Novo Portal Sebrae. · 3.106, de 2003, que permitiu a cria-ção de cooperativas de livre admissão...

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Novo Portal Sebrae. Direto ao PoNto.

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Leis e Normas

Inovação

4 5Revista Conhecer // SEBRAE Setembro de 2014

E D I T O R I A L / LuIz bARRETO*

ApOsTA nO cOOpERATIvIsmO

As cooperativas de crédito es-

tão se tornando uma opção

atraente para os pequenos

negócios terem acesso a em-

préstimos e a outros serviços financeiros,

como cartão de crédito, consórcio etc. O

atendimento diferenciado e o custo me-

nor propiciado por essas cooperativas -

cujo portfólio está cada vez mais amplo e

mais acessível - são um forte atrativo às

micro e pequenas empresas, que repre-

sentam 99% das empresas brasileiras.

Nos últimos anos, vimos que o volu-

me de recursos e o total das operações

negociadas com pequenos negócios

cresceram, proporcionalmente, mais

nas cooperativas de crédito que no sis-

tema bancário. Entre 2012 e 2014, o

aumento das operações via cooperativas

foi de 31,2%, frente a 11,66% de alta no

Sistema Financeiro Nacional (SFN). De

2013 a 2014, as cooperativas de crédi-

to responderam pelo aporte de R$ 10,1

bilhões para os empreendimentos de

pequeno porte.

O sebrae aposta na potencialidade

das cooperativas desde 2011, quando

lançou o projeto Fomento às Boas Práti-

cas em Cooperativas de Crédito de Micro

e Pequenas Empresas. Nesse projeto, le-

vamos conhecimento e capacitação ao

corpo técnico de cooperativas e de fun-

cionários do Sebrae em 17 projetos.

Agora, vamos começar a segunda eta-

pa, na qual investiremos R$ 3 milhões

para promover a intercooperação em

20 novos projetos com cooperativas de

grande e pequeno porte. Nosso desafio é

fazer a intercooperação entre cooperati-

vas localizadas em diferentes estados, de

Norte a Sul do país, e de variados siste-

mas cooperativos.

nesta revista Conhecer, falaremos

um pouco mais da atuação do sebrae

no cooperativismo financeiro brasileiro

e sobre nossos próximos passos. Temos

como principal objetivo aumentar a ade-

são dos pequenos negócios a esse siste-

ma, especialmente nas grandes cidades,

onde a concorrência é maior. Por isso,

buscamos favorecer o ambiente para

que as cooperativas de crédito tenham

produtos e serviços financeiros cada vez

mais sintonizados com as demandas

das micro e pequenas empresas.

boa leitura!

*presidente do sebrae nacional

pREsIDEnTE DO cOnsELhO DELIbERATIvO nAcIOnAL Roberto simões

DIRETOR-pREsIDEnTELuiz barretto

DIRETOR TécnIcOcarlos Alberto dos santos

DIRETOR DE ADmInIsTRAçãO E FInAnçAsJosé claudio dos santos

GEREnTE DA unIDADE DE AcEssO A mERcADOs EsERvIçOs FInAncEIROspaulo cesar Rezende de carvalho Alvim

chEFE DA AssEssORIA DE ImpREnsADenise chaves

cOnhEcER sEbRAEcOOpERATIvIsmO FInAncEIRO

cOORDEnAçãO TécnIcA (uAmsF)Renan nunes da silva

supERvIsãO EDITORIALLarissa meira

pRODuçãO EDITORIALLiberdade de Expressão - Agência eAssessoria de comunicação

EDIçãOpatrícia cunegundes

REpORTAGEmJoão paulo biagemariana Ávila

DEsIGn GRÁFIcOEduardo meneses / Quiz Design /

cApA E DIAGRAmAçãOFabrício martins

REvIsãOAna cristina paixão

cOLAbORAçãOAntônio Augusto de castro

sERvIçO bRAsILEIRO DE ApOIO Às mIcRO E pEQuEnAs EmpREsAs – sEbRAE SGAS 604/605 – CONJUNTO A AsA suL – bRAsÍLIA – DF CEP 70200-645 – FONE (61) 3348-7100

cEnTRAL DE RELAcIOnAmEnTO 0800 570 0800WW.SEBRAE.COM.BR

NOS úlTiMOS ANOS, vImOs O vOLumE DE REcuRsOs TOTAL DAs OpERAçõEs nEGOcIADAs cOm pEQuEnOs nEGócIOs cREscEREm mAIs nAs cOOpERATIvAs QuE nO sIsTEmA bAncÁRIO

5 ApOsTA nO cOOpERATIvIsmOEDITORIAL

6 cOOpERATIvIsmO FInAncEIRO cOm FOcO nOs pEQuEnOs nEGócIOsARTIGO

11 cOOpERATIvIsmO Em EvOLuçãOcOOpERATIvIsmO

18 pARcERIA EnTRE cOOpERATIvAs E sEbRAE ImpuLsIOnA Os pEQuEnOs nEGócIOs pARcEIROs

22 ATuAçãO EsTADuALpELO bRAsIL

36 O mOmEnTO é DE InTERcOOpERAçãOEDITAL

39 LuIz EDsOn FELTRImEnTREvIsTA

14 FóRum DO bAncO cEnTRAL ExpõE nEcEssIDADE DA IncLusãO FInAncEIRA nO bRAsIL

FóRum

Rodr

igo

de O

livei

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ebra

e

76 Revista Conhecer // SEBRAE

A R T I G O // cARLOs ALbERTO DOs sAnTOs – Diretor-Técnico do sebrae

cOOpERATIvIsmO FInAncEIRO cOm FOcO nOs pEQuEnOs nEGócIOs

Setembro de 2014

Embora o volume de crédito tenha aumentado de forma significativa nos últimos anos, a um custo relativamente menor, a dificuldade de acesso pelos pequenos negócios ainda persiste no Brasil. O cré-

dito contratado por esse segmento corresponde a 3,88% do Produto interno Bruto (PiB), ou R$ 165,5 bilhões, ante um volume total de crédito equivalente a cerca de 50% do PiB. Em outras palavras, ainda há espaço para expansão, o que dinamizaria os negócios de pequeno porte, fortalecendo as economias regionais em nosso país.

As transformações recentes no mercado financeiro brasileiro que resultaram na maior oferta de crédito a um custo relativamente menor ainda não são suficientes para atender, de modo compatível, à crescente demanda impulsionada pela atividade imobiliária e pelas pessoas jurídicas de pequeno porte. Uma parcela significativa dos pequenos negócios ainda permanece à margem desse pro-cesso, devido principalmente à falta de garantias e condi-ções inadequadas de prazo e pagamento.

O ambiente caracteriza-se pelo aumento da concorrência entre os agentes financeiros, o que influencia o surgimento de portfólios segmentados e estratégias e ações que privilegiam produtos, serviços e atendimento diferenciados para maior aderência aos interesses dos clientes. Nesse contexto de su-cessivos desafios e inovação frente a uma demanda crescente e potencial por crédito, haveria um mecanismo mais eficiente para atender os pequenos negócios, que dependem de recur-sos para crescer ou melhorar seu desempenho?

Nesse contexto, creio que o cooperativismo financeiro é uma importante opção para os pequenos negócios. A proxi-

midade, por conta de sua capilaridade, o menor custo e o atendimento per-sonalizado são elementos que podem diferenciar as cooperativas das insti-tuições financeiras convencionais.

suas características organizacionais também tornam o cooperativismo fi-nanceiro um instrumento relevante para promoção do desenvolvimento local. Ele retém a poupança local e traz recursos direcionados e repasses para a economia do município.

como uma política creditícia para os pequenos negócios, o sistema cooperati-vo é um mecanismo eficaz para amplia-ção e desconcentração da renda, per-mitindo a busca de soluções para seus problemas de acesso a crédito e serviços bancários, de forma autônoma e inde-pendente. O crédito adequado (prazos, taxas, linhas e garantias compatíveis com as peculiaridades dos pequenos ne-gócios) é mais facilmente obtido nas co-operativas que trabalham com a política de finanças de proximidade, ou seja, co-nhecem melhor a realidade do cliente.

Desde 2000, quando passou a atuar de forma mais efetiva no apoio às ins-tituições financeiras cooperativas e às microfinanças em geral, o Sebrae busca integrar, articular e inovar em pesquisa, informação e capacitação.

As ações do sebrae e os resultados do projeto Boas Práticas no Cooperati-vismo de Crédito mostram que as pers-pectivas são promissoras para as coope-rativas que adotam gestão profissional e inovadora, com atendimento eficiente aos pequenos negócios, apresentam

diferenciais competitivos e garantem melhores resultados operacionais.

O Grupo de Trabalho de política de Crédito, criado pelo Sebrae e pelo Banco Central (Bacen), identificou pro-postas para melhorar o acesso dos pe-quenos negócios ao crédito e dar mais velocidade à expansão do microcrédi-to. Em 2000, o Conselho Monetário nacional (cmn) aprovou a Resolução nº 2.771, que simplificou os procedimen-tos para a constituição de cooperativas. No mesmo ano, foi constituído o Grupo Permanente de Política de Crédito, com representantes do Sebrae, Sicoob e es-pecialistas, para propor medidas práti-cas, visando sua operacionalização.

Marco decisivo, a Resolução nº 3.058/2002 do CMN autorizou o funcionamento de cooperativas de pe-quenos negócios. Após essa Resolução, o cooperativismo financeiro ficou mais sensível a esse segmento. Várias coope-rativas tornaram-se de livre admissão de associados e outras, especialmente de pequenos negócios, foram criadas, fa-cilitando a participação de empresários e microempreendedores individuais, conforme o quadro na próxima página.

O Sebrae intensificou sua atuação para facilitar o acesso a crédito por essa clientela, realizando 130 even-tos – palestras, videoconferências e missões –, com 18.253 participações, além de cursos e oficinas que capacita-ram 675 consultores. lançou também revistas e cartilha para divulgação, atualização, fortalecimento institucio-nal e fonte de consulta.

As AçõEs DO sEbRAE E Os REsuLTADOs DO pROJETO bOAs pRÁTIcAs nO cOOpERATIvIsmO DE cRéDITO mOsTRAm QuE As pERspEcTIvAs sãO pROmIssORAs

Rodr

igo

de O

livei

ra/A

gênc

ia s

ebra

e

9Setembro de 20148 Revista Conhecer // SEBRAE

Foram firmados convênios de co-operação com as principais entidades representativas do setor e apoiada a criação de leis e regulamentações es-pecíficas, como a Resolução CMN nº 3.106, de 2003, que permitiu a cria-ção de cooperativas de livre admissão de associados; a Lei Geral da micro e Pequena Empresa (lC nº 123/2006), que possibilitou às cooperativas de pe-quenos negócios acessarem recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT); e a Resolução nº 3.346/2006, do CMN, que criou o procapcred para fortalecer a estrutura patrimonial das cooperativas.

Fomento a boas práticas O sebrae ampliou seu apoio ao co-

operativismo financeiro por meio do projeto Disseminando Boas Práticas em Cooperativas de Crédito de Pequenos Negócios. Seus objetivos são: estimular a inovação nos processos internos e em produtos e serviços financeiros voltados aos pequenos negócios e aprimorar a

atuação das cooperativas nesse segmen-to. O projeto é dirigido às cooperativas singulares, atuantes junto aos pequenos negócios. Os recursos financeiros do pro-jeto totalizam R$ 5,3 milhões.

A primeira fase envolveu a inte-ração entre as cooperativas de vários sistemas e regiões do país. Houve a participação de 160 cooperativas em missões, de outubro de 2009 a julho de 2010, a Monte Sião/MG, Caxias do Sul/RS, itaúna/MG, Campo Grande/MS, Ma-ringá/PR, Venda Nova do imigrante/ES e Feira de Santana/BA. Elas resultaram na publicação Disseminando Boas Prá-ticas entre as Cooperativas de Crédito de Pequenos Negócios, com um resumo das missões e o detalhamento das boas experiências registradas.

Em 2010, no II Fórum Nacional de Cooperativas de Crédito de Micro e Pe-quenas Empresas, em Foz do iguaçu, paralelo à 8ª edição do Congresso Bra-sileiro de cooperativismo de crédito (Concred), foram apresentadas 16 boas

práticas em microfinanças, governança cooperativa, produtos e serviços e pla-taformas diferenciadas de atendimento aos pequenos negócios.

Em novembro de 2011, em Brasília, houve a divulgação preliminar dos pro-jetos da chamada pública para apoio do Sebrae às cooperativas financeiras. Foi lançada também a chamada pública de Fomento às boas práticas em coope-rativas de crédito para apoiar projetos nos estados e no Distrito Federal. Foram selecionados 17 projetos que atenderam aos critérios de aderência e elegibilida-de, exigidos no edital. Participaram 111 cooperativas singulares em mais de 200 municípios. Os projetos selecionados contam com cerca de 70 parcerias, desde organizações representativas das coo-perativas e do comércio a agências de desenvolvimento, bancos e prefeituras.

Atualmente, 197 cooperativas participam do projeto. Já movimen-taram cerca de R$ 6,9 bilhões em crédito – posição em março/2014, vo-lume 35,3% superior, se comparado aos R$ 5,1 bilhões em dezembro de 2012. Os investimentos do sebrae somam R$ 5,2 milhões e o atendimento abran-geu 180 mil micro e pequenas empresas.

As perspectivas são promissoras: as operações de crédito com pequenos ne-gócios no sistema Financeiro nacional (SFN) saltaram de R$ 300 bilhões em dezembro de 2012 para R$ 335 bilhões em março de 2014, variação de 11,7%. Nesse período, as operações no siste-ma financeiro cooperativo cresceram 31,2%, de R$ 7,7 bilhões para R$ 10,1 bilhões. Cresceu também o número de

O sEbRAE InTEnsIFIcOu suA ATuAçãO cOm O cOOpERATIvIsmO

FInAncEIRO pARA FAcILITAR O AcEssO AO

cRéDITO pOR pARTE DOs PEqUENOS NEGóCiOS.

A R T I G O // cARLOs ALbERTO DOs sAnTOs – Diretor-Técnico do sebrae

associados: de 135 mil em dezembro de 2011 para 204 mil em junho de 2013, ou 51,1% a mais no período.

O exitoso projeto Boas Práticas terá continuidade com novo foco estratégico: intercooperação para crescer, visando a aprofundar a co-operação entre singulares, por meio de intensa troca de experiências e informações entre dirigentes e ges-tores de cooperativas financeiras de todo o país. Pela estratégia, coope-rativas consolidadas poderão apoiar e acompanhar até duas iniciantes, com as quais desenvolverão traba-lho de cooperação e apoio técnico para implantação de novas práticas operacionais, visando a aumentar a oferta de produtos e serviços finan-ceiros para pequenos negócios e o volume de crédito acessado por esse segmento em cada uma das coopera-tivas assessoradas.

O sEbRAE FIRmOu cOnvênIOs DE cOOpERAçãO cOm As pRIncIpAIs EnTIDADEs REpREsEnTATIvAs DO sETOR E ApOIA A cRIAçãO DE LEIs E REGuLAmEnTAçãO EspEcÍFIcAs

modalidade Dez/2004 Dez/2013

Crédito Mútuo - Atividade Profissional 286 126

crédito mútuo - Empregados - Funcionários 614 410

crédito mútuo - Empresários - vínculo patronal 5 2

crédito mútuo - Empreendedores - micro e pequenos 4 75

crédito mútuo - Origens diversas (mistas) 0 10

crédito Rural 475 241

Livre Admissão 1 284

Luzzatti 12 6

total 1.397 1.154

PERfil dAS inStituiçõES finAnCEiRAS CooPERAtivAS – 2004 E 2013

10 11Revista Conhecer // SEBRAE Setembro de 2014

Resultados e peRspectivas O saldo dessas iniciativas, inves-

timentos, esforços e engajamento de centenas de pessoas em todo o país é altamente positivo, conforme este bre-ve relato dos resultados, êxitos e desa-fios da atuação do Sebrae no fomento do cooperativismo financeiro voltado aos pequenos negócios.

Para o Sebrae, os últimos 12 anos foram marcados por um profícuo e vir-tuoso processo de aprendizagem mútua entre a assistência técnica aos peque-nos negócios e o apoio ao crescimento contínuo do cooperativismo financeiro do segmento. A constituição de novas cooperativas ainda é o objetivo primor-dial para as regiões Norte e Nordeste.

O cooperativismo financeiro influen-cia e é influenciado pela sociedade, sen-do um importante agente de mudanças. Nos últimos anos, as mudanças do SFN realçaram a importância estratégica de um forte crescimento da participação do cooperativismo no mercado financeiro.

Para maior participação, no sentido de peso e influência econômica, diversos analistas indicam o desafio de alcançar 10% do mercado. Para que isso ocorresse em 15 anos, seria necessário um cresci-mento médio anual 12,1% superior ao do SFN, entre 2010 e 2024, conforme proje-tamos anteriormente (Santos, 2012).

O segmento da pessoa jurídica de pequeno porte é cada vez mais estra-tégico para a expansão do sFn e não é diferente para as instituições financei-ras cooperativas. A boa notícia é que, a partir de uma maior eficiência na gestão, no marketing de produtos e na

// c O O p E R A T I v I s m O //

cOOpERATIvIsmO Em EvOLuçãOsistema avança a passos largos no país. sebrae é um dos principais incentivadores do segmento

consolidado na maioria dos países de primeiro mun-do, o cooperativismo financeiro tem importância vital para o equilíbrio do Sistema Financeiro. Di-fundido no brasil em menor proporção que nos

países mais desenvolvidos devido a uma defasagem quase centenária, o segmento mudou esse cenário e caminha a passos largos para mostrar seu valor e, assim, contribuir para a redução das taxas cobradas pelas instituições financeiras do país. Além disso, a possibilidade de decidir os rumos da instituição tem chamado mais brasileiros para aderir ao sistema cooperativista de crédito.

O crescimento na última década é notável. Atualmente, as cooperativas de crédito estão presentes em 95% do território nacional. Apenas um número próximo a 200 municípios não possui nenhuma instituição financeira cooperativa em seu território. “Temos observado crescimentos percentuais das instituições financeiras cooperativas bem superiores aos dos

bancos comerciais. isso se deve, principalmente, pelo nível de confiança que o cooperado tem em sua cooperativa, além do portfólio de produtos que é oferecido por esta”, conta o gerente de Relações Institucionais da Organização das cooperativas Brasileiras (OCB), Thiago Abrantes. Tal desenvolvimento tem um motivo: as cooperativas de crédito possuem atendimento personalizado e próximo, taxas abaixo da média praticada pe-los grandes bancos e divisão dos lucros entre os cooperados.

O Sebrae acredita que o cooperativismo financeiro é a me-lhor alternativa para que os pequenos negócios obtenham aces-so a crédito e a serviços financeiros. Para apoiar a disseminação e fomentar o cooperativismo financeiro para os pequenos negó-cios, o Sebrae já realizou diversas iniciativas. Uma das iniciati-vas de maior destaque foi a criação de um projeto de fomento a boas práticas em cooperativas de crédito, que visa estimular a busca pela inovação nos processos internos e nos produtos e serviços financeiros voltados aos pequenos negócios, além de

A R T I G O // cARLOs ALbERTO DOs sAnTOs – Diretor-Técnico do sebrae

A AGEnDA DA InOvAçãO é EssEncIAL pARA

As EsTRATéGIAs DE AmpLIAçãO DA

pARTIcIpAçãO DAs cOOpERATIvAs DE

cRéDITO nO mERcADO FInAncEIRO nAcIOnAL

qualidade do atendimento, conforme constatado no desempenho das coope-rativas que participam do projeto Boas Práticas, muitas delas confirmam que o desafio dos dois dígitos é factível.

Esse quadro reforça a percepção da existência de duas agendas prioritárias simultâneas: a da competitividade e a da inovação no cooperativismo financeiro. Na agenda da competitividade, há ênfase na ampliação das vantagens competiti-vas do cooperativismo financeiro frente à banca tradicional para uma forte ex-pansão territorial. É necessário também consolidar e ampliar sua presença nos centros mais dinâmicos da economia e em outros ramos do cooperativismo até alcançar a condição de principal agente de financiamento desse setor no Brasil.

Simultaneamente, a agenda da inovação é essencial para estraté-gias de ampliar a participação das cooperativas no mercado financeiro nacional. Torna-se imprescindível inovar em produtos e canais de dis-tribuição, além de oferecer melhores serviços e produtos segmentados aos pequenos negócios, crédito imobili-ário, consórcios, seguros, meios ele-trônicos de pagamentos etc.

Os desafios da intercooperação são permanentes e, ao mesmo tempo, a es-tratégia mais indicada para fortalecer e expandir as cooperativas integradas por pessoas jurídicas. Afinal, elas são o agente financeiro cooperativo que mais cresce no atendimento aos pequenos ne-gócios no Brasil, segmento com deman-da em ascensão e, portanto, estratégico para o cooperativismo financeiro.

13Setembro de 2014 1312 Revista Conhecer // SEBRAE

vAloR invEStido noS PRojEtoS dE fomEnto àS BoAS PRátiCAS, dE 2011 A 2014

fonte: Sebrae nacional

aprimorar a forma de atuação das coope-rativas de crédito nesse segmento.

segundo o Balanço das Ações do Se-brae no Cooperativismo de Crédito, “o primeiro passo foi identificar as coope-rativas que tinham alguma prática inte-ressante ou de sucesso na atuação com os pequenos negócios para serem apre-sentadas. Nesse trabalho inicial, foram definidos o cronograma, os roteiros e as cooperativas anfitriãs, assim como as apresentações de outras cooperativas em cada missão”, mostra o documento.

o projetoA primeira fase do projeto previu

uma interação entre as cooperativas de diversos sistemas e regiões do país. Assim, houve a participação de coo-perativas de vários portes e graus de maturidade no tratamento do pequeno negócio. As missões foram realizadas entre outubro de 2009 e julho de 2010, nas seguintes cidades: Monte Sião/MG, Caxias do Sul/RS, itaúna/MG, Campo Grande/MS, Maringá/PR, Venda Nova do imigrante/ES e Feira de Santana/BA.

público-alvo as cooperativas de crédito singular, já constituí-das, em constituição e/ou em transformação atuantes no seg-mento de microempresa, pequena empresa e empreendedor individual, incluindo também as cooperativas de crédito rural. Ainda, na consecução do objetivo estão previstos convênios e apoio a diversas entidades, principalmente as centrais de co-operativas de crédito e entidades de classe. E todas as regiões foram contempladas.

O quadro da página anterior resume o investimento realizado pelo sebrae e pelos parceiros nos projetos de Fomento às boas Práticas em Cooperativas de Crédito de Pequenos Negócios:

Com os recursos investidos, o Sebrae deseja alcançar resulta-dos importantes e objetivos, tais como ter boas práticas de atua-ção com pequenos negócios efetivamente implantadas em coope-rativas de crédito que aderirem ao projeto no sebrae uF; ampliar o volume de crédito/repasses para pequenos negócios que atuem com cooperativas de crédito; e ampliar o número de pequenos negócios associados às cooperativas participantes do projeto.

Para isso, cada projeto estadual deve atuar em novos territó-rios ainda não atendidos; criar e/ou adequar novos produtos e serviços financeiros para empreendedores individuais, micro e pequenas empresas; e implementar novos nichos de atuação dos pequenos negócios e novas ferramentas e tecnologias de gestão.

Na primeira fase da chamada pública, 17 projetos foram apoiados. Eles atenderam aos critérios de aderência e elegibili-dade do edital de chamada pública.

resultaDosquando idealizou o projeto, o Sebrae pretendia: ter boas prá-

ticas de atuação com pequenos negócios efetivamente implan-tadas em cooperativas de crédito; ampliar o volume de crédito para pequenos negócios; e aumentar o número de pequenos negócios associados às cooperativas.

Em 2011, ano em que o projeto se iniciou, o volume de crédito acessado por pequenos negócios era de R$ 1,5 bilhão. Em março de 2014, esse montante subiu para R$ 6,9 bilhões, aumento de 360%. No mesmo período, os negócios associados às coopera-tivas passaram de 135 mil para 204 mil, incremento superior a 51%. O número de cooperativas participantes do projeto tam-bém cresceu e passou de 138 para 197 em dois anos.

Durante o período, além das visitas e palestras de técnicos do Sebrae, do Banco Central (Bacen), de entidades re-presentativas de classe, da cooperativa anfitriã e demais cooperativas convida-das a expor suas boas práticas, foram feitas visitas a cooperativas centrais, agências, postos de atendimento coo-perativo (PAC) e empresas cooperadas. Tudo com o objetivo de entender e veri-ficar na prática os casos apresentados.

Nas visitas, várias práticas foram apresentadas e registradas para divul-gação do sistema cooperativista de cré-dito com foco nos pequenos negócios. Os critérios de escolha foram baseados em originalidade, simplicidade, resulta-dos positivos alcançados, fortalecimen-to da cooperativa e, principalmente, importância para os pequenos negócios e empresários associados.

Em cada local visitado, foi escolhida uma boa prática de destaque. Ao todo, foram apresentadas sete boas práti-cas. Durante o evento final em Foz do iguaçu, foram apresentadas mais dez boas práticas ligadas a microfinanças,

região sebrae na sebrae uF e parceiros total

sul 672.900,00 398.552,00 1.071.452,00

norte 264.735,00 120.160,00 384.895,00

nordeste 1.258.192,97 863.625,92 2.121.818,89

centro-oeste 754.454,00 605.195,00 1.359.649,00

sudeste 249.200,00 106.800,00 356.000,00

total 3.199.481,97 2.094.332,92 5.293.814,89

// c O O p E R A T I v I s m O //

governança cooperativa, produtos e serviços e plataformas diferenciadas de atendimento aos pequenos negócios. Além dessas, foram registradas mais seis práticas consideradas relevantes e interessantes para o projeto.

As boas práticas selecionadas foram: microcrédito, convênio com sociedade garantidora de crédito, centro de desen-volvimento empresarial, microcrédito e comércio ambulante, estratégias de abertura de PAC, correspondente coo-perativo e parceria com bancos oficiais.

chamaDa públicaGraças ao sucesso do projeto e ao

interesse por parte de muitas coopera-tivas em avançar no sentido de atuar de forma mais contundente, o Sebrae Nacional decidiu lançar, em 2011, uma chamada pública de Fomento às boas Práticas em Cooperativas de Crédito.

O objetivo da ação era apoiar a implantação de boas práticas de atu-ação das cooperativas de crédito com pequenos negócios no contexto da in-clusão financeira. O projeto tem como

Seminário reuniu liderançaS cooperativiStaS em BraSíliano dia 3 de abril de 2014, lideranças de cooperativas de crédito e repre-sentantes do Banco mundial, Banco interamericano de desenvolvimento, Banco central, entre outros, partici-param do Seminário de lideranças de cooperativas de crédito para pes-soa Jurídica, em Brasília, no centro corporativo do Sicoob.organizado pelo Sebrae, o evento reuniu representantes das coope-rativas participantes da 1ª fase dos projetos de cooperativismo do Se-brae. As oficinas trataram de temas como Boas práticas em cooperativas atuantes com pequenos negócios; produtos e serviços para pessoa jurí-dica; e desafios do setor.

Foto

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elix

14 Revista Conhecer // SEBRAE 15

FóRum DO bAncO cEnTRAL ExpõE nEcEssIDADE DA IncLusãO FInAncEIRA nO bRAsILEducação, sociedades de garantia de crédito e cooperativas de crédito são a saída para a inclusão financeira do pequeno negócio

meses, anos, uma importante evolução nas transações financeiras cotidianas da nossa sociedade. O Banco Central acom-panhará esse processo para assegurar que ocorra com segurança e integrida-de”, observou. O objetivo da iniciativa é garantir os depósitos em cooperativas de crédito, a exemplo do que o Fundo Garantidor de crédito (FGc) faz com os recursos depositados em bancos.

O sistema cooperativista financeiro é primordial para a difusão da inclusão financeira no Brasil. As cooperativas de crédito estão em praticamente to-dos os municípios brasileiros – apenas 4,5% dos municípios não contam com elas– e prestam serviços diferenciados para seus clientes.

Entre os sistemas cooperativistas brasileiros, um deles se destaca por corresponder à quase metade das ope-rações feitas no segmento. Criado em 1996, o Sistema de Cooperativas de crédito do brasil (sicoob) e seu ban-co cooperativo do brasil (bancoob) – agente financeiro privado especializado no atendimento a cooperativas - são responsáveis por 45% de toda movi-mentação financeira gerada pelas ins-tituições do segmento.

// F ó R u m //

E m novembro de 2013, o Banco Central, em parceria com o Se-brae, realizou o V Fórum Banco central sobre Inclusão Finan-

ceira. Com o tema “Educação, Proteção, Inovação – cidadania no acesso a servi-ços financeiros”, o evento teve o objetivo de apresentar e debater os avanços e os desafios na promoção da inclusão finan-ceira dos cidadãos e, especialmente, a importância da educação financeira, da proteção e da inovação nesse processo.

O evento, realizado na capital do Ceará, Fortaleza, entre os dias 4 e 6 de novembro de 2013, contou com a par-ticipação de autoridades nacionais e internacionais, além de representantes de bancos e diretores de instituições financeiras. Como resultado do evento, foi elaborado o Diagnóstico da Inclusão Financeira no país e foram identifica-dos os desafios de educar na hora de ofertar o crédito.

O presidente do Banco Central, alexandre tombini, discursou na aber-tura do evento e anunciou a implemen-tação do Fundo Garantidor do cooperati-vismo de Crédito (FGCoop). “Não tenho dúvida de que, a partir dessa regula-mentação, observaremos, nos próximos

Setembro de 2014

O sIsTEmA cOOpERATIvO FInAncEIRO é pRImORDIAL pARA A DIFusãO DA IncLusãO FInAncEIRA nO bRAsIL

Foto: Arquivo Banco Central do Brasil

1716 Revista Conhecer // SEBRAE

Atualmente, são mais de 3,5 mil postos de atendimento do bancoob em todo o país, o que significa o terceiro maior alcance de uma instituição finan-ceirano Brasil. Segundo o presidente do Bancoob, Marco Aurélio Almada, sem o modelo dualista, que coloca o coopera-do como cliente e proprietário da coo-perativa, o cooperativismo se enfraque-ceria no Brasil.

“Como ainda há defasagem entre o nosso porte e o porte dos maiores ban-cos, nós entendemos que esse modelo é muito importante, pois gera grande identidade do cooperado com a coope-rativa e é dessa relação que nasce toda a governança do sistema. São os coopera-dos que elegem o conselho e a diretoria da cooperativa”, salienta o presidente.

O maior desafio para o cooperativis-mo financeiro, para Almada, é torná-lo conhecido nos grandes centros brasilei-ros. O objetivo em um futuro próximo é estimular a presença nos locais em que não há instituições e expandir em gran-des centros. “Em geral, as redes bancá-rias estão posicionadas para gerar 80% de seus negócios em 32 grandes regiões metropolitanas brasileiras. O cooperati-vismo financeiro tem o perfil contrário: 80% da rede está em pequenas e mé-dias cidades. Embora tenhamos uma boa quantidade em grandes cidades, o alcance é muito pequeno, pois os pon-tos são muito dissolvidos”, afirma.

“A peculiaridade do cooperativismo é que quem faz a cooperativa é o coo-perado. quem define onde vai abrir a cooperativa é a comunidade. O nosso papel é gerar estímulos, mas não so-

mos nós que colocamos a cooperativa lá, é a mobilização social. Por isso que o nosso símbolo é a pirâmide invertida, mostrando que a base está em cima e a cúpula está embaixo”, observa o presi-dente Almada.

sobre a repartição das sobras e ou-tros benefícios para os associados, Al-mada brinca. “Eu já passei por diversos bancos, dirigi muitas instituições finan-ceiras e a construção de programas era

Setembro de 2014

O mAIOR DEsAFIO pARA O

cOOpERATIvIsmO FInAncEIRO é

TORnÁ-LO cOnhEcIDO nOs GRAnDEs

cEnTROs bRAsILEIROs

Debate durante o v Fórum banco central sobre Inclusão Financeira em Fortaleza (cE)

para gerar lucro para a empresa. Hoje, aqui no Bancoob, se der muito lucro, eles puxam a minha orelha”, diz.

próximo FórumFlorianópolis sediará o vI Fórum

banco central sobre Inclusão Finan-ceira, que ocorrerá entre 17 e 19 de novembro deste ano. A realização do evento é um reconhecimento à força do microcrédito em santa catarina

e deve contar com a participação de 1,5 mil pessoas - o fórum de 2013 contou com 700 inscritos, além de 150 pessoas terem ficado em uma lista de espera.

O grupo gestor do evento desse ano, que será o maior desde a pri-meira edição, há 12 anos, vai contar com representantes do Banco Central, Sebrae, Governo do Estado de Santa Catarina, Organização das Cooperati-

// F ó R u m //

vas do brasil e da Associação das Or-ganizações de microcrédito de santa Catarina (Amcred/SC).

O fórum marca os 10 anos de par-ceria entre sebrae e banco central em prol do desenvolvimento de empreen-dimentos de pequeno porte, que age para aproximar o segmento de peque-nos negócios ao sistema Financeiro Nacional (SFN).

Ao longo de 10 anos a parceria pro-porcionou o desenvolvimento de inú-meras ações:

• O intercâmbio de informações sobre acesso a serviços financeiros para pe-quenos negócios com base nos dados do sistema central de Risco (scR);• A organização conjunta de Semi-nários de cooperativismo de crédito (hoje cooperativismo Financeiro);• A organização conjunta de 3 (três) Fóruns brasileiros de sistemas de Garantias de crédito;• A organização conjunta do 13.o e 18.o Fórum ibero-americano sobre Garantias de crédito;• A organização conjunta de 7 (sete) Seminários Bacen de Microfinanças;• O intercâmbio de informações sobre o cadastro positivo, em parceria com a unidade de políticas públicas (upp);• A atuação na Parceria Nacional pela Inclusão Financeira (pnIF) lan-çada em novembro de 2011 na sede do sebrae nacional;• A organização conjunta de 5 (cin-co) Fóruns bacen sobre Inclusão Financeira, que contou com a par-ticipação técnica e financeira do Sebrae Nacional.

Foto: Arquivo Banco Central do Brasil

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pARcERIA DO sEbRAE cOm sIsTEmAs cOOpERATIvIsTAs FInAncEIROs ImpuLsIOnA pEQuEnOs nEGócIOs

Ocooperativismo financeiro é um movimento que vem crescendo gradativamente. Ele é responsá-vel por impulsionar a inclusão sócio-financeira e o desenvolvimento econômico sustentável. Por

meio do projeto de Fomento às Boas Práticas em Cooperativas de Crédito, o Sebrae atua como parceiro e incentivador em diversos sistemas.

Embora ainda haja confusão, o termo “cooperativismo fi-nanceiro” é mais amplo que o já conhecido “cooperativismo de crédito”. “A nomenclatura ‘cooperativa de crédito’, segun-do alguns estudiosos, deve passar por uma reformulação, pois há tempos as cooperativas deixaram de ser instituições com foco único na concessão de crédito, passando a oferecer os principais produtos e serviços financeiros demandados pelas pessoas físicas e jurídicas”, explica Marcelo cestari, diretor de Operações da cooperativa de crédito vale do Itajaí (Viacredi). Entretanto, os avanços não são apenas no nome, que ainda depende de regulamentação para se tornar oficial. Tanto as cooperativas de crédito quanto a legislação brasi-leira têm evoluído bastante nos últimos anos e conquistado novos espaços.

“Atualmente, já são mais de 6,5 milhões de pessoas par-ticipando de uma cooperativa de crédito, com acesso a todos

os produtos e serviços dessa nature-za disponíveis no mercado”, comenta celso Ramos Regis, presidente da Con-federação brasileira das cooperativas de Crédito (Confebras).

O sebrae atua ao lado de entidades para fortalecer o cooperativismo finan-ceiro no Brasil. Em Blumenau, a parceria entre a cooperativa viacredi e o escri-tório regional do Sebrae gera, há mais de 10 anos, excelentes negócios para as duas instituições. O principal foco é a capacitação e consultoria dos coopera-dos empreendedores, por meio de pro-gramas e eventos educativos. “Ao longo dos anos, por iniciativa da Cooperativa ou da Gerência Regional do Sebrae, as duas instituições uniram forças em pro-jetos que visam ao desenvolvimento da atividade empreendedora em nossa região, promovendo e participando de feiras e sessões de negócios com foco nos negócios dos microempreendedores individuais (MEi) e pequenos negócios”, explica o diretor Marcelo.

Jones Roland, coordenador de Ne-gócios e Produtos, também lembra que, após o início do projeto de boas práticas em cooperativas de crédito para peque-nos negócios em 2011, a parceria se fortaleceu e proporcionou uma aproxi-mação ainda maior.

Em Santa Catarina, o projeto condu-zido pelo sebrae ajudou a promover a intercooperação entre os três sistemas cooperativos (Cecred, Sicoob e Sicredi). Além disso, por meio das visitas téc-nicas foi possível trocar experiências e conhecer modelos em cooperativas de outros estados. Outra atividade re-

alizada foi o treinamento focado para atender a empresas de pequeno porte. “Desde 2013, recebemos em nossa co-operativa 19 visitas de cooperativas de outros estados e de outros sistemas, o que envolveu mais de 200 pessoas em missões técnicas de intercooperação”, conta Marcelo. As visitas tinham como objetivo conhecer os desafios e fatores que levaram a viacredi a ser a maior co-operativa em números de cooperados e a terceira maior em movimentação de

Formado em ciências econômicas pela Fundação universidade regional de Blumenau, e com mBa - Gestão de cooperativas de crédito - uSp / Fundace, marcelo ocupa atualmente o cargo de diretor de operações da viacredi – cooperativa de crédito do vale do itajaí. desenvolve, desde 1987, sua carreira na viacredi

presidente da confederação Brasi-leira das cooperativas de crédito (confebras). além disso, ocupa também o cargo de diretor da orga-nização das cooperativas Brasilei-ras (ocB) e exerce a presidência do Sistema ocB/mS

// p A R c E I R O s //

Foto: Arquivo Viacredi

Foto: Arquivo pessoal

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ativos no país. “Considero que o Sebrae, como apoiador nacional dos pequenos negócios, foi muito feliz em se aproxi-mar das cooperativas”, avalia.

Com o Sicredi, em Ouro Verde/MT, os resultados também são positivos. “Com a parceria, temos aumento de associados qualificados, que buscam no conheci-mento e na prática melhorar sua perfor-mance empresarial e financeira”, conta eliane Jaqueline Metzner, gerente re-gional de Desenvolvimento. A parceria envolve troca de informações, palestras, participação em eventos e atuações de rotina. “Juntos, estamos construindo uma trajetória de sucesso, com o foco principal de deixar o empreendedor com as infor-mações necessárias para fazer uma ges-tão de excelência”, completa Eliane.

sicoob e sebrae também formam outra dupla de parceiros de longa data. Estão juntos em trabalhos nacionais e regionais com foco na disseminação da inclusão financeira e na oferta de pro-dutos e serviços financeiros customi-zados para os micros e pequenos em-preendedores. “O fato de o Sebrae estar integrado com o pequeno negócio, co-nhecendo as suas especificidades e as suas necessidades, tem auxiliado muito o sicoob a compreender adequadamen-

te esse segmento e, assim, aprimorar e oferecer novos produtos e serviços fi-nanceiros de acordo com o perfil desses empreendedores”, explica Ênio Meinen, diretor de operações do banco coopera-tivo do Brasil (Bancoob).

O Sicoob reúne 2,7 milhões de as-sociados e atende aproximadamente 319 mil pessoas jurídicas. No en-tanto, o número de pessoas jurídicas associadas, comenta Ênio, ainda está bastante aquém do potencial desse mercado. “Daí que parcerias dessa natureza, ao conduzirem à integração de esforços e ao alinhamento de ob-jetivos, contribuem para a construção de um ambiente favorável entre as cooperativas e os empreendedores, de um lado, para melhorar o relacio-namento com o público cooperado atual, de outro, para atrair novos be-neficiários”, explica.

O trabalho da confederação brasi-leira das cooperativas de crédito (con-febras) também tem sido notado pela contribuição dada ao fortalecimento do sistema. “Nossas ações são volta-das, principalmente, à promoção, defe-sa e formação do setor cooperativista brasileiro e, para isso, atuamos tanto internamente quanto no âmbito inter-

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Formada em direito, eliane é gerente regional de desenvolvimento da Sicredi ouro verde mt. possui mBa em gestão empresarial e mBa em gestão de ma-rketing, ambas pela FGv, mBa em Gestão executiva em negócios company FGv, CPA 20, Certificação em vendas n. 109. Já foi caixa, assistente de negócios, gerente de negócios, gerente de unidade, assessora de negócios e gerente de desenvolvimento de negócios do Sicredi mt/pa/ro

atualmente, Ênio ocupa o cargo de diretor de operações do Banco cooperativo do Brasil – Bancoob. Bacharel em direito, pós-gradu-ado em direito da empresa e da economia pela Fundação Getúlio vargas/rJ e em Gestão estratégi-ca de pessoas pela universidade Federal do rio Grande do Sul, Ênio possui 30 anos de experiência no cooperativismo financeiro

nacional”, explica o presidente Celso Ramos. O objetivo é proporcionar um ambiente mais favorável ao modelo co-operativo, contribuindo, assim, para o crescimento do país.

Alexandre Poffo, diretor de opera-ções da Acredicoop, também conta sobre o sucesso das parcerias com o Sebrae. “Em um contexto geral, o que move e dá sustentabilidade a essa parceria é um foco muito similar de atuação, características como a orien-tação, educação, inserção como ins-trumento de criação e desenvolvimen-to de pequenos negócios estão muito claras no planejamento estratégico de ambos”, comenta.

um dos principais diferenciais do empreendedorismo cooperativo é o investimento local feito na poupan-ça, em benefício dos cooperados e das regiões assistidas. Outro ponto forte é que os recursos captados são aplicados nas próprias comunida-des, movimentando a economia lo-cal e criando novas oportunidades de emprego. Os números positivos são resultado do trabalho que vem sendo desenvolvido nas coopera-tivas de crédito nos últimos anos. Além das estatísticas, os relatos de dirigentes do sistema cooperativista financeiro também representam um panorama animador. Diante disso, pode-se dizer que as parcerias trou-xeram benefícios para os sistemas cooperativistas e para os pequenos negócios.

Foto: Arquivo Sicredi

Foto: Tom leal

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sEbRAE OFEREcE AçõEs EspEcÍFIcAs Em cOOpERATIvIsmO FInAncEIRO nOs EsTADOs

Regionalizado para poder atender o maior número de pessoas possível, o Sebrae possui ações específi cas em

cada estado para incentivar o coopera-tivismo fi nanceiro e, assim, impulsionar o número de pequenos negócios asso-ciados. O crescimento já é observado em todo o Brasil. Atualmente, as coo-perativas de crédito estão presentes em 95% do território nacional.

Em número de cooperados, hoje são aproximadamente 6,6 milhões de pessoas. Em relação aos movimentos fi nanceiros, o Sistema Nacional de Cré-dito cooperativo (sncc) é responsável por – R$ 54 bilhões – 2,4% do Sistema Financeiro nacional em operações de crédito (empréstimos) e – R$ 55 bi-lhões – o mesmo percentual em capta-ção (depósitos).

“As instituições fi nanceiras coopera-tivas importam-se, primeiramente, com o desenvolvimento local, o bem-estar da comunidade (7º Princípio Coope-rativista). As cooperativas estão onde os bancos comerciais, em um primeiro momento, não têm interesse em se ins-talarem. Elas desenvolvem o comércio local, geram renda para o cooperado e

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reinvestem aqueles recursos na comu-nidade. Diferentemente dos grandes bancos, em que o resultado obtido em uma captação em pimenta bueno/RO vai parar na avenida Paulista”, afi rma Th iago Abrantes, gerente de Relações Institucionais da Organização das coo-perativas Brasileiras (OCB).

Algumas regiões do país se desta-cam nesses números, como a região Sul, que é responsável por uma participação de 7% nas operações de crédito e 10% dos depósitos. Porém, outros estados brasileiros também possuem resulta-dos satisfatórios na implementação de cooperativas de crédito.

com o crescimento do segmento e a importância do cooperativismo fi -nanceiro para os pequenos negócios, o sebrae nacional decidiu lançar em 2011 uma Chamada Pública de Fomen-to às Boas Práticas em Cooperativas de Crédito. O objetivo é apoiar projetos na implantação de boas práticas de atu-ação das cooperativas de crédito com pequenos negócios, no contexto da in-clusão fi nanceira.

O projeto tem como público-alvo as cooperativas de crédito singular já constituídas, em constituição e em

transformação atuantes no segmento de pequenos negócios. Ainda, na con-secução do objetivo estão previstos convênios e apoio de várias entidades, principalmente as centrais de coopera-tivas de crédito e entidades de classe.

Após a divulgação da chamada pú-blica, foram apresentados vários pro-jetos e selecionados 17 projetos que atenderam aos critérios de aderência e elegibilidade exigidos no edital. Eles estão alocados em sete estados brasi-leiros, resumidos abaixo.

O sEbRAE pOssuI AçõEs EspEcÍFIcAs Em cADA EsTADO pARA IncEnTIvAR O cOOpERATIvIsmO FInAncEIRO

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As cooperativas individuais do es-tado têm como áreas principais de atuação: realizar diagnósticos e pes-quisas de mercado, visando a viabili-zar ampliação da região de abrangên-cia das cooperativas dentro da área de atuação do projeto; análise de viabilidade de abertura de novos pro-gramas de Aceleração do crescimento (pAc); missões técnicas; e programa de crédito e microcrédito orientados, formatados para pequenos negócios, envolvendo capacitação e consulto-rias de agentes de crédito e tomado-res de microcrédito.

“O trabalho está focado principal-mente nos seminários de divulgação do cooperativismo financeiro para o público de microempresas e empresas de pequeno porte, na capacitação da equipe das cooperativas no ambiente dos pequenos negócios, promoção de missões de boas práticas do cooperati-vismo nacional e em eventos de capa-citação e consultoria para esse públi-co”, conta o coordenador de Ações em Cooperativismo do Sebrae/MT, Fábio Apolinário da Silva.

No estado, o Sebrae local vai rea-lizar 17 seminários itinerantes até o final de 2014; 62 palestras sobre co-operativismo, 06 capacitações para formação de agentes das cooperativas especializados em pequenos negócios, além de uma missão nacional. “Ao pú-blico de microempreendedores, o foco está na implantação de carteiras de

sEbRAE/mT QuER mAIOR ApROxImAçãO cOm pEssOAs JuRÍDIcAsPráticas - 06 cooperativas do Sicoob e 09 do Sicredi. Elas estão presentes em 114 dos 141 municípios do esta-do, com destaque para a Cooperativa do Sicredi Ouro Verde, que possui ativos superiores a R$ 1,5 bilhão. De maneira geral, as cooperativas do projeto terminaram dezembro de 2013 com um saldo de carteira para pequenos negócios de R$ 479 mi-lhões. A expectativa é chegar a 689 milhões em 2015.

Fábio lembra que a defasagem está nos grandes centros, por isso, há atuação maior em cuiabá e vár-zea Grande. “No interior do estado de Mato Grosso, especialmente em cida-des como lucas do Rio Verde, Sorriso e Nova Mutum, por exemplo, as coope-rativas já são os agentes financeiros com maior participação de mercado. O grande desafio delas é consolidar sua participação no público de pes-soas jurídicas. Já em Cuiabá e Várzea

o sucesso da atuação do Sicredi de ouro verde, na orientação e consultoria a empreendedores individuais e micro-empresários pode ser conferido a partir dos resultados das empresas atendidas.a Josy Confecções, por exemplo, que começou com uma mala de roupas, em dois anos evoluiu para uma equipe de

45 vendedoras e investiu em soluções de meios de pagamento e crédito. o la-va-jato água Jet aumentou o portfólio de serviços, com instalação de rastrea-dores e melhorou o espaço físico. no caso da tida Gourmet, que parti-cipa de eventos com comercialização de comida, o investimento em meios

de pagamento melhorou o fatura-mento. além disso, a empreendedora financiou equipamentos para aprimo-rar o negócio. outro caso de sucesso no mato Grosso é o viveiros área verde, que se forma-lizou e garantiu acesso a crédito para capital de giro.

microcrédito produtivo orientado, com visitas de diagnóstico e acompanha-mentos que permitam segurança às cooperativas que atuarem com esse público. Em 2014, iniciamos a im-plantação de 04 pilotos e a intenção é estender a metodologia a todas as co-operativas do estado a partir de 2015”, aborda Fábio.

O Mato Grosso possui 15 coopera-tivas participantes do projeto boas

Grande, a participação é muito peque-na, sendo esse o principal desafio para os próximos anos”, afirma.

“O avanço do cooperativismo fi-nanceiro no público de pequenos negócios permitirá uma maior apro-ximação desse público com o sistema financeiro, principalmente por causa da dinâmica cooperativa em que o só-cio se sente dono do negócio”, avalia Fábio Apolinário.

Como desafio para os próximos anos, Fábio elenca a aproximação com as pessoas jurídicas como prioridade. “Temos percebido um crescimento do número de gerentes de pessoa jurídica no sicredi e uma aproximação maior com esse público (pequenos negócios). A expectativa é de que, com a implan-tação de metodologias de microcré-dito, missões técnicas e do seminário itinerante, possamos atrair mais em-presas para o ambiente do cooperati-vismo financeiro”.

cAsOs DE sucEssO

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Foto: Arquivo pessoal

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pROJETO DE bOAs pRÁTIcAs é bEm REcEbIDO Em sc

missões técnicas; e realizar consultoria de avaliação de produtos e serviços.

Segundo Carlos Armando Carreirão, responsável pelo cooperativismo finan-ceiro em Santa Catarina, o projeto de Boas Práticas em Cooperativas de Crédito com Pequenos Negócios foi muito bem recebi-do no estado. “O edital permitiu ao Sebrae local aproximar-se e conhecer com mais profundidade o funcionamento das insti-tuições financeiras cooperativas. Pode-mos afirmar que o vetor inverso também aconteceu, as cooperativas que atuam

com os pequenos negócios passaram a se relacionar com o sebrae em seus diversos pontos de atendimento em todo o estado de Santa Catarina, temos uma agenda de trabalho em regime de parceria em pleno funcionamento”, afirma.

“No início do projeto, nosso foco foi intensificar o reconhecimento das áreas de convergência e atuar pontualmente para ampliar o atendimento a empre-endedores no ambiente do cooperati-vismo. Metodologias de abordagem à pessoa jurídica, como técnicas de ava-

Presidente do Sicoob SC/RS Rui Scheneider da Silva; gerente do Sebrae Paulo Alvim, Sérgio Cardso, diretor do Sebrae/SC; Gerson Seefeld, diretor executivo da Central Sicredi RS/SC; e Velasco Gomes, vice-presidente do Sistema Cecred

Foto: Gabriel Heusi liação de risco a formas de atendimen-to diferenciado foram disseminadas, sejam por visitas a outras experiências como pelo repasse de metodologias”, avalia o coordenador.

A rede de pontos de atendimento do sistema cooperativo em santa catari-na representa 40% de todos os postos bancários existentes - é o maior índice do país - e esses postos estão em 80% do total de municípios. “Santa Cata-rina é um dos poucos estados em que as instituições financeiras cooperativas superaram os dois dígitos em sua par-ticipação no volume de depósitos total (em 2011 era 11,6%) e sua participação no crédito total também está próxima de dois dígitos”, discorre Carreirão.

Já é evidente o crescimento da car-teira de pequenos negócios que par-ticipam do projeto de boas práticas. As metas assumidas em 2011 pelas cooperativas catarinenses foram atin-gidas um ano antes das previstas ini-cialmente. “Ao estudarmos a estrutura cooperativista, percebemos a diversida-de de portes e estilos de atuação des-tas, mas algo em comum transpareceu como oportunidade para nossa atuação, todas têm em seus mapas de planeja-mento o objetivo de crescer sua carteira de pessoas jurídicas. O cooperativismo financeiro em nosso estado teve sua gê-nese no ambiente rural ou pessoa física. Dessa forma, compreender o funciona-mento de empreendimentos urbanos torna-se um desafio e o foco dos nossos trabalhos”, detalha Carreirão.

Em Santa Catarina, são quatro sis-temas cooperativistas apoiados pelo Sebrae em duas grandes regiões: Flo-rianópolis e Vale do itajaí. As principais ações são: implantar e operacionalizar o Fórum Estadual permanente do co-operativismo Financeiro de pequenos Negócios; realizar workshops esta-duais; realizar seminários regionais; consultoria técnica; estudos e pesqui-sas de nichos de serviços focados no atendimento dos pequenos negócios; programas de capacitação; realizar

Seminário Desafios do Crescimento – inovação como estratégia compe-titiva, organizado pelo Sicredi e pelo Sebrae, que aconteceu em julho, em Joinville, reuniu mais de 600 empresários, e contou com a partici-pação especialista em marketing e cultura digital Gil Giardelli.

nO InÍcIO DO PROJETO, O FOCO DE sc FOI InTEnsIFIcAR O REcOnhEcImEnTO DAs ÁREAs DE cOnvERGêncIA E ATuAR pOnTuALmEnTE pARA AmpLIAR O ATEnDImEnTO A EmpREEnDEDOREs

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cOOpERATIvAs DE cRéDITO pARAIbAnAs sE DEsTAcAm nO nE

Na Paraíba, são três as cooperativas singulares apoiadas pelo projeto de Fo-mento às Boas Práticas no Cooperativis-mo Financeiro. Esse número, contudo, será maior em pouco tempo. isso, por-que está programada a abertura de mais duas cooperativas individuais. As cinco cooperativas estão nos municípios de queimadas, Cajazeiras e João Pessoa.

Os objetivos principais do projeto na Paraíba são: organizar um grupo de aprendizagem gerencial, com reu-niões semestrais; abertura de dois novos programas de Aceleração do crescimento (pAc); implantação do atendimento de microcrédito em pAc; realização de missão técnica de inter-câmbio para gerentes e dirigentes; ca-pacitação dos gestores e colaboradores das cooperativas em microcrédito.

O impacto tem sido grande no estado e comemorado pela popula-ção, como conta Márcia Timótheo, responsável pela pasta no sebrae da Paraíba. “A ampliação do atendimen-to financeiro aos pequenos negócios tem sido responsável pela inclusão financeira de centenas de empresá-rios e suas empresas, com aumento do crédito concedido aos pequenos negócios e, consequentemente, maior investimento do empresariado na sua base de atuação comunitária, geran-do empregos e renda”.

lhores índices de desenvolvimento humano onde existem cooperativas de crédito com forte atuação merca-dológica”, pondera.

Para o futuro, a expectativa é ain-da mais positiva. Um levantamen-to recente do banco central sobre o desempenho das instituições finan-ceiras nos últimos anos aponta que as cooperativas de crédito têm cres-cido acima da média do mercado. O investimento no profissionalismo da gestão foi determinante para o desenvolvimento do setor, segundo especialistas. Apesar de todo o cres-cimento verificado, o segmento ainda representa apenas 3% do sistema Fi-nanceiro Nacional (SFN), com proje-ções de chegar a 10% até 2020.

“Estamos trabalhando para aumen-tar a presença de maior número de singulares e/ou pontos de atendimen-to no estado para favorecer a expansão do cooperativismo fi nanceiro. Com as ações do sebrae para aproximar as co-operativas dos pequenos negócios, ha-verá grande crescimento nos próximos anos. Além disso, a população precisa conhecer melhor o cooperativismo fi -nanceiro, de forma mais massifi cada. Estamos junto com nossos parceiros, nos esforçando muito nesse caminho, mas, de toda forma, tem havido avan-ços signifi cativos”, encerra Márcia.

NO ES, COOPERATiViSMO BAliZA REDuçãO DE TAxAs DE JuROs

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Só no Espírito Santo, são nove coo-perativas singulares participantes do projeto. localizado em todo o estado e com o apoio do Sicoob, o projeto tem como principais ações a realização de palestras sobre cooperativismo fi nan-ceiro; sobre uso adequado do crédito; e capacitação dos gestores e colabora-dores das cooperativas em análise de crédito para pequenos negócios.

Ao todo, são mais de 150 mil as-sociados. As cooperativas são apoia-das pelo sebrae local nas seguintes ações: capacitação dos profi ssionais

das cooperativas sobre temas ineren-tes à pessoa jurídica (PJ), com foco em pequenos negócios; missões téc-nicas, junto com os profi ssionais das cooperativas, para conhecer experi-ências exitosas no atendimento aos pequenos negócios e as melhores prá-ticas do segmento; participação em seminários, junto com os profi ssionais das cooperativas, para troca de conhe-cimento; capacitação dos associados pessoa jurídica – pequenos negócios.

Segundo Samuel Graciolli, respon-sável pelo cooperativismo fi nanceiro no

No sistema da Paraíba, há 16 coo-perativas de crédito. São mais de 27 mil paraibanos associados, de acor-do com o Sistema OCB/PB. No seg-mento do cooperativismo financeiro que atende aos pequenos negócios, cooperativas de empresário ou de livre admissão, são quatro coopera-tivas na Paraíba, com um total de 16.902 cooperados.

“As cooperativas têm uma boa atuação no mercado, ou seja, servem de re-ferência pelas taxas de juros praticadas no mercado onde atuam. Dessa forma, praticam boa concor-rência, ajudando até os não associados a obterem mais recursos com menor custo”, observa Márcia Timótheo.

A Paraíba lidera o ranking do cooperativismo financeiro do nor-deste. Em 2012, o estado respondeu por 32% das operações de crédito e 23% dos depósitos do segmento na região. As cooperativas de crédito paraibanas também estão acima da média regional no tocante à parti-cipação no sistema financeiro, no qual detêm 6,5% dos empréstimos e 3,69% depósitos. Os números são do estudo Evolução do Sistema Coo-perativista de Crédito Brasileiro em 2012, produzido pelo Sistema de Co-

operativas de crédito do Brasil (Sicoob), com base em dados do Banco Central (Bacen).

De acordo com Márcia, os bene-fícios levados pelo cooperativismo financeiro à paraíba vão muito além do controle das taxas de juros. “Na prática, as cooperativas de crédito são instituições de economia social, pois promovem o crescimento eco-nômico e financeiro dos seus asso-ciados, assim como desenvolvem as comunidades onde atuam, por meio da melhor distribuição dos recursos, que são investidos no mercado lo-cal. isso significa o alcance de me-

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Sebrae local, o crescimento consistente das cooperativas de crédito gera consequente aumento da competitivida-de dos pequenos negócios. “As cooperativas de crédito têm papel preponderante na oferta e acesso ao crédito para os pequenos negócios, à medida que oferecem taxas e juros menores, menos burocracia e mais agilidade no atendimento. Essa característica vem ao encontro do que o pequeno negócio necessita para se desenvolver, consi-derando o crédito como um propulsor para o crescimento dessas empresas,” afirma.

O sistema de crédito cooperativo é um importante ba-lizador na redução das taxas de juros no estado. É percep-ção do gestor que, nas praças que possuem atuação das cooperativas de crédito, a taxa média das demais institui-ções financeiras tende a ser mais baixa, para concorrerem com as taxas ofertadas pelas cooperativas.

Todavia, as perspectivas futuras não são tão positivas de acordo com Samuel. O trabalho terá de ser árduo. “O forte crescimento do cooperativismo financeiro nos últi-mos anos não foi suficiente para ampliar de forma ade-quada a participação das cooperativas nesse segmento. Conforme dados de dezembro de 2013, o market share no segmento de pessoas jurídicas na área de atuação das cooperativas de crédito do estado é de apenas 16%. Dessa forma, torna-se estratégico por parte das coopera-tivas aumentar sua competitividade junto aos pequenos negócios, visando a atingir um número maior de em-presas de maneira qualificada (atender mais e melhor o cliente)”, conta.

De acordo com Samuel, um dos principais pontos para esse avanço é o aumento do conhecimento da população sobre o segmento. “Apesar da grande abrangência das cooperativas de crédito no Espírito Santo, existem ainda algumas dificuldades por parte destas em ofertarem pro-dutos e serviços específicos para os pequenos negócios, os quais possuem particularidades que devem ser obser-vadas. Para facilitar e aproximar as cooperativas de crédi-to dos pequenos negócios, o Sebrae vem desenvolvendo ações em parceria com o sistema cooperativista com essa finalidade”, ressalta Graciolli.

sEGmEnTO TEm cREscImEnTO cOnTÍnuO nO Ap

O Amapá possui apenas uma coope-rativa de crédito singular, que abrange os municípios de Macapá e Santana. O foco de atuação do projeto na região é a implantação de pAc; a capacitação de colaboradores das cooperativas; a for-mação de agentes de microcrédito com foco no empreendedor individual; a participação em missões técnicas; a ca-pacitação dos dirigentes; a elaboração de manuais e metodologia de atuação em microcrédito; e os estágios supervi-sionados em outras cooperativas.

“As ações no Amapá são voltadas para obtenção de resultados diretos no aumento da carteira de clientes e para o aumento do volume de concessão de

crédito oriundo da cooperativa. Precisa-mos fortalecê-la inicialmente para que ela promova concorrência com os ban-cos públicos e privados. Ações de boas práticas foram inseridas no contexto de um projeto inovador no Amapá, ações de missões técnicas em cooperativas referências, consultorias específicas fo-ram utilizadas como meio de propulsão à cooperativa”, conta o analista técnico Erick Dias.

uma pesquisa realizada pelo se-brae no estado aponta que 65% dos pequenos negócios entrevistados têm necessidade de tomar crédito, porém mais de 40% dos empresários não bus-caram financiamento bancário ou em

uma grande instituição financeira de-vido ao nível de burocracia e ausências de garantias. “É um indicador expressi-vo, a maioria está procurando crédito em outro lugar e de maneira mais cara. Ou seja, a cooperativa tem o papel de regular o setor, mas precisa ter escala de empréstimos. Para isso, necessita de funding, precisa aumentar a ade-são da classe empresarial. Só assim, o impacto na vida do amapaense será sentido: com taxas mais acessíveis e circulação de recurso no próprio esta-do”, opina Erick.

Atualmente, apenas 900 empresá-rios são associados à única cooperati-va de crédito do estado. Contudo, as

um DOs pRIncIpAIs pOnTOs pARA O

AvAnçO é O AumEnTO DO cOnhEcImEnTO

DA pOpuLAçãO sObRE O sEGmEnTO DE

cOOpERATIvAs DE cRéDITO

// p E L O b R A s I L //

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operações estão surgindo e podem impulsionar novos associados nos próximos meses. “Em ativos finan-ceiros, temos hoje mais de R$ 7 mi-lhões. E em operações de crédito, apenas nos sete primeiros meses de 2014, foram emprestados mais de R$ 3 milhões”, afirma o superin-tendente do Crediparnor, do Sicoob Amapá, Carlos de Paula.

carlos lembra que disseminar a cultura do cooperativismo é um processo lento, mas que pode ren-der bons frutos para ambas as par-tes – cooperativa e cooperado – no futuro. “Comparado com outros es-tados, o cooperativismo financeiro aqui no Amapá é uma novidade. Acredito que, em longo prazo, be-nefícios como inclusão financeira e oferta de produtos e serviços com custos menores serão uma realida-de para os pequenos negócios do estado”, avalia.

A expectativa é de que o seg-mento continue crescendo, mesmo com os lentos avanços. Para que isso aconteça, Erick já tem a recei-ta. “Precisamos alavancar o nível das parcerias, estreitar nossas rela-ções com o Banco do Povo, ofertan-do ações associadas, atender o em-presário onde a agência de fomento não atende e estender a coopera-tiva para os demais empresários. Somente assim, nesse trabalho, po-deremos então promover aumento significativo da importância do co-operativismo financeiro do Amapá”, salienta o analista.

estão sendo beneficiadas não somente com a adesão de novas empresas coo-peradas, mas também pelas operações de crédito realizadas com menor risco devido ao processo de visita e acompa-nhamento realizado pela SGC”, conta o coordenador do projeto no Sebrae/PR, Flávio locatelli.

Segundo Flávio, nos últimos três anos, foram realizados cerca de 100 seminários de crédito, levando aos em-presários de pequenos negócios, às ins-

tituições financeiras que operam com os pequenos negócios e às cooperativas de crédito, soluções inovadoras e parame-trizadas de acordo com as necessidades dos negócios. “O empreendedor do Pa-raná tem em sua essência a veia coope-rativista. Mas isso só não basta, a iden-tificação vem do profissionalismo que as cooperativas de crédito têm ofertado aos empreendedores por meio de pro-dutos e serviços, fazendo a diferença na atração de empresas para que se tornem novos cooperados. No momento em que o empresário busca uma instituição fi-nanceira, ele procura um parceiro que o auxilie e oriente nas melhores soluções para o seu negócio”, avalia.

Para Flávio, o segmento deve cres-cer ainda mais e o futuro é promissor. “O grande desafio de futuro do sistema cooperativista financeiro brasileiro é, sem dúvida, ampliar a sua participação no mercado. isso já vem ocorrendo de forma significativa em todo o território nacional, mas, em alguns municípios do Paraná, as cooperativas de crédito com o crescimento mais acentuado nos últimos anos conseguiram ter a maior participação do mercado local, benefi-ciando e impactando positivamente a sua região de atuação. O sistema coo-perativista unido é uma grande força e vejo nessa intercooperação o diferen-cial para crescimento e ampliação de mercado”, conclui.

númERO DE pARTIcIpAnTEs nO pARAnÁ é ALTONo Paraná, 19 cooperativas de

crédito singulares participam do pro-jeto, e atendem 15 municípios: Ma-ringá, Apucarana, Arapongas, Umu- arama, Cascavel, Telêmaco Borba, Co-lorado, Francisco Beltrão, Pato Bran-co, Dois Vizinhos, Coronel Vivida, As-sis Chateaubriand, Marechal Cândido Rondon, Paranavaí e Verê.

As ações principais do projeto no estado são: realizar o diagnóstico do portfólio de produtos do sistema disponíveis para os pequenos negó-cios, com consultoria especializada e desenvolvimento do aprimoramento dos produtos disponíveis; desenvol-ver produtos e serviços específicos para o microempreendedor individu-al; capacitar colaboradores das coo-perativas para oferecer atendimento personalizado aos microempreende-dores individuais; capacitar analis-tas de negócios da área de crédito em análise e concessão de crédito com foco em pequenos negócios; re-alizar missões técnicas de intercâm-bio visando a conhecer novos pro-dutos, tecnologias, boas práticas de gestão e estratégia de atendimento com o sistema cooperativo; desen-volver o modelo de operação para o Sistema Cresol.

“Hoje, o Paraná tem atuação destacada no tema garantias para os pequenos negócios justamente

nO mOmEnTO Em QuE O EmpREsÁRIO buscA umA InsTITuIçãO FiNANCEiRA, ElE buscA um pARcEIRO QuE O AuxILIE E ORIEnTE nAs mELhOREs sOLuçõEs pARA O sEu nEGócIO

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pela atuação em conjunto do Sebrae, sicoob e Federação das Associações comerciais e Empresariais do paraná (Faciap). O sistema Sicoob, além de ser um apoiador financeiro, alocando recur-sos no custeio da entidade e nos fun-dos garantidores locais, foi a primeira instituição financeira a receber as car-tas de garantia das sGc (sociedade de Garantia de Crédito), como garantia das operações de crédito. Com o andamen-to do projeto, as cooperativas do Sicoob

Sicoob metropolitano, Maringá

Foto: Pedro Taques

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mG ApREsEnTARÁ REsuLTADOs DE pROJETOs Em bRAsÍLIASó em Minas Gerais, estado com o

maior número de municípios do bra-sil, existem 11 cooperativas individuais apoiadas pelo projeto e 12 mil empre-sas associadas. As ações prioritárias do Sebrae no estado são: plano de ação coletivo (apresentado nesse projeto) e individual (a ser construído durante a execução de projeto); capacitação da equipe da cooperativa sobre análise de crédito de pequenos negócios; eventos para os pequenos negócios às coopera-tivas; missões técnicas para conhecer experiências exitosas no atendimento aos pequenos negócios; consultorias para construção de estratégia e estrutura de atendimento aos pequenos negócios; avaliação e construção de novos produ-tos e serviços para os pequenos negó-cios; criação de ambiente favorável para integração das cooperativas aos projetos do sebrae; propiciar condições às em-presas participantes dos projetos do se-brae de conhecerem as cooperativas de crédito participantes do projeto.

O projeto de Fomento às Boas Práti-cas em Cooperativas de Crédito de Pe-quenos Negócios do Sebrae/MG, iniciado em 2011, finalizará suas ações em de-zembro de 2014, em encontro marcado para 08/12, em Brasília, na sede do Se-brae Nacional. No encontro, membros das 11 cooperativas participantes do projeto, juntamente com a coordenação do projeto no Sebrae/MG, apresentarão os resultados ao diretor técnico do se-brae nacional e à coordenação nacional

dos projetos de cooperativismo para pe-quenos negócios da unidade de Acesso a Serviços Financeiros.

“Tivemos mudanças significativas no segmento de pJ por meio da criação de espaço especifico, segmentação, cria-ção de área de produtos e serviços e a presença do gerente PJ na rua”, afirma Silas Costa Júnior, diretor de Relações institucionais do Sicoob Crediriodoce, de Governador Valadares.

Durante esse período, foram per-cebidas diversas melhorias no atendi-mento aos pequenos negócios por parte das cooperativas de crédito participan-tes, tendo agregado até o momento aproximadamente 7.000 novos peque-nos negócios como associados a essas cooperativas. De acordo com o consul-tor inocêncio Magela de Oliveira, que presta consultoria em cooperativismo para o projeto desde a sua construção,

houve grande aprendizagem para todos os envolvidos no projeto, com benefí-cios diretos para os pequenos negócios. “As cooperativas se estruturaram e se tornaram aptas a atender esse público. Além disso, a parceria com os escritó-rios regionais do sebrae nas regiões próximas à área de atuação das coope-rativas de crédito parceiras possibilitou a disseminação de conhecimento para melhorar a qualidade do atendimento ao pequeno negócio pelo sebrae local e pela cooperativa”, garante.

“Apesar de o projeto estar no final, a tendência é de que os benefícios para os pequenos negócios continuem sen-do percebidos nas regiões de atuação do projeto”, ressalta Alessandro Chaves, gerente da unidade de Acesso a servi-ços Financeiros do Sebrae/MG, que lide-ra a equipe do projeto desde 2011.

Para ele, as cooperativas continua-rão atuando com serviços financeiros importantes e agregando novos pe-quenos negócios como cooperados. “O sebrae/mG continuará apoiando o co-operativismo financeiro para pequenos negócios no estado: dois novos projetos já foram iniciados em 2014, engloban-do doze cooperativas, nas regiões do tri-ângulo mineiro e do noroeste de minas Gerais. Pretende-se expandir o sucesso do primeiro projeto para essas regiões, que apresentam grande potencial de acesso a serviços financeiros para pe-quenos negócios por meio das coopera-tivas de crédito”, afirma Alessandro.

maxi-encontro – um dia antes do concred, o Sebrae/mG promove o maxi encontro das cooperativas de crédito de pequenos negócios, quan-do todas as cooperativas parceiras, do projeto atual e dos novos proje-tos, terão a oportunidade de disse-minar as boas práticas realizadas com pequenos negócios em mG.

As cOOpERATIvAs cOnTInuARãO ATuAnDO cOm sERvIçOs FInAncEIROs ImpORTAnTEs E AGREGAnDO nOvOs pEQuEnOs nEGócIOs cOmO cOOpERADOs

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O mOmEnTO é DE InTERcOOpERAçãOedital do sebrae visa proporcionar novas parcerias entre cooperativas de crédito

Em junho, o Sebrae divulgou um novo edital, convidando as cooperativas de crédito com foco em pequenos negócios,

a participar do projeto Parcerias entre Cooperativas de Crédito. O novo edital surgiu a partir das discussões sobre o projeto de Fomento às Boas Práticas em Cooperativas de Crédito. Um dos idea-lizadores da iniciativa e, também, um dos dirigentes do Sicoob Metropolitano, luiz Ajita, sugeriu que o Sebrae estimu-lasse e apoiasse financeiramente proje-tos nos quais cooperativas maiores apa-drinhassem as menores, como forma de acelerar o crescimento do cooperati-vismo de crédito no Brasil, que atende empresas de pequeno porte, produtores rurais, micro e pequenas empresas e microempreendedores individuais.

se tantas cooperativas já haviam se aperfeiçoado com reuniões, visitas técnicas, palestras e trocas de expe-riências, por que não ampliar esses conhecimentos a dezenas – centenas? – de cooperativas de qualquer porte? se cada cooperativa participante do proje-to boas práticas se dispusesse a apadri-nhar outra e essa, por sua vez, depois

apadrinhasse outra, estaria sendo cria-do um movimento intercooperativo de ajuda mútua, benéfico para todo o Sis-tema cooperativista de crédito e atrati-vo para a captação de novos associados interessados no desenvolvimento de seu pequeno empreendimento.

percebeu-se que o sebrae poderia dar o pontapé, estimulando e apoian-do financeiramente cooperativas de crédito maiores ou mais capacitadas a apadrinhar as menores ou menos capacitadas. Uma das ideias é ace-lerar o crescimento do cooperativis-mo no Brasil. A proposta, então, foi examinada e acolhida pela Diretoria Técnica do Sebrae, que decidiu apoiar financeiramente o projeto. As condi-ções para as parcerias estão detalha-das no Edital 001/2014, divulgado no dia 16 de junho passado.

“Nossa expectativa é que várias co-operativas compareçam. Essa é uma grande oportunidade de aprendizado. Esperamos também que seja dada continuidade ao programa de dissemi-nação das boas práticas de cooperati-vas de crédito que o sebrae implantou anos atrás”, comenta Ajita, presidente

do conselho de Administração do sin-coob Maringá.

A intercooperação, ou cooperação entre cooperativas, é o sexto princípio da doutrina cooperativista. Os pionei-ros de Rochdale, em 1844, a denomi-navam “Cooperativização Global’. Era cláusula de seu estatuto “ajudar as demais cooperativas”. A ideia foi reto-mada no congresso da AcI – Aliança cooperativa Internacional em viena (1966), sob a denominação de “Ativa cooperação entre as cooperativas em âmbito local, nacional e internacional“ e renomeada para “intercooperação“ em Manchester (1995).

A atual legislação do sistema Finan-ceiro Nacional veda o apoio financeiro mútuo entre cooperativas de crédito, exceto indiretamente, via centralização de recursos em suas respectivas coope-rativas centrais, bancos cooperativos ou confederações de cooperativas centrais de crédito.

Até hoje, a intercooperação entre as cooperativas do ramo crédito e as de outros ramos (transporte, educacional, por exemplo) só se dá voluntariamente pela contratação de prestação de servi-ços. Porém, caso estas sejam associadas às de crédito - o que é permitido pela lei n° 5.764/71, art. 6°, inciso i (empre-sas sem fins lucrativos) - o apoio se dá via operações de crédito e prestação de serviços financeiros, como a qualquer outro associado, não se caracterizando, basicamente, como intercooperação.

Assim, uma intercooperação volun-tária, sem caracterização de fins lucra-tivos ou recebimento de serviços, com o

38 39Revista Conhecer // SEBRAE Setembro de 2014

objetivo altruísta de dar algo ao coope-rativismo, sempre ficou no idealismo de cooperativistas, nos artigos acadêmicos e palestras, ninguém tomando a inicia-tiva de dar o primeiro passo. Esse passo inicial é o que o Sebrae se propõe a dar.

“queremos desenvolver o sistema cooperativo como um todo. As coope-rativas precisam evoluir para acom-panhar o sistema financeiro do país. só vamos cumprir nosso papel social com o desenvolvimento do sistema cooperativo. queremos, de início, manter as cooperativas bem desen-volvidas, em um patamar técnico ele-vado”, comenta ajita, com expectati-vas para o projeto.

QueM pode apadRinhaR e QueM pode seR apadRinhado?

A cooperativa apadrinhadora deverá ter, no mínimo, cinco anos de operação e 500 sócios pessoas jurídicas. Além disso, ter comprovada experiência de cooperação institucional; ter produtos, serviços e soluções financeiras para pequenos negócios e disponibilidade para as atividades de apadrinhamento (apoio técnico).

A cooperativa candidata a ser apa-drinhada deverá ter, no mínimo, seis meses de funcionamento e 50 asso-ciados pessoas jurídicas, além de dis-ponibilidade para o recebimento do apoio técnico.

Tanto a apadrinhadora como a apa-drinhada não podem estar em evidên-cia junto ao Banco Central do Brasil. considera-se evidência situações pen-dentes junto ao Banco.

Quais ações podeM seR apoiadas?

são inúmeras as ações previstas no Edital passíveis de apoio financeiro pelo Sebrae: macroações (sensibiliza-ção e diagnóstico, plano de melhorias e sua implementação sistemática de ava-liação), capacitação (recursos humanos, finanças, mercado, estágios da equipe apadrinhada e, até mesmo, missões nacionais e internacionais), sistemas de assessoria, consultoria, acompanha-mento, orientação e avaliação.

Em cada projeto é necessária uma contrapartida de recursos de 30%, divi-didos entre as duas cooperativas.

Quais os pRocediMentos?A habilitação se dará com encami-

nhamento de manifestação de interes-se ao Sebrae Nacional. Uma comissão julgadora examinará e ponderará as propostas. Os vinte primeiros projetos classificados serão os escolhidos e os projetos serão formalizados.

como o Edital limita o núme-ro de projetos a vinte e uma mesma cooperativa poderá se candidatar a até 2 projetos, é importante tomar rapidamente uma decisão. Procu-re a unidade de Acesso a serviços Financeiros de seu sebrae estadual ou o Sebrae/NA, pelo e-mail: [email protected] e se oriente melhor, manifestando seu interesse em participar dessa nova rede social, a da intercooperação.

com texto do consultor antônio augusto de castro

/ / E n T R E v I s T A / /

LuIz EDsOn FELTRImDiretor de relacionamento institucional e cidadania (Direc) do bacenAs cooperativas de crédito têm aumentado sua participação no Sistema Financeiro Nacional (SFN). Atualmente, o cooperativismo financeiro está fortalecido e representado em quase todo o território nacional. Nesta entrevista, o Sr. Luiz Edson Feltrim, Diretor de Relacionamento Institucional e Cidadania (Direc) do Banco Central (Bacen), aborda a importância do sistema cooperativo de crédito brasileiro. Bacharel em Matemática pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Presidente Prudente, Feltrim também exerceu o cargo de secretário executivo do Banco Central entre maio de 2011 e junho de 2012

conhecer – Como o senhor avalia o sis-tema cooperativo de crédito no Brasil?

luiz edson Feltrim – As instituições financeiras cooperativas vivem um ótimo momento, apresentando crescimento em seus principais indicadores (ativos, empréstimos, captações, volume de ope-rações, patrimônio líquido, número de as-sociados e quantidade de pontos de aten-dimento. Esse desempenho ascendente está sendo verificado há alguns anos, com perspectivas de continuidade, o que im-plicará em aumento da participação do segmento cooperativista no SFN.

Para citar alguns números, nos últi-mos dez anos, o número de cooperados tem crescido de forma constante, sain-do de pouco mais de 1,5 milhão para a casa dos 7 milhões de associados. Outro destaque é a rede de atendimento, que ultrapassou a marca dos 5.000 pontos, situando as cooperativas entre as cinco maiores redes de atendimento bancário do país. Porém, temos que registrar a desigualdade na distribuição de pontos de atendimento e associados pelas re-giões do país, com o desafio de ampliar

a presença das cooperativas de crédito nas regiões Norte e Nordeste.

percebemos também uma tendência de consolidação do segmento do coo-perativismo de crédito no brasil via am-pliação dos serviços oferecidos aos asso-ciados e via fusão de cooperativas, com a continuidade do processo de redução do número de instituições (resultado do salutar esforço pela fusão de coopera-tivas, com vistas a manter sua compe-titividade e obter ganhos de escala) e ampliação de pontos de atendimento e do número de associados, acompanha-do do aumento da área de atuação das cooperativas singulares e o aperfeiçoa-mento da gestão das cooperativas.

Do ponto de vista regulatório, po-demos destacar a promulgação da Lei Complementar 130, de 2009, que criou o sistema nacional de crédito coopera-tivo (sncc) e permitiu sua melhor estru-turação e enfoque sistêmico; a efetiva atuação do Banco Central, no exercício de sua função de regulador e supervisor do segmento; e, também, a conscienti-zação do próprio setor, que tem buscado

/ / E D I T A L / /

luiz ajita – engenheiro e atual presidente do conselho de admi-nistração do Sicoob metropolita-no – cooperativa de poupança e crédito de livre admissão da re-gião de maringá. É ex-presidente do conselho de administração do Sicoob central paraná.

Foto: Divulgação

Foto: Agência Pixel

40 41Revista Conhecer // SEBRAE Setembro de 2014

a permanente qualificação e profissio-nalização dos seus dirigentes. A recente criação do Fundo Garantidor do sistema cooperativo (FGcoop) foi um marco que elevou o setor às mesmas condições de segurança oferecidas para os aplicadores nas instituições bancárias.

Ressalte-se que o banco central participa da construção das balizas regulamentares do cooperativismo fi-nanceiro e aplica ao segmento coopera-tivista as mesmas normas operacionais e prudenciais (no tocante ao monitora-mento, controle e mitigação de riscos) aplicáveis às demais instituições do sistema financeiro nacional, com as devidas adaptações decorrentes de sua natureza, porte e complexidade.

conhecer – Qual a importância das co-operativas de crédito?

luiz edson Feltrim – há dois aspec-tos importantes a destacar. Por um lado, as cooperativas exercem significativo pa-pel na inclusão financeira a partir de sua ampla rede de pontos de atendimentos, que fornece acesso a serviços e produtos financeiros a seus associados e, também, em algumas situações, para a população não associada em sua área de abrangên-cia. Por outro lado, por ter menor custo operacional, pode oferecer seus serviços a taxas menores, o que gera, por sua vez, saudável competição no sistema bancá-rio. Dessa forma, as cooperativas de cré-dito contribuem para o cumprimento da missão institucional do banco central de assegurar um sistema financeiro sólido e eficiente, entendido, neste caso, como inclusivo e competitivo.

conhecer – De que forma as coopera-tivas de crédito podem impulsionar os pequenos negócios?

luiz edson Feltrim – há uma ca-racterística singular nas cooperativas de crédito que as diferem do sistema bancário tradicional, que é a reciclagem da poupança em sua área de atuação. O que isso significa? Toda a captação que ela faz tem de ser aplicada na mes-ma região onde opera e com o mesmo público-alvo. isto é, aplicadores e to-madores de crédito estão dentro de um mesmo grupo, permitindo a geração de emprego e renda na sua área de abran-gência, o que é essencial para o desen-volvimento social e econômico, com reflexo direto nos pequenos negócios existentes nessas localidades.

Outro ponto que merece destaque é o papel das cooperativas como instru-mento de oferta de serviços financeiros, com princípios e potencialidades para praticar tarifas e taxas de juros menores, fatores que contribuem para impulsio-nar os pequenos negócios Elas contri-buem, portanto, para propiciar maior concorrência no setor financeiro. Essa é a experiência vivenciada onde há maior concentração de cooperativas de crédito.

Tendo como um de seus princípios o da educação e formação cooperati-vista, as cooperativas de crédito assu-mem também o importante papel de propiciar educação financeira a seus associados, essencial para a escolha das melhores decisões sobre a adminis-tração do dinheiro, as formas de tomar crédito e as alternativas de aplicação desses recursos, principalmente do cré-

O bAcEn pARTIcIpA DA cOnsTRuçãO

DAs bALIzAs REGuLAmEnTAREs

DO cOOpERATIvIsmO FInAncEIRO E ApLIcA

AO sEGmEnTO As mEsmAs nORmAs

ApLIcÁvEIs Às DEmAIs InsTITuIçõEs DO

sIsTEmA FInAncEIRO nAcIOnAL

dito produtivo. Além disso, fazem com que o associado aprenda a administrar separadamente sua situação de pessoa física e de empreendedor.

conhecer – Qual o impacto das coope-rativas de crédito na economia do país?

luiz edson Feltrim – Enquanto nas regiões mais carentes as cooperativas de crédito propulsionam a geração de emprego e de renda, nos grandes cen-tros urbanos as cooperativas são mais um instrumento de oferta de crédito e de prestação de serviços voltados direta-mente para os interesses dos cooperados.

é de se destacar também que as co-operativas de crédito possuem papel importante no SFN, principalmente por contribuírem para elevar os níveis de concorrência no sistema financeiro e por ampliarem o acesso da população a ser-viços financeiros. Propiciam acesso, in-

clusive por meio dos bancos cooperativos ou de outras empresas pertencentes aos sistemas cooperativos, aos vários produ-tos financeiros, como depósitos à vista, aplicações em poupança e em fundos de investimento, consórcios e seguros.

Além disso, as cooperativas esti-mulam o desenvolvimento regional e propiciam que os depósitos e aplica-ções financeiras de uma determinada localidade sejam investidos na pró-pria região, fomentando o desenvolvi-mento local e a geração de empregos. As cooperativas também trabalham para o desenvolvimento sustentável das suas comunidades por meio de

políticas aprovadas pelos membros, o que está aderente a um dos princípios do cooperativismo, que é o interesse pela comunidade.

conhecer – E qual a perspectiva do cooperativismo financeiro para os pró-ximos anos?

luiz edson Feltrim – Que as coo-perativas continuem a se desenvolver de forma sustentável para que sejam o principal agente financeiro de seus associados e, com isso, aumentar a sua participação relativa no sistema Finan-ceiro Nacional, contribuindo, adicional-mente, para a efetiva inclusão financei-ra da população.

O aumento da participação do segmento cooperativista no sistema Financeiro nacional deve passar por três grandes diretrizes: i) sustentabi-lidade, o que se traduz na criação de condições para o aumento da com-petitividade, como o investimento na capacitação e no treinamento, o cres-cimento vertical e a busca por escala; ii) transparência, o que corresponde essencialmente ao aprimoramento da governança; e iii) responsabilidade social, ou seja, o segmento não deve jamais se esquecer de seu propósito primordial de influenciar positivamen-te a comunidade onde atua.

Bacharel em Matemática, e formado pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de presidente prudente (atual universidade estadual paulista Júlio de mesquita Filho – uneSp). no Banco central, já exerceu os cargos de Secretário-executivo e de chefe do departamento de organização do Sistema Financeiro. atualmente, é diretor de relacionamento institucional e cidadania do Banco central.

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Foto: Agência Pixel

42 Revista Conhecer // SEBRAE

É importante lembrar que, embo-ra represente ainda pequena parte do Sistema Financeiro Nacional, deve-se reconhecer que o segmento tem apre-sentado tendências importantes de crescimento no mercado financeiro.

Do ponto de vista de normatização do setor, com as recentes evoluções e apri-moramentos das normas pertinentes, o banco central considera que o arcabouço normativo atual favorece a continuidade do desenvolvimento do cooperativismo financeiro no Brasil. Nesse aspecto, me-recem destaque a edição da Lei comple-mentar nº 130, de 17.4.2009, e da Reso-lução CMN nº 3.859, de 27.5.2010. Não poderíamos deixar de lembrar também a criação do Fundo Garantidor do coopera-tivismo de Crédito (FGCoop), por meio da Resolução CMN nº 4.284, de 5.11.2013.

conhecer – Qual a importância do se-brae na disseminação das boas práticas de cooperativismo financeiro com pe-quenos negócios?

luiz edson Feltrim – O Sebrae, sendo um agente de capacitação e de promoção do desenvolvimento criado para dar apoio aos pequenos negócios de todo o país, é um parceiro estratégico do banco central na disseminação das boas práticas de go-vernança para o segmento cooperativista. Desde 2004, quando o Banco Central e o Sebrae Nacional firmaram um convênio, temos construído agenda altamente posi-tiva que permitiu a consolidação de várias ações, como a elaboração das Diretrizes para as boas práticas de Governança em cooperativas de crédito; a parceria na-cional para a inclusão Financeira, tendo

o sebrae recepcionado em suas depen-dências o lançamento do plano de Ação para Fortalecimento do Ambiente Institu-cional; e o carro-chefe, que é a realização de encontros anuais para discussão de temas importantes relacionados à in-clusão financeira, com a próxima edição acontecendo em Florianópolis, de 17 a 19 de novembro, o Vi Fórum Banco Central sobre inclusão Financeira.

Ressalto, em particular, o projeto Disseminando boas práticas em coo-perativas de crédito de pequenos ne-gócios do Sebrae, que tem se mostrado muito importante na difusão de infor-mações sobre a atuação de cooperati-vas que se destacam no atendimento e na oferta de serviços financeiros para os pequenos negócios .

Conhecer – como as boas práticas po-dem contribuir para o sistema coopera-tivista de crédito?

luiz edson Feltrim – Tenho defen-dido constantemente o aperfeiçoamen-to da governança no sistema coopera-tivista por meio do que denominamos “governança cooperativa”, ou seja, o conjunto de mecanismos e controles, internos e externos, que permite aos co-operados definir e assegurar a execução dos objetivos das cooperativas. A boa governança deve passar, também, pela escolha adequada dos administrado-res das cooperativas, com capacidade técnica e gerencial compatível com a instituição, que passarão a gerir, de modo que esta possa oferecer produtos e serviços financeiros que atendam às necessidades dos cooperados.

O sEbRAE é pARcEIRO EsTRATéGIcO DO bAncO cEnTRAL

nA DIssEmInAçãO DAs bOAs pRÁTIcAs

DE GOvERnAnçA pARA O sEGmEnTO

cOOpERATIvIsTA

Setembro de 2014

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