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Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa - NIP Coordenação Geral de Trabalho de Conclusão de Curso CGTCC RADIOTERAPIA EXTERNA TOTAL PARA CÂNCER DE MAMA Elaborado por: Laiene Perim Rodrigues Geovane Rodrigues Silva Revisão: MSc Thyago Fressatti Mangueira

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Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa - NIP

Coordenação Geral de Trabalho de Conclusão de Curso – CGTCC

RADIOTERAPIA EXTERNA TOTAL PARA CÂNCER

DE MAMA

Elaborado por:

Laiene Perim Rodrigues

Geovane Rodrigues Silva

Revisão:

MSc Thyago Fressatti Mangueira

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Diretoria Geral Diretoria Acadêmica

Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa Coordenação Geral de Trabalho de Conclusão de Curso

RADIOTERAPIA EXTERNA TOTAL

PARA CÂNCER DE MAMA

Este manual é destinado à organização da

produção do Trabalho de Conclusão de

Curso (TCC) no âmbito de cursos das

Faculdades Integradas PROMOVE de

Brasília e do Instituto Superior de Educação

do ICESP.

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Resumo

Este estudo possui uma breve revisão sobre a radioterapia externa total da mama, descrevendo os procedimentos realizados durante o tratamento. A composição da mama vária de acordo com a idade da mulher e a sua estrutura é dividida anatomicamente em interna e externa. O diagnóstico do câncer de mama é dado através de um exame clínico geral e locorregional por meio de diversos métodos. O estadiamento do câncer de mama consiste na classificação dos tumores malignos, as características do tumor primário e os linfonodos da cadeia de drenagem onde o órgão está localizado. A radioterapia externa é muito utilizada para tratar o câncer de mama, porém existem outros recursos terapêuticos. Podem-se usar diferentes técnicas de tratamento que será indicada de acordo com a necessidade de cada paciente, para uma boa reprodutibilidade terapêutica utilizam-se acessórios de imobilização. Este estudo tem como objetivo mostrar a necessidade de uma boa preparação do tecnólogo ao executar os procedimentos durante o tratamento.

Palavras Chave: radioterapia externa; câncer de mama; estadiamento

Abstract

This paper contains a brief review of the whole breast external beam radiotherapy, describing the procedures performed during treatment. The composition of the breast varies by the woman's age and its structure is divided anatomically into internal and external. The diagnosis of breast cancer is given through a general clinical examination and locoregional through various methods. The staging of breast cancer is the classification of malignant tumors, the characteristics of the primary tumor and lymph nodes draining the chain where the organ is located. External radiation therapy is widely used to treat breast cancer, but there are other therapeutic resources. One can use different processing techniques will be described according to the needs of each patient, good reproducibility therapeutic use is immobilized accessories. This study aims to show the need for good preparation technologist to perform the procedures during treatment.

Key word: external radiotherapy, breast cancer, staging

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1. Introdução

Wilhelm Conrad Roentgen, em 1895 contribuiu para uma descoberta científica que

possibilitou criar um método terapêutico com a finalidade de tratamento de câncer, os

raios X. A utilização da radiação para fins médicos teve um grande avanço e um

aperfeiçoamento muito rápido, dando origem a radiologia e radioterapia. Na radioterapia

utiliza-se radiação ionizante para realizar o tratamento do câncer de mama. No início, as

doses eram conhecidas como dose eritema, por ser administrada de acordo com a

intensidade do eritema, avaliando se conforme a reação da pele. As doses passaram a

ser melhor quantificadas a partir da década de 30 através do progresso da física médica

(DENARDÍ, 2008; SCHABERLE, 2000).

Na radioterapia são utilizados vários tipos de radiações e energias para atingir o

local onde se pretende realizar o tratamento de tumores ou outras enfermidades com o

objetivo de destruir as células cancerosas. A finalidade da radiação utilizada no

tratamento em teleterapia é deteriorar o material genético das células do câncer, evitando

seu crescimento e reprodução (SCHABERLE, 2000).

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA) foi esperados no Brasil 52.680 novos

casos de câncer de mama, estimando 52 casos a cada 100.000 mulheres. Não

considerando tumores não melanoma da pele, este câncer tem mais incidência nas

mulheres das regiões Centro-Oeste, Sudeste, Sul, Nordeste.

O câncer de mama tem início nas células dúctulo-lobular da mama. Através da

origem unicelular, um clone com alteração é desenvolvido e com uma evolução genética

estabelecida, se contrapondo a defesa normal do organismo. A iniciação da neoplasia

ocorre em apenas uma célula que sofre um desequilíbrio no seu processo de formação e

morte, invadindo tecidos adjacentes (VERA, 2009).

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1.1. Composição da mama

O padrão mamário pode variar de acordo com o estado hormonal e a idade,

podendo se apresentar em quatro tipos (PISCO, 2003):

Comum em mulheres após a menopausa:

- Mama adiposa.

- Mama com densidades fibroglandulares dispersas.

Comum em mulheres jovens:

- Mama com tecido mamário muito denso.

- Mama com tecido mamário denso e heterogêneo.

1.1.2 Anatomia mamária

O mamilo, auréola e pele são estruturas externas da mama e as internas são as

glândulas mamárias, tecido fibroso, lóbulos ductos e alvéolos figura 1 (COSTA, 2008).

Figura 1- Estruturas externas e internas da mama

Fonte:(http://wwwcambia.blogspot.com.br/2009/02/anatomia-da-mama.html 12/05/2013)

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1.2 Diagnóstico do câncer de mama

O diagnóstico do câncer de mama é dado por um exame clínico geral e

locorregional. O método de diagnóstico pode ser através da mamografia, ressonância

magnética e, em casos especiais, ultrassonografia. A confirmação diagnóstica é realizada

através da biópsia incisional ou excesional e punção por agulha fina- PAFF

(PELLIZZON, 2008).

1.2.1Sinais e sintomas do câncer de mama:

Geralmente os sinais e sintomas relacionados ao câncer de mama são (DANTAS, 2007):

Nódulo mamário causado por alterações benignas possui relação com

fibroadenomas em mulheres com idade de 20 a 30 anos e cistos em mulheres com

idade de 30 a 40 anos;

Vermelhidão ou inchaço mamário e alteração do mamilo ou da pele;

Secreção no mamilo é considerada um sinal, principalmente quando possui uma

coloração de sangue;

Dor na mama, mas nem sempre está relacionada com o câncer de mama, mas

pode ocorrer por alterações benignas pré-menopausa e pós-menopausa, sendo

acompanhada por edema.

1.3Estadiamento para câncer de mama

O estadiamento do câncer de mama consiste na classificação dos tumores

malignos, as características do tumor primário, dos linfonodos na cadeia de drenagem

linfática do órgão no qual o tumor está situado e a ausência ou presença de metástases

(TEMPORÃO, 2004).

Para classificação das neoplasias utiliza-se o sistema TNM da American Joint

Commitee on Câncer (AJCC) 2002 (PELLIZZON, 2008). Este sistema é demonstrado na

tabela 1. Alguns exemplos de estadiamento para câncer de mama com base na tabela 1

estão expostos na tabela 2.

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Tabela 1 – Classificação TNM para tumores de mama

T- Tumor primário Tx: Não é possível classificar a lesão.

T0: Sem evidencia de um tumor primário. Tis: Tumor in situ ou doença de paget sem presença de massa palpável T1: Tumor com até 2 cm (centímetros) dimensional.

T1 mic: Microinvasão de até 1mm (milímetro). T1a: Tumor com dimensão menor ou equivalente a 0,5 cm. T1b: Tumor com dimensão maior que 0,5 e até 1 cm. T1c: Tumor com dimensão maior que 1 cm e até 2 cm.

T2: Tumor com dimensão maior que 2 cm até 5 cm. T3: Tumor maior que 5 cm.

T4: Tumor de qualquer dimensão que se estenda a pele ou parede torácica. T4a: extensão a parede torácica. T4b: edema, ulceração da pele ou nódulos satélites confinados a mesma mama. T4c: T4a e T4b. T4d: Câncer inflamatório.

N- linfonodos regionais Nx: Não se classifica linfonodos regionais. N0: Ausência de linfonodos regionais com metástase. N1: Linfonodos regionais móveis metastáticos. N2: Linfonodos regionais metastáticos, sem evidência de metástases nos linfonodos axililares.

N2a: linfonodos axilares metastáticos fixos uns aos outros ou em outras estruturas. N2b: Metástase aparente em cadeia mamaria interna hemolateral, sem evidencia de

metástase nos linfonodos axilares.

N3: Linfonodo infra-clavicular hemolateral metastáticos, sem ou com envolvimento dos linfonodos axilares, clinicamente aparente em cadeia mamária interna ipsilateral, com evidência clínica de metástase em linfonodo axilar, metástase para linfonodo supra-clavicular hemolateral com ou sem envolvimento de linfonodo axilar ou da cadeia mamária interna.

N3a: Metástase para linfonodos infra-clavicular hemolateral. N3b: Metástase em linfonodos axilar ou mamária interna. N3c: Metastase para linfonodos supra-clavicular

M- Metástase a distância Mx: Presença de metástase não avaliada.

M0: Ausência de metástase a distância

M1: Metástase a distancia.

Tabela 2 – Algumas combinações possíveis pelo sistema TNM para o estadiamento do câncer de mama.

Estádios clínicos Estádio 0 - TisN0M0

Estádio I - T1N0M0

Estádio II - IIA - T0N1M0 - T1N1M0 - T2N0M0 IIB - T2N1M0 - T3N0M0 Estádio III - IIIA - T0N2M0 - T1N2M0 - T2N2M0 - T3N1M0 - T3N2M0 IIIB - T4, qualquer N1, N2, N3 IIIC – Qualquer T, N3, M0

Estádio IV- Qualquer T, qualquer N, M1

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1.4 Opções de tratamento de câncer de mama

Existem outros métodos de tratamento para o câncer de mama, como a

quimioterapia neoadjuvante, que consiste no tratamento com quimioterápicos antes de

realizar a cirurgia com o objetivo de diminuir o tumor para não retirar partes saudáveis da

mama (HORTA, 2008).

A cirurgia é outro método realizado dependendo do tumor do paciente. Há dois tipos

de cirurgias, o primeiro é a conservadora, restrita a pacientes que possuem partes da

mama sem o câncer. O outro tipo é a mastectomia, na qual é retirada toda a mama. Após

a cirurgia, para que seja evitado que o tumor retorne e não haja metástase, utiliza se o

tratamento adjuvante, que é realizado através de quimioterápicos e/ou radioterapia

(HORTA, 2008).

2. Materiais e métodos

A elaboração deste artigo foi realizada através de referenciais teóricos por meio de

livros do acervo da UNICESP/PROMOVE e Faculdades LS, conteúdo livre disponível na

internet e artigos científicos em português, do período de 19 de fevereiro de 2013 ao dia

6 de junho de 2013, com finalidade revisar e discutir o conteúdo relacionado ao

tratamento de teleterapia total da mama.

3. Radioterapia

Radioterapia é uma área da medicina que utiliza radiação ionizante proveniente de

fonte selada para tratamento. A radioterapia pode ser aplicada juntamente com a

intervenção de quimioterapia e cirurgia ou como método único de tratar o câncer

(NOBREGA, 2008).

Este recurso terapêutico é muito utilizado no tratamento do câncer de mama por

causa da sua capacidade de gerar raios X através de elétrons acelerados num alvo ou

raios gama emitidos do 60Co penetrar os tecidos (INCA/CONPREVE, 2002).

As doses administradas no paciente através do acelerador linear possuem três

indicações (INCA/CONPREVE, 2002):

Esterilizar focos de neoplasias situados no parênquima mamário que restarem

após as quadrantectomias;

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Impedir que células neoplásicas que estejam localizadas nas vias de

drenagem linfática que não foram dissecadas através da cirurgia como

tumores muito volumosos e na cadeia mamária interna;

Prevenir reaparecimento do câncer no leito cirúrgico.

3.1 Modalidades da radioterapia

Entre algumas modalidades de tratamentos em radioterapia para tratar câncer estão

a braquiterapia e a teleterapia (ESTEVES, 2004).

A braquiterapia utiliza fonte radioativa em contato com a região que vai ser tratada,

esse tipo de tratamento possui uma elevada taxa de radiação em volumes restringidos,

tendo um maior controle da doença. Na braquiterapia existe a utilização de dois tipos de

fontes. As fontes podem ser classificadas quanto a taxa de dose, sendo divididas em alta

taxa de dose (HDR, do inglês high-dose-rate) e baixa taxa de dose (LDR, do inglês low-

dose-rate). No HDR a taxa de dose ultrapassa 2 Gy/h e o tratamento é realizado num

curto intervalo de tempo (na ordem de minutos), assim o procedimento é ambulatorial. No

LDR as fontes emitem numa taxa de dose inferior a 2 Gy/h, assim o tratamento demora

um tempo consideravelmente maior, assim o paciente precisa ficar internado de dois a

três dias.

Para a teleterapia a fonte de radiação encontra-se geralmente a cerca de

1 m (metro) de distância da paciente. Utiliza-se neste tratamento os feixes de raios X,

elétrons com alta energia, radiação gama, prótons ou nêutrons. O tratamento com fótons

pode ser realizado através dos equipamentos Cobalto 60 e Aceleradores Lineares

(BARBOSA, 2008).

O equipamento que utiliza fonte de Cobalto 60 emite fótons contínuos em forma de

radiação com energia média de 1,25 MeV (BARBOSA, 2008).

O Acelerador Linear utiliza ondas eletromagnéticas com alta frequência para

acelerar elétrons de alta energia por meio de um tubo linear. Neste equipamento é

possível utilizar feixes de fótons e de elétrons. A energia dos fótons produzidos no

acelerador linear é maior em relação a do equipamento de cobalto (BARBOSA, 2008).

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3.2 Evolução histórica da radioterapia

O primeiro caso relatado de paciente tratado com radioterapia foi em 29 de janeiro

de 1896, onde foi tratado um câncer de mama volumoso e outro de câncer gástrico

(NOBREGA, 2008).

Até o ano de 1951 existia apenas unidades de tele-raduim, que possuíam de 4 a 10g

de Rádio 226. Esses equipamentos tinham um alto custo e precisavam de uma grande

quantidade de material. O uso desses aparelhos apresentaram limitações, pois a

dificuldade de encontrar esse material era grande (NOBREGA, 2008).

Com o surgimento das unidades de cobaltoterapia, as técnicas radioterápicas

obtiveram um avanço, permitindo a utilização de até 1,25 MeV. A primeira unidade de

cobalto comercial disponível no mercado foi fabricada em 1951 (NOBREGA, 2008).

As unidades de Teleterapia de cobalto incentivaram a busca de fótons com energia

mais alta, utilizando assim as unidades de cobalto por muitos anos. Um novo

equipamento não demorou muito a ser desenvolvido, o Acelerador Linear, este

equipamento se tornou a fonte de radiação mais moderna e a mais utilizada na

radioterapia, ultrapassando assim as unidades de cobalto (PASSÁRO, 2011).

O Acelerador Linear é um equipamento muito eficiente, oferece versatilidade nos

tratamentos em radioterapia, oferecendo na terapia feixes tanto de fótons como de

elétrons com megavoltagem (PASSÁRO, 2011).

Houve também, nas últimas três décadas, uma notável evolução na braquiterapia.

Inicialmente utilizava-se o isótopo Rádio 226 para esta técnica, sendo ele substituído por

isótopos mais seguros. Os aplicadores do passado que eram pré-recarregados, foram

substituídos atualmente por sistemas com cargas alimentadas através de controle remoto,

evitando à exposição da equipe as radiações. Atualmente o material radiativo mais

utilizado é o Irídio 192, que apresenta alta taxa de dose. Outro avanço considerado é a

possibilidade de otimização da distribuição de dose utilizando programa de dosimetria

através dos computadores (SILVA, 2008).

3.3 Classificação dos volumes de interesse em radioterapia

Em relação à determinação dos volumes de tratamentos, são aplicados três tipos de

volume alvo em radioterapia: GTV, CTV e PTV (PELLIZZON, 2008):

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GTV- volume tumoral grosseiro, que pode ser dado por tomografia,

ultrassonografia ou através da mamografia e representa o tumor em si ou depois

da cirurgia conservadora.

CTV- É o volume tumoral clínico, onde será dado o reforço depois da irradiação da

mama toda. Em geral, corresponde ao GTV mais 1 a 2 centímetros de margem.

PTV- volume planejado para o tratamento envolve a mama toda ou a parede

torácica com uma dose prescrita a dois terços da superfície da mama.

3.4 Órgãos de risco

Dentro dos campos de tratamento para o câncer de mama existem várias estruturas

e órgãos que correm o risco de desenvolverem alguma complicação por causa do

tratamento. Sendo eles o coração, pulmão, mama contralateral, clavícula, costelas,

músculos, plexobraquial, cabeça umeral e a pele. O risco de haver complicações aumenta

com o volume e a dose. Os órgãos considerados mais críticos é o pulmão e coração

(SIBATA).

4. Radioterapia no tratamento do câncer de mama

As incidências dos campos de tratamento para pacientes com câncer de mama são

usualmente tangentes à mama. Porém a angulação destes campos será ajustada de

acordo com a anatomia de cada paciente, uma configuração que se utiliza em uma

paciente nem sempre pode ser utilizada em outra, devido ao tamanho da mama,

posicionamento do braço e altura da paciente. Para um bom planejamento e execução do

tratamento o posicionamento e a imobilização adequada são fatores

principais (PELLIZZON, 2008).

O posicionamento mais comum para o tratamento de mama consiste em colocar a

paciente em decúbito dorsal, com o braço do lado a ser tratado elevado sobre a cabeça, o

que permite uma entrada de campo adequada para os campos tangentes e o rosto

voltado pra o lado contrário do lado de tratamento, como mostra a figura 2. É necessário

verificar o posicionamento da paciente todos os dias através do alinhamento com os

lasers na sala de tratamento; quando se trata os campos mamários tangentes e a fossa

supraclavicular utilizam-se colimadores assimétricos ou bloco individual para bloquear

metade do campo, o que diminui o risco de superdosagem na linha de junção dos dois

campos (PELLIZZON, 2008).

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Para que a paciente permaneça nesta posição, é utilizada a rampa de mama (fig. 3),

que permite uma melhor reprodutibilidade do tratamento e conforto para o paciente, ela

permite fazer a marcação da cabeça, tronco, braço e antebraço. Em casos de tratamentos

em pacientes com mamas volumosas, a rampa pode vir acompanhada por um

termoplástico que irá moldar essa mama (PEREIRA, 2000).

Os acessórios para imobilização, fixadores e bandejas, que são utilizados durante o

tratamento são confeccionados em setores auxiliares (SCAFF, 2010).

Figura 2 - Posicionamento para tratar câncer de mama

Fonte:( http://www.slideshare.net/AlexRibeiro/manual-de-radioterapia-para-tcnicos-em-radiologia-incarj 24/05/2013

Figura 3 - Imobilizador rampa de mama

Fonte: (PEREIRA, 2000)

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O tratamento na radioterapia é comumente realizado sobre toda a mama, totalizando

uma dose de 45-50 Gy em frações de 1,8 Gy em 4,5 a 5,5 semanas. Recomenda-se a

utilização de modificadores de feixe como o filtro compensador ou em cunha. Usualmente

é aplicada uma dose de reforço na mama de 10 a 15 Gy no leito do tumor além da

aplicada sobre toda a mama (SOARES, 2005).

4.1 Técnica de dois campos

Nesta modalidade a irradiação da mama é feita com dois campos tangenciais

mediais e laterais figura 4. Para o posicionamento é utilizado a rampa de mama para

deixar o tórax em uma posição mais plana, com a paciente em decúbito dorsal e com o

braço do lado a ser tratado elevado de uma forma que não interfira os campos e a cabeça

voltada para o lado oposto. Para que os campos tangenciais se encontrem, coloca-se um

bloco, ou fecha-se metade do campo com colimadores que tem a função de bloquear a

metade do campo (PELLIZZON, 2008).

Várias pacientes recebem o tratamento de 6 MV (mega-volts), seu posicionamento é

bastante parecido ao do Cobalto 60. Utiliza se a técnica isocêntrica as angulações são

calculadas no gantry de maneira que os limites dos campos tangentes se coincidam

(PELLIZZON, 2008).

Tanto para o 60Co como para o acelerador linear, pode-se utilizar através de

indicação médica filtros compensadores ou bólus (PELLIZZON, 2008).

Figura- 4 Técnica de dois campos (tangenciais)

Fonte: (http://www.inca.gov.br/pqrt/download/tec_int/cap2_p1.pdf 02/04/2013)

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4.1.2Técnica de três campos

Esta técnica é aplicada quando a indicação de irradiar a fossa supraclavicular. Ela

permite que o limite inferior do campo supraclavicular e o limite superior dos dois campos

tangentes se coincidam. O campo supraclavicular é tratado com a técnica de meio de

campo que é específica para se obter um limite inferior não divergente com tratamento

através do Cobalto 60 (PELLIZZON, 2008).

No tratamento do campo supraclavicular a técnica de tratamento é a meio campo,

para se obter um limite inferior não divergente, para os campos tangentes utiliza-se uma

angulação da mesa para retirar a divergência do limite superior figura 5. O campo

supraclavicular deve ser angulado 15° medialmente para que a traqueia, o esôfago e a

coluna não sejam irradiados desnecessariamente. Em campos tangentes, utiliza-se

rotação de colimadores ou blocos de maneira que a margem posterior destes campos

acompanhe corretamente o contorno do pulmão (PELLIZZON, 2008).

Figura- 5 Técnica de meio campo

Fonte: (PELLIZON, 2008)

A irradiação pelo campo axilar anterior, na axila, faz parte do campo da fossa

supra clavicular (FSC), que para incluir a axila deve ser estendido (PELLIZZON, 2008).

Geralmente quando se deve irradiar toda a axila, é necessário o uso do campo axilar

posterior, podendo determinar a dose através do campo supra clavicular no plano médio

da axila, outro campo posterior reforçará a dose axilar nesse plano médio.

(PELLIZZON, 2008).

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O reforço de dose, localmente distribuído ao redor do volume macroscópico ou no

leito operatório é denominado Boost. Este procedimento é usual para alguns casos

clínicos e é realizado após a irradiação da mama toda. (PELLIZZON, 2008).

4.1.3 Técnica de Irradiação da mama 3D

A paciente pode ser posicionada em decúbito dorsal ou ventral, levantando se o

braço do lado afetado e a cabeça virada para o lado oposto. Primeiro é realizado a pré-

simulação e depois uma tomografia para fazer o planejamento conformacional.

Em casos necessários, onde se deve irradiar a mama interna, usa-se três diferentes

técnicas que são (PELLIZZON, 2008):

Campos tangentes alargados: Essa técnica possui campos tangentes que

se estendem incluindo toda a cadeia da mama interna que deve ser irradiada.

Para a utilização dessa técnica deve se observar a localização mamária

interna (MI), pois certa parte do pulmão a ser irradiada dependerá da sua

localização.

Campos tangentes e feixes mistos: Essa técnica utiliza campos tangentes

que não envolvem a MI, utiliza-se um campo anterior de fótons e feixes de

elétrons angulados para a irradiação da MI.

Campos tangentes com colimação parcial usando blocos: Faz- se

utilização de campos tangentes alargados juntamente com blocos indicados

para realizar a irradiação do alvo e evitar ao máximo os tecidos sadios do

coração, pulmão e adjacentes.

5. Delineação do volume alvo

Quando a paciente passou por cirurgia conservadora da mama, é feito o contorno do

leito tumoral e da cicatriz para ajudar na determinação dos campos de irradiação,

essencialmente no Boost. Para os pacientes que vão irradiar a FSC, axila e MI, deve se

contornar estas estruturas, para ajudar na conformação dos campos (PELLIZZON, 2008).

6. Complicações devido a radioterapia da mama

As complicações são infrequentes e classificadas como agudas ou crônicas

(PELLIZZON, 2008):

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Agudas- Quando a pele apresenta vermelhidão, principalmente na axila e

sulco inframamário; edema; fadiga e dor

Tardias- Ao irradiar a FSC- hipotireoidismo

- Fibrose, teleangiectasia

- Ao irradiar a axila e a FSC pode ocorrer linfedema quando a axila

foi esvaziada.

Raras- Pneumonite, fratura de costela, plexopatia braquial, cardite, segunda

neoplasia.

7. Equipe de Radioterapia

Nos tratamentos radioterápicos esta envolvida uma equipe multiprofissional podendo

ser constituída de (BONTRAGER, 2006):

Tecnólogos radioterapeuta: Esse profissional tem por dever estabelecer a

marcação do horário, realizar a manutenção dos registros e fazer aplicação do

tratamento. A obtenção das radiografias preliminares das áreas afetadas também é

sua função

É necessário que ele tenha uma boa comunicação e solidariedade para

interagir de maneira adequada com os pacientes e principalmente com a sua

equipe de tratamento.

Médicos radioterapeuta: Tem por função prescrever o tratamento preciso e

determinar a área de tratamento.

Físicos em medicina: Este profissional possui especialização médica e sua

finalidade é aconselhar o dosimetrista e o oncologista sobre os cálculos de doses e

as técnicas de tratamento, sendo responsável também pela calibração e

manutenção do equipamento.

Dosimetristas: Técnico especializado em dosimetria, ele realiza o plano para se

ter a dosagem necessária para o tratamento do tumor de acordo com a

determinação do oncologista.

Com uma equipe com profissionais tão diversificados é necessário que os

integrantes trabalhem em equipe e tenham uma boa comunicação entre si e com o

paciente para que o tratamento ocorra da melhor maneira possível.

Também há a necessidade de alta capacitação de cada integrante, pois um pequeno

erro pode acarretar em sérias consequências ao paciente. Pensado nestes aspectos que

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este artigo foi elaborado, visando disponibilizar em um único local, um conteúdo

específico para ajudar na formação de tecnólogos em radioterapia.

Discussão

Ao descrever os métodos de tratamento na radioterapia externa, nota-se a

complexidade das técnicas realizadas, o que exige do tecnólogo em radioterapia muita

atenção e interação com sua equipe para melhor precisão do tratamento.

Considerações finais

O câncer de mama acomete muitas mulheres, sendo uma das causas mais

frequentes de morte entre elas. Um dos métodos de tratar esse câncer é através da

radioterapia externa.

A teleterapia não é a única forma de tratamento do câncer de mama, mas é a mais

utilizada. É importante em todas as etapas do tratamento colocar a paciente na mesma

posição, pois o tumor vai ser irradiado sempre da mesma forma. Este tratamento exige

muita atenção de toda a equipe porque possui muitos detalhes, desde o diagnóstico até a

execução do tratamento.

A capacitação do tecnólogo em radioterapia para executar tal tratamento é essencial

para que o procedimento, ao ser realizado, não tenha erros, uma vez que pode isto

causar danos irreparáveis.

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