Novo Realista TRI I

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Universidade Federal de Uberlândia Instituto de Economia Bacharelado em Relações Internacionais Teoria das Relações Internacionais I Marinara Moreira Oliveira OS REALISTAS DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS Trabalho apresentado à disciplina Teoria das Relações Internacionais sob a orientação da professora doutora Marrielle Maia Alves Ferreira, como requisito parcial de avaliação.

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Universidade Federal de Uberlândia

Instituto de Economia

Bacharelado em Relações Internacionais

Teoria das Relações Internacionais I

Marinara Moreira Oliveira

OS REALISTAS DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Trabalho apresentado à disciplina

Teoria das Relações Internacionais sob

a orientação da professora doutora

Marrielle Maia Alves Ferreira,

como requisito parcial de avaliação.

Uberlândia, Outubro de 2012.

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Diferenças entre o Realismo Clássico e o Neorrealismo

A elaboração da teoria realista se dará no século XX a partir dos

trabalhos de E.H. Carr (Vinte Anos de Crise) e Hans Morgenthau (A Política

entre as Nações), mas a sua base de pensamento nascida Ciência política

possuirá origens antigas. Hans Morgenthau (A Política entre as Nações)

definiu, “o realismo é uma teoria que explica como a política internacional

realmente é uma luta interminável pelo poder”. Os Estados são os únicos

atores para essa corrente teórica, alem disso, esses atores decidem

racionalmente sobre a relação de custo beneficio, procurando no mínimo de

autopreservação maximizar seu poder. Nesse sentido, a preocupação central

na agenda do Estado é sua sobrevivência e segurança. O cenário internacional

é caracterizado pela anarquia, pois não existe uma entidade superior aos

Estados que possua monopólio legitimo do uso da força. Waltz critica a lógica

clássica de que o sistema internacional seja o somatório das capacidades

individuais de cada Estado. Se assim fosse, não haveria como o próprio

sistema se auto regular o que é um contra senso.

O Neorrealismo de Waltz é baseado em “propor leis gerais para

explicar os eventos no sistema internacional. Simplificando explanações de

comportamento porque acham que saberiam explicar e prever melhor

tendências gerais” (MINGST, 1999). De acordo com a visão neorrealista, o

sistema internacional é a estrutura dentro da qual se processam as Relações

Internacionais, delimitando a atuação dos agentes, isto é, os Estados, segundo

parâmetros da socialização e da competição. Ou seja, sistema é constituído

de estrutura e de unidades em interação.

O sistema determina as ações dos atores que, por sua vez, influenciam

as transformações da estrutura a partir de suas ações em um argumento de

certa forma circular. A socialização se refere ao compromisso do Estado a

certas regras de conduta e a competição é o equilíbrio de poder. Em qualquer

uma destas condições, predomina para os Estados a lógica do self-help . De

acordo com esta lógica, os Estados somente podem contar consigo mesmos

para sua proteção e sobrevivência e, mais do que nações expansionistas,

convertem-se em defensores de posição. (PECEQUILO,2010). Esse

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neorrealismo também conhecido como realismo estrutural, avança no que diz

respeito às interações interno externo, mas não investe muito na resolução dos

dilemas relativos à cooperação dos estados.

Unidade, Sistema e Estrutura.

Levando em consideração que o sistema é constituído de estrutura e

de unidades em interação. Os Estados são as unidades que são os principais

atores internacionais, pois só eles conferem aos demais os caminhos e a base

para que haja fluidez no sistema (DINIZ, 2007).

A teoria sistêmica proposta por Waltz  não analisa as características

individuais de cada unidade que interage dentro do sistema, mas sim os efeitos

resultantes dessa interação - efeitos estruturais. Como a teoria sistêmica não

se preocupa com as causas das interações, mas com os resultados dessas,

Waltz define estrutura a partir de três aspectos: ordenação, especificação das

funções das unidades e a distribuição de recursos entre as unidades (WALTZ,

2002). Uma estrutura pode ser ordenada por subordinação (quando há uma

unidade superior às demais e que, de alguma forma, orienta a ordenação),

onde teremos um sistema hierárquico; e, por outro lado, pode ser ordenado

por coordenação, o que leva a um sistema anárquico (WALTZ, 2002).

Conforme o grau de diferenciação das unidades que interagem no

sistema, podemos classificá-las, segundo Waltz, como, por exemplo,

em unidades altamente diferenciadas, onde teremos, logo, uma estrutura com

sistema diferenciado; ou então, unidades pouco especializadas, tornando

o sistema, concentrador ou pouco diferenciado. (WALTZ, 2002).

As unidades em interação no sistema disputam pela apropriação de

capacidades, ou indiretamente, pelas possíveis vantagens que seriam obtidas

por essas capacidades, apontadas por Waltz como recursos sistêmicos. Em

sistemas hierárquicos a competição por recursos sistêmicos é controlada pela

unidade-mor; em sistemas anárquicos, a disputa torna-se o fator delimitador do

próprio sistema, já que a própria competição por recursos sistêmicos justifica o

comportamento das unidades em interação e suas aspirações. (WALTZ, 2002).

Diferenças entre Neorrealismo Defensivo e Ofensivo

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Existe uma divisão significativa entre os realistas estruturais,que se reflete na

questão da quantidade suficiente de poder.

Neorrealismo defensivo

De acordo com Waltz, “a sobrevivência é um pré-requisito para

alcançar qualquer objetivo que os Estados possam ter (...) o motivo da

sobrevivência é visto como base de ação num mundo onde a segurança dos

Estados não é garantida e não como uma descrição realista do impulso que

está por detrás de qualquer ato do estado” (WALTZ, 2002). A segurança se dá

através de uma balança de poder defensiva.

Para Waltz, o sistema internacional tem uma disposição a punir os

atores que intentam alterar a distribuição de poder, restabelecendo o equilíbrio

anterior. Assim, as tentativas de maximizar o poder individual seriam

imprudentes. O neorrealista defensivo não consegue resolver o dilema de

segurança, já que um ator não consegue convencer o outro de que está se

armando defensivamente. Metas de segurança de curto prazo e metas de

defesa militar são priorizadas em relação às metas econômicas. Entretanto, no

longo prazo, o desenvolvimento econômico é procurado.

Neorrealismo Ofensivo:

John Mearsheimer, está inserido dentro do Realismo, que é baseado na

visão do indivíduo como egoísta e sedento de poder. Assim são os Estados,

que agem de modo unitário na busca de seu próprio interesse nacional definido

em termos de poder. A anarquia e a ausência de hierarquia são características

de um ambiente internacional, onde cada ator se preocupa com sua

sobrevivência (MINGST, 1999). Mearsheimer, não nega os pressupostos

básicos de Waltz. Todavia, aponta que a lógica de ação dos atores não é o

equilíbrio e a ação defensiva, mas, a busca pelo incremento de poder. Ainda

argumenta que os Estados devem estar sempre procurando oportunidades

para adquirir mais poder, maximizando-o até atingir a hegemonia, pois é a

melhor forma de garantir a sobrevivência (MEARSHEIMER, 2001).

Potenciais países hegemônicos no jogo de poder de alta densidade

trazem consigo situações danosas para a paz e ordem estável do status quo

mundial. (MEARSHEIMER, 2001). O autor ao longo de sua obra, tenta apontar

para o fato de que por mais que o sistema internacional induza as grandes

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potências a atuarem de maneira agressiva, não é sempre com essas intenções

que elas interagem.

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Referências

DINIZ,Eugenio. “Política Internacional:” guia de estudo das abordagens realistas e da balança de poder. 2007.

MINGST, Karen A. “Princípios de Relações Internacionais”. Traduzido por Arlete Simille Marques. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.

PECEQUILO, Cristina S. “Manual do Candidato Política Internacional”. Brasília: Funag, 2010.

SARFATI, Gilberto. “Teoria de Relações Internacionais”. São Paulo: Saraiva, 2006.

WALTZ, Kenneth Neal. “Theory of international politics”. 1979. Edição em Português: Gradiva, 2002.

MEARSHEIMER, John. “The Tragedy of Great Power Politics”. Nova Iorque, WW Norton, 2001.