Número 20 Junho/2015 Camponeses fecham a BR … se organizam, tomam latifúndios, cortam as terras...

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Número 20 Junho/2015 www.resistenciacamponesa.com Resistência Camponesa Jornal da Luta Combativa dos Camponeses Pobres valor: 0,25 Camponeses fecham a BR 364 e afirmam: O Brasil precisa de uma grande Revolução Leia também nesta edição: Editorial Companheiro Paulo Justino: presente na luta! Todos à celebração do 9 de agosto Juiz ordena despejo violento em Machadinho .............................................................. pág. 02 .... pág. 04 ..................... pág. 11 .... pág. 12 Paulo Justino, assassinado em Rio Pardo no dia 1° de Maio Ainda de madrugada a BR 364 foi fechada pelos camponeses. Leia mais nas páginas 6, 7, 8 e 9.

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Número 20 Junho/2015 www.resistenciacamponesa.com

Resistência CamponesaJornal da Luta Combativa dos Camponeses Pobres

valor: 0,25Camponeses fecham a BR 364 e afirmam:

O Brasil precisa deuma grande Revolução

Leia também nesta edição:EditorialCompanheiro Paulo Justino: presente na luta!Todos à celebração do 9 de agostoJuiz ordena despejo violento em Machadinho

.............................................................. pág. 02.... pág. 04

..................... pág. 11.... pág. 12 Paulo Justino, assassinado em

Rio Pardo no dia 1° de Maio

Ainda de madrugada a BR 364 foi fechada peloscamponeses. Leia mais nas páginas 6, 7, 8 e 9.

Passados seis meses de seu segundomandato, Dilma/Lula/PT estão vendocair por terra as máscaras que usarampara enganar o povo há mais de 20anos. Fizeram tudo que disseram quenão fariam: cortaram direitostrabalhistas como pensão, segurodesemprego e aposentadoria, reduziramo orçamento de educação e saúde. Ecomo resultado, aprofundou a gravecrise política e econômica do país,causada pela desindustrialização edesnacionalização da economia. OBrasil hoje é simples exportador dematéria­prima barata.Os bancos, as grandes multinacionais,empreiteiras e os latifúndios sãofavorecidos com muito dinheiro,enquanto o povo amarga o aumento dodesemprego, aumento do custo de vidae endividamento. A grave crise lançaoperários, professores, garis,caminhoneiros em greves cada vezmais combativas. A única saída para ostrabalhadores é aumentar os protestoscontra as medidas anti­povo e os cortesde direitos feitos por Dilma/PT.No campo a situação é mais grave. Agerência petista investe milhões nochamado agronegócio, mas dá apenasesmolas para a agricultura familiar,

O Brasil precisa é de uma grande RevoluçãoEditorial

responsável por mais de 70% dosalimentos servidos na mesa dosbrasileiros. A reforma agrária falida dogoverno está paralisada e oscamponeses que não esperam e tomamterras por conta, são brutalmente repri­midos.Em Rondônia, camponeses em luta pelaterra sofrem violentos ataques debandos de pistoleiros fortementearmados, a mando do latifúndio. Emvários casos, policiais militares atuamnestes bandos. Só em 2015, cerca de 10camponeses e ativistas foramassassinados em Buritis e Rio Pardo. Ocaso mais recente foi de Paulo Justino,líder de uma associação camponesa deRio Pardo, assassinado logo apósparticipar de uma reunião da OuvidoriaAgrária Nacional em Porto Velho. É omesmo “roteiro da morte” onde váriosoutros camponeses foram mapeadospara depois serem mortos.Em maio, o acampamento Cajueiro 1sofreu o despejo mais violento dosúltimos meses.

Revolução Agrária,esperança de um país melhor

Irmãos de causa dos camponeses, os2

povos indígenas enfrentam a mesmarepressão e elevam sua organização eluta.Camponeses se organizam, tomamlatifúndios, cortam as terras por conta,distribuem os lotes entre si e iniciam aprodução. É o que fizeram as famíliasdas áreas Canaã, Raio do Sol e RenatoNathan 2, em Ariquemes, e das áreas ZéBentão, Maranatã e Renato Nathan, naantiga fazenda Santa Elina, emCorumbiara. São centenas de famíliasque vivem com dignidade do seupróprio suor, ajudam a abastecer osmercados e a desenvolver o comérciodas cidades vizinhas. Depois que cadafamília está em seu lote, a luta seguepor melhores estradas, energia elétrica,maquinário, assistência técnica e preçojusto para a produção camponesa,escolas e postos de saúde nas áreas. Euma das lutas mais importantes é pelofuncionamento das AssembleiasPopulares, onde os camponesesdebatem e decidem sobre todos osproblemas que lhes dizem respeito.Esta é a Revolução Agrária, queavança pelos quatro cantos doBrasil e inspira camponeses semterra, desempregados nas cidadesou explorados como meeiros emterra dos outros, camponesesacampados, estudantes etrabalhadores em greve nas

grandes cidades.É tarefa de todo o movimentocamponês e seus apoiadores responderà nova ofensiva do latifúndio, commais organização e luta combativa porcada direito dos camponeses. É precisomobilizar centenas de pessoas nascidades e linhas para tomarmos todas asterras dos latifundiários. É necessárioganharmos o apoio dos pequenos emédios comerciantes e demais simpati­zantes.As transformações de que o Brasilrealmente precisa nunca serãorealizadas pelas eleições podres ecorruptas ou através de reformas defachada. Só o povo organizado elutando de forma independente ecombativa pode conquistar seusdireitos, destruir este sistema demiséria, injustiça e opressão e construirum novo país.

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Companheiro Paulo Justino: presente na luta!No dia 1º de maio, no distrito de RioPardo, mais um camponês foicovardemente assassinado. PauloJustino Pereira era presidente de umaassociação que lutava pelos direitos doscamponeses da região, principalmenteterra para mais de 250 famíliasdespejadas há dois anos.Esta foi a principal reivindicação queele apresentou numa reunião comGercino José, o Ouvidor AgrárioNacional, nos dias 28 e 29 de abril emPorto Velho. Paulo Justino disse que asfamílias cansaram de esperar porsolução do governador Confúcio Moura(PMDB) ou da presidente Dilma/Lula(PT) e decidiram reocupar suas terras.Gercino José não tomou nenhumamedida e ainda repreendeu Paulo.Paulo Justino é mais um lídercamponês assassinado logo apósreuniões com Gercino José e outras“autoridades” agrárias. É o “roteiro damorte” tantas vezes usado porlatifundiários e pistoleiros paraidentificar lideranças camponesas ematarem em seguida. Tonha e Serafim,assassinados em Ariquemes (2003),Luis Lopes, no Pará, Elcio e Gilson emRio Alto (2009), Josias e Ireniassassinados em Colniza, Mato Grosso(2014), Cleomar Rodrigues, dirigenteda LCP, assassinado no Norte de Minas

Gerais (2014), e tantos outros. Todosestes crimes covardes foram cometidospor pistoleiros a mando delatifundiários e com a conivência deGercino, ouvidor nacional doslatifundiários.No último dia 17 de abril o topógrafoJander Faria também foi assassinadoem Rio Pardo. Ele participava damesma associação de Paulo Justino.Comenta­se na região que outros cincohomens foram assassinadosrecentemente, todos defendiam que asfamílias despejadas reocupassem suasterras em Rio Pardo.

Companheiro Paulo Justino Pereira

Claramente há um grupo de extermínioformado por pistoleiros e policiais aserviço de latifundiários. Inclusivesetores da própria polícia já informa­ram essa situação. Mas tudo se mantêmencoberto e nenhuma medida é tomada.Por outro lado, “como nunca antesnesse país”, os camponeses seguemsendo despejados, caluniados,perseguidos, presos, sequestrados,torturados, desaparecidos eassassinados.Punição imediata para os executorese mandantes de violências contracamponeses!Lutar pela terra não é crime!

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Rio Pardo faz divisa com Buritis,região onde o latifúndio é maisviolento. No dia 9 de abril de 2012 olíder camponês Renato Nathan foiassassinado por policiais e até hojenada foi investigado. Em novembro de2014, o camponês Luis Carlos da Silvafoi sequestrado e segue desparecido.Parentes tiveram que denunciar naimprensa e bloquear uma rodoviaestadual por várias horas para quepoliciais realizassem buscas.Em janeiro, foi assassinado JoséAntônio dos Santos, antiga liderança doacampamento 10 de maio. Quem se dizdono destas terras é Caubi MoreiraQuito, que em dezembro confessou em

depoimento para delegado da PolíciaCivil que pagou policiais para fazeremserviço de pistolagem.

Ao lado: Paulo com seus netos.Só nesses primeiros meses de 2015 já passam de 10o número de camponeses assassinados nessa região.

Camponeses fecham a BR em Jaru eapontam a necessidade de uma grande Revolução

Na madrugada do dia 9 de abrilcamponeses de diversas áreasorganizados pela LCP fecharam aBR­364 em Jaru. O protesto foicontra os aumentos e medidas anti­povo decretados desde o início do anopelo governo Dilma/PT e tambémexigiu regularização das áreas,energia elétrica, estradas e escolas.A manifestação também lembrou odia 9 de abril como dia dos heróis dopovo brasileiro. Naquele dia secompletaram 3 anos do assassinato dolíder camponês Renato NathanGonçalves Pereira. Até hoje seuassassinato não foi esclarecido e osassassinos continuam impunes. Oscamponeses celebraram a memória deRenato e exigiram justiça. Diversos

cartazes com a foto de Renato foramexibidos sobre a ponte do rio Jaru.Em volta da ponte se concentrou umagrande quantidade de pessoas. Ao longodo protesto muitos funcionários dofrigorífico Frigon, caminhoneiros eoutros trabalhadores da cidademanifestaram apoio, batiam palmas ebuzinavam em sinal de concordância.Em alguns pontos da BR, caminhoneirosatravessaram carretas como forma de se

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somarem a manifestação.Os camponeses empunhavam muitasbandeiras e faixas. Foram distribuídospanfletos e jornais que explicavam osmotivos do protesto e mostrando comoé grave a situação de crise que vivenosso país.Também foi afirmado que as diferentessiglas dos partidos eleitoreiros são todosfarinha do mesmo saco. Eleição apóseleição o povo testou todas essassiglas (PT, PSDB, PMDB, PTB,PDT, PSB, DEM, PCdoB, etc...).Está provado que nada do quevier dessa gente mudará algumacoisa a favor do povo.Impeachment, reforma políticaou eleição é trocar 6 por meiadúzia. É o mesmo que salgarcarne podre! Não dá mais! E por

isso, com toda razão, durante ofechamento da ponte os camponesesexibiram uma faixa escrito assim: OBRASIL PRECISA DE UMAGRANDE REVOLUÇÃO!E o panfleto conclui que diante dacrise, a única saída para os pobres nocampo é aumentar as tomadas deterra. E convoca a todos ostrabalhadores que estãodesempregados ou com dificuldades

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de sustentar sua família para seprepararem para grandes tomadas deterras. A Revolução Agrária vai tomargrandes áreas, cortar centenas de lotese entregar aos camponeses pobressem terra ou com pouca terra para quepossam viver, trabalhar e produzircom dignidade. E que assim seja!O fechamento da BR durou cerca de 9horas e a paralisação de veículos se

estendeu por cerca de 60 Km nos doissentidos.Ao longo da manhã um forte efetivopolicial foi montado contando comapoio da PM de cidades vizinhascomo Ariquemes, Ouro Preto e Ji­Paraná. A tensão no local foi grande,mas os camponeses se mantiveramfirmes e demonstraram disposição denão arredar o pé enquanto não

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tivessem suas reivindicaçõesatendidas.Por fim, compareceram no localum representante da Eletrobrás e osuperintendente regional do Incrade Rondônia. Os manifestantesdecidiram encerrar o protesto e sedeslocaram até a sede da LCP.No dia 27 de abril, foi realizada umareunião em Jaru. Estiveram presentescamponeses de diferentes regiões deRondônia e representantes do Incra,da Eletrobrás, do DER e da prefeiturade Ariquemes.

Os representantes do velho Estadoassumiram compromissos para cadaexigência dos camponeses.E o povo que já é acostumado com

essas promessas, deixouclaro que se não foremcumpridas, ocorrerão novosprotestos com redobradaforça e combatividade.

9 de Abril: DIA DOS HERÓIS DO POVO BRASILEIRO

Honra e glória aos heróis do povo brasileiro!10

Renato Nathan Gonçalves Pereira, lídercamponês covardemente assassinado em

Jacinópolis ­ 9 de abril de 2012

Sérgio ­ 1995 Vanessa ­ 1995

Nelinho ­ 1995

Ari, Alcindo, Enio,Ercílio, José

Marcondes, Nelci,Odilon, Maria

Bonita, Oliveira,Jesus, Darli ­ 1995

Zé Bentão ­ 2008 Zé Ricardo ­ 2008Ozéias ­ 2002 Oziel ­ 2007

Gilson ­ 2009 Alzira ­ 2013Luís Lopes ­ 2009 Élcio ­ 2009

Paulo ­ 2015 Heróis não citadosou desconhecidosTonho ­ 2013 Cleomar ­ 2014

No dia 9 de agosto de 2015 completam­se 20 anos da heroica Batalha de SantaElina, em Corumbiara. Nesse anotambém se completam 5 anos da suaretomada e conquista. Depois de muitaluta, hoje essas terras se encontramdivididas em pequenos lotes ondecentenas de famílias tiram seu sustentoe movimentam o comércio da região.

Todos à celebração do 9 de agosto!A LCP e os camponeses que retomaramestas terras, organizarão um grande atoe festa para celebrar esta luta histórica.Faça campanha de arrecadação paraalugar ônibus. Organize caravanas,divulgue a luta camponesa, o ato e afesta! Vamos todos participar!A celebração, será nos dias 8 e 9 deagosto, na área Zé Bentão –Corumbiara.

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No último dia 27 de maio, mais de 30famílias foram despejadas doacampamento Cajueiro 1, localizado nafazenda Paredão, na RO­257, emMachadinho D’Oeste. Participaram daação vergonhosa policiais da PM,GOE, do serviço de inteligência, daPolícia Civil e Corpo de Bombeiros,fortemente armados, em várias viaturase até num helicóptero. Os policiaisobrigaram todos acampados a deitaremno chão, prenderam oito camponeses eapreenderam 5 motos.Há vários meses os camponeses doacampamento Cajueiro 1 vêm lutandopelo sagrado direito à terra, apoiadospela LCP. Houve várias reuniões denegociação com o Incra e Gercino José,Ouvidor Agrário Nacional. No últimodia 28 de abril, os camponeses aindaaceitaram um acordo que diminuía aárea para as famílias. Mas nada dissofoi suficiente para evitar mais umdespejo absurdo. Quem deu a ordem foio juiz Hedy Carlos Soares, deMachadinho D’Oeste.

Juiz ordena despejo violento em Machadinho

A área de 1.400 alqueires é da União,destinada à reforma agrária. Emsetembro de 2009 um juiz deu umprazo de 30 dias para o fazendeirodesocupar a área. Ele não cumpriu estaordem judicial, ninguém fez nada eficou por isso mesmo.Mas para despejar as famílias, agora aPM do governador Confúcio Moura(PMDB) foi rápida e mobilizou grandeaparato em poucos dias. Essa é aeficiência desse velho Estado, semprepronto para reprimir os pobres eacobertar os crimes dos latifundiários.

Todo esse aparato foi usado para despejar 30 famílias. Mas porque nenhum policial foi mobilizadopara despejar o fazendeiro? Quantos policiais foram investigar os assassinatos de camponeses?

Policia humilha e despeja famílias do Cajueiro 1