomado as suas posições noutrascircunstâncias de uma maneira maisclara. Teria o seu pensamento sobrea situação de guerra e de ditadura.O que estava em questão era umadefesa das posições da Igreja, queachava que a polícia não podiainvadir uma igreja para prendercristãos. No entanto, ele foi muitocauteloso e não enfrentou o regime.

AE – E depois de 1974, acabou amilitância de muitos católicos?MCM – Não acabou no 25 de abril.Trazíamos uma dinâmica que eradifícil de parar. Logo depoisrealizamos “Assembleias deCristãos”, onde participaram todosos católicos, também os quefazíamos oposição ao regime. Nelashavia debate sobre tudo o que sepode imaginar.A coordenar essas mesas estavamcatólicos como Fernando Gomes daSilva, Manuela Silva, padre JoãoResina, frei Bento Domingues.Pessoas que estiveramcompletamente presentes nacontinuidade da sua ação contra oregime.Constituíram-se depois váriosgrupos, como os “Cristãos emReflexão Permanente” ou os“Cristãos pelo Socialismo”, de algummodo impulsionado por mim, masque durou muito tempo. Houvetambém um grupo que fundou ojornal “Libertar” que teve muitaimportância nos primeiros tempos davida em liberdade,consciencializando os cristãos parase misturarem com todos oscidadãos para consolidarem aliberdade e lutarem contra ocapitalismo feroz que nessa alturahavia em Portugal.

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AE – Que presença tiveram oscatólicos, por exemplo, noprimeiro de maio de 1974?MCM – O Nuno TeotónioPereira fez nesse encontro, noEstádio Primeiro de Maio, umaintervenção muito interessante.Disse: “Nós os católicosestamos no meio do povoportuguês, muito contentescomo que aconteceu emPortugal. Mas que tudo estátudo por fazer! O 25 de abril foium grande clarão queaconteceu a todos, mas agoraé tempo de… mãos à obra! Edeixa de fazer sentido adesignação de ‘católicosprogressistas’. Agora somosportugueses que vamostrabalhar pelo nossodesenvolvimento, pelo bem-estar e pela qualidade de vidade todos!” AE – Os católicospermaneceram também naintervenção política?MCM – Nós cristãos, dada aautonomia da coisa política,dividimo-nos por onde a nossacompetência política achavaque era justo.

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A reação dos bispos ao 25 de AbrilA revolução de 1974 encontrou osbispos “da Metrópole” reunidos emFátima, para a sua reunião ordináriade abril, que se concluiria no dia 26.No final dos trabalhos, emcomunicado, os prelados aludiamaos “acontecimentos de caráternacional”, do conhecimento público,afirmando que os mesmos nãodeixariam de “ter fundasrepercussões na vida do povo”.“Nestas circunstâncias, [os bispos]formulam o voto de que taisacontecimentos contribuam para obem da sociedade portuguesa, najustiça, na reconciliação e norespeito por todas as as pessoas.Apelam para as virtudes cívicas doscatólicos e de mais portugueses deboa vontade. E rezam a Deus pelopovo de Portugal”, pode ler-se.Na primeira nota pastoral “apropósito dos acontecimentos de 25de Abril”, publicada a 4 de maio, oepiscopado convida a trabalhar“pela concórdia e pela paz”.“Sentimos com todo o Povo osanseios e esperanças da hora

presente e com ele nosempenhamos, dentro da nossacompetência, na edificação de umaordem social assente na verdade,na justiça, na liberdade, no amor ena paz”, pode ler-se num texto deduas páginas, em que se recordaaos padres e religiosos que nãodevem ocupar cargos políticos e aospartidos que nenhum deles podereivindicar para a sua opinião, “demodo exclusivo”, a autoridade daIgreja.Após a breve declaração doepiscopado de 4 de maio, chegouao público uma “Carta Pastoralsobre o contributo dos cristãos paraa vida social e política”, com data de16 de julho de 1974.Este documento, dividido em 59pontos, aborda temas como arestruturação política do país, acrise económica, as “exigências dasã democracia”, a pluralidadepartidária ou o marxismo.A carta pastoral, publicada menosde três meses depois da revolução,referia que “o movimento de 25 deAbril pôs termo a um regime políticode meio século e abriu ao povoportuguês a possibilidade de umfuturo marcado pelo

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ideal democrático”.O documento concluía com umapalavra de “confiança no bom sensodo povo português”, numa“encruzilhada histórica”.Em julho de 1975, numa notapastoral “sobre o momentopresente”, os bispos afirmam que “algreja acolheu, com esperançosaexpectativa, a revoluçãodesencadeada em 25

de Abril” e sublinham que “osvalores que de início a Revoluçãoanunciava situavam-se, em grandeparte, na linha do Evangelho”.O episcopado colocava, no entanto,“sérias reservas ao processorevolucionário” tal como se tinhadesenvolvido, confessando “arecear que se esteja a caminho dumtotalitarismo indesejável”.

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A revolução de abril comunicadaaos bispos portuguesesO monsenhor Vitor Feytor Pinto foiporta-voz, junto dos bisposportugueses, da revolução de 25 deabril de 1974, e recorda a forma“serena” mas “interventiva” como aIgreja Católica viveu a queda doregime. “A Igreja em Portugal nessemomento ficou com uma grande pazporque o que aspirava era que seencontrasse uma solução para umpaís que estava em ruturaprofunda”, sublinha o sacerdote, emdeclarações à Agência ECCLESIA.Eram cerca de sete horas da manhãquando o monsenhor Feytor Pinto,na altura a realizar trabalho pastoralem Lisboa, telefonou para Fátimaonde os bispos portuguesesestavam reunidos em plenário. Emconversa com D. Júlio TavaresRebimbas, então bispo auxiliar doPatriarcado de Lisboa, o sacerdoteexplicou o que estava a acontecerna cidade, onde as tropas estavama prepara-se para depor opresidente Américo Tomás e colocarno poder o general Francisco daCosta Gomes.

Convocado para ir sem demora paraFátima, o monsenhor Vitor FeytorPinto recorda que, no caminho, tevede passar “um ninho demetralhadoras” onde a sua sorte foio responsável pela unidade ser um“antigo aluno” dos tempos deprofessor na Diocese da Guarda.A reunião da Conferência EpiscopalPortuguesa (CEP), presidida por D.Manuel de Almeida Trindade,começava às 10h00 e ficou marcadapor uma análise aos novosdesenvolvimentos que chegavam dacapital.“Foi interessante que o bispo dasForças Armadas, D. António dosReis Rodrigues, disse logo quepodíamos aguardar com serenidadeporque o general Costa Gomes eracatólico, um homem de confiança eque poderia fazer bem a ponte paraum novo Governo”, recorda.Monsenhor Feytor Pinto destaca aforma como a Igreja interveio noprocesso de transição entre oregime ditatorial do Estado Novo e aimplantação da democracia,

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sobretudo “através dos leigos”.Como assistente nacional da JuntaCentral de Ação Católica, osacerdote de 82 anos testemunhoua forma positiva como os membrosdaquele órgão encararam amudança, com “a esperança de queo desmoronar do regime permitissereequilibrar as relações entre aspessoas e que elas pudessem sentira liberdade a que tinham direito”.O professor Jorge Miranda, queteve um papel decisivo naelaboração da Constituição

Portuguesa de 1976 e o políticoAntónio Sousa Franco, quem nessemesmo ano assumiu o cargo desecretário de Estado das Finanças,eram dois dos elementos queconstituíam a direção da JuntaCentral.“Um grupo interessantíssimo queentrou na vida ativa política e queajudou a equilibrar muita coisa quesem os valores cristãos talvez nãose tivesse equilibrado”, conclui opadre Vitor Feytor Pinto.

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Os católicos e a esperança do 25 deAbrilSophia de Mello Breyner escreveuda revolução iniciada a 25 de Abril:«Esta é a madrugada que euesperava/O dia inicial inteiro elimpo». Era uma esperançapartilhada por outros católicos enão-crentes que tinham afrontado eresistido ao Estado Novo.Em 1958, durante as eleições deHumberto Delgado, uma aspiração àliberdade percorrera o país e oapoio de católicos ao candidato quepretendia demitir o Presidente doConselho fora notada pelo próprioSalazar que os acusou, em público,de «romperem a frente nacional».Tornara-se impossível silenciarvozes católicas críticas do regime.Ainda em 1958, o pro memoria dobispo do Porto, colocou a questãode os católicos serem politicamentelivres, o que lhe custou dez anos deexílio.Em 1959, dois documentossubscritos por personalidadescatólicas afirmavam que um regimeque sacrificava em demasia aliberdade e a justiça só podia seranticristão e que os métodos daPIDE repugnavam a umaconsciência cristã. Os

católicos não se ficaram pordeclarações de princípios:participaram em tentativas dederrubar o regime por golpe militar,na revolta da Sé (1959) e no golpede Beja (1962). Na década de 1960combateram a censura através daimprensa clandestina: Direito àInformação e Igreja Presente. OConcílio do Vaticano II (1962-1965)fortaleceu as razões da Igreja doscatólicos que valorizavam o mundo ea quem a fé animava a umcompromisso político. E fizeram-noem associações e cooperativas,como a Pragma, em sindicatos, nascrises académicas, nas listasoposicionistas das eleiçõesconsentidas, a partir de 1961. Naseleições de 1969, os católicosoposicionistas dispersaram-se pelosdiversos agrupamentos políticos. Osúltimos anos do Estado Novo forammarcados por umaradicalização anticolonial, queesteve na origem da remoção dopadre Felicidade Alves de pároco deBelém, da proibição dos Cadernosdo GEDOC, da prisão do padreMário de Oliveira,

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da publicação dos Cadernos deGuerra Anti-Coloniais e do BAC. Hácatólicos nas organizações de lutaarmada contra o Estado Novo.Católicos animaram vigílias pelapaz, primeiro na Igreja de S.Domingos (1969), depois na capelado Rato, na passagem de ano de1972 para 1973. Esta última vigílialeva a um cerco e invasão da capelapela polícia e tem

amplas repercussões na opiniãopública. A polémica em torno docaso na Assembleia Nacional leva àsaída dos elementos da «alaliberal». É patente o impasse doregime, desfeito a 25 de Abril de1974. O dia em que tudo pareceupossível.

João Miguel Almeida,historiador

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Os «Vencidos do Catolicismo»e o 25 de AbrilNos finais dos anos 60, Ruy Belofixaria uma expressão marcantepara os católicos queprogressivamente se distanciavamda Igreja, revelada no poema «Nósos vencidos do catolicismo»(Homem de Palavra[s], 1970). Édifícil determinar o impacto dopoema mas podemos falar de umaapropriação da expressão - cujoresponsável principal foi JoãoBénard da Costa - por parte de umgrupo de católicos que a tomamcomo lema daquela dissidência.Esta rutur é um processo nãoapenas individual mas o resultadode uma reflexão espiritual egeracional, e um percursoindissociável também dasmotivações mais profundas dastomadas de posição de católicos,denominados «progressistas»,contra o Estado Novo. O «vencidismo católico»pode ser entendido a partir de duaspersonalidades: Ruy Belo e o PadreJosé da Felicidade Alves. Se nãopodemos, no caso de FelicidadeAlves, afirmar a coerência total deuma crise

de fé, entendida como crença, éindiscutível a condição comum àsduas figuras de uma perda de fé naIgreja, simbolizada quer poruma rutura que decorreu de umposicionamento individual (quepensamos ser a situação do poeta),quer por uma distanciaçãoprecipitada pelo própriocomportamento da hierarquia (o quese adequa mais ao caso do PadreFelicidade). Consideramos ambos,assim, «vencidos do catolicismo»,não só porque num dado momentorompem o laço que os unia à Igrejamas também porque inspiram outrosa romper (o que é muito significativono caso do sacerdote).Parece-nos assim que estamosperante uma chave de compreensãode um contexto eminentementereligioso – e como tal social – quedefine o desajuste entre o conjuntodas mudanças que constituem umacerta modernidade e a própriaestrutura eclesial. É um momentocharneira no longo processo dedissolução do mundo tradicional eda sua definição do religioso,

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Ruy Belo intervém numa sessão de esclarecimento da CEUD em Lisboa, nacampanha eleitoral de 1969. Na mesa reconhecem-se (da direita para aesquerda) Vitorino Magalhães Godinho, Luís Filipe Lindley Cintra, MárioBruxelas, Raul Rego e Salgado Zenha. (Fotografia cedida por Teresa Belo) agora entendido enquantoexplosão, pluralidade e multiplicaçãode instâncias em concorrência, e noqual o indivíduo é ato principal nodebate entre liberdade eautoridade.Esta temática não é apenasrelevante para a compreensão dahistória do catolicismo portuguêsmas também para a forma como asociedade portuguesa, através deinúmeros filões de renovação,

reuniu condições para o lentoprocesso de democratização queantecedeu e sucedeu o golpe militarde 1974. A efervescência daqueleperíodo revela-nos umareconfiguração da identidadecatólica, em especial o relevo queas questões da liberdade e dacidadania assumem para algunsdestes homens e mulheres.

Jorge Revez,Historiador

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Catolicismo no 25 de Abril: tensão ecolaboração renovadas todos os diasOs bispos estavam reunidos emFátima quando ocorreu omovimento do 25 de Abril; ao verema primeira edição do Telejornal,ficaram «apreensivos», conta D.Manuel de Almeida Trindade nassuas memórias. A apreensãosugeria tensão com o Estado masos bispos anunciaram colaboração,retribuída pelos cumprimentosapresentados ao Cardeal Patriarcade Lisboa, D. António Ribeiro, peloPrimeiro Ministro do GovernoProvisório, Adelino da Palma Carlos,e pelo ministro dos NegóciosEstrangeiros, Mário Soares, um dosprincipais defensores do fecho da«questão religiosa». Por seu lado,os militares encaravam o catolisimocom uma indiferença polida erespeitosa.Cedo se manifestaram, porém,atitudes sociais agressivas para ocatolicismo; a primeira e mais visívelfoi a transmissão televisiva de umarepresentação d’ A Comuna noMercado do Povo na qual um «Cardeal Cerejeira»

com insígnias nazis era umserventuário de Salazar. O seu fimde algum modo simboliza asrelações entre o novo Estado e ocatolicismo: Raul Rego, oresponsável governamentalpelos media e futuro grão mestre doGrande Oriente Lusitano, mandoucortar a emissão, para evitar umclima de mal estar com a IgrejaCatólica. Assim, os bispos nãoquiseram dar a um único partidopolítico o exclusivo darepresentação política dos católicosface ao Estado – o que mais tardeos forçaria a um diálogo direto como Estado – mas não desautorizarampartidos de referência cristã queentão se formaram, como o CentroDemocrático Social (CDS).As tensões multiplicaram-se duranteo período de transição, como osataques ao CDS, o cerco doPatriarcado, em junho de 1975, e aincapacidade de o Estado devolverà Igreja a Rádio Renascença. Aresposta foi inesperada: no VerãoQuente, pela primeira vez nahistória

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portuguesa, os católicos lutaram afavor da democracia política.Depois da normalizaçãoconstitucional do 25 de Abril,emergiram novas tensões em tornodas questões de civilização, ditasfraturantes. A mais importante foi alegalização do aborto, nos anos1980. D. António Ribeiro levou acontestação ao campo estatal, oque parecia abrir uma questão deregime, mas este caminho foiabandonado,

a benefício da clara separação doscampos moral e estatal.Contudo, continuaram as tensõesentre o Estado e o catolicismo,acompanhadas de colaborações,numa rede que todos os dias temque ser recosida para evitar que oconflito entre ambos sobrepuje acolaboração.

Luís Salgado de Matos,Historiador

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25 de Abril: uma conquista que«ainda está em construção»O diretor da Faculdade de CiênciasHumanas da Universidade Católicadefende que 40.º aniversário do 25de Abril deve ser uma ocasião paraPortugal refletir sobre o seu rumo ebuscar forças para enfrentar osdesafios atuais.“Que a comemoração sirva paralembrar que, da mesma maneiraque as coisas se conquistam, senão forem cuidadas perdem-se,portanto que haja pelo menos umsobressalto cívico que nos façalembrar aquele entusiasmo, aquelagenuinidade, energia, que se sentiaem Portugal em 1974 e que essaenergia possa conduzir-nos nasdificuldades que sentimos hoje”,frisa o professor José MiguelSardica.Em entrevista à Agência ECCLESIA,o historiador e docente universitáriorecorda a “revolução dos cravos”como uma “explosão maciça deliberdade” que veio acabar com “umregime sem salvação possível emergulhado num verdadeiro becosem saído político, social,económico”.

Uma data central, “quer para ageração mais velha, aqueles queeram jovens adultos e queperceberam que a vida deles mudounessa altura, quer para os filhosque, não tendo a memória desseacontecimento, hoje ouvem falardele”, sublinha José Miguel Sardica.Um estudo recente do Instituto deCiências Sociais da Universidade deLisboa permitiu verificar que cercade 59 por cento dos portuguesesconsideram o 25 de abril de 1974 “amais importante de toda a história”da nação portuguesa.Para o diretor da Faculdade deCiências Humanas da UCP, épreciso potenciar as transformaçõesque surgiram a partir daqueleacontecimento “para os dias dehoje” e perceber que “aquilo que secomeçou a construir há 40 anosainda não é um dado final, aindaestá em construção”.Mais do que falar em diferenças,apontando por exemplo que

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a “descolonização, democratizaçãoe desenvolvimento” foi substituídaquatro décadas depois pelo “défice,desemprego e dívida”, o essencial éanalisar o caminho percorrido, ver oque é que “falhou”.Até porque “as dificuldades atuaissão comparáveis” - em 1974 “o paísestava a sair de um ciclo imperial ea entrar numa

incógnita, mais tarde veio a ser aEuropa, ganhou um rumo, mas aincerteza era muita, como é hoje”,sustenta o investigador.José Miguel Sardica integra umgrupo de colaboradores daECCLESIA que semanalmentecomenta a atualidade informativacuja análise completa podeencontrar no canal 524995 daplataforma MEO.

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O feliz reino dos pobresA propósito da Mensagem do Papa Franciscopara a XXIX Jornada Mundial da JuventudeComo é bom viver o dia Mundial daJuventude também nas dioceses, equão bem, todos o fazem, tornando-os felizes Encontros de partilha eAlegria.Felizes os que compreendem que afelicidade não é uma meta, mas umcaminho: não deixarão de se alegrara cada dia. Dedicarão a cadamomento o entusiasmo quepreenche a vida de afeto e deousadia, reavivando sempre comum sabor a novidade a aspiraçãoprofunda que os habita a agarraremo essencial com a coragem de quemdeseja profundamente viver até aoextremo. Não se deixarão confundircom as promessas, tão fáceisquanto ilusórias e efémeras, doinebriamento que o sucesso, oprazer e a riqueza egoístaoferecem. Mas reconhecerão emDeus a única fonte inesgotável daalegria interior, que sacia e frutificaem vida abundante.Felizes os que ousam viver até àsúltimas consequências a

revolução das bem-aventuranças,dessa lei libertadora oferecida peloNazareno para escândalo de ummundo demasiado focado naautossatisfação. A lei dos felizes é aliberdade que o mundo não podecompreender. É a liberdade dequem vive contra a corrente, nãoporque deseje contrariar a todos,mas porque não pode ser fiel a simesmo senão vivendo segundo umaoutra lógica, falando uma linguagemdiferente: a lógica e a linguagem dapró-existência, de quem vive para sedar, de quem vê no Cristo o jeito deser que responde aos anseios maisprofundos e sinceros do mistério dohomem.Felizes os que se desprendem dequanto é supérfluo: não deixarão deencontrar Deus. Porque Deus seencontra para lá de todas asmáscaras e subterfúgios, de todosos medos e justificações, ali onde ohomem se confronta com a suaverdade. Na nudez da minhaverdade, aí se encontra Deus. Sóaí, desprendido de todas

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as «cisternas rotas que não podemreter as águas» (Jer 2,13), seconstrói o Reino dos felizes, o Reinodos céus, o Reino do Deus que é«nascente de águas vivas».João Paulo II, que, a 27 de abril,será declarado feliz porque muitoousou a felicidade verdadeira quebrota da cruz de Cristo, continuaainda hoje a desafiar os jovens aque abram, que escancarem asportas do seu coração a Cristo, quese deixem habitar pela lei dafelicidade que é loucura para amediocridade de um mundoautossatisfeito, mas que é encontroverdadeiro de alegria plena comAquele que dá resposta ao anseiomais profundo que nos habita.

A caminho da jornada mundial dajuventude, o Papa Francisco desafiaos jovens a que se deixem habitarpela ousadia das bem-aventurançase particularmente, este ano, daquelaque do desprendimento constrói oReino dos felizes: «Felizes ospobres em espírito, porque deles éo Reino dos Céus» (Mt 5,3). Porqueimporta recordar, hoje e sempre,que é no Reino dos pobres – dosdesprendidos e ousados – quehabita a felicidade verdadeira.Quem ousará construí-lo?Deixemo-nos invadir por este Reino.Não te conformes, transforma-te. Sêmensageiro e protagonista dasBem-aventuranças!

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Papa diz «basta» ao tráfico depessoasO Papa defendeu hoje sernecessário dizer “basta” ao tráficode pessoas, que considerou um“crime contra a humanidade”. “Otráfico de seres humanos é umachaga, uma chaga no corpo dahumanidade contemporânea, umachaga na carne de Cristo. É umcrime contra a humanidade”,declarou, perante os participantesna segunda conferênciainternacional que decorreu desdequarta-feira no Vaticano.Segundo Francisco, este é “umencontro importante, mas também éum gesto da Igreja, das pessoas deboa vontade, que quer gritar‘basta’!”. A iniciativa tem lugar naAula Magna da Academia Pontifíciadas Ciências, com organização daConferência Episcopal de Inglaterrae Gales, um ano após o primeiroencontro do género.O Papa destacou a importância dereunir diversos especialistas paraacompanhar as “estratégias ecompetências” de cada um com a“compaixão evangélica, aproximidade aos homens e mulheresque são vítimas deste crime”. “Estãoaqui reunidas

autoridades policiais, empenhadassobretudo em combater este tristefenómeno com os instrumentos e origor da lei, e operadoreshumanitários, cuja missão principal éoferecer acolhimento, calor humanoe possibilidade de resgate dasvítimas”, acrescentou.Para Francisco, estas duasabordagens “podem e devem andarjuntas”, por serem“complementares”. “Encontros comoestes são de grande utilidade, diriamesmo necessários”, concluiu,elogiando a presença departicipantes de “tantas partes domundo, para levar por diante umtrabalho comum”.O cardeal Vincent Gerard Nichols,arcebispo de Westminster, quepreside aos trabalhos daconferência, disse à Rádio Vaticanoque a colaboração entre religiosos ea Polícia Metropolitana de Londresno combate ao tráfico humanoganhou muita importância nosúltimos anos, esperando que aexperiência possa ser colocada emprática noutros países.

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“Aquilo que a Igreja tem a oferecer éa melhor rede a nível mundial, queenvolve em particular as religiosas”,precisou.As estimativas mais recentes daOrganização Internacional doTrabalho referem que o tráficohumano envolve 2,4 milhões depessoas e montantes na ordem dos32 mil milhões de dólares por ano.Os promotores da conferência'Combate ao Tráfico Humano: Igrejae forças da lei em parceria'pretendem “unir esforços para quea lei seja aplicada”

de forma a ajudar à “construção deuma rede efetiva" que seja capaz decombater este crime.A rede passa por uma “cooperaçãomais estreita” entre Igreja e políciade forma a “facilitar as investigaçõesconjuntas" e promover uma açãointernacional mais coordenada queajude a “livrar o mundo do flagelo dotráfico de seres humanos, asegunda fonte de riqueza criminosamais rentável do planeta”.

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Francisco apela ao fim da guerra naSíriaO Papa condenou o assassinato“brutal” do padre jesuíta Frans vander Lugt, morto a tiro na Síria, estasegunda-feira, e apelou ao fim daguerra no país. “O seu brutalassassinato encheu-me de profundador e fez-me pensar uma vez maisnas muitas pessoas que sofrem eque morrem nesse país martirizado,a minha amada Síria, há demasiadotempo vítima de um conflitosangrento, que continua a espalharmorte e destruição”, referiuFrancisco, falando na Praça de SãoPedro, Vaticano, durante aaudiência pública semanal.A intervenção recordou as“numerosas pessoas raptadas”,cristãos e muçulmanos, sírios e deoutros países, entre os quais hábispos e sacerdotes. “Peçamos aoSenhor que eles possam voltarquanto antes aos seus entesqueridos e às suas famílias ecomunidades”, disse.Francisco convidou todos à oração“pela paz na Síria e na região”,lançando um “apelo urgente” aosresponsáveis sírios e à comunidadeinternacional: "Por favor, que asarmas se calem,

que se ponha fim à violência”. “Basta de guerra, basta dedestruição”, exclamou, antes derezar, com os presentes, à VirgemMaria, "Rainha da Paz".Segundo a ONG Observatório Síriodos Direitos Humanos, com sede noReino Unido, os combates entre astropas do governo de Bashar Al-Assad e forças opositoras ao regimejá provocaram 150 mil mortos,incluindo 7985 crianças, e milhõesde refugiados e deslocados.O Papa pediu que se respeite o“direito humanitário”, com atenção à“população necessitada deassistência humanitária”, e sechegue “à desejada paz através dodiálogo e da reconciliação”.

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Francisco deu entrevista a jovensbelgasO Papa Francisco convidou crentese não crentes a um compromissoconjunto pela construção de ummundo em que cada ser humanoesteja no centro, em vez do “poder”ou do “dinheiro”, numa entrevista ajovens belgas."Todos somos irmãos, crentes, nãocrentes, desta ou de outra confissãoreligiosa, judeus, muçulmanos...todos somos irmãos! O homem estáno centro da história, e isso paramim é muito importante: o homem éo centro. Neste momento da históriao homem foi tirado do centro, foiatirado para periferia e no centro –pelo menos agora – está o poder, odinheiro”, referiu, em declaraçõestransmitidas pelo canal VRT, daFlandres, reproduzidas pelo site doVaticano.Os jovens, incluindo uma agnóstica,foram acompanhados pelo bispo deGent, D. Lucas Van Looy, e fizeramas perguntas em inglês, tendoFrancisco respondido em italiano.“Temos de trabalhar pelas pessoas,pelo homem e a mulher, que sãoimagens de Deus”, declarou.O Papa explicou que os jovens sãouma dos seus interesses

centrais, porque representam “asemente que dará fruto”. “Nestemundo, onde no centro está opoder, o dinheiro, os jovens foramexpulsos. Foram afastadas ascrianças – não queremos crianças,queremo-las cada vez menos,famílias pequenas: não se desejamcrianças. Foram expulsos os idosos:tantos idosos morrem por umaeutanásia escondida, porque não setrata deles e morrem”, alertou.Francisco revelou particularpreocupação com o desempregojuvenil, referindo que nalgumaspartes de Espanha chegaatualmente aos 70%. “Este é omomento da ‘paixão dos jovens’.Entramos numa cultura dodescartável, aquilo que não servepara esta globalização, deita-sefora”, lamentou.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosem www.agencia.ecclesia.pt

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Cruz feita com madeira de barcos naufragados em Lampedusa vai percorrera Itália

Papa condena assassinato de jesuíta holandês na Síria

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‘NOÉ’ …ou ‘NÃO É’Aguardada estreia, mercê dopotente motor comercial de que foiinvestido desde o início do projeto eda expectativa criada em torno deuma agenda mediática bem oleada,‘Noé’ chega finalmente às salas decinema portuguesas.Após várias tentativas falhadas desomar a todo o investimento demega produção e divulgação asimpatia, ou pelo menos a atençãoespecial do Vaticano, solicitandoaudiência particular com o PapaFrancisco, o mais que o realizadorDarren Aronofsky, o presidente daParamount e o protagonista RusselCrowe conseguiram foi sentar-se,no dia de São José e juntamentecom umas dezenas de pessoas, auns metros menos de distância doPapa do que milhares de fiéis, naaudiência geral na praça de SãoPedro. Foi, assim, na mesmacondição dos demais, que RusselCrowe teve a oportunidade dereceber a bênção de Francisco,mesmo sem palavras, encontro queo ator descreveria posteriormentecomo ‘uma experiência incrível’(Variety), com o Papa a manifestar‘um

elevado nível de consistênciarelativamente ao que tem dito e aoque tem feito’ (mail online). Ou nãofosse o Papa Francisco que, desdeo início, recusara categoricamentequalquer indício de privilégio àequipa ou tentativa de transformar oencontro numa ação promocional.‘Noé’ não é nem o filme bíblico quemuitos esperavam, nem aquele comque muitos se poderiamsurpreender. O próprio realizadorafirma-o como ‘o menos bíblicoalguma vez feito’(http://www.newyorker.com) e defacto a obra escapa, em muito, àfidelidade da narrativa bíblica, querno seu sentido estrito, quer nariqueza da interpretação da suaextraordinária simbologia.A obra inicia num tempo em que aTerra e a humanidade sãoameaçadas pela corrompida açãodo homem. Noé, a mulher Naameh eos três filhos, Sem, Cam e Jafet,herdeiros de uma pureza decoração única, vivem afugentadosdos humanos. Aqui, a pureza decoração não significa um coraçãofecundo, uma maior capacidade oupermeabilidade à escuta de Deus, oqual no filme

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praticamente não tem expressão,mas algo que faz Noé, comopremissa, desejar vingança,interpretar literalmente o desejo deDeus de que construa uma barcamas, na maior parte do filme,erroneamente, a missão de que foiconfiado. Incluindo na assunção deque afinal a sua própria famíliadeverá terminar ali, naquela barca,o que diverge para um melodramafamiliar cada vez mais distante dosignificado salvífico da aliança deDeus consigo, a aliança semprepossível, sempre disponível com oshomens, para um Noé contra tudo econtra todos e para extremos quetentam trazer, entre outros eatabalhoadamente, o tema doaborto a lume. Se é certo que nofinal a mensagem expressa é a dasalvação pelo amor, também é muitoprovável que entre asdeambulações se perca a essênciado genuíno significado da narrativa.E é pelo significado, que asimbologia literária ecinematográfica tão bem enriquece,que as narrativas valem.Perde-se o significado da semprepossível salvação do homem, ésubdimensionado o significadoecológico intemporal mas tãopertinente nos dias de hoje, aurgência do olhar ao bem comum.Nem mesmo a construçãode Naameh como personagem,

uma das explorações maisinteressantes do filme que vemresgatar a interpretação literal deEva, a mulher indutora de pecado,chega para suportar uma tãodivergente leitura da relação deDeus com os homens. Osobredimensionamento dapersonagem Noé, porventura com aintenção de que lhe conferir umahumana fragilidade igual à dosoutros homens, acaba por ter oefeito reverso, votando-o à mesmaliteralidade a que o argumento terátentado escapar.Cinematograficamente, procurandocombinar fantástico, tradição, ficçãoe inovação, o filme não se destaca.Sem a originalidade, a profundidadee a mestria que um empreendimentodesses exige, ficciona a tradição,segue fórmulas tradicionais e frágeisonde poderia inovar, fantasia semgrande convicção aquilo com quealguns públicos se poderiam enfimidentificar. O cinema tem aextraordinária capacidade de nosarrebatar e, ao mesmo tempo, nostocar fundo. Pelo que diz ao nossoíntimo e pelo que nos leva adiante,como a fé. Nos dias de hoje, em queo ruído é norma, fá-lo com melhorresultado pela simplicidade do quepelo rebuscamento. Visual enarrativo. ‘Noé’, de fé ausente, nãoé esse cinema.

Margarida Ataíde

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iMissio

http://www.imissio.net

Um dos projetos nacionais maisinteressantes que utiliza a internetcomo meio privilegiado deEvangelização é o iMissio. Conformerefere o responsável, BentoOliveira, o “iMissio é um projeto deevangelização que tem comoobjetivo criar uma comunidade queestá convicta que a internet é umambiente de evangelização quedesafia o modo de pensar a fé.Pretende ser espaço de relaçãoentre a fé, a vida da Igreja e astransformações que o homem está aviver. A rede é um ambiente no qualvivemos, com um modo de pensar,conhecer, comunicar e viverpróprios. A nossa tarefa é a deacompanhar o homem no seucaminho, e a rede faz parteintegrante deste percurso de modoirreversível. Os cristãos refletem narede porque foram chamados aajudar a humanidade acompreender o significado profundoda própria rede no projeto de Deus”.

Ao digitarmos oendereço www.imissio.net encontramos um espaço simples egraficamente muito bem conseguido,onde os conteúdos disponíveis sãoiminentemente informativos, masque se tornam interativos devidoaos desafios regularmenteapresentados. Na página inicialestão dispostos os artigos maisrecentes e um menu com todas asopções disponíveis. Chamamos aatenção para as ligações a algumasredes sociais (facebook, twitter,instagram e pintrest), dado que esteprojeto sustenta, e bem, muito doseu trabalho nestes ambientessociais digitais, tornado assim ainformação bastante dinâmica eapelativa. Como forma de ilustraresta afirmação, referimos, a título deexemplo, que nesta quaresma estáem vigor a campanha iMissio2Lent,o desafio passa por, “ao longodestes 40 dias meditar ativamentena mensagem do Papa Franciscopara esta quaresma. Em cada diauma trecho da

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mensagem, acompanhada de umaimagem e um pequeno desafio paracada dia intitulado HOJE”.Clicando em “menu” é apresentadoum conjunto interessante deopções, onde algumas são apenasformas diferentes de olharmos paraas notícias publicadas (categorias,autores, arquivo), mas outramostram-nos conteúdos muitoagradáveis.Em twitter, além de serem mostradasas micro-mensagens publicadas naconta relativa a esta página, somosainda

presenteados com todos os twits doPapa Francisco.Outro espaço também ele bastanterico é da autoria do responsável dalivraria Fundamentos em Braga - RuiPedro Vasconcelos, onderegularmente nos são apresentadaspublicações muito estimulantes.Aqui fica lançado o repto deaderirem às redes do projeto iMissioporque é preciso desafiar o modode pensar a fé!

Fernando Cassola Marques

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O Concílio de Trento em Portugale nas suas conquistasEste livro é produto da atividadedesenvolvida no ciclo de 2013 doSeminário de História ReligiosaModerna, que teve por tema geral“O Concílio de Trento (1545-1563)”.As questões selecionadas paradebate mereceram uma atençãocuidada, centrada em duas linhasde fundo. A primeira, visouconseguir pontos de situaçãohistoriográficos e metodológicos queconsintam aprofundamentos futuros,seguros e críticos. A segunda,fazendo convergir sobre cada tópiconovos olhares e aproximações detratamentos documentais deu contadas temáticas em aberto e dasimplicações do Concílio na vidacultural, religiosa e políticamoderna.

Centro de Estudos de História Religiosa (CEHR) da Universidade CatólicaPortuguesaCoord.: António Camões Gouveia, David Sampaio Barbosa e José PedroPaivaAno da edição: 2014Pág.: 216ISBN: 978-972-8361-60-0

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A escrita na Catedral: a ChancelariaEpiscopal do Porto na Idade MédiaO objetivo deste livro é o de estudara chancelaria da Sé do Porto, entre1247 e 1406, e os documentos porela produzidos, não só do ponto devista diplomático mas tambémpaleográfico. Estas duas visõesentrecruzam?se, e somente oestudo de ambas permite conhecera chancelaria. Pretende?se,portanto, analisar a composiçãodesta escrivaninha, a génese e atipologia dos seus atos, o habitusdocumental refletido nas diversasparte dos documentos (protocolo,texto e escatocolo), e a respetivaestrutura formular, bem como osseus notários, “anónimos” eidentificados, a sua escrita e aevolução da mesma, e não menosimportante, o seu lugar na cultura ena sociedade medieval portuense.Só o estudo de todos estes vetorespermitirá avaliar o papel e aimportância desta chancelariaepiscopal no panorama daprodução documental na cidade.

Autor: Maria João Oliveira e SilvaAno da edição: 2014Pág.: 400ISBN (CEHR): 978-972-8361-54-9ISBN (CITCEM): 978-989-8351-26-5

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II Concílio do Vaticano: A luzconciliarna cooperativa «Pragma»

A cooperativa «Pragma» foi fundada por um grupode católicos a 11 de abril de 1964, um ano depois dapublicação da encíclica de João XXIII, «Pacem inTerris». A data foi escolhida de propósito paracelebrar o primeiro aniversário do documento doPapa que convocou o II Concílio do Vaticano. Aoelegeram esta espécie de «patrocínio», essescatólicos deram um sinal do que os movia.“A «Pacem in Terris» tinha sido para eles umreconforto, uma tábua de salvação. Passaria a sertambém um meio de pressão”, (In: Jornal«Expresso», 03 de março de 2007). Ao serconstituída, os associados da «Pragma»(cooperativa de difusão cultural e acção comunitária)tiraram partido de uma lacuna legislativa: “ascooperativas não tinham sido abrangidas pelaslimitações impostas ao direito de associação e, poressa razão, nem os seus estatutos eram sujeitos aaprovação legal nem a eleição dos seus dirigentes aratificação pelas entidades governamentais” (In:Jornal «Expresso», 03 de março de 2007).No mesmo texto da pré-publicação da obra «Entre asBrumas da Memória – Os católicos e a ditadura» daautoria de Joana Lopes (uma das associadas) lê-seque forçando “uma porta entreaberta por um lapsodo poder, os fundadores da «Pragma» puseram maisuma peça no puzzle da oposição ao regime –cuidadosa e imaginativamente”. Antes destacooperativa,

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já a revista «O Tempo e o Modo»tinha colocado também mais peçasno puzzle da oposição.O grupo de católicos que fundou a«Pragma», talvez “menos teórico emais social” (disse mais tarde JoãoBénard da Costa) propôs-se rompercom outras barreiras. Saiu do meiointelectual e incluiu, desde onascimento, não só licenciados eestudantes universitários, mastambém sócios que vinham do meiooperário, nomeadamente dirigentesde organismos ligados à AcçãoCatólica Portuguesa. Subjacente aeste projecto, tal como o da revista«O Tempo e o Modo», estava um“posicionamento de oposição aoregime como um todo, à falta deliberdades, à guerra de África”.Mário Murteira foi o sócio número 1e o primeiro presidente da direcção.Nuno Teotónio Pereira o sócionúmero 2 e segundo presidente,mas manteve-se até ao fim como oseu principal animador. Apesar dalacuna legislativa, a PIDE esteveatenta à «Pragma» desde o seuinício.Com sede na Rua da Glória

(Lisboa), a «Pragma» realizavasessões públicas para alertarconsciências. Uma delas -«Emigração – situação de crise oufactor de progresso?», a PIDEconsiderou “inconveniente” a suarealização e o Governo Civil deLisboa indeferiu o pedido da«Pragma». A questão da emigraçãoera um tema especialmentesensível, já que, em 1966, tinhamsido 125 mil os portugueses que,legal ou clandestinamente, tinhamdeixado o país. Devido à recusa deautorização por parte do GovernoCivil, o ciclo sobre emigração ficoulimitado aos sócios.A história da «Pragma» ilustra “bemalguns ambientes da última décadado fascismo” e mobilizou muita gentee abriu horizontes. Depois de muitas«peripécias» com a PIDE, o ministrodo interior dissolveu a «Pragma» a29 de março de 1968… Apesar deinterposto recurso desta decisãopara o Supremo TribunalAdministrativo (STA) – tomoudecisão favorável à cooperativa –anulando o despacho ministerial, adecisão do STA não teve efeitospráticos.

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Abril 2014Dia 11* Setúbal - Do Seixal a Arrentela - Via Sacra Jovem promovida pelaPastoral Juvenil de Setúbal. * Fátima - Museu de Arte Sacra eEtnologia (21h30m) - Edição do“Cinema no Museu” com avisualização do documentário «Omeu Bairro» da autoria das irmãsInês e Daniela Leitão. * Coimbra - Sé (11h00m) - Bênçãodas grávidas.* Braga - Famalicão - Encenação aovivo da Paixão e morte de JesusCristo, pelas ruas da cidade. * Fátima - Encontro nacional dasFilhas de Maria Auxiliadora.* Lisboa - UCP - Conselho Superiorda Universidade CatólicaPortuguesa.* Porto - Gaia (Arquivo MunicipalSophia de Mello Breyner)-Apresentação do livro «Religião eDiálogo Inter-Religioso» da autoriado teólogo Anselmo Borges econferência do autor sobre «A"síndrome de Obama" ou o "efeitoFrancisco"».* Lisboa - Igreja do Bom Sucesso(19h00m) - Celebração com aOrdem de Cavalaria do SantoSepulcro de Jerusalém presididapelo Patriarca de Lisboa.

* Porto - Paróquia de NossaSenhora da Conceição - Encontrosobre «As famílias cristãs no mundode hoje - bênçãos e desafios» porCarlos Aguiar Gomes, presidente daAssociação Famílias.* Algarve - Quarteira - Jornadadiocesana da juventude. (11 e 12)* Fátima - Encontro nacional dosDiplomados Católicos. (11 e 13) Dia 12* Guarda - Maçainhas - TradiçãoQuaresmal «Encomendação dasAlmas». * Braga - Igreja de São Vicente - IICortejo de guiões dos Passos doArciprestado de Braga.* Viseu - Mangualde - Jornadadiocesana da juventude com o tema«Felizes os pobres… traz-me umpouco do teu tempo e descobre oque tenho para te dar». * Porto - Ermesinde (Igreja matriz) -Concerto da Páscoa pelo Coro daSé do Porto com apresentação daobra «A Criação» de Joseph Haydn. * Lisboa - Igreja de São Pedro deAlcântara - Concerto de Páscoa como grupo «Prova dos Nove» epromovido pelo Movimento aoServiço da Vida.

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* Braga - Centro Académico deBraga (CAB) (21h30) -Apresentação do livro «Entre-tanto»da autoria do padre José Frazão.* Leiria - Ourém (Igreja de SantaMaria) - Celebração do 5ºaniversário da canonização de Sãofrei Nuno de Santa Maria. * Castelo Branco - Idanha-a-Nova(Forum Cultural) - VII encontro decantares quaresmais de Idanha-a-Nova. *Beja - Grândola (Igreja Matriz deNossa Senhora da Assunção)-Concerto e encenação «Liturgia daEsperança» integrado no Festival«Terras Sem Sombra».* Setúbal - Moita (Salão Paroquial) - Conferência Quaresmal sobre“Viver na dinâmica da Palavra deDeus, hoje" por Frei HerculanoAlves.* Aveiro - Dia diocesano daJuventude.* Lisboa - Visita a algunsmonumentos emblemáticoslocalizados no Bairro Alto: Igreja deSão Roque, Convento dos Cardaes,Teatro da Trindade, Ruínas doCarmo e promovida pelo Centro deEstudos de Cultura História, Artes ePatrimónio. * Beja - Moura (Centro Paroquial) -Celebração do Dia Mundial daJuventude.

* Évora - A comunidade paroquial deNossa Senhora de Fátima deBacelos entrega 200 cabazes afamílias carenciadas.* Guarda - Seminário da Guarda - Retiro diocesano de catequistas. * Aveiro - Largo da Igreja daGafanha da Encarnação (21h00m) -Encenação da «Paixão de Cristo».* Braga - São Bartolomeu do Mar - O agrupamento de escuteiros deSão Bartolomeu do Mar, leva à cenaa representação da Paixão deCristo.* Évora - Dia diocesano daJuventude.* Fátima - Centro Paulo VI (16h00m)- Assembleia Vicentina presidida porD. Joaquim Mendes.* Porto - Sé - Concerto deQuaresma.* Coimbra - Sé Velha (21h30m) - Concerto do II Ciclo de Requiem.* Alcobaça - Rotunda da ESDICA -Inauguração da estátua de SãoBernardo de Claraval por D. ManuelClemente.* Guarda - Trancoso - Dia diocesanoda juventude e Festival Jovem daCanção de Mensagem promovidopelo Departamento da PastoralJuvenil da Diocese da Guarda.* Itália - Turim - Encerramento doCapítulo geral dos Salesianos.

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O Festival “Terras Sem Sombra”, da Diocese de Beja,

vai levar este sábado até Grândola uma dramatizaçãosobre o “Cristo dos Gascões”, escultura da épocaromânica venerada anualmente na região de Segóvia,Espanha e cuja tradição esteve outrora enraizada noAlentejo. O espetáculo da companhia “Nao d’Amores”está marcado para as 21h30, na igreja matriz deGrândola. A Câmara Municipal da Guarda, através do núcleode animação cultural, vai organizar este sábado,em Maçainhas, o encontro de “Encomendaçãodas Almas”. Cerca de 180 homens e mulheresvestidos de negro vão sair à rua, durante a noite,para rezarem e cantarem pelas almas dos mortos,no âmbito de uma tradição religiosa integrada notempo da Quaresma. Este domingo a Igreja Católica assinala o Dia Mundialda Juventude, marcado pelo desafio do PapaFrancisco aos jovens para que rejeitem as “ofertas debaixo preço” e privilegiem a “verdadeira felicidade” emJesus Cristo. O dia é marcado por diversas iniciativasao nível das dioceses portuguesas. A Pastoral Juvenil da Vigararia de Gaia Sul, daDiocese do Porto, vai promover na próximaquarta-feira às 21h30 uma Via-sacra jovem, comconcentração inicial à frente do solar dosCondes de Resende. O evento terá comodestaque a presença da cruz relíquia que o PapaJoão Paulo II entregou em 1987 ao continenteeuropeu, durante as primeiras jornadas mundiaisda juventude, em Buenos Aires.

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa 12h15 - Oitavo Dia

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 11h22Domingo, dia 13 - Caminhospara a espiritualidade. RTP2, 18h00Segunda-feira, dia 14 -Entrevista a José Paixão eRicardo Coelho da LigaOperária Católica/Movimentode Trabalhadores Cristãos;Terça-feira, dia 15 -Informação e entrevista aAntónio Catava sobre avivência da Semana Santa;Quarta-feira, dia 16 - Informação e entrevista aAntónio Catava sobre a vivência da Semana Santa;Quinta-feira, dia 17 - Informação e entrevista a AntónioCatava sobre a vivência da Semana Santa;Sexta-feira, dia 18 - Textos e locais da paixão de Cristocomentados pelo padre João Lourenço. Antena 1Domingo, dia 13 de abril, 06h00 - Acontecimentos dapaixão de Cristo vividos pela Juventude Passionista. Segunda a sexta-feira, 22h45 - 14 a 18 de abril - RuiVieira Nery e a música da quaresma, mensagem dequaresma da Comissão Nacional Justiça e Paz,explicação do Tríduo Pascal, com o padre Nélio Pita ea Quinta-feira Santa com o padre José Miguel Pereira.

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Pode a Igreja perdoarrealmente os pecados?

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Ano A - Domingo de Ramos Apaixonadospela Cruz deCristo

A liturgia deste último domingo da Quaresma, Domingode Ramos, convida-nos a contemplar Deus que, poramor, desceu ao nosso encontro, partilhou a nossahumanidade, fez-Se servo dos homens, deixou-Semorrer para que o egoísmo e o pecado fossemvencidos.A cruz está no centro da liturgia deste domingo;apresenta-nos a lição suprema, o último passo dessecaminho de vida nova que, em Jesus, Deus nospropõe: a doação da vida por amor.As celebrações deste dia estão plenas de simbolismo,mas é sobretudo a Palavra de Deus que deve marcaro andamento do nosso celebrar, em particular o longotexto do Evangelho da Paixão.Aí somos convidados a contemplar a paixão e mortede Jesus: é o momento supremo de uma vida feitadom e serviço, a fim de libertar os homens de tudoaquilo que gera egoísmo e escravidão. Na cruz,revela-se o amor de Deus, esse amor que não guardanada para si, mas que se faz dom total.Desse amor resultou vida plena, que Jesus quisrepartir connosco até ao fim dos tempos: eis a maisespantosa história de amor que é possível contar; elaé a boa notícia que enche de alegria o coração doscrentes.Contemplar a cruz significa assumir a mesma entregade Jesus e solidarizar-se com aqueles que sãocrucificados neste mundo: os que sofrem violência, osque são explorados, os que são excluídos, os que sãoprivados de direitos e de dignidade.Olhar a cruz de Jesus significa denunciar tudo o quegera ódio, divisão, medo, em termos de

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estruturas, valores, práticas, ideologias;significa evitar que os homens continuem acrucificar outros homens; significa aprendercom Jesus a entregar a vida por amor.Viver deste modo pode conduzir à morte, maso cristão sabe que amar como Jesus é viver apartir de uma dinâmica que a morte não podevencer: o amor gera vida nova e introduz nanossa carne os dinamismos da ressurreição.A cruz é símbolo da vida como paixão. Jesus foium apaixonado. Uma só coisa contava paraEle: salvar a humanidade, arrancando-a doegoísmo, da violência, do orgulho, da riqueza,da idolatria, de tudo o que leva à morte e àinfelicidade, para lhe propor o serviço, oacolhimento, o perdão, a pobreza, tudo o queleva à vida e à felicidade, em suma, ao Amor.Durante a Semana Santa, ergamos os olhospara Cristo na sua Paixão por Deus seu Pai, nasua paixão pela Humanidade. Para que nóssejamos também apaixonados pela Cruz deCristo, na plenitude do Amor de Deus.Conduzidos pela Palavra, vivamos a SemanaSanta como Santa Semana do Amor de Deuspor nós. Aí está a essência da vida cristã, oresto são pormenores.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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Índia: A história improvável da carmelita ChristineKapadia

Conhecer Deus numa pastelariaChristine Kapadia tem 35 anos,olhar doce e sorriso franco. Éuma rapariga normal. Tal como 90por cento dos 60 milhões dehabitantes deste estado indiano,Christine nasceu em Gujarat, naÍndia, numa família de fortetradição hindu. Mas, com ela, tudoisso mudou… Christine Kapadia ganhou o hábitode fazer perguntas. Tudo asobressalta como se fosse umacriança. Ainda hoje, aos 34 anos,lembra-se de quando ia com o pai,de motoreta, para a escola, e falavatu cá, tu lá, com Deus. Era umalengalenga que mais ninguémentendia. “Falava com um Deus quenão conhecia, mas a quem contavatudo o que era importante”. Hoje,Christine sorri quando se recordadesse tempo em que serpenteavapelo trânsito, entre buzinadelas, ese segurava ao pai, com a mãodireita, e via o mundo correr aocontrário, cheio de vento.Desabafava com Deus e, sem osaber, já rezava.A ânsia era tão grande quepretendia saber tudo sobre todas asreligiões. Procurava uma

chave quando teve umestremecimento. Aconteceu poracaso. Tinha 15 anos, estava numapastelaria, quando meteu conversacom uma mulher um pouco maisvelha. Ela era cristã. Católica. Houveali um fascínio que não se traduz.Recorda-se apenas que lhe pediupara a levar a uma igreja. Foi ocomeço. Dois anos mais tarde,sobressaltou a família com umdesejo: ser baptizada!O baptismoQuando falou nisso, sentiu-sesozinha mas nunca abandonada.Chorou quando os pais lhe disseramque compreendiam a sua ânsia peladescoberta do mundo e de Deus, eaté toleravam que continuasse afrequentar a Igreja, mas só isso.Conversão ao cristianismo estavafora de questão. Na Igreja, Christinefoi ganhando novos amigos. Oscristãos são, em Gujarat, uma ínfimaminoria. Eles sabem que a paciênciatem de ser infinita. E explicaram-noa Christine. Quando fez 18 anos,voltou a falar em ser baptizada. Aocontrário do que temia, os paisconcordaram,

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por fim. Christine Kapadia baptizou-se em 2002 e continuou a viver emcasa a tratar dos seus pais, cadavez mais doentes.Surpreendentemente, uma semanaantes de falecer, a sua mãe pediutambém para ser baptizada.Desde então, mais nenhumobstáculo se colocou a esta jovemque abraçou a fé numa pastelariaChristine Kapadia contraria asestatísticas. Hoje, pertence a umacomunidade carmelita, apoiada

pela Fundação AIS, e a sua vida éjá testemunho de vários milagres.Quando ingressou no Carmelo,conseguiu algo inimaginável. Todosa quiseram acompanhar. Todos. Asimplicidade de Christine fez-lhesver que Deus, ou o Amor, se podemescrever de muitas maneiras, emmuitas línguas.

Paulo Aido | Departamento deInformação da Fundação AIS |

[email protected]

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Vida a sério

Tony Neves

Estou em Taizé, com milhares de jovens e menosjovens que quiseram viver uma Semana Santaespecial marcada por muita Oração, por um forteaprofundamento da Fé e do sentido da vida epor encontros sem fronteiras, uma vez que estãoaqui ‘peregrinos’ de muitas origens. J. Paulo II,santo, também esteve aqui e disse que se vai aTaizé como quem passa por uma fonte: bebe-sea água e, saciados, continua-se o caminho…A palavra ‘Pascoa’ quer dizer ‘passagem’…primeiro, do Mar Vermelho para a terra de Israel,ou seja, da terra da escravatura para a terra daliberdade, da terra estrangeira para a nossaterra; depois, Páscoa significa, com Cristo,passagem da morte á vida, vitória sobre todas asformas de morte que vitimam as pessoas poresse mundo além.Já que a primeira Páscoa tem ligação com oEgipto, gostaria de partilhar uma pequenahistória que recebi há algum tempo pelainternet: ‘Conta-se que, no século passado, umamericano foi à cidade do Cairo no Egipto, comoturista. Surgiu-lhe a oportunidade de aí visitarum famoso sábio e não a quis perder. Ficou, noentanto, muito surpreendido ao ver que o sábiomorava num quartinho muito simples e cheio delivros. As únicas peças de mobília eram umacama, uma mesa e um banco.

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- Onde estão seus móveis?Perguntou o turista.E o sábio, bem depressa olhou aoseu redor e perguntou também:- E onde estão os seus...?- Os meus?! Surpreendeu-se oturista - Mas estou aqui só depassagem!- Eu também... - concluiu o sábio...A vida na Terra é somente umapassagem... Apesar disso, algunsvivem como se fossem ficar aquieternamente, e esquecem-se deser felizes’.

O Papa Francisco pediu a todosque a nossaQuaresma desembocasse namanhã da

Páscoa. É, pela certa, o que vaiacontecer, se tivemos apreocupação de ir até ao deserto,converter a vida e praticar acaridade. Sim, a Quaresma está aser tempo forte de conversão aosvalores do Evangelho, de umaoração mais intensa que põe onosso coração a bater ao ritmo docoração de Deus, de umasolidariedade mais eficiente que trazos pobres das periferias e dasmargens até ao centro onde tudoexiste ao alcance das mãos.Desejo que a Vigília Pascal seja agrande noite e que a vida de CristoRessuscitado encha o coração detodos. Um Santa e Feliz Páscoa.

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ouem www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC –Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

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“uma só família humana,alimento para todos”Coordenador da campanhainternacional de visita a Portugalapela à participação do paísnesta iniciativa. Educação edesperdício alimentar serão osfocos principais da campanhaem Portugal. “São muitas as evidências quelegitimam a participação da Cáritasna campanha global contra a fome,algo que acontece pela primeira vezna Cáritas, um destes indicadores éo facto de se saber que 842 milhõesde pessoas em todo o mundopassam fome.” Quem o explica éAlfonso Apicella, coordenadorinternacional da campanha queesteve em Portugal onde participouna conferência sobre direito àalimentação à luz do PensamentoSocial Cristão, que aconteceu emBeja no âmbito do Conselho Geralda Cáritas Portuguesa.“Quando falamos de fome nãoestamos apenas a falar da fome queé resultado do estômago vazio”explica Alfonso Apicella, “falamostambém da chamada fome oculta eque é resultado

de uma alimentação pobre emnutrientes, que prejudica odesenvolvimento físico e mental,reduz a produtividade laboral eaumenta o risco de doenças e morteprematura”. Por tudo isto a campanhainternacional “uma só famíliahumana, alimento para todos” temcomo principal objetivo “respeitar epromover a dignidade humanareduzindo o número de pessoascom fome e mal nutridas em todosos continentes”. Para além desteobjetivo central Alfonso Apiccelladestaca mais três: “sensibilizar opúblico em geral para o direito àalimentação, reduzir o número depessoas a viver com carênciasalimentares, aumentar aparticipação dos pobres na tomadade decisões e em todos osprocessos relacionados commedidas para a redução da fome”.No que toca à incidência política dacampanha o coordenadorinternacional destaca a importânciade se debater, ao nível nacional, odireito a alimentação não apenas

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no ponto de vista da reivindicaçãomas, muito, na sua monitorização eacompanhamento. “É importanteque ao nível nacional as pessoas eas organizações tenham umentendimento claro sobre aquilo queé o direito à alimentação”, sublinhaAlfonso Apicella acrescentandoainda que “Esta não é umacampanha

para os países do sul. Ela destina-se a todos os países num esforçocoletivo de potenciar a discussãosobre direito à alimentação esegurança alimentar a todos osníveis da vida de um país.”

Márcia CarvalhoCáritas Portuguesa

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A Paz sem vencedor e sem vencidos Dai-nos Senhor a paz que vos pedimosA paz sem vencedor e sem vencidosQue o tempo que nos deste seja um novoRecomeço de esperança e de justiçaDai-nos Senhor a paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos

Erguei o nosso ser à transparênciaPara podermos ler melhor a vidaPara entendermos vosso mandamentoPara que venha a nós o vosso reinoDai-nos Senhor a paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos

Fazei Senhor que a paz seja de todosDai-nos a paz que nasce da verdadeDai-nos a paz que nasce da justiçaDai-nos a paz chamada liberdadeDai-nos Senhor a paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos

(Sophia de Mello Breyner Andresen, 'Dual')

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