o 7 e outras coisas
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O 7 E OUTRAS COISAS.
A vida não conhece senão dias. É o mesmo que dizer que as semanas que existem são feitas de
sete 24 horas, numa sucessão que se repete ninguém sabe o porquê. Há quem faça mal as
contas. Diz-se “daqui a oito dias” como se fosse esse o tempo de uma 2ª feira que é hoje a
uma 2ª feira que se espera. Há uma insuportável mania em toda a gente, até em mim que o
sei, de contar com o dia que se vive, mesmo que poucas horas faltem para que ele dê lugar a
outro.
Foi provavelmente a mesma pessoa que escolheu o número de dias do mês que optou pela
história dos sete dias semanais. Foi mesmo indecisa neste caso, ainda assim. Porquê que
Fevereiro é discriminado, mais pequeno do que todos os outros meses? Porquê que Abril que
agora acaba é mês de 30 dias e Maio que se anuncia de um a mais?
Ninguém se interessa e com razão, mas, ainda assim, não deixa de ser curioso. Talvez nos
primórdios dos tempos o sete fosse já um número especial. Pitágoras não fez as coisas por
menos, e chamou-lhe perfeito. Muitas são as religiões que o olham como se de alguma
divindade se tratasse. Inclusive a Católica. Perfeito. E presente em todo o lado. 7 pecados. 7
cores do arco-íris. 7 notas musicais, com 7 escalas, 7 pausas e 7 valores. Até no futebol a
camisola 7 deve ser atribuída, segundo a lógica que não existe, a jogadores de talentos e
méritos inatos. E se é o 7 visto como o número da sorte, também já deu azar. Só Izmailov,
jogador russo há praticamente duas épocas no Sporting, quebrou a maldição que se atribuía
ao número no clube leonino: desde a saída de Figo do clube português para o “gigante”
Barcelona que todos os jogadores que envergaram a mítica 7 contraíram lesões com
gravidade. Até ver, Izmailov debate-se apenas com consecutivos mas ligeiros problemas
físicos. Há já uma evolução.
A verdade é que mais do que sabermos quantos dias uma semana tem, importa saber o que é
que acontece em cada dia que a faz. Há uns poucos, comemorava-se a queda da Ditadura e
inaugurava-se uma Praça em homenagem ao Ditador. Não é uma provocação, diziam as gentes
de Santa Comba Dão. Pois não o é, não senhor. É apenas um uso da liberdade que se garantiu
após o 25 de Abril, e a liberdade, essa, toca a todos, no dia em que bem se entender, porque
não?
Depois da doença das vacas loucas e da gripe das aves, eis que se noticia a gripe suína. Pobres
animais, não têm descanso. Penso no que pensaria George Orwell, e ignore-se aqui a
redundância, se soubesse que os porcos que um dia anunciou revolucionários estão afinal
constipados e a espalhar o pânico nos humanos que supostamente seriam tão porcos quanto
eles. É a vida. A tal que não conhece senão dias.